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Controle das Emissões Industriais

Sistemas de
Tratamento de
Efluentes Gasosos

Partículas
Controle das Emissões Industriais

Partículas

As emissões de material
particulado tanto de fontes
antropogênicas quanto naturais não
apresentam partículas de um único
tamanho. Em vez disso, são
compostas de partículas com uma
faixa de tamanho relativamente
ampla.

Em geral, o material particulado das


emissões gasosas é polidisperso!
Material Particulado (MP)

Definição: qualquer material líquido ou sólido, ou mistura destes,


finamente dividido, emitidos para a atmosfera, com distribuição de
tamanho e composição dependentes das fontes de emissão.
Origem: sua origem está associada, principalmente, a fontes naturais,
aos veículos automotores, geração de energia e aos processos
industriais.
Efeitos sobre a saúde: altas concentrações de particulados na
atmosfera provocam aumento da incidência de doenças respiratórias,
bronquite crônica, asma, diminuição da função pulmonar e aumento da
mortalidade, especialmente, em crianças e idosos.
Controle das Emissões Industriais

Através do uso de materiais,


• Prevenção processos, ou práticas que
reduzam ou eliminem a geração
de poluentes ou resíduos na fonte.
• Tratamento
Controle da Emissão Material Particulado

• proteção ambiental;
• atender a legislação;
Objetivos
• recuperação de material;
• proteção de equipamentos.

Equipamentos mais utilizados

➢ ciclones;
➢ filtros de manga;
➢ lavadores de gás;
➢ precipitadores eletrostáticos.
Princípio Básico de Funcionamento

Gás +
Partículas Separador "Gás Limpo"

Partículas
Removidas
Eficiência Global
Co − Cs n
T (%) = .100  T (%) =  dpi .fdpi
Co n =1

Eficiência Fracionária
C dp − C dpi
dpi (% ) = o dpi s .100
i

Co
sendo:
Co - taxa de particulado alimentada ao separador;
Cs - taxa de particulado na saída do separador;
Codpi - taxa de particulado com diâmetro dpi na entrada;
Csdpi - taxa de particulado com diâmetro dpi na saída;
fi - fração em massa de particulado com diâmetro dpi.
Mecanismos de Coleta
Os principais mecanismos de coleta que governam o controle da
emissão de material particulado são:
✓ Impactação inercial
Mecanismos
✓ Interceptação básicos
✓ Movimento browniano (difusão)
A coleta de uma partícula
✓ Atração eletrostática pode ocorrer devido ao
efeito individual de um
✓ Sedimentação gravitacional desses mecanismos ou
✓ Ação da força centrífuga pela combinação deles.

O objetivo das tecnologias de controle da emissão de material particulado é removê-lo


do fluxo de gás, ou seja, é fazer a partícula atingir um “alvo”. Dessa forma, o aumento do
número de alvos irá aumentar a probabilidade das partículas serem capturadas,
consequentemente, aumenta a eficiência de coleta. Todos os mecanismos envolvidos na
coleta de material particulado são fortemente dependentes do tamanho das partículas.
Mecanismos Básicos de Coleta

Impactação Alvo

Interceptação Alvo

Difusão Alvo

Observação: cada mecanismo de coleta é fortemente dependente do tamanho da partícula.


Dinâmica da Partícula

A coleta de uma partícula nos equipamentos de controle da poluição do ar está baseada no


movimento desta em um fluxo de gás. Para uma partícula ser capturada, ela deve estar sujeita a
uma força (ou conjunto de forças) grande o suficiente para separá-la do fluxo gasoso, durante o
seu tempo de residência na unidade de controle.
Sempre que existir uma diferença entre a velocidade da partícula e a do fluido circundante, o
fluido irá exercer uma força resistiva sobre a partícula. A força resistiva exercida sobre a partícula
pelo gás é chamada de arrasto.

