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Equipamentos de Controle da Emissão de Particulados

✓ Precipitador Eletrostático:

A precipitação eletrostática é definida como um processo físico no qual uma


partícula contida num fluxo gasoso é carregada eletricamente e, sob a influência
de um campo elétrico, separada da corrente gasosa.
Historicamente, o uso da precipitação eletrostática como tecnologia de limpeza de
gases industriais remonta ao início do século 20.
Um precipitador eletrostático remove as partículas de um fluxo gasoso através da
exposição destas a um forte campo elétrico. Quando as partículas passam no
espaço compreendido entre os eletrodos de descarga e de coleta, elas são
carregadas e direcionadas para os eletrodos de coleta. A taxa de migração das
partículas para os eletrodos de coleta depende, dentre outros fatores, da grandeza
de sua carga elétrica, do seu tamanho, da intensidade do campo elétrico e das
condições do fluxo gasoso. Após as partículas serem depositadas sobre os
eletrodos de coleta, elas perdem suas cargas e a camada de pó formada é
removida do sistema, em geral, por vibração mecânica dos eletrodos de coleta.
Precipitadores Eletrostáticos

✓ Tipo mais largamente usado na indústria:


Um precipitador eletrostático operando com
Eletrodo de coleta Eletrodos de descarga corona negativa e limpeza das placas a
2c seco consiste de um grande número de
passagens de gás paralelas (dutos) com
eletrodos de descarga dispostos no centro,
limitadas em ambos os lados por placas
2rSE aterradas (eletrodos de coleta) que formam
a superfície de coleta das partículas. Os
eletrodos de descarga são espaçados, em
geral, de 10 a 15 cm de distância de cada
Gás sujo hNE
Gás limpo
uma das placas de coleta (s).
LNE
Quando uma alta tensão negativa é
2s
aplicada aos eletrodos de descarga a
diferença de tensão entre estes eletrodos e
as placas de coleta cria uma descarga
Eletrodo de coleta
elétrica contínua denominada corona.
Precipitadores Eletrostáticos
Precipitadores Eletrostáticos

O fluxo de gás no duto que alimenta o precipitador


vem em alta velocidade, sendo necessário a sua
desaceleração. Isso ocorre na seção de entrada
imediatamente a montante do precipitador,
expandindo-se a área do fluxo de gás. Além de
desacelerar o fluxo de gás, o difusor de entrada é
usado para distribuir o fluxo de gás de maneira
uniforme, de modo que não haja variações laterais
ou verticais significativas nas velocidades do gás na
entrada do precipitador.

Nos precipitadores eletrostáticos a vgás


é, em geral, inferior a 2 m/s.
Precipitadores Eletrostáticos

✓ Princípio de Operação:
gás sujo

Nos precipitadores eletrostáticos o


processo de remoção das partículas
ionização do gás
consiste de quatro etapas fundamentais:

E carregamento
das partículas
a) ionização do gás;
b) carregamento elétrico das partículas;
E coleta das
c) coleta das partículas; partículas

d) remoção das partículas. remoção das


partículas
Precipitadores Eletrostáticos
✓ Princípio de Operação:

Gás Sujo Gás Limpo

íons
partículas neutras
partículas carregadas
Precipitadores Eletrostáticos

✓ Relação entre o potencial aplicado e a corrente:

0 Vo Vcr
V
Precipitadores Eletrostáticos

✓ Modelos de eletrodos de descarga:


Precipitadores Eletrostáticos

✓ Ionização do gás:

Os gases sob condições normais, diferentemente dos condutores sólidos e


líquidos, praticamente não contêm elétrons livres ou íons, e são desta forma bons
isolantes elétricos. Porém, aumentando-se progressivamente a diferença de
potencial entre dois eletrodos, uma corrente elétrica entre eles pode ser medida
indicando-se o início da descarga corona.

A descarga corona é uma descarga elétrica automantida que ocorre entre dois
eletrodos quando submetidos a uma diferença de potencial relativamente alta.

Conforme já mencionado, os íons não ocorrem naturalmente nos gases, contudo


podem ser produzidos por alguma força ou agente externo, num processo
denominado ionização. Existem dois tipos primários de ionização em gases: (a)
ionização das moléculas ou dos próprios átomos, dos quais um ou mais elétrons
são removidos e (b) liberação de elétrons da superfície do eletrodo.
Precipitadores Eletrostáticos

✓ Ionização do gás:
O mecanismo dominante na produção de íons da descarga corona é a ionização por
colisão de elétrons, no qual elétrons livres no gás adquirem energia de um campo
elétrico e colidem violentamente com moléculas gasosas, arrancando literalmente
elétrons das moléculas. O resultado líquido desse processo é a criação de elétrons
adicionais e íons carregados positivamente. Para este processo ocorrer, os elétrons
devem possuir uma energia mínima que é característica da molécula ou átomo
bombardeado e é conhecida como energia de ionização.

