O documento discute a construção de identidades negras em manifestações culturais brasileiras como o congado, samba de roda e capoeira. Aborda como essas expressões negociam elementos da cultura africana e católica e constroem identidades de resistência. Também analisa como o hip hop contribuiu para a afirmação da identidade negra nas periferias brasileiras.
O documento discute a construção de identidades negras em manifestações culturais brasileiras como o congado, samba de roda e capoeira. Aborda como essas expressões negociam elementos da cultura africana e católica e constroem identidades de resistência. Também analisa como o hip hop contribuiu para a afirmação da identidade negra nas periferias brasileiras.
O documento discute a construção de identidades negras em manifestações culturais brasileiras como o congado, samba de roda e capoeira. Aborda como essas expressões negociam elementos da cultura africana e católica e constroem identidades de resistência. Também analisa como o hip hop contribuiu para a afirmação da identidade negra nas periferias brasileiras.
Identidades Negras em Movimento: Entre Passagens e Encruzilhadas
A obra resenhada desfecha a partir da temática sobre a passagem entre
devoções e vadiagens. As reflexões se desfecha entorno da construção de processos identitários em manifestações das culturas populares afro-brasileiras, especialmente as que são comum cantar e dançar para rezar e, ainda, aborda a temática da devoção, presente no congado, por exemplo, com a noção de vadiação, própria do samba de roda e da capoeira, apresentada por um dos autores em um colóquio internacional de arte negra com a temática sobre o corpo, performance e ancestralidade, realizado outubro de 2014, em Salvador - BA. Sobre os autores: Renata de Lima Silva, é graduada em dança, pós-graduação, mestrado e doutorado em Artes pela Unicamp, e pós-doutorado, pelo Instituto de Artes da Unesp. Atua como professora adjunta do curso de licenciatura em dança da Universidade Federal de Goiás. É líder do grupo de pesquisa núcleo de investigação e pesquisa cênica coletivo e treinel de capoeira do centro de capoeira angola angoleiro sim sinhô. José Luiz Cirqueira Falcão é graduado em Educação Física, pela Universidade Católica de Brasília, mestre em Educação Física, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutorado em Educação, pela Universidade Federal da Bahia. No momento exerce a função de professor associado II da Universidade Federal de Goiás e mestre de capoeira do grupo Beribazu. Os autores iniciam a obra indagando sobre a definição de identidade e define-a como aquilo que qualifica, define ou caracteriza um sujeito, pode ser compreendido de diferentes perspectivas: do indivíduo, da cultura, do social e da nacionalidade. Em outras palavras, por se tratar de uma reflexão a respeito das performances culturais, deve-se analisar a identidade a partir do corpo, considerando a corporeidade humana como agenciadora social e cultural. Pois, é pela corporeidade, que o homem faz do mundo a extensão de sua experiência. De acordo com os autores, a identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia. Ao invés disso, à medida em que os sistemas de significação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma diversidade desconcertante e mudanças de identidades, com cada uma das quais poderíamos nos identificar, nem que seja temporariamente. Nessa perspectiva é possível dizer que existem duas abordagens que tratam da identidade: as concepções objetivistas e as subjetivistas. A concepção objetivista defende que a identidade de um indivíduo é a herança cultural recebida do seu grupo original, como uma espécie de segunda natureza da qual ele não pode fugir. Ou seja, em sua origem, e as suas raízes. Essa concepção objetivista pode se desdobrar numa abordagem culturalista, em que a ênfase não é colocada na herança biológica, mas na herança cultural. Dessa forma, o indivíduo é levado a interiorizar os modelos culturais que lhes são impostos até o ponto de se identificar com o seu grupo de origem. Já nas concepções subjetivistas, o indivíduo é levado ao extremo, tendo como consequência a redução da identidade a uma questão de escolha individual arbitrária em que cada um seria livre para escolher suas identificações. A partir dessa perspectiva, distingue três tipos de identidade: a identidade legitimadora, cujas bases estão vinculadas às instituições dominantes; a identidade de resistência, cujas bases são geradas por sujeitos em situações desvalorizadas ou discriminadas, e a identidade de projeto, cujas bases são produzidas por sujeitos que utilizam de capital cultural para construir posições, conceitos e ações, na sociedade. O conjunto de características que definem a identidade de um grupo social é inseparável daquelas características que o fazem diferente dos outros grupos. Os autores no tópico a relação corpo e Identidade na dança afro, afirmam que toda prática que se instiga, seja na diversidade das danças encontradas no continente africano, seja nas expressões derivadas dos povos dispersos pelo mundo. Ela não é monopólio dos africanos da África e sim, produto de todos os artistas que criam a partir de suas experiências e vivências como afrodescendentes, construindo com o corpo imagens, movimentos e fragmentos de dinâmica a ela associados. Os autores