Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
©Acta Tecnológica
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão
Av. Colares Moreira, nº 477 - Renascença
São Luís-MA - CEP: 65075-441 - Fone: (98) 3215-1794
http://www.ifma.edu.br | http://prpgi.ifma.edu.br | http://portaldeperiodicos.ifma.edu.br/
A exatidão das informações, os conceitos e opiniões emitidos nos resumos e textos comple-
tos são de exclusiva responsabilidade dos autores.
Semestral
CDU: 37.015:631:641.13
Instituto Federal de Educação, Editora Chefe
Ciência e Tecnologia do Maranhão Sylvia Letícia Oliveira Silva
Design Editorial
Luís Cláudio de Melo Brito Rocha
Tecnologia da Informação
José Maria Ramos dos Reis
Documentação e Normalização
Michelle Silva Pinto
DOI: http://dx.doi.org/10.35818/acta.v16i1.1041
EDITORIAL
Prezadxs leitorxs,
A revista Acta Tecnológica, traz nesta edição, um conjunto de artigos em diversas áreas
do conhecimento. Iniciando o volume 16, número 1, trazemos o artigo Os Transtornos
causados pelo aumento do lixo na cidade turística de Carolina - Maranhão, os autores
investigaram como se dá a relação dos moradores com a produção e o acúmulo de lixo.
Na mesma área, o artigo 2, Reator UASB: uma alternativa sustentável para o trata-
mento de esgoto no município de Codó - MA, os autores avaliaram as melhorias nas
condições de saneamento do município de Codó, Maranhão, através da construção do
protótipo de um reator UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket) destinado à remoção de
matéria orgânica do esgoto doméstico que é lançado diretamente no Rio Itapecuru.
Com discussões sobre processos de mobilização e lutas sociais pela educação de jovens
e adultos, o artigo 3, As lutas sociais por políticas de educação no Brasil para EJA de
1990 a 2006: da formação da agenda política a formulação do PROEJA há a retomada
do debate acerca dos aspectos estruturais que envolveram mudanças políticas e sociais
nos anos de 1990, buscando entender os reflexos do ideário neoliberal na construção da
agenda reformista e das políticas de educação no Brasil.
Boa leitura!
Sylvia Leticia Oliveira Silva
Editora da Revista Acta Tecnológica
SUMÁRIO
As lutas sociais por políticas de educação no Brasil para EJA de 1990 a 2006:
da formação da agenda política a formulação do PROEJA............................. 37
Edvan Wilson Ferreira Pinto, Marco Antonio Nogueira Gomes e Isabel Marques de Brito
1 Mestre em Sociologia (UFMA); Professor do Instituto Federal do Maranhão - IFMA, Campus Avançado Carolina;
E-mail: leonardo.coelho@ifma.edu.br;
2 Técnico em Meio Ambiente pelo Instituto Federal do Maranhão - IFMA, Campus Avançado Carolina; E-mail: willamsrj123@gmail.com;
3 Doutoranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) na Universidade Federal do Ceará (UFC); E-mail: louizenscmt@gmail.com;
4 Doutor em Ciência Animal (UFERSA); Professor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA, Campus Central;
E-mail: rogerio.taygra@ufersa.edu.br;
5 Doutor em Ciência Animal (UFERSA); Professor do Instituto Federal do Ceará - IFCE, Campus Jaguaribe; E-mail: jonnata.oliveira@ifce.edu.br;
RESUMO
Existe uma relação direta entre a densidade populacional e o lixo produzido, isto é, na
medida em que a população aumenta, a produção de lixo urbano também é elevada, o
que acarreta inúmeros problemas para a comunidade. Nesse contexto, considerando que
a cidade de Carolina, localizada no estado do Maranhão, é o principal polo do turísmo
do Parque Nacional da Chapada das Mesas, torna-se importante avaliar a problemática
do lixo neste município. A pesquisa de campo ocorreu por meio de um questionário com
perguntas fechadas para os moradores locais, que responderam sobre o descarte do lixo
que produzem. O objetivo foi verificar os impactos que o lixo causa na vida dos morado-
res da cidade de Carolina, Maranhão. Os resultados mostraram que a população, apesar
de reconhecer a importância deste problema, não tem conhecimento de como deve ser
feito o descarte adequado do lixo produzido. Os resultados deste estudo poderão servir
como base para conscientizar a população a respeito dos seus deveres e obrigações, com
relação à destinação do lixo produzido. É uma discussão muito importante para o meio
ambiente local, pois se trata de criar formas de estimular o turismo sem que este prejudi-
que os atrativos naturais, além de prevenir a população de doenças associadas a este tipo
de agressão ambiental.
15
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No total, 22 moradores de diferentes bairros (Alto da Colina, Brejinho, Centro, Nova
Carolina) de Carolina, Maranhão, participaram da pesquisa (Tabela 1). A maioria foi com-
posta por pessoas do sexo feminino (59,09%), com faixa etária de 18 a 25 anos (45,45%)
e solteira (59,09%). Grande parte dos entrevistados possui o segundo grau completo (~
64%). A respeito da naturalidade destes interlocutores, a maioria (77,27%) é nativa da
cidade; há ainda aqueles residindo no município há mais de 10 anos (45,45%).
Ao serem indagados sobre quais impactos o acúmulo de lixo pode trazer para saúde e para
o meio ambiente (natural e urbano), grande parte dos moradores (95,45%) soube respon-
der e dar exemplos, reconhecendo ser este um problema de toda a população da cidade,
ao consumirem e descartarem lixo inadequadamente, e também demonstrando cons-
agentes causadores do acúmulo de lixo, a Uma vez que o meio ambiente esteja sendo
maioria dos moradores ainda não demons- usado como depósito para o acúmulo de
tra esta consciência na prática, e não há in- lixo de várias origens, a cidade de Caroli-
centivo por parte do poder público para isto na compromete sua imagem pública como
ocorrer. É comum encontrar lixo acumula- atração turística tipicamente natural, rica
do nos chamados terrenos baldios (figura em biodiversidade, repleta de lugares admi-
2), o que revela a ausência do poder públi- rados: rios, lagos, nascentes e cachoeiras.
co, pois permite que este tipo de prática Uma variedade de locais que só têm valor
ainda aconteça, não oferecendo alternativa turístico porque o visitante acredita que, ao
para população. Há vários tipos de resíduos chegar à cidade, irá encontrar um ambiente
misturados e amontoados em diferentes lo- limpo e de uso sustentável. Imagens como
cais da cidade, isso demonstra uma falta de as aqui retratadas (figura 2) demonstram al-
seleção doméstica do lixo, revelando uma guns casos de agressão ao meio ambiente
relação ainda muito inadequada entre a po- por meio do descarte inadequado de lixo,
pulação e o lixo que geram. que também ocorre em ecossistemas aquá-
rando 6.289 domicílios, foi de 64,1%. O ticos de sorvetes servem para guardar
alimentos ou outros materiais. Reciclar
que significa dizer que mais de 30% das ha-
envolve a transformação dos materiais
bitações, desprovidas deste tipo de serviço,
para a produção de matéria-prima para
descartam o lixo produzido de forma ina-
outros produtos por meio de processos
dequada, lançando-os a céu aberto, sendo industriais ou artesanais. É fabricar um
ainda queimados ou enterrados. produto a partir de um material usado.
Podemos produzir papel reciclando
Pesquisas como esta, ao indagarem mora-
papéis usados. Papelão, latas, vidros e
dores de pequenas cidades a exemplo de
plásticos também podem ser reciclados.
Carolina, servem também como instru- Para facilitar o trabalho de encaminhar
mento didático e pedagógico para as pes- material pós-consumo para reciclagem,
soas desprovidas de determinados saberes e é importante fazer a separação no lugar
nomenclaturas relacionados à proteção do de origem - a casa, o escritório, a fábri-
meio ambiente. Ou seja, aprende-se tam- ca, o hospital, a escola etc. A separação
também é necessária para o descarte
bém no momento da aplicação da entre-
adequado de resíduos perigosos. O Ins-
vista. Esta prática da pesquisa aplicada, por
tituto Akatu sugere a inclusão de mais
exemplo, para o conhecimento do tema
um R, que deve ser praticado antes dos
“Três R’s da Ecologia”, é bastante acertada, 3Rs originais: Repensar. Repensar é re-
pois este assunto, apesar de não ser uma fletir sobre os seus atos de consumo e
novidade, ainda não está tão populariza- os impactos que eles provocam sobre
cos matam mais de 12,6 milhões de pessoas à poluição do ar, da água e da terra, tornan-
por ano. Isso não pode continuar”. Está cla- do-se mais presentes nas comunidades mais
ro que a comunidade e o poder público não carentes, o que gera uma situação de extre-
Por outro lado, percebe-se que há uma ausência de conhecimento mais aprofundado so-
bre as principais medidas que devem ser adotadas para se conter o aumento de resíduos
sólidos e todos os seus malefícios. Os princípios dos 3 R’s, por exemplo, e sua relação com
a coleta seletiva, ainda são ideias pouco amadurecidas.
Neste aspecto, vê-se o quanto é fundamental que as escolas e o poder público local se
envolvam ainda mais com esta temática, dando-lhe prioridade. A educação ambiental
cumpre um papel muito relevante neste sentido. O conhecimento é o primeiro passo para
estimular a mudança que se deseja para o bem-estar da sociedade, que ocorre quando o
meio ambiente é resguardado.
Por meio do conhecimento, pode-se chegar às novas práticas. É preciso que as ideias se
transformem em práticas de consumo consciente, beneficiando os moradores do municí-
pio de Carolina, em termos econômicos, atraindo o turista que sai de uma grande cidade
para relaxar num lugar onde a natureza esteja preservada; zelando pela proteção do meio
ambiente, evitando descartar o lixo em qualquer lugar, preservando as nascentes; e, con-
sequentemente, fortalecendo a saúde pública, pela prevenção de doenças.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA JR, R. A.; AMARAL, S. P. Lixo urbano, um velho problema atual. XIII Simpósio
Internacional de Administração, p. 1-7, 2006.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. O que é o Princípio dos 3R’s? Disponível em: ht-
tps://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/producao-e-consumo sustenta-
vel/consumo-consciente-de-embalagem/principio-dos-3rs.html. Acesso em: 20 jul. 2020.
GOUVEIA, N. Saúde e meio ambiente nas cidades: os desafios da saúde ambiental. Saúde
e sociedade, v. 8, p. 49-61, 1999.
MENDES, M. B. et al. Carta da Terra e uma nova ética ambiental. Cidadania e educação
ambiental na prática, p. 109, 2018.
MUNIZ, G. P. S. Ecoturismo em Carolina - MA: que prática é essa? 2018. 203 p. Dis-
sertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Geografia, Natureza e Dinâmica do
Espaço. Universidade Estadual do Maranhão, São Luís, 2018.
OPAS/BRASIL – Organização Pan Americana de Saúde. ONU, Meio Ambiente e OMS con-
cordam em colaborar para conter riscos ambientais para a saúde. 2018. Disponível em:
https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5576:onu-
OTT, C. Gestão pública e políticas urbanas para cidades sustentáveis: a ética da le-
gislação no meio urbano aplicada às cidades com até 50.000 habitantes. 2004. 198
p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2004.
