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para habitação
Guia prático para
inquilinos e senhorios
ÍNDICE GERAL
A ÍNDICE REMISSIVO
Impressão: Agir
Rua Particular, Edifício Agir
Quinta de Santa Rosa
2680-458 CAMARATE
deco.proteste.pt/guiaspraticos
Arrendamento
para habitação
Guia prático para
inquilinos e senhorios
Prefácio
O arrendamento foi, durante muitas décadas, uma opção pouco atrativa
tanto para senhorios quanto para novos inquilinos. Os primeiros, face ao
congelamento das rendas, anterior a 1974, não tinham grande interesse em
cumprir algumas das suas obrigações, nomeadamente a realização de obras de
conservação dos edifícios. Já quem procurava uma casa para morar, perante
a oferta relativamente reduzida de imóveis para arrendar e a consequente
inflação das rendas, preferia adquirir a sua residência, na grande maioria dos
casos recorrendo ao crédito bancário.
Destas e de outras informações lhe damos conta nesta nova edição, para que,
na posição de senhorio ou de inquilino, conheça os seus direitos e obrigações.
Mas tenha em conta que, como em muitas outras áreas, é necessário estar
atento a alterações legislativas que venham a ocorrer. E, no arrendamento,
as novidades são frequentes.
A
Índice
Introdução Resolução de litígios 49
Julgados de paz 49
As mudanças legislativas 10 Apoio de associações 52
Balcão Nacional do Arrendamento 52
A quem interessa arrendar? 11 Tribunais 53
Uma questão de tempo… 12 Injunção no arrendamento 53
… e de dinheiro 12
A estabilidade da residência 15
O aspeto familiar 16 CAPÍTULO 2
Obras
Subarrendamento 100
CAPÍTULO 6
Hospedagem 101 Subsídios e programas
de apoio
Introdução
A Arrendamento para habitação
As mudanças legislativas
Numa primeira tentativa de corrigir os problemas existentes, em 27 de
fevereiro de 2006 foi publicado o Novo Regime do Arrendamento Urbano
(NRAU). Esta lei impunha a atualização das rendas de imóveis que tivessem
um mínimo de condições de habitabilidade, em função das regras para
apuramento do valor patrimonial. Nesse sentido, exigia dos senhorios a
realização de obras, garantindo-lhes a atualização das rendas. Finalmente,
10
A Introdução
Novas alterações ao NRAU surgiram em 2014, uma das quais relativa ao pro-
cedimento especial de despejo. Este só pode ser acionado quando o imposto
do selo pela celebração do contrato de arrendamento tiver sido pago ou as
rendas tiverem sido declaradas em sede de IRS ou de IRC.
11
A Arrendamento para habitação
Caso seja proprietário de uma habitação que não utiliza, vale a pena con-
siderar as alternativas para a rentabilizar. Colocá-la no mercado de arren-
damento é uma possibilidade, mas não sem antes avaliar os custos ineren-
tes ao imóvel e as obrigações, legais e outras, enquanto senhorio. Depois,
importa comparar as despesas com o valor das rendas a cobrar, tendo em
conta a área do imóvel e a sua localização. Considere o valor das rendas
líquidas de imposto e calcule a rentabilidade. Se o imóvel se situar numa
área turística, avalie também a possibilidade de o colocar em regime de
alojamento local. Por último, pode sempre aproveitar uma valorização do
mercado e vender.
… e de dinheiro
Os custos envolvidos são diversos, mas relativamente simples de quan-
tificar. Neste domínio, a melhor opção dependerá, sobretudo, da quan-
tidade de imóveis existente na zona pretendida e de os proprietários
optarem preferencialmente por vender ou arrendar (veja um exem-
plo no quadro Arrendamento ou propriedade: qual é mais vantajoso?,
na página seguinte). Admitindo que o montante da renda não difere
muito, em média, da prestação paga por um crédito à habitação, resta
12
A Introdução
13
A Arrendamento para habitação
saber qual o valor dos encargos adicionais. Ora, ser proprietário acarreta
um significativo acréscimo, principalmente na fase inicial. Vejamos:
— os custos associados à formalização do contrato, nomeadamente os
relacionados com a compra e venda, como os registos;
— recorrendo ao crédito, conte com as comissões iniciais do processo de
financiamento, além da entrada inicial, já que os bancos não financiam
mais de 90% do valor do imóvel. Se houver hipoteca, adicione ainda os
emolumentos para o registo predial;
— a propriedade implica o pagamento do Imposto Municipal sobre Tran-
sações onerosas de imóveis (IMT), antes da formalização da compra,
assim como Imposto do Selo (IS) sobre a aquisição e o crédito conce-
dido. Anualmente, há ainda a pagar o Imposto Municipal sobre Imó-
veis (IMI), depois do eventual período de isenção. As taxas municipais
estão, em regra, associadas ao consumo de água, pelo que, na maioria
dos casos, são suportadas por quem consome, quer se trate do inquilino
ou do proprietário;
— existem, ainda, outras despesas obrigatórias, como as comissões ban-
cárias periódicas (manutenção de conta e processamento da pres-
tação, por exemplo) e os seguros de vida e multirriscos-habitação
(ou, no mínimo, de incêndio). Ambos são exigidos pelos bancos como
contrapartida do empréstimo. O multirriscos-habitação continua a ser
recomendável, mesmo depois da liquidação do crédito (ainda que só o
de incêndio seja obrigatório e apenas no caso dos condomínios). Quem
optar pela propriedade horizontal deverá contar igualmente com as
despesas do condomínio;
— finalmente, as obras de conservação do imóvel, no geral, correm por
conta do proprietário.
Duração e evolução
Enquanto o inquilino terá sempre de pagar a renda, quem compra o imóvel
paga-o de imediato ou, se recorrer ao crédito, amortiza-o ao longo de um
período determinado. Contudo, optando por prazos de empréstimo muito
alargados (podem chegar aos 50 anos) acaba por também ter de fazer face
14
A Introdução
Valorização do imóvel
Claro que, para quem vê a aquisição como uma forma de investimento,
a propriedade poderá ter uma vertente de valorização que não existe no
arrendamento. Durante várias décadas, o valor dos imóveis conheceu um
crescimento significativo. Ainda que a tendência seja para a depreciação em
função da idade, há períodos de desvalorização e de valorização mais acen-
tuadas. Já o arrendamento não produz rentabilidades diretas. Ainda assim,
o dinheiro que não é gasto com os encargos associados à propriedade pode
ser canalizado para outro tipo de aplicações. Se a aposta for o imobiliário,
também há fundos de investimento que aplicam neste mercado.
A estabilidade da residência
É outro fator a ter em conta. A propriedade proporciona uma segurança
superior à do arrendamento. Na primeira, e admitindo que são cumpri-
das todas as obrigações inerentes, a decisão de permanecer ou de deixar
a casa é apenas do proprietário. Já o inquilino depende parcialmente do
senhorio. É certo que, nos contratos de duração indeterminada, enquanto
pagar a renda e não quebrar outros deveres legais, não dará motivos para
o contrato terminar. Porém, este pode chegar ao seu termo e também há
situações que permitem ao senhorio pôr fim ao arrendamento mesmo que
o inquilino cumpra todas as obrigações (por exemplo, se necessitar da
casa para sua residência ou dos filhos, ou, ainda, dando um pré-aviso de
5 anos).
15
A Arrendamento para habitação
O aspeto familiar
Normalmente, quem tem filhos encara a aquisição como algo positivo,
do ponto de vista patrimonial, pois, mais tarde, pode deixar-lhes a casa em
herança. Daí que aceite mais prontamente os encargos da compra. Quem
não tem herdeiros poderá avaliar a questão de outra forma. Ainda assim,
a aquisição pode assumir-se como um reforço da segurança, pelo menos a
partir de certa idade, acautelando o acesso a uma habitação sem custos na
reforma, quando os rendimentos são potencialmente mais reduzidos.
16
A
Capítulo 1
Conceitos gerais
e tipos de contrato
A Arrendamento para habitação
18
A Conceitos gerais e tipos de contrato
19
A Arrendamento para habitação
possível separá-las (por exemplo, um escritório que funcione numa das divi-
sões de uma habitação).
20
A Conceitos gerais e tipos de contrato
21
A Arrendamento para habitação
Tipos de contratos
A lei prevê apenas duas modalidades de arrendamento: habitacional e não
habitacional. Na primeira, aquela que nos interessa no âmbito deste livro,
existe, desde logo, um fator de diferenciação: o prazo. Com efeito, alguns
imóveis são arrendados por tempo indeterminado e, noutros, a data em
que o contrato chegará ao fim é conhecida à partida (são os contratos com
prazo certo). Da parte do senhorio, é mais difícil pôr termo aos contratos por
tempo indeterminado destinados à residência habitual do inquilino.
Na prática, um contrato com prazo certo tem um fim previsto, embora seja pos-
sível renová-lo se o senhorio não se opuser expressamente ou o inquilino pre-
tender mantê-lo. Os que têm duração indeterminada prolongam-se por mais ou
menos tempo, em função da vontade do inquilino, do cumprimento das obriga-
ções de cada parte e das possibilidades legais para pôr fim aos contratos. A este
propósito, consulte o capítulo Cessação do contrato, a partir da página 104.
22
A Conceitos gerais e tipos de contrato
Esta modalidade é a ideal para os senhorios que não querem correr o risco
de o arrendamento vir a prolongar-se demasiado, atendendo, por exemplo,
à idade do inquilino e à de quem vive com ele. Será ainda uma boa solução
para quem, a médio prazo, pensa vir a usar a casa para sua residência ou
dos seus descendentes.
Forma do contrato
É obrigatório celebrar os contratos de arrendamento urbano por escrito,
independentemente da sua duração, desde novembro de 2012. Na ausência
de documento escrito, o contrato será nulo a menos que o inquilino prove
23
A Arrendamento para habitação
24
A Conceitos gerais e tipos de contrato
A falta de algum dos elementos referidos não implica que o contrato fique
sem efeito, desde que todas as exigências estejam satisfeitas. Por exem-
plo, mesmo que não seja mencionado o número da licença, o contrato é
válido se a licença existir.
Se o proprietário falecer
Enquanto administrador de uma herança ainda não dividida, o cabeça-
-de-casal deve tomar as diligências necessárias à sua rentabilização, o que
pode passar por cobrar rendas de imóveis que façam parte dos bens (veja
quem é o cabeça-de-casal na caixa da página seguinte). O mesmo é válido
se, por exemplo, tiver de ser movida uma ação de despejo contra um
inquilino que habite numa casa que integre a herança. Naturalmente,
os ganhos daí decorrentes revertem para o património do falecido. Já o
arrendamento de um imóvel terá, na maioria dos casos, de ser feito por
todos os herdeiros.
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A Arrendamento para habitação
26
A Conceitos gerais e tipos de contrato
Mais de um proprietário
Se o imóvel for propriedade de um casal, ambos deverão autorizar o arren-
damento, ou seja, ambos deverão assinar o contrato. Só não será assim se
entre os cônjuges vigorar o regime da separação de bens. Neste caso, basta a
aprovação do que for proprietário. Tratando-se da casa de morada da famí-
lia, é sempre indispensável a autorização de ambos, independentemente do
regime de bens adotado no casamento.
Contratos semelhantes
ao arrendamento
Embora se assemelhem ao arrendamento, estes contratos são regulados
por normas diferentes. Certas situações podem suscitar dúvidas quanto ao
regime a aplicar, pelo que deixamos aqui algumas explicações sobre as suas
características principais.
Comodato
O comodato consiste na cedência de um bem a título gratuito. Como está
implícita a sua restituição, na prática, equivale a um empréstimo. O bem
pode ser móvel (carro, computador, etc.) ou imóvel (casa, terreno, etc.).
No âmbito do presente guia, interessa apenas a última situação.
Este empréstimo pode ser feito verbalmente ou por escrito e não exige a
intervenção de entidades oficiais para o confirmarem. Mas, por vezes,
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A Arrendamento para habitação
Uso do imóvel
Se não for possível determinar o fim a que o imóvel se destina (por exemplo,
por não estar definido no contrato ou por o comodato ter sido efetuado
em circunstâncias pouco claras), a pessoa que o tiver recebido de emprés-
timo (comodatário) pode usá-lo para qualquer objetivo, desde que respeite
a lei e a licença de utilização. Estando o imóvel integrado num condomínio,
também deve cumprir o que estiver estipulado no título constitutivo ou no
respetivo regulamento.
Quem empresta o imóvel não pode impedir ou restringir o seu uso por parte
do comodatário. Mas, ao contrário do que acontece com o arrendamento,
não é obrigado a assegurar-lhe esse uso (por exemplo, está dispensado de
fazer obras para garantir a conservação do imóvel). E, a menos que sejam da
sua responsabilidade, também não responde por eventuais danos na casa.
Apenas se o contrato o previr terá de reparar tais defeitos.
Deveres do comodatário
O comodatário também tem alguns deveres, idênticos aos do inquilino:
— guardar e conservar o imóvel;
— permitir que o proprietário inspecione o local;
— não utilizar a casa para um fim diferente daquele a que se destina;
— fazer uma utilização prudente;
— permitir quaisquer benfeitorias que o proprietário queira fazer;
— não proporcionar o uso a terceiros, exceto se autorizado pelo proprietário;
— avisar imediatamente o proprietário, sempre que tenha conhecimento de
problemas no imóvel ou saiba de algum perigo que o ameace ou, ainda,
que uma terceira pessoa reclama direitos sobre o mesmo;
— restituir o imóvel no final do prazo acordado ou do objetivo a que se des-
tina o empréstimo (por exemplo, término de um curso na universidade).
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A Conceitos gerais e tipos de contrato
Fim do comodato
Quando não é acordado um prazo certo para a restituição da casa, e esta
é emprestada para um fim específico (por exemplo, férias), o comodatário
deverá devolvê-la assim que esse objetivo terminar. Na eventualidade de não
ter sido acordado nenhum prazo nem estabelecido o uso a dar ao imóvel,
o comodatário é obrigado a restituí-lo logo que lhe seja exigido pelo proprietá-
rio. Deve fazê-lo no estado em que o tiver recebido, com a exceção de peque-
nas deteriorações inerentes a uma prudente utilização.
Usufruto
O usufruto é a cedência do uso e fruição de um imóvel a outra pessoa
(usufrutuário), mantendo, no entanto, a respetiva propriedade. A princi-
pal diferença face ao arrendamento é que os direitos do usufrutuário são,
em regra, mais alargados do que os do inquilino. Por exemplo, pode arren-
dar a casa sem autorização do proprietário. O valor legal do usufruto tam-
bém é superior ao do comodato, conferindo mais direitos ao seu detentor.
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A Arrendamento para habitação
Quanto a prazos, este direito pode ter uma duração determinada ou man-
ter-se enquanto o usufrutuário for vivo. Se o beneficiário for uma pes-
soa coletiva (uma sociedade comercial, uma associação, etc.), o prazo
máximo é de 30 anos.
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A Conceitos gerais e tipos de contrato
Fim do usufruto
O usufruto extingue-se nas seguintes circunstâncias, tendo o imóvel de ser
restituído ao proprietário:
— morte do usufrutuário. Se o usufruto não for vitalício, termina no fim do
prazo pelo qual foi concedido;
— aquisição, por parte da pessoa que já tinha o usufruto, da propriedade
do imóvel;
— não ser exercido durante 20 anos, isto é, o imóvel ter ficado abandonado,
independentemente do motivo. Para provar tal situação, é possível, entre
outros, recorrer a testemunhas ou recibos da água e da eletricidade;
— renúncia do usufrutuário ao direito;
— perda total do bem. Este caso é de difícil aplicação a um prédio urbano.
Com efeito, se o prédio ruir, o usufrutuário tem direito a desfrutar do solo
e dos materiais restantes (por exemplo, entulho). Se o proprietário pre-
tender reconstruir o imóvel enquanto durar o usufruto, terá de pagar-lhe
uma compensação.
Uso e habitação
O direito de uso consiste na possibilidade de utilizar um bem pertencente
a um terceiro e beneficiar dos respetivos frutos, na medida das necessida-
des, quer do titular quer da sua família. Por exemplo, o beneficiário pode
usar uma casa ou apenas parte dela, consumir o que o terreno circun-
dante proporcionar, de acordo com as suas necessidades, mas, ao con-
trário do que acontece com o usufruto, já não lhe é permitido vender tais
produtos.
Quando incide sobre uma casa, este benefício designa-se por direito de
habitação. Distingue-se do usufruto, entre outros, pelo facto de existir
um limite para a utilização do imóvel, que depende das necessidades do
beneficiário. O direito de uso e habitação não pode ser transmitido. Este
direito é constituído da mesma forma que o usufruto (com a exceção da
usucapião, que, neste caso, não é possível). Termina nas mesmas circuns-
tâncias e não exige formalidades especiais para o efeito.
Os direitos da pessoa que usa o imóvel são também definidos pelo título
constitutivo (contrato, testamento, etc.). Não tendo sido devidamente
estabelecidos ou sendo insuficientes, consideram-se as seguintes regras:
— as necessidades do morador são fixadas segundo a sua condição social.
Evidentemente, esta regra pode revelar-se bastante polémica, pelo
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A Arrendamento para habitação
Elementos do contrato
Além da identificação das partes e do imóvel, o contrato de constituição do
DHD deve mencionar, entre outros, os seguintes elementos:
— montante da caução e das contrapartidas pagas;
— declaração do morador a aceitar o estado de conservação da habitação;
— morada e, se as partes assim o entenderem, o endereço eletrónico para
todas as comunicações a realizar no âmbito do DHD.
