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Tese de doutorado
2007
PEDRO AUGUSTO DOS SANTOS PFALTZGRAFF
RECIFE, PE
2007
P523m Pfaltzgraff, Pedro Augusto dos Santos.
Mapa de suscetibilidade a deslizamentos da região metropolitana
de Recife / Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff. - Recife: O Autor,
2007.
120 folhas, il : figs., tabs.
A professora Margareth M. Alheiros, orientadora desta tese, por seu apoio e dedicação
durante todo este trabalho, me permitindo assimilar um pouco do conhecimento e das
qualidades técnicas e acadêmicas de uma profissional amplamente reconhecida no meio
científico brasileiro.
A professora Ana Lúcia B. Candeias, co-orientadora desta tese, que muito auxiliou na
discussão do uso das ferramentas de sensoriamento remoto e SIG e, do formato de
apresentação dessas informações.
The use of Remote Sensing and Geographical Information Systems (SIG) tools
constitute alternative technologies of decreasing cost along the last decade, allowing planners
of all government spheres in the process of more appropriate and efficiently planning the use
of the soil and of the environment protection.
The evaluation and the spatialization of the natural susceptibility to mass movements
(sliding) are important tools in the measurement, giving to the public manager a new
kowledge regarding possible problems in areas heavily occupied, or in the occupation phase.
The Metropolitan Area of Recife (RMR), northeast Brazil, for many years lives
together with the hills and slopes collapsing issues, where a high portion of the population
lives, the majority consisting of low income people. These collapses caused dozens of deads
and wounded persons along the 1980 and 1990 decades. It is important that the government
agencies should effectively use these tools to properly locate the areas susceptible to
collapsing, facilitating the administration.
The methodology here proposed aims to reduce the costs of the elaboration of
susceptibility maps, using geoprocessing tools and such remote sensing tools as SRTM radar
images (Shutlle Radar Topographic Mission), Landsat satellite images, Geocover and
CBERS, and other information available via Internet. Regarding SRTM images, they can
extract relatively important information concerning planimetry, orientation of hillsides and
horizontal and vertical profiles, satellite images concerning the use of the soil and
geomorphology. Such information, inserted in SIG’s (Geographical Information Systems),
allow the reclassification and updating of these parameters. They allow those operations to be
repeated several times, in the search of the adjustment to the wanted model.
These data were obtained after the processing of the data of SUDENE topographical
sheets (Superintendency of Development of the Northeast) and of SRTM, the maps of
hillsides (horizontal and vertical) profiles, and also the level curves that made it possible to
generate the topographical map of the area. Using the method of the algebra of maps (overlap
of several themes), it was possible to generate the susceptibility map to sliding, quite reliable,
when compared with the mapping of existent risky areas.
The newly obtained map, when compared with the one produced by Alheiros (1998),
got 71,72% of similarity among the areas of susceptibility classes. Though, when compared
with the risk map elaborated for the municipal district of Recife, the value arrives to 79, 42%.
The values among the several susceptibility classes in RMR show, respectively, that
49,68% of the RMR area present low susceptibility to the sliding events, 47,80% average
susceptibility and 2,51% high susceptibility to the sliding, with variations depending on the
used topographical data (if it was extracted from the SUDENE topographical sheets or of the
SRTM radar).
This map can help in the visualization, in regional scale, of the areas with natural
characteristics that can demand larger care and attention from technicians for the land
occupation.
As a restriction, there are some considerations. The greatest of them concerns the scale
(1:100,000), addressing its use to the territorial planning, not being recommended for
situations that need maps of greater scale, as it is the case of determining risk areas.
Cap. I Introdução
1 Introdução..............................................................................................1
1.1 Escolha do Tema.................................................................................2
1.2 Objetivos.............................................................................................3
1.3 Sistemática de Trabalho......................................................................4
Referências Bibliográficas..........................................................................................113
Anexos
Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana do Recife ( com
dados do SRTM)
Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana do Recife (com
dados topográficos da SUDENE)
Mapa das Bacias Hidrográficas da Região Metropolitana do Recife
Mapa Geomorfológico da Região Metropolitana do Recife
Mapa Geológico da Região Metropolitana do Recife
Mapa de Perfis Verticais de Encostas da Região Metropolitana do Recife
Mapa de Perfis Horizontais de Encostas da Região Metropolitana do Recife
Mapa de Solos da Região Metropolitana do Recife
Mapa de Uso do Solo na Região Metropolitana do Recife
Tabela de Pesos dos Parâmetros das Unidades Geológicas
Tabela de Pesos dos Parâmetros das Unidades de Solo
Memória de Cálculo
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 1
CAPITULO I - INTRODUÇÃO
áreas naturalmente suscetíveis a deslizamentos, tanto ocupadas como aquelas ainda livres de
ocupação.
No trabalho aqui apresentado, foi elaborado um mapa de suscetibilidade a
escorregamentos (problema comum a vários municípios brasileiros), utilizando-se ferramentas
de Sensoriamento Remoto e Sistema de Informações Geográficas, de baixo custo e elevada
eficiência. Esse mapa é mostrado na escala de 1:100.000, sendo compatível com projetos de
planejamento regional.
Um mapa similar foi elaborado por Alheiros (1998) tendo, entretanto, utilizado apenas
ferramentas e métodos tradicionais, como a superposição de mapas analógicos.
Muito embora a RMR sofra com o problema dos deslizamentos há várias décadas,
poucos autores (Alheiros e Gusmão Filho) têm se dedicado ao estudo da suscetibilidade e do
risco de deslizamentos nessa região.
A abordagem direcionada para o uso de SIG e o uso de ferramentas de sensoriamento
remoto é avaliada neste trabalho, mostrando uma metodologia diferente de todos os trabalhos
realizados anteriormente sobre o tema na RMR.
É importante citar que a escala escolhida de 1:100.000, destina-se fundamentalmente,
as atividades de planejamento de competência dos órgãos de governo. Embora essa escala
possa sugerir pouco detalhamento cartográfico, é vasta a lista de mapas publicados sobre a
Região Metropolitana do Recife pelo órgão gestor Fundação para Integração e
Desenvolvimento da Região Metropolitana (FIDEM), atual Agência Condep/Fidem, tais
como os mapas Hipsométrico, de Cobertura Vegetal e, Rodoviário da Região Metropolitana
do Recife.
1.2 Objetivos
Os objetivos desse trabalho são:
a) Desenvolver uma metodologia que leve a produção do Mapa de
Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana do Recife (na
escala de 1: 100.000), utilizando-se das novas tecnologias de
geoprocessamento e sensoriamento remoto, aperfeiçoando as metodologias
de mapeamento da suscetibilidade aos movimentos de massa e também,
propiciar uma maior facilidade no acesso as informações sobre o meio físico
da Região Metropolitana do Recife. Tais informações serão disponibilizadas
em ambiente SIG, permitindo um valioso auxílio no planejamento do uso do
solo dessa região e contribuindo para redução do custo financeiro desses
estudos.
b) Comparar os resultados obtidos com o mapa elaborado por Alheiros (1998),
que fez uso de ferramentas analógicas.
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 4
2.1 Introdução
Ao longo da história da espécie humana, o homem sempre esteve exposto aos perigos
advindos dos fenômenos geológicos naturais. A posterior organização do homem em
comunidades, alterou de forma significativa as condições naturais do meio ambiente gerando
situações de risco que levam as perdas sociais, econômicas e ambientais, muitas vezes
irreparáveis.
Ao longo das ultimas décadas, o crescimento da população urbana, sem um
correspondente aumento da infra-estrutura básica, de serviços e programas habitacionais
eficientes, levou a ocupação desordenada do solo, com o uso de áreas geotecnicamente
inadequadas (com declividade acentuada, instabilidade de taludes, características inadequadas
do solo e do subsolo). Isto deixou um grande número de pessoas, geralmente as mais pobres,
expostas não só aos fenômenos geológicos naturais, mas também, a fenômenos induzidos pelo
próprio homem.
2.2 Riscos Ambientais
A partir da década de 1960, pesquisadores como Gilbert White e seus colaboradores,
iniciaram pesquisas sobre os perigos naturais a que estavam sujeitas as populações do mundo.
Uma evolução natural desta pesquisa sobre perigos naturais levou ao uso do termo
riscos ambientais, cujas classificações propostas por Augusto Filho (1999), muito usadas no
Brasil e, a proposta pela ISDR (2004) é mostrada na Figura 1.
Varnes (1984), em trabalho realizado para UNESCO, propôs uma série de conceitos
sobre risco, muito usados até hoje. Entretanto, ainda não existe um consenso sobre
terminologias e conceitos, que sejam aceitos por todos os pesquisadores (Tominaga, 2004).
Autores como Cerri (1993), Zuquette (1993) e Ogura (1995), por exemplo, apresentam
conceitos diversos sobre o tema.
Uma controvérsia muito comum é aquela ligada às definições de risco e perigo. Lavell
(in Nogueira, 2002), por exemplo, mostra que as terminologias empregadas por agências
nacionais e internacionais de redução de riscos, muitas vezes não faz distinção entre risco
(risk) e perigo (hazard). Cerri (1993) mostra que tais conceitos podem variar de acordo com
parâmetros culturais, sociais, econômicos e da dinâmica do meio físico. É comum, no Brasil,
a tradução de maneira indiscriminada do termo Geological Hazard e Geological Risk como
Risco Geológico.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 6
RISCOS
AMBIENTAIS Tecnológicos: relativos aos processos produtivos, tais como,
vazamentos e contaminação, materiais explosivos, queda de
aeronaves, etc.
Hidrometeorológicos: enchentes e
b) inundações, secas tufões, granizo, geada,
RISCOS erosão.
NATURAIS
São definidas por Varnes (op. cit), as seguintes relações e parâmetros para o cálculo do
risco:
Rt = E x Rs
onde: Rt= risco total; E= Elemento de risco e, Rs= Risco Específico.
R=ExHxV
Sendo: E= elementos sob ameaça ou em risco (podem ser pessoas, edificações, etc.).
