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Penélope Giacomitti

Cultura
de Paz
em sala de Aula

Artigo Final
entregue ao NREC
Professora Titulada
Turma PDE – 2007 -

Orientadora: Profª Drª Araci Asinelli-Luz

Curitiba - 2008
2
Cultura de Paz em sala de Aula

Autores :
Penélope Giacomitti -Ms Morfologia-Biologia Celular /UFPR, Professora PDE Titulada 2007
Araci Asinelli-Luz - Professora Doutora da UFPR, Orientadora PDE - UFPR

Resumo :

Tendo em vista a crescente violência detectada na sociedade em geral com reflexos


profundos e marcantes dentro da realidade escolar, este projeto tem por objetivo criar
estratégias pedagógicas a serem utilizadas e disseminadas por docentes, que estanque e
se possível reverta o processo, de ação e reação, baseado na falta de valores universais
que promovem a PAZ. O grupo de trabalho será composto primeiramente por
professores/as de Colégio Estadual que, após revisão de literatura, construirão atividades
pedagógicas que promovam e consolidem atitudes pessoais críticas baseadas em valores
universais de paz. Essas atividades serão posteriormente desenvolvidas com os/as
educandos/as dessas/es professoras/es. Os resultados serão contabilizados e estudados,
de modo a adequar a estratégia de aplicação das atividades conforme a necessidade.
Espera-se com isso um processo contínuo que se recicla a fim de criar e cultivar hábitos
da cultura da PAZ ou da não-violência em todos os segmentos humanos que constituem
um colégio, público ou não.

Palavras – chave : cultura-de-paz. não-violência. sala-de-aula. escola.

Abstract :

The Culture of Peace in schools

Considering the increasing violence in our society and its deep and strong reflexes in
school environment, this project aims to create pedagogical strategies, to be used and
spread by teachers, that stanch and if possible return the process of action and reaction
based on the lack of universal values that promote PEACE. The work team will be formed,
firstly, by teachers from public schools that, after a literature review, will elaborate
pedagogical activities that promote and consolidate critical personal attitudes based on
universal values of peace.These activities will be, subsequently, developed by these
teachers’ students. The results will be notched up and studied in order to adapt the
application strategy of the activities according to the necessities. We hope to achieve
through that a continuous process that “ recycles” itself in order to create and cultivate
cultural habits from the culture of peace or culture of non-violence in all the human
segments that form a school, public or not.
Key words: the culture of peace. non-violence. schools.
3
Sumário :
página
Resumo e Abstract...............................................................................................................1
Palavras-chave.....................................................................................................................1

CULTURA DE PAZ EM SALA DE AULA ............................................................................I

SUMÁRIO :..........................................................................................................................3

CULTURA DA PAZ (OU NÃO-VIOLÊNCIA) EM SALA DE AULA.....................................4

Anarquismo católico. ....................................................................................................3


Leon Tolstoy..............................................................................................................4
ADEPTOS DA NÃO-VIOLÊNCIA .............................................................................................5
CARACTERÍSTICAS DA NÃO-VIOLÊNCIA ................................................................................5
Justificativas religiosas e espirituais. ............................................................................6
CULTURA DE PAZ ...............................................................................................................6
Declaração da ONU - valores associados à cultura de paz..........................................6
LÍDERES QUE BUSCAM A PAZ ...............................................................................................6
EDUCAR SEM VIOLÊNCIA .....................................................................................................7
VALORES HUMANOS NA EDUCAÇÃO .....................................................................................9
NOSSO PRIMEIRO MEIO AMBIENTE: ......................................................................................10

Escola pode desenvolver capacidade humana para não-violência ............................10


indisciplina. .............................................................................................................11

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS : ...............................................................................13

ANEXO I - ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO .............................................................................16


ANEXO II - CULTURA DE PAZ..........................................................................................18
ANEXO III – DR. ARUN GANDHI NOS CONTA A SEGUINTE HISTÓRIA :.......................................19
ANEXO IV – DICAS DE COMO AGIR QUANDO ALGUÉM ESTÁ BRAVO COM VOCÊ .........................20
Diferentes estilos para lidar com conflitos ..................................................................21
ANEXO V – REPORTAGEM DE ADRIANA BLENDER – AGÊNCIA BRASIL ....................................23
ANEXO VI - OFICINA : VIOLÊNCIA X AGRESSIVIDADE ............................................................25
4
CULTURA DA PAZ (OU NÃO-VIOLÊNCIA) EM SALA DE AULA

Na internet encontramos na Wikipédia, 2008, (pt.wikipedia.org/wiki) o termo


Não-Violência referindo-se a uma série de conceitos sobre moralidade, poder e conflitos
“que rejeitam completamente o uso da violência nos esforços para a conquista de
objetivos sociais e políticos.”
No livro "The Politics of Nonviolent Action",1973, o autor e estudioso da
não-violência Gene Sharp (wikipedia.org/wiki, 2008), sugere que “a completa ausência de
estudos” sobre o assunto no meio acadêmico de história, pode significar que as técnicas
que visam conquistas sociais não são do interesse da elite”. Segundo ele, o poder dos
armamentos e do dinheiro tem maior credibilidade, para os que estão no topo da pirâmide
social, do que a capacidade de mobilização organizada de uma comunidade.

E nós? Em que acreditamos?

Leon Tolstoy (wikipedia.org/wiki, 2008), ou simplesmente Tolstoi, ao lado de


Fiódor Dostoievski, foi um dos grandes nomes da literatura russa do século XIX. Entre
suas obras mais famosas encontramos Guerra e Paz, 1863, que denuncia uma Rússia
assolada durante as campanhas de Napoleão, e Anna Karenina, 1878, que descortina o
ambiente hipócrita da época, produzindo um dos retratos femininos mais profundos e
sugestivos da Literatura.

Tolstoy fazia parte da nobreza e com conhecimento de causa escreveu


Ressurreição, 1899, “uma crítica à Rússia czarista que acabou causando sua
excomunhão da Igreja Ortodoxa em 1901”, resultado de “sua sede de justiça e
preocupação pelos camponeses”. Abriu uma escola para os filhos dos camponeses, em
sua propriedade em Iasnaia-Poliana, província de Tula, onde trabalhou como juiz de paz.

Acompanhado de sua filha, a médica Aleksandra, Tolstoi já com 82 anos


decide procurar um lugar que o fizesse sentir-se mais próximo de Deus. Alguns dias
depois, na estação ferroviária de Astapovo, morre miseravelmente de pneumonia.

O maior tema do grande dramaturgo Leon Tolstoi foi a injustiça, a qual


descrevia com sutilezas de realismo que impressionam até hoje. Seus pensamentos de
anarquismo católico (ou cristão) influenciaram sobremaneira Mahatma Gandhi, “que
trocou cartas com ele até sua morte, em 1910”. (Origem: Wikipédia, 2008, livre.)
5
Frases de Tolstoi muito usadas nos dias de hoje em discursos sobre a
globalização:

«Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia.»