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A Conceitos gerais e tipos de contrato
Obrigações do proprietário
Quando é entregue, a habitação deve ter, pelo menos, um nível de con-
servação médio e estar livre de pessoas, ónus e encargos (hipoteca ou
usufruto, por exemplo). Nesse sentido, o proprietário deve mandar ava-
liar previamente o estado de conservação da habitação, por exemplo, por
um arquiteto ou um engenheiro inscritos na respetiva ordem profissional.
Caução e contrapartidas
Na celebração do contrato, o morador entrega uma caução ao propri-
etário. O valor desta, acordado entre as partes, deve variar entre 10%
e 20% do valor mediano das vendas por m2 de alojamentos familiares,
por freguesia, aplicável em função da localização da habitação e da área
constante da respetiva caderneta predial. O valor mediano é publicado
pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
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A Arrendamento para habitação
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A Conceitos gerais e tipos de contrato
comunicação enviada pelo credor, o qual não pode ser inferior a 60 dias a
contar da receção da comunicação.
Renúncia do morador
O morador pode renunciar ao contrato em qualquer altura. Para o efeito,
basta enviar ao proprietário uma carta registada com aviso de receção e o
reconhecimento presencial da assinatura (por notário ou advogado). Terá
de comunicar essa intenção com, pelo menos, 90 dias de antecedência.
Em caso de renúncia nos primeiros 10 anos de contrato, o proprietário terá
de devolver a caução na totalidade. Depois disso, vai retirando 5% por ano
para si (veja o título Caução e contrapartidas, na página 33), que já não tem
de devolver. O prazo para efetuar a devolução começa a contar na data em
que recebe a comunicação e é de:
— 9 meses, se o saldo for igual ou superior a 60% da caução inicial;
— 6 meses, quando o valor a devolver seja inferior a 60% e superior a 30%
da caução inicial;
— 3 meses, quando o valor for igual ou inferior a 30%.
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A Arrendamento para habitação
Obrigações do senhorio
O senhorio tem duas obrigações básicas: entregar o imóvel ao inquilino e
fazer o necessário para que este possa habitá-lo enquanto durar o contrato.
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A Conceitos gerais e tipos de contrato
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A Arrendamento para habitação
Isto significa que, se a casa apresentar defeitos de tal ordem que comprome-
tam a sua normal utilização (canalizações que não funcionem, problemas
elétricos, infiltrações de água quando chove, etc.) e o senhorio não conse-
guir demonstrar que os desconhecia, o contrato ficará sem efeito e deverão
ser devolvidas ao inquilino todas as quantias entretanto pagas. O mesmo é
válido se o problema surgir mais tarde, devido a incúria do senhorio (por
exemplo, por não ter procedido às reparações que sabia serem necessárias).
Se o senhorio provar que desconhecia o problema, não há incumprimento
contratual, mas tem de o resolver.
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A Conceitos gerais e tipos de contrato
O senhorio nada poderá fazer que impeça o gozo do imóvel pelo inquilino
ou reduza os benefícios prometidos. Excetuam-se os casos contemplados
pela lei, os que forem referidos no contrato ou, ainda, os permitidos pelo
próprio inquilino. Caso contrário, o inquilino poderá recorrer aos meios dis-
poníveis para manter a casa, nomeadamente aos tribunais. Poderá, inclu-
sive, chamar a polícia.
Obrigações do inquilino
Os direitos do inquilino resultam, implicitamente, dos deveres do senhorio.
No entanto, vêm acompanhados por um conjunto de obrigações em relação
àquele e ao imóvel. Se não as cumprir, poderá ser obrigado a deixar a casa.
Vejamos quais são.
Pagar a renda
O pagamento atempado da renda permite utilizar o imóvel. Deverá ser feito
no local acordado e pelo modo que as partes tiverem acertado no contrato
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A Arrendamento para habitação
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A Conceitos gerais e tipos de contrato
Comunicações ao senhorio
Neste âmbito, o inquilino está obrigado a:
— comunicar ao senhorio, no prazo de 15 dias, uma eventual cedência do local,
nos casos em que for permitida ou autorizada (veja quais são no título
Transmissão da posição de inquilino, a partir da página 93). Esta regra
resulta parcialmente do que escrevemos no parágrafo anterior e aplica-se
depois da entrega da chave. Mesmo que a lei permita a cedência do local,
o inquilino tem de informar o senhorio. Mas, quando a cedência depende
de autorização prévia deste, terá de haver uma solicitação anterior nesse
sentido;
— avisar imediatamente o senhorio sempre que tenha conhecimento de defeitos
ou de perigos que ameacem o imóvel, desde que o facto seja ignorado por
aquele. É uma obrigação associada à segurança do edifício e às respon-
sabilidades do senhorio de manter o prédio em condições de utilização.
Como vimos, se o inquilino não o avisar e ocorrer algum problema, não
poderá depois invocar o incumprimento do contrato devido à diminuição
dos benefícios prometidos. Naturalmente, se o defeito for de tal ordem
que se torne impossível ao senhorio desconhecê-lo, a comunicação será
dispensável;
— avisar imediatamente o senhorio, sempre que tenha conhecimento de que
terceiros reclamam direitos em relação ao prédio, desde que aquele não o
saiba. Se, por exemplo, alguém invocar que é proprietário, usufrutuário
ou que pretende penhorar o imóvel, o inquilino deverá pôr o senhorio
a par.
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A Arrendamento para habitação
E SE O SENHORIO FALECER?
Por morte do senhorio, enquanto a herança não é dividida, o inquilino pode ser confron-
tado com uma série de novos senhorios, herdeiros do primeiro. Assim, até que seja defi-
nido quem será o novo senhorio, o inquilino deverá perguntar quem exerce o cargo de
cabeça-de-casal, isto é, a pessoa que gere a herança, ou quem foi designado representante
para aquele imóvel (veja mais informação sobre o cabeça-de-casal na caixa da página 26).
A eventual correspondência deve ser trocada com essa pessoa. Por exemplo, tendo de
ser movida uma ação de despejo contra um inquilino de uma casa que esteja incluída na
herança, é ao cabeça-de-casal que cabe agir. Inversamente, se o inquilino pretender exigir
do senhorio o cumprimento de alguma obrigação, também será ao cabeça-de-casal que
deverá dirigir-se.
Se, por qualquer motivo, o imóvel não for devolvido logo que terminar o
contrato, o inquilino deverá continuar a pagar a renda, a título de indem-
nização. Na eventualidade de o inquilino não restituir a casa (apesar de
instado a tal pelo senhorio) e de, mesmo assim, não pagar as rendas, con-
sidera-se que entra em mora. Isto é, fica em falta e, como tal, está sujeito
a ter de pagar uma indemnização. Depois, é provável que seja necessá-
rio recorrer ao Balcão Nacional do Arrendamento ou aos tribunais para a
desocupação.
Outros deveres
Os inquilinos estão ainda sujeitos a outro tipo de deveres. De facto,
os seus direitos terminam quando entram em conflito com os dos vizi-
nhos. Desde logo, existem direitos pessoais. A lei protege os cidadãos
contra qualquer ofensa ilícita ou ameaça física ou moral. E não se limita
ao respeito pela dignidade do indivíduo, penalizando, por exemplo,
as agressões à intimidade da vida privada e à imagem. Vai mais longe,
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A Conceitos gerais e tipos de contrato
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A Arrendamento para habitação
As atividades permitidas
Em certas circunstâncias, e a menos que o contrato o proíba, a habitação pode ser usada para
uma atividade profissional. Isto aplica-se a indústrias domésticas, ainda que tributadas fiscal-
mente. Consideram-se como tal as que não empreguem mais de três auxiliares. Encaixa no con-
ceito um negócio de modista ou alfaiate ou de pequenas reparações. Esta hipótese não deve,
no entanto, ser confundida com uma autorização para qualquer atividade. As profissões libe-
rais, como um consultório médico, um escritório de advogados ou um gabinete de engenharia
dificilmente cabem na definição. Isto não significa que seja interdito a um destes profissionais
desempenhar algumas das suas funções no local que arrendou para habitar. O médico pode,
claro, estudar medicina em casa e, em certas circunstâncias, receber até um ou outro doente.
Mas, a menos que o contrato o permita, já não poderá aí manter o seu consultório (veja o
título Fim a que se destina o arrendamento, na página 18). Além disso, há atividades de risco,
interditas num imóvel para habitação, seja ele arrendado ou comprado. Por exemplo, alguém
que se dedique à mecânica e, por esse motivo, tenha elevadas quantidades de combustíveis e
matérias inflamáveis em casa ou emita gases para o resto do edifício.
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A Conceitos gerais e tipos de contrato
Benfeitorias
Durante a sua permanência, é natural que o inquilino pretenda fazer alguns
melhoramentos na casa. São as benfeitorias. Poderá fazê-las, mas tendo em
conta as limitações que referimos no título Obrigações do inquilino e no capí-
tulo Obras (páginas 39 e 58, respetivamente). Quando o contrato termina,
coloca-se a questão de saber se tem direito a alguma compensação por
essas intervenções que conservam e, muitas vezes, até aumentam o valor
do imóvel.
Tipos de benfeitorias
Para responder à questão colocada no parágrafo anterior, há que come-
çar por definir as benfeitorias, que podem ser classificadas como neces-
sárias, úteis ou voluptuárias. Algumas destas benfeitorias podem ser
levadas pelo inquilino quando deixa a casa, outras dão direito a uma
indemnização da parte do senhorio e outras não permitem compensação
alguma.
Benfeitorias necessárias
As benfeitorias necessárias são as que têm por fim evitar a perda, destrui-
ção ou deterioração do imóvel. As que resultam de reparações ou despesas
urgentes devem ser reembolsadas pelo senhorio. A devolução pode ser
feita mediante entrega do valor correspondente ou redução temporária
na renda. Outras obras relacionadas com a conservação devem, em princí-
pio, ser realizadas pelo senhorio. Não o sendo, também dão direito a uma
indemnização.
Benfeitorias úteis
Não sendo necessárias à conservação do bem, aumentam-lhe o valor. Podem
ser levantadas pelo inquilino, quando deixa o imóvel, desde que este não
seja deteriorado. Quando não for possível fazê-lo sem prejuízo para a casa,
o inquilino deverá ser indemnizado tendo em conta o ganho obtido pelo
senhorio.
Benfeitorias voluptuárias
Destinam-se apenas ao recreio do inquilino, não visando a conservação nem
o aumento do valor do imóvel (por exemplo, a instalação de uma banheira
de hidromassagem). Em princípio, são perdidas a favor do senhorio. Ou seja,
regra geral, nem podem ser levantadas nem são suscetíveis de indemniza-
ção. Por exemplo, se o inquilino pintar as paredes do imóvel com cores e
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A Arrendamento para habitação
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A Conceitos gerais e tipos de contrato
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A Arrendamento para habitação
Diversos senhorios
Se o imóvel tiver mais do que um senhorio, as comunicações que envia-
rem só serão válidas se forem assinadas por todos ou por quem a todos
represente. O inquilino deve dirigir as cartas ao representante ou a quem,
em comunicação anterior, tenha sido indicado para as receber. Não
havendo qualquer indicação neste sentido, o inquilino dirige a sua comu-
nicação ao que assinou em primeiro lugar a carta à qual está a respon-
der e envia-a para o endereço do remetente. Se o imóvel arrendado fizer
parte de uma herança indivisa e não tiver sido indicado um representante,
a comunicação é dirigida ao cabeça-de-casal (veja a caixa E se o senhorio
falecer?, na página 42).
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A Conceitos gerais e tipos de contrato
Resolução de litígios
Sempre que possível, os conflitos entre senhorios e inquilinos devem ser
resolvidos fora dos tribunais. Por duas razões: tempo e dinheiro. Os julga-
dos de paz podem desempenhar um papel importante. No que se refere ao
arrendamento para habitação, só não será possível recorrer a esta solução
em questões relacionadas com o despejo, para as quais a entidade compe-
tente é o Balcão Nacional do Arrendamento.
Julgados de paz
São um dos mecanismos criados pelo Estado com o objetivo de acelerar a
aplicação da Justiça. Na verdade, são tribunais, mas com um processo de
funcionamento mais simples: são mais informais, rápidos e baratos. Desde
logo, não exigem a contratação de advogado, a menos que alguma das pes-
soas envolvidas (a que propõe ou aquela contra quem é proposta a ação) seja
analfabeta, desconheça a língua portuguesa ou, por qualquer outro motivo,
esteja em inferioridade. No caso de haver recurso, será também obrigató-
ria a contratação de um advogado. De resto, e à semelhança dos tribunais
normais, a competência de um julgado de paz é determinada segundo três
fatores: o valor da causa, a matéria e o território.
Competências
Começando pelo valor, estes tribunais especiais têm competência para inter-
vir em questões que não excedam os 15 mil euros.
49
A Arrendamento para habitação
Também pode acontecer que a pessoa contra a qual é proposta a ação não
tenha residência habitual ou esteja em parte incerta ou ausente. Quem pro-
põe a ação deverá, então, dirigir-se ao julgado de paz da sua própria área de
residência. Se o demandado tiver domicílio e residência noutro país, será o
Julgado de Paz de Lisboa o competente.
50
A Conceitos gerais e tipos de contrato
51
A Arrendamento para habitação
Mediação
Se as partes chegarem a acordo, cada uma delas paga uma taxa de 25 euros e
o processo é concluído. Caso a taxa não seja paga, o acordo não será homo-
logado pelo juiz de paz e o processo segue para julgamento.
Julgamento
Quando não se chega a acordo e o processo vai para julgamento, a parte ven-
cida paga uma taxa de 70 euros ou, em alguns casos, paga parte desse valor
e o restante é pago pela outra parte, se o juiz assim o determinar. O paga-
mento terá de ser feito até 3 dias úteis depois de a decisão ser conhecida.
Não o sendo, acresce à dívida uma sobretaxa de 10 euros por cada dia de
atraso, até ao montante global máximo de 140 euros.
Apoio de associações
As associações representativas de proprietários e inquilinos, quando expres-
samente autorizadas pelos interessados, têm legitimidade para assegurar a
defesa dos seus membros em tribunal, no que respeita a questões relacio-
nadas com o arrendamento. Para o efeito, têm de cumprir, em simultâneo,
os seguintes requisitos:
— disporem de personalidade jurídica, ou seja, estarem regularmente
constituídas;
— não terem fins lucrativos;
— terem, como objetivo principal, a proteção dos direitos e interesses dos
seus associados, na qualidade de senhorios, inquilinos ou comerciantes;
— contarem, pelo menos, com 3 mil, 500 ou 100 associados, respetiva-
mente, consoante o seu âmbito seja nacional, regional ou local.
52
A Conceitos gerais e tipos de contrato
Este mecanismo especial pode ser usado para acionar o despejo do inquilino
nos casos em que o prazo do contrato chega ao fim, sempre que uma das
partes quiser terminá-lo (caso do senhorio que pretende a habitação para
uso dos filhos, por exemplo) ou por justa causa. Esta última aplica-se, entre
outras situações, à falta de pagamento de renda por mais de 2 meses ou por
oposição do inquilino à realização de obras coercivas.
Tribunais
Quando não for possível recorrer aos julgados de paz ou ao Balcão Nacional
do Arrendamento, os tribunais são a alternativa. Nestas situações, é neces-
sário contratar um advogado.
Considerando que a principal intervenção dos tribunais em matéria de
arrendamento reside nas ações de despejo, desenvolvemos este assunto no
título Ação de despejo (veja a página 124).
Injunção no arrendamento
É uma alternativa ao dispor dos inquilinos para agilizar a defesa de alguns
dos seus direitos, nomeadamente no que respeita às obras urgentes, quando
pretendem que lhes sejam pagos determinados valores ou sofrem assédio no
arrendamento (veja, a seguir, a caixa Inquilinos protegidos de assédio). Vejamos
em que casos é possível apresentar uma injunção em matéria de arrendamento.
53
A Arrendamento para habitação
Pagamentos
Desde logo, a injunção é uma possibilidade quando o inquilino, tendo adian-
tado montantes que são da responsabilidade do senhorio, pretende reavê-
-los. Nomeadamente:
— pagamento do valor relativo à execução de obras em substituição do
senhorio, em caso de execução de intimação de realização de obras
necessárias à manutenção da segurança, salubridade ou arranjo estético
do edifício;
— pagamento do valor relativo à execução de obras urgentes em substitui-
ção do senhorio.
54
A Conceitos gerais e tipos de contrato
55
A
A
Capítulo 2
Obras
A Arrendamento para habitação
Mais cedo ou mais tarde, qualquer imóvel precisa de obras. Por isso, saber quais
são as responsabilidades de proprietários e inquilinos neste âmbito é impor-
tante para precaver problemas e resolver rapidamente os que possam surgir.
Em primeiro lugar, é preciso distinguir as obras correntes das que têm uma
natureza “extraordinária”. O senhorio é obrigado a fazer as primeiras para
resolver problemas no imóvel. Se ocorrerem problemas nas canalizações
ou infiltrações que danifiquem as paredes, cabe ao inquilino contactar o
senhorio e a este encarregar-se da reparação. O segundo tipo de obras rela-
ciona-se com a conservação do imóvel, destinando-se a manter as condições
de habitabilidade. A lei estabelece que todos os edifícios devem ser alvo de
obras de conservação, pelo menos, uma vez em cada 8 anos. Independente-
mente deste prazo, cabe ao proprietário realizar todas as obras necessárias
à manutenção da sua segurança, salubridade e arranjo estético. Também
as câmaras municipais podem, a qualquer momento, por sua iniciativa ou
a pedido de algum interessado (por exemplo, o inquilino), determinar as
intervenções necessárias ou ordenar a demolição total ou parcial de cons-
truções que ameacem ruir ou que ofereçam perigo para a saúde pública e a
segurança das pessoas.