H= probabilidade de ocorrência do processo=suscetibilidade (S)
V= vulnerabilidade ou grau de perda dos elementos ameaçados
R=ExSxV
A equação de risco mais genérica e utilizada pela maioria dos autores, sendo também
adotada neste trabalho, é representada por:
R=PxC
R= risco
P= probabilidade de ocorrência do processo=suscetibilidade
C= conseqüências sociais e econômicas potenciais associadas=vulnerabilidade
Europa 2850 58 26 12
Figura 3: Número (em milhões) de pessoas afetadas por desastres naturais em cada
continente.
Fonte: EM-DAT: The OFDA/CRED International Disaster Database. http://www.em-dat.net, UCL -
Brussels, Belgium. In ISRDN (2004)
No que se refere aos desastres naturais que atingiram o Brasil, a ISDR (2004),
contabilizou um total de 4949 mortes entre 1948 e 2004, sendo que 58.357.034 pessoas foram
afetadas por esses desastres (como mostrado na figura 5). Já o Instituto de Pesquisas
Tecnológicas-IPT (2005), contabilizou um total de 1572 mortes por deslizamentos no Brasil,
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 10
Figura 4: Número (em milhões) de pessoas vitimadas por desastres naturais em cada
continente.
Fonte: EM-DAT: The OFDA/CRED International Disaster Database.
http://www.em-dat.net, UCL - Brussels, Belgium. In ISRDN (2004).
Dessa forma, no que se refere aos números de vítimas e pessoas atingidas por desastres
naturais no Brasil, é difícil tanto para os organismos internacionais como para as instituições
nacionais apresentarem números precisos.
Tempesades
3%
Inundações
20%
Epidemi
as 20%
Deslizamentos
7%
Temperaturas
Extremas 3%
Inundações Secas
58% 73%
Figura 5: Porcentagem de pessoas mortas e atingidas por desastres naturais no Brasil entre
1948 e 2004 (de acordo com o tipo de desastre natural).
Fonte: EM-DAT: The OFDA/CRED International Disaster Database, http://www.em-dat.net/ - Université
catholique de Louvain - Brussels – Belgium
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 11
Figura 6: Valor das perdas econômicas (US$ x 1000) no Brasil devido a desastres naturais
entre os anos de 1948 e 2004.
Fonte: EM-DAT: The OFDA/CRED International Disaster Database, http://www.em-dat.net/ - Université
catholique de Louvain - Brussels - Belgium
Mesmo que, não estejam disponíveis dados oficiais precisos que proporcionem uma
análise mais acurada dos números e conseqüências dos desastres naturais no Brasil, é
suficiente uma breve pesquisa dos dados mostrados na imprensa para notar o grande número
de vítimas e prejuízos causados pelos deslizamentos e pelas inundações.
2.3 Análise de Risco
Perigo e risco são termos intrinsecamente relacionados, cujo conhecimento,
independente de divergências conceituais, é fundamental para prevenção e redução de
desastres naturais. A percepção de situações onde as populações estejam expostas a algum
risco ambiental, levará ao estudo desses riscos e suas conseqüências para as pessoas, no que
se denomina análise de risco.
Uma “definição mais completa de análise de risco é apresentada por Alheiros (1998)
com a seguinte redação:”... “Constitui o esforço técnico para a caracterização e
dimensionamento do problema, identificando a natureza do perigo, sua probabilidade de
ocorrência e as perdas associadas.”
Inicialmente, a análise de risco tinha como alvo os estudos para solucionar problemas
que atingissem as áreas produtivas ou sob risco tecnológico, tendo evoluído posteriormente
para as questões que se voltavam para ocupação dos espaços urbanos.
O conhecimento do risco é o primeiro passo para a orientação dos governos nas suas
ações de gerenciamento das suas causas e efeitos (gestão do risco). Dessa forma a gestão do
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 12
risco compreende um conjunto de ações que incluem segundo a United Nations Disaster
Relief Coordinator-UNDRO (1991), cinco ações fundamentais: identificação dos riscos,
análise dos riscos, planejamento para situações de emergência, informações públicas e
treinamento.
De acordo com Augusto Filho (1999), a mitigação dos problemas causados por
acidentes naturais pode ser feita de acordo com as seguintes ações:
a) Restrições da ocupação das áreas sujeitas a algum tipo de risco;
b) Legislação adequada;
c) Execução de medidas estruturais e;
d) Desenvolvimento de sistemas de alerta
Para Alheiros (1998), a gestão dos riscos é dividida em seis estágios principais que
são: A análise do risco, avaliação das opções (tipo de ação, relocação etc.), escolha da solução
técnica e projeto, discussão da solução encontrada com a comunidade, implementação da
opção escolhida e, monitoramento da área após a implementação da solução escolhida.
A ISDR publicou em 2004 “Living with risk: A global review of disaster reduction
initiatives”, onde apresenta 5 premissas básicas para o controle e a redução de desastres
naturais, são elas:
- Avaliação de risco incluindo a análise da suscetibilidade e da
vulnerabilidade;
- Conhecimento do problema incluindo educação, treinamento, pesquisa
e informação;
- Ações públicas incluindo ações institucionais, políticas, legislativas e
comunitárias;
- Aplicação de medidas incluindo manejo ambiental, uso do solo e
planejamento urbano, uso da ciência e tecnologia, parcerias entre instituições e
instrumentos financeiros;
- Sistema de previsão e advertência, medidas preventivas e de capacidade
de reação.
Augusto Filho (1998) utilizou os termos risco atual e risco potencial. O risco atual
pode ser definido como o risco instalado em áreas já ocupadas e mostra locais que devem ser
alvo de medidas estruturais e não estruturais, objetivando a redução desse risco. O risco
potencial definido pelo autor caracteriza de fato a suscetibilidade para a criação de novas
situações de risco, em áreas que ainda não se encontram ocupadas. Da análise desse potencial
é possível planejar o futuro uso do solo nessas áreas.
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c) a disponibilidade de dados.
ocorr. 2003
1400 ocorr. 2002
1200 2001
2002
1000
2003
800
600
400
200
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2.6 Classificação dos métodos de estudoAs análises de risco, perigo e suscetibilidade podem
ser distinguidas pela utilização de métodos qualitativos e quantitativos, Carrara (1988). Em
função do método adotado, podem ser definidos quais os elementos que serão tratados e qual
o modelo a ser seguido, como mostrado na figura 7.
Um ponto importante dessa classificação sugerida pelo referido autor é que, sempre
tais métodos são relacionados ao estudo da Suscetibilidade e do perigo (hazard).
No primeiro caso, no método geomorfológico, o estudo é baseado principalmente na
experiência dos técnicos, combinado a mapas geomorfológicos, enriquecidos com dados
referentes a diversos parâmetros de importância para estabilidade de taludes, e experiência de
campo.
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Análise
Análise
Geomorfológica
Morfológica Combinação/
Método Superposição
Qualitativo de Mapas
Mapa de
Parâmetros
Lógica
Analítica
Multivariada
Análise
Bivariante
Análise
Estatística
Análise
Multivariada
Método Avaliação
Geológico Análise
Quantitativo Determinística
Geotécnica
Análise
Probabilística
Análise por
Rede Neural
Esse tipo de metodologia foi aplicado com muita freqüência nas décadas de 70 e 80 do
século XX e, tem como bom exemplo a metodologia ZERMOS, desenvolvida na França.
Outro método qualitativo adotado é o da seleção de mapas de vários fatores que
influenciam na suscetibilidade a deslizamentos e, atribuir pesos a cada um deles, de acordo
com a experiência do pesquisador em outras áreas similares e visitas a campo, proporcionais a
sua importância na movimentação de massas. Um bom exemplo desse método é o trabalho
desenvolvido por Amadesi & Vianello (1978) e mostrado no diagrama de blocos abaixo.
Os métodos quantitativos são baseados em análises estatísticas e métodos
determinísticos que envolvem modelos de geologia de engenharia de locais ou taludes
específicos. Além disso, são inseridos os conceitos de risco aceitável e risco controlável.
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Mapa
Litológico
Mapa de
Estabilidade Mapa de
Preliminar Estabilidade
Mapa de Secundário
Declividade Mapa Final de
Suscetibilidade
Mapa
Mapa de Uso Geomorfológico
Mapa do Solo
Estrutural
deslizamentos é mais recente, sendo os primeiros trabalhos utilizando esta técnica datada da
década de 1980.
O desenvolvimento dessa técnica exige alguns passos iniciais antes da aplicação dos
cálculos de análise estatística multivariada propriamente ditos:
1) Classificação de parte da área dos estudos (área de teste) em unidades de terreno;
2) Identificação dos fatores mais significativos na ocorrência dos deslizamentos;
3) Construção dos mapas de parâmetros e de localização dos deslizamentos;
4) Identificação da porcentagem de áreas afetadas por deslizamentos em todas as
unidades de terreno descritas e sua classificação como estáveis ou não estáveis;
5) Combinação dos mapas de parâmetros com os mapas de unidades de terreno e a
criação de uma matriz binária (com deslizamento X sem deslizamento) de cada parâmetro
dentro de cada unidade de terreno.
Por fim, uma reclassificação das unidades de terreno obtidas a partir dos cálculos de
análise estatística multivariada dos dados anteriormente obtidos, se procede para
transformação em classes de suscetibilidade.
A aplicação da análise estatística multivariada apresenta atualmente, grande difusão
com o uso de softwares específicos que aplicam na resolução dos problemas, que utilizam
ferramentas de análise discriminante e análise regressiva múltipla.
A avaliação através de modelo geológico geotécnicos envolve o estudo de engenharia
de taludes nos locais propensos a deslizamentos, tendo como base o estudo das propriedades
físicas dos materiais, que permitirão a utilização de procedimentos matemáticos específicos
como para o calculo do fator de segurança da encosta. Este método é muito utilizado pela
engenharia de solo para estudo da estabilidade e para estudos geotécnicos aplicados em áreas
propensas aos deslizamentos. Atualmente este método tem se expandido muito,
principalmente devido ao aparecimento de softwares direcionados para SIG.
Uma característica muito importante deste método é que seu uso esta voltado somente
para o estudo de pequenas áreas e em escala de detalhe. O mapa de suscetibilidade gerado
poderá ter características determinísticas ou probabilísticas, de acordo com os modelos
matemáticos e estatísticos utilizados.
