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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA

FEDERAL DA COMARCA DA CAPITAL-RJ

MANDADO DE SEGURANÇA
LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS

JOSÉ, brasileiro, casado, desempregado, portador da carteira de


identidade nº, expedida pela SSP-PB, inscrito no CPF sob o nº,
residente na Rua nº ..., Casa , Pavuna-RJ, cep: ..., por meio de seu
advogado e procurador que esta subscreve ao final, vem à presença de
V. Excelência com fulcro no art. 5º, inciso LXIX da CF, impetrar
MANDADO DE SEGURANÇA contra ato do gerente geral da agência
do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, autarquia
federal localizada na Avenida, Irajá, Rio de Janeiro-RJ, Cep: ..., pelos
motivos que passa a expor adiante.

DA COMPETÊNCIA TERRITORIAL

Tendo em vista que o ato coator foi cometido por agência localizada
na comarca do Rio de Janeiro-RJ, nos termos do art. 109, §2º da CF,
esta comarca é competente para julgar o presente mandamus.

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Inicialmente afirma o impetrante sob penas da Lei nº 1.060, art.4º,
parágrafo 1º com redação na Lei 7.510/86, ser juridicamente pobre,
sem condições de arcar com as custas processuais e honorários
advocatícios, sem prejuízo do seu próprio sustento e de sua família,
sendo portanto, beneficiário da Gratuidade de Justiça.

DO ATO COATOR

O impetrante é segurado do RGPS desde 30/04/1976 (conforme CNIS


anexo), mantendo esta qualidade até 31/052015. Neste interregno,
contribuiu durante 17 anos, 11 meses e 10 dias, adquirindo em
26/07/2018 o direito à aposentadoria por idade, tendo o mesmo
completado 65 anos.

Vendo que preenchido os requisitos para concessão do benefício


“Aposentadoria por idade”, previsto nos artigos. 48 a 51 da Lei
8.213/91, artigos 51 a 55 do Regulamento da Previdência Social,
Decreto 3048/99 e artigo 201, §7º, I da CF, realizou o requerimento
administrativo perante a impetrada em 26/07/2018 resultando o
benefício de nº ... (conforme requerimento em anexo), sendo o
mesmo deferido, ( conforme carta de concessão de benéfico em
anexo).
Entretanto, para surpresa do impetrante, no mês de dezembro de
2018, ao tentar sacar o seu beneficio descobriu que o mesmo se
encontrava bloqueado. No dia 12 de dezembro de 2018, o impetrante
se dirigiu a agencia do impetrado e requereu a reativação do benéfico
(conforme protocolo em anexo), onde foi informado que seu
beneficio foi bloqueado devido a suspeita de fraude e que o mesmo
dentro de um mês seria desbloqueado, porem, isso não ocorreu.
No dia 29/05/2019, o impetrante recebeu uma notificação, solicitando
sua presença na agencia do impetrado para cumprimento de
exigências no prazo de 30 dias sob pena de indeferimento do
beneficio, ( conforme detalhamento de atendimento em anexo),
exigências devidamente cumpridas no dia 11 de junho pelo seu
procurador, (conforme protocolo de cumprimento de exigência em
anexo).

Ocorre que, até a presente data, 22/07/2019, a impetrada não


proferiu decisão sobre o requerimento administrativo de reativação
de benefício, tampouco comunicou o impetrante sobre o prazo para
tanto ou até mesmo houve uma prorrogação do prazo, tolhendo o
impetrante de direito líquido e certo de ter da administração pública,
decisões a respeito de requerimentos administrativos nos termos da
lei 9.784/99 como veremos a seguir.

