Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Página
2
INTRODUÇÃO AO DIREITO I (continuação)
(Terça-Feira, 29 de Setembro de 2009, 9h-11h –
Aula Prática)
➢ Normas
○ Normas de conduta (permitem / proíbem
comportamentos);
○ Normas meramente qualificativas;
○ Normas sobre normas (de 2.º grau) – relativas à
interpretação, integração de lacunas, revogação
de normas);
○ Normas que produzem efeitos automáticos.
Página
Quid Iuris?
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Terça-Feira, 13 de Outubro de 2009 – 9H-11H –
Aula Prática)
diplomas legais).
13
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Sexta-Feira, 16 de Outubro de 2009 – 11H-12H30 –
Aula Teórica)
Página
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Terça-Feira, 20 de Outubro de 2009 – 9H-11H –
Aula Prática)
Página
21
➢ Segurança
○ Em sentido de certeza por parte do Estado
Cumprimento por parte do Estado do
princípio da legalidade.
○ Em sentido de certeza jurídica
Prescrição de um crime (em Direito
Penal)
• Nunca sucede se estiver em causa a
violação de direitos humanos;
• Procura evitar a justiça tardia e garantir
aos cidadãos que não serão
eternamente perseguidos.
Menoridade / Maioridade (em Direito
Civil)
• Art. 122º do C.C. – é menor quem ainda
mão tiver completado a idade de 18
anos;
• Trata-se de uma norma que valoriza o
valor da segurança no sentido de
certeza jurídica; pretende-se a
protecção de terceiros envolvidos em
relações jurídicas, em detrimento da
justiça;
• Emancipação via casamento a partir
dos 16 anos.
anos);
• Regime das obrigações naturais (ver
artigo 402º e 403º do Código Civil)
○ O cumprimento de obrigações no
prazo previsto ou após a
prescrição de livre e espontânea
vontade não pode ser anulada.
Direito de crédito ≠ Direito real – direito
à prestação de determinado cumprimento
por parte de outrem.
• Contrato de arrendamento entre
senhorio e inquilino;
• Obrigações inter partes, apenas entre
os intervenientes na relação jurídica;
• Transmissão de posição do locador (art.
1057º do C.C.) – alienação do direito de
propriedade a outrem; o novo detentor
do direito de propriedade assume-se
também como locador, não podendo
accionar uma ordem de despejo ao
locatário;
Posse do direito de propriedade por
usucapião (art. 1287º do C.C.)
○ actuação como proprietário
durante muitos anos;
○ instituto algo injusto que procura
proteger a acção de terceiros;
○ a inércia do legítimo proprietário
pode permitir a outrem adquirir o
direito de propriedade por
usucapião;
○ prazos para aquisição do direito
de propriedade (artigos 1294º a
1300º do CC)
Página
2 O Estado é dotado de autoridade, que lhe permite intervir nas diversas relações
jurídicas em situação de superioridade e autoridade.
○ Este critério é aquele que se mostra
mais adequado à moderna
codificação e que reúne maior
consenso entre os autores, na
divisão tradicional entre Direito
Público e Privado;
○ É evidente que estes dois ramos de
Direito, o Direito Público e o Direito
Privado, não constituem dois
compartimentos estanques,
separados de forma absoluta. Pelo
contrário, existem muitos pontos de
conexão entre eles.
○ Crítica: como se classificam as
normas que envolvem duas
entidades públicas? Neste caso,
aplica-se o critério da qualidade dos
sujeitos.
○ O Direito Penal pode ser
considerado, segundo o critério da
posição dos sujeitos, Direito Privado,
dada a posição de igualdade qu as
partes envolvidas assumem.
Todavia, generaliza-se a ideia de se
tratar de Direito Público:
Dados os interesses públicos
em causa;
A aplicação de sanções por
Página
autoridade (imperium).
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Sexta-Feira, 23 de Outubro de 2009 – 11H-12H30 –
Aula Teórica)
Página
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Segunda-Feira, 23 de Outubro de 2009 – 14H-
15H30 – Teórica)
➢ As ordens normativas apresentadas anteriormente não
Página
➢ Acepções de Direito
1. Conforme com a justiça;
2. Ordem normativa (acepção errada – as normas
jurídicas são um critério do Direito);
3. Ciência Jurídica (jurisprudência);
4. Posição do sujeito
➢ Enquanto o Direito é universal e se mantem no tempo,
a ordem jurídica é mutável e restritiva;
➢ Não existe Direito fora da realidade dos juristas, que
têm a sua imagem do Direito. Direito como
“consciência da juridicidade” (António Castanheira
Neves);
➢ A acepção de “posição do sujeito” relaciona-se com os
direitos subjectivos;
➢ A realidade do Direito é polissémica, multifacetada,
com um elevado grau de complexidade das suas
acepções. Deste modo, compreende-se a dificuldade
do jurista em encontrar uma noção de Direito. Para os
detentores do poder em regimes totalitários, é
conveniente a acepção de Direito com Poder. Outros
entendem que não faz sentido procurar encontrar uma
noção de Direito – cepticismo. Todavia, esta última
posição é insustentável, dado que o Direito constitui
um dado da experiência, integrado nas diversas
comunidades desde sempre. De qualquer modo,
podemos considerar que os caminhos para encontrar
uma noção de Direito são múltiplos;
➢ Há que considerar o contributo da epistemologia e da
simbólica para ajudar a encontrar uma noção de
Direito, como também o testemunho de filósofos que
se debruçaram sobre a matéria.
○ Etimologia do Direito
Ligada à palavra ius na origem de juiz,
Página
justiça, jurisprudência;
A linguagem cristalizou-se de acordo com as
34
nossas necessidades.
Traduções de Direito em diferentes idiomas
(exemplos):
• Derecho (espanhol);
• Droit (francês);
Sinónimo de estabilidade, rectidão, firmeza.
○ Simbólica do Direito (observáveis nos
Palácios da Justiça)
“Deusa da Justiça”: fonte de Justiça;
“Espada”: a bem ou a mal, o Direito deve
cumprir-se;
“Balança”: relaciona-se com a alteridade
(conflitualidade humana)
• “Pratos igualados”: símbolo de
igualdade; se alguém desequilibra a
igualdade, tem de ser reposta;
• “Fiel da balança”: rectidão.
“Olhos vendados”: símbolo de
imparcialidade; todos têm direito à mesma
justiça, não se fazem discriminações
infundadas; “direito cego” (não se olha a
quem);
“Olho descoberto”: símbolo de inteligência
(atende à realidade).
Página
35
➢ O Direito deve ser encarado como uma realidade de
facto, existente em todas as sociedades ao longo dos
tempos (facto cultural) – posição realista;
➢ Classicamente, a justiça era encarada como uma
virtude/qualidade adquirida com a prática de actos
bons (“dar a cada um aquilo que é seu”). “Direito” e
“justiça” são conceitos interligados e susceptíveis de
uma querela: É a Justiça que tem como objecto o
Direito ou o contrário?;
➢ O Direito Americano e o Direito Ocidental têm uma
Página
injustiça;
➢ Todos estes pensamentos da Antiguidade Clássica
37
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Terça-Feira, 27 de Outubro de 2009 – 9H-11H –
Aula Prática)
○ Fiscalização:
44
signatários e os trabalhadores
filiados/sindicalizados;
• Todavia, neste caso, existe uma
eficácia externa, isto é, os
efeitos produzem-se sobre
trabalhadores filiados e não
filiados;
• Por isso, coloca-se em causa a
integração do Direito do
Trabalho no Direito Privado. Há
apologistas da integração do
Direito do Trabalho no Direito
Social.
de direito internacional:
○ Estados soberanos (actuam em posição
de igualdade, o que, desde logo, anula o
critério da posição dos sujeitos)
○ Organizações Internacionais;
○ Vaticano;
○ Indivíduo (questão dúbia: o indivíduo
como pessoa de Direito Internacional
Público)
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
Página
aos princípios.
✔ Art. 80º (reserva da vida privada) – lei geral
49
de legítima defesa);
• Fenómeno que irrompe
56
indiscriminadamente.
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Terça-Feira, 03 de Novembro de 2009, 9h-11h –
Aula Prática)
➢ Ficha de Trabalho n.º3 (continuação)
Grupo III
58
Grupo IV
Grupo V
Página
• Ineficácia em sentido
restrito (p.e. contrato
de compra e venda com
reserva de propriedade,
sujeito a uma condição
suspensiva –
pagamento integral do
preço.)
Página
Civil)
Nulidade – pode ser invocada sem
dependência de prazo, por qualquer
indivíduo, e declarada pelo tribunal (art.
286º do C.C.);
Anulabilidade – pode ser invocada no
prazo de um ano à cessação do vício que lhe
serve de fundamento e pelas pessoas em
cuja interesse a lei estabelece (n.º1 do art.
287º do C.C.). Este prazo exige que os
interessados sejam diligentes na declaração
de interesse.
O negócio jurídico viciado por anulabilidade
vai produzindo efeitos até à sua declaração.
Os negócios inválidos (nulos ou anuláveis)
têm efeitos retroactivos, ou seja, o lesado
tem direito a reaver o que era seu (n.º1 do
art. 289º do C.C.).
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Sexta-Feira, 06 de Novembro de 2009, 11h-12h30 –
Teórica)
➢ Relação entre Ordem Jurídica e Ordem Moral
○ Diferentes critérios de distinção
Coercibilidade
• Normas morais – sem aplicação
coactiva;
• Normas jurídicas – com aplicação
coactiva.
Heteronomia
• Normas morais – são autónomas,
dizem respeito apenas ao sujeito,
criando o seu próprio padrão moral;
• Normas jurídicas – dependem de
exigências externas.
Trata-se de um critério insuficiente,
porque a moral também é heterónoma.
Ninguém é dono do bem ou do mal, apenas
adoptamos um padrão moral, do qual nos
podemos desviar. Todavia, é necessário ter
uma mínima moral objectiva (recta moral)
para garantir uma sã convivência entre os
cidadãos, isto porque não há subjectivismo
morais mas, por outro lado, há consensos
morais.
Exterioridade
• Normas morais – preocupam-se com
o lado interno;
• Normas jurídicas – preocupam-se
com o lado externo.
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Segunda-Feira, 9 de Novembro de 2009 – 14H-
15H30 – Teórica)
➢ Teoria Geral da Norma Jurídica
○ Previsão – recorte de factos (conceitos)
susceptíveis de valoração jurídica. Estes
conceitos são encarados pelo sistema conceptual
do Direito de modo diferente à linguagem normal;
○ As normas jurídicas respondem a questões de
Página
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Terça-Feira, 10 de Novembro de 2009 – 9H-11H –
Aula Prática)
➢ Ficha de Trabalho n.º4 (continuação)
○ A coercibilidade pode ser considerada
característica do ordenamento jurídico, mas não
propriamente de uma norma jurídica;
○ A tutela jurídica é a reacção do ordenamento
jurídico à violação das normas. Para o Dr.
Baptista Machado, “tutela jurídica” equivale a
“sanção”, expressão utilizada pelo prof. Oliveira
Ascensão.
Sanções punitivas – censura dirigida ao
agente violador, privando-o de bens
patrimoniais ou não patrimoniais (ex: pena
de multa e pena de prisão);
Sanções preventivas – p.e. arresto e
providência cautelar, que implica
constituição de acção principal no prazo de
30 dias (p.e. embargo de obra nova, no que
diz respeito à construção de imóveis);
Sanções reconstitutivas – reposição do
status quo (status quo ante)
• Reconstituição por mero
equivalente – indemnização;
• Reconstituição natural – execução
específica.
patrimoniais;
Sanções compulsórias – constranger
74
alguém a realizar, de modo voluntário, ainda
que tardiamente, determinado
comportamento;
• Prestação de facto fungível – pode
ser praticada por qualquer indivíduo;
• Prestação de facto infungível – só
pode ser realizada por um indivíduo.
• Vantagem – no caso de
impossibilidade de se assegurar, em
75
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Sexta-Feira, 13 de Novembro de 2009, 11h-12h30 –
Teórica)
➢ Nem todos os meios de tutela jurídica são sanções (ex:
medidas preventivas);
➢ A existência de Direito depende da sua aplicabilidade
efectiva – Direito positivo (ou real), com vocação de
aplicação;
➢ Mecanismos de propulsão da vigência das
normas jurídicas:
○ Coercibilidade (e sanções inerentes);
○ Sanções premiais – modo de implantação na
sociedade por aliciamento / recompensa (ex:
concessão de benefícios fiscais, subsídios);
○ Consciência do indivíduo sobre a
juridicidade, tratando-se de uma realidade
multicultural.
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Segunda-Feira, 16 de Novembro de 2009 - 14H-
15H30 – Teórica)
➢ Toda a norma jurídica pode ser considerada abstracta,
dado que não há identificação dos seus destinatários;
➢ Direito adjectivo (instrumental) – estabelece os termos
mediante os quais os sujeitos podem recorrer à tutela
judiciária (ex: Direito Processual Civil);
➢ Os Direitos de Personalidade são direitos de domínio
(absolutos), assim como o direito de personalidade,
Página
Aplicações práticas
• Art. 7º, n.º3 do C.C. – Lei geral não
revoga lei especial
○ Com alteração do Direito Comum,
não tem de ocorrer,
necessariamente, alteração do
Direito Especial. Mas também
Direito Especial não revoga Direito
Página
Comum;
○ A revogação de Lei especial não
81
constrangem a autonomia
privada);
82
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
Página
públicos e privados;
○ Magistratura judicial
85
CRP
Direito de apresentar aos órgãos de
87
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Sexta-Feira, 20 de Novembro de 2009, 11h-12h30 –
Teórica)
➢ A lex privata pode ser considerada um critério jurídico,
mas não uma norma jurídica;
➢ Compete à ordem jurídica garantir a eficácia dos
compromissos por nós assumidos, no dia-a-dia;
➢ Coercibilidade – susceptibilidade de aplicação de
uma sanção (e não regra jurídica), porque, no caso das
prestações infungíveis, ninguém pode obrigar alguém
a praticar determinado acto;
➢ A anulabilidade pode decorrer de uma má
formulação da vontade do indivíduo (por coacção, por
acto erróneo). Trata-se de uma forma mais ténue de
invalidade;
➢ Princípio da não-beligerância entre Direito e
Moral – podem existir comportamentos tolerados pela
ordem jurídica e rejeitados pela ordem moral;
➢ A usucapião pretende garantir a paz social na opinião
pública;
➢ O usufrutuário tem de respeitar a disposição
económica do bem, direito que pertence ao
proprietário.
Página
segunda-feira)
○ Ideológica / Filosófica – consequência do
movimento racionalista do século XVIII
(movimento iluminista). Exemplo disso é a Lei da
Boa Razão (1769). Criação de um “edifício
normativo” perfeito. Importância dos racionalistas
da Filosofia Moderna, tais como René Descartes,
Bento de Espinoza e Gottfried Leibniz. Direito
presente numa razão pura, sendo que o Código
constitui uma razão escrita;
○ Políticas – aconselhamento à legislação geral.