O método das redes neurais representa um sistema computacional adaptativo que pode
“aprender”, ou adquirir conhecimento, a partir dos dados, mediante técnicas de inteligência
artificial. De acordo com Souza Filho (2003), as redes neurais apresentam propriedades que
torna esse método muito adequado ao reconhecimento de padrões de classificações de dados
espaciais. Assim, destacam-se: a possibilidade de definir padrões não perceptíveis com as
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Características do
Escalas
Metodologia meio físico Cartas Finalidade
103
abordado
Rochas < 100 Dados Gerais
Materiais de 100 –50 Fatores (planejamento
SANEJOAUND (1972) cobertura 25 – 10 Sintética territorial e
Geomorfologia 5–1 urbano),
Hidrogeologia >1 Específicos.
Este método aplica um modelo matemático baseado em dados físicos, sendo voltado
para a previsão de áreas de risco de deslizamentos rasos, tipo de escorregamento característico
na área dos morros da RMR. O modelo Shalstab realiza uma combinação entre um modelo
hidrológico e um modelo de estabilidade de encostas em conjunto com um MDT, na busca da
determinação da razão entre a quantidade de chuva e a transmissividade do solo necessária
para gerar um escorregamento (Guimarães et al, 1998). O esquema de desenvolvimento do
modelo Shalstab pode ser visto na figura 8, extraído do trabalho de Guimarães et al (1998).
A implementação o modelo Shalstab pode ser definido como um algoritmo
desenvolvido em linguagem AML (Arcinfo Macro Language), que roda em ambiente
Arcview e, a partir de um MDT, combinado a um modelo hidrológico e um modelo de
estabilidade de encosta. Ele procura definir o potencial de risco a deslizamentos rasos (na
verdade a suscetibilidade, para o limite de até dois metros de espessura do solo), para cada
célula em que se subdivide uma bacia hidrográfica. Este algoritmo, na forma de uma extensão
do software Arcview 3.x, pode ser obtido, gratuitamente, a partir do seguinte endereço na
Internet: http://socrates.berkeley.edu/~geomorph/shalstab/.
MODELO SHALSTAB
IB SOLO COLUVIAL
“SEM” RAÍZES 1,4 0,5 460 460 0,6 340 0,1 34
II SOLO DE
ALTERAÇÃO 1,8 2,0 1,2 450 0,4 39
III ZONA DE
BLOCOS 2,1 3,0 540 _ ≥0 >540 0 ~54
IV ROCHA
ALTERADA 2,4 (?) 900 _ (?) (?) (?) (?)
esses valores, por terem sido calculados de maneira pontual, não podem ser extrapolados para
toda RMR, para que se possa tentar uma correlação com os escorregamentos na área.
Alheiros (1998) considerou valores de chuva média anual, a partir de isoietas com as
séries históricas descontínuas e tentou correlacioná-las com os graus de suscetibilidade.
Diferente da autora optou-se neste trabalho, por considerar a chuva um agente deflagrador dos
movimentos de massa e não um parâmetro de cálculo da suscetibilidade, seguindo o exemplo
de Suarez et al (2002) e Amaral & Feijó (in Guerra, 2004). Assim, o grau de suscetibilidade
natural do meio físico aos deslizamentos não se altera, sendo a chuva o fator que irá
influenciar na definição do momento de rompimento das condições de equilíbrio do solo
(índice crítico), como no cálculo realizado por Gusmão, op. cit para Olinda. A definição desse
momento do rompimento das condições de equilíbrio do solo, demanda a obtenção que
grande volume de dados pluviométricos. Na cidade do Rio de Janeiro Amaral, op. cit relata a
obtenção de dados em 32 pluviômetros.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 27
Tabela 4: Estações pluviométricas da RMR com séries de medições contínuas até 2005, em
amarelo as estações em operação atualmente.
ESTAÇÃO CÓDIGO MUNICIPIO LATITUDE LONGITUDE ORGÃO_OPER PERIODO LAT_UTM
ABREUE LIMA 734033 ABREUELIMA -07:54:00 -034:54:00 EMATER Não disponivel na w 9126234,029
ENGENHOALGODOAIS 834000 CABODE SANTOAGOSTINHO -08:19:00 -034:59:00 SUDENE 09/1965 a 12/1987 9080100,747
ENGENHOBELA ROSA 835017 SÃOLOURENÇODA MATA -08:01:00 -035:07:00 Desativada 04/1967 a 11/1993 9113212,562
CABO 835008 CABODE SANTOAGOSTINHO -08:18:00 -035:02:00 SUDENE 01/1963 a 12/1984 9081916,492
CABO 835115 CABODE SANTOAGOSTINHO -08:18:00 -035:03:00 SUDENE Não disponivel na w 9081907,041
ENGENHOSÍTIO 735050 SÃOLOURENÇODA MATA -07:58:05 -035:09:24 CPRM 04/1967 a 05/2007 9118567,372
ENGENHOTABATINGA 835020 IPOJUCA -08:21:00 -035:03:00 Desativada 11/1967 a 12/1977 9076375,916
IPOJUCA 835032 IPOJUCA -08:24:00 -035:04:00 SUDENE 01/1977 a 07/1979 9070835,139
USINA IPOJUCA (IAA) 835060 IPOJUCA -08:24:00 -035:04:00 01/1963 a 12/1978 9070835,139
JABOATÃO410 835033 JABOATÃODOS GUARARAPES -08:07:00 -035:01:00 Não disponivel na w 9102206,150
MORENO 835036 MORENO -08:07:00 -035:05:00 SUDENE 01/1967 a 12/1990 9102169,007
NOSSASENHORA DALUZ 835067 SÃOLOURENÇODA MATA -08:03:00 -035:06:00 SUDENE 01/1967 a 12/1990 9109534,514
OLINDA 834001 OLINDA -08:01:00 -034:51:00 INMET Não disponivel na w 9113354,569
PIRAPAMA 835138 CABODE SANTOAGOSTINHO -08:16:45 -035:03:48 CPRM 03/1987 a 05/2007 9084204,075
RECIFE / AFOGADOS 834017 RECIFE -08:04:46 -034:54:13 CPRM 04/2000 a 05/2007 9106383,596
RECIFE (LAB.DE HIDRAÚLICA) 834003 RECIFE -08:02:00 -034:56:00 Não disponivel na w 9111468,689
RECIFE (IBURA) 834004 RECIFE -08:07:00 -034:56:00 SUDENE 06/1968 a 05/1974 9102250,877
RECIFE (IBURA) 834013 RECIFE -08:07:00 -034:56:00 Não disponivel na w 9102250,877
RECIFE (CURADO) 834006 RECIFE -08:03:00 -034:55:00 SUDENE 07/1967 a 12/1985 9109633,778
RECIFE (CURADO) 834007 RECIFE -08:03:00 -034:55:00 INMET Não disponivel na w 9109633,778
RECIFE (CODECIPE) 834016 RECIFE -08:05:00 -034:56:00 01/1987 a 12/1988 9105938,006
RECIFE (CENTRAL) (RFN) 834014 RECIFE -08:02:00 -034:54:00 01/1924 a 12/1958 9111485,877
RECIFE (CAXANGA) 834005 RECIFE -08:02:00 -034:53:00 02/1911 a 08/1970 9111494,358
ESCADA 835022 ESCADA -08:22:00 -035:14:00 DNOCS 01/1920 a 12/1983 9074422,288
ESCADA 389 835021 ESCADA -08:22:00 -035:14:00 Não disponivel na w 9074422,288
ESCADA (RFN) 835023 ESCADA -08:22:00 -035:14:00 01/1923 a 12/1949 9074422,288
USINA TIUMA (IAA) 735084 SÃOLOURENÇODA MATA -07:58:00 -035:04:00 IAA 04/1967 a 01/1995 9118771,748
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 29
Figura 10: Localização das estações pluviométricas na RMR de acordo com dados da ANA.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 30
Na região dos estudos não são comuns movimentos de massa relacionados a materiais
rochosos, tendo em vista que, geralmente, os maciços rochosos estão cobertos por espesso
manto de intemperismo. Aliás, esta é uma situação típica do ambiente tropical, onde os
movimentos de massas rochosas estarão freqüentemente, ligados a taludes de origem
antrópica, Augusto Filho (1999). Entretanto, bem próximo a Região Metropolitana do Recife-
RMR, ao longo da BR 232, são registrados alguns casos de movimentos de massas rochosas
relacionados aos taludes de corte para a abertura da estrada.
Os solos e sedimentos inconsolidados apresentam-se como um meio onde as
características isotrópicas ou anisotrópicas podem ser mais ou menos pronunciadas. Corpos
de solos residuais podem ser mais isotrópicos em suas propriedades (como ângulo de atrito ou
permeabilidade) do que os solos coluvionares cuja geometria da sua deposição e seu grau de
coesão, pode variar amplamente ao longo de toda espessura do material.
No desencadeamento dos movimentos das massas de solo, influenciam diretamente as
características geotécnicas dos materiais (granulometria, coesão, ângulo de atrito, etc.), a
cobertura vegetal, o relevo, a água (nas formas de chuva, drenagem superficial ou lençol
subterrâneo) e a forma e ocupação das encostas. Em função da geometria, os deslizamentos
são classificados em planar, rotacional e translacional. O creep e corridas de lama ou de
detritos são caracterizados como outros movimentos de massa (figuras 10 e 11, extraídas de
ITGE, 1991).
Os deslizamentos planares são típicos de camadas de solo pouco espessas, separadas
por planos de fraqueza tais como, o contato entre duas camadas de solo de composições
diferentes. Na RMR, os deslizamentos são basicamente do tipo planar e se localizam
principalmente sobre as áreas constituídas por sedimentos da Formação Barreiras.
Os deslizamentos rotacionais são característicos dos solos mais espessos e
homogêneos como os solos residuais (normalmente). Enquanto os translacionais
caracterizam-se pelo movimento, para frente e para baixo, do material deslizando ao longo de
uma superfície mais ou menos plana. Neste movimento registra-se também, uma componente
rotacional de menor intensidade. A figura 9 mostra alguns desses movimentos.
O rastejo, ou creep, caracteriza-se por um movimento bastante lento da massa de solo
em direção ao pé do talude enquanto as corridas de lama ou de detritos caracterizam-se por
um deslocamento de elevada velocidade dos materiais, na forma de um fluido de alta
viscosidade (devido ao grande teor de água contida).