Velocidade da partícula
em relação ao gás

Força externa – Força de arrasto –


responsável pelo resistência do gás
movimento relativo entre ao movimento da
fluido e partícula partícula.
Dinâmica da Partícula

A força de arrasto (Farrasto) para partículas esféricas é dada pela seguinte expressão:

dp – diâmetro da partícula;
gás – massa específica do gás;
𝜋. 𝑑𝑝2 . 𝜌𝑔á𝑠 . 𝑣𝑝2 . 𝐶𝐷 vp – velocidade da partícula;
𝐹𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠𝑡𝑜 = CD – coeficiente de arrasto.
8

O coeficiente de arrasto (CD) para partículas esféricas é influenciado pelo regime de fluxo do
gás ao redor da partícula. O número de Reynolds da partícula, NREP, é usado como um indicador
do regime de fluxo e, assim como o número de Reynolds do fluido, é um adimensional. O
número de Reynolds da partícula é uma função da massa específica do gás (ρgás), da
viscosidade do gás (μ), do diâmetro da partícula (dp) e da velocidade da partícula (vp) em
relação ao fluxo de gás em que ela está suspensa, conforme a expressão abaixo:

𝜌𝑔á𝑠 . 𝑣𝑝 . 𝑑𝑝
𝑁𝑅𝐸𝑃 =
𝜇
Dinâmica da Partícula

Coeficiente de Arrasto x Número de Reynolds da Partícula

As expressões matemáticas a seguir relacionam o valor do coeficiente de arrasto (CD) para


partículas esféricas e o seu número de Reynolds (NREP), para cada regime de fluxo:

Laminar (NREP < 1,0) Transiente (1,0 < NREP < 1000) Turbulento (NREP > 1000)

24 24 4
𝐶𝐷 = 𝐶𝐷 = +3 𝐶𝐷 = 0,44
𝑁𝑅𝐸𝑃 𝑁𝑅𝐸𝑃 𝑁𝑅𝐸𝑃
Dinâmica da Partícula

A força resultante experimentada por uma partícula (com massa igual a mp) localizada em
um fluxo gasoso, se movendo em uma direção com uma velocidade vp em relação ao gás, é
igual à soma de todas as forças que atuam sobre ela. Essas forças incluem: arrasto, empuxo
e uma ou mais forças externas (como gravidade, centrífuga e eletrostática).

Nesse caso, a lei do movimento de Newton pode ser escrita da seguinte forma:

𝑑𝑣
𝐹𝑟𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 𝑚𝑝 . = 𝐹𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎𝑠 + 𝐹𝑒𝑚𝑝𝑢𝑥𝑜 + 𝐹𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠𝑡𝑜
𝑑𝑡

Observação: para partículas sólidas em meio gasoso o empuxo, em geral, é desprezível.


Velocidade de Sedimentação ou Velocidade Terminal da Partícula (vt)

Quando todas as forças que atuam sobre uma partícula esférica estão equilibradas, a partícula
atinge sua velocidade terminal, ou seja, a soma de todas as forças é zero (não há aceleração).
Para os casos nos quais apenas as forças gravitacional e de arrasto estão presentes, a velocidade
terminal da partícula (vt) é dada em função do regime de fluxo do gás ao redor da partícula, por:

Use um conjunto de unidades


consistente, por exemplo:
𝑔. 𝜌𝑃 . 𝑑𝑃2
Regime laminar (Lei de Stokes) 𝑣𝑡 =
18. 𝜇
g - aceleração da gravidade, cm/s2;
 - viscosidade do gás, g/cm.s;
0,153. 𝑔0,71 . 𝜌𝑃0,71 . 𝑑𝑃1,14 dp - diâmetro da partícula, cm;
Regime transiente 𝑣𝑡 = 0,29 0,43
𝜌𝑔á𝑠 .𝜇 p - massa específica das partículas, g/cm3;
gás - massa específica do gás, g/cm3;
vt - velocidade terminal da partícula, cm/s.
𝑔. 𝑑𝑃 . 𝜌𝑃
Regime turbulento 𝑣𝑡 = 1,74
𝜌𝑔á𝑠
Velocidade de Sedimentação ou Velocidade Terminal da Partícula (vt)

O regime de fluxo do gás ao redor da partícula pode ser determinado pela seguinte equação:

1 • Regime laminar (Lei de Stokes): k < 3,3;


 g. P . gás  3

k = d P .  • Regime transiente: 3,3 < k < 43,6;


  2
 • Regime turbulento: k > 43,6

k – constante adimensional que determina a faixa dos diferentes regimes de fluxo;


dP – diâmetro da partícula;
g – aceleração da gravidade;
P – massa específica da partícula (densidade);
gás – massa específica do gás (densidade);
 - viscosidade do gás.
Velocidade de Sedimentação ou Velocidade Terminal da Partícula (vt)

