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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff

MAPA DE SUSCETIBILIDADE A DESLIZAMENTOS


NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

Tese de doutorado
2007
PEDRO AUGUSTO DOS SANTOS PFALTZGRAFF

Geólogo, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 1984


Mestre, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1994

MAPA DE SUSCETIBILIDADE A DESLIZAMENTOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE RECIFE

Tese que apresenta à Pôs-Graduação em Geocíências do Centro de


Tecnologia e Geociêncías da Universidade Federal de Pernambuco,
orientada pelo Profa.Margareth M. Alheiros, e co-orientação da
Profa. Ana Lúcia B. Candeias como preenchimento parcial dos
requisitos para obtenção do grau de Doutor em Geocíências, área de
concentração.geologia sedimentar e ambiental.

RECIFE, PE
2007
P523m Pfaltzgraff, Pedro Augusto dos Santos.
Mapa de suscetibilidade a deslizamentos da região metropolitana
de Recife / Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff. - Recife: O Autor,
2007.
120 folhas, il : figs., tabs.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG.


Programa de Pós-Graduação em Geociências, 2007.

Inclui Bibliografia e Anexos.

1. Suscetibilidade. 2.Deslizamentos. 3.Geoprocessamento.


4.Riscos Geológicos. I. Título.
UFPE

551 CDD (22. ed.) BCTG/2008-169


AGRADECIMENTOS

A professora Margareth M. Alheiros, orientadora desta tese, por seu apoio e dedicação
durante todo este trabalho, me permitindo assimilar um pouco do conhecimento e das
qualidades técnicas e acadêmicas de uma profissional amplamente reconhecida no meio
científico brasileiro.

A professora Ana Lúcia B. Candeias, co-orientadora desta tese, que muito auxiliou na
discussão do uso das ferramentas de sensoriamento remoto e SIG e, do formato de
apresentação dessas informações.

A Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM, pela autorização e apoio técnico


e logístico para o desenvolvimento desse trabalho.

A Dalvanise da Rocha S. Bezerril, bibliotecária chefe da Superintendência Regional de


Recife da CPRM, pelas correções e apoio na elaboração das referências bibliográficas.

A Universidade Federal de Pernambuco e seus professores que sempre foram bastante


solícitos, quando do aparecimento de alguma dificuldade técnica ou administrativa para o
desenvolvimento dessa tese.

Aos colegas Rogério V. Ferreira, Enjolras de A. M. Lima e Hortência B. Assis pelas


sugestões e críticas ao texto final bem como, pelo incentivo e companheirismo ao longo de
todo o trabalho de desenvolvimento dessa tese.
RESUMO

A Região Metropolitana do Recife (RMR) há muitos anos convive com os deslizamentos


nos morros, onde mora uma elevada parcela da população e, que ocasionaram dezenas de mortos
e feridos ao longo das décadas de 1980 e 1990. Assim, é importante que o poder público
disponha de ferramentas eficazes para localizar as áreas naturalmente suscetíveis a
deslizamentos, tanto ocupadas como aquelas ainda livres de ocupação, facilitando assim a sua
gestão.
A metodologia aqui proposta, objetiva diminuir os custos da elaboração de mapas de
suscetibilidade a deslizamentos, utilizando ferramentas de geoprocessamento e sensoriamento
remoto tais como imagens de radar e de satélite alem, de outras informações sobre o meio físico
disponíveis gratuitamente na Internet.
Utilizando o método da álgebra de mapas (superposição dos diversos temas), foi possível
gerar o mapa de suscetibilidade a deslizamentos, bastante confiável, quando comparado com
aquele produzido por Alheiros (1998), que utilizou métodos analógicos, e os mapeamentos de
áreas de risco existentes.

O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos possibilita aos administradores e gestores


governamentais, informações para o planejamento, subsidiando a implantação de loteamentos,
conjuntos habitacionais, estradas e demais obras de infra-estrutura sendo seu uso direcionado ao
ordenamento e planejamento territorial.

Palavras-Chave: Suscetibilidade, Deslizamentos, Movimentos de Massa, Riscos


Geológicos,Região Metropolitana do Recife, Geoprocessamento
ABSTRACT

The use of Remote Sensing and Geographical Information Systems (SIG) tools
constitute alternative technologies of decreasing cost along the last decade, allowing planners
of all government spheres in the process of more appropriate and efficiently planning the use
of the soil and of the environment protection.
The evaluation and the spatialization of the natural susceptibility to mass movements
(sliding) are important tools in the measurement, giving to the public manager a new
kowledge regarding possible problems in areas heavily occupied, or in the occupation phase.
The Metropolitan Area of Recife (RMR), northeast Brazil, for many years lives
together with the hills and slopes collapsing issues, where a high portion of the population
lives, the majority consisting of low income people. These collapses caused dozens of deads
and wounded persons along the 1980 and 1990 decades. It is important that the government
agencies should effectively use these tools to properly locate the areas susceptible to
collapsing, facilitating the administration.
The methodology here proposed aims to reduce the costs of the elaboration of
susceptibility maps, using geoprocessing tools and such remote sensing tools as SRTM radar
images (Shutlle Radar Topographic Mission), Landsat satellite images, Geocover and
CBERS, and other information available via Internet. Regarding SRTM images, they can
extract relatively important information concerning planimetry, orientation of hillsides and
horizontal and vertical profiles, satellite images concerning the use of the soil and
geomorphology. Such information, inserted in SIG’s (Geographical Information Systems),
allow the reclassification and updating of these parameters. They allow those operations to be
repeated several times, in the search of the adjustment to the wanted model.
These data were obtained after the processing of the data of SUDENE topographical
sheets (Superintendency of Development of the Northeast) and of SRTM, the maps of
hillsides (horizontal and vertical) profiles, and also the level curves that made it possible to
generate the topographical map of the area. Using the method of the algebra of maps (overlap
of several themes), it was possible to generate the susceptibility map to sliding, quite reliable,
when compared with the mapping of existent risky areas.

The newly obtained map, when compared with the one produced by Alheiros (1998),
got 71,72% of similarity among the areas of susceptibility classes. Though, when compared
with the risk map elaborated for the municipal district of Recife, the value arrives to 79, 42%.
The values among the several susceptibility classes in RMR show, respectively, that
49,68% of the RMR area present low susceptibility to the sliding events, 47,80% average
susceptibility and 2,51% high susceptibility to the sliding, with variations depending on the
used topographical data (if it was extracted from the SUDENE topographical sheets or of the
SRTM radar).

The “map of susceptibility to sliding events” makes it possible to administrators and


government managers to utilize it plainfully, giving precious information for the planning
acts, subsidizing the implantation of divisioning the land into lots, habitational groups,
highways and other infrastructure works. In the areas already ocupied it is possible to get a
general vision of the most susceptible areas to sliding, aiding the public agencies to re-
directing their programs for risk reduction.

This map can help in the visualization, in regional scale, of the areas with natural
characteristics that can demand larger care and attention from technicians for the land
occupation.

As a restriction, there are some considerations. The greatest of them concerns the scale
(1:100,000), addressing its use to the territorial planning, not being recommended for
situations that need maps of greater scale, as it is the case of determining risk areas.

Keywords: Susceptibility, Metropolitan Area of Recife, Geoprocessing, Geographical


Information Systems
Agradecimentos
Resumo
Abstract
SUMÁRIO

Cap. I Introdução
1 Introdução..............................................................................................1
1.1 Escolha do Tema.................................................................................2
1.2 Objetivos.............................................................................................3
1.3 Sistemática de Trabalho......................................................................4

Cap. II Revisão do Tema e Estágio Atual do Conhecimento


2.1 Introdução.............................................................................................5
2.2 Riscos Ambientais................................................................................5
2.3 Análise de Risco.................................................................................11
2.4 Cartografia de Riscos no Brasil..........................................................13
2.5 Suscetibilidade Natural e Suscetibilidade Induzida...........................13
2.6 Classificação dos Métodos de Estudo................................................16
2.6.1 Metodologias Mais Utilizadas.........................................................20
2.6.2 O Modelo Shalstab..........................................................................23
2.7 Correlação Entre Chuvas e Deslizamentos........................................24
2.7.1Correlação Entre Chuvas e Deslizamentos na RMR........................26
2.8 Fatores Antrópicos Condicionantes dos Deslizamentos nas Áreas
Urbanas....................................................................................................30
2.9 Caracterização dos Movimentos de Massa........................................30
2.9.1 Classificação dos Movimentos de Massa.......................................31
2.10 Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento..................................35
2.11 Características das Imagens Utilizadas............................................36
2.11.1 Imagens GEOCOVER..................................................................36
2.11.2 Imagens CBERS2.........................................................................36
2.11.3 Imagens LANDSAT.....................................................................37
2.11.4 Imagem SRTM.............................................................................38
2.12 Sistema de Informações Geográficas.............................................41
Cap. III Caracterização da Área
3.1 Caracterização Político-Administrativa.........................................44
3.2 Geologia.........................................................................................45
3.2.1 O Embasamento Cristalino..........................................................47
3.2.2 As Bacias Sedimentares............................................................. 49
3.2.3 Formação Barreiras.....................................................................54
3.2.4 As Unidades Quaternárias...........................................................54
3.3 Clima..............................................................................................57
3.4 Hidrografia.....................................................................................59
3.5 Relevo............................................................................................62
3.6 Solos...............................................................................................64
3.7 Cobertura Vegetal..........................................................................65

Cap. IV Deslizamentos na Região Metropolitana do Recife


4.1 Breve Histórico..............................................................................67
4.2 Deslizamentos na RMR..................................................................67
4.3 Gerenciamento de Riscos Geológicos na RMR ............................68
4.4 Documentação Fotográfica............................................................69

Cap. V Materiais e Métodos


5.1 Considerações Iniciais....................................................................71
5.2 Sensoriamento Remoto...................................................................72
5.2.1 Tratamentos Aplicados às Imagens de Satélite...........................72
5.2.2 Precisão dos dados Fornecidos pelo SRTM................................73
5.2.3 Uso das Imagens SRTM..............................................................75
5.2.4 Pré Tratamento das Imagens SRTM............................................75
5.3 Modelo Digital de Terreno.............................................................76
5.3.1 Extração Automática da Drenagem.............................................79
5.3.2 Mapa de Declividades.................................................................82
5.3.3 Perfil de Encostas........................................................................82
5.4 Mapa Geomorfológico...................................................................85
5.5 Mapa de Uso do Solo......................................................................85
5.6 Elaboração do Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos da RMR.86
Cap.VI Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana do Recife

6.1 Importância dos Fatores Ambientais na Análise da Suscetibilidade.88


6.1.1 Geologia..........................................................................................88
6.1.2 Geomorfologia................................................................................89
6.1.3 Vegetação........................................................................................90
6.1.4 Solos................................................................................................92
6.2 Avaliação do Grau de Importância de cada Tema.............................92
6.3 Validaçãos do Mapa de Suscetibilidade a
Deslizamentos................................................................................. 101
6.4 Distribuição das Classes de Suscetibilidade nos Municípios da
Região Metropolitana de Recife......................................................107
6.5 Aplicações e Restrições do mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos
.........................................................................................................108

Cap. VII Conclusões ...........................................................................................110

Referências Bibliográficas..........................................................................................113

Anexos
Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana do Recife ( com
dados do SRTM)
Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana do Recife (com
dados topográficos da SUDENE)
Mapa das Bacias Hidrográficas da Região Metropolitana do Recife
Mapa Geomorfológico da Região Metropolitana do Recife
Mapa Geológico da Região Metropolitana do Recife
Mapa de Perfis Verticais de Encostas da Região Metropolitana do Recife
Mapa de Perfis Horizontais de Encostas da Região Metropolitana do Recife
Mapa de Solos da Região Metropolitana do Recife
Mapa de Uso do Solo na Região Metropolitana do Recife
Tabela de Pesos dos Parâmetros das Unidades Geológicas
Tabela de Pesos dos Parâmetros das Unidades de Solo
Memória de Cálculo
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 1

CAPITULO I - INTRODUÇÃO

Assistimos nestes últimos 40 anos a um intenso processo de urbanização da população


brasileira. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE (2000), o último
senso populacional mostrou que 82% da população brasileira vive em áreas urbanas.
Essa concentração da população nos grandes centros urbanos não tem sido
acompanhada de programas governamentais eficientes para o uso e ocupação do solo. Isso
leva, principalmente, a população mais carente a ocupar áreas naturalmente inadequadas ou,
suscetíveis a riscos naturais e que são ocupadas sem os mínimos preceitos técnicos.
Dessa forma, constata-se a ocupação de áreas com elevadas declividades, inundáveis
e com solos colapsíveis ou com camadas de argila mole, que deixam as populações residentes
nestes locais, sujeitas às inundações periódicas e deslizamentos, levando a perda de vidas e
bens, gerando um ônus ambiental, social e financeiro para as cidades assim ocupadas.
Existem alguns aspectos fundamentais que devem ser levados em conta para o
planejamento e gestão do espaço físico, com suas suscetibilidades e possibilidades de
ocorrência de processos geológicos.
Dentro deste contexto, a espacialização e a avaliação da suscetibilidade a movimentos
de massa (deslizamentos), são importantes na medida em que propiciarão ao gestor
(municipal, estadual ou federal), se precaver quanto a possíveis problemas em áreas ainda não
ocupadas, mas com planos de ocupação ou ainda, áreas já ocupadas ou em fase de ocupação.
O uso de ferramentas de Sensoriamento Remoto e Sistemas de Informações
Geográficas (SIG) são tecnologias alternativas de custo decrescente ao longo da última
década, que podem auxiliar os planejadores de todas as esferas de governo, no processo de
planejamento mais adequado e eficiente do uso do solo e da proteção do meio ambiente.
Atualmente, encontram-se disponíveis gratuitamente, softwares como o Spring
(Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas), imagens de satélite CBERS
(China-Brazil Earth Satellite) e radar SRTM (Shutlle Radar Topographic Mission), dados
meteorológicos e estatísticos diversos que, mesmo prefeituras e órgãos públicos sem muitos
recursos financeiros podem dispor para seus projetos de uso e ocupação do solo.
A Região Metropolitana do Recife há muitos anos convive com os deslizamentos nos
morros onde mora uma elevada parcela da população, em sua maioria de baixa renda. Esses
desmoronamentos ocasionaram dezenas de mortos e feridos ao longo das últimas décadas.
Assim, é importante que o poder público disponha de ferramentas eficazes para localizar as
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 2

áreas naturalmente suscetíveis a deslizamentos, tanto ocupadas como aquelas ainda livres de
ocupação.
No trabalho aqui apresentado, foi elaborado um mapa de suscetibilidade a
escorregamentos (problema comum a vários municípios brasileiros), utilizando-se ferramentas
de Sensoriamento Remoto e Sistema de Informações Geográficas, de baixo custo e elevada
eficiência. Esse mapa é mostrado na escala de 1:100.000, sendo compatível com projetos de
planejamento regional.
Um mapa similar foi elaborado por Alheiros (1998) tendo, entretanto, utilizado apenas
ferramentas e métodos tradicionais, como a superposição de mapas analógicos.
Muito embora a RMR sofra com o problema dos deslizamentos há várias décadas,
poucos autores (Alheiros e Gusmão Filho) têm se dedicado ao estudo da suscetibilidade e do
risco de deslizamentos nessa região.
A abordagem direcionada para o uso de SIG e o uso de ferramentas de sensoriamento
remoto é avaliada neste trabalho, mostrando uma metodologia diferente de todos os trabalhos
realizados anteriormente sobre o tema na RMR.
É importante citar que a escala escolhida de 1:100.000, destina-se fundamentalmente,
as atividades de planejamento de competência dos órgãos de governo. Embora essa escala
possa sugerir pouco detalhamento cartográfico, é vasta a lista de mapas publicados sobre a
Região Metropolitana do Recife pelo órgão gestor Fundação para Integração e
Desenvolvimento da Região Metropolitana (FIDEM), atual Agência Condep/Fidem, tais
como os mapas Hipsométrico, de Cobertura Vegetal e, Rodoviário da Região Metropolitana
do Recife.

1.1 A escolha do tema


O crescimento da população mundial, principalmente nas áreas urbanas, tem levado a
ocupação de locais naturalmente sujeitos a desastres geológicos, o que vem criando também
situações de risco para a vida e as propriedades dessas populações.
A geologia, através do estudo do meio físico, e dos processos naturais e antrópicos,
possibilita o conhecimento das suscetibilidades, perigos e riscos geológicos a que está sujeita
uma determinada área. Dessa forma é possível delimitar, espacialmente, áreas mais seguras ou
mais problemáticas para ocupação humana e sugerir medidas de remediação onde existam
problemas já instalados.
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 3

Assim, a geologia adquire um cunho mais prático e sintonizado com os problemas


sociais atuais, criando um elo entre o conhecimento acadêmico e a prática diária da gestão dos
espaços públicos.
Quando o tema suscetibilidade a deslizamentos na Região Metropolitana do Recife-
RMR foi escolhido, levou-se em consideração o potencial da ciência geológica, no auxílio aos
gestores governamentais na espacialização e qualificação da suscetibilidade a deslizamentos
nessa região.
Se for levado em conta que o problema dos deslizamentos tem ceifado muitas vidas e
destruído muitas propriedades na RMR, pode-se ter uma avaliação da importância do trabalho
aqui mostrado na geração de informações que servirão como subsídio aos planejadores e
gestores, no ordenamento dos espaços municipais e, na definição das áreas com tal problema
já instalado.
Ainda é preciso lembrar, por exemplo, que um terço da população do município do
Recife vive nos morros e que em 2004 existiam, 4,2 mil áreas de risco no município (PCR,
2005). Dessa forma, o trabalho desenvolvido tem por objetivo também, auxiliar as outras
prefeituras da RMR na identificação das áreas mais críticas para ocupação urbana.
Alem dos deslizamentos, a RMR enfrenta sérios problemas decorrentes de outros
processos naturais e induzidos (tais como as inundações e a erosão costeira), que levaram as
perdas econômicas e de vidas.

1.2 Objetivos
Os objetivos desse trabalho são:
a) Desenvolver uma metodologia que leve a produção do Mapa de
Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana do Recife (na
escala de 1: 100.000), utilizando-se das novas tecnologias de
geoprocessamento e sensoriamento remoto, aperfeiçoando as metodologias
de mapeamento da suscetibilidade aos movimentos de massa e também,
propiciar uma maior facilidade no acesso as informações sobre o meio físico
da Região Metropolitana do Recife. Tais informações serão disponibilizadas
em ambiente SIG, permitindo um valioso auxílio no planejamento do uso do
solo dessa região e contribuindo para redução do custo financeiro desses
estudos.
b) Comparar os resultados obtidos com o mapa elaborado por Alheiros (1998),
que fez uso de ferramentas analógicas.
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 4

1.3 Sistemática de Trabalho


A sistemática de trabalho adotada seguiu as seguintes etapas:
a) Coleta de dados bibliográficos nas diversas entidades públicas e empresas
privadas que atuam na área de geotécnia ou engenharia civil. Nesta etapa, foram muito
importantes as informações sobre o meio físico, existentes no acervo da CPRM-Serviço
Geológico do Brasil e da UFPE-Universidade Federal de Pernambuco.
b) Geração de base planimétrica atualizada, construída a partir de informações das
entidades de planejamento público e estudo de imagens de satélite recentes (GEOCOVER,
LANDSAT 7 e CBERS).
c) Processamento de imagens de satélite para geração e/ou atualização dos mapas
básicos (geologia, geomorfologia, uso do solo, drenagem e vegetação).
d) Geração de Modelo Digital de Terreno (MDT) a partir das imagens SRTM e
das curvas de nível vetorizadas das cartas topográficas (para ajuste do melhor modelo), o
que propiciou o conhecimento da declividade da região com grande precisão, na escala
adotada.
e) Geração de um banco de dados georreferenciados e, tratamento das
informações dentro de um ambiente SIG (Sistema de Informações
Geográficas).
f) Visitas de campo para dirimir possíveis dúvidas geradas nas fases anteriores.
g) Tratamento das informações levantadas nas etapas anteriores em ambiente SIG.
h) Geração do Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 5

CAPITULO II - REVISÃO DO TEMA E ESTÁGIO ATUAL DO CONHECIMENTO

2.1 Introdução
Ao longo da história da espécie humana, o homem sempre esteve exposto aos perigos
advindos dos fenômenos geológicos naturais. A posterior organização do homem em
comunidades, alterou de forma significativa as condições naturais do meio ambiente gerando
situações de risco que levam as perdas sociais, econômicas e ambientais, muitas vezes
irreparáveis.
Ao longo das ultimas décadas, o crescimento da população urbana, sem um
correspondente aumento da infra-estrutura básica, de serviços e programas habitacionais
eficientes, levou a ocupação desordenada do solo, com o uso de áreas geotecnicamente
inadequadas (com declividade acentuada, instabilidade de taludes, características inadequadas
do solo e do subsolo). Isto deixou um grande número de pessoas, geralmente as mais pobres,
expostas não só aos fenômenos geológicos naturais, mas também, a fenômenos induzidos pelo
próprio homem.
2.2 Riscos Ambientais
A partir da década de 1960, pesquisadores como Gilbert White e seus colaboradores,
iniciaram pesquisas sobre os perigos naturais a que estavam sujeitas as populações do mundo.
Uma evolução natural desta pesquisa sobre perigos naturais levou ao uso do termo
riscos ambientais, cujas classificações propostas por Augusto Filho (1999), muito usadas no
Brasil e, a proposta pela ISDR (2004) é mostrada na Figura 1.
Varnes (1984), em trabalho realizado para UNESCO, propôs uma série de conceitos
sobre risco, muito usados até hoje. Entretanto, ainda não existe um consenso sobre
terminologias e conceitos, que sejam aceitos por todos os pesquisadores (Tominaga, 2004).
Autores como Cerri (1993), Zuquette (1993) e Ogura (1995), por exemplo, apresentam
conceitos diversos sobre o tema.
Uma controvérsia muito comum é aquela ligada às definições de risco e perigo. Lavell
(in Nogueira, 2002), por exemplo, mostra que as terminologias empregadas por agências
nacionais e internacionais de redução de riscos, muitas vezes não faz distinção entre risco
(risk) e perigo (hazard). Cerri (1993) mostra que tais conceitos podem variar de acordo com
parâmetros culturais, sociais, econômicos e da dinâmica do meio físico. É comum, no Brasil,
a tradução de maneira indiscriminada do termo Geological Hazard e Geological Risk como
Risco Geológico.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 6

Essa controvérsia foi responsável pela elaboração de extensa produção cartográfica,


denominada de risco, mas que, na realidade, tratava-se de trabalhos que mostravam as
suscetibilidades naturais ou induzidas.
a) Sociais: Relativos ao meio social, tais como, guerras,
seqüestros, roubos etc.

RISCOS
AMBIENTAIS Tecnológicos: relativos aos processos produtivos, tais como,
vazamentos e contaminação, materiais explosivos, queda de
aeronaves, etc.

Naturais: relativos a dinâmica natural do planeta, podendo


ser induzidos e intensificados pelas atividades Humanas.

Meio Físico Meio Biológico: pragas de gafanhotos,


epidemias.

Geológicos Processos Atmosféricos: secas Hidrológicos:


tufões,granizo,geada,etc enchente e inundações
Exógenos Escorregamentos
Erosão e assoreamento
Subsidências e colapsos de
Solo,solos expansivos
Endógenos Terremotos, vulcões

Hidrometeorológicos: enchentes e
b) inundações, secas tufões, granizo, geada,
RISCOS erosão.
NATURAIS

RISCOS Geológicos: Movimentos de massa,


TECNOLÓGICOS vulcanismo e terremotos, etc.

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL Biológicos: pragas de gafanhotos, epidemias


etc.

Figura 1: a) Principais tipos de risco ambientais. Adaptado de Augusto Filho (1999).


b) Principais tipos de riscos ambientais. Adaptado de ISDR (2004).
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 7

São definidas por Varnes (op. cit), as seguintes relações e parâmetros para o cálculo do
risco:
Rt = E x Rs
onde: Rt= risco total; E= Elemento de risco e, Rs= Risco Específico.