Os códigos vieram combater disposições
corporativas, proporcionando uma unificação
legislativa. Exemplo disto é o Código
Napoleónico, de 1804(originalmente designado
Code Civil des Français, ou Código Civil dos
Franceses), que permitiu uma unificação da lei
escrita e do costume. Este código chegou a
vigorar no nosso país;
○ Técnico-jurídicas – implica uma racionalidade
que se traduz numa sinteticidade. Para isto,
exige-se uma ciência jurídica madura.
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Segunda-Feira, 23 Novembro de 2009, 14h-
15h30 – Teórica)
➢ Outras técnicas legislativas
○ Partes Gerais – surgem em códigos e diplomas
de âmbito vasto. Enuncia-se um conjunto de
critérios que se aplicam a toda a matéria
abrangida pelo diploma, independentemente das
especificidades.
No Código Civil Português, a Parte Geral
encontra-se no Livro I (os Livros constituem
unidades de sistematização da matéria). Os
Página
as necessárias adaptações.
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Terça-Feira, 24 de Novembro de 2009 – 9H-11H –
Aula Prática)
➢ Continuação da resolução da ficha de trabalho
n.º5
○ O Direito de Petição encontra-se regulado na
Lei n.º 43/90, de 10 de Agosto e visa a aprovação
de leis, reunido um número mínimo de
subscritores:
1000 assinaturas – obriga a publicação em
Diário da Assembleia da República;
4000 assinaturas – obriga a apreciação em
plenário da Assembleia da República.
Página
Julgados de Paz
• Encontram-se fora da hierarquia dos
tribunais comuns judiciais;
• Partilham matéria dos tribunais de 1.ª
instância;
• São tribunais do Estado com
organização própria;
• É composto por juízes de carreira fora
da actividade (juízes de paz);
• O processo é simplificado e acessível a
nível económico;
• Nos julgados de paz, pode-se recorrer a
processos de mediação, para obtenção
de acordo amigável;
• Em contrato internacional, é habitual
Página
Página
99
100
Página
101
Página
○ Distinção entre situação jurídica e relação
jurídica
Situação jurídica – não implica a
existência de duas partes compostas por
sujeitos (ex: usufrutuário e a coisa, no
usufruto). Também nos direitos de
personalidade não há relações entre
pessoas determinadas;
Relação jurídica – é bilateral, implicando
sujeitos determinados em partes contrárias.
testamento);
• Bilateral – pelo menos duas
102
das coisas);
Procuração – negócio jurídico unilateral (e
104
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Sexta-Feira, 26 de Novembro de 2009 – 11H-12H30
– Teórica)
➢ Ónus da prova (art. 342º e seguintes do C.C.) –
consiste na prova de um facto e incumbe àquele que
invoca o facto em seu benefício;
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Segunda-Feira, 30 de Novembro 2009 – 14H-15H30
– Teórica)
➢ Tutela das Normas Jurídicas
○ Garantia que as normas possuem, no que
respeita à sua obrigação;
○ As sanções são, em grande medida, um
mecanismo de tutela jurídica;
○ O artigo 1º do Código de Processo Civil proíbe a
auto-tutela;
○ Normas com relevância jurídica:
Para celebração de contratos – o
incumprimento destes pressupostos gera
uma ineficácia do contrato;
• Ex: A maioridade constitui um requisito
/ pressuposto da liberdade contratual.
Página
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Sexta-Feira, 04 de Dezembro de 2009 – 11H-12H30
– Teórica)
Princípios da inamovibilidade dos juízes
(n.º1 do artigo 216º da CRP) – Os juízes
são inamovíveis, não podendo ser
transferidos, suspensos, aposentados ou
demitidos senão nos casos previstos na lei;
Princípio do juiz natural – A consagração
do princípio do juiz natural ou legal (intervirá
na causa o juiz determinado de acordo com
as regras da competência legal e
anteriormente estabelecidas) surge como
Página
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Segunda-Feira, 07 de Dezembro de 2009 – 14H-
15H30 – Teórica)
➢ Validade da norma jurídica
• O valor da regra jurídica está na razão da
validade do Direito, ou seja, aquilo que explica
que o Direito valha, justifica que uma norma
jurídica valha. Assim, uma norma vale na medida
em que realize a ordem social;
• Princípio da maioria dos Estados
democráticos – critério de governo e não de
validade, possivelmente a forma mais adequada
para chegar a uma decisão. Porém, a maioria por
si mesma não constitui um critério de validade,
pois essa maioria pode conduzir a decisões
arbitrárias e injustas. A maioria não deixa,
contudo, de estar subordinada à Justiça. Este
princípio manifesta a igualdade radical de todos
os seres humanos, com a mesma dignidade e
capacidade. O princípio da maioria postula a
dignidade da pessoa humana, enquanto princípio
que possibilita que todos manifestem a sua
opinião, com iguais oportunidades de decisão.
Página
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Sexta-Feira, 11 de Dezembro de 2009 – 11H-12H30
– Teórica)
➢ Princípios fundamentais do Direito
• À semelhança das normas jurídicas, também nos
Página
transmissão física. O
princípio da causalidade
124
encontra-se consagrado
no ordenamento jurídico
português, mas não na
ordem jurídica alemã ou
brasileira (assenta no
princípio da
transferência física).
• Os princípios fundamentais tendem a
ser aplicados com a evolução do
tempo, apesar da sua consagração ser
anterior. No caso dos princípios gerais
do Direito, não há razão para serem
universais e ajudam a criar a
integridade da ordem jurídica;
• Os princípios constituem fontes de
Direito a que o intérprete aplicador
recorre na ausência de Lei. Apresentam
um conteúdo material indefinido, mas
também podem ser metodológicos,
dizendo ao intérprete aplicador como
deve agir.
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Segunda-Feira, 14 de Dezembro de 2009 – 14H-
15H30 – Teórica)
➢ Fontes de Direito
• Expressão analógica que significa “de onde brota
do Direito”, qual a sua origem, em cada momento
histórico; critérios de concretização do Direito;
• Elenco de Fontes de Direito: Jurisprudência,
Acórdãos Uniformizadores de Jurisprudência
(equiparados aos assentos do STJ) e Doutrina
subordinam-se ao Costume e à Lei;
Página
normas;
• Uma teoria normativa / legalista sobre a matéria
de fontes implica um recurso ad infinitum
insustentável. Para quebrar o recurso ad
infinitum, poder-se-ia afirmar que é norma
jurídica a vontade da maioria. Todavia, os
primeiros artigos do Código Civil não decorreram
de uma vontade política expressa da maioria. Por
outro lado, também a vontade da maioria não é
um critério último daquilo que vale como Direito,
por isso a aprovação de um modo de formação
como fonte de Direito não é suficiente para a
legitimar;
• Existem fontes de Direito não positivadas:
Costume;
Princípios fundamentais inerentes ao
Direito.
• É inviável o legislador ter a última palavra sobre
quais as fontes de Direito. O legislador é limitado
por princípios fundamentais do Direito (Direito
Natural suprapositivo), não podendo, por isso,
dispor das fontes de Direito arbitrariamente
(determinar unilateralmente uma fonte de
Direito);
• O Direito não é imutável, daí que tenhamos de
identificar bem as fontes de Direito:
Lei;
Costume;
Jurisprudência;
Doutrina;
Acórdãos Uniformizadores de
Jurisprudência (equiparados aos assentos
do Supremo Tribunal de Justiça) – decisões
sobre uma questão jurídica, vinculativas
para todos os tribunais;
Página
Usos
127
interessados”.
No mesmo sentido se pronuncia Freitas do
Amaral, Manual de Introdução ao Direito, vol. I,
pág. 527, o qual especificamente inscreve no
campo das “normas corporativas”, como fonte de
direito, os “estatutos e os regulamentos internos
das organizações privadas internacionais, como
por ex., as grandes federações desportivas
mundiais (a FIFA, a UEFA, etc.) ” ou os “estatutos
e os regulamentos internos das organizações
privadas nacionais”.
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Terça-Feira, 15 de Dezembro de 2009 – 9H-11H –
Aula Prática)
➢ Continuação da resolução da Ficha de Trabalho
N.º6
○ Sujeitos envolvidos:
«Fundação Arte e Cultura» - pessoa
colectiva, fundação;
Eleutério Côrte-Real – pessoa singular;
Bernardo – pessoa singular;
«ArtNoveau – Decoração e Design, Lda.» -
pessoa colectiva, sociedade comercial por
quotas;
Ernesto – pessoa singular;
Fagundes – pessoa singular;
○
nascituros5 (hão-de nascer) –
n.º2 do art. 66º do C.C.
Sucessões
• a concebidos (n.º1 do
2033º do C.C.)
• a não concebidos
(alínea a), n.º2 do artigo
2033º)
Incapacidade de Exercício
• Genérica – quando
133
curador. Se o curador
não der a autorização
134
Pessoas colectivas
• Associações – Pessoas colectivas de
substrato pessoal (agrupamento de
pessoas) que não tenham por fim a
obtenção de lucros para distribuir pelos
associados. No Código Civil, artigos
167º a 184º;
• Fundações – Pessoas colectivas de
substrato patrimonial (agrupamento de
bens) que visam o interesse do
fundador e são governadas pela
vontade inalterável deste. No Código
Civil, artigos 185º a 194º;
• Sociedades – Pessoas colectivas de
substrato pessoal que têm por fim a
obtenção de lucros. No Código Civil,
artigos 980º a 1021º.
○ Tipos de sociedades:
Sociedades Civis (todas as
sociedades profissionais: por
exemplo, Sociedades de
Advogados)
Sociedades Comerciais
(ver Código das Sociedades
Página
Comerciais)
Sociedades em nome
136
colectivo
Sociedades por quotas
(Lda.)
Sociedades anónimas
(S.A.)
Sociedades em comandita
• Simples;
• Por acções
○ No Código Civil:
LIVRO I – PARTE GERAL;
• TÍTULO II – DAS RELAÇÕES JURÍDICAS;
○ SUBTÍTULO I – DAS PESSOAS;
CAPÍTULO I – PESSOAS
SINGULARES (artigos 66º a
156º)
CAPÍTULO II – PESSOAS
COLECTIVAS (artigos 157º a
194º)
INTRODUÇÃO AO DIREITO I
(Sexta-Feira, 18 de Dezembro de 2009 – 11H-12H30
– Teórica)
➢ Fontes de Direito (continuação)
• A alegação de desconhecimento da Lei não é
aceite em tribunal (art. 6º - ignorância ou má
interpretação da Lei), apesar de se considerar
compreensível, em certos casos. Noutros casos,
não é desculpável, porque a Lei corresponde a
costumes socialmente vigentes que todo o
cidadão tem obrigação de conhecer;
• Modalidades de articulação do costume com
a Lei
Do ponto de vista da lei, o costume pode ser
de três espécies:
• costume secundum legem (segundo
a lei);
• costume praeter legem (para além da
lei); - com importância residual
• costume contra legem (contrário à
Página
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Terça-Feira, 23 de Fevereiro de 2010 – 11H-13H –
Prática)
➢ Ficha de Trabalho n.º6 (continuação)
3) Compete ao réu especificar os factos impugnados
Página
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Terça-Feira, 23 de Fevereiro de 2010 – 15H-16H30
– Teórica)
➢ Fontes do Direito (continuação)
• Nos ordenamentos jurídicos anglo-saxónicos, a lei
e a jurisprudência assumem significativa
relevância, sendo que esta última procura corrigir
lacunas da Lei. Já nos ordenamentos romano-
germânicos, a lei apresenta-se como fonte
primordial, o que revela a sua característica
positivista-legalista. Note-se que nos artigos 1.º a
Página
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Sexta-Feira, 26 de Fevereiro de 2010 – 9H30-11H –
Teórica)
➢ Fontes do Direito (continuação)
• Oliveira Ascensão considera a possibilidade de
entrada em vigor de um diploma no mesmo dia
da sua publicação, desde que:
Exista lei de igual valor hierárquico a prevê-
lo;
Não se estabeleçam regras de conduta para
os particulares.
• O artigo 6.º do C.C. prevê que, perante uma Lei
que entre em vigor, respeitando todos os
requisitos exigíveis, não se admite a ignorância
ou má interpretação da Lei (“dura lex, sed lex”);
Página
150
Ou por caducidade
• Leis de vigência temporária, que
apresentam um prazo definido de
vigência;
7 Revogação ≠ suspensão de vigência da Lei, pois neste último caso a Lei não é
afastada para sempre.
• Fim dos circunstancialismos sociais
que motivavam a vigência da Lei
(por exemplo, a lei que prevê a
concessão de subsídios aos antigos
combatentes do Ultramar cessa a sua
vigência com a morte do último
combatente).
declarativo)
○ O silêncio não significa nada do
ponto de vista jurídico, isto é, não
se ficciona que houve consenso;
○ Todavia, se os usos considerarem
tacitamente relevância jurídica ao
silêncio, assumem valor
declarativo.
• Artigo 883.º (determinação do preço)
○ Em matéria de Direito das
Obrigações, os usos assumem
relevância jurídica nas práticas
comerciais, nomeadamente na
determinação do preço num
contrato de compra e venda.
• Artigo 763.º (realização integral da
prestação);
• Artigo 1682.º (alienação ou oneração
de móveis) – em matéria de direitos
patrimoniais de Direito da Família.
jurídica.
• Doutrina
Não constitui uma fonte de Direito, pois
apenas influencia a prática dos aplicadores
do Direito;
Tem força persuasiva, não vinculativa, que
depende do prestígio daquele que emite o
parecer ou opinião. São comuns as
referências a autoridades em acórdãos.
• Equidade
Surge no Código Civil como fonte de Direito
(artigo 4.º do C.C.), mas aplica-se apenas
nos termos da Lei;
• Trata-se de um artigo tributário de
um entendimento ultrapassado. Ver
Lei da Arbitragem Voluntária (1986),
tributária da equidade, na medida em
que as partes podem acordar a
aplicação da equidade em vez da Lei.
Este entendimento está, de facto,
ultrapassado nos tempos actuais, pois
a equidade faz parte de todo o
processo do Direito, na medida em
que consiste na aplicação justa da Lei
Página
indeterminados:
○ Possibilidade de conduzirem à
158
contrário;
○ Presunção inilidível ou
absoluta – não admite prova em
contrário, não podendo, portanto,
ser afastada (presunção
excepção)
• No artigo 350º do C.C., podemos
encontrar a regra da elisão de provas
(n.º1) e a regra do não afastamento da
prova (n.º2);
• O regime do ónus da prova constituição
o regime regra, todavia o regime da
presunção inverte as regras gerais do
ónus da prova (art. 342.º do C.C.,
números 1 e 2).
○ Existindo uma presunção de
culpa, aquele que estivesse
responsabilizado de fazer ónus da
prova fica desonerado (inversão
do ónus da prova). Também se
pode fazer presunção do
cumprimento da dívida pelo
devedor;
○ Àquele contra quem a invocação é
feita compete a apresentação de
factos extintivos do direito de
crédito invocado, para não ser
condenado.