58
A Obras
CLASSIFICAR A CONSERVAÇÃO
DOS IMÓVEIS
Nível Estado de conservação
1 Péssimo
2 Mau
3 Médio
4 Bom
5 Excelente
59
A Arrendamento para habitação
Iniciativa do inquilino
Embora, em princípio, as obras sejam da responsabilidade do senhorio e o
inquilino apenas possa fazê-las se tal estiver previsto no contrato de arren-
damento ou for autorizado, por escrito, pelo senhorio, a lei permite que as
partes cheguem a um acordo alternativo. Por exemplo, os encargos com
as obras podem ser suportados pelo inquilino ou partilhados entre ambos.
A lei prevê, ainda, algumas situações em que o inquilino pode efetuá-las sem
autorização prévia, como veremos já a seguir.
Reparações urgentes
As reparações urgentes são uma exceção à regra de que as obras são da
responsabilidade do senhorio. Se ocorrer uma inundação devida a ruturas
na canalização, o inquilino pode ver-se obrigado a tomar a iniciativa. Terá
direito ao reembolso das despesas se avisar o senhorio quando der início à
60
A Obras
Obras de beneficiação
São todas as que não possam ser enquadradas no âmbito das anteriores: por exemplo,
a construção de equipamentos adicionais, como uma piscina.
61
A Arrendamento para habitação
Iniciativa do senhorio
Quando o senhorio pretende fazer obras, pode ter de lidar com alguns pro-
blemas. Há trabalhos simples, que não têm especiais implicações para o
inquilino, mas outros obrigam à desocupação do imóvel. As regras que expli-
camos nos títulos seguintes aplicam-se quando a realização de obras por
iniciativa do senhorio implica a desocupação do imóvel. Ou seja, as obras
de remodelação e restauro profundos. Com algumas exceções, as mesmas
regras se aplicam quando é necessário terminar o contrato de arrenda-
mento para demolir o edifício. Num caso como noutro, a saída do inquilino
é inevitável. E, para que esta ocorra, o senhorio tem de cumprir algumas
formalidades.
Denúncia do contrato
Em primeiro lugar, o senhorio tem de comunicar essa intenção ao inquilino,
pelo menos, 6 meses antes da data pretendida para a desocupação do imó-
vel. Da comunicação deverá também constar, expressamente, a razão para
pôr termo ao contrato de arrendamento. Para que a denúncia seja eficaz,
terá ainda de ser acompanhada de:
— comprovativo de que foi iniciado o procedimento de controlo prévio junto
da entidade competente, para que as obras sejam autorizadas, se estas
estiverem sujeitas a tal controlo, ou de que o pedido foi aceite, tratando-
-se de operação urbanística sujeita a licença administrativa;
— cópia dos elementos entregues com o requerimento de controlo prévio
e comprovativo da entrega, emitido pelo município, no caso de obras de
alteração ou ampliação do imóvel;
— termo de responsabilidade do técnico e autor do projeto declarando que
a obra obriga à desocupação do imóvel.
Realojamento ou indemnização
A denúncia de um contrato de duração indeterminada para permitir a exe-
cução de obras que obrigam à desocupação do imóvel implica que senhorio
62
A Obras
Se a opção for pelo realojamento, este terá de ser feito em condições seme-
lhantes às que o inquilino já tinha, quer quanto ao local, quer quanto ao
valor da renda e encargos. Ou seja, entre outros aspetos, o senhorio terá de
proporcionar ao inquilino uma habitação em estado de conservação igual ou
superior àquela onde vivia, adequada às necessidades do agregado familiar
daquele e na mesma freguesia ou limítrofe.
Demolição do prédio
A denúncia do contrato pelo senhorio para demolição pode ocorrer quando
tal:
— seja ordenado pela câmara municipal, devido a risco de ruína ou perigo
para a saúde pública e para a segurança das pessoas, ou por outra
entidade gestora (regra geral, as sociedades de reabilitação urbana),
considerando que a esses edifícios faltam requisitos de segurança e
salubridade indispensáveis ao fim a que se destinam e que a reabilita-
ção é técnica ou economicamente inviável. Tratando-se de património
cultural imóvel classificado ou em vias de classificação, não pode ser
efetuada a sua demolição total ou parcial sem prévia e expressa auto-
rização do Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueo-
lógico (igespar);
— seja necessário por força da degradação do prédio, o que terá de ser com-
provado pelo município;
— decorra, por exemplo, de um plano de pormenor de reabilitação urbana.
63
A Arrendamento para habitação
T1
T0 até
para 2
T1 T2
até
para 2 para 4
T2 T3
até
para 3 para 6
T2 T3
até
para 4 para 6
T3 T4
até
para 5 para 8
T3 T4
até
para 6 para 8
T4 T5
até
para 7 para 9
T4 T5
até
para 8 para 9
T5
+ até T6
para 9
(1) O
tipo da habitação é definido pelo número de quartos de dormir e pela sua capa-
cidade de alojamento (por exemplo, T2 para 3 significa 2 quartos para 3 pessoas).
64
A Obras
Contratos anteriores
a 15 de novembro de 1990
Os contratos mais antigos têm algumas especificidades no que respeita à
desocupação do imóvel para demolição, quando os inquilinos têm caracte-
rísticas que requerem uma proteção acrescida.
É para demolir?
No que respeita às obras por iniciativa do senhorio, o despejo para demoli-
ção só poderá ocorrer se a obra:
— for ordenada pela entidade gestora (câmara municipal ou sociedade de
reabilitação urbana) por a construção ameaçar ruína ou oferecer perigo
para a saúde pública e para a segurança das pessoas ou por faltarem os
requisitos de segurança e salubridade indispensáveis ao fim a que se des-
tina e a reabilitação seja técnica ou economicamente inviável;
— for necessária devido ao estado de degradação do imóvel, o que terá de
ser comprovado pelo município;
— decorrer de um plano de pormenor de reabilitação urbana.
65 anos ou incapacidade
Nos contratos anteriores a 1990, existem regras específicas para inquilinos
com 65 anos ou mais ou grau comprovado de incapacidade igual ou supe-
rior a 60%. A denúncia do contrato de arrendamento para demolição ou
realização de obra de remodelação ou restauro profundos que obriguem
à desocupação do imóvel implica que o senhorio pague uma indemniza-
ção ao inquilino. Caso senhorio e inquilino não cheguem a acordo quanto
ao montante da indemnização, deve a mesma corresponder a 2 anos de
renda, desde que esse montante não seja inferior ao dobro de 1/15 do valor
65
A Arrendamento para habitação
Obras coercivas
Todas as edificações devem ser objeto de obras de conservação, pelo menos,
uma vez em cada período de 8 anos. Independentemente deste prazo, o pro-
prietário deverá realizar e assegurar todas as obras necessárias à manu-
tenção da sua segurança, salubridade e arranjo estético. Todavia, quando
o senhorio não realiza as obras, a câmara municipal pode, a qualquer
momento, por sua iniciativa ou mediante requerimento dos interessados,
determinar a realização das obras de conservação necessárias. Da mesma
forma, pode ordenar a demolição total ou parcial das construções que ame-
acem ruína ou ofereçam perigo para a saúde pública e para a segurança das
pessoas.
66
A Obras
Estes direitos das câmaras são extensíveis a empresas locais que se dedi-
quem, em exclusivo, à gestão de operações de reabilitação urbana: as socie-
dades de reabilitação urbana. A intenção do legislador é clara: pressionar os
senhorios a manter os seus imóveis em bom estado de conservação.
PROIBIDO DETERIORAR
Além de obrigar os senhorios a efetuar as obras de conservação necessárias à habitabili-
dade do edifício, a lei prevê uma “proibição de deterioração”. Na prática, o proprietário
não pode, culposamente, provocar ou agravar uma situação de falta de segurança ou de
salubridade, causar a deterioração do edifício ou prejudicar o seu arranjo estético.
A menos que o proprietário apresente prova em contrário, a lei presume que este violou a
proibição de deterioração quando:
— o edifício esteja total ou parcialmente devoluto/abandonado;
— estejam em falta elementos decorativos, nomeadamente cantarias ou zonas relevantes
de revestimento de azulejos, em áreas do edifício que não sejam acessíveis aos tran-
seuntes, sendo evidente que tal resulta de ação humana.
Posse administrativa
O dono da obra e demais titulares de direitos reais de propriedade sobre o
imóvel (por exemplo, um credor hipotecário) são notificados por carta regis-
tada com aviso de receção do ato que tiver determinado a posse administra-
tiva. Sempre que não seja possível a notificação postal, devido, por exemplo,
ao desconhecimento da identidade do proprietário, a notificação é efetuada
através de afixação de um edital no imóvel. Este procedimento é realizado
pelos funcionários municipais responsáveis pela fiscalização de obras, que
elaboram um auto onde se identifica o ato que determinou a posse admi-
nistrativa e se especifica o estado em que se encontra o terreno, a obra e as
demais construções existentes no local, bem como os equipamentos que ali
se encontrarem.
67
A Arrendamento para habitação
Despejo administrativo
Se o prédio se encontrar muito degradado, pode necessitar de obras que
impliquem a sua desocupação. Neste caso, e se o senhorio não as fizer,
a câmara tem o direito de proceder ao despejo do imóvel, no todo ou em
parte, e tomar posse do mesmo para executar os trabalhos. Para o efeito,
tem de assegurar o realojamento temporário dos inquilinos, em condições
de habitabilidade. Estes deverão continuar a pagar a renda.
68
A Obras
Para que a entidade promotora das obras coercivas possa reaver o que
pagou, o inquilino tem de depositar a renda até a dívida ficar satisfeita.
O depósito pode ser feito em qualquer banco, através de um documento
próprio em que consta a identidade do senhorio e a do inquilino, a identifi-
cação do imóvel, o valor da renda, o período a que respeita e o motivo por
que se pede o depósito (neste caso, o reembolso de obras efetuadas pela
entidade promotora).
Quando a entidade promotora tiver recebido o total gasto nas obras, deverá
comunicar ao inquilino, no prazo de 10 dias, que pode deixar de depositar
a renda. A partir desse momento, é restabelecida a normal relação entre
inquilino e senhorio, ou seja, é a este que o inquilino terá de pagar a renda.
69
A
A
Capítulo 3
Rendas
A Arrendamento para habitação
Aspetos gerais
A data, o local e o modo de pagamento da renda são aspetos importantes,
sobretudo para o inquilino, se quiser cumprir atempadamente as suas obri-
gações. A caução também é relevante, sobretudo no início do contrato, pois,
normalmente, exige um esforço financeiro adicional. Mas, no final, facilita o
acerto de contas entre as partes. Vejamos, então, os aspetos mais genéricos
relacionados com a renda e com outras despesas inerentes ao contrato.
Embora a renda deva ser paga no primeiro dia útil do mês anterior àquele
em que é devida, as pessoas que, ao abrigo de contratos anteriores a 28 de
junho de 2006, tiverem fixado outra data (era frequente estabelecer-se que
tal deveria acontecer até ao dia 8) não precisam de alterar os seus hábitos.
72
A Rendas
Modo de pagamento
Existem diversas possibilidades. O pagamento pode ser efetuado através
de débito em conta, por transferência bancária, programada ou não, ou,
eventualmente, por cheque ou em dinheiro. As partes são livres de esco-
lher. Devem, contudo, ter em conta que a comodidade de certos processos
pode trazer alguns inconvenientes. Por exemplo, é indiscutível que o débito
em conta ou a transferência programada são métodos simples, tanto para
o inquilino como para o senhorio. Mas, se ocorrer um conflito com impli-
cações na renda (uma atualização indevida, compensações por obras, etc.),
o inquilino terá algum trabalho para alterar o procedimento. Qualquer que
seja a opção, convém que exista um registo da transação.
Caução
A caução é o montante habitualmente pago ao senhorio pelo inquilino,
na celebração do contrato de arrendamento, a título de garantia. O seu valor
é acordado entre as partes, mas corresponde, regra geral, a 1 mês de renda.
No final do contrato, se devolver o imóvel ao senhorio em perfeito estado de
conservação, ou seja, como lhe foi entregue quando o arrendou, o arrenda-
tário tem direito a reaver a quantia entregue a título de caução. Caso contrá-
rio, esta poderá ser usada para fazer face aos custos dos trabalhos de repa-
ração, sendo devolvido o que sobrar. Inversamente, se o valor da caução for
insuficiente para cobrir as despesas de reparação, o inquilino terá de pagar
o restante do seu bolso.
Muitos inquilinos optam por “usar” a caução para ficar mais 1 mês no imó-
vel. Tal é possível quando não existirem danos pelos quais sejam responsá-
veis e o valor da caução corresponder ao da renda mensal. Mas, para isso,
é necessário que o senhorio concorde e tenha conhecimento do estado em
que a casa se encontra. Usar a caução para pagar a última renda implica,
para o senhorio, perder a possibilidade de beneficiar da caução caso sejam
necessárias reparações.
73
A Arrendamento para habitação
Redução
Se, por motivos que não sejam da sua responsabilidade ou dos seus fami-
liares, o inquilino for privado da utilização do imóvel ou vir diminuídos os
benefícios prometidos pelo senhorio, terá direito a uma redução na renda,
proporcional ao tempo ou ao prejuízo sofrido. Além disso, poderá pôr fim
ao contrato (veja o título Iniciativa do inquilino, na página 119).
74
A Rendas
senhorio, este último paga-o (uma vez que se encontra em seu nome) e,
depois, é reembolsado pelo primeiro. Para o efeito, deve apresentar ao
inquilino o comprovativo do pagamento.
Por sua vez, o inquilino tem de reembolsar o senhorio até ao final do mês
seguinte ao da entrega do comprovativo, juntamente com a renda. Se as par-
tes acordarem uma quantia fixa mensal por conta destes custos, os acertos
devem ser feitos semestralmente.
Novos contratos
Cabe às partes definir por escrito como será atualizada a renda e com que
periodicidade. A lei também permite que não haja atualização, o que será
mais provável nos arrendamentos de curta duração. Se nada for estipulado,
aplica-se o seguinte:
— a renda pode ser atualizada anualmente, de acordo com os coeficientes
publicados no Diário da República em outubro;
— a primeira atualização poderá ser efetuada 1 ano após o início do contrato
e as seguintes, sucessivamente, 1 ano depois da anterior;
— o senhorio deverá comunicar, por escrito e com a antecedência mínima
de 30 dias, o coeficiente de atualização e a nova renda dele resultante
(veja a minuta da página 179).
75
A Arrendamento para habitação
Arrendamentos antigos
Os contratos anteriores a 18 de novembro de 1990 não são abrangidos pelo
Novo Regime de Arrendamento Urbano (NRAU) e estão sujeitos a um meca-
nismo diferente de atualização das rendas que passa por um processo de
negociação entre as partes. Estes contratos beneficiam de maior proteção,
especialmente no que respeita à atualização de rendas e às possibilidades de
transmissão do arrendamento. Vejamos como as coisas se processam.
Iniciativa do senhorio
Cabe ao senhorio iniciar o processo, enviando ao inquilino uma carta regis-
tada com aviso de receção em que lhe comunica a intenção de atualizar a
renda e propõe novo valor, o tipo e a duração do contrato (veja um exemplo
na página 179). Esta carta inclui ainda os seguintes elementos:
— o valor do imóvel, de acordo com o Código do Imposto Municipal sobre
Imóveis (CIMI). Este valor é o que está indicado na caderneta predial,
da qual o senhorio deverá juntar uma cópia;
— os requisitos a respeitar pelo inquilino na sua resposta, nomeadamente o
prazo de 30 dias para o fazer e as opções que tem ao seu dispor (aceitar a
proposta, fazer uma contraproposta ou denunciar o contrato);
— as circunstâncias que o inquilino pode invocar para não aceitar a proposta
que lhe é feita e a necessidade de apresentar os respetivos comprovativos;
76
A Rendas
Resposta do inquilino
O inquilino tem 30 dias para responder à comunicação do senhorio, a con-
tar da sua receção. Se houver vários inquilinos no mesmo imóvel a receber
esta comunicação, com diferentes dias de prazo-limite, a resposta pode ser
dada até ao final daquele que tiver começado a correr em último lugar.
Na resposta, poderá aceitar as alterações que lhe são propostas, opor-se e
contrapor nova renda, duração ou tipo de contrato ou, ainda, denunciar
o contrato de arrendamento. Independentemente de aceitar a nova renda
ou de se opor, o inquilino terá também de pronunciar-se quanto ao tipo e
à duração do contrato de arrendamento propostos pelo senhorio. Se con-
siderar que o valor do imóvel é excessivo, e que isso o prejudica no cálculo
da nova renda, o inquilino pode pedir uma avaliação do valor patrimonial
tributário junto das Finanças. Tem 30 dias para o fazer, mas o pedido não
suspende o processo de atualização da renda.
Aceitação da proposta
Se o arrendatário aceitar a proposta, o valor da renda é atualizado e o contrato
passa a estar submetido ao NRAU. A mudança entrará em vigor no início do
segundo mês a contar da receção da resposta. Na ausência de um acordo das
partes sobre o tipo ou a duração do contrato, considera-se celebrado com
prazo certo, pelo período de 5 anos.
77
A Arrendamento para habitação
Resultado da negociação
A troca de comunicações entre senhorio e inquilino terá um desfecho, ainda
que em alguma das fases uma das partes não responda. Tratando-se de um
regime de exceção a este processo (carência económica, idade ou incapaci-
dade superior a 60%), a própria lei define como a renda irá evoluir.