RIBEIRO, T. F.; CARMO LIMA, Samuel. Coleta seletiva de lixo domiciliar-estudo de casos.
Caminhos de geografia, v. 2, n. 2, 2000.
SANTOS, D. S. Viability of the exploitation of the urban garbage of the energy city of
Maceió as alternative. 2009. 112 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento susten-
tável Regional) - Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2009.
SOARES, F. M., GONÇALVES, A. B. C., ALVIM, R. O., MOURÃO JÚNIOR, C. A. M.; OLI-
VEIRA, C. M. Conscientização infantil: abordagem lúdica sobre utilização de recursos
naturais. Revista Ciência em Extensão, v. 13, n. 3, p. 87-92, 2017.
1 Mestrando Em Química - UFGD Dourados - MS. Pesquisador no Laboratório de Catálise Orgânica e Biocatálise - FACET - UFGD.
Graduado em Licenciatura em Química - IFMA Campus Codó. E-mail: sidnerodrigues941@gmail.com;
2 Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano - Campus Petrolina. Doutoranda em Agroecologia
e Desenvolvimento Territorial - PPGADT - UNIVASF. E-mail: mstravassos@hotmail.com;
3 Graduanda em Química pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - Campus Codó.
E-mail: nayrarocha0012@gmail.com;
RESUMO
Diversos são os fatores que constituem risco à saúde pública no Brasil. Dentre eles, desta-
cam-se as condições precárias de saneamento básico. Este estudo teve como objetivo prin-
cipal avaliar melhorias nas condições de saneamento do município de Codó, Maranhão,
através da construção do protótipo de um reator UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket)
destinado à remoção de matéria orgânica do esgoto doméstico que é lançado diretamente
no Rio Itapecuru, o qual corta a cidade de Codó - MA. A pesquisa de campo foi realiza-
da através de questionários dirigidos a líderes comunitários (vinte sujeitos) e agentes de
saúde (trinta sujeitos) de cada bairro. O protótipo de reator UASB construído em cano
plástico PVC teve a avaliação da sua eficiência indicada a partir dos parâmetros: Deman-
da Química de Oxigênio (DQO) e Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) de amostras
do efluente doméstico bruto e filtrado. Os dados da pesquisa apontam a precariedade no
sistema de coleta de esgoto e, ainda, as doenças de veiculação hídrica como, diarreias e
verminoses. O reator UASB experimental apresentou resultados de remoção total de DQO
e de DBO de 61% e 67%, podendo ser, portanto, uma alternativa viável e eficiente para o
tratamento do esgoto.
*Serviço Autônomo de Água e Esgoto, **Esgoto a céu aberto, ***Rio Itapecuru ou seus afluentes, ****unidade
de tratamento primário de esgoto doméstico. Fonte: Autor, 2020.
Com relação ao destino do esgoto que é produzido nas residências, 25% são lançados
diretamente no Rio Itapecuru e em seus afluentes, enquanto 67% chegam ao mesmo
Rio de forma indireta por meio de esgotos a céu aberto e fossas sépticas. Nesse sentindo,
cabe ressaltar que apenas 8% dos esgotos produzidos são tratados pelo SAAE segundo as
informações dos questionários. Portanto, pode-se afirmar que através dos dados coleta-
dos, o Rio Itapecuru é o principal receptor dos efluentes residenciais. A Figura 3 mostra a
enorme porção de águas residuais que são despejadas diariamente no rio através do riacho
Água Fria, que corta município.
Figura 3: Ponto de encontro do Rio Itapecuru com o riacho Água Fria, zona Urbana de
Codó/MA.
Tabela 2: Dados percentuais dos principais casos de doenças diagnosticadas nos bairros
da zona urbana da cidade de Codó.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
34
No município de Codó, as condições de saneamento básico são precárias, destacando-se
a demanda insuficiente no atendimento da estação de tratamento de esgoto, onde prati-
camente todos os dejetos provenientes das residências e indústrias são lançados em sua
forma bruta no rio Itapecuru, causando danos ao meio ambiente e favorecendo a dissemi-
nação de doenças de veiculação hídrica, como diarreias e verminoses.
Vale ressaltar que, em 2018, a prefeitura de Codó lançou o Plano Municipal de saneamen-
to básico, o qual foi dividido em quatro eixos temáticos como: Drenagem e manejo de
águas pluviais; Coleta e tratamento de esgoto; Abastecimento de água potável e limpeza
urbana e Tratamento de resíduos sólidos. Tal plano encontra-se em execução no municí-
pio, porém, ainda não foi concluído.
Diante dessa realidade, o protótipo de reator UASB construído para essa pesquisa apresen-
tou grande eficiência na remoção de matéria orgânica, sendo assim, uma opção viável,
de baixo custo, confiável e acessível, podendo ser projetado, instalado e operado com a
utilização de materiais e mão de obra local para o tratamento do esgoto doméstico do
município de Codó-MA.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, F. S; KUTIANSKI, G. F; SOUSA, G. M; MACHADO G. M; TAVARES W. N. CAR-
REIRA, W.; Influência do Saneamento Básico na Saúde Pública de Grandes Cidades.
São Paulo; PHD 2537 Águas em Ambientes Urbanos, 2014.
APHA - American Public Health Association. Standard methods for examination of water
and wastewater. 19. ed. Washington: American Public Health Association, 2005. 1193p
ASSIS, I. F. Eficiência de uma estação compacta de tratamento de esgoto composta
por reator UASB seguido de biofiltro aerado submerso. 2017. 19 f.: il. Monografia Cen-
tro de Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil Universidade Federal do Rio Gran-
de do Norte, Natal, 2017.
BDOUR, A. N.; HAMDIB, M. R.; TARAWNEHA, Z. Perspectives on sustainable wastewater
treatment technologies and reuse options in the urban areas of the Mediterranean region.
Desalination, v. 237, p.162–174, 2009.
ITB – Instituto Trata Brasil. Manual Do Saneamento Básico - Trata Brasil. Brasília, 62 p.
Distrito Federal, 2012. Disponível em: http://www.tratabrasil.org.br.pdf. Acesso em: 20 de
abr. 2020.
KHAN A. A.; MEHROTRA, I.; KAZMI, A. A. Sludge profile in several organic loads and
evaluation of the performance of the UASB reactor treating sewage. Biosystems En-
gineering, v. 131, n.1, p.32-40, 2015.
MOTA, J. J. P.; SOUSA, C. S. S.; SILVA, A. C.; Saneamento Básico e Seu Reflexo nas Condi-
ções Socioambientais da Zona Rural do Baixo Munim (Maranhão). Caminhos de Geogra-
fia - Uberlândia v. 16, n. 54, p. 140–160, 2015.
36 PRASAD, L.; WANG S.; LACKNER S; HORN, H.; KHANAL, S. N.; BAKKE., R. Influence of
inoculum HDM1 on performance of anaerobic reactors for testing municipal solid waste.
Renewable Energy, v. 95, p. 263-268, 2016.
WHO – World Health Organization. Progress on sanitation and drinking water. UNICEF,
assessment. 2015. 90 p.
1 Professor Doutorando em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA); E-mail: edvanferreira@ifma.edu.br;
2 Professor Dr. em Informatica na Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – E-mail: marco.gomes@ifma.edu.br;
3 Professora Doutoranda em Ciências da Informação pela Universidade Fernando Pessoa – Porto, Portugal; E-mail: isabelmarques@ifma.edu.br
RESUMO
O presente artigo traz em seu escopo discussões sobre processos de mobilização e lutas
sociais pela educação de jovens e adultos (EJA) além da presença do tema na agenda
governamental no cenário de reabertura política a partir dos anos de 1990 até o ano de
2006. Esse lapso temporal compreende um importante período de lutas, desafios, avan-
ços e retrocessos da EJA, perpassando pela descontinuidade da oferta da modalidade pelo
governo federal com o avanço das ideias do neoliberalismo e a proposta de reforma do
Estado até chegarmos à reinserção da modalidade na agenda política e a formulação do
PROEJA no governo Lula (2002-2006), como uma resposta ao grave problema da baixa
escolaridade e qualificação da população jovem e adulta. Assim, faremos a retomada do
debate acerca dos aspectos estruturais que envolveram mudanças políticas e sociais nos
anos de 1990, buscando entender os reflexos do ideário neoliberal na construção da agen-
da reformista e das políticas de educação no Brasil, com destaque para ausência inicial da
educação de jovens e adultos nos respectivos governos dos presidentes Fernando Collor
de Melo (1990-1992) e Fernando Henrique Cardoso (1994-2001). Por fim, discutiremos
como no governo do presidente Lula (2002-2006) ocorreram os processos de luta pela re-
tomada da EJA na agenda política e a formulação do PROEJA, entendendo seus avanços e
limites no quadro conjuntural brasileiro complexo e de crise de reestruturação do capital.
Keywords: Public Policies. Social Movements. Youth and Adult Education. Neoliberalism.
No campo das Ciências Sociais a presente remos de suas reformas iniciais e seus pla-
pesquisa se estabelece por meio da abor- nos econômicos que marcaram a adesão
40
dagem qualitativa, apresentando quanto a ao modelo neoliberal, o esvaziamento das
natureza uma pesquisa aplicada e quanto políticas sociais, e o acintoso descaso com
aos objetivos exploratória. Importante tam- a educação de jovens e adultos (EJA). De-
bém ressaltar, que quanto aos procedimen- pois, ainda terá o aprofundamento desse
tos, foi bibliográfica e documental, por ter cenário de descaso com a modalidade com
sido realizada em diversos tipos de fontes, Fernando Henrique Cardoso e das reformas
como sites, documentos, livros, revistas ele- realizadas e, por conseguinte a desvaloriza-
trônicas, artigos científicos dentre outros ção da EJA e sua retirada do FUNDEF (Lei
documentos de informação subsidiando a 9.424\96), e por fim aborda-se-á a rearticu-
teoria aqui apresentada. Quanto ao méto- lação das lutas sociais que permitiram no
do de abordagem utilizamos o materialismo governo Lula (2002-2006) a construção de
dialético, uma vez que entendemos que a uma agenda política que retomou o finan-
realidade enquanto movimento do objeto ciamento da EJA com a criação do FUN-
real precisa ser apreendido em meio às suas DEB, e a criação do PROEJA.
contradições e múltiplas determinações.