Neste trabalho, dividiremos os materiais de origem antropogênica em aterro e
depósitos de materiais artificiais (lixo doméstico e industrial e esgoto). O primeiro é
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 33
constituído por materiais naturais, remobilizados pelo homem para construção civil. Enquanto
o segundo é constituído por materiais artificiais, descartados de forma aleatória sobre a
superfície do terreno ou nos corpos de água.
Os materiais de aterro e os depósitos de origem antrópica possuem características
geotécnicas complexas algumas vezes, comparáveis às características dos solos e sedimentos
quanto aos tipos e geometria dos movimentos.
A B
A B
Figura 11: (A) Corrida de Lama (extraído de ITGE, 1991) e (B) deslizamento planar (extraído
de Oliveira e Brito,1998).
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 35
informações contidas nas cartas topográficas tradicionais. Exemplos dessas imagens podem
ser vistos nas figuras 13 e 14.
2.11 Características das imagens utilizadas
2.11.1 Imagens Geocover
O mosaico Geocover é formado por um conjunto de imagens ETM+, do satélite
LANDSAT 7, ortorretificadas. Possui uma resolução espacial de 14,25 metros (resultante da
fusão entre as bandas 7, 4 e 2, com a banda 8 (de alta resolução)).
Seu controle de posicionamento horizontal foi realizado a partir de 6 a 12 pontos
identificados por cena, com erro quadrático médio de 50 metros. O controle vertical é feito
com base em modelo digital de terreno com precisão de 3 arco segundos, quando disponíveis
ou, dos dados digitais do GTOPO 30 (modelo digital de terreno com precisão de 30 arco
segundos). Esse mosaico é formado por imagens obtidas pelo satélite LANDSAT 7, entre os
anos de 1999 e 2000. Os arquivos digitais são distribuídos no formato Mrsid, com projeção
UTM e Datum WGS 84, Crepani e Medeiros (2005).
As imagens Geocover estão referenciadas para o hemisfério norte. Dessa forma é
necessário abrir o arquivo. sdw, pertencente ao conjunto de arquivos disponibilizados junto
com a imagem Geo Cover e , alterar a última linha deste. Essa alteração é feita subtraindo o
valor encontrado na última linha desse arquivo do valor 10.000.000. O valor encontrado será
o correspondente à coordenada do canto inferior esquerdo da imagem, convertida para o
hemisfério sul. Essa alteração do arquivo é feita utilizando-se o bloco de notas do Windows.
As imagens Geocover encontram-se disponíveis, gratuitamente, no site
http://zulu.ssc.nasa.gov/mrsid/.
2.11.2 Imagens CBERS 2
Essas imagens são obtidas pelo satélite sino brasileiro China-Brazil Earth Satellite
(CBERS), que possue 3 câmeras para imageamento da superfície da terra. A primeira é
denominada CCD (câmera de imageamento de alta resolução), que possue uma resolução
espacial de 20 metros, nas bandas 1 (azul), banda 2 (verde), banda 3 (vermelho), banda4
(infravermelho próximo) e banda 5 (Pancromática).As bandas de 1 até 4 captam informações
das faixas do espectro eletromagnético similares àquelas obtidas pelas mesmas bandas do
satélite LANDSAT 7. Já a banda Pancromática adquire informações dos comprimentos de
onda entre 0,51 e 0,73μm.
A segunda câmera transportada pelo CBERS é a RSI, imageadora de varredura de
média resolução (80 metros), imageando no espectro similar as bandas 5,6 e 7 do Landsat e, a
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 37
terceira câmera é a WFI (câmera imageadora de amplo campo de visada, resolução espacial
de 260 metros). Neste trabalho foi utilizada apenas a imagem da câmera CCD, adequada aos
mapeamentos na escala de 1:100.000 por apresentar resolução espacial de 20 metros.
Foram utilizadas também as imagens RADARSAT (modo Standard), que serviram de
auxílio na definição das estruturas geológicas regionais e das formas de relevo (com resolução
espacial de 12 metros, reamostrada para 15 metros). As imagens de radar obtidas pelo SRTM
(SMUTLLE RADAR TOPOGRAFIC MISSION) foram utilizadas na extração automática de
drenagens e na extração de feições geomorfológicas.
2.11.3 Imagens LANDSAT
Foram utilizadas duas imagens Landsat 7 ETM+ , obtidas gratuitamente através do site
http://glcf.umiacs.umd.edu/index.shtml, ortorretificadas e compostas pelas bandas 1 até 8. A
resolução espacial dessas imagens é de 28 (metros aproximadamente), para as bandas 1, 2, 3,
4, 5 e 7 e, 60 e 15 metros, respectivamente, para as bandas 6 e 8. As características de
projeção e datum são similares aquelas das imagens Geo Cover.
Figura12: Imagem Quickbird, Recife (PE), resolução espacial de 1 metro. Fonte: Google
Earth
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 38
Essa dificuldade pode ser contornada pela utilização de sensores remotos que utilizam
a faixa do espectro eletromagnético correspondente às microondas, que sofrem uma influência
quase nula das condições atmosféricas e, nenhuma influência das condições de iluminação.
Assim, aproveitando essas características dos sensores de imageamento por radar,
foram utilizadas na RMR, imagens provenientes dos sensores SRTM e RADARSAT, para
avaliação de algumas características do meio físico, tais como: drenagem, morfologia do
terreno e estruturas geológicas.
O SRTM (Shutlle Radar Topographic Mission) corresponde à sigla de uma missão
espacial conjunta da NASA (National Aeronautics and Space Administration), da NIMA
(National Imagery and Mapping Agency), dos Estados Unidos da América e das agências
espaciais européias da Alémanha (DLR, Deutsche Zentrum für Luft und Raumfhart) e da
Itália (ASI, Agenzia Spatiale Italiana), realizada no período de 11 a 22 de fevereiro de 2000.
Essa missão tinha como objetivo realizar o imageamento da superfície terrestre, entre
as latitudes de 60o N e 56o S, gerando um modelo topográfico digital com precisão de 1 arco
de segundo (aproximadamente 30 metros) no equador. Esse equipamento de radar, que
utilizava as bandas C e X era transportado a bordo da espaçonave Endevour. Os dados desse
levantamento referentes a banda C estão disponibilizados gratuitamente pela NASA na
internet (via FTP), no seguinte endereço:
ftp://edcsgs9.cr.usgs.gov/pub/data/srtm/SouthAmerica/
Os dados disponibilizados encontram-se com resolução espacial de 30 metros (ou seja,
cada pixel da imagem conteria informações de uma área de 30x30 metros do terreno), para o
território americano e, com resolução de 90 metros (3 arco - segundo) para o restante do
mundo. Segundo informações constantes no endereço acima citado, dados de outras áreas do
planeta, Além dos Estados Unidos da América, também podem ser fornecidos com a precisão
de 30 metros, mediante análise de pedido feito pelos usuários. Nesse caso, o tempo para
análise do pedido e o fornecimento dos dados não são mencionados. Essas imagens são
fornecidas nos formatos geotiff ou hdf com sistema de projeção geográfico e datum WGS84
com altitudes em metro.
A aquisição dos dados de altimetria foi feita através do método da interferometria (fig.
17) que se baseia na diferença de fase de duas imagens de radar obtidas sobre um mesmo
local, o que torna possível obter os valores de elevações ou mudanças no relevo da superfície
da terra, com precisão maior que os obtidos por estereoscopia, CRCS (in Barros et al, 2004).
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 40
Figura 15: Missão SRTM - Detalhes do Radar Interferométrico. Fonte: Santos (2005)
deste ou de seus parâmetros, de forma isolada, rápida e precisa. Além disso, permite que essas
operações sejam repetidas, várias vezes, na procura do ajuste do modelo desejado.
Os Sistemas de Informação Geográficas utilizam dois tipos de abordagem para
resolução dos problemas propostos. O primeiro é aquele baseado na avaliação dos dados
coletados (data driven) e o segundo, conhecido como knowledge driven (utilizado neste
trabalho), se baseia no conhecimento dos processos e seus condicionantes, sendo conduzido
para o cruzamento entre os dados existentes, permitindo que cada variável envolvida no
processo seja ponderada segundo sua importância dentro do caso em estudo, Carvalho e
Riedel (2005).
Os SIGs proporcionam ainda o suporte a decisões, que são implementadas com base
em dados espaciais, topologicamente relacionados, que propiciam a entrada, manipulação,
visualização, modelagem, análise e recuperação de um grande volume de dados nos formatos
raster e vetor possibilitando ainda, a manipulação e processamento de imagens de satélite e
radar.
Muito importante, em um software desenvolvido para SIG são as ferramentas de
modelagem. Assim, é fundamental que esses softwares possuam ferramentas que possibilitem
a leitura e exportação de arquivos digitais com os mais diversos formatos, geração de modelos
digitais de terreno, álgebra de mapas, conversões de sistemas cartográficos de arquivos raster
ou vetor, edição de vetores, conversão de arquivos raster para extensões diversas como, por
exemplo, a conversão de imagens com extensão. Tiff para .GRD, georreferenciamento e
registro de imagens raster, tratamento de imagens e, módulos para cálculos estatísticos . A
maioria dos softwares hoje existentes possui essas ferramentas sendo que, alguns
disponibilizam essas ferramentas em modulo único (como o PCI Geomática) enquanto outros
fornecem pacotes com extensões que devem ser adquiridas separadamente (como o ArcMap).
O SPRING (Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas) distribuído
pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais) merece destaque dentre os softwares de
SIG, pois, Além do modulo SIG, também tem seus pacotes de extensões IMPIMA (para
leitura e conversão de imagens) e SCARTA (para edição dos mapas gerados no SIG),
distribuído gratuitamente através do site http://www.dpi.inpe.br/spring/ .
Quanto aos dados espaciais, Silva (1999), usa a seguinte definição “são elementos
definidos pelas variáveis x, y e z, possuem localização no espaço e estão relacionados a
determinados sistemas de coordenadas, como por exemplo, a projeção de Mercator,
Longitude – Latitude, e que a eles podem estar associadas infinitas características ou
atributos”.
Pfaltzgraff,P.A.dos S. 2007. O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife 43
Duas décadas depois (em 1994), a Região Metropolitana do Recife foi redefinida pela lei
Estadual número 10/94, cujo objetivo era integrar o planejamento e execução das funções
públicas de interesse comum e também instituiu o Sistema Gestor Metropolitano.
