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As disponibilidades hídricas

Precipitação: fator condicionante das disponibilidades hídricas


Portugal tem recursos hídricos consideráveis:
→ quer ​superficiais​- rios, lagos, lagoas e albufeiras;
→ que ​subterrâneos​- nascentes e lençóis de água;
A ​irregularidade de precipitação e o desfasamento entre a época de maior
abundância de água e a de maior consumo são condicionantes das disponibilidades
hídricas. Devido a esta irregularidade, o nosso país pode ter tanto períodos de
chuva tão intensa que origina inundações tanto períodos de seca, geralmente no
verão.
As águas superficiais

A rede hidrográfica
Os rios constituem importantes fonte de água utilizável,
em Portugal. A rede hidrográfica (conjunto e um rio com
os seus afluentes) é mais densa no norte e, embora o
caudal dos rios seja irregular em todo o país, no sul
acentua-se esta irregularidade.
Dos rios portugueses, destacam-se:
● o ​Minho​, o ​Lima​, o ​Douro​, o ​Tejo e o ​Guadiana
que nascem em Espanha;
● o ​Cávado​, o ​Vouga​, o ​Mondego e o ​Sado que
nascem em território nacional;
→ A maioria dos rios escoam no oceano Atlântico, no sentido nordeste- sudoeste,
seguindo a inclinação do relevo. Todavia, alguns têm sentido de escoamento
diferente, como o Guadiana, que escoa de norte para sul;

Ao longo do seu percurso, os rios atravessam áreas diferentes no que respeita:


→ à ​altitude​; → às ​formas de relevo​; → e ao ​grau de dureza das rochas​;
Características que exercem influência :
→ no seu perfil ​longitudinal​- linha que une vários pontos do fundo do leito de um
rio, desde a nascente até à foz;
→ no seu perfil ​transversal​- geralmente designado por vale e apresenta-se
diferente desde a nascente até à foz;
● No curso superior, o vale é mais estreito e fundo (A);
● No curso médio, alarga-se e torna-se menos profundo (B);
● No curso final é um vale aberto, geralmente uma planície (C) ;
● Na ​regiões autónomas ​os cursos de água são poucos extensos, designados
por ribeiras. Devido ao clima acentuado as ribeiras apresentam:
- um ​perfil longitudinal​ com declive acentuado;
- na sua maioria, os vales são encaixados, em forma de V;
- os grandes desníveis levam à formação de numerosas cascatas;
​As principais bacias hidrográficas

→ ​Bacias hidrográficas​- superfícies onde todas as


águas escoam numa sequência de ribeiros, rios,
desembocando em uma única foz;
→ A bacia do Mondego é a maior bacia hidrográfica
nacional;
→ As bacias mais extensas são internacionais,
constituindo as bacias luso-espanholas;

→ Nas bacias internacionais, as


disponibilidades hídricas têm
uma forte dependência face a
Espanha, embora em território
espanhol o escoamento anual médio seja inferior ao de Portugal Continental.
Escoamento anual médio: parte de água da precipitação que , em média, escorre à
superfície ou em canais subterrâneos.
→ Em Portugal Continental, o escoamento anual médio é de 385 mm/ano
(equivalente a 30kmз).
Balanço hídrico: ​distribuição da
precipitação pela evaporação e pelo
escoamento superficial e subterrâneo.
→ No balanço hídrico o escoamento
corresponde a um pouco mais de um terço
da precipitação que ocorre sobre sobre o
território do continente.
→ O escoamento anual médio diminuiu, de
modo geral, de norte para sul,
evidenciando os contrastes na distribuição espacial da precipitação e nas
características de rede hidrográfica.

Nas ​Regiões Autónomas​, as bacias hidrográficas, apesar de serem em grande


número, são de dimensão bastante reduzida.
Na ilha da ​Madeira​:
● a vertente norte, mais chuvosa, tem mais cursos de água, com escoamento
durante todo o ano, o mesmo não acontece na vertente sul;
Na ilha dos ​Açores​:
● a maioria dos cursos de água são temporários;
● dada a extensão reduzida das ilhas, as respetivas bacias hidrográficas são
também pequenas;
Variação do caudal dos rios
As disponibilidades hídricas das bacias
hidrográficas portuguesas são
fortemente influenciadas pela
irregularidade temporal e espacial da
precipitação ​que confere ao
escoamento uma acentuada
sazonalidade​. Tanto a precipitação
tanto o escoamento são mais
acentuados a norte de Portugal, com
destaque do ​Minho​.

Tal como acontece com a precipitação, o


escoamento apresenta também uma
grande irregularidade interanual. A
acentuada variação da precipitação e do
escoamento influencia o caudal dos rios.
Nas ​regiões autónomas​, a variação sazonal é menos acentuada nos Açores mas
grande parte dos cursos de água tem uma grande parte dos cursos de água tem um
regime temporário e torrencial​.
Quando ocorrem precipitações intensas, os caudais das ribeiras atingem
frequentemente volumes elevados provocando cheias rápidas, devido ao declive e à
pequena dimensão das bacias hidrográficas, que reduzem o ​tempo de
concentração ​(tempo que as ribeiras levam a escoar toda a água das chuvas).