«Os ricos fazem tudo pelos pobres, menos descer de suas costas.»
«Enquanto houver matadouros, haverá campos de guerra.»
«Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo.»
...
Adeptos da Não-Violência

Ainda segundo a Wikipédia, 2008, os adeptos da não-violência, em sua


maioria, escolheram esta opção por aspectos religiosos e/ou éticos (como um princípio de
integridade e respeito à condição humana), ou ainda estratégicos (uma questão
circunstancial, em que se torna uma prática útil). Os três aspectos podem ser encontrados
em simbiose num movimento de não-violência.

Características da Não-Violência

Vários conhecimentos que fazem parte do senso-comum de uma sociedade


são características da Não-Violência. Por isso, muito embora, o uso da não-violência
numa luta social é algo radicalmente contrário às idéias convencionais sobre conflitos,
sabe-se que:

Sem o consentimento dos dirigidos não há dirigente. O poder dos que estão
em um cargo de direção (presidente ou outro) depende da aceitação (ativa ou passiva)
dos que são dirigidos (cidadãos comuns). As leis perdem força quando não encontram
quem as execute (cidadão comum que a respalde) e, para pôr em prática os objetivos
(justos ou não) estipulados pela classe dominante se faz uso de uma força policial, um
exército ou de uma máquina burocrática. O poder depende da cooperação entre
dirigentes e dirigidos, desta forma, a não-violência faz cair por terra o poder dos dirigentes
quando consegue anular grande parte desta cooperação.

Fazendo parte do senso-comum temos também o conceito de que “somente


através de um meio justo conseguiremos alcançar um fim justo”. Gandhi muito
sabiamente comparou o meio a uma raiz, e o fim a árvore que se desenvolve através
desta raiz. Desta forma, os que propõem a não-violência sustentam que as ações
tomadas no presente inevitavelmente constroem a forma como a sociedade se organizará
no futuro. Assim, seria irracional desejar uma sociedade pacífica construída através do
6
uso da violência (absurdamente clamando que “os fins justificam os meios”) .

Jesus Cristo clama "amai vossos inimigos". Esta forma de pensar e agir
também é encontrada no conceito Taoísta do wu-wei, na filosofia da arte marcial Aikido,
no conceito budista de metta (amor fraterno entre todos os seres vivos) e no princípio de
ahimsa (não-violência entre todos os seres vivos), presente no hinduísmo. Com tanta
fundamentação, os Anarquistas Cristãos e outros divulgadores da não-violência,
defendem que devemos respeitar e amar os nossos oponentes (não nasceram violentos).
Este é o princípio que mais se aproxima das justificativas religiosas e espirituais para a
não-violência. Um exemplo bem desenhado é a Oração de São Francisco (anexo I).

Num ciclo de causas e efeitos que se correlacionam e se multiplicam numa


espiral evolutiva, a Não-violência entende que o fim é um resultado do meio. Desta forma
métodos violentos e repressivos não obtêm a paz. Um pretenso estado de “não-violência”
obtido através de repressão, volta a ser situação de violência quando os instrumentos
deixam de ser usados. Portanto, enquanto a paz não faz parte de todos os indivíduos de
uma sociedade, não existe paz de fato e assim ela não se consolida.

Relendo: “os meios justificam o fim” e “o fim é o resultado dos meios”.

Cultura de Paz

De 2001 a 2010 foi proclamado pela ONU como sendo a Década


internacional da promoção de uma cultura da não-violência e da paz em prol das crianças
do mundo (International Decade for the Promotion of a Culture of Peace and Non-Violence
for the Children of the World).

Na Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz, divulgada


em 13 de setembro de 1999, a ONU fez uma tentativa de definição do conjunto de
valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida associados à cultura de
paz. Esta declaração foi apoiada por diversas instituições em todo o mundo que se
esforçam pela concretização desses ideais (anexo II).

Líderes que buscam a paz

Um dos maiores líderes pacifistas da história foi Mahatma Gandhi, 1868-


1948, guiando multidões na sua luta pela independência da Índia, e levando-as a
conhecer e a praticar o significado da não violência. “Posso até estar disposto a morrer
por uma causa, mas nunca a matar por ela!”, disse o líder indiano quando interrogado a
respeito de seus métodos. Em uma jornada contínua de aprimoramento, Gandhi colocou
7
a sua própria vida em risco, por duas vezes, jejuando, quando a violência ameaçava se
instalar de novo entre os indianos, sensibilizando assim seus seguidores a não agir com
violência.

Outro grande líder, Martin Luther King, 1929-1968, do outro lado do mundo,
exortava os seus ouvintes com grande convicção, no seu famoso discurso “Eu tenho um
sonho”, em 1963. Conduzindo e constantemente revendo seus atos sob o princípio de
atitudes ativas de paz, conseguiu inspirar toda uma geração a lutar pela liberdade e
dignidade dos negros nos EUA, numa época em que sofriam inúmeras e diversas
perseguições, segregação racial e violência policial. “Não devemos deixar que nosso
criativo protesto degenere em violência física. Sempre e cada vez mais devemos nos
erguer às alturas majestosas de enfrentar a força física com a força da alma” -
posicionando-se assim com a audácia e a irreverência de um grande coração.

Estes dois grandes seres humanos, Gandhi e Martin Luther King, provaram
ao mundo que, usando da não-violência como forma de resolver conflitos, é possível
promover grandes mudanças no pensamento, que se reflete nas atitudes tomadas
diariamente.

Será que saberíamos citar outro grande líder? E por que é um líder?

Para Marcos Alan Viana, 2008, psicólogo da equipe operacional do Projeto


Não-Violência (www.naoviolencia.org.br), a não-violência ensinada pelos grandes líderes
da humanidade não se confunde com “passividade ou harmonia idealizada”. Ao contrário,
é um modo de caminhar que exige um contínuo e incansável exercício de diálogo, uma
luta persistente e determinada contra as injustiças, um constante praticar, até que se
fixem, as ações em prol dos seres vivos (e nunca contra eles).

O psicólogo afirma que vivemos numa época que carece de bons modelos
éticos para guiar nossas ações, então se faz necessário buscar nos grandes líderes do
passado “a inspiração necessária” para sabermos como contribuir com a construção de
uma cultura da paz em nossa sociedade.

