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Musical: “A Jornada”

MÚSICA 01 – ENTRADA DO CORO

DESENHO CÊNICO: QUATRO PERSONAGENS EM VOLTA DE UMA MESA DE REUNIÃO DE UMA


EMPRESA MULTINACIONAL.

CENA 01
Verônica - Meu Deus do céu, que demora! Já estamos aqui há trinta e três minutos e nada da
nova supervisora chegar. Eu odeio esperar, meu tempo custa dinheiro.

Jarvis – Será que ela ficou presa no banheiro, gente?! Até por que ontem a descarga estava
entupida.

TODOS RIEM

ENTRA A SUPERVISORA / TODOS FAZEM SILÊNCIO.

Cássia – Boa tarde a todos. Me chamo Cássia Timberg e sou a nova gerente da empresa. Antes
de dar início a nossa reunião gostaria que os senhores se apresentassem para melhor conhece-
los. Por favor, podem começar.

Anderson – Boa tarde, eu sou o Anderson, atuo na área do marketing aqui na nossa empresa e
trabalho aqui há seis anos e meio.

Jarvis – Boa tarde, eu sou o Jarvis, atuo na logística e sou funcionário desta empresa há três
anos.

Verônica – Boa tarde a todos, me chamo Verônica atuo no setor de RH da empresa e estou na
função há quatro anos.

Natasha – Boa tarde, eu sou Natasha e trabalho diretamente com a parte de pesquisa da
empresa, sou responsável por coletar informações sobre o público alvo e o mercado do cliente.
Trabalho aqui na empresa há dois anos.

Cassia – Muito bom poder conhece-los mais de perto e as suas respectivas funções, gostaria de
informa-los que estou com altas expectativas nessa equipe e empresa. Trabalhamos aqui
diretamente com a área de publicidade e propaganda, nossa empresa tem se destacado no
mercado atual e precisamos manter, ou melhor, aumentar o padrão. Precisamos elevar o nosso
patamar. Vocês estão ai?

TODOS – Sim!

Cássia – Que bom, fico feliz em saber que vocês estão aqui comigo. Como eu me apresentei no
início eu me chamo Cássia Timberg, porém eu levo comigo uma marca, sim uma grande marca,
o CC.

(Todos se assustam e fazem cara de nojo)

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Cássia – Cássia Competência. Sim, competência é a minha marca, quase que meu sobrenome,
só não registrei em cartório. Eu tenho uma missão em minha vida, elevar o máximo as empresas
ao qual eu passo e gerencio. Diante disso, nós precisamos agir e trabalhar, estamos no final do
ano e esse é o momento de nos destacarmos no mercado. Meu queridos colaboradores que
aqui estão, precisamos desenvolver um grande projeto pra esse final de ano e para isso eu conto
com vocês. Preciso que vocês criem algo que tem a ver com o final de ano, elaborem algo com
objetivo de divulgar essas palavras que contém na pasta de vocês. (Enquanto Cassia fala todos
começam a olhar a pasta). Mas por favor, não olhem agora, (Todos param de olhar a pasta)
pois o meu objetivo é conhecer o potencial aqui de cada um no trabalho em equipe. Por favor
sejam muito criativos, explorem a mente de vocês, vençam os limites, eu deixarei vocês aqui,
qualquer dificuldade consultem a mente de vocês. Até logo. (Personagem Cássia sai de cena)

Verônica – Eu hein, nunca vi isso, a mulher acabou de chegar e já foi dando ordens. Ainda por
cima se intitulou como dona CC, Cássia Competência, mas pra mim CC é falta de Rexona. É muito
fácil chegar aqui ditar ordens e não falar mais nada.

Anderson – É, até por que, como vamos criar uma publicidade sem informações nenhuma de
um produto? Essa dona CC deve estar achando que nós somos robôs.

Jarvis - Calma gente, vocês estão muito nervosos. Ela acabou de chegar aqui.

