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LEITURAS
URBANÍSTICAS
SOBRE LUZIÁPOLIS
Um olhar prospectivo para pequenos territórios
Pipa Comunicação
Recife, 2019
Copyright 2019 © SONIA DA ROCHA E PIPA COMUNICAçÃO
R582
ROCHA, S.
Leituras urbanísticas sobre Luziápolis: um olhar prospectivo para pequenos
territórios / Sonia da Rocha. – Pipa Comunicação, 2019.
166p. : Il., Fig., Quadros. (e-book)
1ª ed.
ISBN 978-65-5101-001-9
710 CDD
71 CDU
c.pc:10/19ajns
Prefixo Editorial: 66530
Comissão Editorial
Editores Executivos
Augusto Noronha e Karla Vidal
Conselho Editorial
Alex Sandro Gomes
Angela Paiva Dionisio
Caio Dib
Carmi Ferraz Santos
Cláudio Clécio Vidal Eufrausino
Cláudio Pedrosa
Clecio dos Santos Bunzen Júnior
José Ribamar Lopes Batista Júnior
Leila Ribeiro
Leonardo Pinheiro Mozdzenski
Pedro Francisco Guedes do Nascimento
Regina Lúcia Péret Dell’Isola
Rodrigo Albuquerque
Ubirajara de Lucena Pereira
Wagner Rodrigues Silva
Washington Ribeiro
Dedico estas leituras aos que viveram, aos que
vivem e aos que viverão em Luziápolis.
AGRADECIMENTOS
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia,
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desenvolvidas. Logo enxerguei que o sonho era maior ainda e hoje vejo-o
aqui registrado. O que posso acrescentar? – Você sonhou, realizou e venceu.
Como Arquiteta Urbanista descreveu, observou, questionou, desenhou, enfim
imprimiu a sua cidade num documento temporal, espacial, histórico da ocu-
pação e uso do solo urbano em que só fez aumentar a sua responsabilidade,
como profissional e como professora do ensino fundamental, com explicações,
para as crianças, os jovens e os adultos, sobre o significado da formação da
sua cidade Luziápolis. E agora? – O sonho amplia mais uma vez, o mundo das
cidades brasileiras, que na sua maioria são de pequeno porte, do tamanho
da sua cidade, e também precisam ser compreendidas, este deverá ser seu
campo maior. Espero que alegre. Siga em frente.
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Prefácio
Sonia da Rocha, autora do livro “Leituras urbanísticas sobre Luziápolis”,
é uma mulher de fala delicada, olhos vivos e sorriso contagiante. Mulher, filha,
tia, guerreira nordestina e brasileira, esta alagoana, filha do meio da dona
Maria Lúcia e do seu Antônio da Rocha (falecido), formada primeiramente em
Licenciatura em Letras, concluiu o Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
na Universidade Federal de Alagoas com muita luta. Luta não pelo dia a dia
puxado dos diversos exercícios de desenho e criação que a formação acadê-
mica em Arquitetura e Urbanismo demanda, mas em função dos 180km de
distância, ida e volta, percorridos todos os dias da semana entre o distrito
de Luziápolis, município de Campo Alegre em Alagoas, e a UFAL. Além disso,
ainda havia a jornada de trabalho na escola com a coordenação da Educação
de Jovens e Adultos. Tudo para desistir, inclusive pelas constantes falas da-
queles que perguntavam o porquê de fazer outra graduação se já tinha uma.
