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CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA

DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE AULA PARA EAD


(MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO)

CURSO: Engenharia da Produção DISCIPLINA: Eletricidade Aplicada

CONTEUDISTA: Alessandro Rosa Lopes Zachi, D.Sc. e Mauro Sandro dos Reis,
D.Sc.

AULA 2 – Sinais Elétricos e Formas de Onda – As várias faces das Grandezas


Elétricas.

META
Caracterização das grandezas elétricas utilizando os sinais e seus principais
parâmetros.

OBJETIVOS
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
 Reconhecer os principais conceitos relativos as formas de onda;
 Diferenciar sinais contínuos de sinais alternados;
 Obter os valores de pico, pico a pico, período e frequência de um sinal
elétrico.

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PRÉ-REQUISITOS

Para se ter um bom aproveitamento desta aula, é importante você relembrar os


conceitos apresentados na Aula 1.

1. INTRODUÇÃO
Os sinais elétricos fazem parte de nosso dia a dia, seja contendo informações ou
propiciando energia aos nossos equipamentos, eletrodomésticos, carros… Nessa
aula vamos nos familiarizar com os principais conceitos e parâmetros dos sinais
elétricos. Por mais que eles façam parte de nossas vidas não conseguimos
percebê-los através de nossos sentidos, exceto por uma sensação de desconforto
causada por um choque elétrico. Por isso utilizaremos um certo grau de abstração
para “visualizar” e compreendê-los.

Os conceitos matemáticos e da análise gráfica podem ser utilizados para


obtermos informações sobre os sinais elétricos. Vamos tratá-los como sendo
funções do tempo. Na forma mais simples, valores que não variam no tempo,
constantes, como exemplo podemos considerar a tensão fornecida pelas baterias.
Em outras situações trataremos de sinais variantes no tempo, os quais podem ser
representados matematicamente com senos e cossenos, dentre outras formas de
onda.

2. Sinais Elétricos e Formas de Onda


Os Sinais Elétricos podem ser causados pela diferença de potencial, tensão ou
por uma corrente, medidos ou observados ao longo do tempo. Dessa forma, o
sinal elétrico pode ser caracterizado por uma grandeza elétrica, tensão ou corrente
em função do tempo, v(t) ou i(t).

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2.1 Formas de onda e seus parâmetros
Definimos Forma de Onda como sendo uma representação gráfica de uma
grandeza elétrica em função do tempo.

2.1.1 Sinais elétricos contínuos


Quando a tensão ou a corrente podem ser representados por um valor constante
no tempo, dizemos que se trata de uma fonte contínua, fonte C.C. As fontes
contínuas podem ter polaridade positiva ou negativa. Na Figura 1 podemos ver a
representação de uma fonte de tensão C.C. com polaridade positiva.

Figu
ra 1: Fonte de tensão contínua com polaridade positiva.

Na Figura 1 vemos a representação gráfica de uma fonte de tensão C.C. positiva e


sua respetiva forma de onda. Da mesma forma, você pode verificar que a Figura 2
apresenta uma fonte C.C. com polaridade contrária àquela encontrada na fonte da
Figura 1, ou seja, temos uma fonte de tensão contínua com polaridade negativa.

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Figura 2: Fonte de tensão C.C. com polaridade negativa.

2.1.2 Sinais elétricos alternados


Também existe um segundo tipo de forma de onda, que ora se comporta como
uma fonte de polaridade positiva, ora como uma fonte de polaridade negativa.
Dizemos que houve uma inversão de polaridade quando a fonte passa de positiva
para negativa ou vice-versa. Podemos denominar esse tipo de sinal elétrico como
sendo alternado ou C.A.

Como exemplo temos o circuito da Figura 3, onde você pode ver um arranjo de
fontes e chave comutadora que produzem a inversão de polaridade sobre a carga.
A chave utilizada é de duas posições. Quando a chave está na posição A temos a
tensão com polaridade positiva e quando ela está na posição B a carga fica
submetida a uma tensão com polaridade negativa.

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Figura 3: Representação gráfica da inversão de polaridade de
uma fonte.