DO DIREITO LIQUIDO E CERTO

A administração pública deve agir em respeito aos princípios da


legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência,
estampados no art. 37, caput da CF.
Nos procedimentos administrativos federais, reza a lei 9.784/99 que os
atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e
dos fundamentos jurídicos quando ocorrer das situações previstas no
art. 50, especificamente quando negue, limite ou afete direitos ou
interesses.
Nessa toada, o art. 48 prescreve que a administração pública tem o
dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrativos
e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.
Continua com o art. 49 prevendo que, concluída instrução de processo
administrativo, a Administração tem o prazo de até 30 dias para
decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.
É pertinente transcrever o que a IN 77 que rege os procedimentos
administrativos na impetrada, no tocante a decisão administrativa.
Vejamos o que dispõe o art. 691 da referida IN:
Art. 691. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão
nos processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações em
matéria de sua competência, nos termos do art. 48 da Lei n° 9.784, de
29 de janeiro de 1999.
 § 1º  A decisão administrativa, em qualquer hipótese, deverá conter
despacho sucinto do objeto do requerimento administrativo,
fundamentação com análise das provas constantes nos autos, bem
como conclusão deferindo ou indeferindo o pedido formulado, sendo
insuficiente a mera justificativa do indeferimento constante no sistema
corporativo da Previdência Social.
§ 2º A motivação deve ser clara e coerente, indicando quais os
requisitos legais que foram ou não atendidos, podendo fundamentar-
se em decisões anteriores, bem como notas técnicas e pareceres do
órgão consultivo competente, os quais serão parte integrante do ato
decisório.
§ 3º Todos os requisitos legais necessários à análise do requerimento
devem ser apreciados no momento da decisão, registrando- se no
processo administrativo a avaliação individualizada de cada requisito
legal.
§ 4º Concluída a instrução do processo administrativo, a Unidade de
Atendimento do INSS tem o prazo de até trinta dias para decidir,
salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.
§ 5º Para fins do § 4º deste artigo, considera-se concluída a instrução
do processo administrativo quando estiverem cumpridas todas as
exigências, se for o caso, e não houver mais diligências ou provas a
serem produzidas.
 Art. 692. O interessado será comunicado da decisão administrativa
com a exposição dos motivos, a fundamentação legal e o prazo para
interposição de recurso.
Pertinente é a impetração do writ, pois o ato coator se consubstancia
na omissão da autarquia em não exarar decisão quanto ao
requerimento do benefício de nº ... no prazo legal que alude o art. 49
da lei 9.784/99 e do §4º do art. 691 da IN 77 do INSS.
Veja Excelência que o requerimento foi datado em 26/07/2018 com
apresentação de toda documentação pertinente ao benefício de
aposentadoria por idade. Não houve neste interregno, qualquer carta
de exigência, sendo que na verdade dos fatos, a autarquia não se
manifestou em qualquer momento.
Ademais, não contente o impetrante realizou reclamação junto a
ouvidoria da previdência social sendo que até o momento também
não houve retorno.
Ainda, o impetrante realizou protocolos junto a agência, relatando o
ocorrido, cumprindo a exigência e requerendo resposta do processo
administrativo, porém a impetrada quedou-se inerte.
Portanto, a omissão da autarquia fere direito líquido e certo
estampado na lei 9.784/99 e na IN 77 do INSS, de obter da
administração pública, a análise e conclusão de procedimentos
administrativos, bem como o direito à decisão sobre o requerimento
ora mencionado, que é o pedido de concessão de aposentadoria por
idade, benefício de nº ....
Ante o exposto, requer seja concedida a segurança a fim de compelir a
autarquia na análise do requerimento administrativo benefício de
nº ... estipulando prazo para cumprimento da obrigação e fixando
astreintes em caso de descumprimento da medida.
De forma alternativa, caso a autarquia permaneça inerte, requer seja
compelida a implementar o benefício requerido, vez que preenchido
os requisitos do art. 201, §7º, I da CF, ou seja, os 65 anos e 17 anos,
11 meses e 10 dias contribuição (CNIS em anexo), fixando prazo para
cumprimento sob pena de astreintes.

DO FUMUS BONI IURIS


Tem-se como fumus boni iuris, o sinal ou indicio de que o direito
pleiteado de fato existe.
In caso, é comprovado o requerimento e deferimento do benefício
previdenciário junto à impetrada na data de 26/07/2018. Quanto à
omissão, se comprova pela consulta junto ao site da previdência no
qual se mostra o status do benefício de nº ... como CESSADO, consulta
esta feita em 22/07/2019, (conforme extrato situação de beneficio
em anexo).
Assim, demonstrado que a falta de resolução do requerimento
administrativo, fere direito líquido e certo estampado no art. 9.784/99
e na IN 77 do INSS.
DO PERICULUM IN MORA

Outrossim, o perigo na demora se traduz no receio de que a demora


da decisão judicial, cause um dano grave ou de difícil reparação ao
requerente daquele direito pleiteado.
No caso telado, trata-se de benefício de caráter alimentar, isto é,
necessidade de prestação previdenciária para manutenção do
sustento do segurado e sua familia, sendo que, a demora, poderá
causar prejuízo de difícil reparação ao jurisdicionado.

DOS REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer o impetrante:

a) Seja deferida a medida liminar, antes da oitiva do INSS, ou após


transcorrido o prazo de manifestação, determinando-se o
cumprimento da obrigação de analisar e informar a decisão sobre o
requerimento do benefício de nº ..., fixando prazo e multa em caso de
descumprimento da medida;

b) A concessão do benefício da justiça gratuita em virtude do


impetrante não poder arcar com o pagamento das custas processuais
e honorários advocatícios sem prejuízo do seu sustento ou de sua
família, condição que expressamente declara, na forma do art. 4º da
Lei n.º 1.060/50;

c) A notificação da autoridade coatora para que preste as informações


que entender necessárias, bem como a notificação do Órgão ao qual a
autoridade se encontra vinculada, qual seja, Instituto Nacional do
Seguro Social, para que tome ciência das negativas ora questionadas;

d) A procedência do pedido, com a concessão da Segurança, para fins


de impor ao INSS a obrigação de analisar e decidir sobre o benefício
de nº ... no prazo a ser assinalado pelo juízo, fixando-se penalidade de
multa para em caso de descumprimento de obrigação;

e)A intimação do MPF para que se manifeste nos presentes autos.

Dá-se a causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Termos em que
Pede deferimento
Rio de janeiro, ... de julho de 20...

BARBOSA
OAB/ RJ

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