Verônica – Você como sempre jogando panos quentes nas coisas, né Jarvis? Ela realmente
acabou de chegar aqui, não conhece a gente direito e já saiu dando ordens. Ah, que saudades
do Licurgo, nosso antigo gerente, ele sim nos compreendia.

Jarvis – De fato o Licurgo era um excelente gerente, mas ele saiu pra ser papai noel de shopping.
Licurgo sempre acreditou no natal, sempre distribuía presentes para os mais pobres, ele era um
exemplo.

Natasha – Gente, olha só, não adianta ficarmos aqui lamentando a saída do Licurgo, nós estamos
com um problemão para resolver e ficar pensando no passado não vai ajudar elevar essa tal
criatividade que a Dona Cássia Competência quer.

Anderson - Meus queridos, vocês me perdoem. Mas eu só consigo pensar tomando um


cafezinho. Cadê o meu café? (Grita) Creuzenir!

(Creuzenir entra)

Creuzenir – Oh gente, “discupa” a demora é que eu “tavo” toda enrolada na cozinha, fazendo
bolinho de chuva e demorei a “cuá” o café de “vocês tudo”.

Anderson – Tá, tá bom, não precisa se explicar não. Pode me dá esse café e servir os outros
também.

(Creuzenir continua em cena servindo as pessoas e prestando atenção na conversa)

Natasha – Olha eu vou falar uma coisa: eu estou cansada, não vejo a hora de tirar férias. Oh ano
cansativo. Trabalhei igual uma burra de carga.

Verônica – Nem me lembre. Falando nisso, alguém sabe me dizer se as férias desse ano serão
coletivas? Por que do jeito que trabalhamos esse ano merecemos pelo menos quarenta e cinco
dias de férias.

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Jarvis – Ai as férias! Como eu sonho com esse dia! Final de ano só me faz pensar em uma coisa:
descanso, descanso e nada mais.

Anderson – Pois é, estamos aqui mortos de cansados, e depois de um ano super intenso como
esse, não vejo a hora de sumir desta empresa.

Verônica – Eu sinceramente já não aguento mais essa rotina da empresa, aqui é muito serviço e
pouco dinheiro. E olha que me falaram que a abolição da escravatura já passou há muito tempo,
parece que aqui a Princesa Isabel esqueceu de assinar a lei áurea.

Natasha – A Lei áurea passou longe nesse lugar, aqui o nosso lema é: Trabalhe, e enquanto
descansa carrega pedra.

(TODOS RIEM)

MÚSICA 02 – EU PRECISO DE FÉRIAS (Música alegre com ritmo rápido)

CENA 02
Anderson – (Grita) Creuzenir.

Creuzenir – Pois não, Senhor?

Anderson – Mais café, Creuzenir. Mais café, por favor. Estou estressado, é muita coisa na minha
cabeça, preciso pensar, pensar e pensar.

Creuzenir – Ué, não sabia que meu café era a cura do Alzheimer.

Anderson – Tá me chamando de velho, Creuzenir?

Creuzenir – Não senhor, até por que como dizia minha vovó: velho é a estrada. E o senhor está
mais para uma calçada.

Anderson – Mais respeito Creuzenir. Me chamou de cara de calçada?

Creuzenir – Era um elogio, senhor. Era um elogio.

Verônica – Creuzenir, deixa eu te fazer uma pergunta: A CC passou lá na cozinha?

Creuzenir – Olha, as vezes sim. Quando a gente não passa Rexona, o CC passa lá direto.

TODOS RIEM

Verônica – Não Creuzenir, estamos falando da nossa nova gerente: Cássia Competência.

Creuzenir –Ah sim! Não, ela não passou lá não. (Fala reflexiva) Cássia Competência, que nome
de gente rica.

Verônica – Estranho ela ter vindo aqui sozinha, vocês não acham? Por que o certo era passar
em todos os setores da nossa empresa.