Quando as partículas são muito pequenas, de forma que o seu tamanho se aproxima ao percurso
livre das moléculas do gás (), a força de arrasto sobre elas é menor que aquela proposta pela Lei
de Stokes.
Para corrigir esse efeito, um fator conhecido como fator de correção de Cunningham ou fator de
deslizamento (C) é introduzido na Lei de Stokes, o qual pode ser estimado pela correlação
empírica dada a seguir:

𝑔. 𝜌𝑃 . 𝑑𝑃2 . 𝐶 𝜆 𝑑
−0,55 𝑃
𝑣𝑡 = 𝐶 =1+2 1,257 + 0,4𝑒 𝜆
18. 𝜇 𝑑𝑃

Para um gás com comportamento


𝜇
𝜆= P – pressão absoluta (Pa);
de gás ideal,  (m) pode ser estimado 8. 𝑀 M – massa molar do gás (kg/kgmol);
pela seguinte equação: 0,499. 𝑃 𝜋. 𝑅. 𝑇
 – viscosidade (kg/m.s);
T – temperatura absoluta (K);
R – constante universal dos gases (8314 J/kgmol K).
Fator de Correção de Cunningham (C)

Fator de correção de Cunningham

Ar – 1 atm

dP (m)

Observação: este fator tem maior efeito quando o diâmetro da partícula é inferior a 1 m.
Principais Fatores Observados na Escolha de um Separador

 consumo de energia;
 custo do investimento;
 concentração de partículas;
 grau de eficiência desejado;
 temperatura do fluxo gasoso;
 toxicidade do material particulado;
 custos de manutenção e operação;
 distribuição granulométrica das partículas;
propriedades física e química do particulado;
 periculosidade das partículas (explosão e incêndio).
Equipamentos de Controle da Emissão de Particulados

✓ Câmara de Sedimentação Gravitacional:


É uma grande câmara na qual a velocidade do gás é reduzida, favorecendo
a sedimentação das partículas através da ação da força gravitacional.

Entrada do
gás sujo
Saída do gás
“limpo”

Coletores de pó
Ação da gravidade sobre
as partículas
✓ Câmara de Sedimentação Gravitacional:

Principais dimensões

Gás L Gás
sujo H
limpo
✓ Câmara de Sedimentação Gravitacional:
Para entender o princípio que governa a coleta das partículas em
uma câmara gravitacional, vamos considerar o esquema abaixo:

L
Gás vx = vgás L Gás
sujo H
H limpo
vy = vt h

- o perfil de velocidade do gás é uniforme;


Considerações: - a partícula flui na direção x com a mesma velocidade do gás;
- a partícula flui na direção y com sua velocidade terminal.
✓ Câmara de Sedimentação Gravitacional:
Considere que uma partícula de diâmetro dPi entra na câmara gravitacional
numa altura hP. Para que essa partícula seja capturada, ela necessita percorrer
toda essa altura num tempo inferior ao seu tempo de residência na câmara.
Dessa forma, a eficiência teórica de coleta para uma partícula de diâmetro dPi é
estimada pela razão entre a altura percorrida pela partícula (h) durante o seu
tempo de residência (tres) na câmara e a altura da câmara (H), ou seja:

h
d =
Pi
H

Sabemos que h é uma função do diâmetro da partícula (dPi), visto que:

vt – velocidade terminal da partícula;


h = vt .tres
tres – tempo de residência da partícula na câmara.
✓ Câmara de Sedimentação Gravitacional:
Como:

Vcâmara L.B.H L Q B
t res = = = v gás =
Q Q vgás B.H
L

Q – vazão volumétrica do gás;


vgás – velocidade do gás no interior da câmara.