Educar sem violência

O Dr. Arun Gandhi, neto de Mahatma Gandhi e fundador do MK Gandhi


Institute, contou em uma palestra proferida na Universidade de Porto Rico, em junho de
2002, a história sobre como aprendia, pela habilidade de seus pais, a viver sem violência
(anexo III).
Para o Prof. Dr. Xesús Rodrigues Jares, 2008, (Universidade de La Coruña,
8
Espanha) “a cultura de paz exige uma pedagogia da convivência e vice-versa”. Não se
constrói uma cultura de paz sem se apropriar dos processos e valores da pedagogia para
a convivência. E tal pedagogia também não é possível sem os objetivos, conceitos e
valores da cultura de paz. Para ele, “as duas dimensões se fundam nos conceitos de
dignidade, igualdade, justiça social e liberdade que caracterizam os direitos humanos”.
Conceitos estes chamados de valores universais. Segundo ele, a globalização neoliberal
traz conseqüências que embotam, descaracterizam e desclassificam os interesses da
cidadania e os critérios do desenvolvimento ecológico que não coincidam com os critérios
econômicos e a subordinação política inerentes ao “triunfo do mercado”.
No livro do Professor Jean-Marie Muller, A Não-violência na Educação,
publicado originalmente pela Unesco, 2005, o filósofo francês, sugere soluções
consideradas práticas na resolução de conflitos violentos nas escolas. “A cultura da
violência" já se instalou e é reforçada todos os dias, com novos brilhos e cores, pelos
meios de comunicação. Entretanto, como todos nós sabemos, apesar de tudo ser aceito
com muita “normalidade”, bem frisa o autor, a violência gera contra-violência que acaba
gerando mais e mais violência,.
E nós, como reagimos a um conflito (anexo IV)?
Recheado de conceitos diretos e aplicáveis, o curto volume publicado pelo
professor Muller, 2007, não define violência como agressividade, já que esta é
considerada natural em nossa espécie. Define violência como a ameaça à integridade do
outro e a sua vida, transformando-o numa “coisa” que pode até ser destruída. A violência
não respeita o humano no outro.
Por outro lado,ainda em 2007, o pesquisador não dimensiona a idéia de
cultura de paz como sinônimo de passividade ou covardia, muito ao contrário, como uma
forma de resistência às injustiças que, urgentemente, precisa ser ensinada e incentivada
nas escolas. E que, a não-violência, como qualquer hábito precisa ser escolhido e
cultivado, como uma forma pacífica de resolução de problemas.
Veja o caminho elaborado pelo pesquisador: quando uma criança tem um
brinquedo arrancado de suas mãos (e acha isso injusto) é importante que aprenda a não
retrucar na mesma moeda (sendo injusta também), aprenda a conversar, negociar uma
maneira de brincar e, se precisar, aprenda a recorrer a um educador-mediador (instância
de justiça). O método do professor Muller foi usado por professores em escolas que
promovem o projeto “Educadores da Paz”, e estes afirmam que mesmo crianças em tenra
idade conseguem compreender o processo lógico de “não faça ao outro o que não quer
que o outro faça a você”. Observaram também que inclusive os adolescentes entendem e
9
adotam a regra, desde que valha para todos, “inclusive professores e administradores”.
O autor aprofunda-se nas atitudes de Gandhi apontando as raízes filosóficas
para se recusar fazer parte da ideologia da violência "necessária, legítima e honrosa".
Suas idéias incluem sugestões contrárias ao senso comum de, por exemplo, apoiar a
democracia, quando esta se resume a ser fantoche de manipulação de uma ditadura, e
não resultou de um processo de discussão em foro público. Ou então que, a escola “não é
uma democracia, mas uma sociedade em que há uma autoridade estabelecida”, que
precisa servir de exemplo e jamais ser imposta. fator que o convenceu pela não-violência
é a constatação de que “a contra-violência não é eficaz porque, na realidade, faz parte da
violência e, portanto, ajuda a mantê-la e perpetuá-la”. Ainda nos diz que o objetivo do
processo de não-violência é “esgotar a violência na fonte através de uma mudança de
atitude ética e consistente”.

Valores Humanos na Educação

Acredito que assim como hoje, em todos os tempos em que existiram


educadores (alguém que queira construir um conhecimento – não por obrigação ou
circunstâncias da vida) e educandos (qualquer um que queira aprender e apreender – por
pura curiosidade ou necessidade) laços de relacionamento foram criados e, como diz
Paulo Freire, 2006, sem um mínimo de carinho e atenção esta tarefa se torna totalmente
inútil, desprazerosa e cria terríveis traumas em ambos os lados. Portanto, creio que esse
mínimo já começa gigante, pensando em quantas horas por dia nós educadores usamos
para resolver situações ligadas a nossos educandos.

Quem já teve a oportunidade de trabalhar ou apenas conviver com pessoas


das mais diversas classes sociais, sabe que o processo de violência, falta de ética e falta
de valores não se restringem aos menos favorecidos. Por exemplo, aqueles educandos
que vão para a escola para fazer a primeira refeição do dia, quiçá da semana. É claro que
para esses todo o processo seria mais produtivo e não se atrasariam, menos ainda
faltariam se recebessem a primeira merenda quando chegam à escola e não apenas na
hora do recreio. Faltam merendeiras e merenda. Muitos vêm para comer e vão embora
com fome. Quem sabe o turno fosse de tempo integral, mas estas são outras
considerações.

Muitas vezes nos deparamos com falta de água e precisamos encaminhar


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os alunos para casa (pois não haverá recreio), os banheiros estão entupidos,
arrebentados, explodidos, não por falta de manutenção (que é constante), mas por puro
vandalismo. Nesta situação podemos e devemos agir. Afinal de contas, os recursos
financeiros se esgotam e estamos num processo urgente de tomar conta da nossa casa
(o Planeta Terra), porque as conseqüências de “nossos” atos (globais) estão na mídia
também.

Esta idéia nos leva ao conceito de meio ambiente, mas o que se pretende
trabalhar aqui é nosso primeiro meio ambiente:
EU → meus pensamentos → meus sentimentos → meu corpo.
Se não cuido de cada uma destas partes que fazem parte de mim como
posso querer cuidar do que está fora de mim? Da minha cama, dos meus pertences, da
minha casa, do meu dinheiro? Como posso querer cuidar (e/ou respeitar) do meio
ambiente mais próximo de mim que é o ser humano que convive comigo? Que partilha
comigo suas qualidades e seus defeitos, assim como convive com os meus?
Faz-se necessário educar(se) para a Paz, para a não-violência, pois não
posso ajudar a construir eficazmente o conhecimento de um conceito que não faz parte
dos meus pensamentos, dos meus hábitos, e portanto da minha vida.
Precisamos desenvolver idéias e práticas transformadoras e conscientes
que habilite o educando no convívio social da melhor maneira possível, a partir do que
poderá desenvolver o seu projeto de vida. Sim vida, pois invariavelmente a violência
conduz à morte. Não conheço nenhum caso contrário a isso.