Jarvis – Acho que você está se preocupando com pequenas coisas, até por que estamos com
uma missão que sinceramente eu não sei nem por onde começar. Estamos todos cansados, a
nossa mente está cansada e eu não consigo pensar em nada, e também...

Creuzenir – (Interrompendo) Oh seu Jarbas.

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Jarvis – (Incomodado com a forma que foi dito seu nome) É Jarvis Creuzenir, JAR- VIS!

Creuzenir – Ah sim, entendi. Perdão seu Jarbas. O senhor deseja mais um cafezinho?

Jarvis – Não, muito obrigado Creuzenir. Continuando, eu penso que...

Creuzenir - Desculpa seu Jarbas, mas deixa eu perguntar aqui. Alguém mais quer algum
cafezinho?

TODOS – NÃO CREUZENIR.

Creuzenir – Ah que bom, por que o pó acabou.

Anderson – Tá bom, pode se retirar Creuzenir. Estamos numa reunião muito importante aqui e
precisamos ficar a sós, precisamos nos concentrar para a grande tarefa que nos foi dada.

(Creuzenir sai de cena)

Jarvis – Eu sinceramente não sei o que vamos fazer, visto que sou da área da logística, então
sinceramente eu não consigo ter ideia para uma campanha publicitaria, eu nem sei por que a
dona CC me colocou nesta reunião com vocês.

Verônica – Eu também não entendi por que estou aqui, fazer uma campanha publicitaria para o
final do ano, nunca trabalhei nesta área aqui na empresa. O que será que dona CC quer, hein?

Anderson – É, por que o certo aqui, seria a Natasha e eu desenvolvermos essa campanha
publicitária.

Natasha – Sim. Eu responsável pela área de pesquisa coletando informações e o Anderson


atuando na área do marketing. Eu nem entendi por que essa mulher colocou duas pessoas do
setor administrativo para a realização da campanha de final de ano. Eu penso que esse projeto
tem que ser meu e seu, Anderson.

Jarvis – (Estressado) Você quer levar crédito sobre isso, Natasha? Então aproveita e cuida de
toda parte logística do seu projeto.

Verônica – (‘Jogando na cara’) Eu não sei por que você está agindo dessa forma Natasha. Até
por que se você está aqui hoje, foi por que eu te contratei. Se não fosse a minha aprovação em
todas as etapas do processo seletivo, hoje você estaria desempregada.

Natasha – (Esnobando) Minha querida, com a minha competência eu jamais estaria


desempregada.

Verônica – (Deboche) Ah, falou a NC agora, a Natasha Competência. Deveria se juntar a nova
gerente, formarão uma bela dupla. NC e CC a dupla competência. (Gargalhada de deboche)

Natasha – Olha o deboche para o meu lado hein Verônica.

TODOS COMEÇAM A DISCUTIR EXTREMAMENTE ESTRESSADOS

Anderson – Gente, silêncio pelo amor de Deus! Nós estamos com uma demanda enorme para
resolver e ficar discutindo não vai resolver nada. Eu sugiro chamarmos a dona CC aqui para ela
nos direcionar melhor, até por que ficou tudo muito vago.

Verônica – O problema é: quem vai ter coragem de chamar aquela mulher aqui de volta?

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Anderson – Podemos tirar no zerinho ou um, assim poderemos decidir quem vai chamar a dona
CC aqui de volta. O que acham?

Natasha – Pelo amor de Deus nós somos profissionais é o cumulo termos que tirar zerinho ou
um para decidir alguma coisa. Uma pessoa do meu nível jamais faria zerinho ou um, por mim a
gente faz pedra, papel e tesoura.

Verônica – Ah pelo amor de Deus, Natasha. Achei que você estava falando sério. Vamos no
zerinho ou um mesmo. Por que no pedra, papel e tesoura sempre tem confusão de quem corta
o que.

Jarvis – A que ponto chegamos, meu Deus. Mas o que não tem remédio, remediado está. Vamos
decidir logo, venham todos, juntem aqui. Vamos lá?