Sônia venceu. E, honrando o juramento do Arquiteta e Urbanista, produziu
um trabalho final de curso que presenteia o seu local de moradia e a sua co-
munidade, Luziápolis, com um retrato do hoje e uma fonte de pesquisa para
as gerações do amanhã. Este trabalho, que agora ela entrega em formato de
livro, foi desenvolvido sob a minha orientação, e me honra poder destacar
neste prefácio as excelências do olhar, do registro e da materialização dos
mapeamentos de Luziápolis realizados por ela. Nada estava pronto; tudo
foi fruto de dias e dias de investigação minuciosa, de reflexão crítica, de
construção e reconstrução dos diversos registros que compõem o cenário
urbanístico de Luziápolis. Os mapeamentos apresentados dos condicionantes
ambientais, saneamento ambiental, uso e ocupação do solo, infraestrutura,
perfil socioeconômico e vivências do cotidiano do distrito, foram cada um
deles construídos pela disciplina e perseverança desta mulher. Dados oficiais
escassos, pouquíssimos registros fotográficos no tempo e mapas cadastrais
imprecisos foram desafios para o desenvolvimento do trabalho. Desafios
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vencidos, pois a determinação, organização e profissionalismo levou-a a
percorrer cada referência escrita, oral e territorial; e a vivenciar com o olhar
da pesquisadora cada esquina, rua, casa e pessoas do distrito. Foi necessário
pôr à prova até as suas lembranças, na busca de algo a mais, além dos olhos,
para realizar o sonho. Sônia expõe a realidade urbana do distrito de forma
clara e com responsabilidade da arquiteta e urbanista que é. Este é um tra-
balho acadêmico, mas também é um sonho realizado. Na verdade, é um ato
de coragem de uma mulher gigante por natureza, que entrega um produto
à sociedade de Luziápolis fruto do sonho e do afeto que esta filha tem para
com o seu distrito. Sinto-me honrada de ter acompanhado esta caminhada,
esta realização de sonho.
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SUMÁRIO
15 Introdução
149 Referências
153 Posfácio
159 Anexos
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Figura 1: Localização geográfica do distrito de Luziápolis – Campo Alegre-AL
1. A Rodovia Everaldo Tenório Lins, também conhecida como "Rodovia da Integração", interliga a cidade de
Campo Alegre à BR-101 e foi inaugurada em dezembro de 2014.
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Figura 2: Divisão do distrito de Luziápolis em bairros
Fonte: Elaboração autoral a partir de imagens do Google Earth (2018) e Campo Alegre (2014).
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Sempre esperei com esse trabalho que se tornasse uma fonte de pesqui-
sa e registro sobre o desenvolvimento de um Trabalho Final de Graduação
do Bacharelado de Arquitetura e Urbanismo, destacando a importância do
levantamento de campo com apoio de referencial teórico e metodológico.
Além disso, almejei também que este pudesse suscitar a divulgação e o plane-
jamento urbano para o futuro do distrito de Luziápolis, e, em consequência,
que pudesse ser efetivado um trabalho de educação urbanística no município
de Campo Alegre/AL, com orientação para participação popular nas decisões
das políticas urbanas, com gestão pública descentralizada da sede, para que
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2. Ementa da disciplina segundo Projeto Político Pedagógico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da FAU/
UFAL de 2006: “Projeto de Urbanismo I – A cidade e seus espaços. Apreensão das formas espaciais urbanas,
das territorialidades, das temporalidades e dinâmicas da cidade. Caracterização e análise da realidade
física e social de uma área de intervenção estratégica e prioritária. Carências, problemas, tendências e
potencialidades. Programa urbanístico”.
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Figura 4: Considerações do Prof. Dr. Ismar Inácio dos Santos Filho após
leitura de apreciação e revisão linguística do TFG
TCC
De: Ismar Inácio SANTOS FILHO (ismarinacio@yahoo.com.br)
Para: sonika.rocha@gmail.com
Olá, Sônia! Enfim, consegui concluir a leitura de seu tcc. O que fiz, além da Introdução já enviada, li os 2 capítulos
e as considerações. Toda e qualquer alteração necessária, de concordância nominal ou verbal, já realizei (e não mar-
quei), de pontuação, de adequação com conectivos também já fiz, e também não marquei. Ou seja, o que precisou, fiz.
No entanto, aparecem partes que precisam ser vistas por você, são um ou outro caso. Estão destacados em amarelo,
ou apenas com cor vermelha. Esses são para alguma arrumação, que ao olhar, saberá o que é. rssssss Foi isso!!
Novamente, parabéns pelo trabalho. Muito importante para o distrito de Luziápolis. Nele, há informações de inter-
esse para diversos setores sociais, político partidário principalmente. É uma fonte histórica importantíssima, com um
valor gigante para políticas públicas para essa localidade. As fotografias como dados são interessantíssimas... e os
mapas? Muito bons! Sua proposta de zoneamento (é isso, né? rss) merece sim ser considerada pelo governo munici-
pal em diálogo com outras esferas de governança pública. Por isso e muito mais, incentivo você a publicar sim seu
trabalho em livro, e impresso.
