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Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais

PJe - Processo Judicial Eletrônico

09/02/2022

Número: 5013984-18.2018.8.13.0027
Classe: [CÍVEL] PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 5ª Vara Cível da Comarca de Betim
Última distribuição : 27/07/2018
Valor da causa: R$ 214.937,75
Assuntos: Indenização por Dano Moral, Indenização por Dano Material, Condomínio em Edifício,
Indenização por Dano Moral, Indenização por Dano Material, Produto Impróprio
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
RESIDENCIAL IDEALE RESIDENCE ANGOLA (AUTOR)
FRANCISCO TRINDADE VELOSO (ADVOGADO)
LUCIENE CRISTINA TEIXEIRA (ADVOGADO)
ROSARIO EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA
(RÉU/RÉ)
GIL VIEIRA DE CARVALHO NETO (ADVOGADO)
CONSTRUTORA MARKA LTDA (RÉU/RÉ)
GIL VIEIRA DE CARVALHO NETO (ADVOGADO)

Outros participantes
CONDOMINIO RESIDENCIAL ESPANHA (TERCEIRO
INTERESSADO)
Documentos
Id. Data da Assinatura Documento Tipo
8202828056 07/02/2022 17:14 Laudo Técnico Pericial-1-24 Laudo Pericial
LAUDO TÉCNICO
PERICIAL

Processo: 5013984-18.2018.8.13.0027
Autor(es): Condomínio Ideale Residence Angola
Réu(s): Rosário Empreendimentos Imobiliários Ltda &
Construtora Marka Ltda
Ação: Indenização por danos morais e materiais cumulada com
Obrigação de fazer

5ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE BETIM/MG

Número do documento: 22020717140485900008199495425


https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22020717140485900008199495425
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SUMÁRIO
Interessado ......................................................................................................... 2
Introdução/Objetivo .......................................................................................... 2
Informações adicionais ...................................................................................... 4
O trabalho Pericial ............................................................................................ 5
Identificação do imóvel objeto da lide ............................................................. 6
Da vistoria .......................................................................................................... 8
Análise pericial................................................................................................... 8
Análise dos vícios alegados ............................................................................. 11
1) Fachadas ..................................................................................................... 13
2) Telhados ..................................................................................................... 31
3) Muros de divisa .......................................................................................... 52
4) Gradis e guarda corpo ................................................................................ 67
5) Reservatório inferior – Bloco 02 ................................................................ 75
6) Reservatório superior – Bloco 01 ............................................................. 107
7) Reservatório superior – Bloco 02 ............................................................. 113
8) Área comum – Bloco 01 .......................................................................... 122
9) Área comum – Bloco 02 .......................................................................... 136
10) Antena ...................................................................................................... 143
11) Estacionamento ........................................................................................ 151
12) Quadra de esportes ................................................................................... 165
13) Passeio ...................................................................................................... 167
14) Espaço de convivência ............................................................................. 170
15) Jardins ...................................................................................................... 174
16) Geral ......................................................................................................... 185
17) Guarita ...................................................................................................... 204
Colapso do talude de fundos do imóvel ....................................................... 211
Resposta aos quesitos .................................................................................... 227
Conclusão ....................................................................................................... 271
Condições e limitações ................................................................................... 274
Declaração de conformidade com o código de ética ................................... 274
Encerramento ................................................................................................ 275
ANEXO I – Nota Fiscal do serviço de bombeamento de esgoto ................ 276

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INTERESSADO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 5ª Vara Cível da Comarca de


Betim/MG.

INTRODUÇÃO/OBJETIVO

CONDOMÍNIO IDEALE RESIDENCE ANGOLA, Pessoa Jurídica de Direito


Privado, registrada no CNPJ sob o nº 20.401.517/0001-08, localizado na Rua do Rosário, nº
2.260, Bairro Angola, na cidade de Betim/MG, CEP 32.604-498, tendo por Representante
Legal GISELE CRISTINA RODRIGUES, brasileira, solteira, Síndica, portadora da
carteira de identidade nº MG-12.196.041, expedida pela Secretaria de Estado de Segurança
Pública de Minas Gerais, inscrita no CPF sob o nº 060.519.836-51, propôs a AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS POR VÍCIOS
CONSTRUTIVOS CUMULADA COM OBRIGAÇÃO DE FAZER em face de
ROSÁRIO EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA, Pessoa Jurídica de Direito
Privado, inscrita no CNPJ sob o nº 11.968.900/0001-43, por seu Representante Legal, com
sede na Rua Maria Alves, nº 12, sala 704, Bairro Carmo Sion, na cidade de Belo
Horizonte/MG, CEP 30.310-070, e; CONSTRUTORA MARKA LTDA, Pessoa Jurídica
de Direito Privado, inscrita no CNPJ sob o nº 03.058.991/0001-51, por seu Representante
Legal, com sede na Rua Maria Alves, nº 12, sala 704, Bairro Carmo Sion, na cidade de Belo
Horizonte/MG, CEP 30.310-070, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