Assim:
L h vt .t res vt .L
h = vt .tres = vt . d = = =
vgás Pi
H H vgás .H
✓ Câmara de Sedimentação Gravitacional:

h vt .t res vt .L
Dado que: d = = =
Pi
H H vgás .H

E considerando a velocidade
terminal para cada regime:

𝑔. 𝜌𝑃 . 𝑑𝑃2
Regime laminar (Lei de Stokes) 𝑣𝑡 =
18. 𝜇

0,153. 𝑔0,71 . 𝜌𝑃0,71 . 𝑑𝑃1,14


Regime transiente 𝑣𝑡 = 0,29 0,43
𝜌𝑔á𝑠 .𝜇

𝑔. 𝑑𝑃 . 𝜌𝑃
Regime turbulento 𝑣𝑡 = 1,74
𝜌𝑔á𝑠
✓ Câmara de Sedimentação Gravitacional:

Substituindo a velocidade terminal h vt .t res vt .L


para cada regime, as eficiências d = = = Dado que:
de coletas são:
Pi
H H vgás .H

2 2
Regime laminar 𝑑𝑃𝑖 . 𝜌𝑃 . 𝑔. 𝐿 𝑑𝑃𝑖 . 𝜌𝑃 . 𝑔. 𝐵. 𝐿
𝜂𝑑𝑃𝑖 = ou 𝜂𝑑𝑃𝑖 =
(Lei de Stokes) 18. 𝜇. 𝑣𝑔á𝑠 . 𝐻 18. 𝜇. 𝑄

0,153. 𝑔0,71 . 𝜌𝑃0,71 . 𝑑𝑃𝑖


1,14
.𝐿 0,153. 𝑔0,71 . 𝜌𝑃0,71 . 𝑑𝑃𝑖
1,14
. 𝐵. 𝐿
Regime transiente 𝜂𝑑𝑃𝑖 = 0,29 0,43 ou 𝜂𝑑𝑃𝑖 = 0,29 0,43
𝜌𝑔á𝑠 .𝜇 𝑣𝑔á𝑠 . 𝐻 𝜌𝑔á𝑠 .𝜇 .𝑄

0,5 0,5 0,5 0,5


1,74. 𝑔0,5 𝑑𝑃𝑖 . 𝜌𝑃 . 𝐿 1,74. 𝑔0,5 𝑑𝑃𝑖 . 𝜌𝑃 . 𝐵. 𝐿
Regime turbulento 𝜂𝑑𝑃𝑖 = 0,5
ou 𝜂𝑑𝑃𝑖 = 0,5
𝜌𝑔á𝑠 . 𝑣𝑔á𝑠 . 𝐻 𝜌𝑔á𝑠 .𝑄
✓ Câmara de Sedimentação Gravitacional:

Para se determinar qual o diâmetro mínimo 𝑑𝑃𝑖 cuja eficiência é 100%,
podemos rearranjar as equações abaixo, considerando 𝜂𝑑𝑃𝑖 = 1, ou seja:

Regime laminar
2
𝑑𝑃𝑖 . 𝜌𝑃 . 𝑔. 𝐵. 𝐿 ∗ 18. 𝜇. 𝑄
𝜂𝑑𝑃𝑖 = 𝑑𝑃𝑖 =
(Lei de Stokes) 18. 𝜇. 𝑄 𝜌𝑃 . 𝑔. 𝐵. 𝐿

0,254 0,377
0,153. 𝑔0,71 . 𝜌𝑃0,71 . 𝑑𝑃𝑖
1,14
. 𝐵. 𝐿 ∗
𝑄 0,88 . 𝜌𝑔á𝑠 .𝜇
Regime transiente 𝜂𝑑𝑃𝑖 = 0,29 0,43 𝑑𝑃𝑖 =
𝜌𝑔á𝑠 .𝜇 .𝑄 0,193. 𝑔0,623 . 𝜌𝑃0,623 . 𝐵 0,88 . 𝐿0,88

0,5 0,5 2
1,74. 𝑔0,5 𝑑𝑃𝑖 . 𝜌𝑃 . 𝐵. 𝐿 𝜌𝑔á𝑠 𝑄
𝜂𝑑𝑃𝑖 = ∗
Regime turbulento 0,5 𝑑𝑃𝑖 = 0,33. .
𝜌𝑔á𝑠 .𝑄 𝑔. 𝜌𝑃 𝐵. 𝐿

Portanto: ∗
Se: 𝑑𝑃𝑖 > 𝑑𝑃𝑖  d = 100%
Pi
✓ Câmara de Sedimentação Gravitacional:

Vantagens:
• baixos custos de construção, manutenção e operação;
• necessita de pouca manutenção;
• apresenta baixa perda de carga;
• a coleta e a disposição do material particulado se dão a seco;
• limitações para T e P impostas apenas pelo material construtivo.

Desvantagens:
• baixa eficiência de coleta;
• ocupa grande espaço.

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