TODOS – Zerinho ou um.

(TODOS COLOCAM ZERO)

TODOS – Zerinho ou um.

(TODOS COLOCAM UM)

TODOS – Zerinho ou um.

(TODOS COLOCAM UM)

Anderson – Ah pelo amor de Deus em, estou cansando.

Jarvis – Vamos só mais uma, dessa vez a gente consegue.

TODOS – Zerinho ou um.

(TODOS COLOCAM ZERO)

Verônica – Ai gente, chega. Chega de zerinho ou um. Eu em! Palhaçada! Uma pessoa estudada
como eu me submetendo ao zerinho ou um. Quantos anos vocês tem? Cinco? Por que o corpo
de vocês é de 80 anos, mas a mente de cinco. Quanta imaturidade.

Natasha – E se nós chamarmos a Creuzenir para decidir quem vai chamar a dona CC?

Jarvis – Que ideia é essa gente? Chamar a Creuzenir para decidir quem vai chamar a dona CC?
Será que vocês não tem coragem de ir lá e chamar dona CC?

Anderson – Ué, mas se você se sente tão corajoso, então vai você chamar a dona CC.

Jarvis – Olha, eu até iria, eu só não vou por que eu quero evitar a fadiga. Vamos chamar a
Creuzenir mesmo para decidir. (Grita) Creuzenir! Ué, cadê a Creuzenir gente? Ah, chamem
vocês que eu já estou ficando sem voz.

TODOS – CREUZENIR!

ENTRA CREUZENIR COM UM DESENTUPIDOR DE VASO

Creuzenir – Oh gente, “discupa” a demora, é que eu “tavo” tentando “disintupi” o vaso e assim
que vocês chamaram eu larguei tudo e vim aqui.

TODOS ESBOÇAM REAÇÃO DE NOJO

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Verônica – Tá bom, Creuzenir. Me poupe dos detalhes, a gente queria lhe fazer um pedido.
Assim, como você é uma pessoa inteligente, culta, exuberante, linda...

Creuzenir – Ah sim, dona Verônica. Eu sempre fui uma pessoa muito “curta” mesmo.

Verônica – (Tom irônico) Sim Creuzenir, muito curta mesmo. Mas enfim, nós gostaríamos de lhe
pedir um grande favor. A Dona CC está na sala dela, por gentileza você poderia ir até lá, bater
na porta dela, entrar na sala dela e pedir para ela vir até aqui, por favor?

Creuzenir – O que? Entrar na sala da dona Cascavel? Nem pensar! Até por que eu entrei na sala
dela pra tirar o pó da mesa dela e eu vi os “documentu di vocês tudo lá”.

TODOS COMEÇAM A FICAR PREOCUPADOS E NERVOSOS

Verônica – Os nossos documentos estavam lá? Como assim, Creuzenir?

Anderson – Tá vendo gente, eu sabia que essa dona CC tinha alguma coisa. Eu sabia.

Natasha – Mas o que será que ela está fazendo?

Jarvis – Pai das luzes! Ela está nos avaliando!

TODOS – E AGORA, O QUE VAMOS FAZER?

MÚSICA 03 – O QUE VAMOS FAZER?

CENA 03
Jarvis - Nossos empregos estão em risco, pessoal. Nosso nome já tá na boca do sapo, quero
dizer, da dona Cássia

Anderson - Meu Deus do céu, se eu perder esse emprego eu “tô” lascado. Eu tenho sete filhos
pra sustentar.

TODOS – SETE FILHOS?

Anderson – São meus gatos, gente. Eles bebem muito leite. Estou pensando até comprar uma
vaca e colocar lá no quintal de casa.

Jarvis – A gente aqui preocupado com a nossa atual situação e você pensando em comprar vaca.
O que nós vamos fazer, pessoal? Nós precisamos elaborar esse projeto e nós não temos se quer
um norte para esse projeto.

