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Escola: Sistema

Professor ª: Claudia
Aluno: Ronaldo Ribeiro Moura Série: 8 ª Tarde

Fases e faces do Getulismo e do Lulismo

As maiores figuras políticas nacionais foram objeto de grande controvérsia em nosso


país, o que parece mais uma confirmação da cultura política ambivalente do Brasil.
Somos fadados à ausência de unanimidade política, o que em termos rodriguianos seria
sinal de inteligência.
O fato é que Getúlio Vargas nunca se livrou deste vaticínio.
Lembro-me de um debate promovido pela Folha de São Paulo em que se discutia a
herança de Vargas. Os expositores afirmavam que os empresários odiavam esta herança,
mas sabiam que sem ela não teriam sido nada do que haviam se tornado.
O mesmo debate marcado pela paixão envolve discussões acadêmicas sobre o getulismo.
É notório o debate acalorado travado entre historiadores uspianos que tiveram ligações
com o PCB, como Boris Fausto, e aqueles que gravitaram ao redor das correntes
trotskistas, como Edgar De Decca, da UNICAMP. Para Boris Fausto, Getúlio teria
inaugurado a industrialização e urbanização acelerada do Brasil, a partir de um
movimento político que, para este autor, continha os elementos de uma revolução. Esta
tese foi duramente questionada nos anos 80 pelos historiadores que tinham na UNICAMP
um bunker intelectual importante. Várias teses defendidas nesta universidade revelaram a
permanência do poder oligárquico durante as gestões getulistas, consolidando uma
articulação de interesses econômicos que teria nascido da transferência do acúmulo
comercial da venda do café para a industrialização nascente da região sudeste do país.
Em 1985, o INCRA, sob a direção de José Gomes da Silva (pai do ex-ministro da Fome
Zero), revelou o cadastro de imóveis rurais e confirmou os interesses diretos de grandes
empresas, incluindo vários bancos, na aquisição de terras. A terra, em tempos de inflação
galopante, havia se transformado em ativo financeiro. A aliança entre empresários da
indústria e da agricultura (que mais tarde daria lugar à agroindústria) revelava-se como
traço persistente de nossa economia política, para além da Era Vargas.
As divergências teóricas fomentam o “enigma getulismo” porque desconhecem que
Getúlio Vargas traduzia os desafios e iniciativas econômicas a partir da sua peculiar
leitura política. De uma habilidosa trama getulista, que oscilou entre o apoio aos países
do “Eixo” e a aliança com os EUA durante a II Guerra, nasceu grande parte da base da
indústria siderúrgica nacional.
Por aí podemos compreender as diversas fases do getulismo, incluindo as tentativas de
seus herdeiros diretos. O getulismo se refez, ao sabor dos ventos políticos. Mas havia um
núcleo conceitual em todas suas fases: a relação direta com as massas, o papel quase
onipresente do Estado Nacional (quase como um ator político específico, próximo da
organização e unidade partidária), o desenvolvimentismo, o amparo social sob sua tutela
explícita. Neste núcleo conceitual, a política destaca-se e sobrepuja a dimensão
econômica. Daí associarmos esta herança à habilidade, força, astúcia e dissimulação
política. E um forte traço autoritário, porque apoiado na autopromoção, como demiurgo
do desenvolvimento nacional.
De Getúlio aos dias de hoje, os governos federais que se sucederam caminharam na
direção contrária ao do getulismo: privilegiou a leitura econômica como filtro para as
ações políticas. Há, neste caso, uma tênue teia que relaciona os governos militares aos
governos Collor e FHC: a primazia do economicismo na ação estatal. Obviamente que
ocorreram os espetáculos políticos, em especial, no governo Collor. É evidente que se
diferenciaram pela convicção ideológica e pelo respeito às regras democráticas. Mas sua
identidade sempre foi a lógica de mercado, a nomenclatura econômica e certa
desestruturação do mundo político. Nessas gestões, disseminou-se uma
descaracterização da prática política como legítima e profissional. Pelo contrário, as
iniciativas políticas apareciam como um mal necessário ou tolerado. Os políticos
profissionais pareciam menos importantes que a tecnocracia e as penadas oriundas do
Estado. A justificativa básica da forte presença estatal teria sido a facilitação ou
orientação do desenvolvimento econômico. Ao mundo do mercado não haveria nada a
recriminar. A dimensão econômica, pelo contrário, só estaria arriscada a se distanciar de
sua pureza original se contaminada pela ação política. Este não teria sido o texto
subliminar (na sua versão oficial) do fim do milagre brasileiro, da corrosão das reformas
de Collor e da crise final do governo FHC?
Nestes termos, o lulismo parece se conformar como uma transição entre os dois mundos
e ideologias de Estado: do politicismo getulista ao economicismo de mercado.
Alegoricamente, esta transição parece ser a síntese entre as ações e ideologias de
Palocci e José Dirceu. Ambos parecem onipresentes no governo e nas manchetes de
jornais. Ambos parecem disputar eternamente entre si. Entretanto, o lulismo é justamente
a síntese das duas correntes do petismo governista. E parece que o “enigma lulismo”
reside no ajuste irregular entre suas duas faces.
Comecemos pela face economicista, materializada no Ministério da Fazenda. Este
Ministério possui um perfil bem definido. As duas âncoras do Ministério, Marcos Lisboa
(Secretário de Política Econômica) e Joaquim Levy (Secretário do Tesouro Nacional),
apóiam-se num documento divulgado na parte final da campanha eleitoral de 2002,
intitulado “Agenda Perdida”. O documento, onde figurava como colaboradora parte
significativa de economistas da PUC-RJ que havia contribuído com o governo FHC,
parecia atualizar a agenda econômica do então governo federal. Nos dois anos seguintes,
esta agenda foi detalhada. Foi o que ocorreu recentemente, quando do anúncio da
