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Professor Orientador
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 5
2 JUSTIFICATIVA 8
3 OBJETIVOS 9
4 METODOLOGIA 10
5 REVISÃO DE LITERATURA 11
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 14
7.1 Referências das fontes citadas neste projeto 14
7.2 Levantamento bibliográfico preliminar 15
1 INTRODUÇÃO
A Constituição Federal de 1988 trouxe, em seu art. 5º, extenso rol de garantias
individuais, pautadas no princípio norteador da dignidade da pessoa humana. Nos termos do
caput do referido artigo, garante-se que todos os brasileiros são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza. Nesse sentido, importante destacar que as redações dos incisos
XLI, XLII e LIV, garantem, respectivamente, a punição, por lei, de qualquer discriminação
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais, a criminalização da prática do racismo, e o
direito do réu ao devido processo legal1.
Apesar de positivadas na Carta Magna, pode-se dizer que tais garantias ostentam
eficácia simbólica, de modo que, não raro, são proferidas decisões judiciais discriminatórias
(ADORNO, Sérgio. 1995). Isso porque, em uma sociedade com histórico escravocrata, que
perpetua o racismo estrutural, todos os sistemas sociais estarão, por consectário lógico,
inseridos também em uma lógica discriminatória – inclusive o judiciário.
1https://app.powerbi.com/view?
r=eyJrIjoiN2ZlZWFmNzktNjRlZi00MjNiLWFhYmYtNjExNmMyNmYxMjRkIiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ
0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9
2 Art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
da lei;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
setembro de 2020, relatório que aponta que, entre 1 de junho de 2019 a 10 de março de 2020,
houve erro em pelo menos 58 casos de reconhecimento fotográfico, que resultaram em
acusações injustas e prisão de pessoas inocentes3. Dos 58 casos identificados pela Defensoria
Pública, em 40 deles os acusados se autodeclararam negros (pretos ou pardos).
3 https://www.defensoria.rj.def.br/uploads/imagens/d12a8206c9044a3e92716341a99b2f6f.pdf
4https://defensoria.rj.def.br/noticia/detalhes/11088-Relatorios-apontam-falhas-em-prisoes-apos-reconhecimento-
fotografico
Cumpre destacar que, para que seja feita uma análise mais aprofundada da estrutura
discriminatória por trás da problemática envolvendo a condenação injusta de pessoas, em sua
maioria negras, por reconhecimentos fotográficos equivocados, serão abordados, além do
conceito de racismo estrutural, temas como seletividade penal e pesquisas que evidenciam a
situação jurídica da população negra enquanto resquício de um passado escravocrata (CRUZ,
Eugeniusz. 2018).
Ocorre que, poucos são os autores que buscam relacionar (i) racismo estrutural, (ii)
reconhecimento de pessoas enquanto prova no processo penal e (iii) condenações injustas.
Diante disso, a presente pesquisa busca ir além e questionar: de que forma o racismo
estrutural influencia o reconhecimento de um suspeito e, consequentemente, as condenações
injustas? Assim, busca-se demonstrar, também, o viés discriminatório por trás dos
procedimentos e decisões que levam à condenação de um inocente.
Nesse sentido, pretende-se construir uma argumentação que demonstre quais os efeitos
do racismo estrutural no reconhecimento de pessoas realizado em sede policial e,
consequentemente, de que forma tal estrutura discriminatória impacta nas condenações
injustas. Sendo assim, tal problemática insere-se na pergunta de partida do presente trabalho,
qual seja: "Quais os efeitos do racismo estrutural no procedimento de reconhecimento de
pessoas realizado em sede policial e, consequentemente, nos erros judiciários em matéria
penal?"
Para que o referido objetivo seja alcançado, serão analisados três casos recentes de
erros judiciários em matéria penal, que escancararam não somente a realidade do processo
penal brasileiro, como também a discriminação estrutural ainda enraizada no sistema
judiciário.
2 JUSTIFICATIVA
Apesar de o erro judiciário em matéria penal ser tema de interesse crescente por parte
dos pesquisadores, grande parte dos trabalhos se restringe à análise técnica e objetiva das
variantes que influenciam o processo penal de modo a gerar uma condenação injusta. Dessa
forma, poucas produções buscaram se debruçar na análise do perfil das pessoas injustamente
condenadas, de forma específica, por um reconhecimento equivocado, e nas variantes que
justificam a predominância de jovens negros nos casos relatados.
Diante disso, ao apresentar uma análise interseccional sobre como o racismo estrutural
impacta no reconhecimento de pessoas e consequentemente em condenações injustas, a
presente pesquisa pretende contribuir para preencher a lacuna existente na bibliografia.
3 OBJETIVOS
• Quais procedimentos devem ser adotados para assegurar que o reconhecimento seja
confiável?
• De que forma a memória da vítima pode ser alterada e/ou influenciada por fatores externos?
• De que forma o racismo estrutural se faz presente nas sentenças proferidas no processo
penal?
4 METODOLOGIA
5 REVISÃO DE LITERATURA
Antes de apresentar a discussão que esse trabalho se propõe a traçar, faz-se necessário
delimitar alguns conceitos importantes, que serão abordados na construção da hipótese.