O Sistema Gestor Metropolitano tem como objetivo promover a integração e apoiar os
agentes responsáveis pelo planejamento, execução e gestão públicos de interesse comum.
Atualmente a RMR é formada por 14 municípios. Esse número é fruto do
desmembramento de alguns municípios pré-existentes, caso dos municípios de Abreu e Lima,
Araçoiaba, Camaragibe e Itapissuma (desmembrados, respectivamente, dos municípios de
Paulista, Igarassu e São Lourenço da Mata) ou, da incorporação de um novo município, como é o
caso de Ipojuca.
Na RMR, vivem hoje (segundo censo do IBGE, 2001), 3.350.654 habitantes, o que
equivale a aproximadamente 40% da população total de Pernambuco.
3.2 Geologia
A geologia da RMR foi alvo de estudos de vários pesquisadores e, entre os mais recentes
podemos citar Lima Filho, Jardim de Sá e o Serviço Geológico do Brasil – CPRM (2003), cuja
caracterização geológica será aqui adotada (Figura 2).
A Região Metropolitana do Recife é formada por rochas do embasamento cristalino,
representadas pelos complexos Gnáissico–Migmatítico (Pgm), Belém de São Francisco (Mbf) e
Vertentes (Mve). Por corpos granitóides diversos (Mγ,Nγ), por rochas sedimentares formadoras
das bacias sedimentares costeiras Paraíba–Pernambuco e do Cabo e por coberturas sedimentares
inconsolidadas de idades neógena à recente (Figura 3).
Do ponto de vista tectônico a região esta inserida entre os terrenos Rio Capibaribe ao norte
e Pernambuco-Alagoas a sul, separados pelo Lineamento Pernambuco, extensa feição tectônica
que corta o estado em sentido leste-oeste.
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 46
Foto 3.1: Complexo Gnáissico Migmatitico, corte de estrada 2 km a leste da cidade de Araçoiaba.
trecho compreendido entre João Pessoa e Recife, o trend dos falhamentos possui direção que
varia entre NW a NS (Jardim de Sá, 2004.).
Segundo vários autores, a bacia Pernambuco Paraíba foi a última ligação entre a África e a
América do Sul durante a abertura do Oceano Atlântico, no período Cretáceo.
De acordo com Mabesoone e Alheiros (1988), essa bacia está dividida em cinco sub-
bacias, de sul para norte, que são: Olinda, Alhandra, Miriri, Canguaretama e Natal. Dessas apenas
a sub-bacia Olinda esta representada em áreas da RMR (Figura 4).
A estratigrafia da Bacia Pernambuco-Paraiba é a seguinte, da base para o topo: Formação
Beberibe (Kb), Formação Gramame (Kg), e Formação Maria Farinha (Emf). Sobreposta a essas
unidades se encontra o Formação Barreiras (Enb) e as coberturas sedimentares recentes.
As litologias mais antigas dessa bacia estão representadas pela Formação Beberibe, que é
composta por uma seqüência basal mais arenosa, de origem continental (leques aluviais
costeiros), onde estão representados arenitos de granulação variada, com intercalações de siltitos
e folhelhos.
Na sua parte superior a Formação Beberibe esta representada por uma seqüência arenosa
com cimento carbonático, de origem marinha, bastante fossilífera. Sua exposição na RMR é
bastante restrita, entretanto, por ser essa unidade o maior reservatório de água subterrânea da
RMR (aqüífero Beberibe), que abastece uma grande população, deve ser protegido de possíveis
agentes contaminantes.
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 51
Foto 3.3: Conglomerados da Formação Cabo, estrada BR-101, município de Cabo de Santo
Agostinho.
Quanto ao corpo granítico denominado de Granito do Cabo, este se situa no extremo leste
do município homônimo. Possue uma cobertura de solo de alteração com granulometria silto
arenosa, onde os processos erosivos, possivelmente devido ao intenso desmatamento, são muito
atuantes. Nesta área são comuns as ravinas, voçorocas e erosões laminares, que dão um aspecto
desolador ao local.
Foto 3.4: Estruturas vulcânicas em área de afloramento do Granito do Cabo na praia do Xaréu no
Município do Cabo de Santo Agostinho.
O topo da sedimentação dessa bacia está representado pela Formação Algodoais, de idade
cretácea superior (turoniana) até paleógena. Esta formação encontra-se informalmente dividida
em duas unidades: Água Fria (basal) e Tiriri. A primeira é constituída por conglomerados de
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 54
Lagunares (Qdfl), Recifes de Arenito (Qr), sedimentos de Praia (Qp), sedimentos Aluvionares
(Qal) e pelos sedimentos de Mangue (Qm).
Os Terraços Marinhos Pleistocênicos são formados por areias quartzosas de granulação
fina a média. Os Terraços Holocênicos são constituídos por materiais similares aos Terraços
Pleistocênicos, apresentando como diferenças básicas a granulometria mais fina das areias e a
presença de restos de conchas (Foto6).
Nestas unidades estão assentadas aquelas construções que se apresentam mais seguras
quanto a possíveis inundações.
Os sedimentos flúvio lagunares ocupam uma grande área da planície da RMR. São
constituídos por areias finas, siltes, argilas, vasas diatomáceas e sedimentos turfosos. Devido a
suas características de relevo, as áreas ocupadas por essa unidade são densamente ocupadas com
edificações. Aqui as edificações de maior porte necessitam de minucioso estudo geotécnico do
subsolo já que, são freqüentes as presenças de camadas de argilas orgânicas e turfas, que podem
comprometer as estruturas dessas edificações e outras obras de engenharia, como avenidas, por
exemplo.
Junto com os sedimentos flúvio-lagunares, os sedimentos de mangues também apresentam
ampla distribuição na Planície Costeira da RMR, sendo formado por argilas, siltes, areias finas,
carapaças de diatomáceas, espículas de espongiários, restos orgânicos e conchas.
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 56
Nas áreas de ocorrência dessa unidade, é muito comum a presença de camadas de argila
orgânica, de grande espessura, como a registrada por uma sondagem à percussão realizada em
terreno da sede do Serviço Geológico do Brasil-CPRM (em Recife), que atingiu uma espessura
de 9 metros com baixíssimos valores de SPT. Estas características tornam necessária uma
detalhada pesquisa geotécnica do subsolo, antes do inicio de qualquer obra de engenharia.
Os depósitos aluvionares distribuem-se ao longo dos canais e nas planícies de inundação
dos grandes rios que cortam a RMR. São depósitos formados por materiais arenosos e areno-
argilosos. Embora as áreas de ocorrência desses materiais sejam locais extremamente propensos a
inundações periódicas, a ocupação urbana nesses locais é bastante densa.
Por fim, encontram-se ao longo da costa da RMR, recifes de arenito (Foto7), formados por
grãos de quartzo e fragmentos de conchas, aglutinados por cimento silicoso ou ferruginoso e, ao
lado desses corpos rochosos encontram-se os depósitos de praia, recentes, constituídos por areias
quartzosas com presença de fragmentos de conchas.
Embora não possuam dimensões para representação nesta escala de trabalho, devem ser
citados os depósitos de colúvios (Foto 8), constituídos por materiais argilo siltosos e seixos de
quartzo e rocha centimétricos, com registro em pequenas áreas nos sopés dos morros cristalinos.
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 57
3.3 Clima
De acordo com Moreira (in CPRM, 2003), a RMR possui um clima litorâneo úmido, com
forte influência de massas tropicais úmidas. A temperatura média anual é de 25,5 oC, com média
anual máxima de 29,10 C e média anual mínima de 21,9 oC.
A precipitação média anual vária desde 2200 mm, nas áreas mais próximas ao litoral, até
1200 mm na parte mais à oeste do município de São Lourenço da Mata. As variações inter anuais
oscilam entre 1200 a 3500 mm no litoral e entre 500 e 2000 mm nas áreas mais afastadas deste. O
trimestre mais chuvoso vai de maio a julho, concentrando 47% da precipitação. O trimestre mais
seco vai de outubro à dezembro e concentra apenas 7% da precipitação.
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 59
Figura 6: Hietogramas que mostram as variações no regime de chuvas na RMR. Dados de médias
mensais e de totais anuais obtidos a partir de 12 estações localizadas dentro e nos arredores da
RMR.
Fonte: Moreira (in CPRM, 2003).
3.4 Hidrografia
A Região Metropolitana do Recife-RMR, esta inserida na região hidrográfica classificada
como sub-bacia 39, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica-ANEEL (Moreira in CPRM,
2003).
Os rios e cursos de água que cortam a RMR são perenes, com altos índices de escoamento
(vazão), durante o período chuvoso podendo, entretanto, na área noroeste, secar quando da
ocorrência de estiagem prolongada.As principais bacias hidrográficas representadas na região são
: Ipojuca, Botafogo, Pirapama, Jaboatão e Capibaribe (Figura 7).
O rio Capibaribe percorre 33,2 quilômetros dentro da RMR e recebe como afluentes os
rios Goitá, Tapacurá e Besouro, sendo um dos principais rios da região. Barrando o curso desse
rio encontram-se várias barragens, construídas para controle das suas cheias e para o
abastecimento de água. Tais barramentos são responsáveis pela diminuição da vazão e da carga
de sedimentos transportados por esse rio e seus afluentes.
Alem do Capibaribe outros rios da região também se encontram com suas vazões
diminuídas devido à construção de barragens (Tabela 2) que retendo a maior parte dos
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 60
sedimentos carreados pelos rios e que antes chegavam ao mar, causam um desequilíbrio do
sistema erosão x deposição ao longo da costa.
Deve-se ainda destacar a existência de várias lagoas na região, sendo a maior delas a lagoa
Olho D’Água, situada no município de Jaboatão dos Guararapes. As outras lagoas são a lagoa do
Araçá, no município do Recife e, as lagoas Mingú e Maré no município de Ipojuca.
Tabela 3.2: Principais barragens da RMR.
Outros rios de dimensões mais modestas formam bacias menores que cortam a RMR e
estão agrupados, sob a denominação de pequenas bacias litorâneas sem denominação (GL-1).
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 61
Figura 7: Principais Bacias Hidrográficas da RMR. Extraído de Moreira (in CPRM, 2003).