Desta forma, avançar na compreensão das 2 A CHEGADA DOS ANOS
ações no campo das políticas públicas de DE 1990: ASCENSÃO
educação para jovens e adultos, no final do NEOLIBERAL E AS
século XX, e início do século XXI, não pode REFORMAS INICIAIS DE
ignorar o movimento da história concreta, FERNANDO COLLOR
as condições histórico-sociais, a forma como
DE MELO E FERNANDO
os debates, as lutas e as pressões populares
HENRIQUE CARDOSO
contribuíram na formação de um contexto,
E O NÃO-LUGAR DA
ou melhor, de uma conjuntura recheada de
contradições, mas pautada por um deba-
EDUCAÇÃO DE JOVENS E
te de caráter econômico que capitaneou as
ADULTOS
atenções dos políticos, de parte da sociedade Compreender o contexto nacional caótico
e justificou uma ofensiva marcante contra que trouxe o candidato Fernando Collor de
os direitos brevemente adquiridos com a Melo ao poder, com um discurso de defesa
Constituição de 1988. dos “descamisados”, dos “pés-descalços”, e
adoção de medidas amargas na economia, cionais fizeram com que a questão social
com o discurso de crise fiscal e aumento perdesse o devido espaço que havia alcan-
do déficit público, o governo buscava ob- çado na Constituição de 1988, resultado de
ter o consenso da sociedade, em torno das lutas de setores importantes da sociedade, e
medidas a serem implementadas. As ações assim, vimos temas como a educação de jo-
planejadas representavam ainda maior vens e adultos perder quase que totalmente
comprometimento da renda do trabalha- sua atenção, uma vez que a ideia agora con-
dor, já corroída pela ausência de correção sistia em focalizar os gastos e privilegiando
do salário mínimo, e pelo aumento expres- na educação apenas as séries iniciais para
sivo da carga tributária, ou seja, as medidas quem estava em idade-série regular.
Assim, realizar a ruptura com o modelo Foi a busca por uma transformação mais
anterior que desarticulou e limitou a ação estrutural que levou o governo eleito, jun-
dos movimentos de defesa da EJA era algo tamente com os setores mais progressistas
premente a ser realizado, uma vez que hou- ligados à defesa da educação, e organizados
ve uma ação acintosa aos direitos adquiri- politicamente naquele momento a busca-
dos de todos a educação pública. Portanto, rem uma nova agenda política baseada no
consenso que atendesse aos interesses tam-
no intuito de promover, alterações signi-
bém dos mais vulneráveis. Assim, a educa-
ficativas na agenda política, muita coisa
ção tornou-se um dos principais problemas
precisava ser realizada, porque as mudan-
na agenda do governo Lula, alcançando vi-
ças promovidas pelo governo FHC foram
sibilidade no programa governamental com
profundas e graves, como colocou Olivei-
a formulação de ações direcionadas para o
ra (2009, p.198): “Tendo sido herdeiro de
atendimento de milhares de jovens e adul-
uma reforma educacional de longo alcance
tos pouco escolarizados e sem qualificação
e complexidade, que durante os dois man-
para o trabalho. Contudo, isso resultava de
datos do governo que o precedeu – FHC –
lutas que vinham sendo desencadeadas a
mudou os rumos da educação brasileira do
décadas, nos fóruns estaduais que recuaram
nível básico ao superior, [...]”. Tínhamos na era FHC, mas negavam veementemente
um cenário com limites impostos ao novo a reforma feita, e não deixaram de buscar
governo com a reforma educacional ante- mudanças na legislação, como afirma Cia-
rior, que invisibilizou certas modalidades, vatta (2012, p.77): “De 1996 a 2003, houve
e fragmentou a política de educação com um movimento de luta por sua revogação,
a orientação de investimentos à educação apontando-se para a necessidade de novas
fundamental. Logo, o governo Lula precisa- regulamentações que fossem bem mais coe-
va revogar alguns marcos deixados na legis- rentes com a utopia de transformação da
lação educacional, com destaque conforme realidade dos trabalhadores brasileiros”.
pois: “[...] a taxa de desemprego aberto dos em 2002, o Brasil possuía 23.098.462 de
jovens com idade entre 18 e 24 anos. A
jovens gira em torno dos 18%, a taxa média
situação de trabalho desses jovens no
nacional esteve em 9,4% do total da força de
mercado formal é preocupante. De acor-
trabalho, segundo o IBGE (PNAD) no ano de do com o Registro Anual de Informa-
2001” (POCHMANN, 2004, p.385). Confor- ções Sociais (RAIS/MTE, 2002), apenas
me os números, verificamos que a taxa de 5.388.869 — cerca de 23,3% dos jovens
desempregados entre os jovens era naquele dessa faixa etária — tinham emprego no
gica (REPT). Tal iniciativa representou um Desta forma, o governo federal em um ce-
marco importante no avanço das políticas nário marcado por péssimos indicadores
para a EJA, pois romperia com a oferta das educacionais entre jovens e adultos, com
políticas de educação supletiva tão comum elevada taxa de desemprego dentro desse
na modalidade, objetivando um novo pro- segmento, somada à pressão dos grupos e
do PROEJA. Desta forma, neste cenário, setores ligados à EJA, e sensíveis a condição
escolaridade do trabalhador e precária for- Desta forma, o PROEJA assimilou esse prin-
cípio no Documento Base:
mação profissional, a saída apresentada por
muitos educadores era justamente formu- A educação profissional e tecnológi-
ca comprometida com a formação de
lar alternativas que pudessem melhorar a
um sujeito com autonomia intelectual,
formação de milhares de brasileiros encon-
ética, política e humana exige assumir
trados no limiar do XXI, sem condições mí-
uma política de educação e qualifica-
nimas de sobrevivência diante de uma rea- ção profissional não para adaptar o tra-
lidade estritamente perversa marcada como balhador e prepará-lo de forma passiva
afirmam Frigotto e Ciavatta (2011, p.620): e subordinada ao processo de acumula-
desqualificação, esvaziamento das forças so- de defesa da EJA na interlocução com o go-
ciais que lutavam por manter as conquistas verno, com a presença de importantes indi-
57
advindas com a Constituição de 1988, em cadores como o crescente aumento do nú-
um claro movimento de reação aos direitos mero de jovens e adultos sem trabalho, sem
Além disso, vimos as manobras que tiraram o por um brutal processo de exclusão, explo-
de nítida de perda de centralidade na agenda Assim, a luta por ampliação das políticas de
reformista. As dificuldades como mencio- atendimento na EJA, a formulação de pro-
namos das entidades de luta pela defesa da gramas que respeitassem as especificidades
educação de jovens e adultos eram imensas, de aprendizagem dos educandos, a inclu-
graves, pois, elas experimentavam as contra- são da modalidade de educação de jovens e
dições frente a lógica da chamada economia adultos na agenda governamental, o retor-
global e sua ênfase na reestruturação do ca- no do financiamento da modalidade foram
pital, na desregulamentação do mercado de passos importantes nesse novo contexto de
trabalho, o que incrementou medidas de correlações de forças. Tudo isso, consistiu
maior concentração de riquezas, dificuldades apenas numa primeira vitória para a EJA
à universalização de políticas sociais de aten- no governo Lula. A rearticulação das forças
políticas e sociais progressistas em tono de
dimento aos mais vulneráveis.
um novo projeto societário era apontado
Mas, a vitória de um governo formado por como uma necessidade de valorização e
uma aliança de centro-esquerda, possibili- do reconhecimento dos direitos de todos
tou algumas mudanças importantes no que à educação. Além disso, fazia-se necessária
diz respeito ao trato do governo com os a formulação de um programa que de fato
movimentos sociais e na compreensão da pudesse romper com uma lógica de progra-
educação de jovens e adultos. Isso nos pos- mas apenas focado na alfabetização. A ideia
sibilitou entender algumas dinâmicas im- de vários educadores estava na proposta de
portantes para inclusão do tema na agenda integração da educação e trabalho através
governamental e a formulação do PROEJA, de um programa capaz de possibilitar um
enquanto uma demanda de setores que co- processo formativo do trabalhador permi-
locavam a necessidade de um novo modelo tindo a construção de seu itinerário.
MÉSZÁROS, I. A montanha que devemos conquistar. trad. Maria Izabel Lagoa. São Pau-
lo: Boi Tempo, 2015.
MOTTA, T. C.; AZEVEDO, J. M. L. de. Uma análise de conjuntura dos governos FHC e Lula
e suas políticas educacionais. IV Encontro de Pesquisa Educacional em Pernambuco - IV
EPEPE, 2012. Disponível em: http://www.fundaj.gov.br/images/stories/epepe/IV_EPEPE/
t5/C5-20.pdf.
1 Mestre em Sociologia (UFMA); Professor do Instituto Federal do Maranhão - IFMA, Campus Avançado Carolina;
E-mail: leonardo.coelho@ifma.edu.br;
2 Técnica em Meio Ambiente pelo Instituto Federal do Maranhão - IFMA, Campus Avançado Carolina; E-mail: jaciarajayme123@gmail.com;
3 Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) na Universidade Federal do Ceará -
UFC, Campus do Pici; E-mail: louizenscmt@gmail.com;
4 Doutor em Ciência Animal (UFERSA); Professor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA, Campus Central;
E-mail: rogerio.taygra@ufersa.edu.br;
5 Doutor em Ciência Animal (UFERSA); Professor do Instituto Federal do Ceará - IFCE, Campus Jaguaribe; E-mail: jonnata.oliveira@ifce.edu.br;
RESUMO
O esgoto é toda a água residual proveniente de vários usos, como banho, lavagem de lou-
ça, roupas, higienização bucal etc. No Brasil, a precarização das instalações de saneamento
básico é muito grave: quase metade da população vive em cidades sem redes de tratamen-
to de esgoto. O problema das instalações sanitárias no país causou muitas doenças e danos
à população e ao meio ambiente. Neste estudo, analisou-se a precariedade do saneamento
no bairro Brejinho, na cidade de Carolina, Maranhão, e seu impacto na vida dos mora-
dores. Para isso, utilizou-se a pesquisa bibliográfica, que teve como intuito trazer um de-
bate sobre o tema em contexto mais amplo, relacionando-o com uma pesquisa realizada
com moradores deste bairro, mediante aplicação de questionário, em novembro de 2018.
A partir desses materiais obtidos, pôde-se fazer uma interpretação a respeito dos dados
coletados. Assim, concluiu-se que a coleta e a destinação correta do esgoto, além da sua
vital importância, trazem benefícios para a população envolvida, pois a precariedade de
saneamento gera muitos transtornos e pode trazer doenças. Ainda foi possível identificar
que a população do bairro Brejinho não aprova as condições de instalação da rede de es-
goto pelos impactos que geram. As instalações estão localizadas nas proximidades das re-
sidências e do rio Tocantins, onde fortes odores perturbam os moradores. Isto implica em:
potenciais riscos à saúde e descaso com a população, por isso, é considerada inadequada.
é enorme no Brasil. Segundo dados do Por- tário [...], se constituem em ameaças à saú-
tal Saneamento Básico (2016), quase meta- de da população, sobretudo para as pessoas
64
2 METODOLOGIA
A cidade de Carolina (Figura 1), onde este estudo foi realizado, está situada no Estado do
Maranhão. Um dos três municípios do Parque Nacional da Chapada das Mesas, muito
conhecida por seus atrativos e potencial turístico (CIDADE-BRASIL, 2018). O município
conta com 23.979 habitantes. Em relação ao saneamento básico, Carolina tem apenas
28,3% de esgotamento sanitário adequado, segundo IBGE (2017), caso que merece aten-
ção pelo seu baixo percentual de adequação sanitária.