Em 19 de abril de 2008 uma reportagem da Agência Brasil, postada na


página principal do Yahoo Brasil, chama a atenção do leitor com o seguinte título :
Escola pode desenvolver capacidade humana para não-violência, aponta pesquisador
A repórter Adriana Blender, em Brasília, aponta a escola como um poderoso
e estratégico instrumento de combate à violência, quando estimula o desenvolvimento
neurológico das crianças através de uma educação para a paz. Opinião, segundo ela, de
Luis Henrique Beust, diretor executivo da organização não-governamental (ONG) Anima
Mundi (anexo V).

O projeto de Educação para a Paz, www.educapaz.org.br/, 2008, pretende

preparar para o crescimento integral, onde os potenciais de educandos e educadores

podem ser descobertos e cultivados. Neste sentido se crê que a manifestação de atitudes
11
e valores destrutivos tem sua origem nos processos de desvalorização ou exclusão do

indivíduo. Fazem parte da desvalorização todas as atitudes dúbias. Por isso, a escola é

um ambiente que precisa ter bem claros, papel e objetivos, com limites bem determinados

que sirvam para todos.

Em muitos meios, acadêmicos ou não se discute a causa da indisciplina. A

falta de limites claros, e que sejam observados por todos os envolvidos, tem sido

apontada como principal causa de quase toda indisciplina. Mas também, traduz para o

educador que o educando está exigindo atenção, pelos mais diversos motivos

(www.profissaomestre.com.br, 2008).

Todos os que trabalham com a não-violência, pesquisados para este


trabalho, têm como certa a importância de ambientes, virtuais ou não, em que todos os
envolvidos no processo de construção da aprendizagem possam se expressar, trocar
experiências e buscar soluções, sentindo-se assim valorizados.

Segundo o PNV (Projeto Não-Violência, 2008), que fundamenta este


trabalho, paz “não é a ausência de conflitos, pois somos únicos e, portanto diferentes”.
Mas podemos, enquanto seres humanos, nos sensibilizar e buscar uma solução não-
violenta para os conflitos. O termo Não-violência vem do sânscrito ‘ahimsa’ que significa
‘não prejudicar’.

No entanto, buscar a paz parece uma coisa idealizada e fora deste mundo.
Por isso, usa-se o termo não-violência que implica em agir, não encarando o conflito
como algo negativo, mas uma oportunidade de crescimento e aprendizagem. Não
podando, mas tentando entender as atitudes no ser humano.

Segundo o PNV, a paz pode e deve ser praticada diariamente, revendo


nossos preconceitos, não nos omitindo, buscando sempre o diálogo e mantendo a calma.

São as atitudes que fazem a diferença num conflito, só que precisam ser
praticadas exaustivamente até se fixarem. Porque estas não são as reações que
comumente são observadas em conflitos. Principalmente, quando algum dos envolvidos
se encontra alterado física e emocionalmente por meio de substâncias químicas ou não.

Se reconhecemos no ambiente escolar uma excelente oportunidade de


12
cultivo de hábitos de não-violência, precisamos buscar momentos que gerem reflexões e
aprimoramento nesta arte por parte dos educadores em todos os seus níveis e
linguagens.

A partir da experiência ao longo de 8 anos de trabalho, o projeto não-


violência tem trabalhado na busca de algumas soluções, como por exemplo:

- Investir na melhoria da relação professor-aluno;- Questionar premissas relacionadas a


práticas educativas tradicionais, buscando modelos mais eficazes;- Priorizar a formação
continuada de educadores como agentes multiplicadores;- Fortalecer atitudes que
expressem valores como o respeito e a ética por parte dos educadores, a fim de que
sejam exemplo e inspiração aos seus educandos.

A sugestão do PNV para podermos ser mediadores de conflitos é de que:

- Precisamos nos colocar no lugar das outras pessoas; precisamos sentir um pouquinho
da dor dos outros para poder ajudar; podemos oferecer ajuda quando sentimos que é
importante; podemos pedir ajuda quando estivermos com algum problema.
A psicóloga do PNV, Joyce K. Pescarolo, nos relembra que é importante
desenvolver a responsabilidade em nossos educandos, da anomia a autonomia (Piaget).
E que é importante investir no diálogo, pois não queremos formar robozinhos que ajam
corretamente quando “os outros estão olhando”, mas seres humanos capazes de fazer
escolhas responsáveis mesmo sem a presença de outras pessoas. Que só acontece
quando a “criança” internaliza os valores e limites que a tornam responsável.

Nestes tempos de muita informação e pouca reflexão, o que fazemos com


nosso tempo. Com quem ou em que usamos nosso precioso tempo?

Sendo o outro tão humano quanto eu (apesar de parecer tão óbvio, muitos
não percebem e não aceitam esta condição), torna-se necessário, aos menos, tentar
entender o motivo de suas atitudes e, seja como for que queiramos agir/reagir, pelo
menos respeitemos o “humano no outro” (acredito que também o divino).

Segundo estudiosos, quem grita e esperneia é a criança machucada em


nós, porque a parte adulta já está bem resolvida. Assim sendo, precisamos reconhecer o
problema e procurar alternativas (anexo VI). E encontrando, fixar hábitos não-violentos de
vida e de convivência. Toda estrada começa com a decisão de percorrê-la e ter coragem
de dar o primeiro passo.

Como diz Gandhi: “Não há caminho para a paz, a paz é o caminho”.


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PALLÁS, A.G. Currículum y democracia. Por un cambio de la cultura


escolar. Barcelona: Octaedro, 2002.

SILVA, L.A.M. Criminalidade Violenta: Por uma Nova Perspectiva de


Análise. In: Revista de Sociologia Política, nº 13, Nov. 1999. Curitiba.

PARANÁ. Conselho Estadual de defesa da Criança e do Adolescente. Política


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Paraná. 3 ed. Curitiba: CEDCA, 2001.

ZAVELETA, E. de. Educação para a convivência. São Paulo: Ave Maria,


1999.
16

Anexo I - Oração de São Francisco

O texto original desta oração é:

Belle prière à faire pendant la Messe

Seigneur, faites de moi un instrument de votre paix.

Là où il y a de la haine, que je mette l’amour.

Là où il y a l’offense, que je mette le pardon.

Là où il y a la discorde, que je mette l’union.

Là où il y a l’erreur, que je mette la vérité.

Là où il y a le doute, que je mette la foi.

Là où il y a le désespoir, que je mette l’espérance.

Là où il y a les ténèbres, que je mette votre lumière.

Là où il y a la tristesse, que je mette la joie.

Ô Maître, que je ne cherche pas tant à être consolé qu’à consoler, à être compris qu’à

comprendre, à être aimé qu’à aimer, car c’est en donnant qu’on reçoit, c’est en s’oubliant

qu’on trouve, c’est en pardonnant qu’on est pardonné, c’est en mourant qu’on ressuscite à

l’éternelle vie.

La Clochette, n° 12, dec. 1912, p. 285.


17

Uma das mais conhecidas traduções para a língua portuguesa desta oração é:

Senhor: Fazei de mim um instrumento de vossa Paz!