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 62
3.5 Relevo
O relevo da RMR (figura 8) esta representado por quatro compartimentos
geomorfológicos bem definidos, subdividido em oito unidades de relevo. São eles: a Planície, os
Tabuleiros Costeiros, as Colinas e os Morros.
A planície é formada pelas unidades Planície Costeira e Planície Flúvio Lacustre. Estas
unidades se estendem por todo o litoral da RMR, sendo interrompida apenas pelas Colinas no
município do Cabo de Santo Agostinho.Dentro da faixa da Planície Costeira, podem ser
caracterizados dois patamares distintos, um nível mais alto (8 até 10 metros), formado por
terraços marinhos de idade pleistocênica e, um nível mais baixo formado pelos terraços marinhos
de idade holocênica que atinge a cota de 4 metros. Esses níveis podem ser facilmente vistos nas
imagens do SRTM. A Planície – Lagunar caracteriza-se por cotas que variam desde o nível do
mar até os 8 metros.
Os Tabuleiros estão situados, basicamente, ao norte da RMR, sendo formados por
sedimentos da Formação Barreiras, com cotas médias de 30 até 100 metros. Encontram-se
bastante dissecados, formando morros alongados (em alguns casos isolados e mais
arredondados), com vales de fundo chato. Na parte mais a oeste da RMR, esses tabuleiros podem
atingir cotas superiores aos 200 metros (sendo constituídos nesse caso por rochas cristalinas),
recebendo a denominação local de chãs.
Na parte sudeste da RMR encontra-se o Domínio das Colinas Amplas e Suaves,
constituídas por sedimentos (elevações mais baixas e de formas arredondadas) e por rochas
vulcânicas e sub vulcânicas (elevações maiores e de forma mais alongada). O promontório
formado pelo granito do Cabo é a expressão mais marcante dessa unidade.
Ao oeste e sudoeste da RMR, encontra-se o Domínio das Colinas Dissecadas e Morros
Baixos, um conjunto de formas mais elevadas, formados por rochas cristalinas, cujas cotas se
elevam desde os 30 até mais de 300 metros, aumentando sua altitude de leste para oeste. No
extremo oeste da RMR encontra-se o Domínio dos Morros e Serras Baixas, constituído por
rochas cristalinas que formam serras como a do Urucu, localizada no extremo oeste do município
do Cabo de Santo Agostinho, com cota de 424 metros. Nesse conjunto do relevo, os morros mais
baixos apresentam forma arredondada enquanto, os mais altos (formadores das serras), possuem
formas alongadas. Ainda nesse conjunto, é marcante o controle estrutural dos rios e do relevo,
principalmente na parte oeste da RMR.
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 63
3.6 Solos
Ocorrem na RMR as seguintes classes de solo (figura 9), classificadas de acordo com o
Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, Shinzato (in CPRM, 2003):
. Argissolos- Esta classe é composta por solos minerais não hidromórficos, constituídos
por argilas de baixa atividade. Em geral são profundos, bem drenados e com seqüência de
horizontes A, Bt, C ou, A, E, Bt e C.sua distribuição abrange, principalmente as áreas mais
elevadas à oeste da RMR, recobrindo as unidades geológicas cristalinas e os sedimentos das
Formações Barreiras e Cabo.. Latossolos- Tratam-se de solos minerais, não hidromórficos,com
horizonte B latossólico.Encontram-se em elevado estágio de intemperização sendo bastante
evoluídos, profundos (espessura > 2 metros), com permeabilidade elevada, variando de bem a
acentuadamente drenados. Possuem seqüência de horizontes do tipo A, Bw, C, distribuindo-se
sobre as unidades cristalinas e sobre a Formação Barreiras em áreas concentradas a sul, norte e
centro da RMR.
. Cambissolos- Compreende um conjunto de solos minerais, não hidromórficos, com
horizonte B incipiente subjacente ao horizonte A . São pouco evoluídos, com características
bastante variáveis. Entretanto, geralmente são pouco profundos a rasos, com teores de silte
relativamente elevados.
. Espodossolos- Esta classe é composta por solos minerais com horizonte B espódico
sotoposto pelos horizontes E ou pelo horizonte A. Origina-se a partir dos sedimentos arenosos de
origem marinha que formam os cordões litorâneos; em geral são hidromórficos e de textura
arenosa.
Pfaltzgraff, P.A. dos S.2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 65
No gráfico 4.1 é possível ver o número de vítimas devido aos deslizamentos de terra na
RMR e no município de Recife no período de 1984 a 2006. Esses gráficos mostram a
gravidade dos problemas causados pelos deslizamentos nesta região.
70
60
60
Num.de vitimas na RMR
50
43
VITIMAS
40 39 Número de Vítimas no
33
Recife
30
24
20 16
1212 1111
9
10 8 8
6 7
2 3 2 2 1 3 3
1 1 1 1 1 1 0 1 1 1
0
Ano 1984 1989 1990 1991 1994 1995 1996 1997 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
ANO
Foto 4.2: Vista de área de risco ao longo da BR-101, próximo à localidade de Cidade.
Tabajara no Município de Olinda.
Foto 4.3: a) Vista aérea do deslizamento ocorrido no Córrego do Boleiro em 1996. (foto
extraída de Alheiros ,1998).b) Situação típica em áreas de risco, corte vertical de talude com
construção da moradia na área plana logo à frente do corte(foto: cedida por Alheiros).
71
O ponto de partida da pesquisa bibliográfica foi à tese de Alheiros (1998) e que serve
de substrato às pesquisas que se seguem, comparando sua metodologia e resultados a luz das
novas ferramentas de sensoriamento remoto e geoprocessamento hoje disponíveis.
Os mapas básicos gerados (na projeção UTM e Datum WGS84) foram:
Planimétrico (atualizado)
Geológico (compilado)
Geomorfológico
Curvatura horizontal e vertical de encosta
Declividade
Solos (compilado)
Uso do Solo
72
Após esse levantamento o passo seguinte levou a uma minuciosa análise das imagens
de satélite (GEOCOVER, LANDSAT e CBERS) e radar (SRTM e RADARSAT), o que
possibilitou:
- Gerar um mapa base planimétrico atualizado
- Atualizar os limites da área urbana e da cobertura vegetal
- Compartimentar o relevo de acordo com suas formas predominantes.
- Aplicar o modelo digital de terreno (base para o mapa de declividade) a
partir de imagens SRTM e dados de outras fontes como digitalização das curvas de
nível das cartas topográficas da SUDENE na escala de 1:100.000, escolhendo o que
melhor se adaptasse ao estudo em foco.
Tabela 5.1: Comparação entre as altitudes dos pontos de controle de campo (CPs) e do
SRTM. Extraído de Barros et al (2004).
Tabela 5.2: Comparação entre o afastamento horizontal de pontos obtidos de carta topográfica
e do SRTM, em relação aos pontos de controle de campo (CP), posicionados por GPS.
Extraído de Barros et al (2004).
75
Tabela 5.3: Classificação de documentos cartográficos através do PEC. Fonte: Santos (2005)
Os valores apresentados na tabela acima mostram que os dados fornecidos pelo SRTM,
enquadram-se perfeitamente na categoria A.
Na geração do MDT a partir da digitalização das curvas de nível existentes nos mapas
elaborados pela SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), adotou-se a
metodologia utilizada por Silva (1999). Assim, o modelo de grade utilizado foi o TIN
(triangular irregular network) também conhecido como triangulação de Delaunay. Neste
método, as células de cálculo, apresentam uma distribuição irregular, representando com
maior realismo as superfícies não homogêneas com variações locais acentuadas e, além disso,
permitem inserir no cálculo do modelo, feições geomorfológicas, como drenagens, por
exemplo.
Inicialmente, as cartas topográficas, Itamaracá, Limoeiro, Vitória de Santo Antão,
Recife e Sirinhaen, todas de autoria da SUDENE (1:100.000), foram digitalizadas, adotando-
se o espaçamento original de 40 metros para as curvas e, inserido o atributo elevação.
Seguiu-se a geração de um novo arquivo digital, incluindo os pontos cotados e os RNs
presentes nas folhas topográficas, que foi usado para geração do MDT.
Uma comparação do modelo digital de terreno gerado, a partir da digitalização das
curvas de nível das cartas topográficas e dos dados obtidos do SRTM, permitiu atestar uma
boa correlação entre as formas de relevo geradas pelos dois métodos (Figura 1).
Esse fato permite a utilização dos dados do radar do Shutle, no auxilio a extração da
drenagem e definição de um modelo digital de terreno mais preciso, que servirá como auxílio
na geração de um mapa de suscetibilidade a deslizamentos para toda a Região Metropolitana
do Recife.
Foram também gerados os mapas Hipsométrico (em anexo) da região, um utilizando os
dados das cartas da SUDENE e outro, utilizando os dados do SRTM.
78
A edição de cada classe vetorizada foi necessária por ser mais próxima de uma
classificação visual. Atualmente, ainda não é possível a partir dos algoritmos de classificação
automática obter um resultado que a classificação visual oferece.
Além disto, as imagens utilizadas possuíam grandes áreas cobertas por nuvens,
tornando necessário obter a informação a partir de dados fragmentados em duas imagens
86
distintas. Portanto, trechos cobertos por nuvens na imagem Landsat tiveram de ser
complementados por dados extraídos das imagens CBERS.
Encostas formadas por litologias de origem sedimentar por sua vez, dependem da sua
gênese. Além disso, devido a sua própria composição ângulo de atrito entre os grãos e o grau
de coesão, as litologias sedimentares e os sedimentos inconsolidados (areias e argilas) estão
mais sujeitas aos processos erosivos que os tipos cristalinos. Apresentando, algumas vezes,
comportamento similar ao dos solos com mesma composição mineral e granulométrica. As
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 89
INCLINAÇÃO = = arc tg (H )
L
DECLIVIDADE (%) = H X 100
L
6.1.3 Vegetação
O efeito positivo da cobertura vegetal sobre os solos, taludes naturais e artificiais em
solo, é conhecido e aceito há muitos anos pela comunidade científica mundial. Os exemplos
práticos dos danos provocados pelo desmatamento de encostas podem ser vistos em inúmeros
casos relatados pela literatura técnica e, são do conhecimento da população da maioria das
cidades brasileiras com encostas ocupadas irregularmente.