• O artigo 491.º do C.C. apresenta-nos a
presunção de culpa do responsável
pela vigilância de um indivíduo que não
goza do discernimento ou maturidade
necessária. Aplica-se, por exemplo, na
responsabilidade de um pai sobre os
Página
culpa se:
○ Se o responsável pela vigilância
tiver cumprido as diligências
necessárias para evitar a prática
danosa;
○ Se intervieram factores externos
incontroláveis, há lugar a
presunção ilidível.
• Questão 3
163
Página
164
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Terça-Feira, 02 de Março de 2010 – 15H-16H30 –
Teórica)
➢ Fontes do Direito (continuação)
• Jurisprudência – conjunto de decisões dos
tribunais que apresentam uma determinada
orientação. Aplicam-se apenas ao caso concreto,
não sendo por isso fonte de direito
Nos ordenamentos anglo-saxónicos, a
jurisprudência tem força vinculativa e
obrigatória, vigorando a regra do
precedente vinculativo;
Os Assentos eram fonte de Direito.
Eram acórdãos do Supremo Tribunal de
Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal
Administrativo (STA), que procuravam
uniformizar a jurisprudência dentro do
mesmo regime jurídico e sobre factos
substancialmente iguais. Apresentavam a
orientação jurisprudencial que devia valer e
assumiam utilidade indesmentível.
Tínhamos:
• Assentos interpretativos – Fixam o
sentido juridicamente relevante de um
preceito preexistente e com ele a partir
daí se confundem. “A norma a que se
dirige tal tipo de assento, de norma de
interpretação variável evolui, por força
da valoração jurídica sobreposta que
aquele consequencia, a norma de
interpretação estável ou, pelo menos,
mais estável (o assento, como norma
Página
Acórdãos Uniformizadores de
Página
Jurisprudência
• São criados quando houver
166
jurisprudência contraditória;
• Não têm força obrigatória geral, apenas
valor persuasivo;
• É aconselhável que os tribunais de 1.ª
e 2.ª instância sigam os Acórdãos
8 Esta caracterização dos assentos como actos normativos foi assumida no acórdão
n.º 40/84, Diário da República, II série, de 7 de Julho.
Uniformizadores de Jurisprudência.
Todavia, as mutações sociais podem
retirar valia a estes acórdãos;
• Pelo facto de não terem força
obrigatória geral, possibilita-se a
produção de jurisprudência
contraditória;
• Os assentos anteriores à decisão do
Tribunal Constitucional adquiriram o
mesmo valor dos Acórdãos
Uniformizadores de Jurisprudência;
• Os artigos 732.º-A e 732.º-B do CPC
estabelecem o regime processual
quando há jurisprudência contraditória.
○ Para assegurar a uniformidade da
jurisprudência, pode haver lugar a
julgamento ampliado de
revista, com intervenção do
pleno das secções cíveis. Nesta
circunstância, não é julgada
matéria de facto.
○ O julgamento alargado é proposto
pelo relator, por qualquer dos
adjuntos, pelos presidentes das
secções cíveis ou pelo Ministério
Público;
○ O juiz relator e os restantes juízes
que intervenham no julgamento
Página
do Diário da República.
• Os artigos 437.º e seguintes do CPP
trata da fixação de jurisprudência,
quando o STJ profere dois acórdãos que
assentem em soluções opostas.
○ O artigo 445.º do CPP regula a
eficácia dos acórdãos
uniformizadores de jurisprudência.
Estes assumem carácter
vinculativo no próprio processo
em que forem solicitados. Para
casos futuros, têm apenas um
carácter persuasivo;
○ O artigo 446.º do CPP prevê uma
situação de recurso de uma
decisão proferida contra
jurisprudência fixada pelo STJ.
Admite a possibilidade de recurso
directo para o STJ de qualquer
decisão contra jurisprudência por
ele fixada.
○ Nos termos do artigo 447.º do
CPP, o Procurador-Geral da
República (PGR) pode solicitar a
uniformização de jurisprudência
(n.º1), interpondo recurso para
novo acórdão (n.º2), sendo que a
decisão que resolver o conflito
não tem poder vinculativo sobre
qualquer caso em concreto (n.º3).
• Interpretação Objectivista –
destinada a captar o sentido imanente
da lei (mens legis).
○ A partir do momento em que a Lei
é aprovada e publicada, ganha
autonomia em relação ao autor;
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Sexta-Feira, 05 de Março de 2010 – 9H30-11H –
Teórica)
Actualismo e Historicismo (em relação
ao objecto da interpretação):
• Actualismo – a interpretação está
sujeita a uma norma, não é inflexível.
Veja-se, por exemplo, a interpretação
do Código Comercial de 1888, redigido
Página
Método interpretativo
• Instrumentos
○ Elementos interpretativos
Elemento gramatical /
literal (“letra da lei”) –
apreensão literal do texto da
lei, apuramento do
significado mais natural
desse conjunto de palavras.
• Funções
Página
○ Positiva –
conduzir o
174
intérprete para o
sentido que mais
decorre da “letra
da lei”, partindo-se
do pressuposto
que o legislador
utilizou
razoavelmente os
termos técnico-
jurídicos e que se
tem de retirar o
sentido mais
natural.
○ Negativa – afastar
os sentidos da
norma que não
encontram apoio
mínimo na “letra
da lei”. É a Teoria
da Alusão, que
não é defendida
pelos subjectivistas
radicais.
Elementos lógicos
(“espírito da lei”)
• Elemento histórico –
consideração dos dados
e circunstâncias
históricas que rodearam
o aparecimento da lei.
○ Circunstâncias
económicas,
sociais, políticas
Página
regime vigente
que foi revogado
176
(por exemplo, o
Código de Seabra
que influenciaram.
Procura-se
177
descortinar a
vontade do
legislador.
• Elemento sistemático
– unidade do sistema
jurídico (art. 9.º/1 C.C.);
coerência interna do
ordenamento jurídico:
○ Na relação com
outras normas que
regulam a mesma
matéria (contexto
ou relação de
conexão). Nunca
ler uma norma de
forma isolada, pois
existe uma relação
entre elas. No
Código Civil, as
normas das Partes
Especiais mantêm
uma relação de
conexão com a
Parte Geral.
Existem relações
de conexão no
mesmo diploma e
em diplomas
diferentes dentro
do mesmo
ordenamento
jurídico;
○ Na consideração
Página
de disposições
legais que regulam
178
problemas
paralelos ou
institutos afins
(lugares
paralelos ou
relação de
analogia/semelh
ança) A propósito
da resolução do
contrato de
compra e venda,
pode haver lugar a
recurso da norma
do contrato de
empreitada,
partindo-se do
pressuposto da
razoabilidade do
legislador e
admitindo-se a
inexistência de
consequências
jurídicas diferentes
previstas. Neste
caso, recorremos
analogicamente a
esta solução;
○ Na relação com os
princípios gerais
do sistema
jurídico – ex.
interpretação
conforme com a
Constituição (lugar
Página
sistemático ou
relação de
179
subordinação) –
limite da
interpretação. A
hierarquia das
normas tem de ser
respeitada por
uma norma
inferior, em
relação a uma
norma superior.
Não podemos
interpretar uma
norma de carácter
interno num
sentido diferente
do da Constituição
ou do Direito
Comunitário, tendo
de estar conforme
com essa
legislação, de
hierarquia
superior. A
legislação
internacional
subordina a
interpretação da
lei nacional.
• Elemento teleológico
– razão de ser da lei
(ratio legis); justificação
social da lei (Oliveira
Ascensão); fim visado
pela elaboração da
Página
norma.
○ Escolhe-se o
180
melhor sentido
para alcançar a
finalidade da
norma;
○ Pretende-se
descortinar os
valores e princípios
prosseguidos que
estão na base das
normas.
○ Argumentos interpretativos
Argumento a pari (de
identidade ou igualdade de
razão) – se uma norma
jurídica estabelecer um
determinado regime jurídico
e não houver razões para
distinguir o regime desta
com o de outra norma,
havemos de concluir que o
regime da norma que
pretendemos interpretar é
semelhante ao da outra.
• Pode ser utilizado
dentro dos lugares
paralelos;
• Aplicação do mesmo
Página
(entenda-se “letra da
lei”) por igualdade de
razão que subjaz aquele
regime jurídico, o que
conduz a uma
interpretação
extensiva da norma;
Argumento a fortiori (de
maioria de razão) – uma
situação não está
expressamente prevista na
“letra da lei”, mas deve
receber a aplicação do
mesmo regime jurídico. A
submissão ao regime
aparece justificada por
motivos mais fortes do que
as situações previstas na
“letra da lei”;
Argumento a maiori ad
minus (a lei que permite o
mais também permite o
menos) – deverá abranger
um comportamento mais
gravoso, se prevê um
comportamento menos
gravoso;
Argumento a minori ad
maius (a lei que proíbe o
menos também proíbe o
mais) – deverá admitir uma
Página
Argumento de coerência –
sendo o sistema jurídico
unitário e coerente, o sentido
de uma norma jurídica será
harmónico / coerente com as
restantes;
Argumento segundo o
qual um regime jurídico
desfavorável (por exemplo:
pagamento de impostos, em
Direito Fiscal) não será
interpretado num sentido
mais amplo, salvo se o
regime for favorável (por
exemplo: benefícios fiscais,
em Direito Fiscal);
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Terça-Feira, 09 de Março de 2010 – 11H-13H –
Prática)
➢ Ficha de Trabalho n.º9
• Texto 1 – Valor da Lei
Entendimento sobre as fontes de Direito que
Página
do Tribunal Constitucional
Os tribunais inferiores recorrem aos
185
• Questão 2
Encontramos uma alegação de um desuso
capaz de fazer cessar a Lei, que não está
dotado de uma convicção de juridicidade
(animus), de relevância jurídica;
A Lei em causa, apesar de incumprida
sistematicamente, procura defender
questões de salubridade e segurança
pública;
No presente caso, a Lei em causa não se
revela injusta, deixando-se de poder alegar
um costume contra legem. O mesmo se
aplica na Lei que impõe a obrigatoriedade
do uso cinto de segurança pelo condutor e
passageiros, apesar do incumprimento
geral. Estamos perante um mero
desuso, mas nunca um costume contra
legem.
Página
• Questão 3
189
Página
• Questão 1
Organizando hierarquicamente:
1. Lei constitucional (editada pelo legislador
constituinte originário);
2. Lei constitucional (editada pelo poder
constituinte de revisão), pois esta tem de
respeitar os limites materiais de revisão;
3. Lei ordinária
4. Lei da AR (dotada de uma
legitimidade democrática e de uma
reserva de lei parlamentar);
5. Decreto-Lei do Governo (paridade
com a Lei em matéria concorrencial, mas
subalternizada pela Lei, nos termos do
artigo 112.º, n.º2 da CRP);
6. Decreto Legislativo Regional (sobre
matéria de interesse regional, não
podendo contrariar as Leis da República).
7. Regulamentos (dependentes ou
independentes)
8. Decreto regulamentar do Governo
(previsto no artigo 112.º, n.º6 da CRP,
com exigência de formalidade solene –
promulgação do PR);
9. Portaria;
10.Despacho normativo;
11.Resolução do Conselho de Ministros
(pode não ter conteúdo normativo, sendo
uma mera recomendação).
Página
191
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Terça-Feira, 09 de Março de 2010 – 15H-16H30 –
Teórica)
Método interpretativo (continuação)
• Cautelas a tomar na utilização dos
instrumentos interpretativos
○ Utilização em conjunto destes
instrumentos (não são
compartimentos estanques), com
habilidade e a recolha de
experiência;
○ Utilização de todos os elementos
na interpretação de uma norma
jurídica, o que apenas não sucede
quando se verifica a ausência do
elemento histórico;
○ Os resultados interpretativos
resultam da comparação da “letra
da lei” com o “espírito da lei”, em
todos os casos.
• Resultados interpretativos
○ Interpretação declarativa – O
sentido da lei cabe dentro da sua
“letra”. A “letra da lei” está
conforme com o seu “espírito”. O
intérprete conclui que a “letra da
lei” é coincidente com o “espírito
da lei”. Obtém-se igual resultado
com a combinação dos elementos
lógicos e a “letra da lei”;
Página
○ Interpretação extensiva - A
letra da lei diz menos que o seu
192
Consiste na determinação do
sentido mais razoável da Lei,
obtendo-se um resultado
extensivo à fórmula textual, que
nela não se encontra contido. Esta
interpretação não viola a “teoria
da alusão”, pois a lei, fazendo uma
alusão mínima, possibilita a
extensão dentro dos limites do
razoável. Ocorre numa situação
de regulamentação casuística.
Muitas vezes, utiliza-se a
interpretação extensiva com o
argumento a maiori ad minus.
Veja-se o artigo 1305.º do C.C.: ao
possibilitar-se a venda e troca do
imóvel, depreende-se que também
Página
proprietário.
○ Interpretação restritiva – A
“letra da lei” atraiçoa o
pensamento legislativo, por ter
um alcance mais abrangente do
que a norma que se pretendia
exprimir. Distingue-se da
interpretação extensiva, na media
em que se conclui que a “letra da
lei” não foi fiel ao “espírito da lei”,
pois disse mais do que queria
dizer. Com a interpretação
restritiva, diminui-se o elenco de
hipóteses de aplicação da Lei. Tal
justifica-se pelo facto de a Lei só
fazer sentido com um âmbito mais
reduzido de aplicação.
Argumentos a maiori ad
minus e a minori ad
maius (a lei que permite o
mais também permite o
menos; a lei que proíbe o
menos também proíbe o
mais);
Argumento a contrario (da
disciplina excepcional
estabelecida para certo caso,
retira-se um princípio oposto
que corresponde ao regime-
regra, isto é, deduz-se que os
casos não contemplados
devem seguir o regime
oposto).
○ Orientação geral:
A interpretação não deve cingir-se
à letra da lei, mas reconstituir a
partir dos textos o pensamento
legislativo (n.º 1) – texto da lei =
apenas um elemento da
interpretação.
Página
○ Responsabilidade do
intérprete – encontrar soluções
mais adequadas. Presume-se
“que o legislador consagrou as
soluções mais acertadas e soube
exprimir o seu pensamento em
termos adequados” (n.º 3) – não
dispensa a tarefa de interpretação
e o recurso a outros elementos.
Contem o critério do
legislador razoável, relacionado
Página
sentido literal da
declaração do
legislador. Sob pena de,
se isto não acontecer,
se estar a criar uma
nova norma, em vez de
interpretar uma norma
já existente.”
(Hespanha)
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Sexta-Feira, 12 de Março de 2010 – 9H30-11H –
Teórica)
• O processo de subsunção do caso
concreto à previsão da norma
jurídica é rejeitado por uma visão
tradicional, entendendo tratar-se de
um silogismo jurídico, isto é, um
raciocínio meramente lógico. Qualquer
valoração apresenta-se como uma
questão extra-jurídica, pelos
positivistas. Na actualidade, já não é
esta a visão sobre o processo, não se
Página
da lacuna da lacuna
homossexuais);
○ Pela necessidade de conceder
205
autonomia na organização e
funcionamento nas empresas, nas
famílias, apesar da ingerência
crescente do Estado.