Parabéns! Qualquer dúvida, estou no zap.
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Capítulo 1
Condicionantes ambientais
Marques e Normande (2017) caracterizam condicionantes ambientais
como um conjunto de aspectos relacionados com o sítio físico e meio biótico
que interferem qualidade da salubridade ambiental. Dividem-se em pedologia
(solo), geologia (recursos minerais) e geomorfologia (relevo); clima (micro-
clima); recursos hídricos (águas superficiais e subsuperficiais); cobertura
vegetal (flora) e fauna (vetores, domésticos, ecossistêmicos).
Campo Alegre faz parte da unidade dos Tabuleiros Costeiros (Figura 5).
De acordo com Resende et al. (2014), os Tabuleiros Costeiros caracterizam-se
predominantemente por áreas de relevo plano (existindo uma modesta varia-
ção das cotas de nível) com altitude média de 50m a 100m e platôs de origem
sedimentar que apresentam grau de entalhamento variável, ora com vales
estreitos e encostas abruptas, ora abertos com encostas suaves e fundos com
amplas várzeas.
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Figura 5: Geomorfologia de Alagoas com destaque para Campo Alegre e os tabuleiros costeiros
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Figura 6: Mapa geológico de Campo Alegre-AL
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5. As bacias endorréicas não possuem corpos d'água e, por essa razão, direcionam as água de precipitação
para os pontos de menor altitude, ou seja, nas depressões naturais do terreno, nas quais as águas pluviais
acumulam-se e tende a evaporar ou se infiltrar no solo. Carvalho (2012)
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Figura 8: Fotografia e esquema da área do tabuleiro na cota de 120m, bairro Bela Vista
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Clima
25,5º C
21,5º C
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Recursos Hídricos
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Cobertura Vegetal
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Figura 12: Vegetação nas áreas livres públicas (predomínio de espécies exóticas)
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7. O Projeto Amigos do Meio Ambiente é um trabalho de Educação Ambiental desenvolvido com alunos
da rede municipal de ensino, sob coordenação do Professor e Biólogo Antonino Lopes em parceria com a
prefeitura municipal. Em 2015, ficou entre os 50 finalistas na 18ª Edição do Prêmio Educadores Nota 10 (prêmio
criado pela Fundação Victor Civita em parceria com a Fundação Roberto Marinho).
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Clima
POTENCIALIDADES PROBLEMAS TENDÊNCIA ( + ) TENDÊNCIA ( - )
Recursos hídricos
POTENCIALIDADES PROBLEMAS TENDÊNCIA ( + ) TENDÊNCIA ( - )
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Cobertura vegetal
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Capítulo 2
Saneamento ambiental
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de fossas rudimentares, já que a maior parte do distrito não conta com rede
pública de esgotamento sanitário. Há um crescente número de habitantes
diagnosticados com verminoses, diarreias e doenças tropicais, doenças ligadas
à precariedade do ambiente doméstico. Quando comparado à sede municipal
e aos outros povoados do município, Luziápolis é líder nesses diagnósticos.
Infelizmente, não há estudos formais que fundamentem essa constatação e
também não é objetivo desse trabalho.
A estação de tratamento de água existente, além de apresentar proble-
mas de manutenção, não tem capacidade para tratar e armazenar toda água
necessária ao abastecimento do distrito, passando a comportar apenas as
águas da adutora do rio Escorrega, sendo as águas dos poços direcionadas
para as residências sem nenhum tratamento (Figura 17).
A maior parte dos problemas levantados anteriormente poderia ser
minimizada se as diretrizes relativas ao abastecimento de água8, presentes
no Art. 61 do Plano Diretor Participativo de Desenvolvimento Territorial
Integrado de Campo Alegre, tivessem sido implementadas.
