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Novo, Mas Nem Tão Admirável - Sidarta Ribeiro
Novo, Mas Nem Tão Admirável - Sidarta Ribeiro
SIDARTA RIBEIRO
ILUSTRAÇÃO FRED TOMASELLI
12/01/2014 03h10
SONHAR ACORDADO
A guerra, portanto, foi inevitável desde o início dos tempos. Quem não
foi brutal, excludente e coercitivo com "os de fora" pereceu. Entretanto,
evoluiu ao mesmo tempo um depurado amor ao próximo, com o
refinamento da "teoria da mente", isto é, a capacidade de presumir e
simular a mente alheia, cerne da empatia que mantém os grupos
cooperativos e coesos. Sem tal capacidade empática a espécie tampouco
teria sobrevivido.
Foi só o começo. Quanto tempo terá se passado até que nossos ancestrais
desenvolvessem a capacidade de, mesmo despertos, imaginarem o futuro
com base no passado, em escala que vai de minutos a décadas? Bem
próxima da capacidade de "sonhar dormindo", a capacidade de "sonhar
acordado" pode ter surgido como invasão onírica da vigília.
Foto Erma Estwick/Cortesia galerias James Cohan (Nova York) e White Cube
HÍBRIDOS
Não falta muito para isso, com câmeras de vigilância em cada esquina,
celulares onipresentes e óculos Google. O fim dos segredos seria a
premissa para o fim da violência, como imaginou Wim Wenders em seu
"O Fim da Violência" (1997)? Ou nos tornaremos apenas e cada vez
mais decrépitos "voyeurs" da dor e do prazer alheios, peões em
sociedades de vigilância e controle, reféns da "transparência" e do
monitoramento constante do governo, indivíduos e corporações?
Precisamos encarar os fatos: não haverá paz enquanto não houver piso e
teto para a riqueza. Por que alguém quer ser bilionário?
DESCOBERTAS
As promessas desse novo olhar são a evolução de uma nova ética social
em tempos de abundância, a desrepressão da libido e o respeito a todas
as formas de loucura, menos àquelas que oprimem. Poderiam os
psicodélicos fazer os ricos se desapegarem do excesso de riqueza?
Provavelmente.