Posteriormente, Varnes et al. (1985), propôs uma equação tratando especificamente de


riscos associados a deslizamentos e que é mostrada a baixo:

R=ExHxV

Sendo: E= elementos sob ameaça ou em risco (podem ser pessoas, edificações, etc.).
H= probabilidade de ocorrência do processo=suscetibilidade (S)
V= vulnerabilidade ou grau de perda dos elementos ameaçados

A equação de risco pode ser reescrita, tomando a seguinte forma:

R=ExSxV

A equação de risco mais genérica e utilizada pela maioria dos autores, sendo também
adotada neste trabalho, é representada por:

R=PxC
R= risco
P= probabilidade de ocorrência do processo=suscetibilidade
C= conseqüências sociais e econômicas potenciais associadas=vulnerabilidade

Existem várias outras representações matemáticas dos componentes de risco,


apresentadas por pesquisadores de várias nacionalidades e que podem ser consultadas em
Nogueira (2004).
Um marco na pesquisa e conhecimento dos riscos geológicos foi a instituição pela
Organização das Nações Unidas - ONU, da década de 90 como a Década Internacional de
Redução de Desastres Naturais-DIRDN.
A DIRDN foi instituída a partir da Resolução 44/236 da Assembléia Geral das Nações
Unidas e, teve início em 1o de janeiro de 1990. Como resultados dessa iniciativa, foram
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 8

criados vários programas de cooperação internacional, com a participação de 72 paises. O


Brasil engajou-se de forma discreta na DIRDN, sem maiores interesses na criação de uma
estrutura que permitisse sua participação efetiva nessa iniciativa.
Em 2001 a International Federation of the Red Cross and Red Crescente Societies,
informou que 42% dos desastres naturais, com perdas econômicas e de vidas, devem-se as
inundações e deslizamentos. Ainda segundo esta entidade, no período de 1964-1999 houve
um acréscimo no número de desastres causados pelos deslizamentos em todo mundo.
Com o objetivo de organizar e oferecer uma sólida infra-estrutura técnica, utilizando-
se do novo conceito de ferramentas baseadas numa estrutura de banco de dados /SIG na
pesquisa dos desastres naturais, foi criada em meados da década de 2000 a hazNET
(Reserarch Network on Natural Hazards at ETH Zurich), composta por especialistas em várias
ciências.
A proposta deste grupo de pesquisa é gerar projetos trans disciplinares com foco sobre
os processos de análise, avaliação de perigo, da vulnerabilidade, ecologia, economia e
sistemas políticos, medidas para prevenção, análise e mitigação de riscos e contribuições para
o desenvolvimento de métodos e ferramentas para integração do gerenciamento de risco com
o desenvolvimento sustentável (Metternich, 2005).
Em 2005, a International Strategy for Disaster Reduction (ISDR), criada pela ONU
para dar continuidade aos propósitos da DIRDN, publicou ampla pesquisa abrangendo os anos
de 1900 a 2003, mostrando dados sobre os danos sociais e econômicos causados pelos
desastres naturais. Dessa forma, são mostradas abaixo, algumas conclusões obtidas por esse
estudo.
Assim, a figura 2 mostra as cinco categorias dos desastres naturais ocorridos durante
todo o século XX e os dois primeiros anos do século XXI, subdivididos em três grupos:
Desastres hidrometeorológicos (inundações, tempestades, secas, temperaturas
extremas, deslizamentos e avalanches), Desastres geológico-geofísicos (terremotos, tsunamis
e erupções vulcânicas) e Desastres biológicos (epidemias e pragas de insetos).
Essa subdivisão é bastante semelhante à mostrada por Augusto Filho (1999)
diferenciando-se, principalmente, pelo uso do termo desastre natural em substituição a risco
ambiental.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 9

Figura 2: Número de desastres naturais registrados no período de 1900 a 2003.


Fonte: OFDA/CRED International Disasters Database (EM-DAT) in ISRDN (2004).

A diferenciação dos termos acidente, desastre e catástrofe, numa escala crescente


baseiam-se na proporção da destruição causada e na quantidade de recursos, tanto humanos
como financeiros, necessários à mitigação dos problemas gerados (Dias,2002).

Na Figura 3 podem ser vistos os números de pessoas afetadas e na Figura 4 o de pessoas


vitimadas pelos desastres naturais no mundo entre 1994 e 2003.

Região hidrometeorológico geológico biológico tecnológico

África 17888 60 1227 10

Américas 5453 491 91 74

Ásia 64043 948 33 11

Europa 2850 58 26 12

Oceania 34380 704 27 41

Figura 3: Número (em milhões) de pessoas afetadas por desastres naturais em cada
continente.
Fonte: EM-DAT: The OFDA/CRED International Disaster Database. http://www.em-dat.net, UCL -
Brussels, Belgium. In ISRDN (2004)

No que se refere aos desastres naturais que atingiram o Brasil, a ISDR (2004),
contabilizou um total de 4949 mortes entre 1948 e 2004, sendo que 58.357.034 pessoas foram
afetadas por esses desastres (como mostrado na figura 5). Já o Instituto de Pesquisas
Tecnológicas-IPT (2005), contabilizou um total de 1572 mortes por deslizamentos no Brasil,
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 10

no período de 1988 a 2005. O que representa um número aproximado, já que algumas


ocorrências conhecidas na RMR, não constam do mesmo.

Região hidrometeorológico geológico biológico tecnológico

África 1.661 0.354 7.436 3.654

Américas 7.613 0.410 0.103 1.318

Ásia 2.696 2.412 0.322 1.275

Europa 5.904 0.310 0.054 1.097

Oceania 1.694 7.337 0.937 2.056

Figura 4: Número (em milhões) de pessoas vitimadas por desastres naturais em cada
continente.
Fonte: EM-DAT: The OFDA/CRED International Disaster Database.
http://www.em-dat.net, UCL - Brussels, Belgium. In ISRDN (2004).

Dessa forma, no que se refere aos números de vítimas e pessoas atingidas por desastres
naturais no Brasil, é difícil tanto para os organismos internacionais como para as instituições
nacionais apresentarem números precisos.

Porcentagem de pessoas mortas Porcentagem de pessoas


Segundo cada tipo de desastre afetadas segundo cada tipo de
desastre
Deslizamentos

Tempesades
3%

Inundações
20%
Epidemi
as 20%

Deslizamentos
7%
Temperaturas
Extremas 3%
Inundações Secas
58% 73%

Figura 5: Porcentagem de pessoas mortas e atingidas por desastres naturais no Brasil entre
1948 e 2004 (de acordo com o tipo de desastre natural).
Fonte: EM-DAT: The OFDA/CRED International Disaster Database, http://www.em-dat.net/ - Université
catholique de Louvain - Brussels – Belgium
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 11

Secas Temp. Inundações Deslizam Tempestades


Extremas entos

Figura 6: Valor das perdas econômicas (US$ x 1000) no Brasil devido a desastres naturais
entre os anos de 1948 e 2004.
Fonte: EM-DAT: The OFDA/CRED International Disaster Database, http://www.em-dat.net/ - Université
catholique de Louvain - Brussels - Belgium

Mesmo que, não estejam disponíveis dados oficiais precisos que proporcionem uma
análise mais acurada dos números e conseqüências dos desastres naturais no Brasil, é
suficiente uma breve pesquisa dos dados mostrados na imprensa para notar o grande número
de vítimas e prejuízos causados pelos deslizamentos e pelas inundações.
2.3 Análise de Risco
Perigo e risco são termos intrinsecamente relacionados, cujo conhecimento,
independente de divergências conceituais, é fundamental para prevenção e redução de
desastres naturais. A percepção de situações onde as populações estejam expostas a algum
risco ambiental, levará ao estudo desses riscos e suas conseqüências para as pessoas, no que
se denomina análise de risco.
Uma “definição mais completa de análise de risco é apresentada por Alheiros (1998)
com a seguinte redação:”... “Constitui o esforço técnico para a caracterização e
dimensionamento do problema, identificando a natureza do perigo, sua probabilidade de
ocorrência e as perdas associadas.”
Inicialmente, a análise de risco tinha como alvo os estudos para solucionar problemas
que atingissem as áreas produtivas ou sob risco tecnológico, tendo evoluído posteriormente
para as questões que se voltavam para ocupação dos espaços urbanos.
O conhecimento do risco é o primeiro passo para a orientação dos governos nas suas
ações de gerenciamento das suas causas e efeitos (gestão do risco). Dessa forma a gestão do
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 12

risco compreende um conjunto de ações que incluem segundo a United Nations Disaster
Relief Coordinator-UNDRO (1991), cinco ações fundamentais: identificação dos riscos,
análise dos riscos, planejamento para situações de emergência, informações públicas e
treinamento.
De acordo com Augusto Filho (1999), a mitigação dos problemas causados por
acidentes naturais pode ser feita de acordo com as seguintes ações:
a) Restrições da ocupação das áreas sujeitas a algum tipo de risco;
b) Legislação adequada;
c) Execução de medidas estruturais e;
d) Desenvolvimento de sistemas de alerta
Para Alheiros (1998), a gestão dos riscos é dividida em seis estágios principais que
são: A análise do risco, avaliação das opções (tipo de ação, relocação etc.), escolha da solução
técnica e projeto, discussão da solução encontrada com a comunidade, implementação da
opção escolhida e, monitoramento da área após a implementação da solução escolhida.
A ISDR publicou em 2004 “Living with risk: A global review of disaster reduction
initiatives”, onde apresenta 5 premissas básicas para o controle e a redução de desastres
naturais, são elas:
- Avaliação de risco incluindo a análise da suscetibilidade e da
vulnerabilidade;
- Conhecimento do problema incluindo educação, treinamento, pesquisa
e informação;
- Ações públicas incluindo ações institucionais, políticas, legislativas e
comunitárias;
- Aplicação de medidas incluindo manejo ambiental, uso do solo e
planejamento urbano, uso da ciência e tecnologia, parcerias entre instituições e
instrumentos financeiros;
- Sistema de previsão e advertência, medidas preventivas e de capacidade
de reação.
Augusto Filho (1998) utilizou os termos risco atual e risco potencial. O risco atual
pode ser definido como o risco instalado em áreas já ocupadas e mostra locais que devem ser
alvo de medidas estruturais e não estruturais, objetivando a redução desse risco. O risco
potencial definido pelo autor caracteriza de fato a suscetibilidade para a criação de novas
situações de risco, em áreas que ainda não se encontram ocupadas. Da análise desse potencial
é possível planejar o futuro uso do solo nessas áreas.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 13

2.4 Cartografia de Riscos no Brasil


No Brasil os primeiros trabalhos sobre cartografia de risco geológico datam do final da
década de 1980, com trabalhos de autores como Prandini e Sobreira. Na década seguinte,
houve um aumento dos trabalhos, incentivados também, pelo aumento do número de
encontros técnicos sobre esse tema no Brasil.
Dessa fase da cartografia de risco no Brasil podemos citar, Cerri (1993), Carvalho
(1997) e Amaral (1999) com vários trabalhos de estudos para a região sudeste do Brasil. No
nordeste Gusmão Filho e Alheiros destacam-se por seus vários trabalhos na Região
Metropolitana do Recife.
Deve-se citar ainda que, o Ministério das Cidades desenvolve, no momento, uma
metodologia adaptada às condições brasileiras e que possa ser usada em qualquer lugar do
país com pequenas adaptações as condições locais (MC, 2004).
2.5 Suscetibilidade Natural e Suscetibilidade Induzida
São definidos dois tipos de suscetibilidades aos deslizamentos: a natural e a induzida.
A suscetibilidade natural (que é um dos focos principais deste trabalho) deve ser avaliada com
base nas propriedades geológicas e pedológicas, nas características geomorfológicas de
declividade, altura, extensão e perfil das encostas, morfometria e distribuição espacial da
drenagem nas micro-bacias. Além disso, fatores climáticos como a pluviosidade e biológicos,
como a cobertura vegetal (com seus tipos e espécies diversas, densidade e grau de cobertura
do terreno), fazem parte dessa avaliação.
A suscetibilidade, de acordo com Sobreira (1998) e Alheiros (2004), é definida como a
possibilidade de ocorrência de um processo geológico (evento destrutivo).
Dias (2002), utiliza os termos perigo natural e suscetibilidade como sinônimos,
adotando a mesma definição do American Geological Institute-AGI, ou seja: “... é a
probabilidade de ocorrência de fenômeno potencialmente prejudicial em um determinado
período de tempo e numa dada área.”.
Tominaga (1998) avalia a suscetibilidade natural com base nas características do
substrato geológico, na geomorfologia nos condicionantes climáticos e na cobertura vegetal.
Na avaliação da suscetibilidade induzida à referida autora utiliza a classificação das unidades
e elementos contidos no mapa de uso e ocupação do solo. Já Dias (op. cit), utilizou na análise
da suscetibilidade natural a deslizamentos, a declividade, os tipos de modelados do relevo, o
uso do solo e a pedologia.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 14

A suscetibilidade é também apresentada por MOPT (1992), como sendo a


potencialidade de um evento para causar transformações no meio físico, não sendo levadas
em conta suas conseqüências para as atividades humanas.
É fundamental uma perfeita distinção entre a suscetibilidade natural cujo estudo
apresenta um caráter eminentemente preventivo e, serve como ferramenta para planejamento
da ocupação de áreas ainda livres, da suscetibilidade induzida. Esta última representa,
basicamente, a probabilidade de ocorrência de processos geológicos, conforme o uso
antrópico e respectivas funções sócio-econômicas dadas a uma determinada área já ocupada
ou, com uso pré-definido.
A representação espacial da suscetibilidade se dá a partir das cartas de suscetibilidade,
que representam à possibilidade de ocorrência de um ou mais fenômenos geológicos (como os
deslizamentos, por exemplo) ou, situações onde o uso do solo predispõe o meio físico a esses
fenômenos (carta de deslizamentos espontâneos ou induzidos). Nessas cartas, a
suscetibilidade (natural ou a induzida), é expressa na forma de classes de possibilidade de
ocorrência do fenômeno que se quer representar, Bitar (1992).
Para Lopes (2000), o mapa (ou carta) de suscetibilidade, é definido como um mapa
geológico geomorfológico, onde estão representadas as características do meio ambiente
físico, de relevante importância para o planejamento do uso e ocupação do solo.
A carta de suscetibilidade é, na verdade, um tipo de carta geotécnica que, a partir da
análise interpretativa de dados geológico-geotécnicos, destina-se a utilização prática para os
trabalhos de uso e ocupação do solo (gestão territorial).
Os fatores que influenciam na suscetibilidade podem ser divididos em: Fatores
Endógenos e Fatores Exógenos (conforme mostrado na tabela 2).
Outros fatores devem ser citados também, como agentes indutores dos movimentos de
massa, tais como: pluviosidade, sismos naturais ou induzidos e oscilações (naturais ou
induzidas) do lençol freático.
As características do meio físico é que vão definir o grau de suscetibilidade de uma
área ou região, a ocorrência de desastres geológicos que podem afetar de forma negativa a
vida e as propriedades dos habitantes de uma área ou região.
Nos estudos voltados para suscetibilidade, perigos e riscos geológicos, de
deslizamentos, normalmente, são assumidas 4 prerrogativas principais (Varnes, 1984):
a) Os deslizamentos irão ocorrer dentro das mesmas condições geológicas,
geomorfológicas, hidrogeológicas e climáticas do passado.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 15

Tabela 1: Fatores Endógenos e Exógenos determinantes para a suscetibilidade a


deslizamentos de encostas

FATORES ENDÓGENOS ATRIBUTOS

Geológicos Litologias e estruturas


Geomorfológicos Declividade, Extensão das encostas, Altura das
encostas, Perfil das encostas, Morfologia das encostas e
Drenagem.
Tipo de solo Granulometria, Mineralogia e Unidade Pedológica.
FATORES EXÓGENOS ATRIBUTOS
Vegetação Tipo de vegetação e área vegetada

b) As principais condições causadoras dos deslizamentos são controladas


por fatores físicos, identificáveis.
c) O grau de perigo pode ser avaliado
d) Todos os tipos de ruptura de taludes podem ser identificados e
classificados.
Para uma avaliação mais precisa da suscetibilidade aos deslizamentos é necessário
responder ainda, as seguintes questões:
a) Onde os deslizamentos irão ocorrer?
b) Qual o tipo de ruptura dos taludes?
c) Sob que condições os deslizamentos ocorrerão?
Dessa forma, para a análise da suscetibilidade, são utilizadas técnicas voltadas para
prevenção que procuram não só, definir os eventos que representam perigo, mas também, suas
condições de ocorrência, localização e tempo.
Como um dos fatores indutores e causadores de vários deslizamentos, a muito é citada
a relação chuva/deslizamentos (gráfico 1), com base em dados estatísticos de intensidade e
duração desse fenômeno climático. Entretanto, a probabilidade do conhecimento do real
perigo de deslizamento, esta cercada de várias incertezas quanto ao comportamento de
parâmetros geológico-geotécnicos e ambientais que variam de uma área para outra.
Quanto à escala de trabalho para desenvolvimento das pesquisas sobre o tema, Aleottii
et al (1999), sugere que sua escolha leve em conta:
a) Que escalas entre 1:100.000 e 1:500.000, deveriam ser utilizadas
quando o objetivo for o planejamento regional. Escalas entre 1:25.000 e 1:50.000, são
mais adequadas quando o objetivo for à implantação de grandes obras de engenharia ;
b) escalas maiores quando o objetivo for o estudo de problemas
localizados;
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 16

c) a disponibilidade de dados.

ocorr. 2003
1400 ocorr. 2002
1200 2001
2002
1000
2003
800
600
400
200
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Gráfico 1: Correlação entre ocorrências de deslizamentos em 2002 e 2003 na cidade de Recife


e os índices pluviométricos (em milímetros para os anos de 2001 a 2003), onde se percebe a
coincidência entre a maioria dos deslizamentos e o mês de maior pluviosidade (junho). Fonte:
Alheiros 2004.

2.6 Classificação dos métodos de estudoAs análises de risco, perigo e suscetibilidade podem
ser distinguidas pela utilização de métodos qualitativos e quantitativos, Carrara (1988). Em
função do método adotado, podem ser definidos quais os elementos que serão tratados e qual
o modelo a ser seguido, como mostrado na figura 7.
Um ponto importante dessa classificação sugerida pelo referido autor é que, sempre
tais métodos são relacionados ao estudo da Suscetibilidade e do perigo (hazard).
No primeiro caso, no método geomorfológico, o estudo é baseado principalmente na
experiência dos técnicos, combinado a mapas geomorfológicos, enriquecidos com dados
referentes a diversos parâmetros de importância para estabilidade de taludes, e experiência de
campo.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 17

Análise
Análise
Geomorfológica
Morfológica Combinação/
Método Superposição
Qualitativo de Mapas
Mapa de
Parâmetros
Lógica
Analítica
Multivariada

Análise
Bivariante
Análise
Estatística
Análise
Multivariada

Método Avaliação
Geológico Análise
Quantitativo Determinística
Geotécnica

Análise
Probabilística
Análise por
Rede Neural

Figura 7: Proposta de métodos de avaliação de Suscetibilidade, segundo Aleotti (1999).

Esse tipo de metodologia foi aplicado com muita freqüência nas décadas de 70 e 80 do
século XX e, tem como bom exemplo a metodologia ZERMOS, desenvolvida na França.
Outro método qualitativo adotado é o da seleção de mapas de vários fatores que
influenciam na suscetibilidade a deslizamentos e, atribuir pesos a cada um deles, de acordo
com a experiência do pesquisador em outras áreas similares e visitas a campo, proporcionais a
sua importância na movimentação de massas. Um bom exemplo desse método é o trabalho
desenvolvido por Amadesi & Vianello (1978) e mostrado no diagrama de blocos abaixo.
Os métodos quantitativos são baseados em análises estatísticas e métodos
determinísticos que envolvem modelos de geologia de engenharia de locais ou taludes
específicos. Além disso, são inseridos os conceitos de risco aceitável e risco controlável.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 18

Mapa
Litológico
Mapa de
Estabilidade Mapa de
Preliminar Estabilidade
Mapa de Secundário
Declividade Mapa Final de
Suscetibilidade
Mapa
Mapa de Uso Geomorfológico
Mapa do Solo
Estrutural

Figura 8: Fluxograma do trabalho desenvolvido por Amadesi&Vianello (in Aleotti, 1999).

Esses métodos estatísticos comparam a distribuição espacial de deslizamentos em uma


determinada área, com os vários parâmetros correlacionáveis e, cujos resultados possam ser
utilizados em outras áreas onde esses deslizamentos ainda não tenham sido registrados, mas,
que os condicionantes da suscetibilidade estejam presentes, Aleotti (1999).
Como uma das principais vantagens desse método cita-se o fato de que, a avaliação da
importância de cada um dos parâmetros em estudo, pode ser validada antes de ser gerado o
mapa definitivo. O rápido desenvolvimento de softwares voltados para geração de SIGs,
muito tem facilitado a adoção desse método.
Os métodos estatísticos podem ser subdivididos em métodos de análise estatística bi
variada e multivariada.
Todavia, persistem nestes métodos estatísticos, alguns problemas tais como: a
calibração do peso ideal de cada fator dentro do mapa final.
No caso da análise estatística bi variante, o peso de cada fator interveniente nos
deslizamentos de uma área é determinado, com base na densidade de deslizamentos dessa
área onde a participação desse fator é mais ou menos presente. Neste método, vários
parâmetros podem ser usados tais como: litologia, ângulo do talude e altura do talude, entre
outros.
Os modelos gerados a partir da análise estatística bi variante são baseados em séries de
curvas empíricas que correlacionam dois ou mais parâmetros tais como: ângulo de ruptura de
taludes e declividades, por exemplo, (Aleotti, 1999).
A análise estatística multivariada é aplicada com sucesso há algum tempo em várias
áreas da geologia como é o caso da geologia do petróleo. Entretanto, seu uso no estudo dos
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 19

deslizamentos é mais recente, sendo os primeiros trabalhos utilizando esta técnica datada da
década de 1980.
O desenvolvimento dessa técnica exige alguns passos iniciais antes da aplicação dos
cálculos de análise estatística multivariada propriamente ditos:
1) Classificação de parte da área dos estudos (área de teste) em unidades de terreno;
2) Identificação dos fatores mais significativos na ocorrência dos deslizamentos;
3) Construção dos mapas de parâmetros e de localização dos deslizamentos;
4) Identificação da porcentagem de áreas afetadas por deslizamentos em todas as
unidades de terreno descritas e sua classificação como estáveis ou não estáveis;
5) Combinação dos mapas de parâmetros com os mapas de unidades de terreno e a
criação de uma matriz binária (com deslizamento X sem deslizamento) de cada parâmetro
dentro de cada unidade de terreno.
Por fim, uma reclassificação das unidades de terreno obtidas a partir dos cálculos de
análise estatística multivariada dos dados anteriormente obtidos, se procede para
transformação em classes de suscetibilidade.
A aplicação da análise estatística multivariada apresenta atualmente, grande difusão
com o uso de softwares específicos que aplicam na resolução dos problemas, que utilizam
ferramentas de análise discriminante e análise regressiva múltipla.
A avaliação através de modelo geológico geotécnicos envolve o estudo de engenharia
de taludes nos locais propensos a deslizamentos, tendo como base o estudo das propriedades
físicas dos materiais, que permitirão a utilização de procedimentos matemáticos específicos
como para o calculo do fator de segurança da encosta. Este método é muito utilizado pela
engenharia de solo para estudo da estabilidade e para estudos geotécnicos aplicados em áreas
propensas aos deslizamentos. Atualmente este método tem se expandido muito,
principalmente devido ao aparecimento de softwares direcionados para SIG.
Uma característica muito importante deste método é que seu uso esta voltado somente
para o estudo de pequenas áreas e em escala de detalhe. O mapa de suscetibilidade gerado
poderá ter características determinísticas ou probabilísticas, de acordo com os modelos
matemáticos e estatísticos utilizados.
O método das redes neurais representa um sistema computacional adaptativo que pode
“aprender”, ou adquirir conhecimento, a partir dos dados, mediante técnicas de inteligência
artificial. De acordo com Souza Filho (2003), as redes neurais apresentam propriedades que
torna esse método muito adequado ao reconhecimento de padrões de classificações de dados
espaciais. Assim, destacam-se: a possibilidade de definir padrões não perceptíveis com as
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 20

técnicas estatísticas tradicionais; possibilidade de trabalhar com dados sem a necessidade de


um modelo preexistente; possibilidade de trabalhar com dados limitados, interdependentes ou
não lineares, adição continua de novos dados e, facilidade para análise de grande quantidade
de dados.
2.6.1 Metodologias mais utilizadas
São várias as metodologias para geração de mapas de suscetibilidade desenvolvidas em
paises europeus, norte americano e na Austrália. Muitas dessas metodologias necessitam de
adaptações para seu uso em ambientes tropicais (Lopes et al, 2000).
Dentre essas metodologias destacam-se as de Sanejoaund, a da International
Association of Engeniering Geology-IAEG e a PUCE.
No Brasil, vários pesquisadores desenvolveram metodologias para o mapeamento da
suscetibilidade. Entre eles podem ser citados Heine (1966), Seigmartin e Fúlfaro (1981),
Zuquette (1981), Carvalho (1982), Pejon (1987), Ferrante (1990), Vedovello & Mattos
(1998), Prandini (1991), gerando produtos com características de mapas geotécnicos e,
Augusto Filho (1994), EESC/USP e Alheiros (1998). Dentro dessas metodologias, a de
Alheiros (1998), utilizada como base para este trabalho, destaca-se para áreas situadas no
nordeste do Brasil . Já, o primeiro mapa objetivando a suscetibilidade a deslizamentos da
América do Sul, foi elaborado para cidade do Rio de Janeiro, na escala de 1:25000, no ano de
1991 (Fernandes in: Guerra, 1996).No estudo da suscetibilidade é possível delimitar dois
momentos importantes. No primeiro, encontramos metodologias desenvolvidas e aplicadas
sem o uso de ferramentas de informática e sensoriamento remoto e, onde a fotografia aérea
era o único instrumento que possibilitava uma visão tridimensional e de conjunto da área
estudada.
No segundo momento, caracterizado principalmente a partir de meados da década de
1980, encontramos novas metodologias que utilizam os recursos da informática e do
sensoriamento remoto. Muitas delas, entretanto, são apenas adaptações das já existentes,
utilizando-se das novas ferramentas de informática e sensoriamento remoto.
Os primeiros registros do uso do geoprocessamento para elaboração de mapas de
suscetibilidade datam de 1973, Bertagnan e Riedel (1998). Entretanto, somente a partir de
meados da década de 1980, com o aparecimento de computadores mais possantes e com a
popularização do uso dos computadores tipo PC (Personal Computer) é que houve uma maior
aplicação da informática na construção desses mapas.
A utilização dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e, o sensoriamento
remoto orbital, representado pelas imagens de satélite e de radar, aumentou a capacidade de
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 21

síntese e também a capacidade de tratamento de grandes volumes de informações bem como,


possibilitaram o estudo multitemporal de amplas áreas a um custo mais baixo e em menor
tempo.
Atualmente, nota-se a forte tendência à adoção e ao desenvolvimento de técnicas
quantitativas, tendo em vista que, o avanço das técnicas de SIG e a informática, mostram que,
as técnicas qualitativas tradicionais, já chegaram ao seu ponto máximo de desenvolvimento,
tornando-se necessária a busca de novas técnicas metodológicas apoiadas em ferramentas
modernas, Sobreira (2004). Na tabela 3 são apresentadas às características das principais
metodologias utilizadas no estudo da Suscetibilidade.
De acordo com Fernandes (in: Guerra, 1996), a maior parte dos métodos utilizados no
estudo da suscetibilidade, envolve a combinação e integração de um conjunto de mapas
temáticos. Diante desta situação, um levantamento realizado por este autor mostrou que os
produtos gerados a partir de nove metodologias diferentes, apresentavam resultados muito
semelhantes.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 22

Tabela 2: Metodologias de mapeamento (Modificada de Lopes et al, 2000).