Diante disso, para identificação e análise dos impactos causados pela falta de saneamento no
bairro Brejinho, procedeu-se a um trabalho de pesquisa. Tal pesquisa teve abordagem quan-
titativa e caráter descritivo. O levantamento e a coleta de dados foram realizados por meio
3 RESULTADOS E
DISCUSSÃO
A pesquisa foi respondida por 30 morado-
res do bairro Brejinho, Carolina, Maranhão.
Compõem os respondentes homens e mu- Fonte: Autores, 2020.
lheres. Através dos dados obtidos, tivemos
Em relação à rede coletora de esgoto (Figura
como informação: a maior parte dos mora-
3), a maioria dos entrevistados (81,6%) afir-
dores (76,6%) respondeu que não é a favor
mou que suas residências não estão ligadas
das atuais condições de implementação da
a rede coletora, o que revela que a maioria
rede de esgoto do bairro (Figura 2). Assim
dos moradores do bairro Brejinho não está
procederam, apesar de afirmarem que o
sendo beneficiada com a ETE ali instalada;
principal fator negativo é a falta de sanea-
e apenas 18,4% têm suas residências liga-
mento. Precisam de saneamento, mas não
das à rede de esgoto do bairro. A respeito
são favoráveis à forma determinada pelo
da destinação da rede de esgoto, ou seja,
poder público para instalação da rede de
para onde é levado, se é tratado ou lança-
esgoto no bairro. Uma possível explicação
do no rio, a maior parte dos entrevistados
para esse questionamento são as péssimas
(84,2%) respondeu que não tem conheci-
condições do saneamento em todo o Bra-
mento; e apenas 15,8% responderam que
sil, sem levar em consideração as particula-
sabem a destinação do esgoto (Figura 4).
ridades de cada local. Como afirmado por
O que mostra uma falta de informação e
Carlos (2016, p.01): “não há infraestrutura
de envolvimento dos moradores do bairro
mais atrasada no Brasil do que a falta de sa-
com o poder público, sobre a responsabili-
neamento básico, em especial a carência no
dade coletiva em relação à eliminação das
atendimento de água tratada, coleta e trata-
águas residuais no meio ambiente e as gra-
mento dos esgotos”. No caso de Brejinho,
ves consequências que isto traz.
as instalações estão próximas às áreas de
moradia da população e ao rio Tocantins, Ecossistemas aquáticos como a nascente
além do serviço prestado ser considerado Lava Cara e o rio Tocantins, em Carolina,
Quando indagados sobre possíveis vazamen- ções da comunidade do Brejinho, mas não
tos advindos da rede de esgoto (Figura 5), foram suficientes para resolver essa ques-
73,7% dos moradores responderam que não tão. Os moradores precisam estar cada vez
têm conhecimento a respeito de vazamen- mais cientes dos riscos de um saneamento
tos próximos às suas residências, e 26,3% inadequado. Não se pode, porém, culpabi-
disseram ter algum tipo de vazamento pró- lizar a comunidade, pois o poder público
ximo às suas casas. Informação importante, precisa estar interessado em, juntamente
pois isto implica em risco para saúde destes com os moradores, criar mecanismos que
moradores afetados, como a proliferação de resguardem o meio ambiente e, consequen-
doenças parasitárias e infecciosas. É possível temente, a saúde das pessoas.
Figura 6: Respostas dos 30 entrevistados No ano de 2007, foi promulgada a Lei Na-
sobre o lançamento inadequado de esgoto cional de Saneamento Básico, Lei Federal
no Bairro Brejinho, Carolina-MA. nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007 (BRASIL,
2007), que estabelece que os serviços públi-
cos de saneamento básico devem ser pres-
tados com base em alguns princípios fun-
damentais, destacando-se a universalização
do acesso aos serviços. A lei 11.445 aborda
as especificidades de cada um dos serviços
de saneamento, sendo assim definidos:
Fonte: Autores, 2020. abastecimento de água; esgotamento sani-
Quanto ao incômodo com o odor vindo da tário; limpeza urbana e manejo de resíduos
estação de tratamento de esgoto (Figura 7), sólidos; drenagem e manejo das águas plu-
72% dos moradores disseram que se inco- viais urbanas (BRASIL, 2009). Então, o que
afirmaram não se incomodar. Viver num apenas que seus direitos sejam respeitados
bairro onde o mau cheiro, oriundo da ETE, de acordo com suas necessidades.
blico, que deve reconhecer a existência des- tenciais doenças. Quer dizer, a existência da
te problema para tratá-lo como uma ques- ETE no bairro, segundo os moradores, não
faz sentido, pois não está cumprindo seus
tão de saúde pública.
propósitos que justificariam sua presença.
Gonçalves (2015), em seu artigo de revisão,
Essas condições em que a estação de trata-
listou algumas das doenças mais comuns
mento de esgoto foi implantada no bairro
transmitidas através do esgoto: Febre Ti-
Brejinho, segundo os moradores, trouxeram
fóide; Febre Paratifóide; Shigeloses; Cólera;
muitos malefícios, visto que há inadequa-
Hepatite A; Amebíase; Giardíase; Leptos-
ções que geram transtornos para as famílias
pirose. Inúmeras outras doenças também
que vivem naquela localidade. Entre os prin-
são causadas pela falta de tratamento de
cipais fatores citados, destacam-se: a falta de
esgoto, como: poliomielite, diarréia por ví-
saneamento, odor forte nas proximidades
rus, ancilostomíase (amarelão), ascaridíase
de residências, inadequações na destinação
(lombriga), teníase, cisticercose, filariose
final dos resíduos, e o risco à saúde dos mo-
(elefantíase), esquistossomose etc.
radores, que se sentem ameaçados em rela-
Figura 8: Respostas dos 30 entrevistados ção às doenças que podem surgir em função
sobre doenças adquiridas a partir do esgoto do empreendimento no local.
no Bairro Brejinho, Carolina-MA. Na opinião dos moradores é inaceitável que
o esgoto fique tão próximo às residências e
também ao rio. Para eles é falta de respeito
com a população e com o meio ambiente,
pois além do risco de poluição do rio, existe
ainda a possibilidade de haver propagação
de doenças, devido à inadequação da esta-
ção de tratamento. Portanto, os moradores
Fonte: Autores, 2020. querem e precisam de uma ETE, mas lutam
Não há dúvida, é essencial que a rede de esgoto funcione adequadamente para saúde dos
moradores do local, atendendo de fato às necessidades de todos. Assim, essa pesquisa
realizada no bairro Brejinho, no município de Carolina, Maranhão, será importante para
alertar a população da cidade sobre os possíveis impactos do esgoto na saúde e bem-estar
dos moradores do bairro. No entanto, pesquisas de campo mais aprofundadas deverão
ser realizadas para que se possa compreender a controversa presença da ETE e seus efeitos
para a comunidade do bairro Brejinho.
REFERÊNCIAS
ALVES, L. de O. Tratamento de esgoto. 2014. Disponível em: https://www.infoescola.com/
meio-ambiente/tratamento-de-esgoto/. Acesso em: 11 dez. 2018.
BRASIL. Ministério das Cidades; Berenice de Souza Cordeiro (Coord.) (2009) Secretaria
Nacional de Saneamento Ambiental. Programa de Modernização do Setor Saneamento
(PMSS). Instrumentos das políticas e da gestão dos serviços públicos de saneamento bási-
co. Brasília: Ministério das Cidades.
GONÇALVES, A. L. K. Impactos causados pelo esgoto a céu aberto: estudo de caso da Ave-
nida XXV de julho de Pelotas–RS. Revista Querubim, v. 1, p. 24-30, 2015.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Carolina. 2017. Disponível em: ht-
tps://cidades.ibge.gov.br/brasil/ma/carolina/panorama. Acesso em: 02 dez. 2018
PORTAL SANEAMENTO BÁSICO. Estudo da USCS aponta que esgoto deve ser usado
para rastrear covid-19. 2020. Disponível em: https://www.saneamentobasico.com.br/es-
tudo-uscs-esgoto-covid-19/. Acesso em: 29 jul. 2020.
1 Professor orientador. Doutoranda em Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal - Bionorte; E-mail: auxiliadorabarata@hotmail.com;
2 Estudante do Curso de Zootecnia Bacharelado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), Campus São
Luís-Maracanã; E-mail: ingridbrandao1708@gmail.com;
3 Estudante do Mestrado em Ciência de Alimentos pela Universidade Estadual de Londrina; E-mail: nayaralima.ppgca@uel.br;
4 Estudante do Curso de Tecnologia em Alimentos pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), Campus
São Luís-Maracanã. E-mail: anama21silva@gmail.com;
5 Técnica em Agroindústria pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), Campus São Luís-Maracanã.
E-mail: elisangelag435@gmail.com; niveademaria@gmail.com;
RESUMO
Os produtos cárneos disponibilizados no mercado oferecem teores de gorduras e de sódio
elevados, podendo conferir problemas de saúde, como a obesidade, doenças cardiovas-
culares e outras. O objetivo deste trabalho foi elaborar de forma artesanal o hambúr-
guer, realizar a caracterização físico-química do hambúrguer elaborado, assim como de
hambúrguer industrializado, identificando o teor de gorduras, proteínas, sódio, umidade,
cinzas e acidez, de acordo com IAL (2008), verificar se os valores estão conforme a Legis-
lação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e comparar os valo-
res obtidos do hambúrguer artesanal e o industrializado. Os resultados obtidos mostram
que o hambúrguer artesanal apresentou: gordura de 6,9%, proteínas de 19,58%, umidade
72,8%, cinzas 2,6%, sódio 2,86% e acidez 0,63%. Já o hambúrguer industrial exibiu: gor-
dura de 13,7%, proteínas de 15,11%, umidade 67,9%, cinzas 2,5%, sódio 3,26% e acidez
0,69%. Em linhas gerais, a preparação artesanal do hambúrguer confere um alimento com
menor conteúdo de gordura, de sódio e de ácidos. Além de um maior teor de proteínas,
de cinzas e de umidade. Assim, os valores encontrados estão de acordo com a Legislação
e comprovou-se que a elaboração artesanal traz melhores resultados em relação à manu-
tenção da saúde do consumidor.
lamento Técnico de Identidade e Qualidade rísticos de carne curada, esses aditivos tam-
(RTIQ), que são estabelecidos pelo MAPA, e bém têm ação antioxidante, pois retardam
tem o objetivo de fixar a identidade e as ca- a oxidação lipídica e assim, prolongam o
racterísticas mínimas de qualidade que de- tempo de conservação do produto, e ainda
77
verá obedecer ao produto cárneo. O RTIQ possuem efeito antimicrobiano, prevenin-
contempla além da definição do produto, do a germinação dos esporos de Clostridium
sua tecnologia de obtenção, os ingredientes botulinum e inibindo o crescimento de mi-
autorizados, e os parâmetros microbiológi- crorganismos causadores de toxinfecções,
cos, físico-químicos, sensoriais, requisitos como Salmonella e Staphylococcus (ORDÓ-
de rotulagem e outros (BRASIL, 2017, p.49). ÑEZ et al., 2005).