78
A Rendas
Os regimes de exceção
Para alguns inquilinos, a lei prevê uma proteção especial. Trata-se daqueles
que têm baixos rendimentos, idade avançada ou grau de incapacidade igual
ou superior a 60%. Mas terão de invocá-lo na sua resposta à comunicação
do senhorio que desencadeia o processo de atualização da renda e juntar
documentos que o comprovem (veja o título Invocar situação de exceção,
na página 77).
Nos anos seguintes, o inquilino deve fazer prova de que a incapacidade e/ou
a carência económica se mantêm, até 30 de setembro, sempre que tal seja
exigido pelo senhorio. Terminado o prazo de 10 anos, o contrato já poderá
transitar para o NRAU.
79
A Arrendamento para habitação
Carência económica
Se o inquilino provar que o rendimento anual bruto corrigido (RABC) do
agregado familiar é inferior a 5 retribuições mínimas nacionais anuais
(RMNA), o contrato só fica submetido ao NRAU mediante acordo entre as
partes ou, na sua falta, 10 anos depois de o senhorio receber a resposta do
inquilino. Durante esse período de 10 anos, a renda pode ser atualizada,
desde que não ultrapasse:
— o valor anual correspondente a 1/15 do valor do imóvel, em função da ava-
liação efetuada de acordo com o Código do Imposto Municipal sobre Imó-
veis (CIMI). Se considerar que o imóvel está sobreavaliado e que isso o
prejudica no cálculo da renda, o inquilino pode requerer a reavaliação do
imóvel nos termos do CIMI;
— os escalões de taxa de esforço, tendo em conta o rendimento anual bruto
corrigido (RABC) do agregado familiar do inquilino, tal como é indicado
abaixo.
Rendimento mensal
do agregado familiar
do inquilino
(em euros)
Percentagem
máxima do RABC
(taxa de esforço)
10% 13% 15% 17% 25%
(1) O
rendimento considerado é o RABC, ou seja, o Rendimento Anual Bruto Corrigido. Em nenhum escalão o
aumento da renda poderá ultrapassar o valor anual correspondente a 1/15 do valor do imóvel.
80
A Rendas
Idade ou incapacidade
Vejamos as regras aplicáveis à transição para o NRAU e à atualização especial
de rendas quando o inquilino invoca ter 65 anos ou mais ou um grau de inca-
pacidade igual ou superior a 60% e o comprova. Desde 2019, também estão
abrangidas pelas mesmas regras as situações em que, embora o próprio
inquilino não cumpra nenhum destes requisitos, invoque que reside con-
sigo, há mais de 5 anos, cônjuge, unido de facto, ascendente ou descendente
com um grau de incapacidade igual ou superior a 60% ou idade igual ou
superior a 65 anos ou que o RABC do agregado familiar é inferior a 5 RMNA.
Nestes casos, a transição do contrato para o NRAU fica sujeita a acordo entre
as partes, aplicando-se o seguinte:
— se o inquilino aceitar o valor da renda, esta será devida a partir do início
do segundo mês após a receção pelo senhorio da resposta do inquilino;
— se o inquilino se opuser ao valor da renda, propondo novo valor, o senho-
rio tem 30 dias para dizer se aceita ou não a proposta. Considera-se que
a falta de resposta significa a aceitação do valor proposto pelo inquilino;
— se o senhorio não aceitar o valor proposto, o contrato mantém-se em
vigor sem alteração do regime aplicável (ou seja, o contrato não transita
para o NRAU). Neste caso, o valor da renda é atualizado tendo como limite
máximo o valor anual de 1/15 do valor do imóvel. Porém, se o inquilino
invocar também carência económica serão considerados, para o apura-
mento do valor da renda, os escalões da taxa de esforço (veja o título
Carência económica, na página anterior). O valor da nova renda vigora
por um período de 10 anos, após o qual o senhorio pode atualizar a renda
nos termos gerais.
Em caso de transição para o NRAU, o inquilino pode ser protegido ainda que
não tenha invocado nenhuma das situações de exceção atrás mencionadas.
Se demonstrar, através de atestado da junta de freguesia da residência, que
residia na casa há mais de 15 anos, e tiver, à data da transição do contrato,
idade igual ou superior a 65 anos ou incapacidade igual ou superior a 60%,
o senhorio só poderá opor-se à renovação do contrato em caso de demolição
ou obras de remodelação ou restauro profundas que obriguem à desocupa-
ção do imóvel.
Avaliação do imóvel
A avaliação geral dos prédios urbanos verificada entre 2012 e 2013 veio
resolver um problema que até então era comum: a enorme desatualização
dos valores patrimoniais de muitos dos imóveis existentes em Portugal. Isto
tinha impacto a nível fiscal, mas também na atualização das rendas: sem
81
A Arrendamento para habitação
Em caso de dúvida sobre quando foi pedida a última avaliação verifique a data
“Entregue em [ano/mês/dia]” que consta na caderneta predial.
82
A Rendas
Vt = Vc × A × Ca × Cl × Cq × Cv
2005 612,50
2006 615
2007 615
2008 615
2009 609
2019 615
83
A Arrendamento para habitação
84
A Rendas
COEFICIENTE DE AFETAÇÃO
Utilização Coeficiente
Habitação 1
Comércio 1,20
Serviços 1,10
85
A Arrendamento para habitação
CONFORTO DA HABITAÇÃO
A lei é precisa quanto à definição dos elementos considerados no quadro da página
seguinte, referente à qualidade e conforto do imóvel. Ficam as explicações para os que
podem suscitar mais dúvidas.
Redes públicas de distribuição de água, eletricidade, gás ou coletores de esgotos.
Além das tradicionais, correspondem às que, “sendo privadas, sirvam um aglomerado
urbano constituído por um conjunto de mais de 10 prédios urbanos”.
Áreas inferiores às regulamentares. São as que estiverem “abaixo dos valores míni-
mos fixados no Regime Geral das Edificações Urbanas”.
Condomínio fechado. Trata-se do “conjunto de edifícios, moradias ou frações autóno-
mas construído num espaço de uso comum e privado, com acesso condicionado durante
parte ou a totalidade do dia”.
Piscina. Corresponde a “qualquer depósito ou reservatório de água para a prática da
natação, desde que disponha de equipamento de circulação e filtragem de água”.
Equipamentos de lazer. São “todos os que sirvam para repouso ou para a prática de
atividades lúdicas ou desportivas”.
Qualidade construtiva. Corresponde à “utilização de materiais de construção e
revestimento superiores aos exigíveis, nomeadamente madeiras exóticas e rochas
ornamentais”.
Localização excecional. Ocorre “quando o prédio ou parte do prédio possua vistas
panorâmicas sobre o mar, rios, montanhas ou outros elementos visuais que influenciem
o respetivo valor de mercado”. A lei indica, ainda, os elementos a ter em consideração
para definir a localização excecional. Além das vistas panorâmicas, refere a orientação
da construção, o piso, o enquadramento urbanístico (equipamentos coletivos e den-
sidade de construção) e a qualidade ambiental (zonas verdes, elementos naturais e
ausência de poluição).
Deficiente estado de conservação. Ocorre “quando os elementos construtivos do pré-
dio não cumpram satisfatoriamente a sua função ou façam perigar a segurança de pes-
soas e bens”. Para este efeito, a lei considera eventuais anomalias na estrutura um
mau estado da cobertura, a deterioração dos revestimentos do piso, paredes e tetos,
os danos na caixilharia, a deterioração ou o deficiente funcionamento das instalações
e a precariedade das condições de salubridade e higiene.
86
A Rendas
Minorativos
87
A Arrendamento para habitação
COEFICIENTE DE VETUSTEZ
Idade do imóvel
Coeficientes
(em anos)
Menos de 2 1
2a8 0,90
9 a 15 0,85
16 a 25 0,80
26 a 40 0,75
41 a 50 0,65
51 a 60 0,55
Mais de 60 0,40
88
A
Capítulo 4
Transmissão
do arrendamento
A Arrendamento para habitação
90
A Transmissão do arrendamento
QUEM É HERDEIRO?
• Se o senhorio não tiver definido o destino dos seus bens após a morte (por exemplo,
através de um testamento), abre-se a sucessão legítima, a favor dos herdeiros legítimos.
Estes são o cônjuge, os parentes até ao 4.º grau da linha colateral (veja o esquema
da página seguinte) e o Estado, ordenados hierarquicamente em classes sucessórias.
Ou seja, não são todos chamados à sucessão ao mesmo tempo, mas por ordem de pre-
ferência, pelo que os mais chegados ao falecido excluem o direito de herdar dos mais
afastados. Por exemplo, se deixar cônjuge e filhos ou apenas estes últimos, os pais não
são chamados à sucessão; se não deixar filhos, mas os pais sobreviverem, os irmãos
não herdam; e assim sucessivamente. Por outro lado, dentro de cada classe, os parentes
mais próximos têm prioridade sobre os mais afastados. Ou seja, a sobrevivência dos
pais exclui os avós; os filhos afastam os netos; e os colaterais de 3.º grau impedem os
de 4.º grau de receber algum bem. Se nenhum parente que possa ser integrado nestas
classes sobreviver, o herdeiro é o Estado.
• A família mais chegada dispõe, ainda, de uma prerrogativa que a distingue dos demais
herdeiros. O cônjuge, os descendentes e os ascendentes são considerados herdeiros legi-
timários e, independentemente da vontade do falecido, não podem deixar de herdar
uma parte do seu património. Este conjunto de bens dá pelo nome de legítima ou quota
indisponível. Por outras palavras, ainda que o senhorio queira, por sua morte, atribuir a
propriedade do local arrendado a uma pessoa diferente dos herdeiros legitimários, tal
só é possível se não for contra a quota indisponível.
• O autor da sucessão só pode deserdar um herdeiro legitimário (em testamento e com
expressa declaração da causa), quando este:
— tiver sido condenado por algum crime doloso cometido contra a sua pessoa, bens ou
honra, do seu cônjuge ou de algum descendente, ascendente, adotante ou adotado,
desde que ao crime corresponda pena superior a 6 meses de prisão;
— tiver sido condenado por denúncia caluniosa ou falso testemunho contra as pessoas
indicadas na alínea anterior;
— sem justa causa, lhe tenha recusado ou ao seu cônjuge os devidos alimentos.
• Quem pretender influenciar a sua sucessão, isto é, alterar a forma de distribuição dos
seus bens, indicando outras pessoas como herdeiros ou definindo uma repartição espe-
cial do seu património, deve fazê-lo por testamento (embora não seja muito comum,
também é possível recorrer a uma convenção antenupcial). Neste contexto, basta-lhe
escrever que a propriedade ou o usufruto do imóvel em causa ficará para determinada
pessoa ou entidade. Havendo testamento, há que cumprir o que foi determinado pelo
falecido, atendendo, como é evidente, às limitações impostas pela lei, nomeadamente
as que resultam da existência de herdeiros legitimários.
• Cabe ao novo senhorio informar o inquilino acerca da mudança, fornecendo-lhe as
informações necessárias sobre o modo e o local do pagamento da renda, se houver
alterações neste domínio. Por exemplo, se a renda for paga por transferência bancária,
deverá ser indicado o novo número de conta ou, sendo-o por cheque, o nome do novo
beneficiário.
91
A Arrendamento para habitação
ESTRUTURA FAMILIAR
3.º grau
Linha reta Bisavós
(Ascendente)
2.º grau
Avós
2.º grau
1.º grau Irmãos
Pai/Mãe Cunhados
Linha
colateral
3.º grau
Cônjuge INQUILINO / SENHORIO Tios
Sobrinhos
1.º grau
Filhos 4.º grau
Primos
2.º grau
Netos
Linha reta
(descendente)
3.º grau
Bisnetos
92
A Transmissão do arrendamento
Transmissão em vida
Ao contrário do senhorio, que tem a possibilidade de ceder livremente a sua
posição a terceiros (ao vender o imóvel, por exemplo), o inquilino só poderá
fazê-lo se o senhorio o permitir. E a autorização, que pode ser concedida
antes ou depois da cedência, nem sempre será fácil de obter. É natural que o
senhorio queira selecionar os ocupantes do imóvel. Ainda assim, há circuns-
tâncias em que tem mesmo de aceitar a decisão do inquilino. É o caso das
que resultam de um divórcio e que abordamos no próximo título.
93
A Arrendamento para habitação
Fim do casamento
Quando ocorre um divórcio ou uma separação judicial de pessoas e bens,
há que dar um destino à casa de morada de família. Quem continua a morar
no imóvel, seja este próprio ou arrendado? A resposta não depende de
autorização do senhorio. A decisão pode ser tomada por acordo entre os
cônjuges (na conservatória do registo civil, tratando-se de um divórcio por
mútuo consentimento) ou pelo tribunal. Em nenhum dos casos o senhorio
é chamado a pronunciar-se, devendo aceitar o desfecho alcançado. Pode,
na melhor das hipóteses, requerer depois ao tribunal a caducidade do con-
trato, caso se verifiquem circunstâncias que o justifiquem (por exemplo,
final do prazo).
Decisão do tribunal
Não havendo acordo, cabe ao tribunal decidir, tendo em conta as necessi-
dades das partes, o interesse dos filhos, se existirem, e outros fatores que
entenda relevantes. Também a transmissão ou a concentração homolo-
gadas pelo juiz e a decisão judicial correspondente são comunicadas ao
senhorio.
Pode acontecer que a casa de morada da família pertença a apenas um dos
cônjuges ou a ambos e, tendo em conta os interesses familiares apurados
pelo tribunal, ser atribuído o arrendamento a um deles ou, até, ao membro
do casal que não é proprietário. Ou seja, por ordem do tribunal, um dos ex-
-cônjuges torna-se senhorio do outro. Estes contratos ficam sujeitos à lei do
arrendamento para habitação, mas o tribunal poderá definir as respetivas
condições, como, por exemplo, o valor da renda.
94
A Transmissão do arrendamento
Assinam os dois
Para garantir a continuidade ou a transmissão do arrendamento, caso a rela-
ção venha a terminar, poderão ser necessárias cautelas adicionais. Desde
logo, é recomendável que ambos assinem o contrato enquanto inquilinos.
De outro modo, terminando a união, caso não consiga provar que vivia em
união de facto, o que não tiver assinado poderá ter de sair sem contrapar-
tida alguma. Se o contrato inicial tiver sido assinado apenas por um dos
membros do casal, este pode propor que o outro seja incluído no contrato.
Será, aliás, a melhor forma de ambos ficarem com direitos sobre o imóvel.
A modificação do contrato passará por uma renegociação, ou seja, um novo
arrendamento, possivelmente com um aumento da renda.
Transmissão do arrendamento
Quanto à transmissão em vida, a situação é similar à descrita para o casa-
mento, se o imóvel for a casa de morada da família. Perante uma separação,
se as partes não chegarem a acordo sobre a transmissão do contrato, têm a
possibilidade de recorrer ao tribunal para que este decida. Mas terá sempre
de haver um reconhecimento da união de facto e respetiva cessação. A este
nível, além da prova testemunhal, o recurso às declarações fiscais, se forem
entregues em conjunto, pode ser uma solução.
Morte do inquilino
A morte do inquilino é uma das razões que podem levar à caducidade do
arrendamento (veja o título respetivo, na página 105). Contudo, esta regra
tem duas exceções. A primeira resulta da vontade das partes e é válida para
qualquer tipo de contrato: se este contiver uma cláusula que preveja a trans-
missão da posição de inquilino por morte deste, os herdeiros poderão con-
tinuar a habitar a casa. A segunda reside na proteção que a lei concede,
a algumas pessoas que vivam com o inquilino, no arrendamento para habi-
tação permanente. Por outro lado, as regras aplicáveis à transmissão diferem
consoante os contratos sejam anteriores ou posteriores a 28 de junho de
2006, data em que foi publicado o Novo Regime do Arrendamento Urbano
(NRAU).
95
A Arrendamento para habitação
Ascendentes
Quando mais do que um ascendente em 1.º grau sobrevive ao inquilino,
a transmissão por morte também pode ocorrer entre eles. Ou seja, falecendo
o ascendente que tiver beneficiado da posição de inquilino, esse direito
poderá ser herdado pelo que lhe sobreviver. Esta é, aliás, a única situação
em que poderá haver mais do que uma transmissão por morte do inquilino
original.
Quando a posição do arrendatário se transmita para ascendente com
idade inferior a 65 anos à data da morte do arrendatário original, o con-
trato fica submetido ao NRAU, aplicando-se, na falta de acordo entre as
partes, as regras válidas para os contratos com prazo certo, pelo período
de 2 anos.
Filhos ou enteados
Transmitindo-se a posição do inquilino para filho ou enteado com menos
de 1 ano de idade ou equivalente (veja atrás a alínea respetiva, no título
96
A Transmissão do arrendamento
Esta regra não se aplica aos filhos e enteados que vivessem com o inquilino
há mais de 1 ano e tenham um grau comprovado de incapacidade igual ou
superior a 60% à data do óbito do inquilino. Nestes casos, o contrato de
arrendamento mantém as condições iniciais até ao falecimento destes ou até
que decidam mudar de casa.
Nos contratos com prazo certo, se o inquilino falecer durante os 6 meses que
antecedem a data da cessação do contrato, as pessoas que com ele viviam
podem continuar a habitar no imóvel, pelo menos, nos 6 meses a seguir ao
óbito. Decorrido esse período, só poderão permanecer no imóvel se tiverem
direito à transmissão.