Onde houver Ódio, que eu leve o Amor,

Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão.

Onde houver Discórdia, que eu leve a União.

Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé.

Onde houver Erro, que eu leve a Verdade.

Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança.

Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria.

Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!

Ó Mestre,

fazei que eu procure mais:

consolar, que ser consolado;

compreender, que ser compreendido;

amar, que ser amado.


Pois é dando, que se recebe.

Perdoando, que se é perdoado e

é morrendo, que se vive para a vida eterna!

Amém

Bibliografia :

Christian RENOUX, La prière pour la paix attribuée à saint François, une énigme à
résoudre, Paris, Editions franciscaines, Paris, 2001.
Christian RENOUX, La preghiera per la pace attribuita a san Francesco, un
enigma da risolvere, Padova, Edizioni Messagero, 2003.
18

Anexo II - CULTURA de PAZ

“Uma Cultura de Paz é um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e

estilos de vida baseados:

• No respeito à vida, no fim da violência e na promoção e prática da não-violência por

meio da educação, do diálogo e da cooperação;

• No pleno respeito aos princípios de soberania, integridade territorial e independência

política dos Estados e de não ingerência nos assuntos que são, essencialmente, de

jurisdição interna dos Estados, em conformidade com a Carta das Nações Unidas e o

direito internacional;

• No pleno respeito e na promoção de todos os direitos humanos e liberdades

fundamentais; No compromisso com a solução pacífica dos conflitos;

• Nos esforços para satisfazer as necessidades de desenvolvimento e proteção do meio-

ambiente para as gerações presentes e futuras;

• No respeito e promoção do direito ao desenvolvimento;

• No respeito e fomento à igualdade de direitos e oportunidades de mulheres e homens;

• No respeito e fomento ao direito de todas as pessoas à liberdade de expressão,

opinião e informação;

• Na adesão aos princípios de liberdade, justiça, democracia, tolerância,

solidariedade, cooperação, pluralismo, diversidade cultural, diálogo e

entendimento em todos os níveis da sociedade e entre as nações; e animados por

uma atmosfera nacional e internacional que favoreça a paz.”

(Fonte: ONU, 2004).


19

Anexo III – Dr. Arun Gandhi nos conta a seguinte história :

"Eu tinha 16 anos e vivia com meus pais, na instituição que meu avô havia fundado, e

que ficava a 18 milhas da cidade de Durban, na África do Sul. Vivíamos no interior, em meio aos

canaviais, e não tínhamos vizinhos, por isso minhas irmãs e eu sempre ficávamos entusiasmados

com a possibilidade de ir até a cidade para visitar os amigos ou ir ao cinema.

Certo dia meu pai pediu-me que o levasse até a cidade, onde participaria de uma

conferência durante o dia todo. Eu fiquei radiante com esta oportunidade. Como íamos até a

cidade, minha mãe me deu uma lista de coisas que precisava do supermercado e, como passaríamos

o dia todo, meu pai me pediu que tratasse de alguns assuntos pendentes, como levar o carro à

oficina.

Quando me despedi de meu pai ele me disse: "Nos vemos aqui, às 17 horas, e

voltaremos para casa juntos".

Depois de cumprir todas as tarefas, fui até o cinema mais próximo. Distraí-me tanto

com o filme (um filme duplo de John Wayne) que esqueci da hora. Quando me dei conta eram

17h30. Corri até a oficina, peguei o carro e apressei-me a buscar meu pai. Eram quase 6 horas.

Ele me perguntou ansioso: "Porque chegou tão tarde?"

Eu me sentia mal pelo ocorrido, e não tive coragem de dizer que estava vendo um

filme de John Wayne. Então, lhe disse que o carro não ficara pronto, e que tivera que esperar. O

que eu não sabia era que ele já havia telefonado para a oficina. Ao perceber que eu estava

mentindo, disse-me: "Algo não está certo no modo como o tenho criado, porque você não teve a

coragem de me dizer a verdade. Vou refletir sobre o que fiz de errado a você. Caminharei as 18

milhas até nossa casa para pensar sobre isso".

Assim, vestido em suas melhores roupas e calçando sapatos elegantes, começou a

caminhar para casa pela estrada de terra sem iluminação. Não pude deixá-lo sozinho...guiei por 5

horas e meia atrás dele...vendo meu pai sofrer por causa de uma mentira estúpida que eu havia

dito. Decidi ali mesmo que nunca mais mentiria.

Muitas vezes me lembro deste episódio e penso: "Se ele tivesse me castigado da

maneira como nós castigamos nossos filhos, será que teria aprendido a lição?" Não, não creio. Teria

sofrido o castigo e continuaria fazendo o mesmo. Mas esta ação não-violenta foi tão forte que

ficou impressa na memória como se fosse ontem.

Este é o poder da vida sem violência".


http://www.comitepaz.org.br/como_educa/
20
Anexo IV - DICAS DE COMO AGIR QUANDO ALGUÉM ESTÁ BRAVO COM VOCÊ!

USE O BOM SENSO: Pense o quão importante é o relacionamento entre vocês, e qual é a

questão e as emoções que estão envolvidas. Use estes fatores para avaliar a situação.

PERCEBA QUE A OUTRA PESSOA PODE NÃO ESTAR AGINDO OU FALANDO

RACIONALMENTE: Quando as pessoas estão bravas, elas geralmente dizem e fazem coisas

que não pretendiam. Ouça a outra pessoa, mas não se envolva em uma guerra de insultos.

Lembre-se, ataque o problema, e não a pessoa!

FAÇA COM QUE A OUTRA PESSOA SAIBA QUE VOCÊ SE PREOCUPA: Garanta à pessoa

que o problema é importante para você e que você quer resolvê-lo. Pergunte à pessoa quando

seria um bom momento para conversar.

ESCOLHA UM BOM LUGAR PARA CONVERSAR: Um lugar privado, silencioso e aberto é o

melhor lugar para se conversar com alguém que está bravo. Evite espaços fechados e

situações onde há muitas pessoas.

OBSERVE A LINGUAGEM CORPORAL DA PESSOA: Se você acha que está em perigo,

esteja preparado para ir embora rapidamente. Contudo, não corra, a não ser que a situação

seja uma ameaça a sua vida.

OBSERVE A SUA PRÓPRIA LINGUAGEM CORPORAL: Esteja certo de que você não está

dando sinais ameaçadores à outra pessoa. Não fique muito perto.

ESTEJA CONSCIENTE DO SEU TOM DE VOZ: Fale com uma voz macia e calma. Use

palavras que confortam.

TRATE OS OUTROS COMO VOCÊ GOSTARIA DE SER TRATADO: Não seja arrogante ou

condescendente. Sua atitude é um dos fatores mais importantes para resolver o conflito com

sucesso.