Características do
Escalas
Metodologia meio físico Cartas Finalidade
103
abordado
Rochas < 100 Dados Gerais
Materiais de 100 –50 Fatores (planejamento
SANEJOAUND (1972) cobertura 25 – 10 Sintética territorial e
Geomorfologia 5–1 urbano),
Hidrogeologia >1 Específicos.

Rochas 1a Ordem Adquabilidades


Solos (observação) (planejamento e
Geomorfologia 2a Ordem Interpretativa)
Topografia (engenharia)
MATHEWSON & 3a Ordem
FONT (1973)
(Interpretativo)
4a Ordem
(Planejamento)

Rochas < 200 Geral e Uso Geral


Solos 10 – 20 Especifica (multiespecífico)
IAEG ((1976)). Geomorfologia 5 – 10 Especial (Uso
Hidrogeologia >5 específico)

Rochas > 250 Geral e Zoneamento


Solos >250 – Específico (classes
PUCE, (in GRANT, Geomorfologia 100 taxonômicas)
1975) Topografia >25
(declividade) >2,5

Rochas 25 Específica Movimentos de


Estruturas 20 massa, erosão.
ZERMOS (1977) Drenagem 05 Abatimento
Vegetação Problemas
Sobrecarga sísmicos

Geologia, Solos < 100 Básica, Cond.


Topografia, 100 – Fundamental, geotécnicas.
ZUQUETTE (1987) Declividade 25 Opcional, Zoneamento
Hidrogeologia 25 – 10 Auxiliar geotécnico
Derivada e específico
Topografia, Rochas > = 100 Básicas e Condições
EESC/USP(1987/93)
e Drenagem. específicas geotécnicas
Geologia, Solos, > = 100 Básicas e Suscetibilidade
Alheiros (1998) relevo. específicas a deslizamentos
Declividade
Topografia, Rochas >=100 Específica Movimentos de
Prandini (IPT) e Drenagem. massa, condições
geotécnicas.
Shalstab(Guimarães, Relevo e Hidrologia > = 10 Suscetibilidade Suscetibilidade
1998) a a deslizamentos
deslizamentos
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 23

2.6.2 O Modelo Shalstab

Este método aplica um modelo matemático baseado em dados físicos, sendo voltado
para a previsão de áreas de risco de deslizamentos rasos, tipo de escorregamento característico
na área dos morros da RMR. O modelo Shalstab realiza uma combinação entre um modelo
hidrológico e um modelo de estabilidade de encostas em conjunto com um MDT, na busca da
determinação da razão entre a quantidade de chuva e a transmissividade do solo necessária
para gerar um escorregamento (Guimarães et al, 1998). O esquema de desenvolvimento do
modelo Shalstab pode ser visto na figura 8, extraído do trabalho de Guimarães et al (1998).
A implementação o modelo Shalstab pode ser definido como um algoritmo
desenvolvido em linguagem AML (Arcinfo Macro Language), que roda em ambiente
Arcview e, a partir de um MDT, combinado a um modelo hidrológico e um modelo de
estabilidade de encosta. Ele procura definir o potencial de risco a deslizamentos rasos (na
verdade a suscetibilidade, para o limite de até dois metros de espessura do solo), para cada
célula em que se subdivide uma bacia hidrográfica. Este algoritmo, na forma de uma extensão
do software Arcview 3.x, pode ser obtido, gratuitamente, a partir do seguinte endereço na
Internet: http://socrates.berkeley.edu/~geomorph/shalstab/.

MODELO SHALSTAB

DECLIVIDADE ÁREA DE CONTRIBUIÇÃO ZONA DE SATURAÇÃO

MODELO HIDROLÓGICO + MODELO DE


ESTABILIDADE

MAPA DE RISCO A ESCORREGAMENTOS RASOS

Figura 9: Fluxograma de desenvolvimento do Modelo Shalstab. Fonte: Guimarães et al


(1998).
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 24

A utilização desta metodologia exige, entretanto modelos digitais de terreno elaborados em


escalas variando de, no mínimo, 1:50.000 até escalas próximas a 1:10.000, conforme
mostrado no trabalho de Gomes (2005). Assim, a aplicação dessa metodologia na RMR
exigiria a elaboração de modelos digitais de terreno com dados não disponíveis para a região
até o momento. A experiência realizada com os dados disponíveis para RMR (SRTM e MDT
com as curvas topográficas das cartas da SUDENE), gerou resultados totalmente
insatisfatórios.
2.7 Correlação entre chuvas e deslizamentos
É conhecido o efeito potencializador das chuvas nos processos de deslizamentos.
Desde a segunda metade do século XX, vários autores têm estudado a relação chuva x
deslizamentos. No exterior são citados Onodera et al (1974) e Fukuoka (1980) e Lopez et al
(2002). No Brasil, citam-se Pichler (1957), Vargas e Pichler (1957), Guidicini & Iwasa
(1977), Tatizana et al (1987) e Menezes (1987).
Várias pesquisas tentaram definir um valor limite para a precipitação, patamar, acima
do qual seriam desencadeados os deslizamentos. Essas pesquisas levaram à obtenção de
valores diferentes para o tempo e a quantidade de chuvas necessárias para deflagração dos
movimentos de massa, admitindo-se ainda a importância da precipitação acumulada
antecedente.
Seguindo essa linha de pesquisa, Tatizana et al (1987), baseado em Gidicini e Iwasa
(1977), após ampla pesquisa e análise numérica dos dados levantados na região de Cubatão-
SP, chegou a uma fórmula, específica para a área estudada, correlacionando a quantidade de
chuvas com os deslizamentos. Utilizando o método numérico dos mínimos quadrados,
determinou as envoltórias de deslizamentos relacionadas à acumulação pluviométrica dos
quatro dias anteriores aos deslizamentos, com precipitações horárias, tendo para isso utilizado
a seguinte função geométrica:
I (AC) = k. Ac –0,933
I= Intensidade suficiente para desencadeamento
k= Parâmetro que depende das condições geotécnicas da encosta e da intensidade de
deslizamentos
Ac= Chuva acumulada nos quatro dias anteriores
As diferenças de valores encontradas por pesquisadores como Onodera, Fukuoka (in
Tatizana et al, 1987) e Lopez et al (2002) em outras regiões do mundo estão relacionados com
as características locais dos solos, cobertura vegetal, permeabilidade, grau de saturação do
solo no início do evento de chuva, nível d’água na encosta, declividade e tipologia das
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 25

chuvas. Chuvas prolongadas e de pouca intensidade tendem a se infiltrar mais no solo ao


contrario das chuvas rápidas e de grande intensidade, que tendem a se escoar pela superfície.
A mecânica dos deslizamentos induzida pelas chuvas é caracterizada por uma ação
progressiva e outra instantânea. A ação progressiva é representada pela gradativa saturação do
solo pelas chuvas continuas e pouco intensas. Esta chuva infiltra-se no solo aumentando seu
peso específico, diminuindo sua coesão e resistência à compressão e ao cisalhamento.
A diminuição da coesão, como conseqüência do aumento da saturação do solo é muito
importante na deflagração dos deslizamentos. Estudos realizados por Wolle (in Tatizana et al,
1987), mostraram uma acentuada queda na coesão em amostras de solo submetidas a ensaios
de cisalhamento, quando comparadas às amostras com umidade natural e saturadas (Tabela3).
Ainda caracterizando a mecânica do deslizamento induzido pela chuva, cita-se que as
chuvas fortes e de curta duração podem estar relacionadas a fenômenos instantâneos
deflagradores de movimentos de massa tais como, a elevação brusca do nível d´água (NA),
erosão, subpressão em descontinuidades e pressão das gotas de chuva e do vento atuando
sobre a encosta.
Na elaboração do “Mapa de Suscetibilidad del Terreno a los Deslizamientos”, para a
Colômbia, Lopez et al (2002), utilizaram 8 fatores do meio físico para caracterizar a
suscetibilidade, tratando separadamente a chuva. Os quantitativos de chuvas foram utilizados,
na tentativa de definir o momento em que o solo atingiria as condições críticas para
deflagração dos movimentos de massa. Fernandes & Amaral (in Guerra, 1996) também
adotaram a mesma linha de trabalho, citando o Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos do
Rio de Janeiro elaborado em 1992, cujos parâmetros para definição do grau de suscetibilidade
se relacionam somente com fatores do meio físico. Assim, considerando que a chuva é o
agente deflagrador dos movimentos de massa, o grau de suscetibilidade a deslizamentos é
definido pelos parâmetros do meio físico (geologia, declividade, forma do perfil de encosta
etc.), não sendo influenciado pela chuva que se relaciona fundamentalmente à vulnerabilidade
da área. Como tal, é utilizado em conjunto com o mapa de risco do Município do Rio de
Janeiro (Amaral in Guerra ,2004).
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 26

7.1 Correlação entre chuvas e deslizamentos na RMR


Gusmão, 1993b (in Alheiros, 1998), encontrou a partir de cálculos para o sítio
histórico de Olinda, valores de 600 mm de chuva, como correspondente ao volume máximo
de água para saturação do solo da área antes de se chegar à situação de deslizamento.
Infelizmente,
Tabela 3: Variação da coesão em ensaios de resistência ao cisalhamento entre amostras com
umidade natural e saturada. Fonte: extraído de Wolle, in Tatizana (1987).

HORIZONTE DENSIDADE ESPES INCLINAÇÃO RESISTÊNCIA EM ENSAIOS DE


NATURAL SURA DO TALUDE CISALHAMENTO DIRETO
(T/M3) (M) MÁX MIN Umidade Saturados
Natural
c(t/m2) ǿ c(t/m2) ǿ
IA SOLO COLUVIAL
COM RAÍZES 1,4 0,5 >0,6 ~340 ≥ 0,1 ~340

IB SOLO COLUVIAL
“SEM” RAÍZES 1,4 0,5 460 460 0,6 340 0,1 34

II SOLO DE
ALTERAÇÃO 1,8 2,0 1,2 450 0,4 39

III ZONA DE
BLOCOS 2,1 3,0 540 _ ≥0 >540 0 ~54

IV ROCHA
ALTERADA 2,4 (?) 900 _ (?) (?) (?) (?)

esses valores, por terem sido calculados de maneira pontual, não podem ser extrapolados para
toda RMR, para que se possa tentar uma correlação com os escorregamentos na área.
Alheiros (1998) considerou valores de chuva média anual, a partir de isoietas com as
séries históricas descontínuas e tentou correlacioná-las com os graus de suscetibilidade.
Diferente da autora optou-se neste trabalho, por considerar a chuva um agente deflagrador dos
movimentos de massa e não um parâmetro de cálculo da suscetibilidade, seguindo o exemplo
de Suarez et al (2002) e Amaral & Feijó (in Guerra, 2004). Assim, o grau de suscetibilidade
natural do meio físico aos deslizamentos não se altera, sendo a chuva o fator que irá
influenciar na definição do momento de rompimento das condições de equilíbrio do solo
(índice crítico), como no cálculo realizado por Gusmão, op. cit para Olinda. A definição desse
momento do rompimento das condições de equilíbrio do solo, demanda a obtenção que
grande volume de dados pluviométricos. Na cidade do Rio de Janeiro Amaral, op. cit relata a
obtenção de dados em 32 pluviômetros.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 27

Na RMR o trabalho mais detalhado sobre a pluviometria encontra-se em Moreira (in


CPRM, 2003), que usou séries históricas das décadas de 1960 até 1990, utilizando dados de
toda a costa do Estado de Pernambuco.
As séries históricas, brutas ou consistidas das chuvas na RMR, disponíveis no site da
Agência Nacional de Águas – ANA (www.ana.gov.br) mostram que apenas três estações
possuem continuidade desde 1967 até 1990 (Tabela 4) e, mesmo assim, não fornecem
informações referentes à hora de inicio e duração das chuvas. NA RMR os dados se resumem
ao levantamento do número de eventos com vítimas divulgado pelos jornais locais. Esses
dados foram utilizados por Alheiros (1998) e, até a presente data, apenas o município de
Recife tem o registro de deslizamentos organizado a partir do ano de 2001, muito embora, na
forma de fichas com as informações de todos os eventos atendidos pela defesa civil do
município englobando vários tipos de ocorrências, incluindo os deslizamentos.
A identificação de deslizamentos pretéritos em fotos aéreas ou imagens de satélite e,
sem registros pela imprensa ou órgãos públicos é difícil, nessa área. Esse fato se dá, devido à
pequena ocorrência espontânea desses eventos e às condições de ocupação da RMR onde as
áreas de deslizamentos são logo reocupadas.
Assim, essa correlação entre chuvas e deslizamentos na RMR resume-se à comparação
entre precipitação e o número de ocorrências associadas ou não a deslizamentos numa
determinada área e data. O alto grau de insegurança na aplicação desses dados poderia falsear
os resultados obtidos nos mapas geoprocessados diminuindo sua confiabilidade. Atualmente
encontra-se em andamento pelo menos uma tese de doutoramento sobre o tema no
Departamento de Engenharia Civil-Área de Geotecnia da UFPE, o que tornará possível, em
futuro breve, adicionar o tema chuvas x deslizamentos na matriz de cálculo da suscetibilidade
e do risco na RMR.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 28

Tabela 4: Estações pluviométricas da RMR com séries de medições contínuas até 2005, em
amarelo as estações em operação atualmente.
ESTAÇÃO CÓDIGO MUNICIPIO LATITUDE LONGITUDE ORGÃO_OPER PERIODO LAT_UTM
ABREUE LIMA 734033 ABREUELIMA -07:54:00 -034:54:00 EMATER Não disponivel na w 9126234,029
ENGENHOALGODOAIS 834000 CABODE SANTOAGOSTINHO -08:19:00 -034:59:00 SUDENE 09/1965 a 12/1987 9080100,747
ENGENHOBELA ROSA 835017 SÃOLOURENÇODA MATA -08:01:00 -035:07:00 Desativada 04/1967 a 11/1993 9113212,562
CABO 835008 CABODE SANTOAGOSTINHO -08:18:00 -035:02:00 SUDENE 01/1963 a 12/1984 9081916,492
CABO 835115 CABODE SANTOAGOSTINHO -08:18:00 -035:03:00 SUDENE Não disponivel na w 9081907,041
ENGENHOSÍTIO 735050 SÃOLOURENÇODA MATA -07:58:05 -035:09:24 CPRM 04/1967 a 05/2007 9118567,372
ENGENHOTABATINGA 835020 IPOJUCA -08:21:00 -035:03:00 Desativada 11/1967 a 12/1977 9076375,916
IPOJUCA 835032 IPOJUCA -08:24:00 -035:04:00 SUDENE 01/1977 a 07/1979 9070835,139
USINA IPOJUCA (IAA) 835060 IPOJUCA -08:24:00 -035:04:00 01/1963 a 12/1978 9070835,139
JABOATÃO410 835033 JABOATÃODOS GUARARAPES -08:07:00 -035:01:00 Não disponivel na w 9102206,150
MORENO 835036 MORENO -08:07:00 -035:05:00 SUDENE 01/1967 a 12/1990 9102169,007
NOSSASENHORA DALUZ 835067 SÃOLOURENÇODA MATA -08:03:00 -035:06:00 SUDENE 01/1967 a 12/1990 9109534,514
OLINDA 834001 OLINDA -08:01:00 -034:51:00 INMET Não disponivel na w 9113354,569
PIRAPAMA 835138 CABODE SANTOAGOSTINHO -08:16:45 -035:03:48 CPRM 03/1987 a 05/2007 9084204,075
RECIFE / AFOGADOS 834017 RECIFE -08:04:46 -034:54:13 CPRM 04/2000 a 05/2007 9106383,596
RECIFE (LAB.DE HIDRAÚLICA) 834003 RECIFE -08:02:00 -034:56:00 Não disponivel na w 9111468,689
RECIFE (IBURA) 834004 RECIFE -08:07:00 -034:56:00 SUDENE 06/1968 a 05/1974 9102250,877
RECIFE (IBURA) 834013 RECIFE -08:07:00 -034:56:00 Não disponivel na w 9102250,877
RECIFE (CURADO) 834006 RECIFE -08:03:00 -034:55:00 SUDENE 07/1967 a 12/1985 9109633,778
RECIFE (CURADO) 834007 RECIFE -08:03:00 -034:55:00 INMET Não disponivel na w 9109633,778
RECIFE (CODECIPE) 834016 RECIFE -08:05:00 -034:56:00 01/1987 a 12/1988 9105938,006
RECIFE (CENTRAL) (RFN) 834014 RECIFE -08:02:00 -034:54:00 01/1924 a 12/1958 9111485,877
RECIFE (CAXANGA) 834005 RECIFE -08:02:00 -034:53:00 02/1911 a 08/1970 9111494,358
ESCADA 835022 ESCADA -08:22:00 -035:14:00 DNOCS 01/1920 a 12/1983 9074422,288
ESCADA 389 835021 ESCADA -08:22:00 -035:14:00 Não disponivel na w 9074422,288
ESCADA (RFN) 835023 ESCADA -08:22:00 -035:14:00 01/1923 a 12/1949 9074422,288
USINA TIUMA (IAA) 735084 SÃOLOURENÇODA MATA -07:58:00 -035:04:00 IAA 04/1967 a 01/1995 9118771,748
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 29

Figura 10: Localização das estações pluviométricas na RMR de acordo com dados da ANA.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 30

2.8 Fatores Antrópicos Condicionantes dos Deslizamentos nas áreas Urbanas


Nas áreas urbanas a literatura técnica aponta para um caráter induzido da maioria dos
deslizamentos, tais como a geometria inadequada dos taludes de corte com relações de altura
e inclinação, não admissíveis para o material cortado; lançamento de aterros sem
compactação; impermeabilização do terreno; plantio de vegetação inadequada; alteração das
drenagens naturais e, descartes inadequados das águas servidas.
Além disso, o acúmulo de lixo nas encostas torna-se mais um fator de risco para as
comunidades que habitam em seu entorno. Esses materiais de características geotécnicas
pouco conhecidas absorvem muita água, o que aumenta o seu peso específico e serve como
“lubrificante” entre suas partículas, podendo ocasionar deslizamentos e corridas de materiais
de proporções catastróficas.
2.9 Caracterização dos Movimentos de Massa
Os deslizamentos ou escorregamentos são definidos como eventos geológicos
originados a partir de fluxos ou movimentos gravitacionais de materiais (solos, sedimentos e
rochas), desencadeados por agentes naturais (chuvas, terremotos etc.) ou, antrópicos
(explosões, alteração da geometria dos taludes, tráfego de veículos, etc.). Eles contribuem na
evolução das formas do relevo e, são também, causadores de grandes danos sócios
econômicos, Carvalho e Riedel (2005). A magnitude desses movimentos de massa é bastante
variável, tanto no que se refere à velocidade, volume, dimensões ou tipo de material
deslocado.
Existem várias classificações internacionais para os movimentos de massa, sendo que a
primeira tentativa de classificação desses movimentos deve-se a Dana em 1862.
Posteriormente seguiram-se outras como as de Sharpe (1938), Varnes (1958 e 1978) e
Hutchinson (1988), como citado em Dias (2002). De todas estas classificações uma das mais
utilizadas pela comunidade científica é a de Varnes (1978), também adotada pela Associação
Internacional de Geologia de Engenharia (IAEG).
No Brasil, devem ser citadas as classificações de Vargas (1966), Nunes (1969), Freire
(1984), a de Guidicini e Nieble (1984), que na verdade trata-se de uma modificação da
classificação de Magalhães Freire e, a de Carvalho (in Dias, 2002). Além dessas deve ser
citada a classificação de Augusto Filho (1992), uma simplificação da classificação de
Magalhães Freire, adotada pelo Ministério das Cidades (2004), no curso de Capacitação em
Mapeamento e Gerenciamento de Risco.
Apesar dos primeiros registros de deslizamentos nas encostas brasileiras datarem da
época colonial (deslizamentos registrados no antigo morro do Castelo no Rio de Janeiro),
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 31

somente a partir do desenvolvimento da mecânica dos solos, na primeira metade do século


XX, é que tais fenômenos começaram a ser estudados em profundidade.
2.9.1 Classificação dos Movimentos de Massa
Os movimentos de massa podem ser classificados conforme o material envolvido, o
tipo de mecânica responsável pela sua movimentação bem como, pela sua velocidade de
deslocamento, Carvalho (2005).
A mecânica dos deslizamentos é caracterizada pela ruptura das condições de equilíbrio
de uma massa de solo, sedimentos ou rochas, em um talude natural ou de origem antrópica.
Os fatores responsáveis pela ruptura desse equilíbrio podem ser de origem geológica
(fraturamentos, presença de minerais argilosos expansivos preenchendo as fraturas das rochas,
etc.), geomecânicas (alterações do peso específico do solo devido à saturação, perda de
coesão etc.). Ou, climáticas (pluviosidade), alterações do lençol freático e antrópicas
(compactação do terreno aumentando o seu peso específico, vibrações provocadas por
explosões e tráfego de veículos pesados) ou devido a forças naturais como os terremotos ou
tsunamis.
Cada tipo de material apresenta uma relação específica com o movimento produzido e
conseqüentemente, é possível estimar-se o seu grau de suscetibilidade ao desenvolvimento de
um tipo específico de movimento.
Os tipos de materiais sujeitos a movimentos de massa (gravitacionais) são divididos
em:
- Materiais rochosos
- Solos e sedimentos
- Materiais de origem antrópica (aterros e lixo)
Os materiais rochosos constituem um meio descontínuo onde o grau de fraturamento
do maciço influência na sua anisotropia. Além disso, o tipo litológico, a distribuição, o ângulo
de atrito, o tipo de preenchimento, das fraturas e também das características de suas paredes,
serão fundamentais no balanço de forças que garantem o equilíbrio dos taludes e blocos
formados por esses materiais.
Os seguintes tipos de movimento podem ocorrer em taludes rochosos: queda de blocos,
tombamentos (por ruptura planar, caso particular de tombamento), deslizamentos rotacionais,
translacionais, planares e em cunha (Figura 9). Nesses taludes, os deslocamentos de materiais
têm sua direção controlada pelos sistemas de fraturamentos e, nesse movimento podem se
formar marcas (slickensides) nas paredes do maciço, indicando a direção de deslocamento do
material.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 32

Na região dos estudos não são comuns movimentos de massa relacionados a materiais
rochosos, tendo em vista que, geralmente, os maciços rochosos estão cobertos por espesso
manto de intemperismo. Aliás, esta é uma situação típica do ambiente tropical, onde os
movimentos de massas rochosas estarão freqüentemente, ligados a taludes de origem
antrópica, Augusto Filho (1999). Entretanto, bem próximo a Região Metropolitana do Recife-
RMR, ao longo da BR 232, são registrados alguns casos de movimentos de massas rochosas
relacionados aos taludes de corte para a abertura da estrada.
Os solos e sedimentos inconsolidados apresentam-se como um meio onde as
características isotrópicas ou anisotrópicas podem ser mais ou menos pronunciadas. Corpos
de solos residuais podem ser mais isotrópicos em suas propriedades (como ângulo de atrito ou
permeabilidade) do que os solos coluvionares cuja geometria da sua deposição e seu grau de
coesão, pode variar amplamente ao longo de toda espessura do material.
No desencadeamento dos movimentos das massas de solo, influenciam diretamente as
características geotécnicas dos materiais (granulometria, coesão, ângulo de atrito, etc.), a
cobertura vegetal, o relevo, a água (nas formas de chuva, drenagem superficial ou lençol
subterrâneo) e a forma e ocupação das encostas. Em função da geometria, os deslizamentos
são classificados em planar, rotacional e translacional. O creep e corridas de lama ou de
detritos são caracterizados como outros movimentos de massa (figuras 10 e 11, extraídas de
ITGE, 1991).
Os deslizamentos planares são típicos de camadas de solo pouco espessas, separadas
por planos de fraqueza tais como, o contato entre duas camadas de solo de composições
diferentes. Na RMR, os deslizamentos são basicamente do tipo planar e se localizam
principalmente sobre as áreas constituídas por sedimentos da Formação Barreiras.
Os deslizamentos rotacionais são característicos dos solos mais espessos e
homogêneos como os solos residuais (normalmente). Enquanto os translacionais
caracterizam-se pelo movimento, para frente e para baixo, do material deslizando ao longo de
uma superfície mais ou menos plana. Neste movimento registra-se também, uma componente
rotacional de menor intensidade. A figura 9 mostra alguns desses movimentos.
O rastejo, ou creep, caracteriza-se por um movimento bastante lento da massa de solo
em direção ao pé do talude enquanto as corridas de lama ou de detritos caracterizam-se por
um deslocamento de elevada velocidade dos materiais, na forma de um fluido de alta
viscosidade (devido ao grande teor de água contida).
Neste trabalho, dividiremos os materiais de origem antropogênica em aterro e
depósitos de materiais artificiais (lixo doméstico e industrial e esgoto). O primeiro é
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 33

constituído por materiais naturais, remobilizados pelo homem para construção civil. Enquanto
o segundo é constituído por materiais artificiais, descartados de forma aleatória sobre a
superfície do terreno ou nos corpos de água.
Os materiais de aterro e os depósitos de origem antrópica possuem características
geotécnicas complexas algumas vezes, comparáveis às características dos solos e sedimentos
quanto aos tipos e geometria dos movimentos.
A B

Figura 9: (a) Deslizamento Rotacional em maciço Rochoso, (b) Deslizamento Translacional


em Maciço Rochoso, (c) Queda, Tombamento e rolamento de bloco, (d) Deslizamento em
cunha ou estruturado (a, b, c extraído de ITGE, 1991; d extraído de MC, 2006).
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 34

Figura 10: Deslizamentos rotacional e translacional em solo (extraído de ITGE, 1991).