Verônica – Gente, eu preciso desse emprego, como vou pagar meu rímel, meu batom, meu
esmalte? Não, não tem como. A gente precisa desse emprego. Vamos colocar a cabeça para
pensar.

Jarvis – Sim Verônica, nós precisamos pensar. O que levaria uma pessoa a adquirir o nosso
produto? O que ele poderia oferecer?

UMA QUEBRA DA CENA EUFÓRICA PARA UMA PARTE DRAMÁTICA.

Natasha – Eu sinceramente já quebrei a minha cabeça aqui, mas é que nós estamos tão
cansados, o ano foi tão difícil para nós. O desafios parecem que se tornam cada vez maiores,
vivemos dias tão inseguros, não sabemos o que será do amanhã.

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Verônica – Mas o amanhã sempre foi incerto, e por que você está preocupada com isso agora?

Natasha – Não sei, de repente fui tomada por uma angustia.

Jarvis – Natasha, pode ser o medo de perder o seu emprego, não?

Natasha – Esse é o problema, Jarvis. A gente trabalha tanto e muitas vezes achamos que esse
nosso emprego vai nos gerar uma segurança, mas não, por exemplo: se nós não desenvolvermos
o projeto que a dona Cássia quer, nós não teremos mais esse emprego. E assim é a vida, achamos
que temos uma segurança, aliás, uma falsa segurança, mas nós não temos nada.

Jarvis – Natasha, você disse que temos uma falsa segurança, as vezes eu me sinto assim, em
uma falsa segurança. Eu venho para essa empresa, volto para casa e acho que tudo isso é o
suficiente na minha vida, mas dentro de mim eu sinto como se houvesse um vazio, um vazio tão
grande que nada e nem ninguém consegue preencher.

Verônica – Você falou em vazio e me fez pensar algo. Por que todos nós temos esse vazio? Ele
é do tamanho de um mundo.

Anderson – Gente, vocês estão preocupados com um tal de um vazio, mas isso não resolve o
nosso problema, precisamos elaborar o nosso projeto.

Jarvis – Anderson, você acha mesmo que a elaboração de um projeto vai preencher o nosso
vazio? Olhe para nós, chegamos ao final do ano. E o que construímos até aqui? Trabalhamos,
recebemos os nossos salários, gastamos dinheiro, e ai, o que sobrou? Já pararam para refletir
isso?

Natasha – Eu não estou entendendo por que essas questões foram levantadas aqui, mas eu
percebo que é necessário. Estamos tão preocupados em agradar a dona Cássia, simplesmente
por que ela tem um cargo superior a nós, mas nós não podemos continuar vivendo assim para
agradar pessoas que podem nos proporcionar algo. Passamos o ano inteiro assim: com medo,
cheio de incertezas, expectativas, frustrações e perdas.

Verônica – Mas isso tudo faz parte da humanidade, se nós não buscarmos agradar os nosso
superiores o que vai ser de nós? Nós precisamos desse emprego.

Natasha – Tá, eu entendo que a gente precisa desse emprego e que ele gera o nosso sustento,
mas o propósito desse nosso emprego é simplesmente para nos gerar renda e pronto? Então a
vida é só isso? Sinceramente, eu acho que nós estamos sendo desonestos com nós mesmos. Se
a gente parar pra pensar até o nosso emprego aqui não tem proposito.

Jarvis – Você está falando do nosso emprego. Mas e a vida? Qual é o nosso propósito, por que
vivemos isso? Quem pode nos preencher?

Natasha – (Reflexivo) É verdade, Jarvis. Quem pode nos preencher?

Anderson – (Reflexivo) Quem pode nos preencher?

Verônica – (Reflexivo) Quem pode nos preencher?

TODOS – (Para o público) QUEM PODE NOS PREENCHER?

MÚSICA 04 – QUEM PODE NOS PREENCHER?

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CENA 04
Verônica chora.

Natasha – O que foi Verônica?