dutos. O primeiro acordo entre o Ministé- Cardiologia alerta que os riscos do consumo
rio e Abia foi referente aos anos de 2008 à excessivo de sódio podem causar: hiperten-
2016, e como resultado os brasileiros dei- são, acidente vascular cerebral (AVC), infar-
xaram de consumir 17 mil toneladas de só- to, obesidade, osteoporose, problemas renais,
dio. Em decorrência desse efeito, o Ministé- entre outras enfermidades (BRASIL, 2017).
rio da Saúde assinou novo acordo por mais Então, é preciso reduzir drasticamente seu
cinco anos com a Associação, a meta, até consumo para diminuir as doenças e mor-
2022, é tirar da alimentação brasileira cerca tes na população e, mais que isso, melhorar
de 28,5 toneladas do mineral de alimentos a saúde dos brasileiros (ASBRAN, 2011).
além de reduzir os níveis de colesterol bom Ter um consumo alimentar adequado, orien-
(HDL) e elevar o risco de doenças cardio- tado pelas medidas citadas acima, como con-
vasculares (CANCIAN, 2019). sumir carnes mais magras, além de reduzir
A OMS recomenda que o consumo diário o teor de sódio e de alimentos industrializa-
de gordura trans não ultrapasse 1% do valor dos, dando prioridade aos naturais, promove
energético total de uma dieta de 2.000 calo- uma vida saudável e diminui a incidência de
rias. Estudos mostram que o percentual de doenças crônicas, como: hipertensão, diabe-
consumo diário no Brasil fica em torno de tes, obesidade, problemas cardiovasculares e
1,4%, podendo chegar a 2,5%. A Abia infor- câncer, que respondem a 72% das mortes no
ma que a indústria alimentícia conseguiu re- Brasil (MALTA et al., 2019).
duzir em torno de 310 toneladas de gordura
trans de produtos (CANCIAN, 2019). 3 MATERIAIS E MÉTODOS
A ANVISA trabalha para diminuir ainda O presente trabalho foi executado no IFMA,
mais esses dados, e tem como alternativas: Campus São Luís-Maracanã, fazendo parte
As atividades, que são descritas a seguir, en- obter massa homogênea, com liga adequa-
volveram alunas do Curso Superior de Tecno- da. Na sequência, a massa, com temperatu-
logia em Alimentos, Curso de Bacharelado em ra menor que 10ºC, foi enformada em mol-
Zootecnia e Curso Técnico de Agroindústria. de próprio para hambúrguer. A partir desta
etapa, o hambúrguer estava pronto para
3.1 Processamento de hambúrguer 81
ser embalado e armazenado ou consumido
artesanal
após o preparo adequado. O hambúrguer
A capacitação dos estudantes para a elabo-
foi acondicionado em saco plástico estéril
ração do hambúrguer foi conduzida no La-
e conservado refrigerado sob a temperatura
boratório de carnes e derivados do IFMA,
de 4ºC até o momento da análise. Ressalta-
Campus São Luís - Maracanã.
-se que o hambúrguer artesanal foi elabora-
A formulação do produto cárneo seguiu as re-
do com carne de bovino, e o hambúrguer
comendações de Boas Práticas de Fabricação
industrializado analisado é produto da mis-
(BPF) exigidas pela Legislação (BRASIL, 2017).
tura de carne bovina e de aves.
A matéria–prima do trabalho foi consti-
3.2 Caracterização físico-química
tuída por carne bovina, pimenta do reino
do hambúrguer artesanal e
e cominho, sal do Himalaia, cebola, alho, industrializado
cheiro verde, cebolinha, azeite, tomate, As análises físico-químicas do hambúrguer
alface, queijo, maionese, catchup, pão de artesanal e industrializado foram realiza-
hambúrguer, e manteiga.
das no Laboratório de Química do IFMA,
A carne utilizada foi adquirida em estabele- Campus São Luís-Maracanã e no Laborató-
cimento de acordo com as diretrizes da Ins- rio de Controle de Qualidade de Alimentos
peção Federal. Os condimentos utilizados e Água da Universidade Federal do Mara-
foram adquiridos em redes de supermerca- nhão (UFMA), campus São Luís-Bacanga.
dos locais.
Na caracterização do produto cárneo, as
A formulação dos hambúrgueres seguiu as análises tiveram como objetivo determinar
recomendações da metodologia proposta componentes do alimento, como: proteínas,
pelo Dossiê Técnico de Produção de Ham- gorduras, cinzas, umidade, acidez e sódio.
búrguer (SBRT, 2006). A elaboração seguiu
As análises seguiram as recomendações das
as etapas detalhadas a seguir: inicialmente,
metodologias amplamente testadas e refe-
foi realizada a seleção dos cortes anatômi-
rendadas propostas pelo Instituto Adolfo
cos da carne. Posteriormente, foi efetuada
Lutz (2008).
cuidadosamente a moagem dessas carnes.
Em seguida, foi realizada a pesagem dos A fração protéica foi obtida pela determina-
condimentos que foram utilizados no pro- ção da porcentagem de nitrogênio total da
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após realizar as análises, verificou-se que os resultados encontrados estão de acordo com
o previsto na Legislação do MAPA (BRASIL 2000).
HAMBÚRGUER HAMBÚRGUER
PARÂMETRO LEGISLAÇÃO
INDUSTRIAL ARTESANAL
Gordura 13,7% 6,9% 23% (máximo)
Proteínas 15,11% 19,58% 15% (mínimo)
Umidade 67,9% 72,8% -
Cinzas 2,5% 2,6% -
Sódio 3,26% 2,86% -
Acidez 0,69% 0,63% -
84
desses aditivos apresentou acidez semelhante ao industrializado.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados mostram que os componentes e propriedades físico-químicas verificadas
estavam conforme os valores permitidos pelo Regulamento Técnico de Identidade e Qua-
lidade do Hambúrguer, e pelas Normas Complementares estabelecidas pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Além disso, a comparação dos valores obtidos
do hambúrguer artesanal e o hambúrguer industrializado comprovou que a elaboração
caseira, com baixo teor de sódio e gordura traz resultados mais desejáveis para conferir
qualidade à saúde do consumidor.
REFERÊNCIAS
ADAMI, F.S. et al. Análise microbiológica e de nitrito e nitrato em linguiça. Scientia Ple-
na, Sergipe, v. 11, n.5, p. 1-7, 2015.
BORBA, C. M.; OLIVEIRA, V. R.; MONTENEGRO, K. R.; HERTZ, P. F.; VENZKE, J. G. Ava-
liação físico-química de hambúrguer de carne bovina e de frango submetidos a diferentes
processamentos térmicos. Alim. Nutr. Braz. J. Food Nutr., Araraquara, v. 24, n. 1, p. 21-
27, jan./mar. 2013.
BRASIL. Ministério da saúde. Ministério da Saúde lança ações para combater obesidade e
outras doenças crônicas. 13/06/2017. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/
images/pdf/2017/junho/13/sodio-e-alimentacao-saudavel.pdf. Acesso em: 07 março 2019.
CANCIAN, N. Anvisa mira redes de fast food em restrição a gordura trans. 10/01/2019.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/01/anvisa-mira-
-redes-de-fast-food-em-restricao-a-gordura-trans.shtml. Acesso em: 07 março 2019.
DUTRA, M.P. Qualidade de mortadelas formuladas com diferentes níveis de nitrito e doses de
radiação. 2009. 175 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2009.
IAL – INSTITUTO ADOLF LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolf Lutz: Métodos
Físico-Químicos para Análise de Alimentos. 4 ed. São Paulo, 2008.
MILL, J. G. et al. Estimativa do consumo de sal pela população brasileira: resultado da Pes-
quisa Nacional de Saúde 2013. Rev. bras. Epidemiol. Rio de Janeiro, v. 22, p.01-14, 2019.
OLIVEIRA, D. F.; COELHO, A. R. Alternativas para um produto cárneo mais saudável: uma
86 revisão. Braz. J. Food Technol, Campinas, v. 16, n. 3, p. 163-174, jul./set. 2013.
2 Doutora em Educação (UFPI); Professora do Instituto Federal do Maranhão – IFMA, Campus Caxias; E-mail: waldirene.araujo@ifma.edu.br;
3 Doutor em Engenharia e Ciência dos Alimentos (UNESP); Professor do Instituto Federal do Maranhão – IFMA, Campus Caxias; E-mail:
pedro.pessoa@ifma.edu.br;
4 Doutorando em Ciência e Engenharia dos materiais (UFPI); Professor do Instituto Federal do Maranhão – IFMA, Campus Caxias; E-mail:
joaldo.lopes@ifma.edu.br;
RESUMO
A sociedade, cotidianamente, depara-se com problemáticas ambientais causadas pela ação
do homem, tais como desmatamento, queimadas criminosas das florestas, poluição da
água com atividade de garimpo, descarte inadequado de lixo doméstico, industrial ou
hospitalar, despreocupação ou ausência de políticas públicas relacionadas à coleta seletiva
do lixo nos municípios, as quais interferem diretamente no clima, na paisagem das cida-
des e na saúde. Com o intuito de sensibilizar a sociedade, conteúdos relacionados ao meio
ambiente foram incluídos no currículo da Educação Básica, prática que ficou conhecida
como Educação Ambiental (EA). Sendo esta decisiva para consolidar o processo de ensino
e aprendizagem na formação de cidadãos preocupados com a preservação ambiental. A
partir dessa premissa, esta pesquisa teve como objetivo investigar a importância da Edu-
cação Ambiental no processo de ensino e aprendizagem, segundo a visão de professores
e alunos de uma escola pública no município de Caxias - MA. Utilizaram-se de métodos
quantitativos e qualitativos cujos instrumentos de coleta de dados foram observações e
questionários semiabertos aplicados aos alunos do 3° ano do Ensino Médio e a seus pro-
fessores de Química, Física e Biologia. Os alunos afirmaram que essa temática tem sido
discutida em sala de aula e ensinada pelos professores através de aulas expositivas, visitas
técnicas, execução de projetos como horta escolar, oficinas, estudo do meio ambiente
como ferramenta de ensino e a realização anual de um evento conhecido como “Ecobi-
ke”. Nesse estudo, constatou-se que a EA é relevante para a formação dos alunos, sendo
88
92
Discente Resposta
“Exatamente a valorização e o cuidado com o meio ambiente, além de
A7
proporcionar mais conhecimentos sobre o mesmo”.
“É um assunto cobrado em todo vestibular, onde seria importante ter um
A12
conhecimento já elaborado”.
“Para que eu tenha um pouco mais de conhecimento sobre o meio ambiente,
A18 também pode ajudar pra que tenha consciência sobre meus atos em relação ao
meio Ambiente”.
“A Educação Ambiental tem uma grande importância em nossas vidas, pois
A23
cuidar do meio ambiente é dever de todos, mas nem todos fazem sua parte”.
“É importante para que nossa mentalidade evolua sobre a preservação do meio
C1
ambiente e para que fiquemos cientes sobre o assunto em questão”.