A B

Figura 11: (A) Corrida de Lama (extraído de ITGE, 1991) e (B) deslizamento planar (extraído
de Oliveira e Brito,1998).
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 35

2.10 Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento


A utilização de ferramentas de sensoriamento remoto para pesquisa de vários temas,
entre eles os relacionados à suscetibilidade a deslizamentos e a delimitação de áreas de risco,
encontra-se em expansão nas últimas duas décadas. A relativa facilidade de interpretação
visual das feições do terreno e das paisagens regionais mostradas nas imagens de
sensoriamento remoto são, o maior atrativo para o uso dessas imagens.
Com o advento das imagens de alta resolução em fins da década de 1990, tornou-se
possível, por exemplo, localizar todos os deslizamentos recentes e as cicatrizes de
deslizamentos mais antigos em uma determinada área. Satélites como o IKONOS e o
Quickbird, fornecem imagens do terreno com resolução espacial (o tamanho do menor objeto
que pode ser representado em uma imagem), de até 60 centímetros. Antes, somente
deslizamentos de grandes dimensões podiam ser vistos nas imagens de satélite. Um exemplo
de imagem do satélite Quick Bird pode ser visto na figura 12.
As fotografias aéreas foram, e ainda são bastante utilizadas para várias atividades de
pesquisa, inclusive geológicas geotécnicas e geoambientais. Entretanto, os custos e o tempo
para obtenção de imagens aerofotográficas de uma região, são muito mais elevados que
aqueles necessários para obtenção de imagens de satélites de alta resolução e que, fornecem
dados de qualidade muito elevada.
Através das imagens de satélite é possível delimitar não só as áreas de
escorregamentos e deslizamentos, mas também, áreas com propensão (suscetíveis a tais
movimentos de massa). Assim, por exemplo, áreas compostas por argilas expansivas (podem
ser detectadas por análises radiométricas) bem como, elementos do relevo, contribuintes para
aumentar a suscetibilidade aos deslizamentos e, a evolução do número de deslizamentos ao
longo do tempo em uma região.
O conhecimento das propriedades físicas dos objetos, visualizados nas imagens de
satélite, é baseada no comportamento espectral destes e de suas interações com a energia
eletromagnética, em diferentes comprimentos de onda. Ao captar essa energia refletida ou
emitida pelos objetos (alvos), um sistema sensor a bordo do satélite (ou avião), registra essas
informações em formato digital ou analógico.
Quando se trata de estudar as formas do relevo, a análise de modelos digitais de
terreno obtidos a partir de estereoscopia de imagens de satélites (como o ASTER) ou, de
imagens obtidas por radares orbitais (como o SRTM), possibilita o conhecimento mais preciso
das declividades e formas de relevo, tão úteis no estudo da suscetibilidade natural de uma área
aos deslizamentos. Tais modelos também podem ser obtidos através da digitalização das
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 36

informações contidas nas cartas topográficas tradicionais. Exemplos dessas imagens podem
ser vistos nas figuras 13 e 14.
2.11 Características das imagens utilizadas
2.11.1 Imagens Geocover
O mosaico Geocover é formado por um conjunto de imagens ETM+, do satélite
LANDSAT 7, ortorretificadas. Possui uma resolução espacial de 14,25 metros (resultante da
fusão entre as bandas 7, 4 e 2, com a banda 8 (de alta resolução)).
Seu controle de posicionamento horizontal foi realizado a partir de 6 a 12 pontos
identificados por cena, com erro quadrático médio de 50 metros. O controle vertical é feito
com base em modelo digital de terreno com precisão de 3 arco segundos, quando disponíveis
ou, dos dados digitais do GTOPO 30 (modelo digital de terreno com precisão de 30 arco
segundos). Esse mosaico é formado por imagens obtidas pelo satélite LANDSAT 7, entre os
anos de 1999 e 2000. Os arquivos digitais são distribuídos no formato Mrsid, com projeção
UTM e Datum WGS 84, Crepani e Medeiros (2005).
As imagens Geocover estão referenciadas para o hemisfério norte. Dessa forma é
necessário abrir o arquivo. sdw, pertencente ao conjunto de arquivos disponibilizados junto
com a imagem Geo Cover e , alterar a última linha deste. Essa alteração é feita subtraindo o
valor encontrado na última linha desse arquivo do valor 10.000.000. O valor encontrado será
o correspondente à coordenada do canto inferior esquerdo da imagem, convertida para o
hemisfério sul. Essa alteração do arquivo é feita utilizando-se o bloco de notas do Windows.
As imagens Geocover encontram-se disponíveis, gratuitamente, no site
http://zulu.ssc.nasa.gov/mrsid/.
2.11.2 Imagens CBERS 2

Essas imagens são obtidas pelo satélite sino brasileiro China-Brazil Earth Satellite
(CBERS), que possue 3 câmeras para imageamento da superfície da terra. A primeira é
denominada CCD (câmera de imageamento de alta resolução), que possue uma resolução
espacial de 20 metros, nas bandas 1 (azul), banda 2 (verde), banda 3 (vermelho), banda4
(infravermelho próximo) e banda 5 (Pancromática).As bandas de 1 até 4 captam informações
das faixas do espectro eletromagnético similares àquelas obtidas pelas mesmas bandas do
satélite LANDSAT 7. Já a banda Pancromática adquire informações dos comprimentos de
onda entre 0,51 e 0,73μm.
A segunda câmera transportada pelo CBERS é a RSI, imageadora de varredura de
média resolução (80 metros), imageando no espectro similar as bandas 5,6 e 7 do Landsat e, a
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 37

terceira câmera é a WFI (câmera imageadora de amplo campo de visada, resolução espacial
de 260 metros). Neste trabalho foi utilizada apenas a imagem da câmera CCD, adequada aos
mapeamentos na escala de 1:100.000 por apresentar resolução espacial de 20 metros.
Foram utilizadas também as imagens RADARSAT (modo Standard), que serviram de
auxílio na definição das estruturas geológicas regionais e das formas de relevo (com resolução
espacial de 12 metros, reamostrada para 15 metros). As imagens de radar obtidas pelo SRTM
(SMUTLLE RADAR TOPOGRAFIC MISSION) foram utilizadas na extração automática de
drenagens e na extração de feições geomorfológicas.
2.11.3 Imagens LANDSAT
Foram utilizadas duas imagens Landsat 7 ETM+ , obtidas gratuitamente através do site
http://glcf.umiacs.umd.edu/index.shtml, ortorretificadas e compostas pelas bandas 1 até 8. A
resolução espacial dessas imagens é de 28 (metros aproximadamente), para as bandas 1, 2, 3,
4, 5 e 7 e, 60 e 15 metros, respectivamente, para as bandas 6 e 8. As características de
projeção e datum são similares aquelas das imagens Geo Cover.

Figura12: Imagem Quickbird, Recife (PE), resolução espacial de 1 metro. Fonte: Google
Earth
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 38

Tabela 4: Principais Características das Imagens Utilizadas

IMAGEM Fonte Resolução Resolução Sistema


espacial espectral Cartográfico/Datum
(nominal)
Geocover Internet 15 metros RGB UTM-WGS84
(grátis)
Landsat Internet 30-15 metros 6 bandas+1 UTM-WGS84
(grátis) PAN
CBERS 2 Internet 20 metros 4 bandas UTM-WGS84
(grátis)
SRTM Internet 90 metros 1 banda UTM-WGS84
(grátis)
Radarsat SGB-CPRM 12 metros 1 banda UTM-WGS84

Figura 13: Imagem ASTER, Bagé (RS). Composição R, G, B (1, 2,3).

2.11.4 Imagem SRTM


A localização da RMR proporciona a presença de uma constante cobertura de nuvens.
Essa situação dificulta a utilização de imagens de satélite convencionais que raramente
conseguem ser obtidas com uma pequena cobertura de nuvens.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 39

Essa dificuldade pode ser contornada pela utilização de sensores remotos que utilizam
a faixa do espectro eletromagnético correspondente às microondas, que sofrem uma influência
quase nula das condições atmosféricas e, nenhuma influência das condições de iluminação.
Assim, aproveitando essas características dos sensores de imageamento por radar,
foram utilizadas na RMR, imagens provenientes dos sensores SRTM e RADARSAT, para
avaliação de algumas características do meio físico, tais como: drenagem, morfologia do
terreno e estruturas geológicas.
O SRTM (Shutlle Radar Topographic Mission) corresponde à sigla de uma missão
espacial conjunta da NASA (National Aeronautics and Space Administration), da NIMA
(National Imagery and Mapping Agency), dos Estados Unidos da América e das agências
espaciais européias da Alémanha (DLR, Deutsche Zentrum für Luft und Raumfhart) e da
Itália (ASI, Agenzia Spatiale Italiana), realizada no período de 11 a 22 de fevereiro de 2000.
Essa missão tinha como objetivo realizar o imageamento da superfície terrestre, entre
as latitudes de 60o N e 56o S, gerando um modelo topográfico digital com precisão de 1 arco
de segundo (aproximadamente 30 metros) no equador. Esse equipamento de radar, que
utilizava as bandas C e X era transportado a bordo da espaçonave Endevour. Os dados desse
levantamento referentes a banda C estão disponibilizados gratuitamente pela NASA na
internet (via FTP), no seguinte endereço:
ftp://edcsgs9.cr.usgs.gov/pub/data/srtm/SouthAmerica/
Os dados disponibilizados encontram-se com resolução espacial de 30 metros (ou seja,
cada pixel da imagem conteria informações de uma área de 30x30 metros do terreno), para o
território americano e, com resolução de 90 metros (3 arco - segundo) para o restante do
mundo. Segundo informações constantes no endereço acima citado, dados de outras áreas do
planeta, Além dos Estados Unidos da América, também podem ser fornecidos com a precisão
de 30 metros, mediante análise de pedido feito pelos usuários. Nesse caso, o tempo para
análise do pedido e o fornecimento dos dados não são mencionados. Essas imagens são
fornecidas nos formatos geotiff ou hdf com sistema de projeção geográfico e datum WGS84
com altitudes em metro.
A aquisição dos dados de altimetria foi feita através do método da interferometria (fig.
17) que se baseia na diferença de fase de duas imagens de radar obtidas sobre um mesmo
local, o que torna possível obter os valores de elevações ou mudanças no relevo da superfície
da terra, com precisão maior que os obtidos por estereoscopia, CRCS (in Barros et al, 2004).
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 40

Figura 14: Recorte de Imagem SRTM da Região Metropolitana do Recife


Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 41

Figura 15: Missão SRTM - Detalhes do Radar Interferométrico. Fonte: Santos (2005)

2.12 Sistema de Informações Geográficas


O sistema de informações geográficas caracteriza-se por ser uma ferramenta projetada
com o objetivo de armazenar, processar e recuperar com rapidez e precisão, grandes volumes
de informações georreferenciados ou seja, que podem ser localizadas na superfície da terra
através de suas coordenadas geográficas. Sua utilização é bastante ampla pelas diversas áreas
do conhecimento humano, indo desde o monitoramento de redes de postos de saúde até o
monitoramento de áreas de risco (Davis Jr. 2000).
A concepção e implementação desses sistemas tomaram como base, não só, técnicas
de informática como também, conceitos de cartografia, geografia, topografia e geodésia
(Davis Jr. 2000), o que torna a apresentação das informações, tanto em meio digital como
analógico, de forma bem familiar para a maioria dos usuários dessa ferramenta.
O uso de ferramentas de computação na construção de mapas temáticos, básicos e
interpretativos, é procedimento relativamente recente, mas, com rápido crescimento e
aceitação dentro da comunidade científica.
Assim, a utilização dessas ferramentas tornou possível gerar um conjunto de mapas
base que, inseridos em ambiente SIG, permite a sobreposição, cruzamento e reclassificação
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 42

deste ou de seus parâmetros, de forma isolada, rápida e precisa. Além disso, permite que essas
operações sejam repetidas, várias vezes, na procura do ajuste do modelo desejado.
Os Sistemas de Informação Geográficas utilizam dois tipos de abordagem para
resolução dos problemas propostos. O primeiro é aquele baseado na avaliação dos dados
coletados (data driven) e o segundo, conhecido como knowledge driven (utilizado neste
trabalho), se baseia no conhecimento dos processos e seus condicionantes, sendo conduzido
para o cruzamento entre os dados existentes, permitindo que cada variável envolvida no
processo seja ponderada segundo sua importância dentro do caso em estudo, Carvalho e
Riedel (2005).
Os SIGs proporcionam ainda o suporte a decisões, que são implementadas com base
em dados espaciais, topologicamente relacionados, que propiciam a entrada, manipulação,
visualização, modelagem, análise e recuperação de um grande volume de dados nos formatos
raster e vetor possibilitando ainda, a manipulação e processamento de imagens de satélite e
radar.
Muito importante, em um software desenvolvido para SIG são as ferramentas de
modelagem. Assim, é fundamental que esses softwares possuam ferramentas que possibilitem
a leitura e exportação de arquivos digitais com os mais diversos formatos, geração de modelos
digitais de terreno, álgebra de mapas, conversões de sistemas cartográficos de arquivos raster
ou vetor, edição de vetores, conversão de arquivos raster para extensões diversas como, por
exemplo, a conversão de imagens com extensão. Tiff para .GRD, georreferenciamento e
registro de imagens raster, tratamento de imagens e, módulos para cálculos estatísticos . A
maioria dos softwares hoje existentes possui essas ferramentas sendo que, alguns
disponibilizam essas ferramentas em modulo único (como o PCI Geomática) enquanto outros
fornecem pacotes com extensões que devem ser adquiridas separadamente (como o ArcMap).
O SPRING (Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas) distribuído
pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais) merece destaque dentre os softwares de
SIG, pois, Além do modulo SIG, também tem seus pacotes de extensões IMPIMA (para
leitura e conversão de imagens) e SCARTA (para edição dos mapas gerados no SIG),
distribuído gratuitamente através do site http://www.dpi.inpe.br/spring/ .
Quanto aos dados espaciais, Silva (1999), usa a seguinte definição “são elementos
definidos pelas variáveis x, y e z, possuem localização no espaço e estão relacionados a
determinados sistemas de coordenadas, como por exemplo, a projeção de Mercator,
Longitude – Latitude, e que a eles podem estar associadas infinitas características ou
atributos”.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 43

Outro fator importante é que os SIGs permitem a alteração, a qualquer momento


necessário, das variáveis envolvidas no estudo, possibilitando sua rápida e eficiente
atualização, a luz de novos dados coletados ou reinterpretados.
Os bancos de dados, que dão suporte a todas as informações a serem trabalhadas pelo
SIG, são formados por dados georreferenciados com unidades e elementos organizados no
formato de tabelas de atributos (banco de dados relacionais), que permitem através da
automatização dos critérios de análise e classificação, a associação entre os diferentes
produtos gerados. É importante citar o fato de que a qualidade do produto gerado por um SIG,
esta diretamente ligada à qualidade dos dados disponíveis e armazenado nos bancos de dados
utilizados.
A geração do banco de dados deve levar em conta dois conceitos básicos que, segundo
Leroi (1996), são:
.As informações devem ter a mesma escala de trabalho e sistema de projeção
cartográfica e;
.Os dados precisam ser organizados na forma de camadas monotemáticas (layers),
contendo características homogêneas.
Além disso, na seleção dos dados utilizados é preciso que cada um deles seja avaliado
com base na escala de trabalho e, na confiabilidade da localização.
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 44

CAPITULO III: CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

3.1 Caracterização Político-Administrativa


A Região Metropolitana do Recife – RMR, situa-se numa faixa de 80 quilômetros de
comprimento ao longo da costa do Estado de Pernambuco no extremo nordeste do Brasil
(Figura1). Em termos de área, a RMR tem 2768 km2, o que equivale a 2,82% da área total do
estado.

Figura 3.1: Mapa de Localização da Região Metropolitana do Recife

A Região Metropolitana do Recife-RMR foi criada pela Lei Complementar número 14 de


8 junho de 1973, sendo constituída, originalmente pelos municípios de Recife, Cabo de Santo
Agostinho, Igarassu, Itamaracá, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Olinda, Paulista e São
Lourenço da Mata.
O objetivo da criação das regiões metropolitanas é facilitar a ordenação e o planejamento
do entorno das grandes capitais, intrinsecamente ligados a estas sob o ponto de vista de serviços,
comércio, indústrias, infraestrutura etc.
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 45

Duas décadas depois (em 1994), a Região Metropolitana do Recife foi redefinida pela lei
Estadual número 10/94, cujo objetivo era integrar o planejamento e execução das funções
públicas de interesse comum e também instituiu o Sistema Gestor Metropolitano.
O Sistema Gestor Metropolitano tem como objetivo promover a integração e apoiar os
agentes responsáveis pelo planejamento, execução e gestão públicos de interesse comum.
Atualmente a RMR é formada por 14 municípios. Esse número é fruto do
desmembramento de alguns municípios pré-existentes, caso dos municípios de Abreu e Lima,
Araçoiaba, Camaragibe e Itapissuma (desmembrados, respectivamente, dos municípios de
Paulista, Igarassu e São Lourenço da Mata) ou, da incorporação de um novo município, como é o
caso de Ipojuca.
Na RMR, vivem hoje (segundo censo do IBGE, 2001), 3.350.654 habitantes, o que
equivale a aproximadamente 40% da população total de Pernambuco.

3.2 Geologia
A geologia da RMR foi alvo de estudos de vários pesquisadores e, entre os mais recentes
podemos citar Lima Filho, Jardim de Sá e o Serviço Geológico do Brasil – CPRM (2003), cuja
caracterização geológica será aqui adotada (Figura 2).
A Região Metropolitana do Recife é formada por rochas do embasamento cristalino,
representadas pelos complexos Gnáissico–Migmatítico (Pgm), Belém de São Francisco (Mbf) e
Vertentes (Mve). Por corpos granitóides diversos (Mγ,Nγ), por rochas sedimentares formadoras
das bacias sedimentares costeiras Paraíba–Pernambuco e do Cabo e por coberturas sedimentares
inconsolidadas de idades neógena à recente (Figura 3).
Do ponto de vista tectônico a região esta inserida entre os terrenos Rio Capibaribe ao norte
e Pernambuco-Alagoas a sul, separados pelo Lineamento Pernambuco, extensa feição tectônica
que corta o estado em sentido leste-oeste.
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 46

Figura 3.2: Coluna Estratigráfica da Região Metropolitana do Recife (CPRM, 2003).


Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 47

3.2.1 O Embasamento Cristalino


Dois grandes complexos estão representados na RMR, sendo seus limites demarcados pelo
Lineamento Pernambuco. A norte encontra-se o Complexo Gnáissico-Migmatítico, de idade
paleoproterozóica, composto por ortognaisses de composição granítica a tonalítica, com
variações monzoníticas e dioríticas, por vezes migmatizados (Foto 1). Tais rochas, normalmente,
apresentam-se bastante intemperizadas, gerando um capeamento de solo residual, solo saprolítico
e saprólito, com espessuras que podem chegar a mais de 5 (cinco) metros, com cores amareladas
e avermelhadas quando secos.
Em uma pequena porção do extremo noroeste da RMR, próximo a cidade de Araçoiaba,
ocorrem às rochas da seqüência metavulcano-sedimentar denominada Complexo Vertentes, de
idade mesoproterozóica, constituída por quartzitos, metapelitos e metavulcânicas diversas. Os
quartzitos, muito friáveis, dessa unidade foram alvos, no passado, de intensa explotação mineral
para utilização do material para construção civil enquanto que, as demais litologias dessa unidade
encontram-se encobertas pela vegetação arbórea ou pela cana de açúcar.
Ao sul do Lineamento Pernambuco aflora o Complexo Belém de São Francisco, de idade
mesoproterozóica, formado por ortognaisses e migmatitos com restos de rochas supracrustais
associados. Essa unidade encontra-se bastante intemperizada, com uma cobertura de solo residual
e saprolitico de aproximadamente 6 a 8 metros (Foto 2).
Cortando as rochas do Complexo Belém de São Francisco ocorrem vários corpos, de
dimensões batolíticas, constituídos por leucogranitos (Mγ 45m), sienitos (Nγ2k), monzonitos e
granodioritos (Nγ3m) e quartzitos (Nγ3qd), cuja cartografia deve-se a Rocha (1990).
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 48

Figura 3.2 : Mapa Geológico Simplificado da Região Metropolitana do Recife, extraído de


CPRM (2003).
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 49

Foto 3.1: Complexo Gnáissico Migmatitico, corte de estrada 2 km a leste da cidade de Araçoiaba.

Foto 3.2: Migmatito alterado, proximidades da usina Ipojuca.