• Tipos de Lacunas
○ Lacunas da Lei
Ao nível da teleologia –
após apuramento do
resultado interpretativo
restritivo, com a verificação
que a finalidade da lei não foi
tão além da “letra da lei”.
Nesta situação, existirá
matéria sem regime jurídico,
mas que o mereça;
Ao nível das normas – pela
simples leitura das normas
(lacunas de colisão, por
interpretação revogatória,
por exemplo) ou por
ausência de diploma especial
que regule a actividade de
um órgão, ainda que
estivesse prevista a sua
existência.
em causa matérias
diferentes). Só se admite
aplicação analógica com as
devidas adaptações
(aplicação indirecta mutatis
mutandis).
○ Note-se que, para haver lugar a
integração, a hipótese não pode
estar compreendida nem na
letra nem no espírito da lei.
○ Refira-se ainda que não se trata
da extracção de uma regra
implícita num texto que a
exprime imperfeitamente (cfr.
artigo 11.º CC – proibição de
aplicação analógica de normas
excepcionais).
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Terça-Feira, 16 de Março de 2010 – 11H-13H –
Prática)
➢ Ficha de Trabalho n.º11 (continuação)
○ Questão 2:
Em relação à alínea a), de acordo com o
artigo 7.º, número 4 do C.C., não é possível
o recurso à repristinação. Tal apenas pode
Página
relação ao decreto-lei).
211
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Terça-Feira, 16 de Março de 2010 – 15H-16H30 –
Teórica)
• Integração de Lacunas da Lei (continuação)
Analogia legis
• Analogia – aplicação de um processo
geral de pensamento particular no
domínio da integração;
• Fundamento: tratamento igual de
casos semelhantes (princípio da
igualdade e certeza do direito –
obtenção da uniformidade de
soluções);
Página
também consagração da
irretroactividade da Lei;
• Artigo 29.º, n.º1 e artigo 103.º -
Referência a domínios em que é
necessário proteger a segurança
jurídica e direitos fundamentais.
Consagração constitucional da
irretroactividade da Lei.
devidamente adaptados.
○ Direito transitório
222
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Sexta-Feira, 19 de Março de 2010 – 9H30-11H –
Página
Teórica)
223
ser respeitadas;
Decorriam da vontade dos
225
particulares (situações
jurídicas negociais,
contratuais);
Respeito pela autonomia
privada;
Todavia, mesmo no âmbito
do Direito dos Negócios, há
regras imperativas que não
podem ser afastadas pelas
partes, de acordo com a
vontade do legislador, pois
estão em causa interesses
públicos.
exigências de forma
(artigo 1143.º do C.C.);
228
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Terça-Feira, 23 de Março de 2010 – 11H-13H –
Prática)
➢ Ficha de Trabalho n.º13 (continuação)
○ Questão II:
Nesta questão, é feita referência à acessão
(art. 1325.º do C.C.), isto é, a incorporação
de um material pertencente a outrem,
distinguindo-se as situações de acessão de
boa-fé e de má-fé, com possibilidade de
aquisição de direito de propriedade.
Podemos considerar:
Página
○ Questão III:
A hipótese apresentada faz referência ao
artigo 483.º do C.C., princípio geral da
responsabilidade por factos ilícitos, aplicável
nas situações em que alguém, por dolo ou
mera culpa, violar ilicitamente o direito de
outrem. Trata-se de uma norma aplicável
em caso de culpa pelo incumprimento
salarial, quer em responsabilidade civil
contratual, quer em responsabilidade civil
extra-contratual. No caso de
responsabilidade civil contratual, há lugar a
Página
teleológico).
• Coloca-se em confronto a interpretação
da cláusula 63.º com o artigo 13.º da
CRP (conjugação com normas de outros
diplomas – Lei constitucional) –
interpretação conforme à Constituição,
requisito essencial para uma boa
interpretação.
• Isto conduz a uma interpretação
declarativa ampla, considerando que
Previdência abrange todos os sistemas
de Segurança Social.
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Terça-Feira, 23 de Março de 2010 – 15H-16H30 –
Teórica)
• Aplicação da Lei no tempo (continuação)
Artigo 12.º, n.º2 do C.C.
• 1.ª Parte – a Lei nova deve apenas
aplicar-se a factos futuros se a Lei nova
valorar esses factos;
• 2.ª Parte – não sendo intenção da lei
nova valorar esses factos, aplica-se aos
efeitos produzidos por essas situações
jurídicas, que ocorram após a entrada
em vigor da Lei nova.
Página
da Lei;
○ Importa conhecer, para a
aplicação de uma das partes, a
teleologia da Lei. Por exemplo:
Lei nova que valora facto
negativamente, tornando-o
ilícito, sendo que antes não o
era. Esta lei nova que
introduz um desvalor sobre
um facto só se aplica em
situações futuras
ou
Já sendo o facto ilícito, a lei
nova estabelece
consequências mais
desfavoráveis, como por
exemplo o aumento dos
valores indemnizatórios. Esta
valoração negativa só se
aplica no futuro.
do passado.
Todavia, por alterações da situação
238
Exemplos de casos de
abstracção dos factos que
estão na origem do
contrato (perante normas
Página
imperativas instituídas
pela Lei nova):
240
○ A propósito da responsabilidade
civil extra-contratual, sempre que
a lei regular um facto ilícito,
apenas se aplica no momento da
entrada em vigor a factos futuros.
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Sexta-Feira, 26 de Março de 2010 – 9H30-11H –
Teórica)
Página
recurso ao elemento
gramatical.
249
situação terminal;
• Visa-se evitar as consequências
nefastas da posição de superioridade
do profissional sobre o doente
fragilizado (manipulação da vontade);
• O presente artigo não admite a
apresentação de prova em contrário –
presunção absoluta ou inilidível – na
medida em que não se duvida da
especial influência exercida pelo
profissional sobre o doente;
○ O mesmo se aplica no artigo
2192.º C.C., entre pupilo e tutor,
ainda que não seja no leito da
morte;
○ Já no caso constante do artigo
2196º C.C., a propósito do
adultério, admite-se que são
razões de ordem moral que
motivaram o legislador a prever
esta indisponibilidade, apesar de
se encontrar previsto o princípio
fundamental da liberdade de
testar.
a aliena-lo ou onera-lo. É,
portanto, nula a cláusula de
256
desproteger, de imediato, a
posição do arrendatário, devendo
257
248 e 249; Galvão Teles, Direito das Obrigações, sexta edição, 17, Pereira Coelho,
Arrendamentos, edição de 1984, 16 e seguintes; acórdão do Supremo Tribunal de
Justiça de 21 de Dezembro de 1982, Boletim do Ministério da Justiça 320, 338;
258
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Terça-Feira, 07 de Abril de 2010 – 15H-16H30 –
Teórica)
• A Lei nova aplica-se a factos jurídicos
constitutivos, modificativos e
extintivos (artigos 12.º e 297.º do
C.C.), juridicamente relevantes para
determinar a sua competência.
Distinguem-se dos “factos-
pressupostos”, na terminologia de
João Baptista Machado, que não se
revelam juridicamente relevantes, para
a aplicação da lei no tempo. Os factos-
pressupostos constituem pressupostos
de uma dada qualidade, como por
exemplo os factos que interferem com
a capacidade sucessória (qualidade de
sucessor), mas não são determinantes
para saber qual a Lei aplicável.
○ O facto constitutivo das relações
Página
sucessória (facto-pressuposto)
não interfere na definição da lei a
aplicar;
○ Em matéria de prazos, eles nem
sempre são factos constitutivos
(por exemplo, prazo da
usucapião), extintivos (por
exemplo, prazo da prescrição) ou
modificativos. Se surgir uma Lei
nova que determina o novo
prazo, aplica-se a Lei vigente
à data da ocorrência do facto
juridicamente relevante;
○ Há factos que também podem
funcionar como prazos-
pressupostos:
Prazo internupcial (artigo
1605.º do C.C.) – facto
impeditivo do casamento.
• Se surgir uma lei nova
que estabeleça a
diminuição do prazo
internupcial, coloca-se a
questão de qual a Lei
aplicável:
○ no momento do
início do prazo?
○ à data da entrada
em vigor da nova
Lei?
Tem-se de procurar o
facto constitutivo que
a Lei nova visa regular
(que no presente caso é
Página
o casamento),
aplicando-se a Lei
260
• Só há retroactividade,
quando há aplicação de
Lei nova a factos
passados constitutivos,
modificativos ou
extintivos. No presente
caso, poderá haver uma
retroconexão ou uma
referência
pressuponente, que
não é uma verdadeira
retroactividade.
--------------------------------------x-------------------------------------
negativa (não se
obriga ninguém a
264
celebrar
casamento).
• Direitos de
personalidade (artigos
70º e ss. do C.C.):
○ Princípio do reconhecimento
da personalidade jurídica
humana (artigos 66.º e 67.º C.C.):
reconhece-se que cada sujeito
tem a susceptibilidade de ser
titular de relações jurídicas (ser
sujeito de Direito). No artigo 66.º,
n.º2 do C.C., admite-se a
protecção da vida intra-uterina;
Diferente tratamento entre
personalidade singular e
personalidade colectiva: se
em relação à personalidade
singular não há atribuição
de direitos, mas apenas
reconhecimento dos
mesmos, no que concerne à
personalidade colectiva
estamos perante uma
abstracção colectiva, em que
o Direito decide atribuir
personalidade jurídica a
entes colectivos.
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Sexta-Feira, 9 de Abril de 2010 – 9H30-11H –
Teórica)
Página
○ Princípio da plenitude da
265
personalidade jurídica: a
faculdade de se ser titular de
direitos e obrigações difere de
pessoa singular para pessoa
colectiva e entre pessoas
singulares.
Personalidade jurídica
(conceito qualitativo)
Capacidade jurídica
(conceito quantitativo)
• As pessoas colectivas
têm uma capacidade
jurídica muito reduzida.
No artigo 160.º do C.C.,
vemos que apenas lhe
são atribuídos os
direitos e obrigações
necessários à
prossecução dos seus
fins. Por exemplo, sendo
o fim de uma empresa o
lucro, todo o acto para
além desse fim é nulo.
(abrangente) de direitos
de personalidade,
prevendo-se as
consequências civis
para a sua violação. Um
aspecto da
personalidade não
indicado nos artigos
seguintes está
protegido por esta
cláusula geral.
• Artigo 71.º - protecção
do bom-nome de
pessoas já falecidas.
Comprova que a tutela
geral não termina com a
morte física;
• Artigos 72.º, 76.º e
seguintes até 80.º -
protecção cirúrgica
de aspectos particulares
que merecem especial
relevo, pois são
regularmente sujeitos a
violações.
• Artigo 80.º - direito à
reserva sobre a
intimidade da vida
privada foi pensado
para os seres humanos,
mas pode ser adaptado
para o mundo
empresarial ou
associativo, tendo em
vista o desenvolvimento
Página
○ Princípio da personificação
jurídica e da capacidade
jurídica funcional das pessoas
colectivas privadas: do ponto
de vista naturalístico, apenas os
sócios deviam ser portadores de
personalidade jurídica. Todavia,
considera-se que também se deve
reconhecer personalidade jurídica
às seguintes entidades:
Associações – Pessoas
Página
colectivas de substrato
pessoal (agrupamento de
268
aquisição de
personalidade.
269
• Sociedades
Comerciais (ver Código
das Sociedades
Comerciais) – podem
ter:
○ Sócios de
capital: entram
com dinheiro ou
bens patrimoniais;
○ Sócios de
indústria: entram
com o seu trabalho
(know-how).
As associações e fundações
necessitam do reconhecimento do
Ministério Público para a aquisição
de personalidade.
patrimoniais.
270
Consumidor e de
Legislação
271
Extravagante).
cinzentas” de cláusulas
contratuais nulas,
272
podendo o consumidor
argumentar-se nestas
para solicitar a nulidade
do negócio;
• Compete à parte mais
forte informar a parte
mais fraca dos termos
do contrato, não
podendo apresentar
esta informação através
de letras microscópicas.
Em caso de desrespeito,
podem daí resultar
seguintes
consequências, de
acordo com a
gravidade:
○ Considerar a
cláusula não
escrita;
○ Direito a
indemnização;
○ Interposição de
processo contra a
empresa
fornecedora por
associação de
protecção dos
direitos do
consumidor.
• Pretende-se conferir
protecção acrescida à
parte contratual mais
fraca.
Página
igualdade:
• Artigo 437.º - resolução
ou modificação de
contratos onerosos por
circunstâncias
imprevisíveis que
alteraram a relação de
equilíbrio de prestações
das partes;
• Artigo 428.º - excepção
do não cumprimento do
contrato. Trata-se de
um meio de tutela
privada compulsória,
que pretende manter a
relação de igualdade
entre as partes. Seria
injusto obrigar uma
parte a cumprir a sua
obrigação, se a outra
parte não o fizer;
• Artigo 1424.º - princípio
da igualdade na
repartição das
despesas, em matéria
de encargos dos
condóminos. Critério de
proporcionalidade entre
condóminos detentores
de diferentes fracções
autónomos, em função
da permilagem;
• Artigo 408.º - a
alienação de direitos
reais revela-se um facto
Página
realização de
prestações – princípio
da consensualidade;
• Artigo 796.º - o
perecimento ou
deterioração de um
bem, em negócio
jurídico cuja entrega
não tenha sido,
imediatamente, por
vontade do comprador,
é da responsabilidade
do adquirente. Para tal,
houve uma ponderação
de interesses, tendo em
vista o equilíbrio de
prestações.
“Cláusulas gerais” ≠
“Cláusulas contratuais
gerais”
• Cláusulas gerais –
técnica legislativa de
ampliação do âmbito de
aplicação de uma
norma, não a
desenvolvendo de modo
exaustivo. Fixam-se
directivas de
orientação. Por
exemplo: artigo 70.º do
Código Civil;
• Cláusulas contratuais
gerais – constam dos
contratos de adesão
Página
pelos consumidores a
serviços de interesse
275
○ Princípio da autonomia
privada
Liberdade de conteúdo
positiva (não se pode ser
obrigado) e negativa (não
se pode ser impedido);
Trata-se de um princípio
transversal a todos os sub-
ramos do Direito Civil,
notando-se de modo mais
aprofundado no Direito das
Obrigações.
○ Princípio da liberdade
contratual (artigo 405.º, n.os 1 e
2)
Princípio decorrente do
princípio da autonomia
privada;
Liberdade contratual muito
vasta, que se analisa em
várias perspectivas:
• Ampla margem de
fixação das cláusulas
contratuais;
• Liberdade negativa e
positiva;
• Possibilidade de
celebrar os contratos
nominados (típicos) da
Lei (presentes no
Página
Código Civil ou em
Legislação especial13) ou
276
contratos inominados
(não previstos na Lei);
• Possibilidade de fazer
combinações de
contratos:
13 Por exemplo, contrato de locação financeira, vulgarmente designado contrato de
leasing.
○ Celebrando no
mesmo acto, dois
ou mais
contratos ;
14
○ Celebrando um
contrato misto, isto
é, um contrato não
tipificado na Lei,
que vai buscar
características de
outros contratos.