Informam os procuradores da parte Autora – ID 48148336 – que “as Requeridas


construíram, em sistema de parceria e incorporação, o Condomínio denominado
“CONDOMINIO IDEALE RESIDENCE ANGOLA”, localizado na Rua do Rosário, nº
2.260, Bairro Angola, na cidade de Betim/MG, CEP 32.604-498” e que, “embora tenha
obtido o “habite-se” e aprovação dos respectivos órgãos competentes, foi concluída com a
existência de inúmeros vícios construtivos, todos informados às Requeridas, por meio de
telefonemas e e-mails, sem solução contudo”.

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Informam ainda que “Tais situações levaram o condomínio, ora parte Autora a
contratar uma empresa de engenharia especializada, a qual esteve no local dos prédios, e
identificou todos os problemas técnicos-construtivos, elaborando um relatório final.”

O referido Relatório Final encontra-se anexado à petição inicial – ID 48204606 – e


aponta as patologias identificadas por responsável técnico no imóvel objeto da lide à época
da vistoria realizada, em novembro de 2017.

Em contestação – ID 74557062 – alegam os procuradores das Requeridas que “Os


vícios apontados na petição inicial ou já foram sanados ou decorrem de mau uso do
imóvel”, e que, “o Habite-se do empreendimento foi expedido em 08/05/2014 e, no momento
da constituição do condomínio, o manual do proprietário foi entregue ao síndico, bem como
foi dada cópia do manual, em mãos, a cada um dos proprietários quando feita a vistoria e
entrega das chaves de cada apartamento”.

Afirmam ainda que “(...) ao receber o manual do proprietário, o condomínio ficou


ciente de sua obrigação de zelar pela integridade e conservação do empreendimento,
conforme TERMO DE RESPONSABILIDADE constante do item 9 do manual anexo e nada
fez para cumprir com sua obrigação, gerando a excludente de responsabilidade de culpa
exclusiva do consumidor pelo suposto dano”

Por último, afirmam que “alguns reparos informados pelo condomínio fatalmente
não decorrem de vícios de construção, mas de reparos normais ao longo do uso durante os
anos”, que “o condomínio fez também diversas obras voluptuárias e acrescentaram itens
que não constam do projeto original e pretende incluí-las como vícios construtivos”, e que,
portanto, “tais obras inviabilizam a produção de prova pericial em contraditório para
verificar o que foi alterado e impossibilitam aferir se realmente se tratavam de vícios
construtivos ou eram apenas problemas decorrentes da falta de manutenção do condomínio
ou ainda se seriam frutos de alguma intervenção feita por um dos moradores.”

A parte autora requereu a produção de prova pericial embasada no laudo já juntado


aos autos – ID 79801816.

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A parte Ré requereu a produção de prova pericial de engenharia “para demonstrar
que não há vícios de construção no empreendimento, eventual vício de construção anterior
já foi devidamente reparado, muitos dos problemas alegados decorrem de mau uso e falta
de manutenção do condomínio e que muitos dos reparos feitos pelo condomínio se tratam
de melhorias” – ID 79174867.

O Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 5ª Vara Cível da Comarca de


Betim, deferiu a produção de prova pericial com consequente nomeação deste perito,
conforme Decisão – ID 81727175.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

Informamos que a vistoria pericial foi realizada nas datas de 10/12/2020 às 10:00hs,
e 19/02/2021 às 08:00hs, no imóvel objeto da lide.

Compareceram à vistoria:
• Dra. Luciene Cristina Teixeira – Procuradora da parte Autora;
• Dra. Sara Elaine Alves – Assistente Técnica da parte Autora;
• Sra. Gisele Cristina Rodrigues – Síndica do Condomínio Ideale Residence
Angola;
• Sra. Virgínia – Moradora do Condomínio Ideale Residence Angola;
• Dra. Natália Costa Ribeiro – Procuradora da parte Ré;
• Dr. Marcelo Guimarães Caldas – Assistente Técnico da parte Ré;
• Dr. Juliano de Noronha Graça – Assistente técnico e representante da parte Ré.

Acrescentamos que, em atendimento ao §2º do Art. 466 do Novo Código de Processo


Civil, a data, horário e localização da vistoria pericial foram informados, conforme petição
anexada aos autos - ID 1030564847 e ID 2218636541.