3.2.2 As Bacias Sedimentares


Ocorrem na parte leste da Região Metropolitana do Recife, uma grande extensão de
rochas sedimentares que preenchem as bacias sedimentares Pernambuco - Paraíba (ao norte) e a
sub-bacia do Cabo (ao sul), sendo separadas pelo Lineamento de Pernambuco (CPRM, 2003).
Jardim de Sá (2004) dividiu a bacia Pernambuco-Paraíba pelo lineamento Pernambuco e,
denomina de bacia Paraíba o trecho situado ao norte do citado lineamento e de bacia Pernambuco
o trecho ao sul deste.
A bacia Pernambuco-Paraiba tem a forma de uma homoclinal de leve mergulho para leste,
com estruturas tectônicas de pequeno rejeito e acumulações sedimentares pouco espessas. No
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 50

trecho compreendido entre João Pessoa e Recife, o trend dos falhamentos possui direção que
varia entre NW a NS (Jardim de Sá, 2004.).
Segundo vários autores, a bacia Pernambuco Paraíba foi a última ligação entre a África e a
América do Sul durante a abertura do Oceano Atlântico, no período Cretáceo.
De acordo com Mabesoone e Alheiros (1988), essa bacia está dividida em cinco sub-
bacias, de sul para norte, que são: Olinda, Alhandra, Miriri, Canguaretama e Natal. Dessas apenas
a sub-bacia Olinda esta representada em áreas da RMR (Figura 4).
A estratigrafia da Bacia Pernambuco-Paraiba é a seguinte, da base para o topo: Formação
Beberibe (Kb), Formação Gramame (Kg), e Formação Maria Farinha (Emf). Sobreposta a essas
unidades se encontra o Formação Barreiras (Enb) e as coberturas sedimentares recentes.
As litologias mais antigas dessa bacia estão representadas pela Formação Beberibe, que é
composta por uma seqüência basal mais arenosa, de origem continental (leques aluviais
costeiros), onde estão representados arenitos de granulação variada, com intercalações de siltitos
e folhelhos.
Na sua parte superior a Formação Beberibe esta representada por uma seqüência arenosa
com cimento carbonático, de origem marinha, bastante fossilífera. Sua exposição na RMR é
bastante restrita, entretanto, por ser essa unidade o maior reservatório de água subterrânea da
RMR (aqüífero Beberibe), que abastece uma grande população, deve ser protegido de possíveis
agentes contaminantes.
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 51

Figura 3.4: Divisão estrutural da Bacia Sedimentar Costeira Pernambuco-Paraiba (Extraído de


Alheiros, 1988).
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 52

Sobreposta à Formação Beberibe, encontra-se uma espessa seqüência carbonática,


depositada em ambientes marinhos que vão desde o litorâneo até o marinho relativamente
profundo, denominada de Formação Gramame. Esta unidade esta composta por calcarenitos,
calcários terrosos-siliciclásticos e calcilutitos margosos. A idade desta unidade é neocretácea e,
seus afloramentos na RMR estão localizados próximos à linha de costa, nos municípios de
Paulista, Igarassú e Itapissuma.
A partir do Período Neógeno (Paleoceno ao Eoceno), com a continuidade da sedimentação
carbonática (de caráter marinho regressivo), depositaram-se calcários nodulares detríticos e
calcilutitos, com espessas intercalações de folhelhos escuros e margas, agrupados sob a
denominação de Formação Maria Farinha.
Do ponto de vista econômico, concentram-se nas Formações Beberibe e Gramame,
importantes depósitos de fosfato (explotados até a exaustão na RMR) e, nas Formações Gramame
e Maria Farinha, diversas pedreiras de rochas carbonáticas.
A sul do Lineamento Pernambuco, localiza-se a sub-bacia do Cabo (CPRM, 2003.),
composta por rochas siliciclásticas, carbonáticas e vulcânicas, de idades que se estendem do
Aptiano ao Neógeno.
Os primeiros sedimentos depositados nesta bacia, Aptiano-Albiano, são os da Formação
Cabo (Kc), um conjunto de rochas siliciclásticas, de origem continental, formada por arenitos,
arcóseos, siltitos, argilitos e conglomerados polimíticos de matriz arcoseana (Foto 3).
A seguir depositam-se na bacia os sedimentos carbonáticos da Formação Estiva (Ke), de
idade Neocretácea, constituídos por calcários dolomíticos argilosos e calcilutitos, associados à
folhelhos, siltitos calcíferos e argilas.
Cortando os sedimentos da Formação Cabo e Estiva, ocorrem as rochas vulcânicas da
suíte magmática Ipojuca (Kλip). As rochas desta unidade estão representadas por riólitos,
basaltos, ignimbritos e pelo álcali-feldspato granito, denominado granito do Cabo (Foto 4), cuja
idade, segundo Nascimento (2004) é de cerca de 102 m.a. Os tipos litológicos de composição
mais básica encontram-se bastante alterados, com espesso capeamento de solo, conforme pode
ser visto na área do loteamento Cidade Garapu, no município do Cabo de Santo Agostinho.
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 53

Foto 3.3: Conglomerados da Formação Cabo, estrada BR-101, município de Cabo de Santo
Agostinho.

Quanto ao corpo granítico denominado de Granito do Cabo, este se situa no extremo leste
do município homônimo. Possue uma cobertura de solo de alteração com granulometria silto
arenosa, onde os processos erosivos, possivelmente devido ao intenso desmatamento, são muito
atuantes. Nesta área são comuns as ravinas, voçorocas e erosões laminares, que dão um aspecto
desolador ao local.

Foto 3.4: Estruturas vulcânicas em área de afloramento do Granito do Cabo na praia do Xaréu no
Município do Cabo de Santo Agostinho.

O topo da sedimentação dessa bacia está representado pela Formação Algodoais, de idade
cretácea superior (turoniana) até paleógena. Esta formação encontra-se informalmente dividida
em duas unidades: Água Fria (basal) e Tiriri. A primeira é constituída por conglomerados de
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 54

matriz arcoseana, com seixos de vulcânicas, arenitos conglomeráticos maciços e arcósios de


granulação média a grossa. A unidade Tiriri esta composta por um arenito conglomerático
esbranquiçado, quartzoso.

3.2.3 Formação Barreiras


Recobrindo o embasamento cristalino e as unidades sedimentares cretáceas, encontra-se a
Formação Barreiras (segundo Lima Filho, 2003). Trata-se de uma unidade de idade paleógena-
neógena ou neógena-quaternária, cuja composição caracteriza-se por depósitos de areias grossas,
intercaladas por estratos rítmicos de areia fina e/ou argila, que por suas próprias características
granulométricas e mineralógicas são bastante friáveis e facilmente erodíveis (Foto 5). Alie-se a
isto a elevada declividade das bordas dos tabuleiros, forma morfológica típica da ocorrência
dessa unidade.
Sua área de ocorrência concentra-se basicamente ao norte do Lineamento Pernambuco (na
RMR), com ocorrências esporádicas a sul do Recife e na parte sul da RMR.
Grande parte dos deslizamentos e erosões que evoluem para voçorocamentos, na RMR,
registra-se em áreas ocupadas por esta unidade geológica.

Foto 3.5: Afloramento de sedimentos do Formação Barreiras no município de Camaragibe

3.2.4 As Unidades Quaternárias


Todas as unidades geológicas anteriormente descritas estão recobertas na área litorânea
por sedimentos recentes, de idade quaternária. Esses sedimentos estão representados por Terraços
Marinhos Pleistocênicos (Qtp), Terraços Marinhos Holocênicos (Qth), Sedimentos Flúvio
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 55

Lagunares (Qdfl), Recifes de Arenito (Qr), sedimentos de Praia (Qp), sedimentos Aluvionares
(Qal) e pelos sedimentos de Mangue (Qm).
Os Terraços Marinhos Pleistocênicos são formados por areias quartzosas de granulação
fina a média. Os Terraços Holocênicos são constituídos por materiais similares aos Terraços
Pleistocênicos, apresentando como diferenças básicas a granulometria mais fina das areias e a
presença de restos de conchas (Foto6).
Nestas unidades estão assentadas aquelas construções que se apresentam mais seguras
quanto a possíveis inundações.

Foto 3.6: Terraço Marinho Holocênico em Jaboatão dos Guararapes.

Os sedimentos flúvio lagunares ocupam uma grande área da planície da RMR. São
constituídos por areias finas, siltes, argilas, vasas diatomáceas e sedimentos turfosos. Devido a
suas características de relevo, as áreas ocupadas por essa unidade são densamente ocupadas com
edificações. Aqui as edificações de maior porte necessitam de minucioso estudo geotécnico do
subsolo já que, são freqüentes as presenças de camadas de argilas orgânicas e turfas, que podem
comprometer as estruturas dessas edificações e outras obras de engenharia, como avenidas, por
exemplo.
Junto com os sedimentos flúvio-lagunares, os sedimentos de mangues também apresentam
ampla distribuição na Planície Costeira da RMR, sendo formado por argilas, siltes, areias finas,
carapaças de diatomáceas, espículas de espongiários, restos orgânicos e conchas.
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 56

Nas áreas de ocorrência dessa unidade, é muito comum a presença de camadas de argila
orgânica, de grande espessura, como a registrada por uma sondagem à percussão realizada em
terreno da sede do Serviço Geológico do Brasil-CPRM (em Recife), que atingiu uma espessura
de 9 metros com baixíssimos valores de SPT. Estas características tornam necessária uma
detalhada pesquisa geotécnica do subsolo, antes do inicio de qualquer obra de engenharia.
Os depósitos aluvionares distribuem-se ao longo dos canais e nas planícies de inundação
dos grandes rios que cortam a RMR. São depósitos formados por materiais arenosos e areno-
argilosos. Embora as áreas de ocorrência desses materiais sejam locais extremamente propensos a
inundações periódicas, a ocupação urbana nesses locais é bastante densa.
Por fim, encontram-se ao longo da costa da RMR, recifes de arenito (Foto7), formados por
grãos de quartzo e fragmentos de conchas, aglutinados por cimento silicoso ou ferruginoso e, ao
lado desses corpos rochosos encontram-se os depósitos de praia, recentes, constituídos por areias
quartzosas com presença de fragmentos de conchas.

Foto 3.7: Recifes de arenito em Porto de Galinhas, Ipojuca.

Embora não possuam dimensões para representação nesta escala de trabalho, devem ser
citados os depósitos de colúvios (Foto 8), constituídos por materiais argilo siltosos e seixos de
quartzo e rocha centimétricos, com registro em pequenas áreas nos sopés dos morros cristalinos.
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 57

Foto 3.8: Depósito de colúvio no município de Jaboatão dos Guararapes

3.3 Clima
De acordo com Moreira (in CPRM, 2003), a RMR possui um clima litorâneo úmido, com
forte influência de massas tropicais úmidas. A temperatura média anual é de 25,5 oC, com média
anual máxima de 29,10 C e média anual mínima de 21,9 oC.

Tabela 3.1: Variação mensal das médias da temperatura do ar na RMR


Fonte: Moreira (in: CPRM, 2003).
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 58

A média mensal da umidade do ar (valores da cidade do Recife) oscila entre 74 e 86 %,


com média anual de 80%.

Figura 5: Variação mensal média da umidade relativa do ar (Estação Curado)


Fonte: Moreira (In: CPRM, 2003).

A precipitação média anual vária desde 2200 mm, nas áreas mais próximas ao litoral, até
1200 mm na parte mais à oeste do município de São Lourenço da Mata. As variações inter anuais
oscilam entre 1200 a 3500 mm no litoral e entre 500 e 2000 mm nas áreas mais afastadas deste. O
trimestre mais chuvoso vai de maio a julho, concentrando 47% da precipitação. O trimestre mais
seco vai de outubro à dezembro e concentra apenas 7% da precipitação.
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 59

Figura 6: Hietogramas que mostram as variações no regime de chuvas na RMR. Dados de médias
mensais e de totais anuais obtidos a partir de 12 estações localizadas dentro e nos arredores da
RMR.
Fonte: Moreira (in CPRM, 2003).

3.4 Hidrografia
A Região Metropolitana do Recife-RMR, esta inserida na região hidrográfica classificada
como sub-bacia 39, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica-ANEEL (Moreira in CPRM,
2003).
Os rios e cursos de água que cortam a RMR são perenes, com altos índices de escoamento
(vazão), durante o período chuvoso podendo, entretanto, na área noroeste, secar quando da
ocorrência de estiagem prolongada.As principais bacias hidrográficas representadas na região são
: Ipojuca, Botafogo, Pirapama, Jaboatão e Capibaribe (Figura 7).
O rio Capibaribe percorre 33,2 quilômetros dentro da RMR e recebe como afluentes os
rios Goitá, Tapacurá e Besouro, sendo um dos principais rios da região. Barrando o curso desse
rio encontram-se várias barragens, construídas para controle das suas cheias e para o
abastecimento de água. Tais barramentos são responsáveis pela diminuição da vazão e da carga
de sedimentos transportados por esse rio e seus afluentes.
Alem do Capibaribe outros rios da região também se encontram com suas vazões
diminuídas devido à construção de barragens (Tabela 2) que retendo a maior parte dos
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 60

sedimentos carreados pelos rios e que antes chegavam ao mar, causam um desequilíbrio do
sistema erosão x deposição ao longo da costa.
Deve-se ainda destacar a existência de várias lagoas na região, sendo a maior delas a lagoa
Olho D’Água, situada no município de Jaboatão dos Guararapes. As outras lagoas são a lagoa do
Araçá, no município do Recife e, as lagoas Mingú e Maré no município de Ipojuca.
Tabela 3.2: Principais barragens da RMR.

Fonte: Moreira (in CPRM 2003).

Outros rios de dimensões mais modestas formam bacias menores que cortam a RMR e
estão agrupados, sob a denominação de pequenas bacias litorâneas sem denominação (GL-1).
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 61

Figura 7: Principais Bacias Hidrográficas da RMR. Extraído de Moreira (in CPRM, 2003).
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 62

3.5 Relevo
O relevo da RMR (figura 8) esta representado por quatro compartimentos
geomorfológicos bem definidos, subdividido em oito unidades de relevo. São eles: a Planície, os
Tabuleiros Costeiros, as Colinas e os Morros.
A planície é formada pelas unidades Planície Costeira e Planície Flúvio Lacustre. Estas
unidades se estendem por todo o litoral da RMR, sendo interrompida apenas pelas Colinas no
município do Cabo de Santo Agostinho.Dentro da faixa da Planície Costeira, podem ser
caracterizados dois patamares distintos, um nível mais alto (8 até 10 metros), formado por
terraços marinhos de idade pleistocênica e, um nível mais baixo formado pelos terraços marinhos
de idade holocênica que atinge a cota de 4 metros. Esses níveis podem ser facilmente vistos nas
imagens do SRTM. A Planície – Lagunar caracteriza-se por cotas que variam desde o nível do
mar até os 8 metros.
Os Tabuleiros estão situados, basicamente, ao norte da RMR, sendo formados por
sedimentos da Formação Barreiras, com cotas médias de 30 até 100 metros. Encontram-se
bastante dissecados, formando morros alongados (em alguns casos isolados e mais
arredondados), com vales de fundo chato. Na parte mais a oeste da RMR, esses tabuleiros podem
atingir cotas superiores aos 200 metros (sendo constituídos nesse caso por rochas cristalinas),
recebendo a denominação local de chãs.
Na parte sudeste da RMR encontra-se o Domínio das Colinas Amplas e Suaves,
constituídas por sedimentos (elevações mais baixas e de formas arredondadas) e por rochas
vulcânicas e sub vulcânicas (elevações maiores e de forma mais alongada). O promontório
formado pelo granito do Cabo é a expressão mais marcante dessa unidade.
Ao oeste e sudoeste da RMR, encontra-se o Domínio das Colinas Dissecadas e Morros
Baixos, um conjunto de formas mais elevadas, formados por rochas cristalinas, cujas cotas se
elevam desde os 30 até mais de 300 metros, aumentando sua altitude de leste para oeste. No
extremo oeste da RMR encontra-se o Domínio dos Morros e Serras Baixas, constituído por
rochas cristalinas que formam serras como a do Urucu, localizada no extremo oeste do município
do Cabo de Santo Agostinho, com cota de 424 metros. Nesse conjunto do relevo, os morros mais
baixos apresentam forma arredondada enquanto, os mais altos (formadores das serras), possuem
formas alongadas. Ainda nesse conjunto, é marcante o controle estrutural dos rios e do relevo,
principalmente na parte oeste da RMR.
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 63

Figura 8: Mapa geomorfológico simplificado da RMR


Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 64

Tabela 3.3: Divisões do relevo na RMR.


COMPARTIMENTO DE RELEVO UNIDADE DE RELEVO
Planície Planície Costeira
Planície Flúvio Lacustre
Tabuleiros Tabuleiros
Tabuleiros Dissecados
Colinas Colinas Dissecadas e Morros Baixos
Colinas Amplas e Suaves
Morros Morros e Serras Baixas

3.6 Solos
Ocorrem na RMR as seguintes classes de solo (figura 9), classificadas de acordo com o
Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, Shinzato (in CPRM, 2003):
. Argissolos- Esta classe é composta por solos minerais não hidromórficos, constituídos
por argilas de baixa atividade. Em geral são profundos, bem drenados e com seqüência de
horizontes A, Bt, C ou, A, E, Bt e C.sua distribuição abrange, principalmente as áreas mais
elevadas à oeste da RMR, recobrindo as unidades geológicas cristalinas e os sedimentos das
Formações Barreiras e Cabo.. Latossolos- Tratam-se de solos minerais, não hidromórficos,com
horizonte B latossólico.Encontram-se em elevado estágio de intemperização sendo bastante
evoluídos, profundos (espessura > 2 metros), com permeabilidade elevada, variando de bem a
acentuadamente drenados. Possuem seqüência de horizontes do tipo A, Bw, C, distribuindo-se
sobre as unidades cristalinas e sobre a Formação Barreiras em áreas concentradas a sul, norte e
centro da RMR.
. Cambissolos- Compreende um conjunto de solos minerais, não hidromórficos, com
horizonte B incipiente subjacente ao horizonte A . São pouco evoluídos, com características
bastante variáveis. Entretanto, geralmente são pouco profundos a rasos, com teores de silte
relativamente elevados.
. Espodossolos- Esta classe é composta por solos minerais com horizonte B espódico
sotoposto pelos horizontes E ou pelo horizonte A. Origina-se a partir dos sedimentos arenosos de
origem marinha que formam os cordões litorâneos; em geral são hidromórficos e de textura
arenosa.
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 65

. Gleissolos Háplicos- Tratam-se de solos relativamente recentes, pouco evoluídos tendo-


se originado a partir de sedimentos quaternários.São muito comuns nas várzeas dos rios da RMR.
. Neossolos- Esta classe compreende solos minerais pouco desenvolvidos e caracterizados
pela ausência do horizonte B diagnóstico. São solos rasos, muitas vezes assentados diretamente
sobre a rocha e associados a afloramentos de rocha. Podem se desenvolver também a partir de
depósitos fluviais recentes (quando apresentam estratificação de camadas sem relação genética
entre si) ou, de cordões arenosos costeiros, em associação com os espodossolos.
. Nitossolos- Esta classe é composta por solos minerais, não hidromórficos, com horizonte
B nítico com argilas de atividade baixa sobre o horizonte A . Tratam-se de solos profundos, em
geral, predominantemente caulínicos, geralmente bem drenados, com textura média/argilosa ou
argilosa a muito argilosa.. Solos de Mangue- São solos hidromórficos, de textura indiscriminada
geralmente profundos.
Associadas a classe dos gleissolos háplicos, com expressão muito reduzida, podem se
encontradas as classes dos planossolos e dos luvissolos.
Uma caracterização dos diversos tipos de solo que compõem cada classe de solo na RMR
pode ser encontrada em Shinzato (in CPRM, 2003).

3.7 Cobertura Vegetal


Atualmente, resta muito pouco da vegetação original que recobria a RMR no começo do
século XX. Além do pouco que restou da Mata Atlântica, podem ser encontrados restos da
vegetação nativa em estágio de regeneração (capoeira, capoeirinha), alem de vegetação higrófila
e vegetação de mangue (FIDEM, 1979).
Hoje a cobertura vegetal da RMR é representada fundamentalmente por canaviais. As
culturas de subsistência (milho, feijão, banana etc.) também estão presentes, em áreas menores,
freqüentemente isoladas em meio aos canaviais. Além da cana-de-açúcar e das culturas de
subsistência, podem ser encontrados ainda coqueirais, cultivados principalmente nas áreas mais
próximas ao litoral.
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 66

Figura 9: Mapa das classes de solo da Região Metropolitana do Recife


Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 67

CAPITULO IV - Deslizamentos na Região Metropolitana do Recife

4.1 Breve histórico


A ocupação dos morros da Região Metropolitana do Recife-RMR é um processo que
se desenvolve desde o período colonial e, que se iniciou com a ocupação dos morros de
Olinda e Recife. Em Recife essa ocupação se deu em geral pelas populações de baixa renda
pois, as áreas com melhores condições de ocupação onde os custos construtivos e a própria
localização eram melhores foram logo ocupadas pela população de maior renda. Assim, as
áreas que exigiam maior conhecimento técnico e, maiores investimentos para que
oferecessem condições de ocupação adequadas, foram deixadas para as camadas mais pobres,
que inevitavelmente, sofrem com as inundações e deslizamentos.
4.2 Deslizamentos na RMR
Há muitos anos a RMR sofre com a ocorrência de deslizamentos. Entretanto, esse
problema se tornou mais grave a partir da década de 1980 quando foram registradas dezenas
de escorregamentos na zona norte da cidade de Recife (no período de 1993 a 1996 foram
registrados 757 escorregamentos), que causaram cerca de 50 mortes por ano (Gusmão, 1997).
A elevada taxa de ocupação das encostas e a falta de urbanização desses espaços, que em
alguns casos ultrapassam a 400 habitantes por hectare, como na cidade do Recife, tornam
essas áreas mais suscetíveis aos deslizamentos.
A RMR possui registros de deslizamentos (com ou sem vítimas), com maior
concentração de eventos nos municípios de Recife, Olinda, Camaragibe e Abreu e Lima. No
caso do município de Olinda, os deslizamentos colocam em risco os patrimônios históricos e
artísticos, representados por igrejas e monumentos, localizados em áreas de encostas e topos
de colinas onde os movimentos do terreno causam rachaduras e fendas nas construções.
Em toda a área metropolitana do Recife, os fatores decorrentes da forma inadequada
de ocupação das encostas, são muito importantes na ocorrência dos deslizamentos, sendo
agravados pelos condicionantes naturais (litologia, declividade, forma da encosta etc.). O
acumulo de lixo, cortes inadequados dos taludes e acumulo do material proveniente desse
corte e inexistência de rede de drenagem planejada, são as causas que mais concorrem para
instalação de processos erosivos e de movimentos de massa.
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 68

No gráfico 4.1 é possível ver o número de vítimas devido aos deslizamentos de terra na
RMR e no município de Recife no período de 1984 a 2006. Esses gráficos mostram a
gravidade dos problemas causados pelos deslizamentos nesta região.

Número de Vitimas por Deslizamentos

70
60
60
Num.de vitimas na RMR
50
43
VITIMAS

40 39 Número de Vítimas no
33
Recife
30
24

20 16
1212 1111
9
10 8 8
6 7

2 3 2 2 1 3 3
1 1 1 1 1 1 0 1 1 1
0
Ano 1984 1989 1990 1991 1994 1995 1996 1997 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

ANO

Gráfico 4.1: Número de vítimas por escorregamentos na RMR e no Município do Recife


(Fonte: Alheiros, 2004 e notícias de jornais).

As causas e os efeitos dos deslizamentos em uma área são complexos e diversos. É


inegável, entretanto, que o uso inadequado e a ocupação desordenada do solo são fatores
determinantes na instalação e desenvolvimentos desses fenômenos.
4.3 Gerenciamento de Riscos Geológicos na RMR
Na Região Metropolitana do Recife temos dois exemplos importantes no
gerenciamento dos problemas relacionados aos acidentes geológicos que são: o Programa
Viva o Morro (desenvolvido pela Agência CONDEP/ FIDEM) e o programa Guarda-Chuva
(desenvolvido pela prefeitura do município de Recife). Esse programa de gestão de risco tem
como base os passos recomendados pela Década Internacional de Redução de Riscos
(ISRDN, 2005), para redução e erradicação de riscos:
Mapeamentos de Risco (identificação e hierarquização dos setores de risco,
análise qualitativa do risco, proposta de solução estrutural para a redução do risco e
lançamento dos dados em bases georeferenciadas).
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 69

Medidas Estruturais (obras de engenharia)


Medidas não Estruturais (organização institucional, dimensionamento do corpo
técnico, estratégias de médio e longo prazo).
Elaboração de Planos Municipais de Redução de Risco
A implementação desses programas levou a uma efetiva diminuição do número de
vítimas e, dos prejuízos econômicos causados pelos deslizamentos de terra a partir de 2001.
O município do Recife dispõe do mapeamento de suas áreas de risco, com permanente
monitoramento das mesmas, com banco de dados georreferenciado, constantemente
atualizado.
O Comitê Gestor Metropolitano, órgão com representantes de todos os municípios que
compõem a RMR, através da gerência do Programa Viva o Morro, acompanha a execução dos
Planos Municipais de Redução de Risco (2006) dos 9 (nove) municípios financiados pelo
Ministério das Cidades (Olinda, Camaragibe, Recife Jaboatão dos Guararapes, São Lourenço
da Mata, Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Igarassu e Paulista).
4.4 Documentação fotográfica
Os exemplos de vários deslizamentos podem ser vistos nas fotos abaixo mostram que
o problema esta presente na maioria dos municípios da RMR. A seguir é apresentada uma
seqüência de fotos mostrando alguns deslizamentos ocorridos nos municípios da RMR entre
os anos de 1996 e 2004.