COMPROMETA-SE A RESOLVER A QUESTÃO DE FORMA JUSTA E APROPRIADA:

Largar mão de tudo é tentador (e, nós devemos confessar, que algumas vezes é até

apropriado), porém, é mais eficiente trabalhar com o problema até que ele seja resolvido.
21
DIFERENTES ESTILOS PARA LIDAR COM CONFLITOS

Agora que você é um expert em compreender o que é um conflito, vamos relembrar como você

lida com conflitos. Relaxe, isto vai ser fácil. Nós dividimos os métodos de resolução de

conflitos em cinco estilos básicos:

- ACOMODAÇÃO: "O que você disser está bom para mim”.

Você tende a concordar com as outras pessoas para sair de um conflito. Então, você nunca

revela o que realmente pensa ou sente. Você mantém a paz em seus relacionamentos, mas a sua

opinião nunca é levada em conta e as suas necessidades são raramente satisfeitas.

- FUGA: "Deixe-me em paz!" - "Não é minha culpa".

Se você é envolvido em um conflito, você disfarça, olha em outra direção, sai da sala, muda de

assunto, deixa pra mais tarde, ou até nega que haja qualquer problema. Bem, você nunca vai

entrar em uma briga, entretanto, você também não resolve os seus conflitos e problemas.

- AGRESSIVIDADE: "Ou o meu jeito ou nada feito, amigo!”

Ganhar um conflito é mais importante para você do que resolver o problema. Você tende a

acusar e culpar o outro. Você pode gritar, empurrar ou até bater. Tudo para ter o que quer.

Você sempre fala e toma uma posição forte, porém a sua insensibilidade aos outros pode

estragar relacionamentos e o problema pode aumentar e transformar-se em violência.

- ACORDO: "Eu tenho um acordo/solução para vocês!"

Você não quer ser incomodado por um conflito, então você procura a solução mais rápida

possível. Você tenta encontrar um acordo NO QUAL NENHUM DOS LADOS PERCA, MAS

NINGUÉM SAI VENCEDOR TAMBÉM. Você é flexível e consegue encontrar pontos em

comum que mantêm os dois lados mais ou menos felizes, contudo, você está mais preocupado

em encerrar um conflito rapidamente, do que de forma justa.

- COLABORAÇÃO: "Vamos resolver isso juntos".

Você se concentra na resolução dos problemas. Você não culpa ou acusa; ao invés disso, você

escuta e reconhece os sentimentos e necessidades do outro. Você diz à outra pessoa como

você se sente, oferece sugestões e idéias, e procura soluções justas. Você começa buscando

pontos em comum. Você trabalha com a outra pessoa para levantar o maior número possível de
22
opções, e concorda com uma solução que satisfaz a ambos. Se o conflito não pode ser

resolvido, ou parece que ele vai levar à violência, você sabe que é hora de pedir ajuda a alguém.

Entretanto, ninguém jamais disse que agir desta forma é fácil. Exige estratégia, tempo,

compromisso, e coragem.

Inspirado para colocar essas idéias em prática?

Nós teremos o maior prazer em receber seu depoimento nos contando como esse material o

ajudou a tornar seu cotidiano e o de outras pessoas mais pacífico. Suas sugestões e outros

comentários serão igualmente bem-vindos!

Este guia foi elaborado pela Associação Projeto Não-Violência Brasil.

http://www.naoviolencia.org.br

Autora: Adriana Dias Titton

Colaboradores: Adriana C. de Araújo

Joyce K. Pescarolo

Marcos Alan Viana

Soledad Fernandez

Revisão: Maria Angela M. de Araújo

Ilustração: Marco Jacobsen

Diagramação: Andrei Müller

Curitiba, 2004.
23

Anexo V – Reportagem de Adriana Blender – Agência Brasil

- em 19 de abril de 2008 -

Brasília - A escola pode ser um instrumento estratégico e poderoso de combate à violência, ao

estimular o desenvolvimento neurológico das crianças por meio de uma educação para a paz.

A opinião é de Luis Henrique Beust, diretor executivo da organização não-governamental

(ONG) Anima Mundi, que desenvolve ações e estudos sobre desenvolvimento humano e social.

Ele foi um dos palestrantes da Conferência Nacional da Educação Básica, realizada nesta

semana em Brasília.

“Não se trata apenas de diminuir ou prevenir a violência na escola, mas também de preparar o

aluno para combater a violência estrutural na sociedade e estabelecer laços de boa-vontade,

de paz e de concórdia entre os povos”, ressaltou.

De acordo com o Beust, estudos recentes da neurobiologia fundamentam metodologia e

práticas pedagógicas específicas a serem utilizadas no ambiente escolar para desenvolver nas

crianças a porção do cérebro que pode torná-las menos violentas.

O pesquisador explicou que por muito tempo o homem teve apenas o cérebro reptílico, situado

na base da nuca, onde estão localizadas as reações primitivas de fuga e ataque, mas à medida

que evoluiu foram sendo desenvolvidas áreas ligadas às emoções e aos pensamentos. Por último

foi originado o lobo frontal, chamado de cérebro angélico, relacionado aos bons sentimentos, à

fraternidade, à criatividade e ao afeto.

Segundo ele, as crianças podem ser educadas para desenvolver mais o cérebro angelical do

que o reptílico.

“As pesquisas mostram que quando a criança está sujeita a um ambiente de ataque, agressão,

medo, o que comanda suas reações é o cérebro reptílico e a partir daí ela desenvolve maior

número de conexões nervosas, de sinapses nessa área. Ou seja, o cérebro fisicamente se

adapta à agressão."

"Por outro lado, quando é colocada num ambiente de paz, de acolhimento, de afeto, o lobo

angélico funciona e a criança desenvolve capacidades imensas de ação social, de solução de

conflitos, de criatividade positiva”, disse Beust.

Ele destacou que o melhor período para o estímulo é nos três primeiros anos de idade, cruciais

para o desenvolvimento cerebral, mas os indivíduos estão maleáveis até os 21 quando o

processo se consolida.
24
Segundo ele, uma das coisas fundamentais a ser ensinada às crianças é a empatia. “Quando a

empatia não é apreendida nós temos, por exemplo, as pessoas que cometem assassinatos em

série, que não conseguem entender a dor do outro.”

Como exemplo prático da atuação do professor no cotidiano escolar para favorecer a empatia,

ele citou as situações em que uma criança bate na outra. Segundo o pesquisador, nessas

situações, as crianças devem ser estimuladas a refletir em vez de ser punidas.

Para Beust, as pesquisas mostram que a violência é apenas uma das possibilidades do ser

humano e não uma característica natural. “A violência não é intrínseca ao ser humano. Ela é

uma possibilidade, que prevalece quando o ser humano é frustrado em suas necessidades de

segurança, de afeto, de amor.”