97
A Arrendamento para habitação
Porém, há exceções. Por morte do inquilino, as pessoas que com ele vives-
sem em economia comum há mais de 1 ano não terão direito ao arrenda-
mento se:
— a vivência em conjunto tivesse por base um contrato como o subarrenda-
mento e a hospedagem;
— existisse uma relação laboral, como, por exemplo, uma empregada
doméstica (não confundir com a situação descrita na sentença da
página 100);
— a economia comum estivesse relacionada com finalidades transitórias
(por exemplo, dois estudantes que, apenas para a frequência de um
curso, habitassem na mesma casa);
— alguma das pessoas vivesse na casa por ter sido submetida a coa-
ção física ou psicológica ou atentatória da liberdade individual.
98
A Transmissão do arrendamento
99
A Arrendamento para habitação
Subarrendamento
O subarrendamento não é bem uma transmissão, já que o inquilino não
se desliga totalmente do contrato que assinou. Aqui, o inquilino assume,
em parte, o papel de senhorio, e junta um terceiro ao contrato. Na prática,
arrenda o local que lhe foi arrendado, passando a ser como que um segundo
senhorio (sublocador). O subarrendatário paga-lhe renda e este, por sua vez,
paga renda ao proprietário. Mas o inquilino não pode subarrendar quando
bem entende. O subarrendamento só é válido se for reconhecido ou autori-
zado pelo senhorio (veja o título Obrigações do inquilino, na página 39).
A menos que algo diferente tenha sido combinado com o senhorio, a renda
cobrada num subarrendamento não pode ser superior à que é paga pelo
inquilino mais 20% (por exemplo, se for de 500 euros, não pode exceder os
600). Ocorrendo um conflito por este motivo, embora a lei não refira uma
punição específica, o mais certo é o excesso ter de ser entregue ao senhorio.
100
A Transmissão do arrendamento
Hospedagem
O contrato de hospedagem é uma modalidade de prestação de serviços que,
além de um quarto para dormir, pode abranger alimentação, limpeza do
quarto e roupa lavada mediante uma determinada retribuição. Hóspede e
hospedeiro podem pôr fim ao contrato a qualquer momento, sem necessi-
dade de pré-aviso nem obrigação de indemnização, exceto se no contrato
tiver ficado estipulado algo em contrário. Se o hóspede se recusar a sair,
pode o hospedeiro desencadear uma ação de reivindicação. Para isso, terá
de recorrer aos serviços de um advogado.
101
A
A
Capítulo 5
Cessação
do contrato
A Arrendamento para habitação
Na maioria dos contratos com prazo certo, basta que uma das partes se
oponha à renovação. Há ainda que ter em conta que, no respeito pelo
preceito constitucional que consagra o direito à habitação, o senhorio
está claramente mais limitado do que o inquilino quanto à possibilidade
de pôr fim aos contratos que celebra.
104
A Cessação do contrato
Caducidade do contrato
O contrato pode extinguir-se por caducidade. Entre outros motivos, por
ter sido ultrapassado o prazo estabelecido por lei. Também será o caso se
cessarem os poderes que permitem a certa pessoa arrendar o local. Por
exemplo, o usufrutuário de um prédio tem o direito de o arrendar, mas,
terminado o usufruto, o arrendamento caduca.
105
A Arrendamento para habitação
Com exceção das situações em que a caducidade ocorre por ter sido atin-
gido o final do prazo, a restituição do prédio só pode ser exigida 6 meses
após a verificação do facto que justifica a situação. Ou seja, no exemplo do
usufruto, o proprietário não pode exigir a desocupação imediata, devendo
dar um prazo de 6 meses ao inquilino. Obviamente, casos há em que esta
regra não faz sentido, como acontece com a destruição do imóvel. Veja-
mos, para as várias possibilidades de caducidade do contrato, como tudo
se processa.
Final do prazo
Terminado o prazo estipulado no contrato ou estabelecido por lei, o con-
trato caduca, mas não de forma automática. O inquilino ou o senhorio terão
de enviar uma comunicação à outra parte a informar que se opõem à reno-
vação do mesmo.
106
A Cessação do contrato
O QUE É O USUFRUTO?
O uso e a fruição de um imóvel podem ser concedidos a alguém, sem que o proprietário
deixe de o ser. Por outras palavras, este permite que um terceiro utilize o imóvel gratuita-
mente, mantendo, no entanto, a sua propriedade. Diz-se, então, que este terceiro recebe
o usufruto do bem, isto é, o direito temporário de o usar e dele fruir. Entre outros, pode
arrendar o imóvel, mas não tem poderes para lhe alterar a forma nem a substância (por
exemplo, não lhe é permitido modificar a estrutura do prédio, aumentando ou reduzindo
o número de divisões).
Este direito tanto pode ter uma duração determinada como vigorar enquanto o beneficiá-
rio for vivo. Já se for feito a favor de uma pessoa coletiva (sociedade comercial, associação,
etc.), não poderá durar mais de 30 anos.
Quem pretender arrendar uma casa deve, pois, estar atento à qualidade em que o senho-
rio lhe propõe o contrato. Se for apenas usufrutuário, há todo o interesse em saber por
que prazo o direito lhe foi concedido, pois, assim que terminar, é provável que o contrato
também chegue ao fim.
Desaparecimento do imóvel
O contrato só faz sentido enquanto o imóvel existir. Se, por exemplo, uma
catástrofe natural o destruir, o arrendamento deixa de ter validade e, con-
sequentemente, extingue-se. Mesmo que o senhorio venha a reconstruí-lo,
o antigo inquilino não poderá ambicionar a manter o contrato. Na melhor
das hipóteses, sendo a nova casa colocada no mercado de arrendamento,
poderá fazer novo contrato, com as regras que então vigorarem e pagando
a renda que for fixada.
107
A Arrendamento para habitação
Morte do inquilino
Salvo acordo escrito em contrário, os contratos também terminam por
morte do inquilino ou, tratando-se de uma pessoa coletiva, devido à sua
extinção. No contexto do presente livro, esta regra aplica-se aos contratos
para segunda habitação (por exemplo, de caráter turístico), mas de âmbito
duradouro. Ou seja, se alguém arrendar uma casa para fins de semana e
férias, durante todo o ano, e pretender que o contrato se transmita aos seus
108
A Cessação do contrato
109
A Arrendamento para habitação
110
A Cessação do contrato
terminar o contrato com uma certa antecedência, sob pena de ser obri-
gado a compensá-lo. Se o inquilino constatar que lhe é mais vantajoso
acordar uma saída prematura, pode tentar o acordo.
Oral ou escrito?
Quanto à forma do acordo, em princípio só será necessário um docu-
mento escrito se houver compensações para alguma das partes ou regras
para a execução do acordo ou, ainda, se este não produzir efeitos imedi-
atos, por exemplo, através da entrega das chaves ao senhorio. Sendo feito
por escrito, terá de ser assinado pelo senhorio e pelo inquilino (veja um
exemplo de minuta na página 177). Contudo, a menos que haja suspeita
de má-fé de alguma das partes, não é necessário que seja reconhecido
em notário.
Resolução do contrato
Quando alguma das partes não cumpre as suas obrigações ou desrespeita
a lei, o contrato pode terminar por resolução. Esta tanto pode ser desenca-
deada pelo senhorio como pelo inquilino, através de comunicação escrita à
outra parte, embora a primeira situação seja mais comum. O senhorio pode
obter a resolução através dos tribunais ou extrajudicialmente. Já a resolução
do contrato pelo inquilino é efetuada sem recurso aos tribunais. As regras
111
A Arrendamento para habitação
que a seguir referimos são obrigatórias. Ou seja, ainda que as partes determi-
nem no contrato algo diferente, tal não será considerado válido.
Iniciativa do senhorio
A lei prevê diversos motivos para o senhorio pôr fim ao arrendamento atra-
vés da resolução, explicitando-os. Mesmo assim, não basta que o inquilino
entre em incumprimento ou desrespeite determinada norma. Para que
possa dar origem ao fim do contrato, tal comportamento tem de ser de tal
modo grave que torne inviável mantê-lo. Em última instância, caberá aos
julgados de paz ou aos tribunais apurar se certo procedimento atingiu ou
não esse nível de gravidade.
Indemnização ou resolução
Havendo atraso no pagamento da renda, o senhorio tem as seguintes
alternativas:
112
A Cessação do contrato
E o fiador?
Se existir fiança, caso o inquilino não pague o valor em dívida no prazo de
8 dias, o senhorio deve, nos 90 dias seguintes, notificar o fiador do atraso
e dos valores em dívida. O senhorio só pode exigir do fiador os valores em
dívida depois de o ter notificado.
Arrendamento apoiado
Nos contratos sujeitos a este regime, o senhorio pode, no âmbito de acordo
de regularização de dívida, reduzir ou dispensar a indemnização de 20%,
mantendo o direito à resolução do contrato e à cobrança de juros de mora,
em caso de incumprimento do acordo.
As opções do inquilino
Quanto ao inquilino, tem duas possibilidades de regularizar a sua situação
e pôr fim à mora:
— num primeiro momento, evita o pagamento da indemnização e impede
a resolução do contrato se pagar as rendas nos 8 dias seguintes a ter
entrado em falta. Ou seja, limita-se a liquidar a dívida;
— tendo decorrido o prazo de 8 dias, pode pagar as rendas atrasadas acres-
cidas da indemnização de 20% sobre o valor em dívida. Se o senhorio
recusar o pagamento, o inquilino pode recorrer à consignação em depó-
sito (veja, na página 126, o título Depósito da renda).
113
A Arrendamento para habitação
114
A Cessação do contrato
Se o inquilino der ao imóvel um uso diferente do previsto, mesmo que tal alte-
ração do uso não implique maior desgaste ou desvalorização para o prédio,
sujeita-se a ver o contrato terminado. Num exemplo simples, se o fim for a habi-
tação, não poderá ser usado como cabeleireiro.
115
A Arrendamento para habitação
116
A Cessação do contrato
Apesar das limitações que temos vindo a referir, a casa pode ser utilizada por
terceiros que não os elementos do agregado familiar. Por exemplo, e a menos
que o contrato o proíba, o inquilino pode ter um máximo de 3 hóspedes ou
3 pessoas que o auxiliem numa pequena indústria que desenvolva em casa.
Além das pessoas referidas, podem habitar o imóvel todas as que vivam com o
inquilino em economia comum (veja em que consiste na página 98).
117
A Arrendamento para habitação
118
A Cessação do contrato
A menos que outro prazo seja fixado pelo tribunal ou acordado pelas partes,
a desocupação da casa deverá ocorrer até 1 mês depois da resolução do con-
trato. Se o inquilino não respeitar esse prazo, o senhorio poderá apresentar
o requerimento de despejo ao Balcão Nacional do Arrendamento (BNA).
Iniciativa do inquilino
Como vimos, também o inquilino pode resolver o contrato de arrendamento
com base no incumprimento do senhorio. Os casos mais comuns são os
seguintes:
— o senhorio não realizar obras da sua responsabilidade e, por isso, a habi-
tabilidade do imóvel ficar comprometida;
— o imóvel perder a aptidão para o uso previsto no contrato;
— independentemente da responsabilidade do senhorio, o inquilino, por
motivo estranho à sua pessoa ou dos seus familiares, ficar privado do uso
do imóvel, ainda que por um prazo reduzido. O mesmo será válido se
existir ou vier a surgir um defeito no imóvel que ponha em perigo a vida
ou a saúde do inquilino e seu agregado familiar.
119
A Arrendamento para habitação
Denúncia do contrato
A denúncia é outra forma de pôr fim à relação entre senhorio e inquilino.
Ao contrário da resolução, não tem por base nenhum tipo de comporta-
mento desrespeitador da lei ou do contrato. Aliás, neste caso, o arrenda-
mento tanto pode terminar devido a um motivo concreto como à mera von-
tade das partes. Em regra, a denúncia pode ser utilizada tanto pelo senhorio
como pelo inquilino.
120
A Cessação do contrato
121
A Arrendamento para habitação
122
A Cessação do contrato
123
A Arrendamento para habitação
Ação de despejo
A ação de despejo visa terminar o arrendamento sempre que a lei
imponha o recurso à via judicial para esse fim (por exemplo, se tiver
124
A Cessação do contrato
Fundamentos
O senhorio deverá avançar com a ação de despejo quando a resolução do
contrato de arrendamento tenha como fundamento o incumprimento,
por parte do arrendatário, de algumas das suas obrigações. Será o caso
das seguintes situações:
— violação de regras de higiene, de sossego, de boa vizinhança ou de
normas constantes do regulamento do condomínio;
— utilização do imóvel contrária à lei, aos bons costumes ou à ordem
pública;
— uso do locado para fim diverso daquele a que se destina, ainda que a
alteração do uso não implique maior desgaste ou desvalorização para
o prédio;
— não uso do locado por mais de 1 ano, com exceção das situações de
força maior ou de doença; cumprimento de deveres militares ou pro-
fissionais do próprio, do cônjuge ou de quem viva em união de facto;
quando o imóvel for habitado por alguém com direito de uso (veja o
título Uso e habitação, na página 31) ou a ausência se dever a prestação
de apoios continuados a pessoas com grau de incapacidade igual ou
superior a 60%;
— cedência total ou parcial, temporária ou permanente e onerosa ou gra-
tuita do gozo do prédio, quando ilícita, inválida ou ineficaz perante o
senhorio.
125
A Arrendamento para habitação
Justo impedimento
Quando o senhorio e o inquilino, por razões alheias à sua vontade, não
conseguem cumprir dentro do prazo uma obrigação legal ou não recebem
comunicações que lhes sejam dirigidas, diz-se que ocorre um justo impedi-
mento, que funciona como justificação. Terminando a situação que esteve
na origem do justo impedimento, a outra parte deve ser informada. Havendo
desacordo entre as partes, quanto à validade do fundamento, terá de ser o
tribunal a avaliar a situação.
Depósito da renda
Em determinadas situações, o inquilino pode proceder ao depósito da
renda, evitando potenciais complicações, como, por exemplo, o pagamento
de juros de mora. Isto acontece:
— quando, por motivos que não sejam da sua responsabilidade (por exem-
plo, um erro do banco), não puder pagar o que deve;
— devido a razões imputáveis ao senhorio (por exemplo, não serem conhe-
cidos os seus herdeiros em caso de morte);
— se o senhorio se recusar a cumprir determinada obrigação (por exemplo,
obras) ou estiver em curso uma ação de despejo;
— quando, estando atrasado no pagamento da renda, for dada ao inquilino
a possibilidade de saldar as dívidas. O mesmo se aplica a quaisquer outras
despesas que tenha a cargo.
Como fazer
O depósito, à ordem do tribunal da área onde se encontra o imóvel ou daquele
que estiver a analisar a ação judicial, se existir, pode ser feito em qualquer
banco, devendo ser acompanhado por um documento com dois exemplares,
assinado pelo inquilino ou por alguém em seu nome, e do qual constem:
— a identidade do senhorio e do inquilino, bem como a identificação do
imóvel;
126
A Cessação do contrato
A resposta do senhorio
O senhorio tem duas opções no que respeita ao depósito das rendas:
aceitar ou impugnar. Decidindo-se pela impugnação, são-lhe concedidos
20 dias, desde que o inquilino o informou do depósito, para recorrer
ao tribunal. Se for impugnado, o depósito só poderá ser levantado após
decisão do tribunal e nos termos que este determinar.
127
A Arrendamento para habitação
128
A Cessação do contrato
As opções do senhorio
Para dar início ao procedimento especial de despejo, o senhorio pode apre-
sentar o requerimento online, em papel ou optar por um processo misto,
em que preenche o formulário online e entrega a documentação em papel.
Mas também pode recorrer a um advogado ou solicitador.
Online
Para fazer tudo sem sair de casa, basta aceder à página do Balcão Naci-
onal de Arrendamento, através do endereço https://bna.mj.pt/, e clicar
em Entrega de requerimento de despejo. Terá de preencher, assinar e
enviar o formulário, anexando os documentos necessários, em formato
digital, para dar entrada do pedido. No mínimo, terá de apresentar uma
cópia do contrato de arrendamento e comprovativo de pagamento do res-
petivo Imposto de Selo (veja também o quadro Documentos a apresentar,
na página seguinte).
Em papel ou misto
Na página do Balcão Nacional de Arrendamento (https://bna.mj.pt/),
preencha o Modelo de requerimento de despejo. Este pode ser guardado
e apresentado em formato PDF ou impresso e entregue nas secretarias
dos tribunais onde dão entrada as ações de despejo (veja quais têm essa
competência na página do BNA, indicada no início deste parágrafo).
No primeiro caso, depois de preencher o formulário e de este ser vali-
dado recebe uma referência e, no prazo de 10 dias, dirige-se a uma destas
secretarias, levando todos os documentos em papel que pretende jun-
tar ao processo. No segundo, leva também o requerimento em papel,
devidamente preenchido, o qual será introduzido na plataforma pelos
funcionários. Num caso como noutro, também a documentação anexa
é digitalizada e o processo é enviado para o BNA. O senhorio recebe um
comprovativo da entrega e os dados necessários para pagar a taxa de
justiça.
Recorrer a um mandatário
O senhorio pode também delegar esta tarefa num advogado ou solicita-
dor. Neste caso, o despejo é requerido, forçosamente, através do preen-
chimento e envio do formulário eletrónico disponível no sistema citius,
juntamente com a versão digital dos documentos necessários. Apresentar
o requerimento de outra forma, neste caso, implica o pagamento ime-
diato, com a taxa de justiça, de uma multa no valor de 204 euros (duas
unidades de conta).