Foto 4.1: Vista do Córrego da Andorinha no município de Camaragibe. Notar as lonas


de cor preta que recobrem a encosta para evitar novos deslizamentos
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 70

Foto 4.2: Vista de área de risco ao longo da BR-101, próximo à localidade de Cidade.
Tabajara no Município de Olinda.

Foto 4.3: a) Vista aérea do deslizamento ocorrido no Córrego do Boleiro em 1996. (foto
extraída de Alheiros ,1998).b) Situação típica em áreas de risco, corte vertical de talude com
construção da moradia na área plana logo à frente do corte(foto: cedida por Alheiros).
71

CAPITULO V: MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 Considerações Iniciais

No desenvolvimento deste trabalho utilizou-se como base metodológica a proposta de


Libault (in: Bertagnan, 1998), que segue os seguintes passos:
a- compilatório-coleta e levantamento de dados bibliográficos e de campo;
b- correlatório-tratamento, armazenamento e recuperação dos dados;
c- semântico-análise e manipulação dos dados;
d- normativo-confirmação ou negação das hipóteses.

Assim, seguindo esse conceito metodológico para organização deste trabalho, na


construção do mapa de suscetibilidade o primeiro passo foi à realização de um conjunto de
mapas básicos, que exigiram para a sua confecção uma série de pesquisas, começando pelo
levantamento bibliográfico onde, foram pesquisadas informações sobre:
- Cartografia geotécnica e de risco.
- Caracterização e as definições do tema suscetibilidade
- Desastres geológicos associados a deslizamentos
- Geologia,
- Relevo
- Clima,
- Cobertura vegetal,
- Ocupação do solo,

O ponto de partida da pesquisa bibliográfica foi à tese de Alheiros (1998) e que serve
de substrato às pesquisas que se seguem, comparando sua metodologia e resultados a luz das
novas ferramentas de sensoriamento remoto e geoprocessamento hoje disponíveis.
Os mapas básicos gerados (na projeção UTM e Datum WGS84) foram:
Planimétrico (atualizado)
Geológico (compilado)
Geomorfológico
Curvatura horizontal e vertical de encosta
Declividade
Solos (compilado)
Uso do Solo
72

5.2 Sensoriamento Remoto

Após esse levantamento o passo seguinte levou a uma minuciosa análise das imagens
de satélite (GEOCOVER, LANDSAT e CBERS) e radar (SRTM e RADARSAT), o que
possibilitou:
- Gerar um mapa base planimétrico atualizado
- Atualizar os limites da área urbana e da cobertura vegetal
- Compartimentar o relevo de acordo com suas formas predominantes.
- Aplicar o modelo digital de terreno (base para o mapa de declividade) a
partir de imagens SRTM e dados de outras fontes como digitalização das curvas de
nível das cartas topográficas da SUDENE na escala de 1:100.000, escolhendo o que
melhor se adaptasse ao estudo em foco.

Para geração do mapa final de suscetibilidade a deslizamento foram extraídas


informações dos mapas básicos que, posteriormente, foram superpostos, em ambiente SIG,
com os pesos de seus atributos similares para o cálculo da influência na suscetibilidade
natural a deslizamentos.
5.2.1 Tratamentos aplicados às imagens de satélite
As imagens LANDSAT (órbita 214, ponto 65 e 66, com passagens em 4/08/2001e
29/5/2000) e as imagens CBERS (órbita145, ponto108 e 109, com passagem em 7/12/2003)
utilizadas, foram processadas no software ENVI 4.0 e, no caso das imagens CBERS,
retificadas com base na imagem GEO COVER (S-25-05_2000).
Os tratamentos aplicados às imagens de satélite nesta fase, foram:
Georreferenciamento (imagens CBERS)
Ampliação de contraste
Composição de bandas RGB e Análise por principais componentes
Classificação Supervisionada
Tendo em vista que foram utilizadas imagens de satélites de diferentes épocas,
sensores, definições espaciais, tamanhos de área imageada, datum e projeções cartográficas,
procedeu-se a uma uniformização da maior parte dos itens citados, para todas as imagens a
serem utilizadas. Dessa forma, as imagens foram registradas com base nas imagens
GEOCOVER, utilizando-se o sistema de projeção UTM e o DATUM adotado foi o WGS 84
(Word Geodetic System) tendo em vista que, o IBGE já iniciou o projeto de mudança do
datum utilizado hoje em seus mapas (SAD69), para o referencial geocêntrico SIRGAS
73

(Sistema de Referência para as Américas), que coincide com o WGS 84 na escala de


1:100.000 , Correia (2005)
A resolução espacial adotada foi de 30 metros. Entretanto, para compartimentação do
relevo utilizou-se uma resolução espacial de 15 metros. Isso foi possível devido ao fato de que
a imagem GEOCOVER possue uma resolução de 15 metros e, a imagem LANDSAT com o
uso da técnica de fusão com a sua banda pancromática, também pode atingir a resolução
espacial de 15 metros. No caso das imagens dos outros sensores utilizados, a técnica de fusão
com uma banda pancromática não é possível.
Foi também aplicado um contraste linear em cada banda das imagens utilizadas, com a
finalidade de aumentar o contraste original destas, melhorando a visualização dos diversos
alvos existentes.
No tratamento das imagens de Satélites e Radar, foram utilizados ainda os softwares
ENVI 4.0 e ArcMap 9.1. Embora exista uma grande variedade de softwares específicos para
uso em SIG e processamento de imagens, foi feita a opção por estes softwares, devido à
facilidade de obtenção, utilização e interpretação além de serem bastante conhecidos daqueles
profissionais da área, que atuam em órgãos públicos.
5.2.2 Precisão dos Dados Fornecidos pelo SRTM
A aquisição dos dados de altimetria foi feita através do método da interferometria, que
se baseia na diferença de fase de duas imagens de radar obtidas sobre um mesmo local, o que
torna possível obter os valores de elevações ou mudanças no relevo da superfície da terra,
com precisão maior que os obtidos por estereoscopia (CCRS, in Barros et al, 2004).
Ainda segundo Barros et al (2004), o uso dos dados do SRTM mostra-se apropriado
para trabalhos nas escalas entre 1:50.000 e 1:100.000 (portanto, compatível com a escala de
trabalho aqui adotada), conseguindo bons resultados quando comparados a curvas de nível
digitalizadas a partir de cartas topográficas na escala de 1:50.000 conforme, pode ser visto na
tabela 1, abaixo.
Também, os deslocamentos horizontais entre pontos situados em cartas topográficas e
no SRTM são muito baixos e segundo Barros (2004), compatíveis com a escala de 1:100.000.
Segundo o padrão de exatidão cartográfico (PEC), instituído pelo decreto 89.817 de 20
de julho de 1984 e seguido pelo CONCAR (Comissão de Cartografia Nacional), os
documentos cartográficos são classificados de acordo com as seguintes características,
conforme mostrado na Tabela 3.
74

Tabela 5.1: Comparação entre as altitudes dos pontos de controle de campo (CPs) e do
SRTM. Extraído de Barros et al (2004).

Tabela 5.2: Comparação entre o afastamento horizontal de pontos obtidos de carta topográfica
e do SRTM, em relação aos pontos de controle de campo (CP), posicionados por GPS.
Extraído de Barros et al (2004).
75

Tabela 5.3: Classificação de documentos cartográficos através do PEC. Fonte: Santos (2005)

Os valores apresentados na tabela acima mostram que os dados fornecidos pelo SRTM,
enquadram-se perfeitamente na categoria A.

5.2.3 Uso das imagens SRTM


A partir do modelo digital de terreno fornecido pelo SRTM procurou-se gerar um
modelo topográfico da RMR, com precisão maior que aquele que pode ser fornecido através
da digitalização das cartas topográficas na escala de 1:100.000. Além disso, pretende-se um
grau de precisão maior que os obtidos com os dados dessas cartas para os seguintes temas:
declividade, drenagem e formas de relevo.
Essa comparação dos dois modelos digitais de terreno é importante na medida em que,
a facilidade de obtenção, a gratuidade da imagem SRTM (modelo digital de elevação) e a
cobertura de quase toda a superfície terrestre por esses dados, tornam rápida e eficiente a
obtenção de informações muito úteis para estudos de geologia, riscos geológicos, geotécnica,
engenharia e gestão territorial..
5.2.4 Pré-tratamento das imagens SRTM
A RMR é coberta pelas imagens SB 25 e SC 25 (nomenclatura similar às cartas ao
milionésimo), da grade de localização SRTM. Dessa forma, foi necessário fazer um mosaico
com as duas imagens, utilizando-se para isso o software ENVI 4.0. Posteriormente, ainda
utilizando-se o ENVI 4.0, foram corrigidos os erros de altimetria da imagem, provenientes da
própria forma de imageamento do sensor.
Esses erros vêm caracterizados nas imagens com os valores de –32768 (caso de pixel
sem valor de altimetria) e valores com cota negativa (valores diferentes de –32768) junto ao
mar.
Para a correção desse problema procedeu-se da seguinte forma:
76

. Recortou-se a área da RMR com um polígono onde a área da nova imagem


contivesse um mínimo de área de mar (o recorte tem de ser o mais rente à costa possível).
Verificaram-se quais os intervalos entre os valores negativos máximos e mínimos da
altimetria.
. Aplicou-se na nova imagem o comando “Corrigir valores defeituosos”, que cria um
valor corrigido para o pixel (através de interpolação com pontos vizinhos), substituindo o
valor –32768.
Os demais valores negativos não foram substituídos na imagem para que, os pontos
com valores de altimetria negativa e que, nesta imagem, representam corpos d’água, não
tivessem sua altimetria e geometria alteradas.
A imagem agora gerada não possui mais pontos defeituosos, podendo ser usada para as
finalidades pretendidas.
O próximo passo foi mudar a projeção da imagem original, para adequá-la aos dados
existentes. Essa mudança foi realizada também no ENVI 4.0 e, transformou a imagem
original da projeção geográfica e datum WGS 84 para projeção UTM (Universal Transversa
de Mercator) e datum WGS84.
A imagem SRTM, já corrigida, foi levada para o software ArcMap 9.1 (extensão
Spatial Analyst) onde, foram elaborados, a partir dos dados nela contidos, o mapa de
contornos (curvas de nível), o mapa hipsométrico, o modelo shade de relevo (relevo
sombreado). Além disso, foram obtidos também, os mapas de declividades e o de orientação
das encostas (orientação da face dos taludes), perfis horizontais e verticais de encostas
comentados nos capítulo seguintes e que podem ser vistos em anexo no final deste trabalho.
5.3 Modelo Digital de Terreno
A construção de modelos digitais de elevação é uma prática adotada muito
recentemente dentro das geotecnologias. Os primeiros modelos foram gerados a partir da
digitalização de dados topográficos, coletados no campo, Melgaço (2005).
O MDT (Modelo Digital de Terreno) é definido por Fernandes (2005), como
“Qualquer representação digital de uma variação continua do relevo no espaço”. A construção
do MDT se dá a partir de algoritmos de interpolação que geram este modelo através de grades
regulares (GRID) ou, redes irregulares (TIN).
Na construção do MDT (base para o mapa de declividades) foram utilizadas as curvas
de nível digitalizadas a partir das cartas topográficas da SUDENE e, os pontos cotados e RNs
existentes nessas cartas.
77

Na geração do MDT a partir da digitalização das curvas de nível existentes nos mapas
elaborados pela SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), adotou-se a
metodologia utilizada por Silva (1999). Assim, o modelo de grade utilizado foi o TIN
(triangular irregular network) também conhecido como triangulação de Delaunay. Neste
método, as células de cálculo, apresentam uma distribuição irregular, representando com
maior realismo as superfícies não homogêneas com variações locais acentuadas e, além disso,
permitem inserir no cálculo do modelo, feições geomorfológicas, como drenagens, por
exemplo.
Inicialmente, as cartas topográficas, Itamaracá, Limoeiro, Vitória de Santo Antão,
Recife e Sirinhaen, todas de autoria da SUDENE (1:100.000), foram digitalizadas, adotando-
se o espaçamento original de 40 metros para as curvas e, inserido o atributo elevação.
Seguiu-se a geração de um novo arquivo digital, incluindo os pontos cotados e os RNs
presentes nas folhas topográficas, que foi usado para geração do MDT.
Uma comparação do modelo digital de terreno gerado, a partir da digitalização das
curvas de nível das cartas topográficas e dos dados obtidos do SRTM, permitiu atestar uma
boa correlação entre as formas de relevo geradas pelos dois métodos (Figura 1).
Esse fato permite a utilização dos dados do radar do Shutle, no auxilio a extração da
drenagem e definição de um modelo digital de terreno mais preciso, que servirá como auxílio
na geração de um mapa de suscetibilidade a deslizamentos para toda a Região Metropolitana
do Recife.
Foram também gerados os mapas Hipsométrico (em anexo) da região, um utilizando os
dados das cartas da SUDENE e outro, utilizando os dados do SRTM.
78

Figura 1: Comparação, visual, entre as curvas topográficas das cartas da Sudene e as


curvas geradas pelo SRTM.
79

5.3.1 A Extração Automática da Drenagem


O conhecimento preciso da drenagem é de suma importância na definição das áreas
das bacias e sub bacias a serem estudadas na pesquisa da suscetibilidade aos deslizamentos.
Na escala de trabalho de 1:100.000, a drenagem extraída das folhas topográficas, pode
não conter o grau de detalhamento necessário. Assim, optou-se pela extração automática da
drenagem, com base nos dados do SRTM, objetivando obter não só um maior detalhamento
da mesma como também maior velocidade na sua obtenção.
Para extração automática das drenagens, a partir dos dados do SRTM, utilizou-se a
extensão Hidrology do software ArcMap 9.1. Esta extensão permite “calibrar” a extensão
mínima de cada curso de água a ser representada na forma de um vetor. Aqui, optou-se pela
extração de cursos de água com representatividade de no mínimo 500 metros (compatível com
a resolução espacial do SRTM).
A drenagem gerada, quando comparada a existente nas cartas topográficas na escala de
1:100.000, apresenta as seguintes características:
a) Boa correlação com as drenagens mostradas na imagem Geo
Cover (Fig.3).
b) Boas correlações espaciais, sendo a localização entre as duas
drenagens muito similares (Fig.4);
c) Densidade maior de drenagens em relação àquelas encontradas
nas cartas topográficas;
Embora a drenagem automática apresente todas estas características positivas,
apresenta também as seguintes características negativas:
a) Grandes distorções de número e localização nas áreas mais planas e baixas;
b) Os rios mais largos são representados como uma linha bem fina no centro do curso d’
água e, dependendo da escala de visualização, os segmentos de drenagem apresentam formas
retilíneas que criam “vértices” e não curvas.
Essas características negativas tornam necessária a edição dessas drenagens em alguns
trechos (nas áreas da planície e de corpos d´água), tomando como base as imagens Geocover
e as drenagens extraídas das cartas topográficas.
Dessa forma, a drenagem automática só foi utilizada nas áreas mais altas da RMR,
sendo na área da planície, utilizada a drenagem extraída das ortofotocartas (na escala de
1:10.000 da FIDEM).
80

Figura 5.3: Correlação entre a drenagem automática e a imagem Geocover


81

Figura 5.4: Comparação entre a drenagem automática e a drenagem extraída da carta


topográfica. Em vermelho, os pontos de divergência da drenagem automática.
82

5.3.2 Mapa de Declividades


A construção do Mapa de declividades foi realizada com base nos arquivos digitais do
MDT-SRTM e do MDT gerado a partir das curvas da SUDENE. As ferramentas utilizadas
foram o modulo Spatial Analyst do ArcMap 9.1.O software utilizado permite escolher os
intervalos de declividade (em porcentagem) ou inclinação da encosta (em graus) a serem
calculados.
Na construção do mapa de declividade, foram adotados os intervalos de 0-3%, 3-8%,8-
20%,20-45%,45-75% e>75%, utilizados para classificação das formas de relevo por
Valeriano (2003). Posteriormente, esses intervalos foram reamostrados para apenas 3 valores
(0-8%, 8-30% e >30%), com o objetivo de atender a classificação fina do mapa de alta, média
e baixa suscetibilidade a deslizamentos e também para atender a legislação vigente (Lei
Federal 6766/79) que estabelece o limite igual a 30% ou mais para a ocupação do solo.
Também foram adotados na construção dos perfis de encostas (vertical e horizontal) os
intervalos usados por Valeriano (2003).
Uma comparação, visual, entre os dois modelos gerados (figura 6) indicou uma melhor
resposta da declividade gerada a partir dos dados SRTM, provavelmente, devido ao maior
número de pontos de controle existentes nestes arquivos.
5.3.3 Perfil de Encostas
Na geração dos perfis verticais de encostas, foi utilizada a ferramenta Modelagem
Topográfica do software ENVI 4.0, admitindo os valores negativos como pertencentes a
perfis de concavidade, valores próximos a zero como perfis planos e valores positivos como
pertencentes a perfis convexos. No caso dos perfis horizontais, os valores negativos indicam
encostas convergentes, valor zero indicou encostas retilíneas e valores positivos encostas
divergentes.
No cálculo do perfil vertical adotou-se a premissa de que encostas côncavas possuem
altas suscetibilidades a deslizamentos, encostas retilíneas médias suscetibilidade e encostas
convexas baixas suscetibilidade a deslizamentos. No perfil horizontal das encostas, foi
caracterizado que as encostas convergentes são indutoras de suscetibilidades altas, as
retilíneas médias indutoras e as divergentes pouco indutoras de suscetibilidades a
deslizamentos.
83

Figura 5.5: Declividade a partir das curvas topográficas da SUDENE


84

Figura 5.6: Declividade a partir dos dados do SRTM


85

5.4 Mapa Geomorfológico


Na elaboração do mapa geomorfológico foram utilizados, os dados contidos nas
imagens SRTM, onde a partir da geração de um modelo em 3D (relevo sombreado), a área foi
estudada com base nas formas de relevo nela existentes. O relevo sombreado foi gerado no
ENVI 4.0, utilizando-se o comando topographic, opção “criar visualização hill shade”, que
permite gerar uma visão tridimensional do terreno a partir de seu MDT.
Nessa imagem tridimensional foram analisados visualmente, os seguintes parâmetros:
densidade de drenagem, formas e feições de relevo, o que possibilitou a individualização das
diversas formas de relevo e levou a geração do mapa geomorfológico (em anexo).

5.5 Mapa de Uso do Solo


Na elaboração do mapa de uso do solo foram utilizadas imagens dos satélites Landsat
7 e CBERS 2. As imagens foram importadas para o software ENVI 4.0, com a utilização do
comando Classificação Supervisionada seguindo-se a seguinte metodologia:
a) Vetorização das amostras de cada área a ser delimitada (área urbana,
florestas, etc) com a ferramenta Região de Interesse, Definir Região de
Interesse.
b) Geração da classificação com os comandos, Classificação, Supervisionada,
Máxima Verossimilhança.
c) Refinamento da classificação da imagem obtida utilizando os comandos Pós
Classificação, Sieve Classes (para eliminar as áreas de cada classe muito
pequenas) e, Pós Classificação, Clump Classes (para aglutinar os pixels
dispersos em polígonos maiores).
d) Vetorização de cada classe com os comandos Pós Classificação, Vetorização
de Classes.
e) Edição de cada classe vetorizada com base nas imagens usadas para
classificação, utilizando o ArcMap 9.1.

A edição de cada classe vetorizada foi necessária por ser mais próxima de uma
classificação visual. Atualmente, ainda não é possível a partir dos algoritmos de classificação
automática obter um resultado que a classificação visual oferece.
Além disto, as imagens utilizadas possuíam grandes áreas cobertas por nuvens,
tornando necessário obter a informação a partir de dados fragmentados em duas imagens
86

distintas. Portanto, trechos cobertos por nuvens na imagem Landsat tiveram de ser
complementados por dados extraídos das imagens CBERS.

5.6 Elaboração do Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos da RMR


Para a geração do mapa de suscetibilidade utilizou-se neste trabalho o método da
álgebra de mapas. Tal método foi escolhido devido a sua praticidade e simplicidade, com
resultados bastante confiáveis para a escala do trabalho proposto e, já bastante testados por
outros autores.
Os mapas de geologia, declividade, solos, perfil vertical e horizontal de encostas e uso
do solo foram somados utilizando-se o modulo Spatial Analist do software ArcMap 9.1.
Os mapas digitais de geologia, solos e uso do solo, no formato shapefile, tiveram
inserido nas suas tabelas de atributos um campo denominado INDEX, onde cada uma das
unidades individualizadas nos mapas foi classificada segundo suas características de
suscetibilidade aos deslizamentos, de acordo com valores de 1 até 3 (conforme mostrado nas
tabelas abaixo).
A coluna INDEX da Tabela 4 (vide anexos) mostra uma exemplificação do grau de
susceptibilidade inserida para deslizamento segundo a geologia da área.
Assim, por exemplo, a unidade geológica Terraços Marinhos Holocênicos teve na
coluna INDEX, seu valor classificado como 1 (baixa suscetibilidade aos deslizamentos). A
unidade Formação Cabo teve o valor 2 na coluna INDEX (média suscetibilidade aos
deslizamentos) e, o Grupo Barreiras teve o valor 3 (alta suscetibilidade aos deslizamentos).
Depois da inclusão da coluna INDEX com os respectivos valores para cada layer dos
mapas, esses arquivos foram transformados para o formato grid para que fosse possível seu
geoprocessamento pelo ArcMap 9.1. Na transformação desses arquivos do formato shapefile
(vetorial) para o formato grid (raster), foram definidas algumas características fundamentais
para os novos arquivos gerados. É importante lembrar que os arquivos no formato grid são
arquivos do tipo raster, formados de células (pixels),organizados na forma de linhas e colunas.
Na álgebra de mapas é necessário que haja uma uniformidade de linhas e colunas para
se operar com os layers raster. Portanto, convencionou-se que todos os arquivos com
extensão. grd (grid) deveriam ter as mesmas características para que pudessem ser trabalhados
em ambiente SIG. Assim todos deveriam ter o mesmo número de linhas, colunas, tamanho de
célula (pixel) e limites geográficos.
O número de linhas é 1326, o de colunas 1000, o tamanho da célula foi definido em 92
metros (resolução espacial do SRTM) e a área geográfica ocupa um retângulo de 92 por 122
87

quilômetros, delimitado pelas coordenadas 9163000 N e 236000W e 9041000N e 328000W.


Esse procedimento foi necessário, pois todo o processamento da álgebra de mapas utiliza-se
da operação entre matrizes (mapas no formato grid), que devem ter características similares.
No caso dos mapas gerados inicialmente no formato grid tais como o mapa de
declividades, e de perfil de convexidade vertical e horizontal, procedeu-se a uma
reamostragem das classes representadas, no comando reclass do Spatial Analyst. Essa
reclassificação atribuiu aos intervalos de classificação os valores de 1, 2 ou 3, seguindo o
mesmo critério dos demais mapas anteriormente citados.
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 88

CAPITULO VI: SUSCETIBILIDADE A DESLIZAMENTOS NA RMR

6.1 A Importância dos fatores ambientais na análise da suscetibilidade


Nos ambientes tropicais é comum a existência de espesso manto de alteração das
rochas, originado devido a intensa ação do intemperísmo. Esse manto de alteração possui
características diversas de composições granulométricas, mineralógicas, de estruturas, e de
espessura, e que vai depender da litologia, geomorfologia e hidrologia da região.
É nesse manto de intemperísmo que atuam os vários fatores naturais e antrópicos que
propiciarão os movimentos de massa. Tais movimentações se darão basicamente sob a
influência das condições geológicas e geomorfológicas da área bem como das condições
climáticas atuantes.
Dessa forma, o conhecimento desses fatores naturais é importante na previsão da
suscetibilidade dos terrenos a movimentos de massa.
6.1.1 Geologia
O conhecimento da geologia é um dos fatores mais importantes, se não o mais
importante, na análise dos modelos de ruptura dos maciços (principalmente os rochosos). Os
tipos petrográficos presentes, bem como sua mineralogia, coesão, falhas, fraturas, diáclases, e
todos os demais planos de fraqueza existentes no maciço são atributos que influenciam
diretamente nos cálculos do fator de segurança dos taludes (quando já ocupados) ou, na
suscetibilidade a deslizamentos (quando não ocupados).
A presença de cada tipo litológico em uma encosta proporciona a esta um tipo de
comportamento específico. Assim, encostas formadas por litologias cristalinas com
mineralogia composta por feldspatos e minerais ferromagnesianos tendem a gerar, em muitos
casos, blocos isolados (matacões), solos argilosos ou silto argilosos de considerável espessura.
Encostas com estas características podem ser encontradas nos municípios de Jaboatão dos
Guararapes e Ipojuca, em áreas ocupadas pelas litologias pertencentes ao Complexo Granito
Gnáissico.

