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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

INSTITUTO DE FÍSICA
DISCIPLINA: FÍSICA 2 EXPERIMENTAL TURMA H
1º SEMESTRE 2018

RELATÓRIO DO 6° EXPERIMENTO

DATA DE REALIZAÇÃO: 9/5/2018

GRUPO: 10

ALUNOS: AUGUSTO MIRANDA DE SOUZA XAVIER – 17/0137643


CAIO CÉSAR ABREU BÍLIO – 17/0161692
CAIO RODRIGUES AYRES DE LACERDA – 17/0101029
RICARDO NUNES DE MIRANDA – 17/0131866

Título: LEI DO RESFRIAMENTO DE NEWTON

1. Objetivos
Analisar o modo como corpos atingem o equilíbrio térmico em um banho térmico,
determinando, por meio de análise gráfica, as constantes de resfriamento do corpo para
diversas situações de acordo com a lei do resfriamento de Newton e sua descrição
matemática.

2. Introdução
Um corpo possui determinada temperatura devido ao nível de agitação translacional
das partículas que o compõem. Assim, quando há discrepâncias de temperatura entre e o
corpo e o ambiente no qual está imerso, há trocas de calor, ou seja, há energia térmica em
trânsito, para se alcançar o equilíbrio térmico.¹
Em um banho térmico, o equilíbrio ocorre quando os corpos têm temperaturas finais
iguais, as quais são diferentes da temperatura inicial. O banho térmico, por sua vez, é a
situação restrita em que um corpo tem extensão suficientemente maior que a do outro corpo
para que transferências de calor em qualquer ordem não modifique sua temperatura.
Mais especificamente, quando a temperatura do corpo é ligeiramente maior do que a
temperatura do ambiente em que está imerso, há o fenômeno de resfriamento, o qual é
descrito satisfatoriamente pela lei de resfriamento de Newton.
A lei de resfriamento de Newton anuncia que a taxa de resfriamento é proporcional à
diferença de temperatura entre o sistema e o meio no qual está imerso. Assim, quando se
considera a temperatura do objeto como sendo igual à variável T e a temperatura ambiente
como sendo Ta, a taxa de variação instantânea de resfriamento do objeto em função do tempo
é dada pela equação (1), em que b é o coeficiente de transferência térmica entre o ambiente
e o meio – o qual é diretamente proporcional à área de contato entre o objeto e o meio e a
condutividade térmica do material e inversamente proporcional à distância entre o objeto e o
meio externo e calor específico do objeto – e o sinal negativo indica que a taxa de
resfriamento é decrescente, isto é, decai com o tempo.
(1)
A partir da equação (1), que é uma equação diferencial ordinária, pode-se obter a
equação (2), que indica a variação de temperatura do objeto em função do tempo, em que To
indica a temperatura inicial do corpo.
(2)
Dessa forma, o experimento consiste em testar e avaliar a validade da equação (2) em
variadas situações controladas.

3. Materiais
Os materiais utilizados nos experimentos são: béquer de 80 mL; termômetro com
sensor termopar envolvido em um cilindro de nylon; sistema de captação e processamento de
dados DrDaq, com uma placa, um software e um computador; cuba com aquecedor e sistema
de circulação de água; e gelo.