Verônica – Eu acho que não estou bem. Engraçado né, quando chega o final do ano rola muitas
retrospectivas dentro de nós, é como se um filme estivesse passando aqui na minha cabeça.

Anderson – Eu percebo que muitas vezes a nossa mente se torna como um telão de um cinema
e esse filme que assistimos é a nossa própria história. Somos capazes de assistir a nossa história
todos os dias, mas a gente não consegue mudar o roteiro dela.

Jarvis – Eu juro que eu queria mudar, eu queria viver um novo roteiro nesse filme que está
passando em minha cabeça, o meu problema é que eu quero viver o final dessa história sem
antes passar pelo presente, mas como que eu faço para mudar esse roteiro?

TODOS – EU PRECISO PREENCHER O VAZIO QUE EXISTE EM MINHA VIDA.

Creuzenir – Vocês estão muito confusos, vocês querem escrever uma nova história, mas não
consegue soltar a caneta.

TODOS – Soltar a caneta?

Creuzenir – Peguem essas canetas que estão na mesa (todos pegam a caneta). Na vida é
exatamente assim, queremos escrever a nossa própria história, queremos dar rumo a algo que
não nos pertence. Existe uma jornada sendo trilhada. Aliás, a Jornada.

Jarvis – Que jornada Creuzenir?

Creuzenir – A jornada da vida, ora. Nós somos estrangeiros aqui, e vocês bem falaram que tudo
que vivemos aqui é como se fosse um filme, e todo filme possui um início, um meio e um fim.
Só que quando nós assistimos um filme a gente acompanha uma história que está pronta, uma
história que um outro roteirista escreveu para simplesmente assistimos. Nós nos emocionamos
e torcemos por cada personagem, mas o problema é que a nossa vida também tem um
roteirista, só que muitas vezes a gente não deixa o roteirista trabalhar, ai a gente se frustra, por
que a gente que escrever uma história que não é nossa. Ah, a frustração...todos você aqui são
frustrados, e essa frustração gerou um vazio dentro de vocês, hoje vocês receberam uma
incumbência, mas vocês não conseguem pensar em nada por que vocês estão vazios, se vocês
estivessem cheios, tudo que fosse pedido a vocês já estaria pronto.

Jarvis – Chega Creuzenir, eu não aguento mais. Aliás, eu não aguento mais a jornada que eu
estou vivendo. Esse vazio dentro de mim está me consumindo todos os dias. Na verdade eu me
perdi nessa jornada, eu estou tão perdido que hoje eu não enxergo um palmo a minha frente.

Verônica – Meu Deus, eu estou perdida, o que eu estou fazendo aqui? Eu me perdi no roteiro
da minha história, eu peguei a caneta e comecei a escrever aquilo que eu não deveria, eu
comecei a viver aquilo que eu não deveria, e entrei em um buraco negro e eu não vejo mais a
saída, mas eu não consigo largar mão dessa caneta. Eu tento entregar essa caneta, mas eu não
consigo.

Natasha – Eu sempre achei que a minha inteligência fosse a garantia do meu sucesso, mas hoje
eu vejo que ela não me serve de nada, por que a caneta ainda está na minha mão, eu não consigo
abrir mão dela, eu quero escrever a minha história, mas o problema....

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Anderson – ...é o meu egoísmo. Existe uma voz dentro de mim que grita, ela não somente grita,
ela me descontrola, mas eu não vou largar essa caneta, eu vou continuar escrevendo a minha
história, o meu filme terá um final feliz, eu acredito nisso, por que se não...

Jarvis - ...não faz sentido viver. Se eu não posso escrever a minha história, não faz sentido viver,
eu sou dono de mim, eu sou dono das minhas escolhas, eu sou dono desse filme que eu estou
vivendo, eu sou o dono da minha jornada.