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 91
O fato é que a intrincada trama das raízes tende a “segurar” a massa de solo bem como,
as folhagens tendem a diminuir a velocidade e a quantidade das gotas de chuva que chegam ao
solo. Além disso, as folhagens caídas diminuem a velocidade de escorrimento e de infiltração
da chuva no solo (Suarez, 1997). Esses fatos contribuem na diminuição da velocidade de
saturação do solo impedindo conseqüentemente a diminuição da coesão e o aumento da
pressão piezométrica, componentes importantes na composição de forças de cisalhamento
atuantes sobre o solo.
A eficiência da cobertura vegetal como elemento mitigador dos processos erosivos e
cisalhantes dos solos, depende de alguns fatores que variam de caso a caso.
Assim, o volume e a densidade das folhagens, tamanho, ângulo de inclinação e
rugosidade das folhas, altura total da cobertura vegetal, presença de vários estratos vegetais,
tipo, forma, profundidade, diâmetro, comprimento, resistência e densidade das raízes, possuem
características próprias em cada local.
Embora, cada fator citado acima varie de importância de lugar para lugar, o resultado
final será sempre de uma proteção maior para o talude conforme aumente a sua área coberta
por vegetação.
De acordo com Suarez, (1997), a estabilidade de um talude aumenta de 10 a 13,5 % de
acordo com a presença de cobertura vegetal. Já, em caso específico, este autor, encontrou um
aumento de 33% no fator de segurança calculado para um talude vegetado em relação a outro
desmatado sendo que, afirma ter encontrado em alguns casos um aumento de 3 a 4 vezes na
resistência ao cisalhamento para taludes vegetados sendo isso, devido ao aumento da coesão
do solo.
As características do sistema radicular são de grande importância na estabilidade de um
talude. Sistemas radiculares de grande densidade, com raízes que se espalham horizontalmente
e em profundidade, atuam de forma importante ajudando a diminuir as forças que induzem ao
cisalhamento do solo. Nas árvores de grande porte a influência das raízes pode chegar a 5
metros de profundidade (com casos excepcionais que atingem 20 metros), enquanto em
arbusto, essa influência chega aos 2 metros e em gramíneas (capins mais comuns), essa
profundidade fica em torno dos 30 centímetros (Suarez, 1997). Isto torna claro porque
encostas florestadas são mais estáveis que encostas cobertas por capim.
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 92
Muito embora existam todos estes fatores a favor do aumento da estabilidade dos
taludes em relação à presença de cobertura vegetal, em alguns momentos, a ação dos ventos
sobre as folhagens pode agir de forma negativa, gerando um efeito de “alavanca” sobre as
raízes aumentando o esforço cisalhante sobre o solo. Também, alguns vegetais, como as
bananeiras por exemplo, propiciam o acumulo de umidade levando o solo a um estado de
quase saturação permanente. Encontrando-se muito próximo a o seu nível de saturação, o solo
esta sujeito à ação de forças cisalhantes e a perda de coesão.
Por fim, cabe citar que a condição de florestamento total de um talude não implica em
sua completa estabilidade já que, também podem ser encontrados casos de deslizamentos
desses taludes, principalmente após grandes chuvas que saturam a massa de solo e aumentam
o nível freático diminuindo grandemente a coesão e aumentando a poro pressão.
6.1.4 Solos
O alvo nesse estudo de suscetibilidade é fundamentalmente, o solo do ponto de vista
geotécnico e não agronômico. Neste caso, o conhecimento do perfil de alteração dos materiais
litológicos é fundamental. O estudo dos solos é importante também tendo em vista que, os
deslizamentos e desmoronamentos mais freqüentes e, que ceifam mais vidas, ocorrem em
solos.
A formação do perfil de alteração é um processo complexo, com a atuação de vários
fatores naturais tais como a rocha matriz, o clima, a morfologia do terreno, a tectônica atuante
e o tempo de atuação dos agentes climáticos sobre as rochas. Assim, o grau de decomposição e
espessura dos diferentes horizontes do material rochoso ao longo de um perfil de alteração é
bastante variável. Podendo ir da rocha sã até o solo residual, estágio mais avançado da
decomposição de uma rocha, com espessuras dessimétricas a decamétricas.
final da década de 1990 foi possível contar com produtos de alta resolução e assim mesmo,
com custo elevado e com grande cobertura de nuvens. As fotos aéreas são antigas, com mais
de uma década. Além disso, a rápida ocupação da cicatriz no solo e, dos patamares formados
pelo material deslizado, pela vegetação nativa ou pelos canaviais ou mesmo a reocupação da
área pela população esconde rapidamente os sinais dos deslizamentos.
Dentre os poucos autores com trabalhos voltados para esse tema, na região, são citados
Gusmão e Alheiros. Assim, na adoção do grau de importância de cada fator envolvido no
processo de deslizamentos foram usados basicamente os trabalhos destes pesquisadores e, de
outros em áreas com condições fisiográficas semelhantes além da experiência do autor. Dessa
forma, atribuir graus de importância aos diversos fatores utilizados na geração do mapa de
suscetibilidade através de geoprocessamento (método da álgebra de mapas) é bastante difícil.
Como forma de transpor essa dificuldade adotou-se como primeira hipótese de trabalho
que, todos os fatores (temas) possuíam importância semelhante, com variações para cada um
dos seus atributos. Assim, o fator geologia é caracterizado por um conjunto de unidades
litológicas (aqui chamadas de atributos do mapa), com valores de suscetibilidade aos
deslizamentos (INDEX) que variam de 1 (para a unidade Terraços Holocênicos) até 3 (para a
Formação Barreiras).
No caso do fator uso do solo, foi adotada a premissa de que áreas urbanas fora da
planície e as áreas de solo exposto apresentam a maior suscetibilidade a deslizamentos
(INDEX 3), as áreas cobertas por canaviais e gramíneas diversas possuem INDEX 2 e, as
áreas de matas nativas e os mangues, INDEX 1 (Tabela 1).
Tabela 1: Valor do INDEX para cada tipo de uso do solo
O desvio Padrão e o Intervalo Definido não foram utilizados por não permitirem a
reclassificação em três classes. Nessa reclassificação realizada pelo programa ArcMap, a
separação das novas classes se deu a partir da análise do gráfico da soma (gráfico1) com
escolha de intervalos relativamente próximos para os limites das classes, independente do
método estatístico utilizado conforme mostrado na tabela 3.
Gráfico 1: Histogramas comparativos para soma dos mapas com dados provenientes do SRTM
e das cartas topográficas da SUDENE
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 96
O mapa gerado foi reclassificado, para três classes, de acordo com cada uma das
funções estatísticas anteriormente mencionadas e, os resultados de cada reclassificação foram
analisados e comparados com os mapas de setores de risco existentes de Jaboatão dos
Guararapes e Recife (Alheiros, 2006) e, com o mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na
RMR produzido por Alheiros (1998) e mostrado na figura 4.
É claro que a comparação do mapa gerado com o mapa de suscetibilidade de Alheiros contém
diferenças inerentes à metodologia, a quantidade de informações disponíveis e a escala de
obtenção dos dados. Por outro lado, os mapas de risco atualmente em execução pelos
municípios de Olinda, Jaboatão dos Guararapes (concluído) e Camaragibe, Além de Recife
(concluído), mostra áreas totalmente antropisadas e com preocupação na determinação do
risco e não da suscetibilidade natural a deslizamentos, o que exigiu extrema cautela no uso dos
dados provenientes desses mapeamentos.
Dessa forma, numa comparação entre o mapa de Alheiros (1998), mostrado na figura 4
e, os geoprocessados (mostrados nas figuras 5 e 6), obtiveram-se as maiores similaridades das
áreas com mesmas classes de suscetibilidade, quando foram utilizados os dados das cartas
topográficas da SUDENE com a função Intervalo Equivalente. Os resultados obtidos quando
se utiliza os dados provenientes do SRTM, apresentam uma coincidência entre as áreas de
mesmas classes de suscetibilidade um pouco menor.
São mostrados na tabela 4, os critérios usados para definição de cada grau de
suscetibilidade natural aos deslizamentos.
Método Classe 1 (Baixa Susc) Classe 2(Média Susc) Classe 3 (Alta Susc)
Intervalo Equivalente 0-10,66 10,66-14,33 14,33-18
Quantil 0-11 11-13 13-18
Quebra Natural 0-10 10-12 12-18
Manual 0-11 11-14 14-18
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 97
É preciso que antes de realizar tal comparação para os mapas de setores de risco, sejam
levados em conta os seguintes aspectos:
. Os mapas foram gerados em escalas (1:2000) e com metodologias muito diferentes o
que poderia tornar inaceitável qualquer comparação; Concentração dos mapeamentos de risco
apenas nos municípios de Recife e Jaboatão dos Guararapes;
. As áreas foram mapeadas objetivando a delimitação de setores de risco;
. As áreas mapeadas encontram-se extremamente antropisadas com alterações na
microdrenagem das encostas, diversidade de tipos construtivos e de cobertura vegetal (tipo e
densidade);
. Caracterização de 4(quatro) classes de risco, número diferente daqueles gerado na
carta de suscetibilidade.
Apesar dos problemas relatados, procedeu-se a uma tentativa de comparação entre os
dois tipos de mapa com o intuito principal de mostrar a utilidade prática do Mapa de
Suscetibilidade a Deslizamentos na delimitação das áreas problemáticas para ocupação e
também, como única forma de aferir (mesmo que em áreas restritas), o trabalho aqui
desenvolvido.
Para comparar os dois tipos de mapas foram seguidos os seguintes passos:
. Reclassificação dos mapas de risco mostrando 4 (quatro) classes de risco para
apenas 3 (três), com a incorporação da classe Risco Muito Alto à classe Risco Alto..
Conversão dos arquivos digitais dos mapas de risco para o formato Grid. Subtração entre o
mapa de suscetibilidade e o mapa de risco no módulo Spatial Analisty do Arc Map 9.1,
utilizando nesta operação os mapas geoprocessados que utilizaram os dados provenientes do
SRTM e também aquele que usou os dados das cartas topográficas da SUDENE.
. Verificação do Histograma do novo mapa gerado a partir dessa subtração.