2.1.3 Sinal elétrico periódico e não-periódico


A inversão da polaridade pode ser periódica, se repete ao longo do tempo, ou não-
periódica, não se repete, também denominado como sinal de origem aleatório,
esse tipo de sinal não faz parte do campo de estudo dessa matéria.

Vamos ver um exemplo de geração de sinal periódico utilizando o circuito da


Figura 3. O sinal será controlado pela chave comutadora: ora ela estará na
posição A ora na posição B. Para que o sinal seja periódico será necessário que o
tempo em cada posição seja sempre o mesmo. Então supondo que deixemos a
chave na posição A por 2 segundos e na posição B por 1 segundo, repetindo isso
indefinidamente, teremos um sinal como mostrado na Figura 4.

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Figura 4: Forma de onda de tensão periódica,

Você pode encontrar uma gama enorme de sinais elétricos, seja na natureza ou
gerados pelo homem, isso é conseguido utilizando-se circuitos. Alguns sinais
recebem denominações próprias tais como: ondas quadradas, pulso, ondas
triangulares, dente de serra e sinais senoidais, veja a Figura 5

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Figura 5: Diversas formas de onda de sinais elétricos.

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2.1.3 Boxe de Curiosidade
Vou contar uma coisa muito legal para você: o Brasil tem um sistema de
transmissão de energia elétrica que se utiliza de tensões alternadas e contínuas
para interconectar os diferentes centros de consumo. No mapa da Figura 6 temos
o SIN - Sistema Interligado Nacional 1. Uma gigantesca malha de transmissão de
energia elétrica em corrente alternada com tensões de até 750kV e em corrente
contínua com tensões de até 800kV.

Figura 6: Sistema Interligado Nacional. Fonte: ONS, 2017


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“O sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é um sistema hidro-termo-
eólico de grande porte, com predominância de usinas hidrelétricas e com múltiplos proprietários. O

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Sistema Interligado Nacional é constituído por quatro subsistemas: Sul, Sudeste/Centro-Oeste,
Nordeste e a maior parte da região Norte.

A interconexão dos sistemas elétricos, por meio da malha de transmissão, propicia a transferência
de energia entre subsistemas, permite a obtenção de ganhos sinérgicos e explora a diversidade
entre os regimes hidrológicos das bacias. A integração dos recursos de geração e transmissão
permite o atendimento ao mercado com segurança e economicidade.”
Fonte: http://www.ons.org.br/conheca_sistema/o_que_e_sin.aspx
2
Em construção.

2.2 Principais parâmetros dos sinais elétricos periódicos


Os parâmetros de forma de onda mais importantes são:
 Período;
 Frequência;
 Amplitude do pico a pico;
 Amplitude do pico positivo;
 Amplitude do pico negativo;
 Valor médio;
 Valor eficaz.

Para o estudo dos parâmetros tomaremos como base uma onda senoidal de
tensão, Figura 7. Essa forma de onda é a mesma que as concessionárias de
energia elétrica fornecem para sua residência.

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Figura 7: Forma de onda de uma senoide.

Você pode ver que foram feitas algumas medidas na forma de onda da Figura 7.
Os parâmetros de período, amplitude de pico a pico (V PP), amplitude de pico
negativo (VP+) e amplitude de pico positivo, podem ser medidos diretamente da
forma de onda, dispensando qualquer formulação matemática.

2.2.1 Período e Frequência


O período (T) compreende o intervalo de tempo que a onda leva para se repetir.
Observe a Figura 8, nela optamos por diferentes origens para o período, porém a
magnitude do intervalo de tempo continua sendo a mesmo, no caso dessa onda o
período é de 16,67ms, o mesmo que pode ser medido na forma de onda na
tomada da sua residência.

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Figura 8: Medição do período da forma de onda utilizando diversas origens.

Nesse momento você deve estar se perguntado o que significa o parâmetro


Frequência (f), faça um intervalo e reflita o que é a Frequência de um sinal
elétrico. No nosso caso corresponde ao número de vezes que o sinal se repete em
um dado intervalo de tempo. Considerando o intervalo de tempo igual a um
período obtemos:

(3.0)

Da mesma forma você pode chegar sem mais problemas na expressão 3.1.