“Agenda de Crescimento”, elaborada pelo Ministério da Fazenda. No seu capítulo
“objetivos da política econômica de 2003”, são destacados os seis itens que
caracterizaram a ação governamental no período:
• Reverter à aceleração inflacionária;
• Reduzir as taxas reais de juros de mercado;
• Assegurar a solvência externa;
• Alongar a dívida pública;
• Garantir a sustentabilidade das contas públicas;
• Assentar as bases do crescimento em 2004-2007.
A política social do governo, que parece ausente nessas diretrizes, chegou a ser citada
em outros documentos do Ministério. Mas é perceptível a ausência de identidade com o
discurso desenvolvimentista, restringindo-se à tímida tentativa de cimentar as bases para
o crescimento nos próximos quatro anos. Nas políticas desenvolvimentistas, iniciadas no
período Vargas e desdobradas até os anos 70, o Estado possuía uma agenda detalhada.
Neste documento do Ministério da Fazenda, a ausência da agenda é substituída pela
construção das bases para o crescimento.
Voltemos ao tema das políticas sociais. É aqui que o viés economicista revela-se mais
nitidamente, como sugere Laura Soares. A proposta apresentada pelo Ministério da
Fazenda sustenta a necessidade da “focalização” das políticas sociais. Dois economistas
petistas refutaram publicamente esta tese: Maria Conceição Tavares e Márcio Pochmann.
Este último, Secretário Municipal de Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da cidade
de São Paulo, denominou a focalização de “inversão dos termos do debate”, porque
atribui aos gastos sociais a responsabilidade única pela redução da desigualdade social
brasileira. Para Pochmann, ao contrário, as causas da desigualdade residem na
financeirização da economia e à estrutura tributária regressiva. Outros economistas se
seguiram criticando a focalização por excluir famílias que estariam acima da linha de
pobreza, mas que vivem situação de precariedade e instabilidade, em especial, em países
com frágil estrutura de mercado de trabalho.
No outro pólo do lulismo estaria a ação política da Casa Civil. Ocorre que este pólo não se
apresenta publicamente com tanta nitidez como ocorre com os formuladores da política
econômica. Trata-se de um estilo quase pessoal. O trabalho de articulação política ocorre
preferencialmente nos bastidores da arena institucional. Raramente envolve como
interlocutores agentes políticos de movimentos sociais ou organizações de
representação civil. Os caciques partidários (de governadores à deputados e senadores)
são os interlocutores privilegiados do diálogo governamental. Assim, as tramas políticas
limitam-se à Corte, o que não deixa de ser surpreendente para este governo. Esperava-se
a ampliação, e até inovação, de espaços e interlocutores políticos do governo federal.
Lula nasceu para a política a partir desta imagem: representava os não institucionalizados
na política nacional, valorizando os espaços até então privados (do chão da fábrica às
ruas dos bairros de periferia) como locais da prática política civil. Parte da explicação
para este aparente paradoxo encontra-se no estilo do Chefe da Casa Civil. José Dirceu
manteve, ao longo de sua trajetória petista, um estilo que sempre privilegiou as jogadas
intestinas da burocracia partidária. Não se fez como liderança de órgãos de representação
de massa ou de movimentos sociais. Foi artífice da construção de uma poderosa máquina
partidária, consolidando um corpo administrativo ágil e fiel. Não por acaso, na medida em
que este corpo administrativo cresceu e se fortaleceu como instâncias de deliberação
foram minguando os originais instrumentos de tomada de decisão interna, que tinham na
militância organizada em núcleos e diretórios de base a novidade mais expressiva do
Partido dos Trabalhadores. As amplas alianças que foram conquistadas e construídas
por José Dirceu nos últimos anos – e que levaram Lula ao poder – concluem seu estilo e
projeto político.
Para os que conhecem a tradição da esquerda brasileira, este desempenho não chega a
ser uma novidade. Pelo contrário, faz parte da tradição marxista: burocracia partidária
forte e unificada, ao lado de amplas alianças entre classes que garantissem avanços
políticos gradativos.
A somatória desses dois lados da mesma moeda, embora inaugure uma possível
transição entre o getulismo e o economicismo dos últimos anos, confunde quase todos
analistas. Em certa medida, as duas posições parecem desencontrar-se freqüentemente.
Um pólo fortalece as iniciativas e agentes de mercado, instrumentalizando a política, de
onde emerge o desenho do Estado-facilitador. Outro pólo instrumentaliza os agentes de
mercado, fortalece a capacidade aglutinadora e dirigente do Estado e procura definir
avanços gradativos das forças de esquerda institucionalizadas. Os dois pólos parecem
reduzir ao máximo o discurso utópico. São extremamente realistas, portanto.
Daí sentirmos a sensação do lulismo ser mais fluido que o getulismo. O lulismo é, ainda,
um esboço, pouco definido. Não gera paixões arrebatadoras porque é difuso, insinua,
mas se contradiz no cotidiano de sua gestão. Por ser ainda um mosaico de intenções e
estilos, agrada e desagrada na mesma intensidade e se desgasta na falta de nitidez.
O getulismo, ao contrário, gerou paixões porque a sua face mais nítida era a política, a
capacidade dirigente do governo federal. Era ele que escolhia o momento de dialogar,
assim como decidia o interlocutor do momento. Era inovador e se arriscava
continuamente. Essas características, somadas às práticas autoritárias, alimentavam as
paixões desenfreadas. Seus seguidores sofreram a mesma sorte.
Meio século depois, a política brasileira necessita ser reinventada. Perdeu seu brilho nas últimas
décadas. E, no momento, ainda parece sentir-se presa a uma cultura tradicionalmente ambivalente.