Em janeiro de 2018 foi assinada a Autorização de Início das Obras (AIO)
dos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário no distrito
de Luziápolis. A obra referente ao sistema de abastecimento de água prevê
“A ampliação da captação, da estação elevatória de água bruta, ampliação e
adequação da adutora de água bruta, construção do reservatório de 1.200
metros cúbicos, ETA com capacidade para 93 litros/segundo, de reservatório
8. Art. 61. São diretrizes relativas ao abastecimento de água: I - Assegurar o abastecimento de água do
município, segundo a distribuição espacial da população e das atividades socioeconômicas; II - rever
convênio firmado com a companhia concessionária do serviço, de forma a assegurar oferta de água
às demandas futuras, mediante revisão do planejamento, viabilização de recursos e antecipação do
cronograma de obras; III - assegurar a qualidade da água dentro dos padrões sanitários; IV - estabelecer
programas de reuso de água para fins outros que não o consumo humano; V - garantir o abastecimento de
água de forma gratuita para população de baixa renda; VI - elaborar e implantar projeto de conscientização
da população para evitar o desperdício de água. (CAMPO ALEGRE, 2006, p.24)
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Esgotamento Sanitário
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Figura 18: Esgoto doméstico a céu aberto nas sarjetas na Av. Manoel Firmino
9. Art. 61. São diretrizes relativas ao esgotamento sanitário: I - Implantar o sistema de esgotamento sanitário
em todo Município de Campo Alegre; II - Elaborar um plano de Esgotamento Sanitário de Campo Alegre,
contemplando todos os povoados; III - Rever o convênio firmado com a concessionária do serviço, de forma a
assegurar a antecipação do cronograma de obras; IV - Viabilizar a implantação de estações de tratamento
de esgoto; V - Priorizar a implantação de um sistema de esgotamento sanitário que permita o reuso da
água para irrigação das lavouras; VI - Promover a manutenção da lagoa de estabilização de Luziápolis;
VII - Incentivar o uso de sistemas de fossas sépticas para tratamento de dejetos domésticos, bem como
de poços de monitorização para o controle de contaminação do lenço freático nas áreas desprovidas de
redes de esgoto sanitário e onde o solo permita essa solução, e em que são utilizadas, simultaneamente,
fossas rudimentares, poços artesianos e cisternas para captação de água; VIII - Utilizar os instrumentos
urbanísticos para implantação e melhoria do esgotamento sanitário. (CAMPO ALEGRE, 2006, p.24)
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Figura 19: Esgoto doméstico a céu aberto e descarte de resíduos sólidos no bairro Novo Horizonte
Drenagem Pluvial
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Figura 20: Boca de lobo degradada e sem manutenção no bairro Santa Luzia
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Vetores e Poluição
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Esgotamento sanitário
Limpeza urbana
Há no município uma Coo- A população ainda não Melhoria na oferta dos Aumento da degradação
perativa de Trabalhadores aderiu à coleta seletiva. serviços de limpeza ambiental.
de Materiais Recicláveis de urbana e consolidação
Campo Alegre e um Comitê de dos programas de
Resíduos Sólidos. educação ambiental.
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Drenagem urbana
Vetores e poluição
O distrito conta com 100% de O descarte irregular Melhoria das condições Agravamento das
cobertura dos agentes de de resíduos sólidos, de vida urbana e rural da doenças causadas por
endemias. o armazenamento população. vetores.
inadequado de água
em alguns domicílios
e a precariedade do
sistema de esgotamento
sanitário contribuem
para proliferação de
vetores.
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Capítulo 3
Uso e ocupação do solo
Figura 23: Cronologia dos fatos que marcaram a história do distrito de Luziápolis
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10. A espécie era a Luehea divaricata, popularmente conhecida como Açoita Cavalo. Infelizmente, o local
de sua existência não foi preservado e os moradores entrevistados desconhecem o espaço exato de sua
localização, sabe-se apenas que ficava na Fazenda Gruta Vermelha.
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mais tarde, para o cultivo da cana de açúcar para abastecimento das Usinas
Canavieiras dos arredores.
Os vetores de crescimento dessa região partiram do Escorrega e da
Fazenda Gruta Vermelha em sentido Fazenda Cachoeirinha e Estrada Velha.