129
A Arrendamento para habitação
DOCUMENTOS A APRESENTAR
Fundamento para o despejo Documentos
Revogação por acordo Contrato de arrendamento e acordo celebrado
entre as partes
Caducidade, ou seja, foi atingido o prazo fixado Contrato de arrendamento com a menção do
e o contrato não é renovável respetivo prazo
Oposição à renovação pelo senhorio Contrato de arrendamento e comprovativo da
comunicação de oposição à renovação
Denúncia por comunicação do senhorio Contrato de arrendamento e comprovativo da
comunicação ao inquilino
Resolução por comunicação Contrato de arrendamento, comprovativo da
comunicação ao inquilino e, quando aplicável,
documento emitido pela câmara a atestar
oposição do inquilino às obras
Denúncia pelo inquilino depois de o senhorio se Contrato de arrendamento e comprovativo das
opor à renovação comunicações
Resolução por falta de pagamento da renda Contrato e comprovativo da comunicação ao
inquilino do valor em falta
130
A Cessação do contrato
131
A Arrendamento para habitação
APOIO JUDICIÁRIO
Tal como acontece nos tribunais, quem não tiver meios para pagar os custos do procedi-
mento pode requerer apoio judiciário para isenção ou pagamento faseado das taxas e
demais encargos. A entrega do comprovativo de pedido de apoio judiciário equivale ao
pagamento da taxa de justiça.
Se o apoio judiciário for recusado, o requerente deverá pagar a taxa no prazo de 5 dias a
contar da data em que foi notificado da decisão. Não o fazendo, o procedimento será con-
siderado extinto ou, caso já tenha sido constituído título para a desocupação do locado,
ficará obrigado ao pagamento do equivalente a 10 vezes o valor da taxa devida.
132
A Cessação do contrato
133
A Arrendamento para habitação
Adiar a desocupação
Dentro do prazo de que dispõe para a oposição (15 dias), o arrendatário
pode requerer ao juiz do tribunal judicial da área do imóvel o adiamento
da desocupação, por “razões sociais imperiosas”, devendo logo apresen-
tar as provas disponíveis e indicar as testemunhas, até ao limite de 3.
Ao tomar a decisão sobre esta matéria, o juiz deverá ter em consideração
as exigências da boa-fé, a circunstância de o arrendatário não dispor ime-
diatamente de outra habitação, o número de pessoas que habitam com o
arrendatário, a sua idade, o seu estado de saúde e, em geral, a situação
económica e social das pessoas envolvidas.
Desocupação do imóvel
Havendo título ou decisão judicial que obrigue à desocupação, o agente
de execução, o notário ou o oficial de justiça deslocam-se ao local para
entrar no imóvel, o que, na lei, é designado por tomar posse. Senhorio e
arrendatário podem, no entanto, acordar num prazo para a desocupa-
ção, com remoção de todos os bens móveis.
134
A Cessação do contrato
135
A Arrendamento para habitação
Verificado o fundamento
do despejo, o senhorio
ou o seu mandatário O BNA notifica o inquilino
preenche e envia
o formulário do
procedimento especial de
despejo para o BNA O inquilino
pode, no prazo de 15 dias,
optar por uma de quatro
hipóteses
final do procedimento BNA emite um título dá lugar à abertura de tal diferimento não
de desocupação, um processo especial pode exceder o prazo
podendo o senhorio e urgente no tribunal; de 5 meses a contar
promover a efetivação arrendatário paga da data do trânsito em
do mesmo. Apenas há caução e deposita julgado da decisão que
intervenção do tribunal rendas devidas no o conceder
se for necessário decurso do processo.
autorizar a entrada no Se alguma das partes
domicílio do inquilino utilizar abusivamente
este procedimento
incorre em multa igual
a 10 vezes a taxa de
justiça devida
136
A Cessação do contrato
137
A
A
Capítulo 6
Subsídios
e programas
de apoio
A Arrendamento para habitação
Subsídio de renda
Têm direito ao subsídio de renda os inquilinos com contratos de arrenda-
mento para habitação celebrados antes de 18 de novembro de 1990 e que
estejam em processo de atualização de renda, bem como aqueles cujos con-
tratos tenham sido objeto de atualização extraordinária de renda.
140
A Subsídios e programas de apoio
GLOSSÁRIO
Rendimento Anual Bruto (RAB): é o valor que resulta da soma dos rendimentos anuais
ilíquidos (ou seja, sem retirar os impostos, Segurança Social e outras eventuais contribui-
ções) de todos os elementos do agregado familiar do inquilino.
Rendimento Anual Bruto Corrigido (RABC): é o valor que resulta da soma dos rendimentos
anuais ilíquidos recebidos por todos os elementos do agregado familiar do inquilino, corri-
gidos por determinados fatores.
Retribuição Mínima Nacional Anual (RMNA): ou seja, o salário mínimo anual.
Renda: valor mensal da retribuição devida pelo inquilino ao senhorio pelo uso da habitação.
141
A Arrendamento para habitação
142
A Subsídios e programas de apoio
Requerer e receber
O inquilino deve solicitar a atribuição do subsídio de renda através da
internet ou junto dos serviços de Segurança Social da área do imóvel, nos
6 meses que antecedem o momento a partir do qual poderá ter direito a ele
(por exemplo, o termo do prazo de 5 anos relativo ao período transitório).
Nos 15 dias que se seguem à apresentação do requerimento, estes serviços
enviam a informação relevante para o Instituto da Habitação e Reabilitação
Urbana (IHRU), que tem mais 15 dias para tomar uma decisão.
143
A Arrendamento para habitação
Incumprimento e fiscalização
Havendo incumprimento por parte do beneficiário do subsídio (por exem-
plo, não entregou os comprovativos necessários ou desrespeitou os termos
do contrato de arrendamento que deu origem à sua atribuição), ocorre a
cessação do pagamento da prestação e a restituição dos valores pagos.
Programas de apoio
Existem diversos programas de apoio, entre eles o Porta 65 Jovem, desti-
nado a facilitar o arrendamento por parte das camadas mais jovens da popu-
lação, o programa de arrendamento acessível, a que podem candidatar-se
inquilinos e senhorios, e ainda o Reabilitar, para apoiar os proprietários na
realização de obras que tornem os imóveis aptos a integrar o mercado de
arrendamento.
Porta 65 Jovem
Destinado a jovens a partir dos 18 anos, inclusive, este programa é gerido
pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), que avalia as
candidaturas e define os montantes financiados. É pago mensalmente atra-
vés de transferência bancária, não sendo cumulável com outros subsídios.
Condições de acesso
Para obterem este apoio, os candidatos deverão reunir diversos requisitos,
designadamente:
— serem maiores de idade e ainda não terem atingido os 35 anos (tratando-se
de um casal, um dos membros pode ter até 37 anos e o outro até 34 anos);
144
A Subsídios e programas de apoio
Candidaturas
As candidaturas ao Porta 65 Jovem são submetidas, exclusivamente, atra-
vés da página www.portaldahabitacao.pt > arrendamento > Porta 65 Jovem.
Aceda à opção “Apresentar Candidatura” e introduza o seu número de iden-
tificação fiscal e a senha de acesso ao Portal das Finanças. Abrem, anual-
mente, quatro períodos para apresentação de candidaturas (dois em abril,
145
A Arrendamento para habitação
Montante da prestação
O subsídio varia consoante o rendimento e o número de pessoas que com-
põem o agregado, mas também em função da localização do imóvel. O simu-
lador existente no Portal da Habitação facilita as contas.
A percentagem da subvenção mensal pode ser acrescida em determinadas
circunstâncias, variando a percentagem do acréscimo consoante a situação.
146
A Subsídios e programas de apoio
147
A Arrendamento para habitação
seguinte). Por exemplo, um casal com dois filhos não poderá receber mais do
que 55 mil euros brutos por ano.
RENDIMENTO DO AGREGADO
FAMILIAR
Número de Rendimento anual bruto
pessoas máximo
1 PESSOA 35 mil euros
2 PESSOAS 45 mil euros
+ 2 PESSOAS + 5 mil euros por pessoa
O valor da renda
O valor máximo da renda corresponde a 80% do valor de referência do preço de
renda (VRPR) aplicável ao alojamento, com base nas suas características, não
podendo ultrapassar a limite geral aplicável por tipologia. O valor de referência é
calculado tendo em conta a área e a localização do imóvel, a qualidade do aloja-
mento e respetiva certificação energética, bem como o valor mediano das rendas
por m2 de novos contratos de arrendamento, por freguesia, de acordo com os
dados mais recentes divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística.
148
A Subsídios e programas de apoio
T0 T1 T2 T3 T4 T5 >T5
525 775 1000 1200 1350 1500 1500+100 por cada quarto acima do 5.º
Alcochete, Alcoutim, Aljezur, Aveiro, Barreiro, Calheta (Madeira), Coimbra, Espinho, Évora,
Faro, Gondomar, Lagoa (Açores), Lagoa, Mafra, Maia, Moita, Monchique, Montijo, Olhão,
Palmela, Ponta Delgada, Ponta do Sol, Portimão, Porto Moniz, Porto Santo,
Escalão 3 Póvoa de Varzim, Ribeira Brava, Santa Cruz, Santana, São Vicente, Seixal, Sesimbra,
Setúbal, Silves, Sines, Torres Vedras, Valongo, Vila Praia da Vitória, Vila do Bispo,
Vila Franca de Xira, Vila Nova de Gaia e Vila Real de Santo António
T0 T1 T2 T3 T4 T5 >T5
325 475 600 700 800 875 875+75 por cada quarto acima do 5.º
Alandroal, Alcobaça, Alenquer, Aljustrel, Alpiarça, Alvaiázere, Alvito, Arouca, Arruda dos
Vinhos, Azambuja, Barcelos, Barrancos, Beja, Benavente, Braga, Caldas da Rainha, Calheta
(Açores), Câmara de Lobos, Caminha, Castanheira de Pera, Castro Verde, Chamusca, Coruche,
Corvo, Cuba, Esposende, Estarreja, Ferreira do Alentejo, Figueira da Foz, Figueiró dos Vinhos,
Góis, Grândola, Guimarães, Ílhavo, Lajes das Flores, Lajes do Pico, Leiria, Lourinhã, Machico,
Madalena, Marinha Grande, Mértola, Montemor-o-Novo, Mora, Mourão, Murtosa, Nazaré,
Escalão 2 Nordeste, Óbidos, Odemira, Ourém, Ourique, Ovar, Pampilhosa da Serra, Pedrógão Grande,
Penacova, Penela, Peniche, Portel, Povoação, Redondo, Salvaterra de Magos, Santa Cruz da
Graciosa, Santa Cruz das Flores, Santa Maria da Feira, Santarém, Santiago do Cacém, São
Brás de Alportel, São João da Madeira, São Roque do Pico, Serpa, Sobral de Monte Agraço,
Terras de Bouro, Tomar, Trofa, Velas, Vendas Novas, Viana do Alentejo, Viana do Castelo, Vila
do Conde, Vila do Porto, Vila Franca do Campo, Vila Nova de Famalicão, Vila Real e Viseu
T0 T1 T2 T3 T4 T5 >T5
250 350 450 525 600 675 675+50 por cada quarto acima do 5.º
T0 T1 T2 T3 T4 T5 >T5
200 275 350 425 475 525 525+50 por cada quarto acima do 5.º
(1) Se
o contrato de arrendamento contemplar apenas uma parte da habitação (um quarto, por exemplo),
o limite aplicável à renda corresponde a 55% do valor aplicado aos T0 no respetivo concelho.
149
A Arrendamento para habitação
150
A Subsídios e programas de apoio
Fases da candidatura
A pré-candidatura ao programa é feita através de um formulário disponi-
bilizado no Portal da Habitação (www.portaldahabitacao.pt). Será ainda
necessário juntar os seguintes documentos que, juntamente com os dados
fornecidos, permitirão avaliar se a intervenção é elegível e viável:
— cópia simplificada do registo predial do imóvel e inscrições em vigor;
— caderneta predial;
— 4 fotografias que mostrem o edifício.
Despesas financiadas
São elegíveis para financiamento as despesas relacionadas com:
— projetos e outros trabalhos conexos de empreitada, incluindo, por exem-
plo, fiscalização, assistência técnica e gestão de projetos;
151
A Arrendamento para habitação
Condições do empréstimo
O montante máximo é de 90% do investimento total da operação de reabi-
litação. Durante a execução da obra existe um período de carência de capi-
tal, ao qual acresce um período de 6 meses. Porém, esse período não pode
ultrapassar 36 meses após a primeira utilização de capital. O prazo máximo
de reembolso é de 180 meses (15 anos), contados a partir do fim do período
de carência. A amortização é efetuada em prestações mensais, sucessivas e
constantes de capital e de juros. Durante o período de reembolso, é aplicada
uma taxa fixa definida no momento da aprovação da operação.
152
A
Capítulo 7
Arrendamento
e impostos
A Arrendamento para habitação
O inquilino, por seu turno, tem a possibilidade de deduzir no IRS parte das
rendas que paga. Em circunstâncias mais raras, poderá ainda ter de suportar
o Imposto Municipal sobre Transações onerosas de imóveis (IMT).
154
A Arrendamento e impostos
155
A Arrendamento para habitação
E A RETENÇÃO NA FONTE?
• Os inquilinos particulares estão dispensados de retenção na fonte no pagamento das rendas.
Já se tiverem contabilidade organizada (se for uma empresa ou um contribuinte individual
com atividade empresarial, por exemplo, e apresentar essa despesa como custo de ativi-
dade) e as rendas pagas ultrapassarem os 10 mil euros anuais, é feita, obrigatoriamente,
uma retenção de 25% sobre os montantes pagos. Este montante funciona como um paga-
mento antecipado do imposto sobre os rendimentos prediais que está a cargo do senhorio.
• Não havendo dispensa da retenção na fonte, por estarem envolvidos montantes superiores
ao limite de 10 mil euros e o inquilino ter contabilidade organizada, este deve entregar ao
senhorio, até ao dia 20 de janeiro de cada ano, uma declaração com os montantes das
rendas e respetivas retenções. Este documento serve de comprovativo perante o Fisco.
156
A Arrendamento e impostos
Como declarar
Vejamos, em primeiro lugar, como é declarado e cobrado este imposto.
Sugerimos que, em caso de dúvida, quando pode optar pela forma de tribu-
tação, o senhorio preencha a declaração para cada uma das alternativas e
simule, antes de fazer a entrega.
Tributação autónoma
Por defeito, se o senhorio não optar pelo englobamento das rendas na cate-
goria F nem tiver atividade aberta, como senhorio, na categoria B, as Finan-
ças aplicam uma taxa de tributação autónoma aos rendimentos prediais de
imóveis situados em Portugal. Esta taxa é de 28%, mas, como incentivo ao
arrendamento de longa duração, os contratos celebrados desde 1 de janeiro
de 2019 beneficiam de uma redução progressiva de imposto, até atingir os
10% nos contratos com uma duração superior a 20 anos (veja o esquema
da página seguinte). Por exemplo, basta uma duração de 2 anos para haver,
logo no primeiro ano, uma redução de 2% na taxa a aplicar ao valor das
rendas. A cada renovação, pelo mesmo prazo, será aplicada nova redução
de 2%, até ao limite de 14%. Às rendas pagas no âmbito de contratos com
duração superior a 5 anos e inferior a 10 é aplicada uma taxa de IRS de 23%,
ou seja, menos 5% do que a taxa normal. Também aqui as renovações do
contrato vão baixando a taxa até aos 14%, a mesma que é aplicada, desde
o início, aos contratos com uma duração superior a 10 e inferior a 20 anos.
A bonificação máxima, com uma taxa de 10%, aplica-se apenas aos contratos
de arrendamento que são celebrados, logo à partida, por um período supe-
rior a 20 anos.
157
A Arrendamento para habitação
TRIBUTAÇÃO AUTÓNOMA
(anexo F do IRS)
contratos
anteriores 28%
a 01/01/2019
Imóveis
em áreas
de reabilitação 5%
urbana
contrato de
arrendamento
acessível 0%
posterior a
01/07/2019
158
A Arrendamento e impostos
Deduções possíveis
Seja qual for a forma de tributação, é possível deduzir às rendas boa parte
das despesas suportadas com o imóvel. Genericamente, as deduções aos
rendimentos prediais estão relacionadas com a manutenção e a conserva-
ção, ou seja, as despesas feitas para possibilitar os rendimentos. Em con-
creto, trata-se das seguintes:
159
A Arrendamento para habitação
Optando pelo englobamento, pode deduzir esse prejuízo, nos 6 anos seguin-
tes, a eventuais rendimentos prediais que venha a obter. Nesse sentido,
160
A Arrendamento e impostos
Rendimentos excecionais
Para evitar que o senhorio seja penalizado num ano em que recebe mais
rendas do que o previsto — rendas em atraso, por exemplo — beneficia de um
mecanismo para não subir de escalão de IRS. Assim, as rendas de anos ante-
riores são divididas pelo número de anos a que respeitem, incluindo aquele
em que foram pagas, e apenas o equivalente a 1 ano é somado à globalidade
dos rendimentos para determinar a taxa a aplicar. Imaginemos que recebe
20 mil euros de rendas que ficaram por pagar nos 3 anos anteriores. O Fisco
tributa todo o montante no ano em que é pago, mas tem em conta apenas
1/4 do total para encontrar a taxa de imposto a aplicar. Assim, embora tribute
os 20 mil euros, só considera 5 mil para apurar a taxa.
161
A Arrendamento para habitação
162
A Arrendamento e impostos
contribuinte não tem ou que já estão na posse das Finanças. Além disso,
alguns dados só podem ser obtidos junto dos serviços.