4. Procedimentos
Na primeira parte do experimento, estuda-se a constante de resfriamento do
termômetro em função condutividade térmica do ambiente, que, na prática, é a água e o ar.
Então, inicialmente, mede-se o coeficiente de transferência térmica do termômetro na
água. Para tanto, é necessário preparar uma cuba com água à temperatura de por volta 70ºC e
um béquer de 80 mL preenchido com água e gelo. Em seguida, insere-se o sensor termopar na
cuba, a aguardar até que haja equilíbrio térmico. Uma vez atingido o equilíbrio térmico,
inicia-se a aquisição e processamento de dados por meio do DrDaq e transfere-se o sensor
para o béquer com água e gelo, de tal forma que o software utilizado insere os dados
experimentais no programa gráfico Grace, que permite o ajuste da curva , a qual fornecerá o
coeficiente de transferência térmica, de acordo com os parâmetros indicados pela equação (2).
Dessa forma, repete-se a aquisição e processamento de dados, mas, ao invés da água
com gelo, permite-se o resfriamento do sensor quando exposto ao ar, após aquecimento de
aproximadamente 70ºC na cuba com água. Com as informações experimentais, realiza-se o
ajuste da curva novamente, a utilizar os parâmetros fornecidos pela equação (2).
A segunda parte do experimento consiste no estudo da constante de resfriamento em
função da agitação da água. Para tanto, utiliza-se os dados obtidos na primeira parte do
experimento, quando o ambiente de resfriamento é a água com gelo parada, a fim de comparar
com a aquisição e processamento de dados para a situação em que o sensor é resfriado, a
partir do aquecimento de cerca de 70º C em uma cuba com água, em água com gelo sendo
agitada em um béquer com o próprio sensor.
Por fim, a terceira parte do experimento baseia-se em estudar a constante do
resfriamento do sensor em relação à diferença inicial de temperatura entre o corpo e o
ambiente. Para isso, utiliza-se os dados obtidos na primeira parte do experimento, quando o
ambiente de resfriamento é a água com gelo. Além disso, é necessário preparar um béquer
com metade preenchida de água e gelo e outra metade preenchida com água da torneira, com
a intenção de resfriar o sensor aquecido até cerca de 70ºC em uma cuba para determinar o
ajuste dos dados adquiridos e processador por meio do software DrDaq e obter o coeficiente
de transferência térmica do sensor nessas condições. Ademais, prepara-se também outro
sistema em que o béquer é preenchido totalmente com água da torneira, com o propósito de
resfriar o sensor aquecido até cerca de 70ºC na cuba, a fim de obter o ajuste dos dados
adquiridos e processados por intermédio do programa computacional e, por consequência, a
constante do sensor nesse contexto.

5. Resultados e análises
A primeira parte da prática experimental, conforme ordenado nos procedimentos,
consiste em colocar o sensor na cuba a 70º C, até atingir o equilíbrio térmico, inicia-se o
processamento de dados, e transfere-se o sensor para o béquer com água e gelo. Com os
dados experimentais coletados pelo DrDaq, realiza-se o ajuste destes no Grace, gerando o

gráfico 1.
Gráfico 1: Temperatura em função do tempo para a situação em que o corpo é transferido da água
quente para o béquer com gelo.

Nesse sentido, pode ser feita a análise gráfica dos resultado obtido, uma vez que se
tem conhecimento da função que descreve a curva e os parâmetros que a interferem, de
acordo com a equação (2). Dessa forma, realiza-se o ajuste da curva no software Grace por
meio da equação (3), em que cada parâmetro ai pode ser comparado com a equação, de tal
forma que obtém-se o seguinte: a0 = Ta , a1 = T0 , a2 = b = 1/τ, e a3 é o momento onde
começa efetivamente o resfriamento do sensor.

y = a0 + (a1 − a0) ∗exp(−a2 ∗ (x − a3)) (3)


O y da função descrita pela equação (3) fornece a temperatura do detectada pelo sensor
em um determinado instante t – representado pelo eixo das abscissas. De modo mais conciso,
a equação (3) representa um decaimento exponencial da temperatura conforme o passar do
tempo, até o sensor entrar em equilíbrio térmico com o béquer de gelo, que, de acordo com
gráfico 1, encontra-se em uma temperatura entre 0º C e 10º C. A temperatura ambiente
Ta=a0=5,828 – em graus Celsius – fornecida pelo gráfico possui valor próximo da
temperatura do gelo – 0º C. Além disso, é fundamental analisar que a temperatura inicial do
sensor definida pelo regressão linear é To=a1= 58,412º C é menor do que a temperatura da
água aquecida na cuba – 70º C – , pois a regressão linear é feita a partir do instante
t=a3=11,679 – em segundos–, que experimentalmente é o momento escolhido a partir do qual
realmente ocorre o decaimento exponencial descrito pelo ajuste do gráfico 1. Ademais , o
gráfico fornece a constante b=a2=0,037, a qual é o coeficiente de transferência entre o
ambiente e o meio responsável por descrever o quão rápido o que o decaimento exponencial
da temperatura ocorre, isto é, a velocidade do resfriamento do corpo.
Em seguida, como explicitado nos procedimentos, coloca-se novamente o sensor no
ambiente com água quente até este atingir o equilíbrio térmico. Feito isso, repete-se o
procedimento de iniciação de coleta de dados e retira-se o sensor da água a aproximadamente
70º C, deixando-o exposto ao ar, até a coleta de dados acabar, a qual dura 150 s. Tangente a
isso, o software utilizado insere os dados experimentais no Grace, em que se realiza o ajuste
para gerar o gráfico (2), utilizando a equação (3) novamente.