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O TRABALHO PERICIAL

O trabalho pericial constou de:

• Estudo e analise dos autos;


• Vistorias periciais no imóvel objeto da lide;
• Registro fotográfico das patologias identificadas;
• Análise da causa e origem das patologias identificadas;
• Respostas aos quesitos apresentados;
• Elaboração do Laudo Técnico Pericial.

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IDENTIFICAÇÃO DO IMÓVEL OBJETO DA LIDE

O imóvel objeto da lide trata-se de um condomínio residencial composto por dois


blocos, localizado à Rua do Rosário, 2260, bairro Angola, na cidade de Betim/MG, CEP
32.604-498, com área construída total de 4.712,10m², vide Certidão de Habite-se e Baixa de
Construção – ID 74557065.

Ainda conforme a referida Certidão de Habite-se e Baixa de Construção, a aprovação


do projeto do empreendimento junto à municipalidade se deu em 21/07/2011, e a baixa de
construção se deu na data de 08/05/2014.

O empreendimento é composto por dois blocos totalizando 84 (oitenta e quatro)


apartamentos; área de estacionamento com 84 (oitenta e quatro) vagas; área comum de lazer
com quadra gramada, churrasqueira, playground e sanitários; e portaria.

O bloco 01 possui com 32 (trinta e duas) unidades privativas distribuídas conforme


segue:
• Pavimento de sub-solo: 4 unidades privativas, hall, circulação, escada e previsão de
elevador coletivo;
• 1º ao 3º pavimento: 8 unidades privativas por pavimento, hall, circulação, escada e
previsão de elevador coletivo;
• 4º pavimento: 4 unidades privativas, hall, circulação, escada, previsão de elevador
coletivo, e caixa d’água.

O bloco 02 possui com 52 (trinta e duas) unidades privativas distribuídas conforme


segue:
• Pavimento de sub-solo: 4 unidades privativas, hall, circulação, escada e elevador
coletivo;
• 1º ao 6º pavimento: 8 unidades privativas por pavimento, hall, circulação, escada e
elevador coletivo;
• 7º pavimento: cobertura das 8 unidades privativas do 6º pavimento, hall, circulação,
escada e elevador coletivo, casa de máquinas e caixa d’água.

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Condomínio Ideale Residence Angola

Bloco 01
Bloco 02

Figura 1 - Vista de satélite do Condomínio Ideale Residence Angola.

Bloco 01

Bloco 02

Figura 2 - Vista do Condomínio Ideale Residence Angola.

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DA VISTORIA

A parte autora requereu a produção de prova pericial embasada no laudo já juntado


aos autos – ID 79801816.

A parte Ré requereu a produção de prova pericial de engenharia “para demonstrar


que não há vícios de construção no empreendimento, eventual vício de construção anterior
já foi devidamente reparado, muitos dos problemas alegados decorrem de mau uso e falta
de manutenção do condomínio e que muitos dos reparos feitos pelo condomínio se tratam
de melhorias” – ID 79174867.

Procedemos, portanto, à vistoria pericial no imóvel objeto da lide, a fim de verificar


as patologias apontadas no Relatório Técnico que acompanha a peça exordial. Conforme
verifica-se no referido Relatório Técnico, foram identificadas patologias localizadas
exclusivamente nas áreas comuns do condomínio, não fazendo parte deste trabalho pericial,
a análise de possíveis vícios existentes em unidades autônomas.

ANÁLISE PERICIAL

A parte Autora, através de seus procuradores, embasado por Relatório Técnico,


apresentou uma série de patologias e irregularidades nas áreas comuns do Condomínio
Ideale Residence Angola, ao qual, atribui responsabilidade à construtora e incorporadora do
empreendimento por entender tratarem-se de vícios construtivos.

Os vícios são definidos pela norma ABNT NBR 13.752:1996 como:

“3.75 Vícios
Anomalias que afetam o desempenho de produtos ou serviços, ou
os tornam inadequados aos fins a que se destinam, causando
transtornos ou prejuízos materiais ao consumidor. Podem decorrer
de falha de projeto ou de execução, ou ainda da informação
defeituosa sobre sua utilização ou manutenção.”

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Conforme definição normativa, a origem de um vício pode estar atrelada a falhas
durante a fase de projeto, erros durante a fase de execução da obra, ou ainda, ausência de
informações ou informações defeituosas na elaboração do manual de uso, operação e
manutenção. Portanto, conforme definição normativa, os vícios se referem às anomalias
cujo as causas estão atreladas ao fornecedor, neste caso, construtor e/ou incorporador.