• Possibilidade de
escolher o sujeito com
quem se quer contratar.
Há diversos desvios à
liberdade contratual, como
por exemplo:
• Em matéria de
modelação de contrato
em Direito do Consumo;
• Obrigação de celebrar o
contrato com outra
pessoa,
independentemente da
vontade, nas seguintes
situações:
○ Contrato de
Página
fornecimento de
interesse geral.
277
Havendo
monopólio do
serviço, há
obrigação de
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Terça-Feira, 13 de Abril de 2010 – 11H-13H –
Prática)
➢ Ficha de Trabalho N.º 15 (continuação)
○ Questão 1
O processo de insolvência tem execução
universal, podendo todo e qualquer credor
reclamar os seus créditos. Trata-se de uma
protecção dos direitos de propriedade
destes indivíduos, atribuindo-se o valor
correspondente da dívida com a venda
executiva de bens (massa insolvente);
Argumentos do Banco Internacional de
Página
Negócios
• O Banco tem interesse que o bem se
278
○ Questão 2
Formulação de norma ad-hoc aplicável ao
caso concreto;
Visa-se a protecção da reserva da vida
privada da fundação e de terceiros
constantes das actas, só havendo lugar a
revelação de informação se estiverem
em causa interesses superiores, dentro
das estritas necessidades;
Só existe protecção de escritura mercantil
(das sociedades comerciais);
Ao abrigo do artigo 519.º CPC, poderíamos
dizer que todas as pessoas (singulares e
colectivas) estão abrangidas pelo n.º3 do
referido artigo. Todavia, há lacuna, na
medida em que não há como encaixar o
facto em causa na fórmula textual.
Entende-se que o presente artigo foi
elaborado a pensar nas pessoas singulares.
Ainda assim, podia haver lugar a uma
interpretação extensiva, através do
elemento teleológico, pois não há razão para
efectuar distinção (argumento de igualdade
de razão);
Note-se a necessidade que o Código
Comercial sentiu em estabelecer normação
própria sobre esta matéria. Ainda assim,
podíamos alegar que apenas se trata de
uma regra especial que reforça o regime do
artigo 519.º CPC;
Os artigos 42.º e 43.º do Código Comercial
não têm aplicabilidade directa ou indirecta
neste caso, pois destinam-se a sociedades
Página
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Terça-Feira, 13 de Abril de 2010 – 15H-16H30 –
Teórica)
Página
○ Princípio da boa-fé
Subjectiva
282
sua celebração, e eu
decido abortá-lo nesse
284
momento, há um
desrespeito pelo
princípio da
confiança.
• Artigo 334.º C.C. –
abuso do direito, por
exercício de um direito
com uma conduta de
má-fé, de ilegítima
confiança por parte da
contraparte.
○ Princípio da liberdade
declarativa, consagrado no
artigo 219.º C.C., excepto se for
exigida uma forma prevista na Lei
(por exemplo, no contrato de
compra e venda – artigo 875.º
C.C.). A inobservância da forma
exigida por Lei implica a nulidade
do negócio jurídico;
legais imperativas
Artigo 294.º C.C. – a
285
reais, familiares,
sucessórias e pessoais, de
286
○ Reconhece-se a possibilidade de
existir uma eficácia póstuma de
uma relação jurídica, após a sua
cessação;
○ Note-se que as relações jurídicas
podem ter uma multiplicidade de
sujeitos de Direito envolvidos.
Veja-se o exemplo da constituição
de uma sociedade comercial,
composta por vários sócios;
○ Relações jurídicas complexas
(distinção de direitos e deveres)
Direitos e deveres de crédito
típicos de cada relação
jurídica – direitos e
deveres principais, que
definem a relação jurídica,
decorrendo directamente do
contrato;
Direitos e deveres
relacionados com o princípio
da boa-fé – direitos e
deveres acessórios ou de
conduta. Por exemplo, o
dever de informar sobre uma
característica específica do
bem, para evitar lesões
corporais.
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Sexta-Feira, 16 de Abril de 2010 – 9H30-11H –
Página
Teórica)
288
umbilical. Trata-se de
uma questão discutível
289
Vasconcelos. Consideram
que os nascituros concebidos
são portadores de
personalidade jurídica, sendo
que, na opinião de Meneses
Cordeiro, apenas são
portadores do direito à vida.
Para os outros autores, os
nascituros são titulares de
todos os direitos e estão
adstritos a todas as
obrigações. Trata-se de uma
concepção utópica, dada a
nítida diferença entre
nascituros e indivíduos
nascidos completos e com
vida. Nos termos do n.º2 do
artigo 66.º C.C., coloca-se
uma questão a estes autores:
o direito à indemnização faz
sentido com a morte do
nascituro, antes do
nascimento completo e com
vida? Neste campo,
reconhecem que não faz
sentido, pois a existência
desses direitos, formados na
esfera jurídica da criança, só
fazem sentido com o
nascimento completo e com
vida;
Direitos reconhecidos aos
nascituros concebidos ou
não concebidos
(concepturos)
Página
• Aos nascituros,
conferem-se direitos
291
patrimoniais e alguns
direitos pessoais;
• Aos concepturos,
apenas são
reconhecidos direitos
patrimoniais.
• Direitos de natureza
não patrimonial
○ Artigo 70.º C.C. –
não faz referência
aos nascituros,
mas, pela
interpretação feita,
considera-se que
este também se
aplica aos
nascituros
concebidos;
○ Artigo 1878.º C.C.
– dever de
representar “…
ainda que
nascituros…”;
○ Artigo 1826.º C.C.
– referência aos
nascituros
concebidos sem
atribuição de
direitos;
○ Artigo 1824.º C.C.
– perfilhação
voluntária de um
nascituro.
Página
292
• Direitos de natureza
patrimonial
○ Artigo 952.º C.C. –
doação em favor
de nascituros
concebidos ou não
concebidos;
○ Artigo 2033.º C.C.
– capacidade
sucessória dos
nascituros
concebidos. O n.º2
confere
capacidade
sucessória, na
sucessão
testamentária ou
contratual,
abrange
concepturos;
○ Artigo 2240.º C.C.
– administração da
herança por
nascituro
concebido ou não
concebido.
Capacidade jurídica de
gozo (artigo 67.º C.C.) –
atributo necessário de toda a
pessoa singular com
personalidade jurídica.
Página
representante. Também
artigo 877.º C.C. (venda
a filhos e netos).
Termo da personalidade
(artigo 68.º C.C.) – a
personalidade jurídica cessa
com a morte.
• Há lugar à extinção de
grande parte dos
direitos da esfera
jurídica do indivíduo,
principalmente direitos
pessoais, mas também
alguns patrimoniais. Por
exemplo: artigo 1443.º
C.C. (limite máximo de
usufruto atingido com a
morte do usufrutuário,
não transmissível por
via sucessória); artigo
1256.º C.C. (acessão na
posse – invocação de
direito de propriedade
por usucapião, juntando
a posse do vendedor à
do actual possuidor);
artigo 1255.º (sucessão
na posse – poder
patrimonial que se
transfere para a esfera
jurídica dos sucessores,
havendo uma simples
continuação na posse,
Página
mesmo estando o
sucessor de má-fé);
295
• Momento da morte
estabelecido por Lei –
morte cerebral. Esta
matéria foi discutida a
propósito do transplante
e doação de órgãos
provenientes de
pessoas vivas e mortas.
○ Artigo 68.º, n.º2
C.C. – presunção
quanto ao
momento de
conveniência da
morte. Presume-se
que morreram
ambas as pessoas
ao mesmo tempo.
Trata-se de uma
presunção relativa,
ilidível se houver
prova científica em
contrário;
○ Artigo 68.º, n.º3 –
presunção da
morte. Estabelece
o regime da
“morte técnica”,
ainda que o
cadáver não seja
encontrado. Os
artigos 114.º e
seguintes
relacionam-se com
o pedido de
Página
declaração de
morte presumida,
296
pelo facto de o
desaparecimento
ter ocorrido após
10 anos
decorridos.
Importa ressalvar o
artigo 119.º C.C.,
sobre o regresso
do ausente.
• Existência do dano
“morte”, a favor dos
falecido, tendo sido
afectada a sua esfera
jurídica e se transmite
por efeitos sucessórios.
○ Artigo 496.º, n.º2
C.C. –
indemnização aos
familiares, como
forma de
compensação por
danos não
patrimoniais. Faria
sentido
autonomizar este
dano, admitido nos
tempos actuais?15
Incapacidade de exercício
(art. 122.º e seguintes do
Página
C.C.)
• Capacidade negocial
297
– aspecto associado à
capacidade de
exercício, que consiste
no poder de,
autonomamente,
15 No caso das seguradoras, quanto maior a idade do falecido, menor a
indemnização.
celebrar negócios
jurídicos;
• Capacidade delitual
(artigo 488.º C.C.) –
prática de facto ilícito,
que se relaciona com
imputabilidade, isto é, a
susceptibilidade de juízo
de censura por culpa.
Denomina-se actio
liberi in causa a acção
de quem usa, de modo
deliberado, um meio
para se colocar em
estado de incapacidade
física ou mental, parcial
ou plena, no momento
da ocorrência do facto
criminoso. É também a
acção de quem, apesar
de não ter a intenção de
praticar o delito, podia
prever que tal meio o
levaria a cometê-lo.
Noutras palavras, é a
acção de se deixar ficar
num estado de
inconsciência, culposa
Página
○ É possível a
presunção de
culpa de um menor
de 16 anos.
• Capacidade judiciária
– encontra-se associada
à personalidade
judiciária, isto é, à
possibilidade de ser
parte numa acção,
aplicando-se a pessoas
singulares e colectivas.
Encontra-se previsto na
Lei Processual Civil que,
por via da
representação, um
condomínio ou um navio
possam ser portadores
de personalidade
judiciária;
• Incapacidade
acidental – difere de
estados permanentes
de incapacidade (como
anomalia psíquica),
constituindo um estado
meramente transitório.
O artigo 257.º C.C.
prevê a anulabilidade
de um negócio jurídico
praticado nestas
circunstâncias (de modo
Página
involuntário).
299
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Terça-Feira, 20 de Abril de 2010 – 11H-13H –
Prática)
➢ Ficha de Trabalho n.º16
○ Questão 1
Direito de preferência contratual – artigo
414.º e seguintes;
• Os pactos de preferência podem ter
origem legal ou convencional;
• O direito de preferência presente neste
caso não é contratual, mas resulta de
disposição legal;
• Como exemplo de direito de
preferência, temos o pacto que confere
o direito de tanteio (como designado
no Código de Seabra) ou prelação em
favor do vizinho que habita em prédio
contíguo, aceitando os termos e
condições negociadas com terceiros. É
efectuada comunicação (escrita) para
preferência, com prazo para preferir.
Se o vizinho o exercer, o vendedor terá
que vender o imóvel a ele;
• Artigo 1380.º C.C. - Direito de
preferência legal, sendo que o n.º2
prevê a situação de haver mais do que
um titular do direito de preferência;
• Artigo 1381.º C.C. – Casos em que não
há direito de preferência;
○ Questão 2
Em acção executiva para cumprimento
forçado das prestações:
• Artigo 733.º C.C. e seguintes –
Privilégios creditórios
○ Artigo 735.º C.C. – Privilégios
creditórios mobiliários (são gerais)
e imobiliários (são sempre
especiais);
○ Existem privilégios creditórios
imobiliários gerais não previstos
no Código Civil (por exemplo, no
Código do Imposto sobre o
Rendimento das Pessoas
Colectivas – CIRC), cujo regime
não se encontra previsto, o que
implica recurso analógico do
regime previsto em número
anterior;
○ Artigo 751.º C.C. – privilégio
imobiliário especial prefere sobre
garantias anteriores;
○ Compete ao Banco analisar o
regime jurídico dos privilégios
creditórios e verificar se há norma
Página
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Terça-Feira, 20 de Abril de 2010 – 15H-16H30 –
Teórica)
Incapacidade de exercício
(art. 122.º e seguintes do
C.C.)
• Artigo 122.º C.C. –
menoridade. Está
vedada a prática de
actos autónomos,
pessoais e de conteúdo
patrimonial, por falha
volitiva e cognitiva;
• Difere das
incapacidades de gozo
de testar (artigo 2189.º
Página
C.C.), de perfilhar e de
casar;
304
arguida antes de se
cumprir o negócio;
• Artigo 126.º C.C. – Dolo
do menor (ver definição
legal de dolo – artigo
253.º C.C.) – uso de
dolo para se fazer
passar por maior,
não merecendo, por
isso, protecção.
Assim, o negócio é
válido, não havendo
lugar a invocação da
anulabilidade do menor.
Há lugar a interpretação
extensiva do artigo
126.º C.C., dada a sua
finalidade, não se
conferindo a
possibilidade de
nenhum dos legais
representantes para
arguir a anulabilidade;
• Artigo 127.º C.C. –
excepções à
incapacidade de
exercício de direitos por
menores;
• Artigo 128.º C.C. –
dever de obediência aos
pais ou tutor;
• Artigo 132.º C.C. –
emancipação apenas
através do casamento;
• Artigo 133.º C.C. –
Página
emancipação atribui
plena capacidade de
306
exercício de direitos,
salvo o disposto no
artigo 1649.º C.C., a
propósito do casamento
de menor, com idade
compreendida entre os
16 e os 18 anos (artigo
1601.º - idade núbil
mínima é 16 anos), sem
consentimento. Trata-se
uma protecção do
menor face à
possibilidade do outro
nubente se aproveitar
deste, dada a sua
fragilidade. Assim, o
menor não goza de
plena capacidade de
administração e
disposição dos bens).
○ A causa da
307
interdição tem de
ser actual;
○ Causa habitual;
○ Elevado nível de
incapacidade
implica afectação
muito grave –
critério de máxima
gravidade (≠ art.
152.º - causas
menos graves).
• Incapacidades
excepcionais de gozo:
○ De casar;
○ De perfilhar (art.
1850.º C.C.);
○ De testar (art.
2189.º C.C.)
• Interdição mais grave é
a anomalia psíquica.
Trata-se de um conceito
indeterminado,
maleável com a
evolução social,
associado à demência, à
esquizofrenia;
• Utilização indevida da
Lei de Saúde Mental
para internamento
compulsivo de idosos;
• Artigo 141.º C.C. –
legitimidade para
requerer interdição (o
mesmo se aplica para
inabilitação). Verifica-se
Página
a elevada rigidez do
legislador para admitir a
308
possibilidade de o
próprio indivíduo
solicitar a interdição ou
inabilitação;
• Artigo 143.º C.C. – a
quem incumbe a tutela;
• Supressão da
menoridade e da
interdição através do
instituto da
representação legal,
através do poder
paternal (comum no
caso da menoridade),
do poder tutelar
(comum no caso da
interdição) ou do
administrador legal
de bens (entrega dos
bens patrimoniais para
administração legal e
representação em
relação a esses bens –
artigo 1922.º C.C.);
• Artigo 1877.º C.C. e
seguintes – poder
paternal /
responsabilidade
paternal;
• Artigo 1913.º C.C. –
inibição do poder
paternal (ausentes e
interditos);
• Efeitos da interdição
Página
momentos temporais:
○ Actos anteriores
à interdição que
exigem a registo
civil (proposição da
acção) não sujeitos
a anulabilidade,
mas se for nítida a
condição de
incapacidade, há
lugar a
incapacidade
acidental para
protecção de
terceiros e a
declaração de
anulabilidade;
○ No decurso da
acção de
proposição, os
negócios são
anuláveis, sob
condição de
declaração futura
de interdição,
acautelando
prejuízos para
terceiros;
○ Depois da acção
de proposição.