A ação humana pode influenciar o regime dos rios como acontece com a construção
de barragens: que contribui para regularizar os caudais, retendo a água nas
albufeiras e evitando muitas cheias, na época de maior precipitação e permitindo
manter um escoamento mínimo na época estival.
A ação humana nas bacias hidrográficas pode contribuir para agravar o efeito das
cheias:
→ pela obstrução de linhas de água;
→ com a ocupação de leitos de cheia;
→ devido à impermeabilização dos solos, que impede a infiltração da água e
aumenta a escorrência superficial;
→ à desflorestação que deixa os solos desprotegidos;

Lagos, lagoas…
Além dos cursos de água, há outros reservatórios naturais de água doce ou salobra
(mistura de água doce e salgada), que constituem importantes reservas hídricas.
→ uns são os ​lagos​ (de maior dimensão) , que não existem em Portugal;
→ os outros são as ​lagoas (de menor dimensão), correspondendo a depressões de
pouca profundidade onde a água se acumula. Tendo em conta o processo de
formação, pode haver vários tipos de lagoas.
…e albufeiras
A construção de barragens tem ​permitido minimizar os problemas de escassez e
a irregularidade dos recursos hídricos ​potencialmente disponíveis, através do
armazenamento de água em albufeiras (reservatórios de água doce construídos
pelo ser humano).
As características do relevo e da rede hidrográfica, com caudais mais abundantes,
justificam a existência de mais barragens no ​norte e ​centro do país, onde há
melhores condições para a sua utilização e para a ​produção de energia​.
A bacia do Guadiana é aquela que constitui o maior armazenamento seguida da
bacia do Tejo.
No ​sul do país​, onde o período estival é mais acentuado, as albufeiras são
essenciais para uma melhor gestão da água, nomeadamente no que se refere às
reservas para os usos ​domésticos e agrícola​.

As águas subterrâneas
Os aquíferos
Uma parte da água da precipitação infiltra-se nos solos, alimentando as reservas de
água subterrânea.
A precipitação é a principal fonte de abastecimento das ​toalhas freáticas (​lençóis de
água subterrânea que circulam ou se acumulam em aquíferos​).
A existência de ​aquíferos (​formações geológicas permeáveis cujo limite inferior e,
por vezes, também o superior, é constituído por rochas impermeáveis​) depende da
sua formação geológica.
A maior ou menor permeabilidade das rochas condiciona a infiltração da água e a
sua acumulação subterrânea:
● as formações rochosas de xisto, granito e basalto são pouco permeáveis e
dificultam a infiltração da água e a formação de aquíferos importantes;
● as ​rochas sedimentares de origem detrítica​, como os arenitos e areias, são
bastante permeáveis, permitindo a infiltração da água e a formação de
aquíferos;
● as ​rochas sedimentares de natureza calcária ou cársica têm calcite na sua
composição, substância que se dissolve na água por ação do ácido
carbónico, provocando a abertura de fendas e fissuras por onde a água se
infiltra. Origina-se, assim, um sistema de escoamento subterrâneo
denominado toalha cársica- toalha freática em áreas de formações
geológicas de natureza calcária.
Os aquíferos porosos são os que apresentam uma maior ​produtividade média​.
Produtividade aquífera: quantidade de água que é possível extrair
continuamente de um aquíferos, em condições normais, sem afetar a reserva e
a qualidade da água.
Em Portugal, existem quatro unidades
hidrogeológicas cujas características
geológicas influenciam as
disponibilidades hídricas que são
maiores onde as formações rochosas
são mais permeáveis e porosas.

● No ​maciço Hespérico​, dominam os xistos e granitos, o que explica as


menores disponibilidades hídricas.
● Nas ​orlas sedimentares ocidental e meridional, predominam as rochas
sedimentares detríticas e calcárias que permitem a existência de aquíferos
porosos e cársicos, o que se reflete numa elevada disponibilidade hídrica.
● Nas ​bacias sedimentares do Tejo e Sado​, constituídas principalmente por
formações sedimentares detríticas, formaram-se aquíferos porosos que
correspondem ao mais extenso sistema aquífero da península Ibérica e à
mais importante unidade hidrogeológica do país.
A utilização das águas subterrâneas
Os aquíferos são importantes reservatórios subterrâneos de água, apresentando
vantagens​ relativamente aos reservatórios superficiais:
→ uma vez que não exigem especiais tratamentos da água;
→ não há perdas por evaporação;
→ a sua dimensão não se reduz por efeito da deposição de sedimentos;
→ além de não exigirem custos de conservação;
● As águas subterrâneas são uma fonte muito importante no ​abastecimento de
água às populações​, sendo o principal recursos hídrico utilizado para esse
efeito no arquipélago dos Açores.
● Em Portugal Continental tem-se registado uma ​diminuição progressiva da
captação de água subterrânea para abastecimento público o que está
associado à criação de albufeiras pela construção de mais barragens.
Contudo, há ainda várias regiões do território, em áreas densamente
povoadas, que dependem fortemente dos aquíferos para o abastecimento da
sua população.

● A manutenção das reservas e da qualidade da água dos aquíferos é, assim,


muito importante e depende quer das ​recargas naturais​- água infiltrada que,
escoando verticalmente, atinge a superfície freática-, quer da ​intensidade da
exploração​ e dos cuidados com a sua ​preservação​.
● A vulnerabilidade dos aquíferos à contaminação é tanto maior quanto maior
for a permeabilidade das formações rochosas. A localização dos aquíferos
mais vulneráveis em áreas densamente povoadas ou de agricultura intensiva
acentua os riscos de deterioração.
● As ​crescentes necessidades de consumo de água exigem que ela seja
procurada, captada e canalizada de áreas cada vez mais distantes.
● Porém, quando os aquíferos são explorados acima da sua capacidade de
renovação a deterioração pode ser irreversível, o que torna prioritária a sua
gestão sustentável​.

As águas termais e minerais


A composição das águas subterrâneas variam
de acordo com a área de formação, podendo
encontrar-se água com qualidades minerais
diferentes, as ​águas minerais​.
Outras, para além do teor em minerais,
contêm gás carbónico e são mais quentes, as
águas termais​:
→ a exploração destas águas é feita com fins
medicinais;
→ mas tem também uma componente
turística (​turismo termal​).

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