Entretanto, as edificações podem ainda apresentar anomalias e manifestações


patológicas, cuja a causa indique que a origem da anomalia se deu por uso e/ou operação
inadequados da edificação, ou ainda, ausência ou procedimentos inadequados de
manutenção, em desconformidade com o que preconiza o manual de uso, operação e
manutenção da edificação.

A engenharia diagnóstica tem por objetivo a identificação das manifestações


patológicas para determinação da provável causa e origem, ou seja, se é decorrente de vício
construtivo, ou do uso, operação e manutenção incorretos da edificação.

A figura a seguir indica as possíveis origens dos vícios identificados em uma


edificação, e a fase em que se originaram. Cabe esclarece que, os vícios oriundos de
informações incorretas e/ou insuficientes quanto ao Uso, Operação e Manutenção da
edificação, decorrem do processo de elaboração do Manual da edificação, que compreende
o período entre a concepção do empreendimento, e sua efetiva conclusão e entrega.

Concepção do Conclusão das


Início das obras Uso da edificação
empreendimento obras
TEMPO

Falha de projeto Falha de execução Desobediência às recomendações do manual


da edificação quanto ao Uso, Operação e
Informações incorretas e/ou insuficientes Manutenção
quanto ao Uso, Operação e Manutenção

Figura 3 - Origem das patologias.

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Conforme Paulo Roberto do Lago Helene, um diagnóstico adequado de patologias
procura indicar em qual etapa do ciclo de vida da edificação teve origem o fenômeno que
desencadeou o problema.

É objetivo deste trabalho pericial, portanto, buscar identificar a origem das patologias
identificadas no imóvel objeto da lide, a partir da vistoria realizada in loco, relatos,
documentação disponível nos autos e fornecida pelas partes a este perito.

Buscamos, para cada patologia constatada, indicar a provável causa, e indicar se a


origem da patologia decorre de:

• Vício construtivo: contempla os vícios de projeto e execução, e ainda,


ausência ou informação deficiente quanto ao uso, operação e manutenção da
edificação.
• Uso, operação ou manutenção incorretos: contempla os vícios originários
da inobservância ou negligenciamento do que preconiza o manual do
proprietário, quanto ao uso, operação e manutenção da edificação.

Importante esclarecer que, a parte Autora alega não ter recebido o Manual do
Proprietário, relativo às áreas comuns do condomínio. Não constam nos autos ou foram
fornecidas a este perito, documentação comprobatória da entrega do referido manual ao
primeiro síndico do condomínio, conforme preconiza a norma pertinente NBR 14.037.

Informamos, entretanto, que o Manual do Proprietário, relativo às áreas


comuns do condomínio objeto da lide foi juntado aos autos – ID 74557063. A
comprovação da efetiva entrega do Manual trata-se de prova documental.

A norma ABNT NBR 14.037 estabelece em seu item 7.3 que:

“Em edificações condominiais devem ser entregues b) um exemplar do


Manual específico às áreas e equipamentos comum ao síndico
administrador do condomínio, incluindo o conjunto completo de projetos
e discriminações técnicas previsto em 6.1-e).”

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ANÁLISE DOS VÍCIOS ALEGADOS

Procedemos à vistoria no imóvel objeto da lide para verificação das patologias


apontadas na inicial dos autos pela Requerente - através do Relatório Técnico apresentado
(ID 48204606) - e identificação da causa e origem das patologias. O roll de patologias foi
organizado por área ou sistema onde se manifestaram, conforme segue:

1. Fachadas
2. Telhados
3. Muros de divisa
4. Gradis e guarda-corpos
5. Reservatório inferior – Bloco 02
6. Reservatório superior – Bloco 01
7. Reservatório superior – Bloco 02
8. Circulação – Bloco 01
9. Circulação – Bloco 02
10. Antena
11. Estacionamento
12. Quadra de esportes
13. Passeio
14. Espaço de convivência
15. Jardins
16. Geral
17. Guarita

O quadro a seguir, apresenta, em resumo, as patologias apontadas; a verificação da


existência da patologia apontada; e a sua origem, se decorre de vício construtivo, ou
patologia oriunda do uso, operação e/ou manutenção inadequados.

No item “verificação”, caso conste “ok”, está constatada a confirmação de


existência da patologia. Caso conste “X”, a referida patologia reclamada não foi identificada.
E caso conste “Prejudicado”, não foi possível a verificação da existência da patologia.

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1) FACHADAS

Síntese das patologias conforme Relatório Técnico

a) “Apresentam vários pontos de infiltração, com desplacamento do revestimento”


(ID 48206708 – Pág.1);

b) “(..) trincas verticais e horizontais provenientes da movimentação estrutural.”