A descarga corona pode ser positiva ou negativa e ambas podem ser usadas na
precipitação eletrostática. Porém, a maior estabilidade da corona negativa, a grande
porcentagem de gases eletronegativos presentes nas emissões industriais e no ar, além
da possibilidade de se trabalhar em potencial mais elevado, faz a corona negativa ser
usada quase sem exceção na precipitação industrial. Para a limpeza do ar em
ambientes confinados, entretanto, a polaridade positiva é preferida devido a menor
geração de ozônio.
Precipitadores Eletrostáticos

Corona Positiva

Corona Negativa
Precipitadores Eletrostáticos

✓ Princípio de Operação (corona negativa):

Eletrodos de
descarga
Fluxo de gás
Migração de íons
negativos

Partícula de

Trajetória da
partícula

Eletrodos de
coleta

Princípio de operação de um precipitador eletrostático do tipo


placa-fio operando com corona negativa
Precipitadores Eletrostáticos

✓ Carregamento elétrico das partículas:


O carregamento elétrico do material particulado contido no fluxo gasoso ocorre
principalmente na zona passiva, quando as partículas, ao passarem nessa região, são
carregadas pelos íons negativos e elétrons livres (corona negativa) ou íons positivos
(corona positiva) ali presentes.
Dois mecanismos são responsáveis pelo carregamento das partículas em precipitadores
eletrostáticos: a difusão e o bombardeamento. Ambos os mecanismos são ativos no
processo de carregamento, mas cada um é mais significativo para uma determinada faixa
de tamanho de partículas. O carregamento por bombardeamento é o mecanismo
dominante para partículas com diâmetro maior que 1 m, enquanto o carregamento por
difusão predomina para partículas com diâmetro inferior a 0,4 m. Na faixa intermediária,
os dois mecanismos contribuem e, portanto, devem ser considerados juntos.
O carregamento por bombardeamento está relacionado com o movimento ordenado dos
íons sob a influência do campo elétrico, que resulta na colisão destes com as partículas
em suspensão na corrente gasosa, e ali depositam suas cargas.
Precipitadores Eletrostáticos

✓ Carregamento elétrico das partículas:

No carregamento por difusão, íons presentes no gás compartilham a energia térmica das
moléculas gasosas e obedecem à teoria cinética dos gases. O movimento térmico dos
íons provoca a difusão deles através do gás e, em particular, a colisão com as partículas
ali presentes. Estes íons aderem às partículas devido às forças atrativas que surgem
quando os íons se aproximam das partículas. O processo de carregamento por difusão,
portanto, não depende do campo elétrico.
É evidente que em precipitadores eletrostáticos as partículas de todos os tamanhos
experimentam as duas situações simultaneamente. Desta forma, de um ponto de vista
prático, é razoável usar teorias que descrevam o processo de carregamento
continuamente desde partículas pequenas até partículas grandes. Para tanto, a equação
analítica de Cochet (1961) é uma alternativa razoável aos modelos baseados em
soluções numéricas publicados na literatura.
Precipitadores Eletrostáticos

✓ Carregamento elétrico das partículas:

   
 2   
 2.   2  
. r − 1  
Equação de Cochet

Qp =  1 +
 
+ 
  +2

   . .d 2
.E
2. o p

 r 
 d p  1+
  dp  

QP  - carga da partícula na saturação;


 - caminho livre médio das moléculas;
dp - diâmetro da partícula;
r - constante dielétrica da partícula;
o - permissividade do vácuo, 8,86 x 10-12 A.s/V.m;
E - campo elétrico.
Precipitadores Eletrostáticos

✓ Resistividade elétrica das partículas:


“Back corona” A resistividade elétrica representa a resistência da camada de
material particulado coletada ao fluxo de corrente elétrica,
sendo dessa forma um dos parâmetros de maior importância
+ no controle da performance dos precipitadores eletrostáticos,
+ haja vista que quando uma camada de pó é formada sobre os
+
eletrodos de coleta, a corrente corona tem que passar através
desta para atingir os eletrodos de coleta, os quais estão
aterrados.

