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Vitória da Conquista/Bahia
2011
Vanessa Brito Pinheiro Bomfim
Professor: Argemiro
Vitória da Conquista/Ba
2011
A Alta Programada está prevista no artigo 1º, do Decreto nº. 5.844, de 13 de julho de
2006, que alterou o artigo 78, do Decreto nº. 3.048/99, in verbis:
Inegável passe a Previdência Social por uma situação de crise, atribuída a fatores
administrativos (sonegação, fraudes na concessão de benefícios e má aplicação dos recursos
arrecadados); conjunturais (aumento da economia informal, desemprego, comportamento dos
salários, dentre outros); e estruturais (envelhecimento populacional em razão do aumento da
expectativa de vida, queda da taxa de natalidade etc.) (2002, p. 7-10).
Porém, tais situações de incertezas não podem perpassar os direitos dos beneficiários à
saúde, à vida, à dignidade da pessoa humana. Assim, os fundamentos do órgão previdenciário
para criação do programa não convencem, pois, a Alta Programada, em nada corresponde
com a evolução do quadro clínico do paciente, ocorre por conta do transcurso do prazo que o
médico perito entendeu suficiente para a recuperação da capacidade de trabalho do
beneficiário,o que ou seja, por mero rigor burocrático.
A leitura do sistema da seguridade social deve ser feita a partir da Constituição e não
a partir dos atos normativos infraconstitucionais ou mesmo dos atos administrativos
que, aparentemente, possuem efeito normativo. Em especial em matéria
previdenciária, não é possível ceder a primeira tentação de dizer o direito apenas a
partir daquilo que dizem as instruções normativas, as portarias e os demais atos
administrativos (2006, p.120).
Outro dispositivo Constitucional violado com a Alta Programada é o art. 196 que diz:
Outro ponto que deve ser destacado é que uma Orientação Interna do INSS não tem
poder para proibir o direito do trabalhador, inclusive, o governo federal, diante das decisões
do Poder Judiciário de declarar nula e ineficaz a prática reiterada de Alta Programada,
transformou a Orientação Interna em um decreto: Decreto 5.844, procurando dar legalidade
ao regulamento interno do INSS e visando manter o procedimento de concessão de Alta
Programada, agora sobre outra denominação: DCB — Data de Cessação do Benefício.
Não são leis os regulamentos ou decretos, porque estes não podem ultrapassar os
limites postos pela norma legal que especificam ou a cuja execução se destinam.
Tudo o que nas normas regulamentares ou executivas esteja em conflito com o
disposto na lei não tem validade, e é susceptível de impugnação por quem se
sinta lesado. A ilegalidade de um regulamento importa, em última análise, num
problema de inconstitucionalidade, pois é a Constituição que distribui as esferas
e a extensão do poder de legislar, conferindo a cada categoria de ato normativo a
força obrigatória que lhe é própria (1980, p.163).
O ato normativo não pode contrariar a lei, nem criar direitos, impor obrigações,
proibições, penalidades que nela não estejam previstos, sob pena de ofensa ao
princípio da legalidade (arts. 5°-, II, e 37, caput, da Constituição) (2002).
É importante aplicar nesse caso a idéia do Professor Orione (2006, p.128) que
considera os direitos sociais como direitos fundamentais da pessoa. E explica que o
posicionamento como direitos fundamentais dos direitos sociais significa que toda
metodologia de interpretação aplicável aos direitos fundamentais deve ser colocada à
disposição do sistema de segurança social, inclusive deve-se utilizar, para ambos, a mesma
metodologia de interpretação.
Portanto, os direitos sociais, assim como os direitos individuais, também devem ser
tratados como cláusulas pétreas.
Ementa:
2. Referências Bibliográficas:
BALERA, Wagner. Alta Programada – quem foi o gênio que estimou tempo de cura para
doenças? In: Consultor Jurídico, 08 abr. 2006. p. 2.
BRASIL. Constituição (1988) Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado,
1988.