“A Educação Ambiental é importante para minha formação profissional e
D25 social, pois permite que eu tenha uma compreensão sobre a importância do meio
ambiente e maneiras ecológicas de conservá-lo”.
Essa lei conceitua Educação Ambiental e recomenda a utilização de temas ambientais vol-
94
tados para o cotidiano do aluno, ajudando-o a entender os impactos que as ações huma-
nas podem causar, tanto no aspecto químico como social, na vida das pessoas. Portanto,
fica evidente a importância da EA na formação de cidadãos conscientes e preocupados
com a preservação ambiental.
95
Ao serem indagados sobre por que é fácil ou não abordar essas temáticas em sala de aula,
os professores afirmaram (Quadro 4):
Docente Resposta
“Sim. A questão ambiental não está alheia à nossa vida cotidiana, basta olhar
V4
ao nosso redor para vermos”.
Docente Resposta
Docente Resposta
“Com a educação ambiental temos alunos mais conscientes de seu papel no meio
M5 ambiente e de como suas ações afetam o mesmo, assim com esse tipo de educação
tende a engrandecer o desenvolvimento socioeducativo dos alunos”.
4 CONCLUSÕES
Nesse trabalho, constatou-se que a Educação Ambiental é reconhecida por alunos e profes-
sores do terceiro ano do ensino médio de uma escola do município de Caxias – MA como
elemento importante na formação de cidadãos conscientes e atuantes quanto às questões
ambientais. No estudo, foram verificadas as formas pelas quais os professores implementam
Portanto, é importante que sejam oferecidos cursos de formação continuada para os professo-
res com o intuito de preparar os docentes de forma adequada para atuarem como educadores
socioambientais, promovendo assim, a ampliação da Educação Ambiental no âmbito escolar
em uma abordagem interdisciplinar e transversal que propicia uma formação cidadã.
REFERÊNCIAS
ARROYO, M. G.; CARLDART, R. S.; MOLINA, C. (Orgs.). Por uma educação do campo.
3.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
BOSA, C. R.; TESSER, H. C. B. Desafios da educação ambiental nas escolas municipais do mu-
nicípio de Caçador–SC. Revista Monografias Ambientais, v. 13, n. 2, p. 2996-3010, 2014.
100 CARDOSO, T.; et al. Educação Ambiental no ensino de química na escola estadual
Brandão de Amorim-PIBID. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO QUÍMICA, 12,
2014, Fortaleza. Anais. Fortaleza, 2014. Disponível em: http://www.abq.org.br/simpe-
qui/2014/trabalhos/91/4302-18465.html. Acesso em: 02 abril 2021.
1 Doutoranda em Design – Dep. de Design – Centro de Artes e Comunicação - UFPE- E-mail: sarah.branco@ufpe.br;
2 Doutorando em Design – Dep. de Design – Centro de Artes e Comunicação - UFPE- E-mail: weynnerkennethdesigner@gmail.com;
3 Doutorando em Design – Dep. de Design – Centro de Artes e Comunicação - UFPE- E-mail: sadi.ufpe@gmail.com;
4 Doutorando em Design – Dep. de Design – Centro de Artes e Comunicação - UFPE- E-mail: math.vale@design.ufc.br;
5 Doutorando em Design – Dep. de Design – Centro de Artes e Comunicação - UFPE- E-mail: allanrsa@gmail.com;
RESUMO
Este é um ensaio sobre as possíveis ligações entre o Design Emergente e o Design Especula-
tivo. Apresenta-se, através de uma discussão dialética, a visão de estudiosos da futurologia
sobre como a experimentação criativa em narrativas pode ajudar no desenvolvimento de
novas perspectivas para lidar com problemas sistêmicos adaptativos. As técnicas de pre-
visão trabalham como um conjunto ferramental, complementando algumas percepções
acerca dos desafios de inovação 5G e lançando projeções de uma próxima geração criativa.
que se tenha uma nova imagem dos pro- Kuhn (1970), define os paradigmas como rea-
cessos, das metáforas, das descrições e das lizações científicas universalmente reconhe-
vestigá-lo, são o que define esses paradig- em Evolução (SCE), é capaz de aprender e
se adaptar através da interação com o seu
mas (KUHN, 2007). Tais crenças e tal reper-
contexto. No que diz respeito aos Sistemas
tório variam em época, localidade, grupo
Complexos Adaptativos, os autores os defi-
social e cultural e nossa forma de perceber
nem como dinâmicos e auto-organizados,
o mundo está presa às formas humanas de
podendo ser sem liderança, direção ou ge-
conhecer e experimentar. Por isso, várias
renciamento consciente. Tais sistemas são
são as discussões comumente geradas sobre
capazes de aprender, mudar o comporta-
uma mesma realidade, onde cada ator en-
mento das partes, seus processos e ainda
volvido no processo o entende de maneira
existir dentro de outros sistemas. A Tabela 1
diferente e o julga sob sua lente.
foi elaborada para demonstrar as principais
Em síntese, um sistema é composto por características de gerenciamento dos dois
elementos ou grupo de elementos que se tipos de visão.
Herói Anfitrião
Efetivação da mudança Geração (nova) de ordem
Busca e articulação de respostas para compreender
Responsabilidade da gerência
as situações nos processos dialógicos
Orientação por entidades e resultados Orientação por processos e dinâmicas relacionais
Projeção da direção futura de uma maneira
Previsão do futuro
inspiradora baseada na aspiração coletiva
Encontrar a melhor estrutura
Manter a estrutura fluida e adaptável
organizacional
Libera o potencial dinâmico e criativo do
Cego pelos limites da organização
sistema mais amplo
Os sujeitos não mais se encaixavam nos arquétipos pré-definidos que outrora serviram bem
aos designers como guias para seus projetos, e, passaram a ser elementos imersos na comple-
xidade das formas, das funções e do simbolismo das coisas. De acordo com Meira, 2017), no
início da chamada “Era de Coisas, houve uma mudança dos espaços ocupados pelo Design,
106 que deixou de se apresentar como exclusivo dos profissionais que o formavam.
• Bens, informações e identidades: usuários não mais reagem apenas aos aspectos físicos
dos objetos e das interfaces com as quais interagem, objetos carregam significados;
• Interfaces: a Era Digital apresentou conceitos onde aqueles que interagem com um
produto deixam de ser passivos para prover informações de uso e modificar o pro-
duto de acordo com as suas necessidades, respeitando os limites da sua participação;
108
Ponto 1 Programa de Design Emergente Design de Avaliação Emergente
Resultados da Avaliação Formativa de
Programa Futuro de
Ponto 2
Enfermeiras Criado LTC: identificando a necessidade de
blocos de programas focados na carreira
Ponto 3 Programa. XL criado O foco das Avaliações Muda para XL
Ponto 4 Co-op Grant Escrito Resultados da Avaliação Formativa XL:
Examinando Professores e
Ponto 5 Retiro de Professores TCL Administradores
Campus – Tema Amplo
Ponto 6
Desenvolvido Dados do Retiro de Professores LTC
A Tabela 2 apresenta seis pontos críticos que sa das negociações que ocorrem entre seus
ocorreram durante quatro anos de avaliação. participantes. Assim, a hipótese do progra-
Esses pontos são divididos em duas categorias: ma influenciou o desenho da avaliação, ou
seja, os avaliadores escolheram uma abor-
1. Emergência do programa;
dagem de design emergente para responder
2. Emergência da avaliação. e ser consistente com sua teoria.
Neste estudo, Christie (2015) apresenta um Nijs (2019), explica que esse modelo acre-
estudo de caso iniciado no Pasadena City dita em “propósito” ao invés de “valor”, no
College com o objetivo de ilustrar a aplicabi- sentido de que se você maximizar o pro-
lidade e utilidade de uma avaliação de pro- pósito para os stakeholders, em algum mo-
jeto emergente, bem como ilustrar como o mento no futuro, aumentará o valor para
processo evoluiu. Neste caso, de acordo com os acionistas. Os processos emergentes, no
a Tabela 2, mostra como o Design Emer- entanto, não se restringem a fazer surgir
gente (Programa) pode ser continuamente sincronias entre vários agentes.
retroalimentado através do seu próprio pro-
De acordo com Alão (2010), padrões sur-
cesso de avaliação, indicando os caminhos
gem a partir da troca de informações en-
a seguir de maneira dinâmica e adaptativa.
tre inúmeras partes de um mesmo sistema.
Nesse tipo de abordagem, há uma noção de O ambiente ou contexto no qual estes pa-
que os programas devem evoluir por cau- drões surgem são chamados de sistemas
Posteriormente, esse termo foi apropriado por filósofos, teóricos da arte e do design, biólo-
gos e urbanistas: Virilio (1993), considera o Metadesign como projeto do cotidiano, realiza-
do pela própria sociedade. Giaccardi (2003, 2005) por outro lado, considera o Metadesign
o projeto que as comunidades criativas fazem de seu próprio processo criativo. Maturana
(1998), o entende como o processo de autopoiese, isto é, a autocriação desempenhada
pelos seres vivos. George (1997), o traz como sinônimo de urbanismo, ou seja, a sociedade
urbana criando a si mesma. Dessa forma, visando oferecer uma perspectiva cronológica e
visual dos relatos associados ao Metadesign, foi elaborada a seguinte linha do tempo:
112
Um estudo de futuro acaba em outro estudo de futuro, assim como o design também é,
por si só, um conjunto cíclico de redes que se intersectam (DUNNE, 2012; NIJS, 2019). As
narrativas aqui, são um elemento de destaque, pois funcionam metaforicamente como
conjuntos de figurinos [ou lentes] que seus participantes trocam à medida que se apro-
fundam no decorrer das fases.
cipal ou derradeira nesta facilitação, já que que ambas as visões têm em se aplicarem
ela trata o futuro como uma história: não no desenvolvimento de artefatos, já que as
a ser contada, mas a ser descoberta (CSIC- corporações estão muito mais preocupadas
SERY-RONAY JR., 2011). com a rápida obtenção de lucro e com a
escalada de performance – fator este, per-
Esse princípio da descoberta está em todo
sistente desde a primeira geração de inova-
processo orientado à inovação, por mais
ção. No Design Especulativo, como o foco
simples ou incipiente que ele possa ser
passa a ser o meio, e não o produto, há um
para a equipe criativa. Como para inovar,
consenso em se buscar os possíveis futuros
apenas contar a história é insuficiente, foi
como crítica ao status quo, e posteriormen-
necessário à comunidade futurista se rein-
te, desenhar o que as pessoas querem e o
ventar. O Design Especulativo de Anthony
que elas não desejam (DUNNE, 2013).
Dunne e Fiona Raby (DUNNE, 2013) sur-
giu como uma alternativa à abordagem dos Para Lenskjold (2016), “eles olham além do
futurólogos que eram adeptos da criação design, e tocam em outras arenas culturais
de narrativas e experimentos controlados e artísticas, como cinema, belas artes, e lite-
REFERÊNCIAS
ALÃO, R. Sobre a relevância do diálogo entre design e emergência. DAMT, 2010.