(ID 48206708 – Pág.1)

Síntese e origem das patologias observados durante a vistoria pericial

a) Pontos de infiltração com desplacamento do revestimento

Constatamos durante a vistoria pericial que a fachada dos dois blocos do condomínio
objeto da lide são revestidas com pintura texturizada. Foram identificadas patologias no
revestimento em duas regiões diferentes das fachadas do bloco 01 do condomínio objeto da
lide:

• Na região da platibanda do edifício;


• Na base da parede do pavimento térreo;

Referente ao desplacamento do revestimento, a patologia observada é causada por


umidade excessiva no substrato do elemento revestido, que causa o desagregamento entre a
camada de pintura e o substrato (reboco/emboço). Esta região de desagregamento, com o
tempo, se rompe e desprende-se da pintura que continua aderida ao substrato, dando origem
ao desplacamento do revestimento.

A causa de cada manifestação patológica identificada difere-se em função da região


onde este se manifesta, conforme veremos a seguir.

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Platibanda

O Relatório Técnico apresentado pela autora na inicial dos autos apresenta a referida
patologia em três pontos do bloco 01. A Foto 001 apresenta a patologia sobre a janela da
sala do apartamento 403; a Foto 002 apresenta a ocorrência da patologia sobre a janela do
quarto do apartamento 305 e a Foto 007 apresenta a patologia na parede lateral do banheiro
do apartamento 402.

Informamos inicialmente que, não constatamos a referida patologia apresentada na


Foto 002, sobre a janela do quarto do apartamento 305, conforme veremos a seguir. A
fachada encontra-se integra nesta região.

Figura 4 - Reprodução da Foto 002 do Relatório Técnico.

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Figura 5 - Vista da fachada na região da alegada patologia apresentada pela Foto 002.

Referente às patologias apresentadas pelas fotos 001 e 007, as mesmas foram


identificadas durante a vistoria pericial. A análise quanto à causa e origem, serão
apresentadas a seguir.

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Figura 6 - Reprodução da Foto 001 do Relatório Técnico apresentado pela Autora.

Figura 7 - Vista da patologia apresentada pela Foto 001 do Relatório Técnico.

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Figura 8 - Reprodução da Foto 005 do Relatório Técnico.

Figura 9 - Vista da patologia apontada pela Foto 007 do Relatório Técnico.

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A provável causa do desplacamento do revestimento está associado à infiltração de
águas pluviais através das calhas e rufos do sistema de telhado, permitindo a percolação e
acúmulo de água na região da interseção entre a laje de cobertura e a platibanda. A água
acumulada infiltra-se na região de interseção laje/platibanda, conferindo umidade à face
externa da platibanda (fachada), e causando a patologia observada.

Região da Região de acúmulo


manifestação de água
patológica

Figura 10 - Desenho esquemático de cobertura com sistema de platibanda.

Conforme imagens obtidas através da ferramenta StreetView do GoogleMaps, que


apresentam as vistas das fachadas do bloco 01 nas datas de outubro/2015; maio/2017 e
agosto/2017, há indícios de que a patologia se manifestou em data posterior a maio/2017,
pois, aparentemente, não se observa danos ao revestimento de fachada nas vistas de outubro
de 2015 e maio de 2017. Ou seja, a patologia, aparentemente, se manifestou após 3 (três)
anos da entrega do imóvel – ocorrida em maio/2014.

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Figura 11 - Vistas da fachada na região da patologia apresentada pela Foto 001. Fonte: Street View.

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Figura 12 - Vistas da fachada na região da patologia apresentada pela Foto 007. Fonte: Street View.

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Portanto, considerando que a manifestação patológica se deu somente 3 (três) anos
após a conclusão da obra, tendo a edificação experimentado diversos períodos chuvosos sem
sofrer avarias naquele ponto, aduzimos que a provável causa na falha de estanqueidade das
calhas do sistema de telhado naquele ponto, foi a falha de vedação do sistema de calha, na
região de encontro entre as emendas das calha, como na região de interface entre calha e
alvenaria, tratando-se, portanto, de uma patologia originada por falha no procedimento
de manutenção.

Base da parede no pavimento térreo

Figura 13 - Vista das patologias no revestimento localizado na base do muro do bloco 01.

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Figura 14 - Vista da patologia localizada na base da parede do 1º pavimento do bloco 01.

Figura 15 - Vista da patologia localizada na base da parede do 1º pavimento do bloco 01.

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Figura 16 - Vista da patologia localizada na base da parede do 1º pavimento do bloco 01.

Figura 17 - Vista da base da parede da fachada frontal do bloco 01.

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