+ De um modo geral, uma camada de pó com resistividade


(+)
+ elétrica entre 106 - 108 Ω.m é a ideal pois, nesta faixa, as
+
+
partículas perdem sua carga para os eletrodos de coleta de
forma lenta, retendo uma quantidade suficiente para mantê-las
aglomeradas e assim evitar a ressuspensão destas na corrente
gasosa.
É possível condicionar a resistividade do material particulado de diversas formas, tais como: controle
da temperatura, da umidade, adição de substâncias químicas como NH3 e SO2 na corrente, etc.
Precipitadores Eletrostáticos

✓ Coleta das partículas:

As partículas ao entrarem no precipitador são carregadas


eletricamente e, devido ao campo elétrico ali existente, migram
para os eletrodos de coleta a uma velocidade dita velocidade de
migração. Esta velocidade depende da força elétrica sobre a
partícula carregada, bem como da força de arrasto desenvolvida
quando a partícula se move na direção do eletrodo de coleta.

O movimento de uma partícula carregada eletricamente,


suspensa em um meio gasoso, sob a influência de um campo
elétrico é governado pela lei de Newton, ou seja, a soma de todas
as forças que atuam sobre um corpo é igual a zero.
Precipitadores Eletrostáticos

✓ Coleta das partículas:

Em um precipitador eletrostático as principais forças que atuam sobre uma


partícula são: força elétrica, força inercial, força gravitacional e força de arrasto.
Para as partículas de interesse na precipitação eletrostática a força gravitacional
é desprezível. Portanto, um balanço de forças sobre uma partícula num
precipitador eletrostático, considerando válida a lei de Stokes (Rep << 1) e
admitindo-se que a partícula atingiu sua carga de saturação resulta em:

dw 3. ..d p
m. + .w = Q p .E
dt C
C - fator de correção de Cunningham;
w - velocidade de migração;
m - massa da partícula.
Precipitadores Eletrostáticos
✓ Coleta das partículas:

dw 3. ..d p A solução desta equação pode ser


m. + .w = Q p .E obtida, partindo-se da condição
dt C inicial, w(t = 0) = 0, o que resulta em:

m.C  p .d p2 .C
p = =   − t 
3. . .d p 18.
w(t ) = wth .1 − exp  
   
 p 
Q p .E.C
wth =
3. . .d p O termo exponencial é desprezível para t > 0,01 s.
Desprezar este termo é equivalente a ignorar o
termo da aceleração na equação anterior.
p - densidade da partícula;
p - tempo de aceleração das partículas;
wth - velocidade teórica de migração (estado estacionário).
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✓ Correlação para cálculo da eficiência de coleta:

Deutsch (1922) assumiu uma série de hipóteses no desenvolvimento da


equação de eficiência de coleta em precipitadores eletrostáticos, tais como:

• as partículas estão completamente carregadas imediatamente ao entrar no precipitador;


• as partículas estão uniformemente distribuídas nas direções y e z;
• o gás e as partículas se movem na direção x com velocidade constante vo;
• o movimento das partículas é governado pela força de arrasto viscosa, onde a lei de Stokes se aplica;
• o campo elétrico é constante e uniforme;
• as partículas rapidamente atingem a velocidade terminal na direção y;
• as partículas estão suficientemente separadas de modo que a repulsão mútua entre elas pode ser desprezada;
• o efeito de colisão entre íons e moléculas neutras de gás pode ser desprezado;
• os efeitos secundários tais como erosão, ressuspensão das partículas e "back corona" não são considerados.
Precipitadores Eletrostáticos
✓ Correlação para cálculo da eficiência de coleta:

Modelo de Deutsch
dpi - eficiência de coleta fracionária;
 wth .LNE   w .A  LNE - comprimento da placa de coleta;
 dpi = 1 − exp  −  = 1 − exp  − th  A - área total de coleta;
 vo .s   Q  Q - vazão volumétrica;
vo - velocidade do gás.

Fios

hNE Placa de
coleta
x hNE
y C C + C s z
2s LNE δ
x δ y
z Placa de coleta s
Fio

x
y
Precipitadores Eletrostáticos
Vantagens e Desvantagens

Vantagens:
• Apresenta elevada eficiência, inclusive para partículas submicrômicas;
• Trata grandes volumes de gás, mesmo em altas temperaturas;
• Pode operar em uma larga faixa de pressão;
• Apresenta baixa perda de carga.
Desvantagens:
• Apresenta alto custo de instalação;
• Pode apresentar alto custo de operação, dependendo do projeto ;
• Exige mão de obra especializada;
• Necessita de um sistema de controle um pouco mais sofisticado;
• Não pode ser utilizado quando há risco de explosão;
• Consumo elevado de energia. (Discutível)

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