MÚSICA 05 – A JORNADA

CENA 05
Creuzenir – Vocês estão desesperados por que trilharam a jornada errada, enquanto vocês
estiverem com a caneta nas mãos tentando escrever o próprio roteiro da sua vida, a jornada
estará totalmente errada. O final do ano está chegando, o que você fez até aqui? Traçou seu
próprio destino? Fugiu da sua própria história? Escreveu seu próprio roteiro? E trilharam uma
jornada errada. Ás vezes queremos escrever a nossa própria história, por que a jornada é árdua.

Anderson – Meu Deus, o que tá acontecendo aqui nesse lugar, que dor é essa que estamos
sentindo?

Verônica – Eu quero demissão dessa empresa, eu quero embora daqui.

Creuzenir - Fugir é mais fácil do que enfrentar seus próprios medos, não é mesmo? Saiba que
Maria antes de dar à luz ao menino Jesus também sentiu medo. O medo da rejeição, o medo da
dor, o medo do novo, mas mesmo assim ela não segurou a caneta dela e escreveu o próprio
roteiro, ela deixou o próprio Deus escrever a história dela, e então viveu a jornada proposta para
ela. Caminhando pelas ruas grávida, prestes a dar à luz ao menino Jesus, ninguém abriu a porta
para dar lugar ao rei dos reis, mas Maria seguiu sua jornada dolorosa até a manjedoura, e ali o
proposito se cumpriu, naquela humilde estrebaria o proposito se cumpriu.

Verônica – Creuzenir, você está diferente, eu não estou te reconhecendo.

Creuzenir – Claro que vocês não está me reconhecendo.

Jarvis – De fato, nós não estamos te reconhecendo. Mas aonde você quer chegar Creuzenir?
Jornada, a caneta, o roteiro, aonde você quer chegar com tudo isso Creuzenir? Anda, fala.

Creuzenir - Assim como Maria viveu a jornada dela, para dar à luz ao menino Jesus, o rei dos
rei, eu também vivo uma jornada. Olhe para essa empresa a qual vocês estão trabalhando, eu
cheguei aqui a 15 anos atrás, e sabe o que existia aqui? Nada, apenas o chão. Antes de chegar
aqui passei por muitas dificuldades financeiras, meus pais não tiveram condições de me dar
estudo, cresci tendo apenas o suor do meu trabalho. Desde muito nova tive grandes desafios na
vida, com 10 anos de idade comecei a limpar carros, aos 13 subi de cargo, vendia bala no sinal,
aos 16 tomava conta dos carros dos executivos do ministério do trabalho, eu lembro que eles
chegavam lá e me olhavam de cima a baixo pedindo para eu vigiar o carros deles durante o dia,
ao final do dia eu ganhava o suficiente para comprar um pão e um copo de leite com café. Eu
achava que estava tudo indo muito bom, sem estudar, trabalhando de sol a sol, muita gente me
humilhando por que não sabia nem ler e nem escrever, até que resolvi entrar na escola e lá
dentro a minha mente se abriu, passei a adquirir alguns saberes. A partir daí eu entendi que
alguém poderia dar outros rumos em minha vida, mas mesmo entrando na escola eu continuei

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a trilhar uma jornada dolorosa, pois a vida não foi fácil pra mim, continuei trabalhando mesmo
em cargos mais simples, mesmo sem ninguém me enxergar, eu continuei, eu sonhei, e eu
entendi que a luta faz parte da vida. Engraçado vocês reclamarem desse vazio dentro de vocês,
por que nem tempo para sentir esse vazio eu tinha, pois eu tinha que sustentar a minha casa,
sustentar os meus pais, e os meus nove irmãos. Mas em dardo momento eu também percebi
que tinha um vazio dentro de mim e quando eu percebi esse vazio eu estava exatamente como
vocês, com uma caneta na mão, sim, eu era uma garçonete e anotava os pedidos de um
restaurante, eu percebi que minha vida estava exatamente como aquela caneta, no controle das
minhas mãos, mas era necessário eu soltar a caneta para deixar o autor da minha vida, o grande
roteirista da minha história, escrever de verdade aquilo que ele queria pra mim. Então eu soltei
a caneta e entreguei para ele. Quando eu cheguei aqui nessa empresa não existia nada, apenas
um sonho e eu entreguei esse sonho nas mãos de Deus e vocês sabem o que que aconteceu?
(Creuzenir tira o macacão e por baixo ela está com a roupa de executiva) Eu me tornei a dona
da empresa, hoje eu sou a proprietária desse lugar e é por isso que o nome da empresa é
JORNADA, eu tracei uma jornada para chegar aqui, se levantem daí, sentem a mesa.