Evolucionismo e teoria da evolução

A teoria da evolução, também chamada evolucionismo, afirma que as espécies animais e vegetais,
existentes na Terra, não são imutáveis.

Alguns pesquisadores afirmam que as espécies sofrem, ao longo das gerações, uma modificação
gradual que inclui a formação de novas raças e de novas espécies. Depois da sua divulgação, tal
teoria se transformou em fonte de controvérsia, não somente no campo científico, como também na
área ideológica e religiosa em todo o mundo.

Até o século XVIII, o mundo ocidental aceitava com muita naturalidade a doutrina do criacionismo.
De acordo com essa doutrina, cada espécie animal ou vegetal teria sido criada independentemente
por ato divino.

O pesquisador francês Jean-Baptiste Lamarck foi um dos primeiros a negar esse postulado e a
propor um mecanismo pelo qual a evolução se teria verificado. A partir da observação de que fatores
ambientais podem modificar certas características dos indivíduos, Lamarck imaginou que tais
modificações se transmitissem à prole: os filhos das pessoas que normalmente tomam muito sol já
nasceriam mais morenos do que os filhos dos que não tomam sol.
A necessidade de respirar na atmosfera teria feito aparecer pulmões nos peixes que começaram a
passar pequenos períodos fora d'água, o que teria permitido a seus descendentes viver em terra mais
tempo, fortalecendo os pulmões pelo exercício; as brânquias, cada vez menos utilizadas pelos peixes
pulmonados, terminaram por desaparecer.

Assim, o mecanismo de formação de uma nova espécie seria, em linhas gerais, o seguinte: alguns
indivíduos de uma espécie ancestral passavam a viver num ambiente diferente; o novo ambiente
criava necessidades que antes não existiam, as quais o organismo satisfazia desenvolvendo novas
características hereditárias; os portadores dessas características passavam a formar uma nova
espécie, diferente da primeira.

A doutrina de Lamarck foi publicada em Philosophie zoologique (1809; Filosofia zoológica), e teve,
como principal mérito, suscitar debates e pesquisas num campo que, até então, era domínio exclusivo
da filosofia e da religião. Estudos posteriores demonstraram que, apenas o primeiro postulado do
lamarckismo, estava correto; de fato, o ambiente provoca no indivíduo modificações adaptativas;
mas os caracteres assim adquiridos não se transmitem à prole.