Taxas de IMI
As taxas do IMI para prédios urbanos variam entre 0,3% e 0,45%. Cabe a
cada município fixar a taxa que aplica, desde que este intervalo seja respei-
tado. Para saber qual a taxa praticada num determinado município, consulte
o Portal das Finanças (Cidadãos > Serviços > Imposto Municipal sobre Imó-
veis > Taxas IMI > Consultar Taxas do Município). Vista a regra geral, importa
ainda indicar as seguintes especificidades:
— os municípios integrados em programas de regularização do endivida-
mento estão obrigados a aplicar uma taxa de 0,50%;
— ao valor patrimonial tributário dos prédios rústicos aplica-se a taxa de
0,8%. Já o IMI dos imóveis constituídos por uma parte urbana e outra
rústica têm um valor tributário para cada uma delas, aplicando-se auto-
nomamente a respetiva taxa;
— os imóveis que sejam propriedade de entidades com domicílio fiscal em
país, território ou região sujeitos a um regime fiscal claramente mais favo-
rável (os chamados offshores) estão sujeitos a uma taxa de imposto de
7,5%.
163
A Arrendamento para habitação
0,8%
imóvel urbano
0,3% a
0,45%
Isenções
O código do IMI prevê várias possibilidades de isenção temporária ou,
em certos casos, definitiva. No âmbito dos imóveis arrendados, importa
saber que ficam isentos de IMI, por um período máximo de 3 anos após a
aquisição, os imóveis construídos de novo, ampliados, melhorados ou adqui-
ridos a título oneroso, quando se trate da primeira transmissão, desde que o
primeiro contrato de arrendamento para habitação seja efetuado no prazo de
6 meses após a aquisição ou a conclusão das obras. O pedido deve ser apre-
sentado até 60 dias depois de terminado o prazo de 6 meses. Se o pedido for
efetuado fora do prazo, a isenção inicia-se a partir do ano seguinte ao da sua
apresentação. Porém, finda sempre no momento em que deveria terminar
se tivesse sido requerida a tempo, não contando com os 60 dias adicionais.
164
A Arrendamento e impostos
Reunidos estes requisitos, também não pagam IMI, e desta vez sem limite
temporal, as famílias com rendimento anual bruto até 15 295 euros e com
imóveis (rústicos e urbanos) de valor total até 66 500 euros. Esta isenção
aplica-se de forma automática, mas é imprescindível que a última declaração
de IRS tenha sido submetida dentro do prazo.
Prédios classificados
Os prédios classificados como monumentos nacionais, de interesse
público, valor municipal ou património cultural gozam de isenção de IMI.
Esta isenção é automática, mediante comunicação ao Fisco da classifica-
ção pelo Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico
(IGESPAR) ou pela câmara municipal, e cessa no ano em que o prédio
venha a ser desclassificado. Ou seja, no ano em que tal ocorre o proprie-
tário já terá de pagar IMI.
Relativamente aos prédios de interesse público, valor municipal ou patri-
mónio cultural que não foram objeto de uma classificação individualizada,
os municípios podem fixar uma redução até 50% da taxa em vigor no ano a
que respeita o imposto.
165
A Arrendamento para habitação
166
A Arrendamento e impostos
As exceções à regra
Considerando que as situações referidas no título anterior nem sempre serão
a prova inequívoca de um prédio estar devoluto, a lei definiu um conjunto
de exceções. Por isso, e ainda que se verifiquem tais indícios, não serão con-
siderados devolutos os imóveis:
— situados na praia, no campo, em termas ou outros locais vocacionados
para férias (destinados ao arrendamento temporário ou uso próprio)
e que sejam habitados por curtos períodos;
— sujeitos a obras de reabilitação, desde que tenham sido certificadas pela
câmara;
— construídos ou com licença de utilização há menos de 1 ano;
— adquiridos para revenda por pessoa singular ou coletiva que reúna os
requisitos para beneficiar de isenção do Imposto Municipal sobre Trans-
missões onerosas de imóveis (IMT) durante 3 anos a contar da aquisição;
— que constituam a residência fiscal em território nacional de emigrantes
portugueses;
— que constituam a residência em território nacional de cidadãos portugue-
ses (ou acompanhantes autorizados) que desempenhem no estrangeiro
funções públicas ao serviço do Estado ou organizações internacionais ou,
ainda, funções de reconhecido interesse público;
— integrados em empreendimento turístico ou inscritos como estabeleci-
mentos de alojamento local.
Procedimentos prévios
Se concluírem que um imóvel está devoluto, os municípios notificam o pro-
prietário da intenção de o classificar como tal e dão-lhe a possibilidade de
contestar a decisão. Se o proprietário não provar que o imóvel não se encon-
tra devoluto, a câmara informa as Finanças e estas aplicam as penalizações
indicadas na página anterior (título Agravamento aos prédios devolutos).
Depois disso, o proprietário só poderá contestar a decisão da câmara em
tribunal e, para o efeito, necessita de recorrer a um advogado.
Pagamento
Se o imposto for inferior a 100 euros, terá de ser pago integralmente em
maio. Variando entre 100 e 500 euros, o Fisco divide-o em duas prestações,
167
A Arrendamento para habitação
A nota de cobrança de valores superiores a 500 euros permite pagar tudo de uma vez ou apenas a primeira
prestação.
168
A Arrendamento e impostos
O Fisco considera, por defeito, que os casais devem ser tributados em sepa-
rado. Se não optarem pela tributação conjunta dentro do prazo (1 de abril a
31 de maio), o AIMI é cobrado individualmente ao cônjuge que consta como
titular na matriz predial. Ainda que o casal entregue o IRS em conjunto, tal
169
A Arrendamento para habitação
não significa, para as Finanças, que faz a mesma opção para efeitos de adicio-
nal ao IMI. A tributação conjunta de AIMI é especialmente vantajosa quando
um dos membros do casal detém património mais valioso do que o outro e
correria o risco de pagar adicional ao IMI se fosse tributado em separado.
Imóveis e heranças
Quando os imóveis fazem parte de uma herança que ainda não foi partilhada
também se aplica uma dedução de 600 mil euros ao valor tributável constitu-
ído pelo somatório dos valores patrimoniais dos prédios. Se, no total, os imó-
veis que constituem a herança não tiverem um valor superior a 600 mil euros
não há lugar ao pagamento de AIMI. Aqui o contribuinte não é cada um dos
herdeiros, mas a herança indivisa propriamente dita. As taxas aplicáveis são
as que constam do quadro das taxas de AIMI, na página anterior.
170
A Arrendamento e impostos
Imposto do Selo
Quando celebra o contrato, o senhorio (ou um sublocador) tem de pagar
Imposto do Selo no valor de 10% da renda mensal. Tratando-se de arren-
damentos com duração inferior a 1 mês e sem possibilidade de renovação,
o imposto incide sobre o valor total da renda.
171
A Arrendamento para habitação
DEDUZIR AS RENDAS
Dedução máxima
Rendimento coletável (em euros)
(em euros)
SEM LIMITE 502
7112 A 20 261 503 a 799
MENOS DE 7112 800
Se subarrendar parte da casa, o inquilino também tem de declarar as importâncias recebidas no anexo F.
172
A Arrendamento e impostos
173
A
A
Capítulo 8
Minutas
A Arrendamento para habitação
176
A Minutas
MODELO 1
Acordo para revogação
do contrato de arrendamento
A revogação ocorre quando ambas as partes estão de acordo em pôr fim ao contrato. O acordo
de revogação é obrigatoriamente celebrado por escrito quando não seja executado de imediato
ou contenha cláusulas compensatórias ou outras cláusulas acessórias.
(localidade), de de
O Primeiro Outorgante
O Segundo Outorgante
177
A Arrendamento para habitação
MODELO 2
Transmissão da posição de inquilino
(Localidade e data)
Exmo. Senhor,
Como tenho direito à transmissão do arrendamento, agradeço que o recibo referente ao mês
de julho, que se vence no próximo dia 1 de junho, já seja emitido em meu nome.
(Assinatura)
178
A Minutas
MODELO 3
Atualização da renda e duração
dos contratos antigos (carta do senhorio)
(Localidade e data)
Exmo. Senhor,
Serve a presente para comunicar a V. Exa. que, nos termos e ao abrigo do disposto no
Novo Regime de Arrendamento Urbano, definido pela Lei n.º 31/2012, de 14 de agosto,
a minha proposta para atualização da renda mensal do andar esquerdo/direito do
prédio número , da Rua em
(localidade), da qual V. Exa. é arrendatário, é de euros (por extenso),
devida a partir do prazo fixado na Lei, isto é, o 1.º dia do 2.º mês seguinte ao da receção
desta comunicação. Mais comunico que o contrato de arrendamento em causa ficará com
uma duração de anos a contar da data efetiva da atualização.
Em cumprimento do disposto no artigo 30.º do referido diploma legal, informo que o valor do
locado é de euros, avaliado nos termos dos artigos 38.º e seguintes do
Código do Imposto Municipal sobre Imóveis, constante da caderneta predial urbana, cuja cópia
anexo para vosso conhecimento.
Deverá V. Exa., nos termos da lei, responder a esta proposta por carta, no prazo máximo
de 30 dias a contar da data de correio. Na resposta à presente missiva poderá aceitar ou
opor-se ao valor da renda, propondo novo valor. Pode igualmente pronunciar-se quanto ao tipo
ou duração do contrato ou denunciá-lo. Mais se informa V. Exa. que, na oposição, pode invocar,
isolada ou conjuntamente, as seguintes circunstâncias: rendimento anual bruto corrigido
(RABC) inferior a cinco retribuições mínimas nacionais anuais (RMNA); idade igual ou superior a
65 anos ou deficiência com grau comprovado de incapacidade igual ou superior a 60%, e deverá
juntar os respetivos documentos comprovativos.
179
A Arrendamento para habitação
Caso não responda no prazo acima indicado, pressuponho a aceitação da atualização da renda
e da duração do contrato para o valor e o prazo agora propostos.
(Assinatura)
180
A Minutas
MODELO 4
Resposta do arrendatário à proposta do senhorio, invocando idade igual ou
superior a 65 anos
(Localidade e data)
Exmo. Senhor,
Acuso a receção da vossa carta de / / , cujo teor mereceu a minha melhor
atenção. No que respeita à vossa proposta de atualização do contrato de arrendamento
relativo ao andar esquerdo/direito do prédio sito na Rua ,
número , em (localidade), do qual sou arrendatário e V. Exa.
senhorio, venho por este meio informar o seguinte:
Face ao exposto, ao invés do valor da renda proposto por V. Exa., proponho pagar a quantia
mensal de euros. Mais comunico que não aceito a vossa proposta de
alteração do tipo e da duração do contrato em causa. Deverá V. Exa., nos termos da lei,
responder a esta proposta por carta, no prazo máximo de 30 dias a contar da data de
correio. Caso não o faça, pressuponho a aceitação da atualização da renda para o valor agora
proposto.
(Assinatura)
181
A Arrendamento para habitação
MODELO 5
Resposta do arrendatário à proposta do senhorio, invocando carência económica
(Localidade e data)
Exmo. Senhor,
Acuso a receção da vossa carta de / / , cujo teor mereceu a minha melhor atenção.
No que respeita à vossa proposta de atualização do contrato de arrendamento relativo
ao andar esquerdo/direito do prédio sito na Rua , número ,
em (localidade), do qual sou arrendatário e V. Exa. senhorio, venho por este meio
informar o seguinte:
Em cumprimento do disposto no artigo 32.º da Lei n.º 31/2012, de 14 de agosto, junto anexo
(escolher uma das seguintes opções): comprovativo emitido pelo serviço de Finanças, do qual
consta o valor do RABC do meu agregado familiar/comprovativo de que o documento emitido pelo
serviço de Finanças, do qual consta o valor do RABC do meu agregado familiar, foi requerido, não
me tendo sido ainda disponibilizado. Logo que tal suceda, enviar-lhe-ei cópia do mesmo.
Mais comunico que não aceito a vossa proposta de alteração do tipo e da duração do contrato
de arrendamento em causa.
(Assinatura)
Anexo: Comprovativo do valor do RABC do agregado familiar emitido pelo serviço de Finanças
ou de que tal documento já foi requerido. O comprovativo deve ser enviado no prazo de 15 dias
após a sua obtenção.
182
A Minutas
MODELO 6
Atualização da renda
com base nos coeficientes anuais de atualização
(Localidade e data)
Exmo. Senhor,
(Assinatura)
183
A Arrendamento para habitação
MODELO 7
Comunicação ao senhorio
do pedido de subsídio de renda
(Localidade e data)
Exmo. Senhor,
Serve a presente para comunicar a V. Exa. que, nos termos do n.º 1 do artigo 9.º do Decreto–
-Lei n.º 156/2015, de 10 de agosto, que aprova o regime do subsídio de renda, e na qualidade
de arrendatário com contrato de arrendamento para habitação celebrado antes de 18 de
novembro de 1990, o qual se encontra em processo de atualização de renda, apresentei junto
dos serviços competentes um pedido de subsídio de renda na modalidade de subsídio para
arrendamento em vigor, conforme comprovativo que se junta.
(Assinatura)
184
A Minutas
MODELO 8
Comunicação de ausência
Por regra, o inquilino não pode deixar de usar a casa arrendada durante mais de 1 ano.
No entanto, poderá ausentar-se do imóvel, até ao máximo de 2 anos, entre outros motivos
para cumprir deveres militares ou profissionais. Se estas condições não forem respeitadas,
o senhorio pode intentar uma ação de despejo com base na ausência.
(Localidade e data)
Assunto: Ausência.
Exmo. Senhor,
Venho por este meio, na qualidade de inquilino do andar acima referido, de que V. Ex.ª é
proprietário, comunicar que me ausentarei do mesmo durante cerca de 6 meses,
por razões profissionais (por exemplo, formação profissional no estrangeiro).
Como é evidente, continuarei a pagar a renda tal como até aqui. Durante a minha ausência,
poderá contactar-me para a seguinte morada:
O inquilino
(Assinatura)
185
A Arrendamento para habitação
MODELO 9
Comunicação do falecimento do inquilino
(Localidade e data)
Exmo. Senhor,
Informo também que o meu pai morava sozinho e que não deixou pessoas a quem o
arrendamento possa ser transmitido. Por isso, de acordo com a lei, procederei à remoção, até
ao final do sexto mês a seguir ao do falecimento (neste caso, até ao fim de )
de todos os seus haveres, bem como dos benefícios por ele introduzidos na casa que possam
ser retirados. Terminadas estas tarefas ou, o mais tardar, no termo do prazo de 6 meses,
entregar-lhe-ei as chaves do imóvel.
(Assinatura)
186
A Minutas
MODELO 10
Transmissão do arrendamento por motivo de divórcio
(Localidade e data)
Exmo. Senhor,
(Assinatura)
187
A Arrendamento para habitação
MODELO 11
Denúncia pelo senhorio com a antecedência de 5 anos
(contratos de duração indeterminada)
(Localidade e data)
Exmo. Sr.,
Venho por este meio comunicar-lhe, respeitando a antecedência prevista na lei (pelo menos,
5 anos), que pretendo denunciar o contrato de arrendamento de duração indeterminada que
celebrámos em / / relativo ao imóvel sito em .
(Assinatura)
188
A Minutas
MODELO 12
Contrato de arrendamento de duração indeterminada
(habitação permanente)
Entre:
Cláusula primeira
Os Primeiros Outorgantes são donos e legítimos possuidores do prédio urbano (ou fração
autónoma do prédio urbano) sito em , na Rua , n.º ,
freguesia de , concelho de , descrito na Conservatória do
Registo Predial de , sob o n.º e inscrito na matriz
predial respetiva sob o art.º , com a licença de habitação n.º , emitida em
/ / pela Câmara Municipal de (2)
Cláusula segunda
Pelo presente contrato, os Primeiros Outorgantes arrendam aos Segundos Outorgantes o
local identificado na cláusula anterior.
Cláusula terceira
O presente arrendamento é realizado por prazo indeterminado, mantendo-se em vigor enquanto
não for denunciado por qualquer uma das partes, nos termos e com a antecipação legal.
(1) Se for casado no regime da comunhão de adquiridos ou comunhão geral de bens, incluir o nome do cônjuge e
restantes elementos de identificação.
(2) Incluir, a ser o caso, a menção a garagens, arrecadações, etc. Se a garagem corresponder a uma fração autóno-
189
A Arrendamento para habitação
Cláusula quarta
1) A renda mensal é de euros (por extenso) e será paga no primeiro
dia útil do mês anterior a que respeitar, por depósito ou transferência bancária para o IBAN
a indicar pelos Primeiros Outorgantes.
2) No ato de assinatura do presente contrato, os Segundos Outorgantes entregam aos
Primeiros Outorgantes a quantia de euros (por extenso), dando estes últimos a
respetiva quitação após boa cobrança, respeitante às seguintes verbas:
a) euros (por extenso, usualmente corresponde a 1 mês de renda), a título de caução e para
garantia do bom e pontual cumprimento das obrigações assumidas pelo presente contrato;
b) euros (por extenso) correspondente à renda do mês de do ano de
Cláusula quinta
1) O montante da renda referido na cláusula anterior será atualizado todos os anos segundo
os coeficientes legalmente determinados, podendo a primeira atualização ser exigida pelos
Primeiros Outorgantes aos Segundos Outorgantes 1 ano após a entrada em vigor do
presente contrato.
2) Para os efeitos do disposto no número anterior, os Primeiros Outorgantes deverão
comunicar, por escrito, aos Segundos Outorgantes, com uma antecedência mínima de trinta
dias (30 dias), o montante atualizado da nova renda, indicando expressamente o coeficiente
utilizado no respetivo cálculo.
3) A renda atualizada será devida pelos Segundos Outorgantes a partir do mês seguinte
àquele em que a mesma lhes for comunicada pelos Primeiros Outorgantes.