TODOS SE LEVANTAM CONFUSOS E ESPANTADOS E SENTAM NA MESA

Natasha – Então Creuzenir, você é a dona dessa empresa? E a dona Cássia?

Creuzenir – Ela foi uma contratada minha, aliás, como todos os outros supervisores, eu a
contratei para que vocês entendessem que quando somos preenchidos pelo autor da nossa vida,
esse vazio, essa angustia, essa ansiedade que vocês sentem já não existira mais.

Jarvis – Então agora tudo se encaixa, por isso nunca conhecemos o dono desta empresa, sempre
lidávamos com os gerentes e supervisores para qualquer reunião de projetos, por que você era
a verdadeira proprietária desse lugar, Creuzenir.

Verônica – Mas por que você nunca se revelou a nós, Creuzenir? Trabalhamos aqui a tanto
tempo.

Creuzenir – Por que como toda jornada existe um tempo certo para todas as coisas
acontecerem, eu acompanho vocês há anos, e me vestindo dessa maneira eu conseguiria me
aproximar de vocês de verdade, conhecer suas fraquezas, suas imperfeições, conhecer a dor de
vocês de verdade. Eu não queria apenas me relacionar como chefe e empregado, eu queria me
relacionar mais intimamente com vocês, por que foi assim que Jesus fez, Ele é o filho do todo
poderoso, mas Ele se fez carne, nasceu em uma humilde manjedoura, habitou entre nós, e entre
a manjedoura e a cruz houve uma jornada, uma jornada desafiadora, mas Ele sabia que essa
jornada estava sobre o controle do pai e que no final tudo daria certo. Ele se entregou por inteiro
numa cruz e hoje Ele está a destra de Deus. Vocês se lembram que a dona Cássia esteve aqui e
disse para vocês abrirem a pasta? Só que vocês estavam tão preocupados com coisas externas
e esqueceram de abrir a pasta. Abram a pasta.

TODOS ABREM A PASTA

Creuzenir – Por favor, leiam.

TODOS – Ele se esvaziou de si mesmo tomando forma de servo, fazendo-se semelhante aos
homens.

Creuzenir – Levantem a caneta que está nas mãos de vocês. Aquele que entendeu tudo o que
aconteceu aqui hoje, que está disposto a entregar essa caneta pro verdadeiro autor da nossa

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história e viver a jornada que Ele quer pra cada um de vocês. Dê um passo até aqui na frente e
entregue a caneta agora. Vamos, vocês conseguem!

Verônica – Eu não quero mais viver pra mim mesmo, Senhor está aqui a minha caneta. Escreve
a minha história a partir de hoje.

Anderson – O filme da minha história a partir de hoje será escrito pelo grande autor da vida.
Toma a minha caneta Senhor, e escreva a minha história.

Natasha – A minha mente e o meu coração te pertence, domina a minha história. Essa caneta é
sua Senhor.

Jarvis – Eu quero trilhar uma nova jornada a partir de hoje, a jornada rumo ao céu e hoje eu te
entrego a minha a caneta e eu aguardo o grande autor da vida para me encontrar com ele.
Escreva a minha história.

TODOS – SENHOR, O CONTROLE DA MINHA VIDA ESTÁ EM SUAS MÃOS. ESCREVA A MINHA
HISTÓRIA NO LIVRO DA VIDA.

FIM

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