Em 1859, Charles Darwin publicou The Origin of Species (A origem das espécies), livro de grande
impacto no meio científico que pôs em evidência o papel da seleção natural no mecanismo da
evolução. Darwin partiu da observação segundo a qual, dentro de uma espécie, os indivíduos diferem
uns dos outros. Há, portanto, na luta pela existência, uma competição entre indivíduos de
capacidades diversas. Os mais bem adaptados são os que deixam maior número de descendentes.

O darwinismo estava fundamentalmente correto, mas teve de ser complementado e, em alguns


aspectos, corrigido pelos evolucionistas do século XX para que se transformasse na sólida doutrina
evolucionista de hoje. As idéias de Darwin e seus contemporâneos sobre a origem das diferenças
individuais eram confusas ou erradas. Predominava o conceito lamarckista de que o ambiente faz
surgir nos indivíduos novos caracteres adaptativos, que se tornam hereditários.

Um dos primeiros a abordar experimentalmente a questão foi o biólogo alemão August Weismann,
ainda no século XIX. Tendo cortado, por várias gerações, os rabos de camundongos que usava como
reprodutores, mostrou que nem por isso os descendentes passavam a nascer com rabos menores.
Weismann estabeleceu também a distinção fundamental entre células germinais e células somáticas.

Origem das raças: As mutações, as recombinações gênicas, a seleção natural, as diferenças de


ambiente, os movimentos migratórios e o isolamento, tanto geográfico como reprodutivo, concorrem
para alterar a freqüência dos genes nas populações de animais e são, assim, os principais fatores da
evolução.

Duas raças geograficamente isoladas evoluem independentemente e se diversificam cada vez mais,
até que as diferenças nos órgãos reprodutores, ou nos instintos sexuais, ou no número de
cromossomos, sejam grandes a ponto de tornar o cruzamento entre elas impossível ou, quando
possível, produtor de prole estéril. Com isso, as duas raças transformam-se em espécies distintas, isto
é, populações incapazes de trocar genes. Daí por diante, mesmo que as barreiras venham a
desaparecer e as espécies passem a compartilhar o mesmo território, não haverá entre elas
cruzamentos viáveis. As duas espécies formarão, para sempre, unidades biológicas estanques, de
destinos evolutivos diferentes.

Se, entretanto, o isolamento geográfico entre duas raças é precário e desaparece depois de algum
tempo, o cruzamento entre elas tende a obliterar a diferenciação racial e elas se fundem numa
mesma espécie, monotípica, porém muito variável. É o que está acontecendo com a espécie humana,
cujas raças se diferenciaram enquanto as barreiras naturais eram muito difíceis de vencer e quase
chegaram ao ponto de formar espécies distintas; mas os meios de transporte, introduzidos pela
civilização, aperfeiçoaram-se antes que se estabelecessem mecanismos de isolamento reprodutivo que
tornassem o processo irreversível. Os cruzamentos inter-raciais tornaram-se freqüentes e a
humanidade está-se amalgamando numa espécie cada vez mais homogênea, mas com grandes
variações.

Populações que se intercruzam amplamente apresentam pequenas diferenças genéticas, mas as


populações isoladas por longo tempo desenvolvem diferenças consideráveis. Em teoria, raças são
populações de uma mesma espécie que diferem quanto à freqüência de genes, mesmo que essas
diferenças sejam pequenas. A divisão da humanidade em determinado número de raças é arbitrária;
o importante é reconhecer que a espécie humana, como as demais, está dividida em alguns grupos
raciais maiores que, por sua vez, se subdividem em raças menos distintas, e a subdivisão continua até
se chegar a populações que quase não apresentam diferenças.

As subespécies representam o último estádio evolutivo na diferenciação das raças, antes do


estabelecimento dos mecanismos de isolamento reprodutivo. São, portanto, distinguíveis por
apresentarem certas características em freqüência bem diferentes. Não se cruzam, por estarem
separadas, mas são capazes de produzir híbridos férteis, se colocadas juntas.

Por esse critério, que é o aceito pela biologia moderna, os nativos da África e da selva amazônica, por
exemplo, são raças que atingiram plenamente o nível de subespécies. O mesmo pode-se dizer dos
italianos e os esquimós etc., mas não há grupos humanos que se tenham diferenciado em espécies
distintas, pois espécies são grupos biológicos que não se intercruzam habitualmente na natureza,
mesmo quando os indivíduos habitam o mesmo território.

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