Encostas formadas por litologias de origem sedimentar por sua vez, dependem da sua
gênese. Além disso, devido a sua própria composição ângulo de atrito entre os grãos e o grau
de coesão, as litologias sedimentares e os sedimentos inconsolidados (areias e argilas) estão
mais sujeitas aos processos erosivos que os tipos cristalinos. Apresentando, algumas vezes,
comportamento similar ao dos solos com mesma composição mineral e granulométrica. As
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 89

litologias da Formação Barreiras, compostas por arenitos e siltitos (principalmente), são


bastante suscetíveis à erosão já que são bastante friáveis e com uma alternância de camadas
com composição granulométrica e mineralógica distintas.
O conhecimento das descontinuidades geológicas é de grande importância para a
compreensão da previsão do comportamento da estabilidade das encostas naturais.
As estruturas geológicas imprimem forte anisotropia às rochas e representam
importantes planos de fraqueza que, se orientados desfavoravelmente aos planos dos taludes,
são geradoras de potenciais superfícies de ruptura. Essas descontinuidades são preservadas nas
massas de solo originadas da alteração dos maciços rochosos.
Existe uma tendência natural para que os processos de ruptura de um maciço ocorram
preferencialmente ao logo de um plano de fraqueza e segundo sua orientação. Os planos de
fraqueza são os pontos preferenciais para percolação das águas, que serve como “lubrificante”,
auxiliando o deslizamento entre duas camadas. Além disso, a penetração e crescimento de
raízes e caules de plantas entre as paredes de uma fratura aberta ou o congelamento da água
nesses espaços, criam esforços de separação entre as duas paredes e um possível deslizamento
entre estas.
6.1.2 Geomorfologia
Dentro da geomorfologia são estudados seis atributos: declividade, altura, perfil,
comprimento, morfologia (curvatura) e drenagem da encosta. Todos estes atributos são
reconhecidamente importantes na deflagração dos processos erosivos e de deslizamento de
uma encosta.
Os processos erosivos e de deslizamento estão intrinsecamente ligados à água. Dessa
forma, a energia do movimento da água que atua sobre uma encosta será tanto maior quanto
maior seja a altura, a declividade (cuja expressão matemática pode ser vista na figura 1) e, o
comprimento da encosta. A morfologia da encosta (curvatura horizontal da encosta), disposta
na forma de um anfiteatro, por exemplo, serve como fator de concentração das águas em um
determinado ponto, aumentando a energia destrutiva da água nesse ponto. O perfil da encosta
pode ser um fator de aceleração ou frenagem das águas, assim aumentando ou diminuindo sua
energia destrutiva.
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 90

INCLINAÇÃO = = arc tg (H )
L
DECLIVIDADE (%) = H X 100
L

Figura 1: Caracterização matemática da declividade

Assim, encostas retilíneas e convexas tendem a dispersar ao longo do talude as águas


das chuvas enquanto encostas côncavas tendem a concentrar as águas das chuvas em um único
local. Uma caracterização mais detalhada sobre formas e tipos de encostas pode ser encontrada
em Valeriano (2004).

Figura 2: Tipos de perfis e morfologia de encostas (extraído de Valeriano, 2004).

6.1.3 Vegetação
O efeito positivo da cobertura vegetal sobre os solos, taludes naturais e artificiais em
solo, é conhecido e aceito há muitos anos pela comunidade científica mundial. Os exemplos
práticos dos danos provocados pelo desmatamento de encostas podem ser vistos em inúmeros
casos relatados pela literatura técnica e, são do conhecimento da população da maioria das
cidades brasileiras com encostas ocupadas irregularmente.
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 91

O fato é que a intrincada trama das raízes tende a “segurar” a massa de solo bem como,
as folhagens tendem a diminuir a velocidade e a quantidade das gotas de chuva que chegam ao
solo. Além disso, as folhagens caídas diminuem a velocidade de escorrimento e de infiltração
da chuva no solo (Suarez, 1997). Esses fatos contribuem na diminuição da velocidade de
saturação do solo impedindo conseqüentemente a diminuição da coesão e o aumento da
pressão piezométrica, componentes importantes na composição de forças de cisalhamento
atuantes sobre o solo.
A eficiência da cobertura vegetal como elemento mitigador dos processos erosivos e
cisalhantes dos solos, depende de alguns fatores que variam de caso a caso.
Assim, o volume e a densidade das folhagens, tamanho, ângulo de inclinação e
rugosidade das folhas, altura total da cobertura vegetal, presença de vários estratos vegetais,
tipo, forma, profundidade, diâmetro, comprimento, resistência e densidade das raízes, possuem
características próprias em cada local.
Embora, cada fator citado acima varie de importância de lugar para lugar, o resultado
final será sempre de uma proteção maior para o talude conforme aumente a sua área coberta
por vegetação.
De acordo com Suarez, (1997), a estabilidade de um talude aumenta de 10 a 13,5 % de
acordo com a presença de cobertura vegetal. Já, em caso específico, este autor, encontrou um
aumento de 33% no fator de segurança calculado para um talude vegetado em relação a outro
desmatado sendo que, afirma ter encontrado em alguns casos um aumento de 3 a 4 vezes na
resistência ao cisalhamento para taludes vegetados sendo isso, devido ao aumento da coesão
do solo.
As características do sistema radicular são de grande importância na estabilidade de um
talude. Sistemas radiculares de grande densidade, com raízes que se espalham horizontalmente
e em profundidade, atuam de forma importante ajudando a diminuir as forças que induzem ao
cisalhamento do solo. Nas árvores de grande porte a influência das raízes pode chegar a 5
metros de profundidade (com casos excepcionais que atingem 20 metros), enquanto em
arbusto, essa influência chega aos 2 metros e em gramíneas (capins mais comuns), essa
profundidade fica em torno dos 30 centímetros (Suarez, 1997). Isto torna claro porque
encostas florestadas são mais estáveis que encostas cobertas por capim.
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 92

Muito embora existam todos estes fatores a favor do aumento da estabilidade dos
taludes em relação à presença de cobertura vegetal, em alguns momentos, a ação dos ventos
sobre as folhagens pode agir de forma negativa, gerando um efeito de “alavanca” sobre as
raízes aumentando o esforço cisalhante sobre o solo. Também, alguns vegetais, como as
bananeiras por exemplo, propiciam o acumulo de umidade levando o solo a um estado de
quase saturação permanente. Encontrando-se muito próximo a o seu nível de saturação, o solo
esta sujeito à ação de forças cisalhantes e a perda de coesão.
Por fim, cabe citar que a condição de florestamento total de um talude não implica em
sua completa estabilidade já que, também podem ser encontrados casos de deslizamentos
desses taludes, principalmente após grandes chuvas que saturam a massa de solo e aumentam
o nível freático diminuindo grandemente a coesão e aumentando a poro pressão.
6.1.4 Solos
O alvo nesse estudo de suscetibilidade é fundamentalmente, o solo do ponto de vista
geotécnico e não agronômico. Neste caso, o conhecimento do perfil de alteração dos materiais
litológicos é fundamental. O estudo dos solos é importante também tendo em vista que, os
deslizamentos e desmoronamentos mais freqüentes e, que ceifam mais vidas, ocorrem em
solos.
A formação do perfil de alteração é um processo complexo, com a atuação de vários
fatores naturais tais como a rocha matriz, o clima, a morfologia do terreno, a tectônica atuante
e o tempo de atuação dos agentes climáticos sobre as rochas. Assim, o grau de decomposição e
espessura dos diferentes horizontes do material rochoso ao longo de um perfil de alteração é
bastante variável. Podendo ir da rocha sã até o solo residual, estágio mais avançado da
decomposição de uma rocha, com espessuras dessimétricas a decamétricas.

6.2 Avaliação do grau de importância de cada tema


A RMR não conta com uma ampla bibliografia voltada para o tema suscetibilidade a
deslizamentos e nem mesmo com registros confiáveis e georreferenciados de deslizamentos.
Mesmo o município de Recife, que já dispõe de um banco de dados, não especifica o tipo e
dimensões dos deslizamentos, incluindo todo o tipo de ocorrência na mesma categoria de
evento de risco.
Na RMR as cicatrizes de deslizamentos antigos são difíceis de serem visualizadas em
produtos de sensoriamento remoto devido à baixa resolução das imagens disponíveis. Só ao
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 93

final da década de 1990 foi possível contar com produtos de alta resolução e assim mesmo,
com custo elevado e com grande cobertura de nuvens. As fotos aéreas são antigas, com mais
de uma década. Além disso, a rápida ocupação da cicatriz no solo e, dos patamares formados
pelo material deslizado, pela vegetação nativa ou pelos canaviais ou mesmo a reocupação da
área pela população esconde rapidamente os sinais dos deslizamentos.
Dentre os poucos autores com trabalhos voltados para esse tema, na região, são citados
Gusmão e Alheiros. Assim, na adoção do grau de importância de cada fator envolvido no
processo de deslizamentos foram usados basicamente os trabalhos destes pesquisadores e, de
outros em áreas com condições fisiográficas semelhantes além da experiência do autor. Dessa
forma, atribuir graus de importância aos diversos fatores utilizados na geração do mapa de
suscetibilidade através de geoprocessamento (método da álgebra de mapas) é bastante difícil.
Como forma de transpor essa dificuldade adotou-se como primeira hipótese de trabalho
que, todos os fatores (temas) possuíam importância semelhante, com variações para cada um
dos seus atributos. Assim, o fator geologia é caracterizado por um conjunto de unidades
litológicas (aqui chamadas de atributos do mapa), com valores de suscetibilidade aos
deslizamentos (INDEX) que variam de 1 (para a unidade Terraços Holocênicos) até 3 (para a
Formação Barreiras).
No caso do fator uso do solo, foi adotada a premissa de que áreas urbanas fora da
planície e as áreas de solo exposto apresentam a maior suscetibilidade a deslizamentos
(INDEX 3), as áreas cobertas por canaviais e gramíneas diversas possuem INDEX 2 e, as
áreas de matas nativas e os mangues, INDEX 1 (Tabela 1).
Tabela 1: Valor do INDEX para cada tipo de uso do solo

Tipo de Uso do Solo INDEX


Florestas 1
Mangues 1
Área Urbana (na planície) 1
Canaviais e Gramíneas 2
Áreas Urbanas fora da planície 3
Solo nu 3

*1-baixa suscetibilidade aos deslizamentos; 2-média suscetibilidade aos deslizamentos; 3-alta


suscetibilidade aos deslizamentos.
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 94

Para o relevo convencionou-se que as áreas teriam um INDEX maior conforme o


aumento da declividade (Tabela 2) e, do aumento da concavidade horizontal e vertical da
encosta (conforme os padrões comentados no Capitulo V).

Tabela 2: Valor do INDEX para cada tipo de relevo

Classe de Relevo Intervalo de Declividade Index


Plano 0-3% 1
Suave Ondulado 3-8% 1
Ondulado 8-20% 2
Forte Ondulado 20-45% 3
Montanhoso 45-75% 3
Escarpado >75% 3

*1-baixa suscetibilidade aos deslizamentos; 2-média suscetibilidade aos deslizamentos; 3-alta


suscetibilidade aos deslizamentos.
A partir desse momento, os mapas digitais de geologia, solos, declividade, perfis das
encostas e, uso e ocupação do solo foram transformados para o formato grid e então, somados
(Fig. 3), no modulo Spatial Analist do software Arc Map 9.1. Foram testados os dados
provenientes do SRTM e das cartas da SUDENE gerando mapas que foram posteriormente
comparados com os mapas existentes (em anexo).

Não foi levado em conta no resultado final da soma, se o atributo do mapa de


declividade possue valor 1 e o uso do solo valor 2 ou o inverso, o valor final adotado no ponto
estudado será 3, independente da importância isolada de cada tema.

O resultado da soma entre os diversos temas é mostrado como um arquivo raster de


formato grid que é, originalmente, classificado em doze classes de suscetibilidade. Esse
arquivo foi então reclassificado com base no seu histograma (gráfico 1) para 3 classes
denominadas como: Baixa Suscetibilidade, Média Suscetibilidade e Alta Suscetibilidade.
Essa reclassificação do arquivo gerado pela soma dos mapas seguiu o critério de
agrupamento dos resultados em três classes de acordo com as seguintes funções estatísticas da
extensão Spatial Analyst do Arc Map 9.1. As funções são: Intervalo Equivalente, Quantil,
Quebra Natural, Desvio Padrão e Manual.
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 95

Figura 3: Processo de soma na Álgebra de mapas

O desvio Padrão e o Intervalo Definido não foram utilizados por não permitirem a
reclassificação em três classes. Nessa reclassificação realizada pelo programa ArcMap, a
separação das novas classes se deu a partir da análise do gráfico da soma (gráfico1) com
escolha de intervalos relativamente próximos para os limites das classes, independente do
método estatístico utilizado conforme mostrado na tabela 3.

Gráfico 1: Histogramas comparativos para soma dos mapas com dados provenientes do SRTM
e das cartas topográficas da SUDENE
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 96

O mapa gerado foi reclassificado, para três classes, de acordo com cada uma das
funções estatísticas anteriormente mencionadas e, os resultados de cada reclassificação foram
analisados e comparados com os mapas de setores de risco existentes de Jaboatão dos
Guararapes e Recife (Alheiros, 2006) e, com o mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na
RMR produzido por Alheiros (1998) e mostrado na figura 4.
É claro que a comparação do mapa gerado com o mapa de suscetibilidade de Alheiros contém
diferenças inerentes à metodologia, a quantidade de informações disponíveis e a escala de
obtenção dos dados. Por outro lado, os mapas de risco atualmente em execução pelos
municípios de Olinda, Jaboatão dos Guararapes (concluído) e Camaragibe, Além de Recife
(concluído), mostra áreas totalmente antropisadas e com preocupação na determinação do
risco e não da suscetibilidade natural a deslizamentos, o que exigiu extrema cautela no uso dos
dados provenientes desses mapeamentos.
Dessa forma, numa comparação entre o mapa de Alheiros (1998), mostrado na figura 4
e, os geoprocessados (mostrados nas figuras 5 e 6), obtiveram-se as maiores similaridades das
áreas com mesmas classes de suscetibilidade, quando foram utilizados os dados das cartas
topográficas da SUDENE com a função Intervalo Equivalente. Os resultados obtidos quando
se utiliza os dados provenientes do SRTM, apresentam uma coincidência entre as áreas de
mesmas classes de suscetibilidade um pouco menor.
São mostrados na tabela 4, os critérios usados para definição de cada grau de
suscetibilidade natural aos deslizamentos.

Tabela 3: Intervalos de reclassificação de classes de suscetibilidade de acordo com o método


estatístico utilizado (utilização de dados SRTM).

Método Classe 1 (Baixa Susc) Classe 2(Média Susc) Classe 3 (Alta Susc)
Intervalo Equivalente 0-10,66 10,66-14,33 14,33-18
Quantil 0-11 11-13 13-18
Quebra Natural 0-10 10-12 12-18
Manual 0-11 11-14 14-18
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 97

Figura 4: Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na RMR, produzido por Alheiros (1998).


Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 98

Tabela 4: Critérios de Caracterização dos Graus de Suscetibilidade Natural a Deslizamentos


para RMR

Grau de Suscetibilidade a Deslizamentos Descrição


Declividade baixa (0-8%), afloramento de rocha, estruturas
S1 (Baixo) geológicas favoráveis, vegetação preservada, baixa densidade de
drenagem e encostas com formas convexas e divergentes.
Declividade entre 8 e 30%, estruturas geológicas menos
S2 (Médio) favoráveis e vegetação menos preservada ou com tipos menos
adequados área de solo exposto elevada. Forma de encosta
retilíneas/convexas e planares/divergentes.
Declividade > 30% , estruturas geológicas menos favoráveis,
S3 (Alto) vegetação pouco preservada e área de solo exposto elevada,
densidade de drenagem muito elevada, forma da encosta
côncava.
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 99

Figura 5: Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na RMR (com dados topográficos da


SUDENE).
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 100

Figura 6: Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na RMR produzido com dados do


SRTM.
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 101

6.3 Validação do Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos


Ao final da elaboração do Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos foi feita, uma
comparação entre este, e os obtidos pelo mapeamento de suscetibilidade a deslizamentos de
Alheiros (1998) e pelos mapeamentos de risco realizados nos municípios do Recife e Jaboatão
dos Guararapes.

É preciso que antes de realizar tal comparação para os mapas de setores de risco, sejam
levados em conta os seguintes aspectos:
. Os mapas foram gerados em escalas (1:2000) e com metodologias muito diferentes o
que poderia tornar inaceitável qualquer comparação; Concentração dos mapeamentos de risco
apenas nos municípios de Recife e Jaboatão dos Guararapes;
. As áreas foram mapeadas objetivando a delimitação de setores de risco;
. As áreas mapeadas encontram-se extremamente antropisadas com alterações na
microdrenagem das encostas, diversidade de tipos construtivos e de cobertura vegetal (tipo e
densidade);
. Caracterização de 4(quatro) classes de risco, número diferente daqueles gerado na
carta de suscetibilidade.
Apesar dos problemas relatados, procedeu-se a uma tentativa de comparação entre os
dois tipos de mapa com o intuito principal de mostrar a utilidade prática do Mapa de
Suscetibilidade a Deslizamentos na delimitação das áreas problemáticas para ocupação e
também, como única forma de aferir (mesmo que em áreas restritas), o trabalho aqui
desenvolvido.
Para comparar os dois tipos de mapas foram seguidos os seguintes passos:
. Reclassificação dos mapas de risco mostrando 4 (quatro) classes de risco para
apenas 3 (três), com a incorporação da classe Risco Muito Alto à classe Risco Alto..
Conversão dos arquivos digitais dos mapas de risco para o formato Grid. Subtração entre o
mapa de suscetibilidade e o mapa de risco no módulo Spatial Analisty do Arc Map 9.1,
utilizando nesta operação os mapas geoprocessados que utilizaram os dados provenientes do
SRTM e também aquele que usou os dados das cartas topográficas da SUDENE.
. Verificação do Histograma do novo mapa gerado a partir dessa subtração.
O mapa resultante dessa subtração apresenta 5 (cinco) classes, cuja análise possibilitou
as seguintes observações (para aqueles mapas produzidos com dados do SRTM):
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 102

1) A coincidência absoluta entre áreas com a mesma classificação foi de 34,64%


em Jaboatão dos Guararapes e de 78,83% na área do Recife.
2) A proporção de áreas com classificação maior que aquela apresentada no
mapa de risco chegou a 13,52% em Recife e, 51,19% em Jaboatão dos
Guararapes.
3) Apenas 7,57% das áreas de Recife e 14,17% das áreas de Jaboatão dos
Guararapes apresentam classificações menores que aquelas obtidas pelos
mapas de risco.
Essas porcentagens foram obtidas a partir das funções Intervalo Equivalente do Arc Map 9.1.
As grandes diferenças entre os resultados obtidos para as duas áreas devem-se,
provavelmente, à importância maior ou menor da suscetibilidade, na composição do risco.
Quando a vulnerabilidade acompanha o grau de suscetibilidade obtido no mapeamento de
risco, os níveis de suscetibilidade e risco serão equivalentes e aumenta a possibilidade de
coincidência absoluta entre os dois modelos. Dessa forma, por exemplo, em pontos de baixa
declividade, onde se instalam construções sobre topos aplainados de aterros não compactados
ou, acúmulos de materiais de antigos deslizamentos, o risco será maior que em lugares de
maior declividade, mas, com solo mais compacto e com maior cobertura vegetal. Do mesmo
modo, áreas de elevada declividade onde há uma ocupação menos densa, com drenagem mais
ordenada ou inexistência de cobertura de solo (construção sobre a rocha), irá apresentar menor
suscetibilidade a deslizamentos.
Para o mapa de suscetibilidade a deslizamentos de Alheiros, foram seguidos os mesmos
passos adotados para os mapas de setores de risco com a diferença de que, neste caso, as
escalas de trabalho são iguais. A subtração entre os dois mapas (mapa de suscetibilidade e o
mapa de Alheiros) indicou uma coincidência de 71,72% (com dados das cartas da SUDENE)
de áreas com a mesma classificação, 13,99% das áreas com classificação superior a do mapa
de Alheiros e 16,65% de áreas com classificações inferiores a do referido mapa (utilizando-se
o método estatístico Manual do Arc Map 9.1).
No caso da subtração entre os mapas de Alheiros e o geoprocessado com dados
provenientes das cartas topográficas da SUDENE, a maior coincidência das classes de
suscetibilidade mostrada nos resultados deve-se, provavelmente, ao uso de dados provenientes
da mesma fonte.
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 103

No caso da subtração entre os mapas de risco (Jaboatão dos Guararapes e Recife) e o


mapa geoprocessado com dados das cartas topográficas da SUDENE, os resultados foram
sempre ligeiramente superiores àqueles obtidos com os dados do SRTM.
Uma forma de melhor visualizar esses números é mostrada na seqüência de tabelas (5 a
10) abaixo e, no conjunto de dados denominado “memória” de cálculo, em anexo.

Tabela 5: Diferença entre os mapas de suscetibilidade de Alheiros (1998) e o mapa


geoprocessado (porcentagem das classes resultantes a partir do número total de pixels)
com dados do SRTM, utilizando vários métodos estatísticos.

METÓDO ESTATÍSTICO UTILIZADO


CLASSE NB % IE % MANUAL % QUANTILE % ÁREA
-2 3,46 0,13 0,45 1,45 RMR
-1 34,51 0,84 15,03 16,47 RMR
0 55,69 62 67,97 55,69 RMR
1 6,28 26,66 15,46 23,45 RMR
2 0,24 2,93 1,09 2,93 RMR

Tabela 6: Diferenças entre os mapas de Alheiros (1998) e o mapa geoprocessado


(porcentagem das classes resultantes a partir do número total de pixels) com dados das
cartas topográficas da SUDENE, utilizando vários métodos estatísticos.

METÓDO ESTATÍSTICO UTILIZADO


CLASSE NB % IE % MANUAL % QUANTILE ÁREA
%
-2 2,31 0,21 0,95 0,95 RMR
-1 28,32 13,78 19,80 14,37 RMR
0 59,81 71,72 67,53 60,46 RMR
1 9,95 15,65 13,08 23,59 RMR
2 0,98 1,0 1,0 3,18 RMR
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 104

Tabela 7: Diferença entre os mapas de risco de Jaboatão dos Guararapes (JG) e o mapa
geoprocessado (porcentagem das classes resultantes a partir do número total de pixels)
com dados do SRTM, utilizando vários métodos estatísticos.

METÓDO ESTATÍSTICO UTILIZADO


CLASSE NB % IE % MANUAL % QUANTILE ÁREA
%
-2 18,27 4,85 4,85 18,27 JG
-1 41,81 46,34 46,34 35,63 JG
0 26,73 34,64 34,64 29,79 JG
1 12,15 13,14 13,14 14,94 JG
2 1,03 1,03 1,03 1,37 JG

Tabela 8: Diferença entre os mapas de risco de Recife (REC) e o mapa geoprocessado


(porcentagem das classes resultantes a partir do número total de pixels) com dados do
SRTM, utilizando vários métodos estatísticos.

METÓDO ESTATÍSTICO UTILIZADO


CLASSE NB % IE % MANUAL % QUANTILE ÁREA
%
-2 0,32 0,32 3,28 0,91 REC
-1 21,79 13,27 41,92 43,00 REC
0 71,49 78,83 53,07 47,20 REC
1 3,27 7,12 1,71 0,67 REC
2 0,15 0,45 0,005 0,005 REC

Tabela 9: Diferença entre os mapas de risco de Recife e o mapa geoprocessado


(porcentagem das classes resultantes a partir do número total de pixels) com dados das
cartas topográficas da SUDENE, utilizando vários métodos estatísticos.

METÓDO ESTATÍSTICO UTILIZADO


CLASSE NB % IE % MANUAL % QUANTILE ÁREA
%
-2 9,83 0,11 2,50 24,93 REC
-1 25,58 13,39 27,73 70,72 REC
0 59,08 79,42 66,01 4,21 REC
1 0,02 6,58 3,65 0,096 REC
2 0,092 0,48 0,09 0 REC
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 105

Tabela 10: Diferença entre os mapas de risco de Jaboatão dos Guararapes e o mapa
geoprocessado (porcentagem das classes resultantes a partir do número total de pixels)
com dados das cartas topográficas da SUDENE, utilizando vários métodos estatísticos.