(3.1)

2.2.2 Valor do Pico Positivo, Valor do Pico Negativo e Valor do Pico a Pico
O máximo valor que você poderá verificar nas formas de onda dos sinais elétricos
é conhecido como amplitude do pico positivo (VP+ ou valor do pico positivo) e o
mínimo valor é a amplitude do pico negativo (VP- ou valor do pico negativo). Na

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forma de onda da Figura 7 os valores são de +180V e -180V, para o pico positivo e
negativo respectivamente, esses valores são os mesmos utilizados para alimentar
os equipamentos elétricos que você tem na sua casa. Se você achou esse valor
assustador de uma olhada no bloco de curiosidades e veja todos os níveis de
tensão em uso no Brasil.
O valor de pico a pico corresponde ao valor absoluto entre as grandezas de pico
positivo e pico negativo, no caso do exemplo da Figura 7, esse valor é de 360
volts.
Quando trabalhamos com sinais elétricos que podem ser representados por uma
senoide nos referimos apenas ao valor de pico, ao invés de valor de pico positivo
e valor de pico negativo. No caso de um sinal senoidal o valor de pico positivo e o
valor de pico negativo tem a mesma magnitude, porém apenas diferenciam-se em
relação a polaridade. Você ainda lembra do conceito de polaridade discutido
anteriormente?
Nem todos os sinais que você vai encontrar tem a mesma amplitude para o valor
positivo ou para o valor negativo, vejamos alguns exemplos.

Veja a Figura 9, nela temos três formas de onda com valores de pico distintos. O
primeiro sinal, V(V1), é constante, com polaridade positiva, cujo valor de pico
positivo é de +1 volt e o valor de pico negativo é de 0 volt. O sinal elétrico da figura
V(V2), é uma forma com valor pulsado, mas não alternado, polaridade negativa,
seu valor de pico positivo está em -0,5 volts e seu valor de pico negativo é de -1,5
volts. Dê uma boa olhada na última forma de onda, ela é composta por um sinal
elétrico alternado, periódico, cuja amplitude de pico positivo é de +2 volts e de pico
negativo -3 volts.

1
Figura 9: Formas de onda com
diferentes amplitudes para os valores de pico.

Os valores de pico a pico para as formas de onda da Figura 9 são: 1 volt para
V(V1), 1 volt para V(V2) e 5 volts.

2.2.3 Valor Médio


O valor médio também conhecido como componente C.C. corresponde a área da
forma de onda em um determinado intervalo de tempo. No caso de um sinal
periódico o intervalo de tempo corresponde ao período T, Equação 3.2.

(3.2)

(3.3)

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Início ATIVIDADE 1
Vamos calcular o valor médio da forma de onda da Figura 10.

Figura 10: Onda alternada, quadrada e periódica.

Resposta Comentada
Para calcular o valor médio da forma de onda do sinal elétrico da Figura 11,
precisamos definir o intervalo igual ao período da onda, Equação 3.2, neste caso o
T = 3 segundos. Também precisaremos calcular a área da forma no intervalo (t 2-t1),
Equação 3.4. Temos duas áreas distintas: A 1 no segmento positivo da onda e A2
quando o sinal é negativo.

(3.4)

(3.5)

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Figura 11: Representação gráfica do cálculo do valor médio de uma forma de onda.

[FIM DA ATIVIDADE 1]

2.2.3 Valor Eficaz – RMS


O valor eficaz ou valor RMS (do inglês Root Mean Square), valor médio
quadrático é uma forma de podermos calcular a potência desenvolvida por um
sinal elétrico alternado, já que o valor médio só pode ser utilizado para calcular a
potência fornecida por sinais elétricos contínuos. A Equação 3.6 permite o cálculo
do valor eficaz (Vrms) de qualquer forma de onda (f(t)) no intervalo de tempo t 2-t1.

(3.6)

No nosso curso, quando for necessário o cálculo do valor eficaz, utilizaremos


funções senoidais (sen(t)). Resolvendo a equação 3.6 para uma função f(t)=sen(t)
obtemos a seguinte formulação para a tensão (E rms) e corrente (Irms) eficaz.

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(3.7)

Onde Vmax é igual a tensão de pico e Imax é igual a corrente de pico para forma
de onda senoidal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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