• Prazo para requisição
da anulabilidade – 1
ano;
• Levantamento da
interdição – por decisão
Página
judicial.
310
bens – a alienação
ou destruição de
311
um bem, com
diminuição do seu
valor, implicam
autorização do
curador;
○ Actos de simples
administração
dos bens (art.
153.º/154.º C.C.) –
maior
maleabilidade do
julgador na
decisão:
1. Se for
considerada
plena
capacidade
de
administraç
ão de bens;
2. Necessita
de
assistência
do curador;
3. Regime da
representaç
ão em
relação à
administraç
ão de bens
(porventura
mais valiosos)
– substituição
pelo
administrador
Página
(curador) com
poderes
312
representativ
os (artigo
154.º C.C.)
○ A doação de um
313
bem do filho
implica autorização
judicial (artigo
1889.º C.C.);
○ Autorização do
tribunal suprime
impedimento
colocado pelo
curador para a
celebração de
negócios jurídicos.
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Sexta-Feira, 23 de Abril de 2010 – 9H30-11H –
Teórica)
Pessoas colectivas:
• Associações;
• Fundações;
• Sociedades.
• O Código Civil
desenvolve
principalmente as
associações e
fundações. No que
concerne às sociedades,
apenas as sociedades
civis são reguladas no
Código Civil;
• Elementos a
considerar na
atribuição de
Página
personalidade
jurídica:
314
○ De facto /
substrato
Conjunto de
bens
afectados
(nas
fundações);
Pessoas que
contribuam
com a sua
actividade
para a
prossecução
de interesses
sociais (nas
associações);
Pessoas que
contribuam
com bens e
serviços para
a prossecução
de uma
finalidade
económica
(nas
sociedades).
○ Jurídico / de
Direito /
Reconhecimento
da legalidade
Associações
– dois
Página
regimes em
vigor e em
315
paralelo
desde 2007:
escritura
pública (mais
formal, pelo
notário), com
publicidade
da
constituição,
através da
Conservatória
do Registo
(pelo
conservador);
“associações
na hora”
(medida 111
do “Simplex”,
desde 2007),
não exige
escritura
pública,
apenas
documento
escrito, com
reconhecimen
to das
assinaturas,
no seio das
conservatória
s;
Fundações –
processo
semelhante
Página
ao das
associações,
316
através de
escritura
pública, com
controlo pela
Conservatória
do Registo
Comercial,
Ministério da
Administração
Interna e
Presidência
do Conselho
de Ministros;
Sociedades –
até há pouco
tempo, era
exigida
escritura
pública. Com
a
desformalizaç
ão dos actos
inerentes à
formação de
sociedades
comerciais, é
suficiente
documento
escrito.
Implica
controlo pela
Conservatória
do Registo
Comercial. Só
Página
existe
“sociedade” a
317
partir do
registo na
Conservatória
do Registo
Comercial.
• Sociedades de Direito
comercial –
organizações que
contribuem com bens e
serviços para o
desempenho de uma
actividade comercial (≠
sociedades civis);
○ Categorias híbridas
– sociedades civis
sob a forma
comercial (por
exemplo: por
quotas).
• Sociedades
unipessoais por
quotas – foge à regra
geral, por ter apenas
um sócio;
• Sociedades
comerciais –
distinguem-se em
função do nível de
Página
responsabilidade
assumido perante
318
terceiros:
○ Por quotas –
responde o capital
da sociedade e, se
necessário, cada
sócio responde
pela sua quota. Os
restantes sócios
podem assumir a
quota em falta de
outro sócio, no
capital social
(responsabilidade
limitada);
○ Anónimas – cada
accionista é
responsável pela
sua parte do
capital da
sociedade. Não é
possível atingir o
património do
accionista16
(responsabilidade
limitada);
○ Em nome
colectivo – em vi
de extinção, na
medida em que há
lugar a
responsabilização
pessoal, não
respondendo só a
pessoa colectiva,
com o património
Página
social. Responde o
património dos
319
sócios,
solidariamente, na
insuficiência do
património social
(património à
16 Apenas numa situação de má gestão da sociedade se pode atingir o património
individual dos accionistas. Trata-se de uma situação excepcional.
mercê dos
credores);
○ Em comandita –
envolvem um
regime híbrido,
havendo sócios
comanditários17
(apenas injectam
capital) e sócios
comanditados18
(prestam serviço à
sociedade, através
do desempenho de
actividade).
• O Código Civil prevê a
hipótese de constituição
de sociedades civis,
reguladas ao abrigo do
regime de pessoas
colectivas, que também
podem ser abrangidas
pelo regime especial
constante de diploma
avulso (por exemplo:
Sociedades de
Advogados);
• O Código Civil regula
um tipo de entidade
Página
desprovida de
personalidade jurídica
320
liberdade
sucessória (quota
321
de património
indisponível). Não
podem integrar a
sucessão
legitimaria;
○ Sucessão
legítima – regime
supletivo que se
aplica quando não
há uma disposição
plena do
património (na
ausência de
sucessão
legitimaria), em
último caso o
Estado, que
constitui a única
pessoa colectiva
considerada
herdeiro
legítimo;
○ Sucessão
testamentária –
é possível deixar
bens a pessoa
colectiva, por via
de testamento
(capacidade
testamentária
passiva). As
pessoas
Página
colectivas não
gozam do direito
322
de testar, pois
elas não morrem,
apenas se
extinguem.
(sociedades civis) –
regime nuclear da
323
sociedade de
pessoa colectiva;
○ Existem normas
remissivas do
Código das
Sociedades
Comerciais para o
Código Civil.
○ Objecto
Realidade ou bem sobre o
qual incide o direito da
relação jurídica;
Espécies de objectos:
• Prestações
(comportamento
exigido a outrem, em
matéria de direitos de
crédito)
○ Objecto mediato
(o bem, a própria
coisa. Por
exemplo: imóvel)
≠ objecto
imediato
(exigência de uma
actividade ou
comportamento
devido. Por
Página
exemplo:
comportamento de
324
entrega do bem).
coisa futura,
apesar de haver
325
consenso, só
ocorre no
momento em que
se torna presente
do ponto de vista
tributação;
○ Artigo 206.º C.C. –
327
coisa composta:
conjunto de coisa
que constitui uma
universalidade de
facto, pertencentes
à mesma pessoa e
com finalidade
comum, podendo
ser entendida
como uma única
coisa (ex:
biblioteca,
rebanho, colecção
de selos). Por
norma, um direito
real incide sobre
uma coisa. Neste
caso, admite-se a
universalidade de
facto, ainda que
possa haver
alienação de cada
coisa
individualmente;
○ Artigo 1462.º C.C.
– usufruto (direito
real) sobre
conjuntos de
animais, com
finalidade comum;
○ Artigo 209.º C.C. -
Coisas divisíveis
(divisão
naturalística do
bem, espartilhável
Página
coisas
indivisíveis (neste
caso, e havendo
excesso de valor
na recepção de
uma sucessão, há
lugar a aplicação
pecuniária);
○ Artigo 211.º C.C. –
coisas futuras:
relativamente
futuras (coisa não
existe, mas
encontra-se
juridicamente
disponível; a venda
dá lugar a direitos
obrigacionais, não
reais) e
absolutamente
futuras (não
existe do ponto de
vista naturalístico
nem jurídico –
artigo 408.º, n.º2
C.C.);
○ Frutos (artigos
212.º e seguintes)
– coisa ou utilidade
proveniente de
outra preexistente,
móvel ou imóvel,
que, dela sendo
separados, não
Página
determinam a sua
destruição total ou
329
parcial, isto é,
produzido,
portanto, sem
prejuízo da
substância. Podem
ser civis (são os
rendimentos
produzidos pela
utilização
económica da
coisa principal,
decorrentes da
concessão do uso
e gozo da coisa,
como por exemplo
juros, pensões,
foros, rendas,
alugueres,
prestações
periódicas) ou
naturais (provêm
directamente da
coisa principal,
eventualmente
com o concurso do
trabalho humano,
como por exemplo
produtos agrícolas,
partes
aproveitáveis de
animais);
○ No Direito
Matrimonial, nos
termos do regime
da comunhão de
Página
adquiridos, em
relação a um
330
imóvel arrendado
que adquiri antes
do casamento, os
frutos são comuns.
Incidindo uma
dívida sobre um
imóvel pessoal,
pode servir como
garantia o meu
património pessoal
e, supletivamente,
o património
comum onde se
integram estes
frutos → Frutos ≠
Coisas
principais;
○ Noção de
benfeitorias
(artigos 1273.º a
1275.º do C.C.) -
obras executadas
no imóvel com a
intenção de
conservá-lo,
melhorá-lo ou
embelezá-lo.
Existem várias
espécies de
benfeitorias e cada
uma produz um
efeito jurídico
diverso. As
benfeitorias podem
ser necessárias
Página
(destinam-se à
conservação do
331
imóvel ou evitar
que ele se
deteriore. Os
reparos de um
telhado, infiltração
ou a substituição
dos sistemas
eléctrico e
hidráulico
danificados serão
benfeitorias
necessárias, vez
que conservam o
imóvel e evitam
sua deterioração),
úteis (obras que
aumentam ou
facilitam o uso do
imóvel. A
construção de uma
garagem, a
instalação de
grades protectoras
nas janelas, ou o
fechamento de
uma varanda são
benfeitorias úteis,
porque tornam o
imóvel mais
confortável, seguro
ou ampliam sua
utilidade) ou
voluptuárias (não
aumentam ou
facilitam o uso do
Página
imóvel, mas
podem torná-lo
332
mais bonito ou
mais agradável.
São as obras de
jardinagem, de
decoração ou
alterações
meramente
estéticas.). As
benfeitorias
integram na posse
(em Direitos
Reais).
Nomeadamente
em Direito do
Arrendamento,
remete-se para
estes artigos. Se
houver
possibilidade de
dividir as
benfeitorias, sem
prejuízo da coisa
principal, há
aplicação do
regime das
benfeitorias; se
não for possível,
aplica-se o regime
do enriquecimento
sem causa, com
direito de
indemnização do
locatário.
de direitos de
personalidade) e
333
pessoa de outrem
(outras pessoas, em
matéria de poderes-
deveres ou direitos
funcionais )
23
económica. A
propósito do
334
direito de
superfície, o
proprietário aliena
parte dos direitos
de superfície ao
superficiário,
nomeadamente
sobre bens do
domínio privado do
Estado,
entendendo-se,
por exemplo,
autarquias locais).
Também se pode
onerar aquele
direito de
superfície
vendendo-o em
acção executiva,
satisfazendo-se o
direito de crédito;
○ Nos termos do
artigo 688.º C.C.,
também é possível
constituir hipoteca
sobre direito de
usufruto e sobre
direitos de crédito
avaliáveis em
dinheiro (por
exemplo: acções).
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
Página
Questão 2
• Artigo 103.º, n.º3 da CRP – princípio da
irretroactividade da Lei fiscal (ainda
que não exista um princípio geral de
irretroactividade). Também em Direito
Penal vigora o princípio da
irretroactividade;
• Aplicação da Lei em vigor no momento
de facto tributário, sendo no caso de:
○ IVA – momento da prestação de
serviço (imposto instantâneo),
no acto de consumo;
○ IRS e IRC – imposto periódico,
em que o facto tributário é o
rendimento obtido ao longo do
ano. O imposto é determinado no
fim do ano.
Questão 3
• Exemplo de fraude à Lei, pois estamos
perante uma situação de recurso a
meios lícitos para práticas ilícitas;
• A José, foi dirigida uma declaração de
não renovação;
• Lei nova proíbe a celebração plural de
contratos;
• De acordo com o estatuto contratual, a
lei nova só se aplica a factos futuros,
numa tentativa de garantir a segurança
jurídica e as legítimas expectativas do
empregador;
• Não havendo norma de Direito
Transitório, coloca-se a questão de
aplicação do artigo 12.º, n.º2, 1.ª parte.
Esta lei nova dispõe sobre efeitos de
factos, não havendo abstracção do
facto que deu origem (relação jurídica
laboral). Querendo a Lei nova incidir
sobre o facto que institui uma relação
jurídica laboral – contrato – não há
abstracção do facto constitutivo. A lei
nova declara a nulidade da cláusula de
termo – valoração negativa. Nos
termos do artigo 292.º, numa situação
de nulidade parcial, há lugar apenas ao
afastamento da cláusula nula;
• Regra geral, só se admite a cessação
Página
Questão 6
• Está em causa uma Lei que dispõe
sobre as questões de validade
substancial (pressupostos materiais de
celebração do casamento), no caso a
idade, aplicando-se a Lei antiga (não há
abstracção do facto) e a 1.ª parte do
n.º2 do artigo 12.º C.C.
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
Página
Teórica)
○ Facto jurídico (ou facto da
relação jurídica)
Negócios jurídicos
• Constituem dos actos
jurídicos mais
importantes em Direitos
das Obrigações,
enquanto corporização
da liberdade contratual;
• Para a existência de um
negócio jurídico, é
necessário conhecer os
requisitos essenciais:
○ Declaração
negocial livre e
autónoma (sem
coacção), que
difere entre
negócios jurídicos;
○ Partes do
negócio
○ Objecto negocial
– idoneidade do
objecto: tem de ser
um objecto físico
ou legalmente
possível (artigo
280.º C.C.). Nas
fianças (garantia
pessoal, enquanto
negócio jurídico), o
objecto (crédito)
tem de ser
Página
determinável, não
podendo assumir
341
amplitude
exagerada. Como
estratégia
adoptada para não
cair na
indeterminabilidad
e total, fixa-se o
valor do crédito e o
valor garantido.
• Elementos naturais
(acompanham as
partes, se elas não
tomarem decisão –
regime supletivo) e
acessórios
(normalmente, não
acompanham os
negócios jurídicos, como
por exemplo as
cláusulas contratuais de
condição24, termo25 e
modo26) do negócio
jurídico. Por exemplo, o
contrato de compra e
venda pode estar
sujeito a condição
suspensiva, que o deixa
de ser, quando ela se
verificar ou puder ser
resolutiva (por exemplo,
numa partilha entre
herdeiros, em que uma
cláusula cessa os seus
efeitos da partilha,
Página
quanto à constituição
(a constituição depende
manual”);
343
27 Coisas fungíveis (valem pelo que nelas há de genérico, ou seja, pelo que nelas
há de comum em relação a outras do mesmo género, e é nesse elemento genérico
que se concentram a vontade e a intenção das pessoas que contratam sobre esses
tipo de coisas) ≠ Coisas infungíveis (valem pelo que nelas há de individual e de
específico, porque só essas coisas é que têm essa característica específica e mais
nenhuma outra coisa tem essa característica, e é nesse elemento específico que se
encontram a vontade e a intenção da pessoa que contrata a respeito dessa coisa
que tem essas características específicas, insubstituível livremente por outra).