De acordo com ele, além de formar cidadãos mais pacíficos, o ambiente de diálogo e carinho

na educação é fundamental para o aprendizado. "Não é possível desenvolver o intelecto de uma

criança sem amor, porque as capacidades cognitivas ficam embotadas”, afirmou.

http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/04/18/materia.2008-04-18.
25

Anexo VI - Oficina : Violência X Agressividade

Aspectos Sociológicos e Psicológicos da Violência

O que seria violência? Conceito usual de violência

Dicionário: “ato contrário à razão, à justiça, ato veemente, resultante do emprego da força

para a solução de qualquer conflito humano, seja individual ou coletivo.” (comparar com a

definição dada por eles)

O dicionário traz basicamente a noção de que a violência é algo que ocorre quando as pessoas

perdem a cabeça e partem para a agressão física. Esta definição é insuficiente e restrita para

aprofundar o assunto. Assim, buscamos um conceito mais aprofundado em autores que

trabalham o assunto: Osório, Costa, Conte, Lacan. Nestes autores podemos encontrar uma

definição mais ou menos assim: “violência é tudo aquilo que fere, destrói, agride ou machuca as

pessoas, ações que não preservam a vida ou prejudicam o bem estar tanto individual quanto

coletivo”.

Tipos de violência:

- física ou psicológica; intencional ou não intencional; macro ou micro.

E a não-violência?

De modo geral, a violência tem quase sempre resultados negativos e por causa disso, nos

acostumamos com a noção de que para sermos pacíficos temos sempre que evitar conflitos,

ser passivo, etc. Com isso, entendemos qualquer atitude mais contundente ou enérgica como

um ato de violência.

Para ampliar um pouco nosso entendimento sobre cultura da paz, é necessário elucidar o

conceito de não violência, que carrega a noção de não passividade e das soluções pacíficas na

resolução de conflitos. A não-violência não nega ou reprime os conflitos, pois os entende como

parte natural de nossas vidas. Não há como negar sua existência.

O termo não violência significa o uso da não-violência em qualquer esfera de nossas vidas:

física, verbal ou mental, busca o fortalecimento pessoal e social e não a negação da raiva ou de

qualquer outro sentimento. A não-violência visa canalizar energia (agressividade) para coisas

construtivas, que garantam o respeito entre os indivíduos.


26
No entanto, por mais paradoxal que pareça, uma sociedade para ser pacífica e não violenta,

sempre utiliza de métodos que podem ser facilmente sentidos como violentos pelos indivíduos

que os sofrem.

A educação é um exemplo disso. Os indivíduos que estão passando pelo processo educativo e

de socialização sentem que estão sendo privados de seus direitos de fazerem o que querem na

hora que querem e isso é bastante sentido como algo violento, que coíbe, que cerceia. Mas sem

essas restrições a sociedade certamente estaria ameaçada e a não-violência seria impossível.

Esses processos educativos e socializadores, apesar de imprescindíveis aos seres humanos

podem ter resultados ruins quando mal administrados ou quando se abusa dos recursos

disponíveis na sociedade para sua efetivação.

Os efeitos são bons e legítimos quando servem para organizar, impor limites, educar,

possibilitar o convívio em sociedade. Segundo Norbert Elias (1999), “para que os indivíduos

consigam se adequar às sociedades mais complexas é necessário um grande esforço, para além

do autocontrole consciente. Assim, a própria sociedade acaba por criar uma espécie de

coerção que visa prevenir transgressões do comportamento socialmente aceitável, através do

medo, do hábito..., da lei.” A Educação é vista como algo bom, no entanto usa de vários

recursos sentidos como violentos para ser efetiva: coerção, imposição, restrição, etc.

A educação e a socialização diminuem a emergência da violência no comportamento humano,

que usualmente é minimizada em prol da preservação da espécie. Os processos coercitivos

adotados pela sociedade (educação, religião), bem como já falou ELIAS, são responsáveis por

reprimirem muitas das atitudes violentas dos seres humanos (pedir exemplos: perguntar que

tipo de violência seriam capazes de cometer se não houvesse nenhum tipo de restrição)

Dar exemplos: homicídio, mutilações, etc.

Mas os efeitos da socialização podem ser negativos quando desagregam, corroem, geram mais

violência, excluem, fragilizam, humilham, etc... (pedir para turma dar exemplos)

Agressividade x Violência

Conceito de agressividade (apostila ONG): do latim AD (para frente) mais GRADIOR

(movimento), ou seja movimento para frente. O que caracteriza a palavra é a ação e não os

seus propósitos. Esses propósitos poderia ser usados para coisas construtivas ou para coisas
27
destrutivas. Dar exemplos.

Por que então é tão comum associarmos agressividade coma palavra violência. Porque a

agressividade é imprescindível em qualquer ato de violência. Segundo Osório (2000), violência

seria então a agressividade com fins destrutivos. Segundo Lacan (1998), “a agressividade

intencional (violência) corrói, mina, desagrega, castra, ela conduz à morte.”

“A violência é o emprego da agressividade com fins destrutivos. Pode ser voluntário,

deliberado, racional e consciente, ou pode ser inconsciente, involuntário e irracional.”

(Costa, 1986)

Quais as causas da violência?

Ela pode ter várias causas, vamos nos ater aqui, a algumas causas psicológicas e sociológicas.

Psicológicas

Privações de afeto e perdas. Segundo Winnicott, podem obstruir os processos de socialização,

problemas durante o desenvolvimento e na formação das estruturas de personalidade,

humilhações e frustrações, severas ou não dependendo da pessoa, busca da autoridade

(alguém ou algo que coloque limites), excesso de rigor e autoritarismo, restrição das

possibilidades de diálogo e negociação, enfraquecimento do processo de identificação, que faz

com que você enxergue o outro como igual, com os mesmos direitos e necessidades e

enfraquecimento da alteridade, que faz com que você enxergue o outro como diferente de

você e com necessidades diferentes das suas.

Dar exemplos e sempre que possível relacionar com a realidade escolar.

Sociológicas

Preconceitos de gênero, raça, crença, crenças fundamentalistas, desigualdade social e má

distribuição de renda, exclusão social, processos de opressão das massas, falta de coesão

social, (para Durkheim, os indicadores do índice de coesão social são o suicídio, o crime e as

toxicomanias. Para ele, é bom que os atos que ofendem as regras de convívio social não sejam

tolerados, pois esses atos afrouxam o elo social.), processos culturais que intensificam o

individualismo, a crise moral (moral aqui não tem a ver com certo ou errado mas com coesão

social) e de autoridade das instituições responsáveis pelo controle social: escola, tribunais,

prisões, etc., impunidade, discriminação, corrupção, tratamento discriminatório da população


28
mais pobre, interesses políticos e econômicos (ex: guerra dos EUA x Iraque), entre outros.

