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EX TUNC?
(Revisado em 13 de fevereiro de 2008)
Otávio Piva
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Explica-se: é que, nos termos da redação originária, haveria perda
de eficácia “retroativa”, ou seja, “ex tunc”, quando a Medida Provisória
não fosse convertida em lei, já que esta perderia sua eficácia “desde a
edição”.
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Hoje, então, com a novel regra do § 11, no caso de o Congresso
Nacional não editar o Decreto Legislativo em prazo de 60 dias após a
rejeição (expressa ou tácita) da MP, os atos que nasceram decorrentes da
MP, no período em que ela vigorou, conservar-se-ão por ela regidos.
Isso significa que, atualmente, a perda de eficácia, em regra,
opera efeitos EX NUNC.
Prorrogação
Perda de
eficácia
Publicação
§ 7º
§ 4º § 3º Até 60 dias
0 A B 120 d
60 d
Prazo para
editar o
Decreto
Legislativo
que regule o
período A +
B
Mais uma vez, veja-se que, se uma medida provisória vigorou, por
exemplo, por 120 dias (A + B) e, no dia 120, perdeu sua eficácia pelo
decurso de prazo, somente haverá retroação se, repita-se, se o
Congresso Nacional editar o Decreto Legislativo para regular o
período A + B.
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Caso contrário, não editado o Decreto Legislativo em 60 dias (no
período pontilhado), nos termos do § 11 do art. 62, tudo o que se
constituiu no período A + B conservar-se-á regido pela própria MP.
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“Relativamente ao modelo originário de 1988, houve uma
importante inversão de lógica. Antes, as relações jurídicas
decorrentes da medida provisória rejeitada ou caduca por decurso
de prazo desconstituíam-se retroativamente desde a perda de
eficácia da medida, exceto se o Congresso Nacional votasse
decreto legislativo preservando-as. Agora, ‘(...) as relações
jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados
durante (...)’ a vigência da medida provisória rejeitada ou
caduca por decurso de prazo somente são desconstituídas
se acaso o Congresso Nacional se manifestar neste sentido
por decreto legislativo no prazo de sessenta dias a contar
do respectivo ato declaratório de rejeição ou de
caducidade; do contrário, tais relações são mantidas.”
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Assim, poder-se-ia concluir que a EC 32/01 prestigiou a segurança
jurídica, abolindo a esdrúxula situação trazida pela Constituição originária
de “retroatividade máxima” (ex tunc) e, com isso, permitindo que o
Congresso Nacional, querendo, possa disciplinar de forma retroativa os
atos decorrentes da MP no período em que esta vigorou.