Gráfico 2: Temperatura em função do tempo para a situação em que o corpo é transferido da água
quente para o ar.
Dessa forma, analisando-se o gráfico 2 e a função que descreve sua regressão, pode-se
notar que temperatura ambiente Ta = 34,432 – em ºC – se próxima da temperatura do ar –
aproximadamente 26º C –, em que o aumento de 14,432º C do valor medido em relação ao
valor real se deve ao fato de o sensor térmico ainda estar em processo de resfriamento ao fim
da obtenção de dados de 150 segundos. Além disso, a temperatura inicial do sensor definida
pelo regressão do gráfico 2 é To=a1= 61,830º C, que é menor do que a temperatura da água
aquecida na cuba – 70º C – , pois a regressão é feita a partir do instante t=a3=19,076 – em
segundos –, que experimentalmente é o momento escolhido a partir do qual realmente ocorre
o decaimento exponencial descrito pelo ajuste do gráfico 2, em que o termo b=a2=0,018
explicita a velocidade em que o decaimento exponencial da temperatura durante o
resfriamento nas condições expostas ocorre.
Sendo assim, comparam-se os termos b=a2 dos gráficos 1 e 2, de forma que certas
diferenças na velocidade de decaimento exponencial da temperatura nas duas condições
experimentais se destacam. O gráfico 1, em que o ambiente de resfriamento do sensor é a
água, possui b=a2=0,037, enquanto o gráfico 2 possui b=a2=0,018, ou seja, a constante de
resfriamento do sensor na água é maior que a constante de resfriamento do sensor no ar. Esse
fato é plausível, tendo em vista que a condutividade térmica da água é maior que a do ar – que
é um bom isolante térmico –, ou seja, a transferência de calor é maior na água do que no ar, de
modo que o decaimento de temperatura é menor no ar quando comparado com o decaimento
de temperatura na água.
Na segunda parte da prática, como exposto, utilizam-se os dados experimentais
expostos no gráfico 1 para comparar com a situação em que há transferência de energia entre
sensor e o ambiente com gelo e água, em que o próprio sensor é utilizado para agitar o
ambiente no qual se encontra. Os dados experimentais obtidos pelo DrDaq são utilizados no
Grace para gerar uma regressão linear, que resulta no gráfico 3, de acordo com a equação (3).

Gráfico 3: Temperatura em função do tempo para a situação em que o corpo é transferido da água quente para
água com gelo, com o ambiente sendo agitado pelo próprio corpo.
De acordo com o gráfico 3 e a função gerada pelo ajuste, a constante de resfriamento
b=a2=0,046. Comparando esse valor com a constante de resfriamento da situação descrita
pelo gráfico 1 – b=a2=0,037 –, conclui-se que o corpo se resfria mais rapidamente na
situação descrita pelo gráfico 3. No entanto, os dois corpos estão no mesmo ambiente que é a
água com gelo, de tal forma que a única condição discrepante é a ausência ou não da agitação.
Na situação que resulta no resfriamento descrito pelo gráfico 1, não há agitação, de tal forma
que a água circundante ao corpo se aquece, a fim de resfriar o corpo e atingir o equilíbrio
térmico, o que resulta em um resfriamento mais lento, uma vez que a água aquecida deve
também se resfriar para poder resfriar o corpo. Assim, no resfriamento descrito pelo gráfico 3,
em que há agitação do ambiente, a água circundante ao corpo que se aquece é logo substituída
por uma água com temperatura menor que resfria o corpo com mais eficiência, dado que a
constante mobilidade do meio externo faz com que sempre haja água com temperatura menor
em relação ao momento imediatamente anterior em uma situação de resfriamento, em que o
próprio corpo agita o ambiente no qual se encontra.
Então, pode-se dizer que a agitação na água faz com que a constante de resfriamento
seja maior, de tal forma que o corpo se resfria mais rapidamente para atingir o equilíbrio
térmico e a temperatura decai exponencialmente mais rápido em função do tempo, como
ilustra o gráfico 3, quando comparado ao gráfico 1.
Por fim, na terceira parte do experimento, como redigido nos procedimentos, utilizam-
se os dados experimentais evidenciados no gráfico 1 para comparar com outras duas
situações: quando o sensor é resfriado em um ambiente, que consiste em um béquer com
metade de água com gelo e a outra metade com água da torneira; e quando o sensor é
resfriado em um ambiente preparado com um béquer totalmente preenchido com água da
torneira, em que a temperatura é sutilmente menor do que a do ambiente constituído com água
com gelo e água da torneira.
Então, coletam-se os dados experimentais para o resfriamento do sensor no ambiente
formado por água com gelo por meio do DrDaq e obtém-se o gráfico 4 por meio do ajuste
realizado no Grace em consonância com a equação (3).