As atividades sociais e econômicas aconteciam nesse núcleo inicial de ocu-
pação e no eixo viário da Estrada Velha (principal via de acesso ao povoado,
atualmente, Avenida Manoel Firmino), onde havia igreja, restaurante, hotel
e algumas residências. Segundo um dos entrevistados, nos primeiros anos
de ocupação, o fator mobilidade era um dos maiores atrativos do povoado,
pois já existia uma conexão entre ele e a capital do estado através da linha
de ônibus conhecida na região como “Penedense”, com rota diária de Maceió
à Penedo, antes da construção da BR-101 ele circulava pela Estrada Velha.
A construção da BR-101, entre as décadas de 1950 e 1960, desencadeou
uma nova configuração para a paisagem urbana local e determinou novas
centralidades. Para estabelecer uma conexão entre a nova rodovia e o núcleo
inicial de povoamento era necessária a abertura de vias. As primeiras ruas
abertas foram a Santo Antônio, Joana D’arque, São Sebastião, Rua da Paz e
8 de Junho. Nessa última rua, na década de 1960, foi construída a Escola de
1º Grau Rui Barbosa (Atual Escola Municipal de Educação Básica Felizardo
Souza Lima). Mas a primeira escola do Distrito foi a Escola Manoel Firmino
da Silva, localizada no Sítio Escorrega. Também existia na região a Escola
Fernando Saraiva, localizada na Fazenda Cachoeirinha.
Entre a segunda metade dos anos 70 e início dos anos 80 foram abertas
as ruas Santa Luzia, Antônio Florêncio, Cândido Teixeira e Santa Tereza, dessa
vez unificando o povoado à Fazenda Cachoeirinha. Nesse intervalo também foi
construída a Igreja de Santa Luzia, primeira igreja católica do povoado (Figura
24). Antes, as celebrações religiosas aconteciam em uma capelinha situada
ao lado do primeiro Cemitério público localizada na Fazenda Cachoeirinha.
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Até final dos anos 80, o povoado era denominado “Pau do Descanso”. In-
comodados com o caráter depreciativo atribuído ao nome “Pau do Descanso”,
um grupo de jovens da igreja católica liderado pelo senhor Dorgival Gonçalves
realizou uma consulta pública junto à comunidade local sobre a possibilida-
de de mudança de nome do povoado. Na ocasião, foram apresentadas três
opções: Luziápolis, Campo Novo e Pau do Descanso. A maioria dos votos foi
para Luziápolis, uma homenagem à padroeira local, Santa Luzia.
O distrito de Luziápolis teve seu processo de ocupação mais intenso en-
tre as décadas de 1990 e 2000, provocado pelo êxodo rural. Nesse período,
consolidou-se como vetor de crescimento urbano a região ao norte do distrito
(Figura 25). Na segunda metade dos anos 2000, o início da obra de duplicação
da BR-101 induziu novas centralidades. O setor comercial do distrito que ficava
situado na Avenida Eugênia Albuquerque, às margens da rodovia federal, foi
transferido para o interior do distrito.
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Figura 25: Av. Manoel Firmino em 1990 (Trecho paralelo a Av. Wilson Lopes)
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Uso Residencial
12. As casas conjugadas são aquelas que têm parede divisória junta e independente e formam um conjunto
arquitetônico único (MACEIÓ, 2007, p.128).
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Figura 34: Casa C. Habitação de interesse social (Conjunto João José Pereira)
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Uso Misto
O uso misto é aquele que agrupa em uma mesma edificação ou num con-
junto integrado de edificações em um mesmo lote, 2 (duas) ou mais categorias
de uso. (MACEIÓ, 2007).
Em Luziápolis, identificou-se o uso misto em vários pontos do distrito,
normalmente oferecendo o comércio de alimentos e serviços. A maior con-
centração desse tipo de uso está na área central do distrito, na Av. Manoel
Firmino e na Rua Fernando Coutinho, outra via com forte tendência para
aumento desse tipo de uso é a Av. Wilson Lopes, antiga “rua das canas” (Ver
mapa nº 4 na página 96).