O mapa resultante dessa subtração apresenta 5 (cinco) classes, cuja análise possibilitou
as seguintes observações (para aqueles mapas produzidos com dados do SRTM):
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 102
Tabela 7: Diferença entre os mapas de risco de Jaboatão dos Guararapes (JG) e o mapa
geoprocessado (porcentagem das classes resultantes a partir do número total de pixels)
com dados do SRTM, utilizando vários métodos estatísticos.
Tabela 10: Diferença entre os mapas de risco de Jaboatão dos Guararapes e o mapa
geoprocessado (porcentagem das classes resultantes a partir do número total de pixels)
com dados das cartas topográficas da SUDENE, utilizando vários métodos estatísticos.
Por fim,quando se procede a subtração entre o mapa geoprocessado com dados SRTM
e o mapa geoprocessado com dados SUDENE (figura 7), observamos os seguintes resultados:
. 0,05% das áreas do mapa gerado com dados do SRTM apresentam valores de suscetibilidade
2 (duas) classes menor que aquelas mostradas no mapa gerado com dados das cartas da
SUDENE
.24,40% das áreas do mapa gerado com dados do SRTM apresentam valores de suscetibilidade
1 (uma) classe menor que aqueles mostrados no mapa gerado com dados das cartas da
SUDENE 71,89% da área dos dois mapas apresentam valores idênticos;
.3,64% das áreas do mapa gerado com dados do SRTM apresentam valores de suscetibilidade
1 (uma) classe maior que aquelas mostradas no mapa gerado com dados das cartas da
SUDENE;
.0,0059% das áreas do mapa gerado com dados do SRTM apresentam valores de
suscetibilidade 2 (duas) classes maior que aquelas mostradas no mapa gerado com dados das
cartas da SUDENE.
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 106
Deve ser lembrado o fato de que os poucos dados de campo disponíveis, Além de
concentrados em áreas densamente ocupadas por moradias, referem-se em sua maioria a
deslizamentos com dimensões em torno de menos de 20 metros de largura aproximadamente.
Dificilmente tais deslizamentos podem ser delimitados em fotos aéreas e imagens de satélite
de média resolução como as usadas neste trabalho.
Tanto nos mapas gerados com dados do SRTM como naqueles gerados com dados das
cartas topográficas da SUDENE, as áreas da planície costeira (considerada até a cota de 10
metros. Alheiros, 1998) que se estende por todo litoral da RMR e, as áreas planas acima desta
cota, mostram baixa suscetibilidade a deslizamentos (algumas exceções ocorrem no mapa
elaborado com dados da SUDENE).
As áreas ocupadas pelos Tabuleiros Costeiros (na parte norte da RMR), mostram baixa
suscetibilidade aos deslizamentos enquanto, aquelas onde ocorrem Tabuleiros Dissecados
mostram uma predominância da suscetibilidade média com concentrações de áreas menores
nas encostas, com suscetibilidade alta, no mapa elaborado com dados do SRTM. No caso do
mapa elaborado com dados das cartas topográficas da SUDENE, nesta mesma área, há uma
predominância da classe de suscetibilidade média, com concentração de pontos com
suscetibilidade alta nas áreas de encostas dos vales das principais drenagens.
Na parte mais a oeste da RMR torna-se bastante visível a predominância das áreas com
média suscetibilidade aos deslizamentos, tanto nos mapas gerados com dados do SRTM como
naqueles gerados com dados da SUDENE. Neste último caso, a predominância das áreas de
suscetibilidade média é ainda maior.
De uma maneira geral as áreas com alta suscetibilidade a deslizamentos, para os mapas
gerados com os dois tipos de dados anteriormente citados, se distribuem numa faixa continua
entre o centro e o sul da RMR, com concentrações nas áreas de tabuleiros dissecados mais
Pfaltzgraff, P.A. dos S. 2007.O Mapa de Suscetibilidade a Deslizamentos na Região Metropolitana de Recife. 108
Não é recomendado para finalidades que requerem mapas de grande escala como é o
caso da determinação de áreas de risco e sim, para ajudar na visualização, em escala regional,
das áreas com características naturais que possam exigir maior atenção e cuidados técnicos
para sua ocupação ou mesmo, que aponte para sua não ocupação.
110
A maior coincidência entre os mapas de risco dos municípios de Recife e Jaboatão dos
Guararapes e o mapa de suscetibilidade geoprocessado, se deu quando foi utilizado na
111
No tocante a área ocupada por cada classe de suscetibilidade, foi observado que
46,68% (com dados SRTM) ou 29,83% (com dados SUDENE) da RMR são ocupadas por
áreas de baixa suscetibilidade aos deslizamentos.A classe de suscetibilidade média aos
deslizamentos ocupa 47,80% (com dados SRTM) ou 66,78% (com dados SUDENE) da RMR
enquanto, 2,51% (com dados SRTM) ou 3,41% (com dados SUDENE) ocupam o restante da
área.
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Leucogranitos Leucogranito 2
Quartzodioritos Quartzodioritos 2
Sienitos Sienitos 2
Neossolos RQo3 1
Latossolos LA'2 1
Argissolos PAd15 1
Neossolos RUve1 1
Latossolos LAd1 1
Argissolos PAd3 1
Neossolos RLd 1
Argissolos PAd8 1
Argissolos PAd13 1
Solos de Mangue SM 1
Neossolos RQo1 1
Espodossolos ESo1 1
Neossolos RUve2 1
Espodossolos ESo4 1
Argissolos PAd2 1
Espodossolos ESo5 1
Espodossolos ESo2 1
Latossolos LAd2 1
Latossolos LAd3 1
Latossolos LAd5 1
Argissolos PAd9 1
Argissolos PAd1 1
Solos de Mangue SM 1
Argissolos PAd10 1
Espodossolos ESo3 1
Neossolos RQo2 1
Argissolos PAd14 2
Argissolos PAd5 2
Argissolos PVAd1 2
Argissolos PAd12 2
Argissolos PA'9 2
Argissolos PAd4 2
Latossolos LAd6 2
Nitossolos NVdf 2
Argissolos PV22 3
Argissolos PVAd2 3
Argissolos PVAd3 3
Argissolos PVAd4 3
Argissolos PVAd5 3
Argissolos PVAd6 3
Argissolos PVAd7 3
Argissolos PAd6 3
Argissolos PAd11 3
Latossolos LAd7 3
Latossolos PAd7 3
I
MEMÓRIA DE CÁLCULO
Classe da soma dos mapas de geologia, declividade, solos, uso do solo e perfis de
encostas vertical e horizontal. Células com dimensões de 92 metros.
Arquivo: SOMA 2
Classes:
6- 18019
7- 18901
8- 25702
9- 32852
10- 57774
11- 58063
12- 46128
13- 32488
14- 10760
15- 664
16- 791
17- 282
18- 11
Natural break= NB
Intervalo equivalente= IE
Quantil = Q
Manual = M
Standart Deviation (desvio padrão): Não utilizado por não aceitar caracterização de
apenas 3 intervalos (classes)
Intervalo definido: Não utilizado por não aceitar caracterização de apenas 3 intervalos
III
-2 = 1389 (0,45%)
-1 = 45893 (15,03%)
0 = 207552 (67,97%)
1 = 47214 (15,46%)
2 = 3327 (1,09%)
-2 = 400 (0,13%)
-1 = 2565 (0,84%)
0 = 189328 (62%)
1 = 81434 (26,66%)
2 = 8948 (2,93%)
-2 = 4444 (1,455%)
-1 = 50228 (16,47%)
0 = 170072 (55,69%)
1 = 71623 (23,45%)
2 = 8948 (2,93%)
IV
Riscormr – reclasNB
-2 = 10558 (3,46%)
-1 = 104792 (34.515%)
0 = 170091 (55,69%)
1 = 19193 (6,28%)
2 = 741 (0,24%)
Riscormr-recdesvio = rmrdesvio
-2 = 10558 (3,45%)
-1 = 89723
0 = 170448
1 = 31319
2 = 3327
setor-recriscrmr = setormag
-2 = 27 (0,945)
-1 =)179 (6,28%)
0 = 4176 (41,32%)
1 = 1295 (45,50%)
2 = 218 (7,65%)
Setor – RecsomaNB=SRNB
RecsomaNB= recorte soma natural break
-2=520 (18,27%)
-1=1190 (41,81%)
0=761 (26,73%)
1=346 (12,15%)
2=29 (1,03%)
V
-2=520 (18,27%)
-1=1014 (35,63%)
0=848 (29,79%)
1=425 (14,94%)
2=39 (1,37%)
Setor - recsoman=SRMAN
Recsoman=recorte soma manual
-2=138 (4,85%)
-1=1319 (46,34%)
0=986 (34,64%)
1=374 (13,14%)
2=29 (1,03%)
Riscorecife –reclassifNB
-2 = 570 (0,32%)
-1 = 3777(21,79%)
0 = 12392(71,49%)
1= 567(3,27%)
2= 27(0,15%)
-2= 1576(0,91%)
-1=7459(43%)
0=8180(47,20%)
1=117(0,67%)
2=1(0,005%)
-2=53(0,32%)
-1=2301(13,27%)
0=13665(78,83%)
1=1235(7,12%)
2=79(0,45%)
VII
-2=570(3,28%)
-1=7267(41,92%)
0=9199(53,07%)
1=296(1,71%)
2=1(0,005%)
6 13
7 702
8 118417
9 157421
10 211205
11 326228
12 365783
13 237018
14 160245
15 39269
16 12041
17 3254
18 271
-2=37405(2,31%)
-1=458258(28,32%)
0=945391(59,81%)
1=161036(9,95%)
2=15898(0,98%)
riscormr – reclassIE=IE
-2=3299(0,21%)
-1=217840(13,78%)
0=1133514(71,72%)
1=247437(15,65%)
2=15898(1,0%)
-2=15074(0,95%)
-1=224128(14,37%)
0=955630(60,46%)
1=372807(23,59%)
2=50349(3,18%)
X
-2=15074(0,95%)
-1=312940(19,80%)
0=1067369(67,53%)
1=206707(13,08%)
2=15898(1,0)
Setor-recJB = NB
-2=771(26,88%)
-1=998(34,79%)
0=708(27,69%)
1=364(12,69%)
2=27(0,94%)