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Terça-Feira, 11 de Maio de 2010 – 11H-13H –
Prática)
➢ Ficha de Trabalho n.º17
○ Questão 7
Página
○ Questão 8
O artigo 1798.º C.C. constitui uma
presunção de paternidade. Fazia sentido
aquando da entrada em vigor do Código
Civil, em 1967, e da 1.ª Grande Reforma em
matéria de Direito da Família, em 1977;
Esta presunção constitui um facto-
pressuposto da constituição da relação de
filiação;
Aplica-se a Lei nova, na medida em que o
momento determinante dessa relação é o
nascimento.
Página
345
patológica. Está-se
perante um vício da
349
formulação da vontade.
• Regime de vícios da
declaração: pode
daqui resultar a
nulidade ou a
anulabilidade do
negócio jurídico, ou até
a inexistência;
• Vícios patológicos
(artigos 240.º e ss. C.C.)
○ 1 – Divergência
entre a vontade
e a declaração:
Esse dissídio ou
divergência entre
vontade real e a
declaração, entre
“querido” e o
“declarado”, pode
ser uma
divergência
intencional,
quando o
declarante emite,
consciente e
livremente uma
declaração com
um sentido
objectivo diverso
da sua vontade
real. Está-se
perante uma
divergência não
intencional,
Página
quando o dissídio
em apreço é
350
involuntário
(porque o
declarante não se
apercebe da
divergência ou
porque é forçado
irresistivelmente a
emitir uma
declaração
divergente do seu
real intento);
○ A divergência
intencional pode
apresentar-se sob
uma de três
formas principais:
a)
Simulação: o
declarante
emite uma
declaração
não
coincidente
com a sua
vontade real,
por força de
um conluio
com o
declaratário,
com a
intenção de
enganar
terceiros (por
exemplo:
Fazenda
Página
Pública);
351
b)
Reserva
mental
(artigo 244.º
C.C.)29: o
declarante
emite uma
declaração
não
coincidente
com a sua
vontade real,
sem qualquer
conluio com o
declaratário,
visando
precisamente
enganar este.
A protecção
ao
declaratário
justifica a
validade do
negócio,
excepção
feita à
reserva
mental
29 O art. 244º/1 CC, define reserva mental: (1) emissão de uma declaração
contrária à vontade real; (2) intuito de enganar o declaratário. Os efeitos desta
figura são determinados pelo art. 244º/2 CC, onde se estatui a irrelevância da
reserva mental, excepto se for conhecida do declaratário. Por consequência, a
Página
c)
Declarações
não sérias30:
o declarante
emite uma
declaração
não
coincidente
com a sua
vontade real,
mas sem
intuito de
enganar
qualquer
pessoa
(declaratário
ou terceiro).
O autor da
declaração
Página
revelar-se mais
fácil aos credores
354
provarem a
seriedade, há lugar
a indemnização
355
por falta de
lealdade;
simulação relativa
surge o problema
do tratamento a
dar ao negócio
dissimulado ou real
que fica a
descoberto com a
nulidade do
negócio simulado.
○ A divergência
não intencional
pode apresentar-se
sob uma de três
formas principais:
Erro na
declaração
(artigo 247.º
C.C.)32: o
declarante
emite a
declaração
divergente da
vontade, sem
ter
consciência
dessa falta de
coincidência.
Por exemplo,
no caso de
promessa
pública com
valor
monetário
Página
errado.
Importa
357
considerar a
essencialida
de do erro
Na falta de
consciência
358
da
declaração
(artigo 246.º
C.C.)33: o
declarante
emite uma
declaração
sem sequer
ter
consciência (a
vontade) de
fazer uma
declaração
negocial,
podendo até
faltar
completamen
te a vontade
de agir.
Coacção
física ou
violência
absoluta
(artigo 246.º
C.C.)34: o
declarante é
33 A hipótese está referida no art. 246º: “se o declarante não tiver consciência de
fazer uma declaração negocial”. Estatui-se que o negócio não produz quaisquer
efeitos, mesmo que a falta de consciência da declaração não seja conhecida ou
cognoscível da declaratário. Trata-se dum caso de nulidade, salvo na hipótese de
falta de vontade de acção em que parece estar-se, antes, perante um caso de
verdadeira inexistência da declaração. Com efeito, quando falta a vontade de acção
não há um comportamento consciente, voluntário, reflexo ou, na hipótese de
Página
esta, embora
concorde com a
360
declaração, é
determinada por
motivos anómalos
e valorados, pelo
Direito, como
ilegítimos. A
vontade não se
formulou de um
“modo julgado
normal e são”. São
vícios da vontade:
Erro, Dolo,
Coacção Medo e
Incapacidade
acidental. A
consequência
destes vícios
traduz-se na
invalidação do
negócio, tendo
para isso os vícios
de revestir-se de
certos requisitos.
Quando esses
vícios são
relevantes, geram
a anulabilidade
do respectivo
negócio.
Erro sobre a
Página
pessoa ou
sobre o
361
objectivo do
negócio
(artigo 251.º
C.C.)35 –
conjugado
com o artigo
247.º C.C.,
que consagra
a
essencialida
de do erro
(ser aquela
pessoa com
quem eu vou
casar ou ser
aquele
objecto
específico são
elementos
essenciais do
negócio
jurídico,
senão o
negócio seria
válido). Por
exemplo, no
caso de
casamento
por
procuração,
havendo
Página
Erro sobre
os motivos
(artigo 252.º
C.C.) – N.º1:
Por exemplo,
a venda de
terrenos a
uma Câmara
Municipal
para
construção de
edifício de
interesse
público (lar,
escola),
destinando-os
depois para
um fim
diferente.
Deveria
constar da
escritura
pública a
vontade do
Página
detentor do
terreno em
363
vender, sob
condição de
construção
desse edifício.
Se tal não
constasse da
escritura, ter-
se-ia, por
outros meios,
que provar
essa
realidade,
aludindo ao
princípio da
boa-fé. Para
António Pinto
Monteiro, não
estamos na
presença de
um erro sobre
o motivo.
N.º2: Remete
para o artigo
437.º C.C.,
por
ocorrência de
factos
inesperados,
que alteram
as condições
do contrato. O
artigo 437.º é
aplicado com
cautela pelos
tribunais, que
Página
só admitem a
alegação este
364
artigo perante
alteração
anormal das
circunstâncias
. Discute-se,
também, a
consequência
desta
situação:
anulabilidade
ou resolução
do contrato
(nos termos
do artigo
437.º C.C.).
Considera-se
que não se
admite a
resolução.
Dolo (artigo
253.º C.C.)36 –
importa
considerar a
distinção
entre “dolus
bonus” (por
exemplo: jogo
publicitário) e
“dolus
malus”
(prejudica
36 O dolo tem uma dupla concepção completamente distinta, pode ser: a) Uma
sugestão ou artifício usados com o fim de enganar o autor da declaração (art.
253º/1 CC); b) A modalidade mais grave de culpa é a contraposta à mera culpa ou
também negligência (art. 483º/1 CC). Em Direito Civil, o que está em causa é a
Página
primeira acepção. O dolo dá lugar a uma espécie agravada de erro, porque o dolo é
erro provocado. A noção de dolo consta do art. 253º/1. Trata-se dum erro
determinado por um certo comportamento da outra parte. Só existirá dolo, quando
365
Coacção
moral (artigo
255.º C.C.)38;
37 Só é relevante, como fundamento da anulabilidade, o “dolus malus”. A lei tolera
a simples astúcia, reputada legítima pelas concepções imperantes num certo sector
negocial. A lei declara não constituírem dolo ilícito sendo, portanto, “dolus bonus”,
as sugestões ou artifícios usuais, considerandos legítimos, segundo as concepções
dominantes no comércio jurídico (art. 253º/2 CC);
mal ou consiste no mal já iniciado. Este mal pode respeitar á pessoa do coagido (há
sua honra) e ao seu património, pode ainda haver ameaça relevante se respeitar à
pessoa, património deste ou de terceiro; 2. Ilicitude da ameaça, a existência
366
deste requisito vem duplamente estabelecida na lei (art. 255º/1 e 255º/3 CC), se a
ameaça se traduz na prática de um acto ilícito, está-se perante coacção, constitui
coacção, o exercício normal do direito (n.º 3); 3. Intencionalidade da ameaça,
consiste em o coactor com a ameaça tem em vista obter do coagido a declaração
negocial (art. 255º/1 CC), esta ameaça deve ser cominatória, este requisito da
intencionalidade falta de o coagido emitir outra declaração que não aquela que a
ameaça se dirigia. Para que exista moral relevante (coacção anulatória do negócio)
é necessário dos elementos referidos: - Requisitos da casualidade ou
essencialidade, dupla casualidade, medo, este provocado por coacção moral e esta
casualidade apresenta-se num duplo plano, é necessário que o medo resulte da
ameaça do mal e por outro lado, o medo causado pela ameaça há-de ser a causa da
Incapacidad
e acidental
(artigo 257.º
C.C.)39
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Terça-Feira, 18 de Maio de 2010 – 11H-13H –
Prática)
➢ Ficha de Trabalho n.º18 (continuação)
○ Questão 2
Fragoso intentou uma acção de interdição,
por incapacidade de Gilson reger a sua
pessoa e património (artigo 138.º C.C.). Este
regime difere da inabilitação, aplicável para
situações de menor gravidade e em que o
indivíduo se revela incapaz de reger o seu
património, somente;
Relativamente à doação da escritura valiosa,
poder-se-ia entender que, pelo facto de o
negócio jurídico se ter realizado antes de ser
○ Questão 3
Joca, com 17 anos, casa com Elita. Trata-se
de um casamento válido, nos termos do
artigo 1601.º, alínea a) do C.C, que
conduziria à emancipação do menor (artigo
132.º C.C.). A idade núbil necessária para
casar é 16 anos. Contudo, não tendo havido
consentimento dos pais, aplica-se o regime
do artigo 1649.º, n.º1 do C.C. Nos termos
desta disposição legal, Joca continua a ser
considerado menor para a administração de
bens que leva para o casamento ou que lhe
sejam oferecidos, até à maioridade, ainda
que esteja prevista a entrega de parte dos
rendimentos desses bens necessários à
sobrevivência do menor. O n.º2 deste artigo
constitui uma protecção do cônjuge menor
face à malícia do cônjuge maior;
À doação de acções de família, é aplicado o
regime da anulabilidade (alegável no prazo
de 1 ano);
Foi praticado um crime de falsificação
Página
INTRODUÇÃO AO DIREITO II
(Terça-Feira, 18 de Maio de 2010 – 15H-16H30 –
Teórica)
➢ Noções de Direito das Obrigações (Livro II do
Código Civil)
○ Eficácia relativa das obrigações (artigos 397.º e
seguintes CC)
Artigo 397.º C.C. – noção de obrigação e
ideia de relatividade (vinculação apenas das
partes envolvidas);
Artigo 406.º C.C. – eficácia dos contratos
• Desde que haja consenso, há
vinculação das partes. Para
desvinculação, revela-se necessário um
mútuo dissenso;
• Delimitação da eficácia: não se
produzem efeitos contra terceiros,
excepto nos casos previstos na Lei.
○ Eficácia externa (excepcional)
dos contratos perante
terceiros: por exemplo, o direito
de arrendamento é oponível a
todo o proprietário.
De acordo com a Doutrina
Alemã, era possível opor a
terceiro um direito
obrigacional, que este violou,
com culpa, podendo exigir
indemnização. Entendia-se
Página
Há uma particularização
das situações em que se
previa responsabilidade
extra-contratual;
Os artigos 397.º e 406.º C.C.
são reveladores da
relatividade. Nestes casos,
não é possível imputar
responsabilidade a terceiro.
De acordo com a teoria
defendida em Portugal,
implica fonte extra-
contratual para acusar
terceiro. Recorde-se que o
artigo 483.º C.C. abarca uma
multiplicidade de casos, por
violação com culpa;
Com isto, verifica-se que
faltou capacidade de
adaptação da doutrina
alemã ao ordenamento
jurídico português.
eficácia real
• A constituição ou transferência de
direitos reais sobre coisa determinada
dá-se por mero consenso (não implica
a entrega do bem para transferência de
direito real).
○ Fontes das Obrigações
Diz-se fonte de obrigação o facto jurídico
de onde nasce o vínculo obrigacional. Trata-
se da realidade sub specie iuris que dá vida
à relação creditória: o contrato, o negócio
unilateral, o facto ilícito, entre outros;
A fonte tem uma importância especial na
vida da obrigação, por virtude da atipicidade
da relação creditória;
Chama-se fonte de uma obrigação ao facto
jurídico de que emerge essa obrigação, ao
facto jurídico constitutivo da obrigação.
Actualmente, face à nossa lei, são fontes
das obrigações:
• Os Contratos (art. 405º segs. CC);
• Os Negócios Jurídicos Unilaterais
(arts. 457º segs. CC);
• A Gestão de Negócios (arts. 464º
segs. CC);
• O Enriquecimento Sem Causa (arts.
473º segs. CC);
• A Responsabilidade Civil (arts. 483º
segs. CC).
Página
genérico de contrato
prometido. Trata-se de um
378
equiparação, significa
portanto que ao contrato-
380
Na fixação das
consequências do não
cumprimento, há também
que corrigir o princípio da
equiparação à luz das
prescrições especiais
constantes nos artigos 442º
e 830º/1/2 CC, para a falta
de cumprimento do contrato-
promessa;
Admite-se, que a promessa
de transmissão ou
constituição de direitos
reais (de aquisição) sobre
bens imóveis, ou sobre
móveis sujeitos a registo,
produza efeitos em
relação a terceiros, desde
que se verifique:
a) Constar a promessa de
escritura pública, salvo se
para o contrato prometido a
lei não exigir escritura,
porque nesse caso a lei se
contenta com documento
particular;
b) Pretenderem as partes
atribuir-lhe eficácia real;
c) Serem inscritos no
registo os direitos
emergentes da promessa
(art. 413º CC).
Quando assim for, a
promessa, enquanto não for
Página
possibilidade de executar o
património a terceiro). Já em
383
Requisitos da eficácia
real: requisitos de
validade: O objecto do
contrato-promessa tem se
ser um contrato com eficácia
real transmissiva ou
constitutiva. Isto é, não pode
atribuir-se eficácia real, por
ex., a um contrato-promessa
de comodato, ou de
prestação de serviços, de
trabalho ou de
arrendamento. Só será
possível atribuir eficácia real
a um contrato-promessa
quando o seu objecto seja
um contrato com eficácia
real. E não qualquer eficácia
real: tem de ser transmissiva
ou constitutiva. O objecto do
contrato prometido pode ser
um imóvel ou móvel sujeito a
registo.