BERGEN, E. van; GOKGOZ, E.; SINGH, G.; MARTIN, J. D.; FERREIRA DE SÁ, M.; MELGA-
REJO, M. Design the New Business. Zilver Innovation: Rotterdam, Holanda (2012).
BORIE, M.; ROUGEMONT, M. de; SCHERER, J. Estética Teatral: Textos de Platão a Ber-
tolt Brecht, p. 167 / tradução Helena Barbas – 2. ed – Fundação Calouste Gulbenkian:
Lisboa, 2004.
CSICSERY-RONAY JR., I. The seven beauties of science fiction. – Reprint edition – Wes-
leyan University Press: Middletown, CT. 2011.
GIACCARDI, E.; FISCHER, G. Metadesign: a framework for the future of end-user de-
velopment. In: End User Development: empowering people to flexibly employ advanced
GIACCARDI, E. Metadesign como uma cultura emergente de design. Vol. 38, 4, p.342-
349. 2005.
HINES, A.; BISHOP, P. C. Framework Foresight: Exploring Futures the Houston way. In
Futures, Vol. 51, p. 31-49. 2013.
119
HINES, A. New Framework Foresight Graphic. C2015. Initiative: Houston Foresight. Dis-
ponível em: https://www.houstonforesight.org/?p=4289. Acesso em: 28 Out. 2019.
KUHN, L. (2007). Why Utilize Complexity Principles in Social Inquiry? World Futures,
6334156175.
MARTIN, B.; HANINGTON, B. Universal Methods of Design: 100 Ways to Research Com-
plex Problems, Develop Innovative Ideas, and Design Effective Solutions / Bella Martin,
Bruce Hanington. Rockport Publishers: Beverly, MA. 2012).
ROXBURGH, M.; CARATTI, E. The Design of Stereotype and the Image. The International
Journal of Art & Design Education (iJADE), Vol. 37, 3. 2018.
SUVIN, D. On the Poetics of Science Fiction Genre. College English, Vol. 34, No. 3, p.
120
372-382. NCTE: Urbana, Illinois. 1972.
VAN ALSTYNE, G.; LOGAN, R. K. Designing for Emergence and Innovation: Redesigning
Design. Artifact, Vol. 1, 2:120- 129. 2007. ISSN 1749- 3463. Disponível em: http://open-
research.oca du.ca/id/eprint/880/.
1 Doutoranda em Letras na Unioeste, Mestre em Letras pela UEM, Professora do IFPR Campus Umuarama. E-mail: ls.pontes@hotmail.com;
121
2 Bolsista FAPEMA, Doutor em Letras pelo PPGL Unioeste, Mestre em Educação pelo PPGE UCB, Professor do Curso de Licenciatura em
Linguagens e Códigos - UFMA Campus São Bernardo. E-mail: nicomedes@gmail.com;
RESUMO
O presente estudo traz para discussão a renitente postura de ensino de gramática presa
a regras e a normas que não contribuem para o crescimento linguístico do aluno. A fim
de defender um ensino diferente, que privilegie o uso, os sujeitos e a reflexão sobre as-
pectos linguísticos, este trabalho propõe uma prática de ensino de gramática pautada
na Linguística Textual. Para isso, trabalhou coesão textual, especificamente, formas re-
missivas lexicais. Procurou resposta ao seguinte questionamento: Como o trabalho com
gramática, a partir da Linguística Textual, corrobora para o entendimento de que escolhas
lexicais mostram que os sujeitos são atuantes, sócio e historicamente determinados? A
análise, bibliográfica e qualitativa, buscou, dentre outros autores, fundamentação teórica,
principalmente, em Ingedore Koch (2001; 2006; 2009; 2012; 2014). Após levantamento
teórico, analisou-se um texto de autor indígena, considerando algumas subclassificações
das formas remissivas lexicais:1) Expressões ou Grupos Nominais Definidos; 2) Nomina-
lizações; 3) Expressões Sinônimas ou Quase Sinônimas”; 4) “Hiperônimos ou Indicadores
de Classe”. Objetivou-se, com isso analisar como o ensino de gramática contribui para o
entendimento das escolhas lexicais enquanto ação, identificação e determinação do sujei-
to. As análises mostraram que o trabalho com a coesão não precisa ser mecânico e que as
expressões e o léxico não estão fadados a um sentido fechado, uma vez que são clivados
pela história, contexto e intenções. Revelou que o sujeito, ao fazer uso das formas remis-
sivas lexicais, usa o referente conforme enxerga o seu universo ao interagir sociocogniti-
vamente com ele. As escolhas não são aleatórias, além de serem ações do sujeito, revelam
quem eles são, identificando-os e determinando-os.
mais que realizar mera tradução de represen- terlocutores faz de si, do outro e do ou-
tro com relação a si mesmo e ao tema
tação mental ou de decodificação uma men-
do discurso; o espaço de perceptibili-
sagem emitida pelo emissor. É, na verdade,
dade visual e acústica comum, na co-
uma atividade interativa altamente municação face a face. Desse modo, o
complexa de produção de sentidos, que é pertinente numa situação pode
que se realiza, evidentemente, com não ser em outra. O contexto socio-
base nos elementos linguísticos presen- cultural em que se insere o discurso
tes na superfície textual e na sua forma também constitui elemento condicio-
de organização, mas que requer a mo- nante de seu sentido, na produção e na
bilização de um vasto conjunto de sa- recepção, na medida em que delimita
beres (enciclopédia) e sua reconstrução
os conhecimentos partilhados pelos in-
no interior do evento comunicativo.
terlocutores, inclusive quanto às regras
(KOCH,2006, p. 17).
sociais de interação comunicativa (uma
Assim, o sentido do texto, atividade so- “certa” etiqueta” sociocomunicativa,
A fim de observarmos coesão referencial por a sério tanto para (14) os mais velhos,
quanto para os jovens e crianças, (15) isto
formas remissivas na prática, para atender a
evitará que a cultura seja esquecida.
128 proposta deste trabalho, iremos abordar/ana-
lisar, em texto de autoria indígena3, algumas Com relação às formas remissivas lexicais,
subclassificações das formas remissivas lexi- há, no texto, o que Koch chama de Expres-
cais apontadas por Koch (2012, p. 48-52): 1) sões ou Grupos Nominais Definidos. Isso
ocorre, por exemplo, quando: a) (11) “os
“Expressões ou Grupos Nominais Definidos”;
nossos objetivos” faz remissão à (9) “coi-
2) “Nominalizações”; 3) “Expressões Sinôni-
sas que queremos” (se fosse o contrário, ou
mas ou Quase Sinônimas (nomes genéricos:
seja, se o léxico “coisa” estivesse fazendo
coisa, pessoa, fato, fenômenos)”; 4) “Hiperô-
remissão, seria por nome genérico). Nesse
nimos ou Indicadores de Classe”.
caso, essa retomada não se refere a apenas
A Demarcação das terras indígenas uma troca de elementos, de palavras, há
(1) A demarcação das terras indígenas é uma interferência significativa no campo
um assunto que precisa ser discutido semântico do texto, pois “usar ‘os nossos
com cuidado e muita atenção, porque objetivos’ é uma ação mais argumentativa
gera opiniões diferentes positivas e ne- por parte do interlocutor, visto que ‘ter ob-
gativas. (2) A grande maioria das pessoas
jetivos’ envolve planejamento, espera, ex-
que “não são indígenas” não concordam
pectativa, todo um comprometimento não
com a possibilidade de as terras que os
apenas emocional como, principalmente,
produtos compraram e ocupam por
de atitudes. Diferentemente do ‘querer’,
muitos anos, seja tirada e transformada
que não remete o interlocutor, necessaria-
em (3) reserva para (4) índios.
mente, a tais sentidos, pois ‘querer’ pode se
Ainda existe (5) “gente” que pensa que
limitar ao desejo, ao sonho, a uma projeção
para (6) os indígenas (7) “tudo é de gra-
imaginária que não requer, necessariamen-
ça”, mas na realidade não é (8) assim.
te, atitude, ou não remete a um efeito de
Como qualquer pessoa precisamos cor-
sentido de ‘planejamento’; b) em (6), a for-
rer atrás ir em busca das (9) coisas que
queremos. (10) Nada é fácil na nossa ma remissiva “os indígenas” faz remissão a
vida precisamos nos esforçar sempre (4) “índios”. Nesse caso, chama a atenção
para que possamos alcançar (11) os nos- a presença do artigo definido em ‘os indí-
sos objetivos. genas’ e a ausência de artigo definido antes
do nome ‘índios’, no primeiro parágrafo.
3 No texto, foram inseridas numerações, a fim de se localizarem,
com mais facilidade, os elementos referenciais analisados. Essa referenciação explica a afirmação de
priedade nisso: é o índio que se coloca na para uma ironia que supõe e sugere, inclusi-
sua história, no seu povo e marca suas ori- ve, um questionamento do autor: “É gente
gens. Ele define seu povo: ´Os indígenas’, quem pensa assim contra o índio?”. Ques-
que para ele não se referem a quaisquer pes- tionamento possível sobretudo quando se
soas. A partir da estrutura, da forma como pensa na trajetória de opressão vivida pelo
organiza o texto, ele aciona todo um co- seu povo, pensamento associado a um pas-
nhecimento implícito. Uma gama de repre- sado de ações violentas. Entende-se que a
sentações pode ser elucidada na ausência e escolha do elemento referencial não é alea-
na presença do artigo definido, a partir do tória, portanto, a análise não deve ser me-
momento em que se considera o pano de ramente classificatória, de reconhecimento
fundo dessa interação: interlocutores, con- de nomenclatura; b) em (3), “reserva” faz
texto social e histórico. remissão à (1) “A demarcação das terras
Assim, é possível entender que o trabalho com a gramática, no ensino de língua portu-
guesa, não pode se reduzir a terminologias, a regras, a normas, a descrições, a modelos de
língua que não consideram o sujeito inserido no mundo, o sujeito social, atuante e com
implicações históricas. É necessário trabalhar elementos da língua no ensino de gramáti-
ca, considerando que, no texto, constroem-se sentidos num processo interativo, no qual
importa um pano de fundo social e histórico dos participantes (KOCH, 2006).
Urge uma consciência de ensino de gramática nas aulas de língua portuguesa que leve o
aluno a uma postura reflexiva sobre dados da língua. Um ensino contextualizado. Con-
sideramos, a partir da análise, que o ensino de gramática subsidiado pela LT contribui
para isso. A partir da análise lexical, no texto, é possível compreender que as escolhas lin-
guísticas não são aleatórias. A posição social, seu lugar na história, suas experiências, seu
interlocutor, levaram-no a escolher um ou outro termo, uma ou outra estrutura.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, I. Língua, Texto e Ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola Edito-
rial, 2009.
BAGNO, M. O preconceito linguístico: O que é e como se faz. 4. ed. São Paulo: Edições
Loyola, 1999.
____. O texto e a construção dos sentidos.10. ed. São Paulo: Contexto 2014b.
133
_____. Coesão textual. São Paulo: Contexto, 2012.
______. Introdução à Linguística Textual: trajetória e grandes temas. 2ª. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2009.