evidenciam ainda que embora exista certa tendência de se classificar como dança afro tudo aquilo que esteja vinculado a um tambor tocando e a um remexer de quadris, seja por pré-conceito ou pós-conceito para afirmar a negritude, a dança afro é caracterizada como uma performance cultural que se projetou no território brasileiro, sobretudo a partir do Rio de Janeiro, Salvador e depois São Paulo e em seguida Belo Horizonte. Segundo Renata e José Luiz, as manifestações de danças populares estruturam- se na intersecção entre o jogo, performance e ritual, e têm a função de forjar e fortalecer a identidade de uma comunidade, seja na forma de se relacionar com o sagrado, seja simplesmente, na fôrma de diversão e entretenimento. Desse modo, é possível perceber que a identidade negra do corpo que dança a dança afro é construída em sintonia com o discurso ideológico da negritude, já que o Candomblé foi e é uma de suas principais referências A respeito da relação corpo e identidade na congada, os autores evidenciam que a congada é parte mais conhecida das festas do rosário e dos reinados negros, que homenageiam Nossa Senhora do Rosário, entre outros santos, e giram em torno da coroação de reis e rainhas negros. Os autores definem que as festas do Rosário, reinados e congadas são uma expressão cultural, religiosa e política, negra e popular, que conta com praticantes de outros pertencimentos raciais e de classe e que se realiza em bairros habitados por significativo contingente de pessoas negras e das classes trabalhadoras. Nesse contexto, os congados estabelecem-se em meio à encruzilhada afro- brasileira, na confluência entre o catolicismo e a cultura africana de matriz banto, fazendo referência a santos como Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Efigênia e Nossa Senhora das Mercês. De certo modo, no contexto da Congada a identidade negra não passa necessariamente pela negação da fé católica, muito embora seja possível observar que símbolos das religiões afro-brasileiras sejam frequentemente citados ou utilizados em meio aos festejos. A respeito da relação corpo e identidade no hip hop, segundo os autores, desde de 1970, as ações políticas e culturais dos movimentos negros norte-americanos influenciam a juventude negra brasileira. Um ponto alto desse fenômeno é devido a adesão ao movimento Hip Hop, sobretudo a partir dos anos de 1990, quando a voz do rap teve seu ponto forte nas periferias. O Hip Hop é definido como uma combinação de movimentos negro, social, juvenil e cultural, que teve início, nos bairros pobres de Nova Iorque, chegando ao Brasil, no início dos anos de 1980, diretamente para as periferias dos grandes centros urbanos, especialmente São Paulo, onde incorpora inúmeras características nacionais, sem abandonar o caráter de denúncia, crítica e questionamento das causas e consequências das injustiças sociais. No Brasil, o apego ao rap pela juventude negra é a projeção de uma identidade marcada pela marginalização social, embora, rapidamente tenha conquistado um público maior, de diversos segmentos sociais. Em síntese, pode se dizer que a afirmação da negritude se constrói por diferentes vias. Ou seja, ela se afirmar no corpo, olhando-se para o passado histórico e mítico do continente africano. A realização desse trabalho apresentou questões que acredito, devem ser priorizadas como importantes fontes de discussão da realidade racial, pois é de extrema importância que em se tratando da cultura negra, toda comunidade esteja num processo continuo de aprendizagem. Dessa forma, espera-se que esse conteúdo possa contribuir com grupos de outras áreas do conhecimentos e modalidades que tenham interesse em pensar uma forma de conscientização que respeite e valorize todas as contribuições das etnias na formação cultural, social, política do Brasil. O estudo sobre as representações do corpo negro poderá ser uma contribuição não só para o desvelamento do preconceito e da discriminação racial como, também, poderá nos ajudar a construir estratégias e alternativas que nos possibilitem compreender a importância do corpo na construção da identidade étnico-racial de pessoas negras, mestiços e brancos e como esses fatores interferem nas relações estabelecidas entre esses diferentes sujeitos. Pois, na construção da identidade negra no Brasil, existem muitas controvérsias, onde uma visão amplificada das raças, sendo a branca superior ao negro, ainda causam reflexos negativos ate mesmo nas pessoas negras, com sentimentos de não- pertencimento, e se vendo de forma negativa, não entendendo o seu espaço no contexto social. Uma maneira de enfrentar esse problema é apoderando-se das suas origens, o que vem acontecendo por meio de alguns movimentos de conscientização da identidade negra no país, lutando por seus direitos, tentando eliminar o racismo e agregando valores para uma atitude mais cidadã e politica diante da nossa sociedade brasileira.
REFERÊNCIAS
SILVA, LIMA RENATA; FALCÃO, CIQUEIRA, LUIZ JOSE. Identidades Negras
em Movimento: entre Passagens e Encruzilhadas. Repertório, Salvador, nº24, p.98- 113, 2015.Disponívelem:file:///C:/Users/sandr/AppData/Local/Packages/microsoft.windowsc ommunicationsapps_8wekyb3d8bbwe/LocalState/Files/S0/9032/Attachments/Renata %20Silva,%20José%20Falcão,%20Identidades%20negras%20em%20movimento, %202015[13228].pdf. Acesso em:25/07/2021.