• A forma: A partir de
2006, verificou-se uma
desformalização das
exigências para a
celebração de contrato-
promessa. Ao nível da
forma, exige-se
escritura pública ou
documento particular
autenticado, levando o
respectivo documento
ao registo predial para
Página
publicitação.
385
casos, a extinção de
situações que a facilitar, na
387
○ Contratos tipificados
Compra e venda (art. 874º
e segs. CC)
Doação (art. 940º e segs.
CC)
Sociedade (arts. 980º e
Página
segs. CC)
Locação (art. 1022º segs.
388
CC)
Parceria pecuária (art.
1121º segs. CC)
Comodato (arts 1129º e
segs. CC)
Mútuo (arts. 1142º segs. CC)
Contrato de trabalho (art.
1152º CC)
Prestação de serviços (art.
1154º CC)
Mandato (art. 1157º segs.
CC)
Depósito (art. 1185º segs.
CC)
Empreitada (art. 1207º
segs. CC)
Renda perpétua (art. 1231º
segs. CC)
Renda vitalícia (art. 1238º
segs. CC)
Jogo e aposta (art. 1245º
CC)
Transacção (art. 1248º
segs. CC)
negócio;
○ Visa-se fomentar a solidariedade
social;
○ Deveres do gestor
São as obrigações do gestor
em face do dono do negócio
(art. 465º CC):
a) Continuação da
gestão: Uma vez iniciada, ao
agente já não é
inteiramente livre de
interrompê-la, quer pelas
compreensíveis expectativas
que a sua actuação é capaz
de ter criado, quer pelo
obstáculo que ela pode ter
constituído para a
intervenção de outras
pessoas, dispostas a levar a
gestão a bom termo. A lei
não impõe ao gestor, de
modo directo, o dever de
prosseguir a gestão
iniciada, mas
responsabiliza-o pelos
danos que resultarem da
injustificada interrupção
dela (art. 466º/1 CC).
b) Dever de fidelidade
ao interesse e à vontade
(real ou presumível) do
Página
d) Aviso e informação
do dono do negócio: Ao
gestor impõe-se o dever de
avisar o dono do negócio
logo que tenha
possibilidade de fazê-lo,
de que assumiu a gestão,
para que ele possa prover
como melhor entender; e
Página
informações relativas à
gestão, para que o
interessado possa
acompanhar a evolução desta
e tomar oportunamente as
providências que o caso
requeira.
○ Deveres do dono do negócio
Desde que a gestão seja
regular, isto é, não tenha
havido infracção das
obrigações impedientes
sobre o gestor,
designadamente da
obrigação de actuação
conforme ao interesse e à
vontade do dominus.
Neste caso de regularidade
da gestão, o dono do
negócio é obrigado (art.
468º/1 CC) a reembolsar o
gestor de todas as
despesas que ele,
fundadamente, tenha
considerado
indispensáveis, com os
juros legais, contratados do
momento em que as
despesas foram feitas e até
ao momento em que o
reembolso se verifica.
Ø Obrigação de
reembolso de despesas:
são todas e apenas aquelas
Página
gestão.
396
CC)
• Trata-se da figura que, depois dos
contratos, maior importância prática e
teórica assume na criação dos vínculos
obrigacionais, seja pela
o omitente), simultaneamente,
responsabilidade contratual, e
399
nenhum intuito
declarativo.
402
b) Ilicitude
• O Código Civil procurou
fixar, em termos mais
precisos, o conceito de
ilicitude, descrevendo
duas variantes, através
das quais se pode
relevar o carácter anti-
jurídico ou ilícito:
1) Violação de um
direito de outrem
(art. 483º CC): os
direitos subjectivos
aqui abrangidos, são,
principalmente, os
direitos absolutos,
nomeadamente os
direitos sobre as
coisas ou direitos
reais, os direitos de
personalidade, os
direitos familiares e a
propriedade
intelectual. Implica
indemnização ou
compensação.
o atribuam
directamente (por
403
conferidos direitos
subjectivos42;
404
conformidade
com a boa fé,
405
com os bons
costumes, com o
fim económico e
social do direito
e respeitando as
regras de
compatibilização
de direitos do art.
335º CC. Isto é, em
todos os casos em
que o titular do
direito exerce
regularmente o
seu direito,
ainda que
prejudique
outrem,
normalmente
não comete um
acto ilícito;
○ Constituem causas
de justificação: as
formas de tutela
privada de
direitos (Acção
directa – art. 336º
CC; Legítima
defesa – art. 337º
CC; Estado de
necessidade – art.
339º CC), o
consentimento
do lesado e o
conflito de
deveres (o
Página
incumprimento de
um dever justifica-
406
se pelo
cumprimento de
outro).
c) Imputação do facto
ao lesante
• Para que o facto ilícito
gere responsabilidade,
é necessário que o
autor tenha agido com
culpa. Não basta,
portanto, reconhecer
que ele procedeu
objectivamente mal. É
preciso, nos termos do
art. 483º CC, que a
violação ilícita tenha
sido praticada com
dolo ou mera culpa.
Agir com culpa,
significa a adopção de
uma atitude contrária
às normas jurídicas, isto
é, actuar em termos de
conduta que merecem a
reprovação ou
censura do direito. E
a conduta do lesante é
reprovável, quando,
pela sua capacidade e
em face das
circunstâncias
concretas da situação,
se concluir que ele
Página
• Fala-se em nexo de
imputação do facto
ao lesante (ou culpa)
para significar que não
basta que o agente
tenha praticado um
facto voluntário ilícito, é
preciso que ele possa
ser imputado ao
agente; e só é
imputado ao agente
quando o agente
actuou
culposamente.
• A culpa em sentido
amplo abrange duas
sub-modalidades:
○ 1. Culpa em
sentido estrito,
também designada
por mera culpa
ou negligência;
○ 2. Dolo.
susceptível do juízo de
culpabilidade, é
preciso que ela seja
imputável; para lhe
serem imputados actos,
é preciso que ela seja
susceptível de
imputação, que seja
imputável ou tenha
imputabilidade;
• Diz-se imputável a
pessoa com
capacidade natural
para prever os
efeitos e medir o
valor dos actos que
pratica e para se
determinar de
harmonia com o juízo
que faça acerca deles
(art. 488º CC). Ele
caracteriza-se:
○ Pela capacidade de
entendimento
mínimo, que
permite ao sujeito
prever as
consequências dos
seus actos;
○ E pelo mínimo de
liberdade, que lhe
permitia
determinar-se.
• É imputável o sujeito
que tem o mínimo de
Página
inteligência para
perceber alcance do
409
justifique a
responsabilidade
410
total ou parcial do
autor, em face das
circunstâncias
concretas do caso.
• Artigo 488.º, n.º2 C.C. –
presunção de
inimputabilidade nos
menores de 7 anos e
nos interditos por
anomalia psíquica;
• A culpa (art. 487º CC)
exprime um juízo de
reprovabilidade pessoal
da conduta do agente: o
lesante, em face das
circunstâncias
específicas do caso,
devia e podia ter agido
de outro modo. É um
juízo que assenta no
nexo existente entre
o facto e a vontade
do autor, e pode
revestir duas formas
distintas: o dolo e a
negligência ou mera
culpa:
○ Há dolo, quando o
agente actuou
de forma a
aceitar, a
admitir, as
consequências
ilícitas da sua
conduta. Diz-se
Página
dolosa a conduta
quando o
411
agente, não
tendo previsto
as
consequências
danosas e ilícitas
que do seu acto
iriam resultar,
não fez nada
para as afastar,
porque as
admitiu;
○ Há mera culpa,
quando o agente
actuou
levianamente,
imponderadament
e,
negligentemente,
sem cuidado ou
sem atenção,
quando o agente,
numa palavra, não
empregou a
diligência que o
bom pai de
família, colocado
naquela
situação, teria
empregado.
• Modalidades de culpa
○ A distinção entre
dolo e a
negligência, como
Página
modalidades de
culpa, aparece
412
logo referida na
disposição que
constitui a trave-
mestra de toda a
construção
legislativa da
responsabilidade
civil (art. 483º/1
CC). O dolo
aparece como
modalidade mais
grave da culpa,
aquela em que a
conduta do agente,
pela mais estreita
identificação
estabelecida entre
a vontade deste e
o facto, se torna
mais fortemente
censurável. As
modalidades de
dolo são:
Dolo
directo,
quando o
agente
actuou para
obter a
consequência
ilícita danosa
obteve,
tendo-a
efectivament
e obtido; o
Página
agente agiu,
de modo
413
intencional,
para o
resultado
ilícito (+
grave);
Dolo
necessário,
quando o
agente não
tinha como
objectivo do
seu
comportame
nto o
resultado
ilícito, mas
sabia que o
seu
comportame
nto ia ter,
como
resultado
inevitável,
um ilícito;
Dolo
eventual,
quando o
agente
prefigura a
consequênci
a ilícita e
danosa
como uma
consequênci
a possível
Página
do seu
comportame
414
nto e não
faz nada
para a
evitar,
conformand
o-se com o
resultado (-
grave).
○ Além do nexo
entre facto ilícito
e a vontade do
lesante, que
constitui o
elemento
volitivo ou
emocional do dolo,
este compreende
ainda um outro
elemento, de
natureza
intelectual
(elemento de
ciência). Para que
haja dolo, é
essencial o
conhecimento
das
circunstâncias
de facto que
integram a
violação do
direito ou da
Página
norma
tuteladora de
415
interesses
alheios e a
consciência da
ilicitude do
facto.
• Mera culpa ou
negligência
○ Consiste na
omissão da
diligência
exigível do
agente.
○ Há culpa
consciente,
quando o agente
representou a
possibilidade da
consequência
ilícita danosa e
só actuou
porque se
convenceu, de
modo infundado,
que conseguiria
evitar a
produção dessa
consequência (+
grave);
○ Há culpa
inconsciente, o
agente não
previu o
resultado, não
Página
pensou nisso e
ele ocorreu (-
416
grave);
○ A mera culpa
(consciente ou
inconsciente)
exprime uma
ligação da pessoa
com o facto
menos incisiva
do que o dolo,
mas ainda assim
reprovável ou
censurável. O
grau de
reprovação ou de
censura será tanto
maior quanto mais
ampla for a
possibilidade de a
pessoa ter agido
de outro modo, e
mais forte ou
intenso o dever de
o ter feito.
d) Dano
• Para haver obrigação de
indemnizar, é condição
essencial que haja
dano, que o facto
ilícito culposo tenha
causado um prejuízo
a alguém;
• O dano é o prejuízo que
um sujeito jurídico sofre
ou na sua pessoa, ou
Página
bens;
• a) Danos
emergentes: é a
diminuição verificada
no património de
alguém, em
consequência de um
acto ilícito e culposo de
outrem, ou de um acto
constitutivo de
responsabilidade civil
para outrem, ainda que
não seja ilícito e
culposo;
• b) Lucros
cessantes: quando em
consequência do acto
gerador de
responsabilidade civil,
deixa de auferir
qualquer coisa que
normalmente teria
obtido se não fosse o
acto que constitui o
agente em
responsabilidade;
• Danos não
patrimoniais ou
morais (artigo 496.º
C.C.): ao contrário dos
danos patrimoniais, são
os danos que se
traduzem na lesão de
direitos ou interesses
Página
insusceptíveis de
avaliação pecuniária.
418
O princípio da
ressarcibilidade dos
danos não patrimoniais
é limitado à
responsabilidade civil
extra-contratual. E
não deve ser ampliado
à responsabilidade
contratual, por não
haver analogia entre os
dois tipos de situações.
Estes danos têm de ser
graves (conceito
indeterminado a ser
definido pelos
tribunais), dependo, por
isso, merecer a tutela
do Direito. O n.º2 do
artigo 496.º C.C.
constitui uma norma
especial para
indemnização no caso
de morte. Isto reporta-
nos à matéria da
admissibilidade do
“dano morte”. A maioria
da doutrina considera
relevante autonomizar o
dano morte, dada a
impossibilidade de o
falecido ser titular do
direito de
indemnização,
sucedendo nesta
posição as
Página
personalidades mais
próximas da vítima;
419
• Dano é presente ou
futuro, consoante já se
verificou ou ainda não
se verificou no
momento da apreciação
pelo Tribunal do direito
à indemnização; isto é,
futuros, são todos os
danos que ainda não
ocorreram no momento
em que o Tribunal
aprecia o pedido
indemnizatório, mas
cuja ocorrência é
previsível e provável;
• A gravidade do dano há-
de medir-se por um
padrão objectivo, e não
à luz de factores
subjectivos. Por um
lado, a gravidade
apreciar-se-á em função
da tutela do direito: o
dano deve ser de tal
modo grave que
justifique a concessão
de uma satisfação de
ordem pecuniária ao
lesado;
• A reparação obedecerá
a juízos de equidade
tendo em conta as
circunstâncias
concretas de cada caso
(art. 496º/3 CC – 494º
Página
CC);
• A indemnização fixada
420
tem especialmente
em conta a situação
económica do agente
e do lesado e é assim
mais uma reparação do
que uma compensação,
mais uma satisfação do
que uma indemnização.
e) Um nexo de
casualidade entre o facto
e o dano
• Para que o dano seja
indemnizável, é forçoso
que ele seja
consequência do facto
ilícito e culposo no
domínio da
responsabilidade
subjectiva extra-
obrigacional, facto não
culposo no domínio da
responsabilidade
objectiva, onde o facto
gerador do dano pode
mesmo ser um facto
lícito;
• Em qualquer caso, e,
portanto, em qualquer
das modalidades da
responsabilidade civil,
tem sempre que haver
uma ligação causal
Página
entre o facto e o
dano para que o
421
causa adequada,
quando para a sua
422
produção tiverem
contribuído,
decisivamente,
circunstâncias
anormais,
extraordinárias ou
anómalas, que
intercederam no caso
concreto, não havendo
lugar a
responsabilização dos
sujeitos. Por mais
criteriosa, deve reputar-
se adoptada pela nossa
lei a formulação
negativa da teoria da
causalidade adequada43.
○ RESPONSABILIDADE EXTRA-
OBRIGACIONAL PELO RISCO OU
OBJECTIVA
A responsabilidade pelo risco
é abrangida pelo n.º2 do
artigo 483.º C.C., na medida
em que não depende da
culpa do agente. Este
agente está na
impossibilidade de escolher
entre atitude conforme ou
desconforme com o Direito;
A obrigação de
indemnizar nasce do risco
inerente de certas
actividades e integra-se
nelas, independentemente
de dolo ou culpa;
Página
423
recaia também a
obrigação de
424
indemnizar;
• Responsabilidade do
Estado e de outras
pessoas colectivas
públicas (artigo 501.º
C.C.);
• Danos causados por
animais (artigo 502.º
C.C.);
• Acidentes causados
por veículos (artigo
503.º C.C.);
• Colisão de veículos
(artigo 506.º C.C.);
• Danos causados por
instalações de
energia eléctrica ou
gás (artigo 509.º C.C.).
É manifestamente difícil
provar a culpa em
actividades economicamente
vantajosas, como acidentes
de viação. Daí que se
prescinda da prova de culpa
por parte da vítima, para a
proteger.
terceiro;
425
Página
427