____. Desvendando os segredos do texto. 5ª. ed. São Paulo: Cortez, 2006.
_____. TRAVAGLIA, L. C. A Coerência Textual. 11ª. ed. São Paulo: Contexto, 2001.
MARTELOTTA, M. E. (org.) Manual de Linguística. 1ª. ed. São Paulo: Contexto, 2010.
OLIVEIRA, M. R. de. Linguística Textual. In. MATELOTTA, Mário Eduardo (org.) Manual
de Linguística. 1ª. ed. São Paulo: Contexto, 2000. p.193-204.
1 Graduada em Engenharia Agronômica, Centro de Ciências Agrárias, CCA, Universidade Federal do Piauí, UFPI;
E-mail: pabliannepessoal@hotmail.com;
2 Estudante do Curso de Engenharia Agronômica, Centro de Ciências Agrárias, CCA, Universidade Federal do Piauí, UFPI;
E-mail: tassylasousapereira@gmail.com;
3 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Agronomia-Agricultura Tropical, Centro de Ciências Agrárias, CCA, Universidade Federal
do Piauí, UFPI; E-mail: rbekstark@gmail.com; E-mail: samiamatos2011@hotmail.com;
4 Docente do Departamento de Engenharia Agrícola e Solos, Centro de Ciências Agrárias, CCA, Universidade Federal do Piauí, UFPI;
E-mail: carloslima@ufpi.edu.br;
5 Docente do Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Agrárias, CCA, Universidade Federal do Piauí, UFPI, Orientador;
E-mail: gabrielbarbosa@ufpi.edu.br
RESUMO
O suprimento de água e nutrientes em quantidades ideais é essencial para a qualidade
fitotécnica das mudas, especialmente na fase inicial de formação. Contudo, ainda são
incipientes os estudos sobre lâminas de irrigação e frequência de aplicação de solução nu-
tritiva em mudas de maracujazeiro-amarelo cultivado em sistema hidropônico. Neste sen-
tido, objetivou-se avaliar o crescimento e a produção de mudas de maracujazeiro-amarelo
em função de lâminas e frequência de aplicação de solução nutritiva. O experimento foi
conduzido em ambiente protegido, no Centro de Ciências Agrárias, UFPI. O delineamen-
to experimental foi inteiramente casualizado, com quatro repetições, em esquema fatorial
3 x 3, correspondendo a três lâminas de irrigação (50%, 75% e 100% da evapotranspiração
da cultura, ETc) e três frequências de aplicação de solução nutritiva (a cada 2 dias, 1 vez
ao dia e 2 vezes ao dia). Aos 25 dias após o transplantio, foram realizadas as avaliações
de altura de plantas, diâmetro do caule, número de folhas, área foliar, volume e compri-
mento de raiz e massa seca da parte aérea e da raiz. A lâmina de 75% da ETc e aplicação da
solução nutritiva, uma vez ao dia, contribuíram para o maior crescimento e produção de
matéria seca das plantas em relação as condições de déficit hídrico, na produção de mudas
de maracujazeiro-amarelo em sistema de fertirrigação em ambiente protegido. Sugere-se
*Micronutrientes utilizados (g L-1): H3BO3 = 2,86; MnCl2. 4H2O = 1,81; ZnCl2 = 0,10; CuCl2 = 0,04;
H2MoO4H2O = 0,02 e Fe-EDDHMA = 40,0. Fonte: Adaptado de Hoagland e Arnon (1950).
O manejo da irrigação foi realizado com A aplicação das lâminas de irrigação foi
base na capacidade máxima de retenção de realizada com base em pesagens diárias das
água do substrato por meio do seguinte pro- unidades experimentais, considerando-se
cedimento: todos os tubetes de cada bandeja a massa do substrato e de água, confor-
foram preenchidos com 30 g de vermiculita, me metodologia descrita por Freire et al.
sendo então submetidos a ascensão capilar,
(1980). O sistema de irrigação utilizado foi
colocando-os em recipiente com lâmina de
por gotejamento adaptado para bandejas,
água contendo 2/3 da altura dos tubetes da
utilizando-se gotejadores do tipo microtu-
bandeja até a saturação do substrato. Após
bo Spaghetti com comprimento 30 cm, di-
esta etapa, procedeu-se com a drenagem na-
mensionado para operarem em uma vazão
tural, cobrindo-se as bandejas com plástico
preto para evitar a evaporação. As amostras de 0,168 L h-1 com uma carga hidráulica de
saturadas foram pesadas em balança analíti- 0,15 mca. A diferença de massa foi então
ca e levadas para a estufa de circulação força- atribuída à evapotranspiração das mudas e
da de ar a 105ºC até atingirem massa cons- as plantas foram então irrigadas com uma
tante, com duração de aproximadamente 24 lâmina de irrigação sempre maior que a
horas. Após este procedimento, a umidade evapotranspiração das plantas para garantir
foi quantificada pelo método gravimétrico que o substrato alcançasse sempre a capaci-
por meio da equação: dade de “container”, sendo esta, a quanti-
%Umidade = ((PU - PS) / PS) * 100 (PU (g) dade de água que permanecia no substrato
= peso úmido, PS (g) = peso seco) (1) após a drenagem e antes da evaporação.
A diminuição do número de folhas no tratamento com 50% da ETc está relacionada, pos-
sivelmente, com os mecanismos de adaptação da planta ao estresse hídrico consistindo
no decréscimo da eficiência de uso da água. Por essa razão, Taiz et al. (2017) ressaltam que
as plantas desenvolvem adaptações para controlar a perda de água das folhas diminuindo
a condutância estomática por meio do fechamento dos estômatos, compensando as de-
mandas e otimizando a eficiência de absorção de CO2.
Tabela 3: Resumo da análise de variância e valores médios de matéria seca da parte aé-
rea, matéria seca da raiz, comprimento da raiz e volume da raiz de mudas de maracuja-
zeiro-amarelo em função de lâminas e frequência de aplicação de solução nutritiva.
C.V. = Coeficiente de variação; *,** e ns = significativo ao nível de P≤ 0,05, P ≤ 0,01 e não significativo
respectivamente, pelo teste F. Fonte: Autor.
144 REFERÊNCIAS
FELIPPE, D.; NAVROSKI, M. C.; AGUIAR, N. S.; PEREIRA, M. O.; MORAES, C.; AMARAL,
M. Crescimento, sobrevivência e trocas gasosas de mudas de Eucalyptus dunnii Maiden
submetidas a regimes de irrigação e aplicação de hidrogel. Revista Forestal Mesoame-
ricana Kurú, v. 17, n. 40, p. 11-20, 2020. Disponível em: http://dx.doi.org/10.18845/
v17i40.4902. Acesso em 21 mai. 2021.
FREIRE, J. C.; RIBEIRO, M. V. A.; BAHIA, V. G.; LOPES, A. S.; AQUINO, L. H. Respostas do
milho cultivado em casa de vegetação a níveis de água em solos da região de Lavras (MG).
Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 4, n. 1, p. 5-8, 1980.
HOAGLAND, D. R.; ARNON, D. I. The water culture method for growing plants without
soils. Berkeley: California Agricultural Experimental Station, v. 347, 1950.
IBGE. Sidra: sistema IBGE de recuperação automática. 2021. Disponível em: https://sidra.
ibge.gov.br/tabela/5457#resultado. Acesso em: 02 mai. 2021.
LIMA, L. K. S.; JESUS, O. N.; SOARES, T. L.; OLIVEIRA, S. A. S.; HADDAD, F.; GIRARDI, E.
A. Water deficit increases the susceptibility of yellow passion fruit seedlings to Fusarium
wilt in controlled conditions. Scientia Horticulturae, v. 243, p. 609-621, 2019. Disponí-
vel em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0304423818306277?casa_to-
ken=1q4Pp7SyZIcAAAAA:HDzF7oI30W9ljO8q6XBQT0bWbY8z5zJRdvZ3SSb-8dqHDQK-
28z7G76X1T_bpA5OQ6I3anMEE. Acesso em: 04 mai. 2021.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plan-
tas: princípios e aplicações. 2.ed. Piracicaba: POTAFOS, 1997. 319 p.
OLIVEIRA, F. A.; OLIVEIRA, M. K. T.; SILVA, R. C. P.; SILVA, O. M. P.; MAIA, P M. E.; CÂN-
DIDO, W. S. Crescimento de mudas de moringa em função da salinidade da água e da
posição das sementes nos frutos. Revista Árvore, v. 37, n. 1, p. 79-87, 2013. Disponível 145
em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010067622013000100009&script=sci_arttex-
t&tlng=pt. Acesso em: 03 mai. 2021.
POSSE, R. P.; VALANI, F.; GONÇALVES, A. M. S.; OLIVEIRA, E. C.; LOUZADA, J. M.; QUAR-
TEZANI, W. Z.; LEITE, M. C. T. Crescimento e qualidade de mudas de maracujá-amarelo
produzidas em diferentes lâminas de irrigação.Journal of Experimental Agriculture Inter-
national, v. 22, p. 1-11, 2018.
SILVA JÚNIOR, G. B.; PRADO, R. M.; CAMPOS, C. N. S.; AGOSTINHO, F. B.; SILVA, S. L. O.;
SANTOS, L. C. N.; CASTELLANOS, L, G. Silicon mitigates ammonium toxicity in yellow
passionfruit seedlings. Chilean Journal of Agricultural Research, v. 79, n. 3, 2019. Dispo-
nível em: https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?pid=S0718-58392019000300425&script=s-
ci_arttext&tlng=p. Acesso em: 03 mai. 2021.
SILVA JÚNIOR, G. B.; PRADO, R. M.; SILVA, S. L. O.; CAMPOS, C. N. S.; CASTELLANOS,
L. G.; SANTOS, L. C. N.; BARRETO, R. F.; TEODORO, P. E. Nitrogen concentrations and
proportions of ammonium and nitrate in the nutrition and growth of yellow passion
SPADA, G.; UESUGI, G.; SILVA, R. B.; DA SILVA, M. R. Qualidade de mudas de Pau-d’alho
sob diferentes doses e frequências de aplicação de nutrientes. In Colloquium Agrariae.
ISSN: 1809-8215, v. 15, n. 2, p. 121-132, 2019. Disponível em: http://revistas.unoeste.br/
index.php/ca/article/view/2382. Acesso em: 01 mai. 2021.
146
SUASSUNA, J. F; MELO, A. S.; SOUSA, M. S. S.; COSTA, F. S.; FERNANDES, P. D.; PEREIRA,
V. M.; BRITO, M. E. B. Desenvolvimento e eficiência fotoquímica em mudas de híbrido de
maracujazeiro sob lâminas de água. Bioscience Journal, v.26, n. 4, 2010.
TAIZ, L.; ZEIGER, E.; MØLLER, I. M.; MURPHY, A. Fisiologia e desenvolvimento vegetal.
6.ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 858p.
VERDIAL, M. F.; LIMA, M. S. D.; TESSARIOLI NETO, J.; DIAS, C. T. D. S.; BARBANO, M. T. Mé-
todos de formação de mudas de maracujazeiro amarelo. Scientia Agricola. p. 795-798. 2000.