Gráfico 4: Temperatura em função do tempo para a situação em que o corpo é transferido da água quente para
ambiente preenchido metade de água com gelo e outra metade de água da torneira.
A análise dos parâmetros oferecidos pelo gráfico 4 seguem a mesma tendência dos
anteriores, com exceção da temperatura ambiente Ta e do coeficiente de transferência térmica
b. A temperatura ambiente Ta = 6,627º C obtida é logicamente menor do que na situação onde
o sensor foi colocado em exposição ao ar – 34,432º C – e levemente superior a situação na
qual o sensor foi colocado em um béquer com somente água e gelo – 5,828º C. A retirada de
parte da água com gelo e o acréscimo da água da torneira fornece um determinado aumento
da temperatura no béquer.
Nessa conjuntura, é possível perceber que o valor obtido para a constante de
transferência térmica b=0,033490 para a situação descrita pelo gráfico 4 é razoavelmente
menor do que o obtido na situação descrita pelo gráfico 1, em que o sensor foi imerso no
ambiente com água e gelo – b=0,037. Dessa forma, a velocidade com que o corpo se resfria é
maior quando a diferença de temperatura inicial entre o corpo e o ambiente é maior. Como a
única diferença entre as duas situações é justamente a temperatura inicial do ambiente em que
o sensor é resfriado, pode-se dizer que a diferença inicial entre as temperaturas do corpo e do
ambiente influencia, em parte, a constante de resfriamento do corpo.
Ademais, coletam-se os dados experimentais para o resfriamento do sensor no
ambiente formado somente pela água da torneira, ao invés de água da torneira com água e
gelo – em que a temperatura do ambiente é menor do que as situações descrita pelo gráfico 1
e pelo gráfico 4 – por meio do DrDaq e obtém-se o gráfico 5 com auxílio do ajuste realizado
pela ferramenta computacional Grace em consonância com a equação (3).

Gráfico 5: Temperatura em função do tempo para a situação em que o corpo é transferido da água quente para
ambiente com somente água da torneira.

De acordo com o gráfico 5 e a função gerada pelo ajuste, a constante de resfriamento


b=a2=0,0338606. Comparando-se esse valor com o valor obtido na situação descrita pelo
gráfico 1, em que o sensor foi imerso no ambiente com água e gelo – b=0,037, percebe-se que
o valor obtido no gráfico 5 é menor do que o obtido no gráfico 4, de tal forma que permite
dizer que a diferença inicial entre as temperaturas do corpo com o ambiente influencia em
pequenas proporções a constante de resfriamento do corpo. Por outro lado, o coeficiente de
transferência térmica reduziu quase insignificativamente, não proporcionando uma variação
relevante do decaimento exponencial da temperatura, de forma que a substituição do ambiente
com metade de água com gelo e a outra metade de água da torneira para um ambiente com
somente água da torneira não propiciaram uma relevante variação de temperatura final
captada pelo sensor nas duas situações.
Portanto, a constante de resfriamento do corpo é afetada pela diferença inicial entre as
temperaturas do corpo e do ambiente. Esse fato foi confirmado pela comparação dos valores
de b obtidos por meio situações descritas pelos gráficos 4 e 5 com o valor gerado pela
situação descrita pelo gráfico 1.

6. Conclusão
O objetivo do experimento centra-se em analisar as diversas formas nas quais um
corpo entra em equilíbrio.
Para tanto, testa-se a equação (2) em diversas situações, a fim de determinar como a
constante de resfriamento b – que define o quão rápido ocorre o decaimento da temperatura de
um corpo que se resfria imerso em um ambiente para atingir o equilíbrio térmico– varia.
Com isso, é possível concluir que a constante de resfriamento b depende das
características do meio, já que um corpo se resfria mais lentamente no ar – que é um bom
isolante térmico – quando comparado com a água – que é um bom condutor térmico–, da
mobilidade do meio ambiente externo em relação ao objeto, tendo em vista que o corpo se
resfria mais rapidamente quando há agitação do ambiente com o corpo do que quando ambos
estão parado e também da diferença inicial de temperatura entre o corpo e o ambiente, pois a
velocidade com que o corpo se resfria é maior quando a diferença de temperatura inicial entre
o corpo e o ambiente é maior.
Sendo assim, o experimento é útil para esclarecer conceitos úteis da termodinâmica
básica, que envolvem temperatura, calor – energia térmica em trânsito – e equilíbrio térmico.

7. Referências Bibliográficas

1
YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Física II – Termodinâmica e ondas. 12ª Edição.
São Paulo, Pearson Addison Wesley, 2008.

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