METÓDO ESTATÍSTICO UTILIZADO


CLASSE NB % IE % MANUAL % QUANTILE ÁREA
%
-2 27,26 3,27 19,07 19,07 JG
-1 35,17 47,28 39,43 34,28 JG
0 23,93 34,97 27,64 29,02 JG
1 12,62 13,47 12,84 16,26 JG
2 0,99 0,99 0,99 1,34 JG

Por fim,quando se procede a subtração entre o mapa geoprocessado com dados SRTM
e o mapa geoprocessado com dados SUDENE (figura 7), observamos os seguintes resultados:

. 0,05% das áreas do mapa gerado com dados do SRTM apresentam valores de suscetibilidade
2 (duas) classes menor que aquelas mostradas no mapa gerado com dados das cartas da
SUDENE

.24,40% das áreas do mapa gerado com dados do SRTM apresentam valores de suscetibilidade
1 (uma) classe menor que aqueles mostrados no mapa gerado com dados das cartas da
SUDENE 71,89% da área dos dois mapas apresentam valores idênticos;

.3,64% das áreas do mapa gerado com dados do SRTM apresentam valores de suscetibilidade
1 (uma) classe maior que aquelas mostradas no mapa gerado com dados das cartas da
SUDENE;

.0,0059% das áreas do mapa gerado com dados do SRTM apresentam valores de
suscetibilidade 2 (duas) classes maior que aquelas mostradas no mapa gerado com dados das
cartas da SUDENE.
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 106

Figura 7: Diferença entre os mapas geoprocessados com dados SRTM e SUDENE


Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 107

A observação do mapa resultante desta subtração mostra claramente a grande similaridade


entre os dois mapas, com pontos de divergência entre eles, bastante dispersos pela área e,
muito difíceis de serem notados.

Deve ser lembrado o fato de que os poucos dados de campo disponíveis, Além de
concentrados em áreas densamente ocupadas por moradias, referem-se em sua maioria a
deslizamentos com dimensões em torno de menos de 20 metros de largura aproximadamente.
Dificilmente tais deslizamentos podem ser delimitados em fotos aéreas e imagens de satélite
de média resolução como as usadas neste trabalho.

6.4 Distribuição das classes de suscetibilidade nos municípios da RMR

Uma leitura dos mapas gerados nos permite observar que:

Tanto nos mapas gerados com dados do SRTM como naqueles gerados com dados das
cartas topográficas da SUDENE, as áreas da planície costeira (considerada até a cota de 10
metros. Alheiros, 1998) que se estende por todo litoral da RMR e, as áreas planas acima desta
cota, mostram baixa suscetibilidade a deslizamentos (algumas exceções ocorrem no mapa
elaborado com dados da SUDENE).

As áreas ocupadas pelos Tabuleiros Costeiros (na parte norte da RMR), mostram baixa
suscetibilidade aos deslizamentos enquanto, aquelas onde ocorrem Tabuleiros Dissecados
mostram uma predominância da suscetibilidade média com concentrações de áreas menores
nas encostas, com suscetibilidade alta, no mapa elaborado com dados do SRTM. No caso do
mapa elaborado com dados das cartas topográficas da SUDENE, nesta mesma área, há uma
predominância da classe de suscetibilidade média, com concentração de pontos com
suscetibilidade alta nas áreas de encostas dos vales das principais drenagens.

Na parte mais a oeste da RMR torna-se bastante visível a predominância das áreas com
média suscetibilidade aos deslizamentos, tanto nos mapas gerados com dados do SRTM como
naqueles gerados com dados da SUDENE. Neste último caso, a predominância das áreas de
suscetibilidade média é ainda maior.

De uma maneira geral as áreas com alta suscetibilidade a deslizamentos, para os mapas
gerados com os dois tipos de dados anteriormente citados, se distribuem numa faixa continua
entre o centro e o sul da RMR, com concentrações nas áreas de tabuleiros dissecados mais
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 108

próximos ao mar (municípios de Recife, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe, Cabo e


Ipojuca),

6.5 Aplicações e restrições do Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos

A existência de um Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos possibilita aos


administradores e gestores governamentais, informações preciosas para o planejamento,
subsidiando a implantação de loteamentos, conjuntos habitacionais, estradas e demais obras de
infra-estrutura. Além disso, nas regiões já ocupadas é possível ter uma visão geral das áreas
mais suscetíveis à deslizamentos, auxiliando o direcionamento de programas para redução de
risco pelos órgãos públicos. Na tabela 11 é mostrada a área ocupada por cada classe de
suscetibilidade nos municípios da RMR.

Na implantação de novos loteamentos, o mapa de suscetibilidade a deslizamentos


apresenta grande utilidade não só na localização, mas também na definição do tamanho dos
lotes (parcelamento de áreas com maiores dimensões, possibilitando diminuir o adensamento
populacional e alterações na drenagem e cobertura vegetal), ajudando a indicar as áreas
preferenciais para expansão urbana (residencial, industrial, comercial, de serviços e
transportes) e, auxiliando na elaboração dos planos diretores municipais.
Tabela 11: Dimensão das áreas ocupadas por cada classe de suscetibilidade nos municípios da
RMR (* Segundo mapa gerado com dados do SRTM; # Segundo mapa gerado com dados das
cartas topográficas da SUDENE).
Área do Baixa (%) Média (%) Alta (%) Baixa (%) Média (%) Alta (%)
MUNICÍPIO Município (km2) * * * # # #
Ipojuca 527 54,42 42,00 3,57 37,28 58,12 4,60
Cabo de Santo
Agostinho 448 43,05 51,86 5,08 29,35 65,83 4,80
Moreno 196 29,99 61,41 8,59 12,89 82,32 4,79
Jaboatão dos
Guararapes 256 42,72 53,51 3,77 34,64 61,74 3,62
Olinda 44 62,94 35,81 1,24 59,43 40,22 0,34
São Lourenço
da Mata 264 15,18 82,64 2,71 53,83 45,31 0,86
Recife 217 56,29 40,94 2,77 55,62 42,81 1,55
Camaragibe 55 38,26 58,14 3,59 4,90 92,92 2,17
Paulista 94 53,60 42,06 4,33 49,60 49,34 1,05
Abreu e Lima 126 36,13 62,99 0,87 31,57 68,19 0,71
Araçoiaba 96 43,80 54,03 2,16 2,94 95,59 1,47
Igarassu 306 25,64 69,34 5,01 21,00 75,38 3,61
Itamaracá 65 35,53 60,47 4,19 52,52 47,37 0,10
Itapissuma 74 69,21 30,49 0,30 64,47 35,17 0,18
Total 2768 49,68 47,80 2,51 29,83 66,78 3,40
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 109

Quanto às restrições, o mapa de suscetibilidade a deslizamentos da RMR tem muitas


utilidades, mas também apresenta algumas restrições ao seu uso. Assim, algumas
considerações devem ser colocadas. A primeira delas diz respeito à sua escala de elaboração
(1:100.000), que direciona seu uso ao ordenamento e planejamento territorial.

Não é recomendado para finalidades que requerem mapas de grande escala como é o
caso da determinação de áreas de risco e sim, para ajudar na visualização, em escala regional,
das áreas com características naturais que possam exigir maior atenção e cuidados técnicos
para sua ocupação ou mesmo, que aponte para sua não ocupação.
110

CAPITULO VII - CONCLUSÕES

Este trabalho apresentou como o uso de ferramentas de Sensoriamento Remoto e


Sistemas de Informações Geográficos (SIG) podem auxiliar na avaliação e na espacialização
da suscetibilidade a movimentos de massa (deslizamentos). Como exemplo utilizou-se a
Região Metropolitana do Recife (RMR) que convive com os desmoronamentos nos morros
onde mora uma elevada parcela da população, em sua maioria de baixa renda.
Ao final desse trabalho foi possível mostrar a possibilidade real de gerar o mapa de
suscetibilidade a deslizamentos, além de vários tipos de mapas temáticos em escala de
1:100.000 tais como o de curvas de nível, de declividades e perfil das encostas para toda
RMR, usando as informações contidas nas imagens SRTM, de satélites e em arquivos
digitalizados das cartas topográficas da SUDENE.
As imagens de satélite e do radar SRTM utilizadas estão disponíveis, gratuitamente, na
internet o que torna tais ferramentas acessíveis de forma mais econômica às prefeituras e
órgãos de administração pública. Alem disso, trabalhos similares também podem ser
realizados, utilizando o software SPRING de distribuição gratuita.
Todos os dados planimétricos e topográficos extraídos da imagem SRTM mostraram
boa compatibilidade com os dados fornecidos pelas cartas topográficas elaboradas pela
SUDENE.
Foi encontrada na escolha dos pesos de cada tema uma grande dificuldade já que, não
havia um registro documental dos deslizamentos pretéritos na RMR para tornar possível
realizar uma retroanálise desses eventos. Dessa forma, foi necessário admitir que cada tema
possuísse a mesma importância e que, apenas os atributos constituintes do tema teriam pesos
diferentes na suscetibilidade aos deslizamentos. Adotando essa premissa, utilizou-se o mapa
de geologia, por exemplo, com o mesmo peso dos demais mapas mas, as diversas litologias
que o compõem apresentam pesos diferentes tais como arenitos e siltitos inconsolidados
apresentando peso maior que granitos sãos.
Os mapas gerados a partir da metodologia aqui mostrada apresentaram boa correlação
com o mapa produzido por Alheiros em 1998, único mapa de suscetibilidade existente até o
momento para a RMR e que utilizou métodos tradicionais para o manuseio dos dados, alem
disso, apresentou também boa correlação com o mapeamento de setores de risco dos
municípios de Recife e Jaboatão dos Guararapes.

A maior coincidência entre os mapas de risco dos municípios de Recife e Jaboatão dos
Guararapes e o mapa de suscetibilidade geoprocessado, se deu quando foi utilizado na
111

reclassificação dos intervalos das classes de suscetibilidade, o método estatístico do intervalo


equivalente.

Entretanto, no caso onde se processou a diferença entre o mapa de suscetibilidade de


Alheiros (1998) e o mapa de suscetibilidade geoprocessado, o maior grau de coincidência
entre estes se deu com a utilização do método estatístico Manual fornecido pelo software
ArcMap 9.1 e utilizando dados da SUDENE.

A maior coincidência entre o mapa de suscetibilidade geoprocessado e os mapas de


risco existentes se deu, a partir de dados provenientes das imagens SRTM, atingindo 78,83%
de coincidência para o município do Recife.

Por fim, uma comparação entre os mapas de suscetibilidade geoprocessados com


dados SRTM e SUDENE apresentou uma coincidência de 71,89%.

No tocante a área ocupada por cada classe de suscetibilidade, foi observado que
46,68% (com dados SRTM) ou 29,83% (com dados SUDENE) da RMR são ocupadas por
áreas de baixa suscetibilidade aos deslizamentos.A classe de suscetibilidade média aos
deslizamentos ocupa 47,80% (com dados SRTM) ou 66,78% (com dados SUDENE) da RMR
enquanto, 2,51% (com dados SRTM) ou 3,41% (com dados SUDENE) ocupam o restante da
área.

Os municípios do Cabo de Santo Agostinho e de Moreno possuem as maiores


porcentagens de áreas de alta suscetibilidade aos deslizamentos enquanto, Itamaracá e
Itapissuma apresentam as menores percentagens.

A utilização de imagens de satélite com maior resolução espacial, modelos digitais de


terreno de maior precisão, um banco de dados georreferenciados com registros detalhados dos
tipos, dimensões e localização dos escorregamentos, poderia aumentar significativamente o
grau de precisão de futuros trabalhos desse tipo inclusive, possibilitando a avaliação mais
precisa do peso de cada variável (tema) na suscetibilidade do terreno. Alem disso, um estudo
aprofundado dos índices pluviométricos bem como, das características de saturação e do
índice de cisalhamento dos solos da RMR, tornariam mais preciso o grau de importância da
chuva como agente deflagrador de deslizamentos conforme sua atuação sobre cada
condicionante do meio físico.
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 112

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ANEXOS
Tabela 1: Peso de cada tema dentro do mapa geológico

UNIDADE GEOLÓGICA LITOLOGIA INDEX*

Sedimentos de mangues Argilas, siltes, areia fina restos orgânicos e conchas 1

Recifes de Arenito Grãos de qtz e fragmentos de conchas 1

Dep. Aluvionares Sedimentos arenosos e areno argilosos 1

Terr. Marinhos Pleistocênicos Sedimentos Arenosos 1

Sedimentos de praia Areias 1

Sed. Flúvio-lagunares Areias finas, siltes, argilas, vasas diatomáceas e turfas 1

Terr. Marinhos Holocênicos Areias finas , bem selecionadas com conchas 1

Sedimentos de mangues Argilas, siltes, areia fina restos orgânicos e conchas 1

Fm Barreiras Arenitos,argilitos e siltitos 3

Fm Beberibe Arenitos, arenitos calcíferos e níveis de fosfáto 1

Fm Estiva Calcários dolomíticos, calcilutitos, folhelhos, siltitos e argilas 2

Fm Gramame Calcários, margas e argilas 2

Fm Maria Farinha Calcários, argilas e calcários dolomíticos 2

Fm Gramame Calcários, margas e argilas 2

Fm Maria Farinha Calcários, argilas e calcários dolomíticos 2

Fm Algodoais Conglomerados com matriz arcoseana,arenitos e arcósios 2

Fm Cabo Conglomerados, arenitos conglomeráticos, arenitos arcoseanos 2

Fm Algodoais Conglomerados com matriz arcoseana,arenitos e arcósios 2

Fm Ipojuca Suite vulcânica(riólitos, traquitos,basaltos e granito intrusivo) 2

Leucogranitos Leucogranito 2

Complexo Vertentes Quartzitos,metapelitos e metavulcânicas 2

Quartzodioritos Quartzodioritos 2

Sienitos Sienitos 2

Monzonitos e granodioritos Monzonitos e granodioritos 2

Compl. Belém S Fco Ortognaisses , migmatitos e restos de supracrustais 3

Compl. Gnáissico Migmatítico Ortognáisses graníticos a tonalíticos 3


Tabela 2: Peso de cada tema dentro do mapa das classes de solos

Classe de Solo Associação de solos INDEX


Gleissolos Hßplicos GXbd5 1

Gleissolos Hßplicos GXbd3 1

Neossolos RQo3 1

Latossolos LA'2 1

Argissolos PAd15 1

Neossolos RUve1 1

Latossolos LAd1 1

Argissolos PAd3 1

Gleissolos Hßplicos GXbd4 1

Neossolos RLd 1

Argissolos PAd8 1

Argissolos PAd13 1

Gleissolos Hßplicos GXbd1 1

Gleissolos Hßplicos GXbd2 1

Solos de Mangue SM 1

Neossolos RQo1 1

Espodossolos ESo1 1

Áreas Urbanas URBANA 1

Neossolos RUve2 1

Espodossolos ESo4 1

Argissolos PAd2 1

Espodossolos ESo5 1

Espodossolos ESo2 1

Latossolos LAd2 1

Latossolos LAd3 1

Latossolos LAd5 1

Argissolos PAd9 1

Argissolos PAd1 1

Solos de Mangue SM 1

Argissolos PAd10 1

Espodossolos ESo3 1

Neossolos RQo2 1

Gleissolos Hßplicos Gxbd2 1

Gleissolos Hßplicos Gxbd3 1

Argissolos PAd14 2

Argissolos PAd5 2

Argissolos PVAd1 2

Argissolos PAd12 2

Argissolos PA'9 2

Argissolos PAd4 2

Latossolos LAd6 2

Nitossolos NVdf 2

Argissolos PV22 3

Argissolos PVAd2 3

Argissolos PVAd3 3

Argissolos PVAd4 3

Argissolos PVAd5 3

Argissolos PVAd6 3

Argissolos PVAd7 3

Argissolos PAd6 3

Argissolos PAd11 3

Latossolos LAd7 3

Latossolos PAd7 3
I

MEMÓRIA DE CÁLCULO

Soma de mapas utilizando dados SRTM

Classe da soma dos mapas de geologia, declividade, solos, uso do solo e perfis de
encostas vertical e horizontal. Células com dimensões de 92 metros.

Arquivo: SOMA 2

Classes:
6- 18019
7- 18901
8- 25702
9- 32852
10- 57774
11- 58063
12- 46128
13- 32488
14- 10760
15- 664
16- 791
17- 282
18- 11

MÉTODO DE RECLASSIFICAÇÃO UTILIZADO

Natural break= NB
Intervalo equivalente= IE
Quantil = Q
Manual = M

Natural Breaks : 8, 11, 18


II

Intervalo Equivalente: 6-10, 10-14, 14-18

Quantile (quantil): 10, 12, 18

Manual: 6-9, 9-13, 13-18

Standart Deviation (desvio padrão): Não utilizado por não aceitar caracterização de
apenas 3 intervalos (classes)
Intervalo definido: Não utilizado por não aceitar caracterização de apenas 3 intervalos
III

SUBTRAÇÃO ENTRE OS MAPAS DE RISCO DE ALHEIROS (1998) E O


MAPA GEOPROCESSADO.

Riscormr = Mapa de Suscetibilidade de Alheiros (1998)


Reclman= Mapa geoprocessado utilizando método estatístico “Manual”
Riscormr- reclman = rmrman

-2 = 1389 (0,45%)
-1 = 45893 (15,03%)
0 = 207552 (67,97%)
1 = 47214 (15,46%)
2 = 3327 (1,09%)

Riscormr- intervalo equivalente = riscmag


Riscormr =Mapa de Suscetibilidade de
Alheiros (1998)

-2 = 400 (0,13%)
-1 = 2565 (0,84%)
0 = 189328 (62%)
1 = 81434 (26,66%)
2 = 8948 (2,93%)

Riscormr - somatoquantil = riscmag2

-2 = 4444 (1,455%)
-1 = 50228 (16,47%)
0 = 170072 (55,69%)
1 = 71623 (23,45%)
2 = 8948 (2,93%)
IV

Riscormr – reclasNB

-2 = 10558 (3,46%)
-1 = 104792 (34.515%)
0 = 170091 (55,69%)
1 = 19193 (6,28%)
2 = 741 (0,24%)

Riscormr-recdesvio = rmrdesvio

-2 = 10558 (3,45%)
-1 = 89723
0 = 170448
1 = 31319
2 = 3327

Diferença entre o mapa das áreas de risco de Jaboatão e o mapa de Alheiros

setor-recriscrmr = setormag

-2 = 27 (0,945)
-1 =)179 (6,28%)
0 = 4176 (41,32%)
1 = 1295 (45,50%)
2 = 218 (7,65%)

Diferença entre o mapa das áreas de risco de Jaboatão e o mapa geoprocessado

Setor – RecsomaNB=SRNB
RecsomaNB= recorte soma natural break

-2=520 (18,27%)
-1=1190 (41,81%)
0=761 (26,73%)
1=346 (12,15%)
2=29 (1,03%)
V

Setor – RecQ = SRQ


RecQ=Recortesoma quantile

-2=520 (18,27%)
-1=1014 (35,63%)
0=848 (29,79%)
1=425 (14,94%)
2=39 (1,37%)

Setor - recsoman=SRMAN
Recsoman=recorte soma manual

-2=138 (4,85%)
-1=1319 (46,34%)
0=986 (34,64%)
1=374 (13,14%)
2=29 (1,03%)

Setor – recsoIE = SERIE


recsoIE = recorte intervalo equivalente
-2 = 138 (4,85%)
-1 = 1319 (46,34%)
0 = 986 (34,64%)
1 =374 (13,14%)
2 =29 (1,03%)
VI

Diferença entre o mapa das áreas de risco de Recife e o mapa geoprocessado

Riscorecife –reclassifNB

Riscorecife = Mapa de risco do Recife


ReclassifNB= recorte do mapa de risco geoprocessado e reclassificado para NB

-2 = 570 (0,32%)
-1 = 3777(21,79%)
0 = 12392(71,49%)
1= 567(3,27%)
2= 27(0,15%)

Requant = reclassif do recorte soma recife (maprisc quantile)

Riscorecife – requant = recifequant

-2= 1576(0,91%)
-1=7459(43%)
0=8180(47,20%)
1=117(0,67%)
2=1(0,005%)

Riscorecife – redefiii= riscoIE

-2=53(0,32%)
-1=2301(13,27%)
0=13665(78,83%)
1=1235(7,12%)
2=79(0,45%)
VII

Riscorecife – reman= remanfi

-2=570(3,28%)
-1=7267(41,92%)
0=9199(53,07%)
1=296(1,71%)
2=1(0,005%)

Diferença entre os mapas de suscetibilidade de Alheiros (1998) e o mapa


geoprocessado (porcentagem das classes resultantes a partir do número total de
pixels) com dados do SRTM, utilizando vários métodos estatísticos.

METÓDO ESTATÍSTICO UTILIZADO


CLASSE NB % IE % MANUAL % QUANTILE % ÁREA
-2 3,46 0,13 0,45 1,45 RMR
-1 34,51 0,84 15,03 16,47 RMR
0 55,69 62 67,97 55,69 RMR
1 6,28 26,66 15,46 23,45 RMR
2 0,24 2,93 1,09 2,93 RMR

Diferença entre os mapas de risco de Jaboatão (JG) e o mapa geoprocessado


(porcentagem das classes resultantes a partir do número total de pixels) com dados
do SRTM, utilizando vários métodos estatísticos.

METÓDO ESTATÍSTICO UTILIZADO


CLASSE NB % IE % MANUAL % QUANTILE ÁREA
%
-2 18,27 4,85 4,85 18,27 JG
-1 41,81 46,34 46,34 35,63 JG
0 26,73 34,64 34,64 29,79 JG
1 12,15 13,14 13,14 14,94 JG
2 1,03 1,03 1,03 1,37 JG
VIII

Diferença entre os mapas de risco de Recife (REC) e o mapa geoprocessado


(porcentagem das classes resultantes a partir do número total de pixels) com dados
do SRTM, utilizando vários métodos estatísticos.

METÓDO ESTATÍSTICO UTILIZADO


CLASSE NB % IE % MANUAL % QUANTILE ÁREA
%
-2 0,32 0,32 3,28 0,91 REC
-1 21,79 13,27 41,92 43,00 REC
0 71,49 78,83 53,07 47,20 REC
1 3,27 7,12 1,71 0,67 REC
2 0,15 0,45 0,005 0,005 REC

SUSCETIBILIDADE COM DADOS DA SUDENE

CLASSES DA SOMA (geologia,declividade,solo,uso do solo,perfis horizontais e


verticais de encostas)=somasudene

Classes Número de Pixel

6 13
7 702
8 118417
9 157421
10 211205
11 326228
12 365783
13 237018
14 160245
15 39269
16 12041
17 3254
18 271

Método estatístico utilizado:


Natural break= NB
Intervalo equivalente= IE
Quantil = Q
Manual = M
IX

Riscormr = mapa de suscetibilidade de Alheiros


Recal.....= mapa reclassificado de acordo com os diversos métodos estatísticos

riscormr – recalNB (reclassificação do somasudene usando natural break) = NB

-2=37405(2,31%)
-1=458258(28,32%)
0=945391(59,81%)
1=161036(9,95%)
2=15898(0,98%)

riscormr – reclassIE=IE

-2=3299(0,21%)
-1=217840(13,78%)
0=1133514(71,72%)
1=247437(15,65%)
2=15898(1,0%)

riscormr – reclassquant = quant

-2=15074(0,95%)
-1=224128(14,37%)
0=955630(60,46%)
1=372807(23,59%)
2=50349(3,18%)
X

riscormr – reclassmanual= manual

-2=15074(0,95%)
-1=312940(19,80%)
0=1067369(67,53%)
1=206707(13,08%)
2=15898(1,0)

Tabela com as diferenças entre os mapas de Alheiros (1998) e o mapa


geoprocessado (porcentagem das classes resultantes a partir do número total de
pixels) com dados das cartas topográficas da SUDENE, utilizando vários métodos
estatísticos.

METÓDO ESTATÍSTICO UTILIZADO


CLASSE NB % IE % MANUAL % QUANTILE ÁREA
%
-2 2,31 0,21 0,95 0,95 RMR
-1 28,32 13,78 19,80 14,37 RMR
0 59,81 71,72 67,53 60,46 RMR
1 9,95 15,65 13,08 23,59 RMR
2 0,98 1,0 1,0 3,18 RMR
XI

Diferença entre o mapa de risco de Jaboatão e o mapa geoprocessado

Método estatístico utilizado:


Natural break= NB
Intervalo equivalente= IE
Quantil = Q
Manual = M

Setor-recJB = NB

-2=771(26,88%)
-1=998(34,79%)
0=708(27,69%)
1=364(12,69%)
2=27(0,94%)

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