Assim, adotar-se-a os conceitos de racismo estrutural e racismo institucional trazidos por
Sílvio de Almeida no livro "Racismo Estrutural".
5 Almeida, Silvio Luiz de. Racismo estrutural / Silvio Luiz de Almeida. -- São Paulo : Sueli Carneiro ; Pólen,
2019. p.28.
apenas a materialização de uma estrutura social ou de um modo de socialização que tem o
racismo como um de seus componentes orgânicos. Dito de modo mais direto: as instituições
são racistas porque a sociedade é racista.".6
Nesse mesmo sentido, o autor define que o racismo é estrutural, pois faz parte da
própria estrutura social:
Além disso, pesquisas têm mostrado que o reconhecimento equivocado é uma das
principais causas de erros judiciários em matéria penal. Levantamentos feitos pelo Inoccence
Project dos Nova Iorque mostraram que, em 75% dos 365 casos em que o projeto provou,
através de exames de DNA, a inocência de uma pessoa injustamente condenada, a principal
causa do erro foi o reconhecimento equivocado9.
6 Almeida, Silvio Luiz de. Racismo estrutural / Silvio Luiz de Almeida. -- São Paulo : Sueli Carneiro ; Pólen,
2019. p.31.
7 Almeida, Silvio Luiz de. Racismo estrutural / Silvio Luiz de Almeida. -- São Paulo : Sueli Carneiro ; Pólen,
2019. p.33.
8 STEIN, Lilian e outros. Falsas Memórias: fundamentos científicos e suas aplicações técnicas e jurídicas. Porto
Alegre: Artmed, 2010, p. 25.
Assim, Antonio Vieira, co-fundador e ex-presidente do Instituto Baiano de Direito
Penal e Processual, afirma que há, atualmente, uma hipervalorização da prova de
reconhecimento, o que se torna extremamente nocivo ao processo, tendo em vista a falta de
confiabilidade nas provas dependentes da memória:
É que, em boa parte dos casos, basta que o réu seja reconhecido para que,
indevidamente, se dê como satisfeito o standard de prova necessário à condenação,
passando uma ideia errônea de (hiper)suficiência da prova de identificação, o que é de
todo incompatível quando se tem em conta a quantidade de fatores que podem influir
na capacidade que uma vítima ou testemunha tenha de identificar corretamente o
autor do crime10.
Desse modo, o autor defende que não se possa superar o standard probatório
necessário para uma condenação somente com base no reconhecimento feito pela vítima e/ou
testemunha:
Por fim, no que diz respeito ao impacto do racismo estrutural e institucional nos
reconhecimentos de pessoas e, consequentemente, nas condenações injustas, não há, ainda,
pesquisas que tenham se aprofundado no tema. No entanto, a advogada Dina Alves, tece
importantes apontamentos acerca do racismo na justiça penal brasileira:
9 Dado apresentado por Barry Scheck, diretor do Innocece Project. Troubling Questions Surround Troy Davis
Execution Set for Monday. The Huffington Post. 24 Nov. 2008. Disponível em:
https://www.huffpost.com/entry/troubling-questions-surro_b_137514. Acesso em 14 fev. 2022.
10 VIEIRA, Antonio. Riscos Epistêmicos No Reconhecimento de Pessoas: contribuições a partir da
neurociência e da psicologia do testemunho. Bahia, 2019. p. 13.
11 VIEIRA, Antonio. Riscos Epistêmicos No Reconhecimento de Pessoas: contribuições a partir da
neurociência e da psicologia do testemunho. Bahia, 2019. p. 13.
não são categorias neutras, elas dão sentido aos entendimentos de raça que governa as
relações raciais no Brasil (CIRINO, 2006). Uma perspectiva crítica de raça diria
também que nossa posição social, nosso pertencimento racial e nossos privilégios
múltiplos definem cidadãos puníveis e inocentes12.
(...)
(...)
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Almeida, Silvio Luiz de Racismo estrutural / Silvio Luiz de Almeida. -- São Paulo : Sueli
Carneiro ; Pólen, 2019.
http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/Direito_MaschioCV_1.pdf
https://www.defensoria.rj.def.br/uploads/imagens/d12a8206c9044a3e92716341a99b2f6f.pdf
https://sistemas.rj.def.br/publico/sarova.ashx/Portal/sarova/imagem-dpge/public/arquivos/
consolida%C3%A7%C3%A3o_relat
%C3%B3rio_CONDEGE_e_DPERJ_reconhecimento_fotogr%C3%A1fico.pdf
https://www.historia.uff.br/revistapassagens/artigos/v10n3a72018.pdf
BADARÓ, Caio. A prova testemunhal no Processo Penal brasileiro: uma análise a partir da
epistemologia e da psicologia do testemunho. Revista Brasileira de Ciências Criminais, ano
27, v. 156, 2019.
BADARÓ, Gustavo Henrique. Processo penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 4 ed. 2016.
BADARÓ, Gustavo Henrique. Epistemologia judiciária e prova penal. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2019.