BIOLOGICISMO (“pau que nasce torto morre torto” ou “o que é bom já nasce feito”)

Há ainda, correntes, mesmo dentro das Ciências Humanas que atribuem comportamentos

violentos à causas genéticas (hormônios, formações cerebrais diferenciadas, etc...) ou

atávicas, como é o caso de KONRAD LORENZ, DESMOND MORRIS, ROBERT ARDREY, ETC.

Segundo ASHLEY MONTANGU, as medidas que buscam soluções dependem da posição

que adotamos frente à questão da violência (genética ou adquirida pela cultura).

As diferenças vão aparecer em atitudes e práticas que ocorrem no dia-a-dia das pessoas, na

forma como são tratadas na escola, na vida familiar, nos tribunais, nas prisões, nos serviços

sociais de todos os tipos, nos esforços para equilibrar populações e recursos.

Se somos violentos por natureza, estamos perdendo um tempo precioso tentando ensinar as

pessoas a pensar, a relativizar, buscando reabilitar criminosos, ajudando quem tem

dificuldades, querendo melhorar a saúde mental dos seres humanos.

Deveríamos pensar em formas de descarregar a violência, canalizá-la.

Com qual destas teorias você se sente mais confortável, os comportamentos violentos são

geneticamente adquiridos ou culturalmente desenvolvidos?

Pedir para que se dividam em 5 grupos e cada grupo escreve argumentos defendendo sua

posição.

Após cada grupo falar de seu posicionamento, explicar que embora sejam realizadas muitas

pesquisas nesta área, tentando provar que o comportamento violento pode ser encontrado num

gene, não foi possível provar cientificamente isso. Desta forma, qualquer afirmativa neste

sentido está totalmente isenta de dados científicos e fica muito mais pautada em crenças

pessoais.

E na escola:

Como é a violência?
29
Em que situações ela acontece e por quê?

O que fazer para minimizar o problema?

Primeiramente, é necessário entender que a escola não é uma cápsula isolada e protegida da

sociedade e todas as questões relacionadas com a violência que falamos até aqui valem para a

escola também.

Ao contrário do que se pensa, a violência na escola não pode ser avaliada por casos

isolados de alunos e profissionais com problemas mais sérios de comportamento, que envolvam

questões familiares e de desenvolvimento. Abordaremos aqui questões mais relativas à

violência corriqueira e cotidiana do ambiente escolar.

Pesquisas realizadas pelo PNV (Projeto Não-Violência) nas escolas por ele atendidas têm

mostrado que a grande maioria dos alunos e profissionais não são habitualmente violentos e

nem tampouco convivem em um ambiente desestruturado ou violento. No entanto, muitas

vezes acabam manifestando algumas atitudes violentas na escola. O que acontece na escola

que favorece ou propicia comportamentos violentos?

Estudiosos do tema apontam a escola como um local complexo, palco de várias mudanças

sociais e muitas vezes confuso acerca de seu papel. Em meio a tudo isso, aparecem situações

que quando não causam a violência, agravam o problema. Podemos apontar alguns mais

freqüentes:

Profissionais com discurso bastante repetido e do senso comum. Discursos que

se repetem apesar das pesquisas apontarem o contrário. Isso desvia o foco do problema e

impede o aparecimento de boas soluções.

Problemas de gestão e de liderança

Falta de integração e entrosamento dentro da equipe diretora

Falta de organização e planejamento: não se estabelece prioridades, não se dá

continuidade ao que foi planejado e não se cumprem os combinados.

Aulas ruins, sem criatividade, sem exemplos que estabeleçam a relação entre o

conteúdo dado e o cotidiano do aluno

Questões pessoais colocadas acima de questões profissionais

Falta de comprometimento com o trabalho: faltas, não participação das

atividades, etc.
30
Falta de capacitação dos profissionais para lidar com conflitos

Falta de clareza acerca do papel da escola e da família

Querer que crianças e adolescentes comportem-se como adultos

Problemas de comunicação

Preocupação excessiva com o conteúdo

Falta de exemplos dos adultos

Ação policialesca com os alunos

Tudo isso acaba gerando:

Profissionais desgastados, estressados, desmotivados e mal humorados

Alunos indisciplinados

Perda da autoridade

Alunos com dificuldades de aprender

Ambiente tumultuado

Afastamento das famílias

Muitas situações emergenciais as quais a escola não está preparada para resolver

Mal entendidos, fofocas e ineficiência

Não assunção das responsabilidades

Possíveis soluções

Fortalecer as lideranças da escola

Integrar equipe pedagógica e corpo docente

Criar um sistema eficiente de comunicação

Estabelecer um planejamento eficaz e um contrato de regras que seja cumprido e

cobrado com firmeza

Promover trabalhos em equipe dentro do corpo docente

Ter espaços para compartilhar angústias e ter apoio na busca de soluções

Capacitar profissionais para lidar com comportamentos para além do conteúdo

Incentivar alunos a serem mais ativos nas atividades escolares. Assim serão mais

responsáveis e desenvolverão maior autonomia

O que vale para aluno vale para todos os profissionais. As regras são iguais para todos.

O não cumprimento das regras pelos profissionais implica no não cumprimento pelos alunos.
31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2 - CONTE. M. Os Efeitos da Modernidade: Consumo de Álcool, Drogas e Ilusões. Revista da

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3 - COSTA, J.F. Violência e Psicanálise. Rio de Janeiro. Edições Graal.1986.

4 - COSTA, A. M. M. Três Registros sobre a Violência. Revista da Associação

Psicanalítica de Porto Alegre.1995.Ano VI, nº.12.

5 - D´AMBROSIO, U. A Cultura da Paz Começa na Escola. Revista Nova Escola.

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8 - FERREIRA, C. A. M. Agressividade é Assunto Seu. Revista Nova Escola.

9 - FREUD, S. Obras Completas de S. Freud. Ed. Standard Brasileira. Rio de Janeiro:

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10 - GUIMARÃES, A. e GOMIDE, H. O Criador da Sociologia da Educação. Revista Nova

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Psicanalítica de Porto Alegre. 1995. Ano VI, nº.12.

11 - KUPFER, M.C.M. Violência da Educação, Violência na Educação. Revista da Associação

Psicanalítica de Curitiba. 1997, Ano I, nº.1

12 - LACAN, J. Os Escritos: A Agressividade em Psicanálise (1948). Rio de Janeiro. Jorge

Zahar Ed. 1998.

13 - OSÓRIO, L.C. Violência na Contemporaneidade: Uma Abordagem Bio-psico-social.

In ARRIETA, G.A et al. A Violência na Escola. Canoas. Editora Ulbra, 2000.

14 - SILVA, L.A .M. Criminalidade Violenta: Por uma Nova Perspectiva de Análise. In:

Revista de Sociologia Política, nº 13, Nov. 1999. Curitiba.

15 - WINNICOT, D. W. Privação e Delinqüência. São Paulo. Editora Martins Fontes, 1999.

http://www.naoviolencia.org.br
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34

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