Cláusula sexta
O arrendado destina-se, exclusivamente, a habitação dos Segundos Outorgantes, não
podendo estes dar-lhe outro fim ou uso, ceder a sua posição contratual ou sublocá-lo, total ou
parcialmente, onerosa ou gratuitamente, sem que para tal tenham obtido autorização prévia,
escrita, dos Primeiros Outorgantes.
Cláusula sétima
Os Segundos Outorgantes comprometem-se a fazer uso prudente do arrendado e a
conservar, no estado em que se encontram e conforme descrito no documento assinado
pelas partes, parte integrante e anexada ao presente contrato, as instalações da rede de
distribuição de água, eletricidade, saneamento, paredes, pavimentos, pinturas e vidros bem
como demais equipamentos naquele referidos.
190
A Minutas
Cláusula nona
1) Só poderão ser efetuadas obras ou benfeitorias no local arrendado com prévia autorização
escrita dos Primeiros Outorgantes, com exceção das reparações urgentes e nos casos
expressamente previstos na lei.
2) Todas e quaisquer obras ou benfeitorias que os Segundos Outorgantes efetuem no local
arrendado ficarão a fazer parte do mesmo, não podendo os Segundos Outorgantes exigir
qualquer indemnização ou alegar retenção, mesmo quando autorizadas.
Cláusula décima
São da responsabilidade dos Segundos Outorgantes todos os encargos relativos ao consumo
de água, eletricidade, gás, telefone, internet, manutenção e limpeza do arrendado e outros
correspondentes ao período de vigência deste contrato, mesmo que se venham a vencer em
data posterior ao seu termo.
Os primeiros outorgantes
Os segundos outorgantes
(1) Cláusulaa incluir se o imóvel corresponder a uma fração autónoma de um edifício constituído em propriedade
horizontal que disponha de regulamento.
191
A Arrendamento para habitação
MODELO 13
Contrato de arrendamento com prazo certo
(habitação permanente)
Entre:
Cláusula primeira
O Primeiro Outorgante é dono e legítimo possuidor do prédio urbano (ou fração autónoma do
prédio urbano) sito em , na Rua , n.º , freguesia
de , concelho de , descrito na Conservatória do Registo
Predial de , sob o n.º e inscrito na matriz predial
respetiva sob o art.º , com a licença de habitação n.º , emitida em / /
pela Câmara Municipal de (2)
Cláusula segunda
Pelo presente contrato, o Primeiro Outorgante arrenda ao Segundo Outorgante o local
identificado na cláusula anterior.
Cláusula terceira
O presente arrendamento, de prazo certo, é celebrado por 5 anos, com início em
e termo em prorrogando-se automaticamente por iguais e sucessivos
períodos de tempo, caso não seja denunciado no seu termo.
Cláusula quarta
1) A renda mensal é de euros (por extenso) e será paga no primeiro dia útil do
mês anterior a que respeitar, por depósito ou transferência bancária para o IBAN a indicar pelo
Primeiro Outorgante.
(1) Se for casado no regime da comunhão de adquiridos ou comunhão geral de bens, incluir o nome do cônjuge e
restantes elementos de identificação.
(2) Incluir, a ser o caso, a menção a garagens, arrecadações, etc. Se a garagem corresponder a uma fração autóno-
192
A Minutas
Cláusula quinta
1) O montante da renda referido na cláusula anterior será atualizado todos os anos segundo
os coeficientes legalmente determinados, podendo a primeira atualização ser exigida pelo
Primeiro Outorgante ao Segundo Outorgante 1 ano após a entrada em vigor do presente
contrato.
2) Para os efeitos do disposto no número anterior, o Primeiro Outorgante deverá comunicar,
por escrito, ao Segundo Outorgante, com uma antecedência mínima de trinta dias (30 dias),
o montante atualizado da nova renda, indicando expressamente o coeficiente utilizado no
respetivo cálculo.
3) A renda atualizada será devida pelo Segundo Outorgante a partir do mês seguinte àquele
em que a mesma lhe for comunicada pelo Primeiro Outorgante.
Cláusula sexta
O arrendado destina-se, exclusivamente, a habitação do Segundo Outorgante, não podendo
este dar-lhe outro fim ou uso, ceder a sua posição contratual ou sublocá-lo, total ou
parcialmente, onerosa ou gratuitamente, sem que para tal tenha obtido autorização, por
escrito, do Primeiro Outorgante.
Cláusula sétima
O Segundo Outorgante compromete-se a fazer uso prudente do arrendado e a conservar,
no estado em que se encontram e conforme descrito no documento assinado pelas partes,
parte integrante anexada ao presente contrato, as instalações da rede de distribuição de
água, eletricidade, saneamento, paredes, pavimentos, pinturas e vidros bem como demais
equipamentos naquele referidos.
(1) Cláusulaa incluir se o imóvel corresponder a uma fração autónoma de um edifício constituído em propriedade
horizontal que disponha de regulamento.
193
A Arrendamento para habitação
Cláusula nona
1) Só poderão ser efetuadas obras ou benfeitorias no local arrendado com prévia autorização
escrita do Primeiro Outorgante, com exceção das reparações urgentes e nos casos
expressamente previstos na lei.
2) Todas e quaisquer obras ou benfeitorias que o Segundo Outorgante efetue no local
arrendado ficarão a fazer parte do mesmo, não podendo o Segundo Outorgante exigir qualquer
indemnização ou alegar retenção, mesmo quando autorizadas.
Cláusula décima
São da responsabilidade do Segundo Outorgante todos os encargos relativos ao consumo
de água, eletricidade, gás, telefone, internet, manutenção e limpeza do arrendado e outros
correspondentes ao período de vigência deste contrato, mesmo que se venham a vencer em
data posterior ao seu termo.
O primeiro outorgante
O segundo outorgante
194
A Minutas
MODELO 14
Exigência de devolução da caução
(Localidade e data)
Exmo. Senhor,
No entanto, como pôde verificar, a casa foi restituída em ótimas condições, ou seja,
exatamente no estado em que se encontrava quando a recebi. Por isso, venho, por este meio,
solicitar que, dentro de um máximo de 15 dias, me seja devolvido o valor da caução.
(Assinatura)
195
A Arrendamento para habitação
MODELO 15
Direito de preferência na compra e venda do imóvel
(Localidade e data)
Exmo. Senhor,
Assim, venho manifestar a intenção de exercer o meu direito de preferência, estando disposto
a adquirir o andar nas condições propostas pela imobiliária interessada: preço total de
€ 200 000 (duzentos mil euros), com entrega de um sinal no valor de € 40 000 (quarenta
mil euros) nos próximos 10 dias e realização de escritura no prazo máximo de 90 dias.
Por essa razão, agradecia que me propusesse uma data e um local para uma reunião, destinada
à discussão de todos os pormenores do negócio (designadamente, os respeitantes à
celebração do contrato-promessa de compra e venda e à entrega do sinal).
O inquilino
(Assinatura)
196
A Minutas
MODELO 16
Denúncia do arrendamento pelo inquilino
Válido para contratos com prazo certo. A denúncia só pode ser efetuada decorrida a duração
mínima de 1/3 do prazo inicial do contrato ou da sua renovação.
(Localidade e data)
Exmo. Senhor,
Venho por este meio comunicar-lhe, respeitando a antecedência prevista na lei (pelo menos,
1/3 do prazo inicial do contrato), que pretendo denunciar o contrato de arrendamento com
O inquilino,
(Assinatura)
197
A Arrendamento para habitação
MODELO 17
Anexo a contratos de arrendamento
relativos a imóveis mobilados e equipados
Quarto
1 cama de casal
2 mesas de cabeceira
2 candeeiros de mesa de cabeceira
1 cómoda
Cortinados
2 cadeiras
Cozinha
1 fogão
1 máquina de lavar louça
1 máquina de lavar roupa
1 frigorífico
1 micro-ondas
2 serviços de talheres para seis pessoas (peixe e carne)
Copos para seis pessoas
4 tachos
Serviço de louça para seis pessoas (sopa, carne, sobremesa, café e chá)
198
A Minutas
Casa de banho
Equipamento completo de louças sanitárias
1 espelho de casa de banho
1 secador
2 tapetes de casa de banho
O inquilino
(Assinatura)
O senhorio
(Assinatura)
199
A Arrendamento para habitação
MODELO 18
Exigência do pagamento de obras urgentes
(Localidade e data)
Exmo. Senhor,
No passado dia / / , ocorreu uma inundação no andar sito na morada acima, de que
V. Ex.ª é proprietário, devida a uma rutura num cano de água que serve o imóvel. Dada a urgência
do ocorrido, não podia esperar pela sua intervenção. Resolvi, pois, na qualidade de arrendatário,
contratar um canalizador para retificar o problema.
A urgência da reparação era evidente, uma vez que foi necessário desligar a água para
minimizar as consequências da inundação, o que originou a privação de um bem essencial, que
não poderia manter-se por muito tempo.
A reparação custou €150 (cento e cinquenta euros), conforme cópia da fatura que junto.
De acordo com a lei, pretendo efetuar a compensação desse crédito mediante desconto do
referido montante na próxima renda.
(Assinatura)
200
A Minutas
MODELO 19
Oposição do senhorio à renovação do contrato
(contratos com termo certo)
(Localidade e data)
Exmo. Senhor,
Venho por este meio comunicar-lhe, respeitando a antecedência prevista na lei (240, 120,
60 dias ou 1/3 do prazo de duração inicial do contrato, consoante os casos), que não pretendo
renovar o contrato de arrendamento com termo certo que celebrámos em / / ,
relativo ao imóvel sito em
(Assinatura)
201
A Arrendamento para habitação
MODELO 20
Descrição do estado do imóvel
Se o imóvel for novo, não é necessário redigir este documento e anexá-lo ao contrato. Na sua
ausência, presume-se que a casa foi entregue em bom estado de conservação. Caso o
arrendamento englobe mobílias e outros equipamentos, também deverá ser descrito em que
estado se encontram. A terminologia é indiferente. Pode ser usada uma escala como “novo”,
“bom estado”, “usado”, “mau estado”, “deficiências graves”, etc., ou outra, desde que seja
coerente e suficientemente clara. Sempre que se justifique, deverão ser descritos detalhes (por
exemplo, referir que uma parede da sala apresenta fendas ou que o soalho de madeira está
levantado). Sendo útil e necessário, podem juntar-se fotos.
Imóvel sito em
Características do imóvel:
Número de divisões
Garagem
Arrecadação
(a ser o caso, indicar as restantes áreas)
Quartos
Soalho
Paredes
Teto
Janelas (caixilharia, por exemplo)
Roupeiro
Instalação elétrica
…
Sala
Soalho
Paredes
Teto
Janelas (caixilharia, por exemplo)
Instalação elétrica
…
Cozinha
Soalho
202
A Minutas
Paredes
Teto
Janelas (caixilharia, por exemplo)
Lava-louça
Bancadas
…
Casas de banho
Soalho
Paredes
Teto
Janelas (caixilharia, por exemplo)
Louças sanitárias
…
Varandas
Soalho
Paredes
…
(localidade) de de (data)
(Assinaturas)
203
A
A
Legislação
em vigor
A Arrendamento para habitação
• Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro, com a redação da Lei n.º 2/2020, de 31 de
março.
Capítulo 1
Conceitos gerais e tipos de contrato
Elementos do contrato de arrendamento e requisitos a que obedece a sua
celebração (Decreto-Lei n.º 160/2006, de 8 de agosto, com a redação do
Decreto-Lei n.º 266-C/2012, de 31 de dezembro).
Capítulo 2
Obras
• Regime Jurídico das Obras em Prédios Arrendados (Decreto-Lei n.º 157/2006,
de 8 de agosto, com a redação do Decreto-Lei n.º 66/2019, de 25 de maio).
Capítulo 3
Rendas
• Código Civil.
206
A Legislação em vigor
Capítulo 4
Transmissão do arrendamento
• Código Civil (artigos 1105.º, 1106.º, 1107.º, 1112.º e 1113.º).
Capítulo 5
Cessação do contrato
Balcão Nacional do Arrendamento:
— instalação e definição das regras de funcionamento do BNA e do procedi-
mento especial de despejo (Decreto-Lei n.º 1/2013, de 7 de janeiro);
— procedimento especial de despejo (Portaria n.º 9/2013, de 10 de janeiro,
com a redação dada pela Portaria n.º 267/2018, de 20 de setembro).
Capítulo 6
Subsídios e apoios
• Regime do subsídio de renda a atribuir aos arrendatários com contratos de
arrendamento para habitação celebrados antes de 18 de novembro de 1990 e
que se encontrem em processo de atualização de renda, bem como aos con-
tratos objeto de atualização extraordinária de renda a que se refere o artigo
36.º do NRAU (Decreto-Lei n.º 156/2015, de 10 de agosto, com redação dada
pela Lei n.º 13/2019, de 12 de fevereiro).
207
A Arrendamento para habitação
Capítulo 7
Arrendamento e impostos
• Declaração de comunicação de contratos de arrendamento e documento
de quitação (Portaria 98.º-A/2015, de 31 de março, com as alterações decor-
rentes da Portaria 414/2015, de 30 de novembro, e da Portaria 156/2018,
de 29 de maio).
• Código do IRS (artigos 41.º, 46.º, 47.º, 55.º, 74.º, 101.º e 115.º), com as altera-
ções introduzidas pela Lei n.º 2/2020, de 31 de março, e pela Lei n.º 119/2019,
de 18 de setembro.
• Estatuto dos Benefícios Fiscais (artigos 44.º, 45.º, 46.º e 71.º), com as altera-
ções introduzidas pela Lei n.º 2/2020, de 31 de março, pela Lei n.º 114/2017,
de 29 de dezembro e pelo Decreto de Retificação 6/2019, de 1 de março).
208
Índice remissivo
Arrendamento para habitação
A Conforto do imóvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
Ação de despejo . . . . . . . . . . . . . 124-128, 129 Contrato de arrendamento
Agregado familiar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141 anulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38, 39
Alterar a finalidade do imóvel . . . . . . . . . . . 20 cessação . . . . . . . . . (veja Fim do contrato)
Aluguer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 comunicação às Finanças . . . . . . . 154, 208
Apoio judiciário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132 duração indeterminada . . . . . . . . . 22, 23,
Arrendamento 121-123, 188, 189
acessível . . . . . . . . . . . . . . 147-150, 156, 159 prazo certo . . 22, 97, 104, 120, 192-194, 197,
apoiado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113, 143 201
Arrolamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 requisitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18-27, 206
Assédio aos inquilinos . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Associações de inquilinos ou senhorios 49, 52 D
Atualização das rendas . . . 75-88, 171, 179-183 Defeitos do imóvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Ausência do inquilino . . . 43, 115-117, 125, 185 Demolição . . . . . . . . . . . . . 58, 62, 63, 65, 123
Avaliação do imóvel . . . . . . . . . . . . 81-88, 162 Denúncia do contrato pelo
inquilino . . . . . . . . . . . . . . . 66, 79, 121, 197
B senhorio . . . . . . . . 62, 63, 65, 79, 122, 188
Balcão Nacional do Arrendamento . . . 49, 52, Depósito da renda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
. . . . . . . . . . . . . . . . . . 118, 124, 128-137, 207 Descrição do estado do imóvel . . . . . . . . . 202
Benefício da excussão prévia . . . . . . . . . . 128 Desocupação do imóvel . . . . . . 43, 52, 62, 65,
Benfeitorias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45, 60 68, 79, 119, 123, 124-137
Bons costumes . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114, 125 Despejo . . . . . . . . . . . . . . . 53, 68, 124-137, 160
Direito
C de habitação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Cabeça-de-casal . . . . . . . . . . . . . . . 25, 26, 42 de personalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
Caducidade do contrato . . . . . . . . 37, 105-110 de preferência . . . . . . . . . . . . . . 37, 99, 196
Cartas . . . . 46-48, 178-188, 195-197, 200-201 de uso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31, 50
Caução . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30, 72, 73, 195 real de habitação duradoura . . . . . . 32-36
Cedência do local arrendando 41, 93, 117, 125 Discriminação no arrendamento . . . . . . . . 22
Centros de arbitragem . . . . . . . . . . . . . . . . 49 Divórcio dos
Coeficiente inquilinos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94, 187
anual de atualização das rendas 75, 76, 183 senhorios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
de afetação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 Domicílio convencionado . . . . . . . . . . . 46, 47
de ajustamento das áreas . . . . . . . . . . . . 84
de desvalorização da moeda . . 82, 83, 162 E
de localização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 Economia comum . . . . . . . . . . . . . 44, 98-100
de qualidade e conforto . . . . . . . . . . 86, 87 Estado do imóvel . . . . . . . . . . 25, 42, 60, 202
de vetustez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 Excussão prévia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
Comodato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27-29 Expropriação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
Comprar
casa arrendada . . . . . . . . . . . . . 37, 93, 196 F
ou arrendar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11-16 Fiador do contrato . . . . . . . . . . . . . . . . 113, 127
Condomínio . . . . . . . . . . . 21, 74, 114, 125, 160 Fideicomissário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
210
Índice remissivo
211
Arrendamento para habitação
S
Separação judicial dos inquilinos . . . . . . . . 94
Subarrendamento . . 44, 98, 100, 117, 171, 173
Subsídio de renda . . . . . . . . 140-144, 184, 207
Suspensão do contrato . . . . . . . . . . . . . . . . 66
T
Taxas de
AIMI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
IMI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163, 164
IRS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157, 158, 159
justiça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Título constitutivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Transmissão da posição de
inquilino . . . . . . . . . . 93-100, 108, 178, 187
senhorio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90-93
Tribunais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49, 53, 118
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Arrendamento para habitação
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