Uso Industrial
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Uso Institucional
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Lazer e Recreação
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Uso Agropecuário
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Agropecuária 2013
Banana - (t) 70
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Figura 44: Mapa de cheios e vazios com destaque para áreas públicas paisagísticas em Luziápolis
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Vazios urbanos que Há muitas residências Uso desses imóveis Ampliação das áreas
possibilitam as construções desocupadas, para relocar de vazios urbanos
de equipamentos de uso principalmente vilas. moradores de áreas subutilizados.
comunitário. inadequadas.
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Capítulo 4
Infraestrutura urbana
Mobilidade Urbana
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13. Via de Trânsito Rápido e Arterial: são projetadas em pistas múltiplas [...] são vias de alta capacidade
de fluxo de tráfego; Via Coletora: Via ou trecho com função de realizar a coleta e distribuição do tráfego,
alimentando as vias arteriais, regionais e locais. Apresenta equilíbrio entre fluidez e acessibilidade,
possibilitando interação com o uso e ocupação do solo; Vias Locais: Via ou trecho destinada ao tráfego
local de uma área, possibilitando o acesso às edificações, apresentam baixo tráfego, alta acessibilidade
e intensa integração com o uso e ocupação do solo.; Ciclovias: são vias com características especiais
destinadas ao trânsito de bicicletas, podendo ou não acompanhar paralelamente o traçado daquelas
destinadas às circulações de veículos automotores;Vias de Pedestres: são destinadas ao uso exclusivo de
pedestres e proibido o uso de veículos (MACEIÓ, 2006, p. 31-33).
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Sinalização
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Estacionamentos
Passeio Público
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Transporte Coletivo
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Comunicação
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Iluminação Pública
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Mobilidade urbana
Sistema viário
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Iluminação pública
Sinalização
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Capítulo 5
Aspectos socioeconômicos
Neste capítulo é apresentada uma visão geral de Luziápolis - Campo
Alegre-AL sob o ponto de vista de seus aspectos socioeconômicos. Desse
modo, foi estudado o perfil da população, analisando aspectos como evolu-
ção populacional, taxa média de crescimento, densidade demográfica e sua
distribuição segundo gênero, localização, faixa etária e população economi-
camente ativa. Nela também são apresentados levantamentos sobre desem-
penho do município nos últimos anos, frente à evolução de seus indicadores
de desenvolvimento humano, suas ações no campo da saúde, educação e
atividades econômicas.
Perfil da população
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Gráfico 7: Evolução populacional de Campo Alegre-AL (1991 a 2017) e Luziápolis (2010 e 2017)
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Fonte: Elaboração autoral (2018). A partir da sinopse por setores IBGE (2010).
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(DADOS DO E-SUS)
Nº DE Nº DE MULHERES
UBS 0-2 anos
FAMILIAS PESSOAS 25-65 ANOS
MONOEL CRISTOVÃO
PSF 08 495 1.542 368 39
(R. Santa Luzia)
Fonte: Elaboração autoral (2018). A partir de entrevista e dados do E-SUS (março de 2018).
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Gráfico 10: Dimensões para o IDH de Campo Alegre-AL no período 1991 a 2010
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Fonte: TSE 15 .
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Gráfico 11: Eleitores por grau de instrução em Alagoas e Campo Alegre em 2017
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Quadro 9: Dados de matrícula nas escolas da rede pública do distrito de Luziápolis (2016 e 2017)
2016 2017 2016 2017 2016 2017 2016 2017 2016 2017 2016 2017
Centro de
Educação Infantil
27050009 286 306 - - - - - - -
Lizete Alves
Ferreira
Centro de
Educação Infantil
27366014 159 143 47 108 - - - - -
Professora Cicera
Marinho de Melo
Escola Municipal
de Tempo Integral
27048748 - - 365 281 163 190 - - - -
Cicero Salustiano
dos Santos Filho
Escola Municipal
27049434 Cicero Mizael dos - - - - 288 391 - - - -
Santos
Escola Municipal
27217868 Menino Jesus de - - - - 207 228 - - - -
Praga
Escola Municipal
27221989 Pedro de Oliveira - - - - - 828 693 - - -
Santos
Escola Municipal
27042153 Felizardo Souza - - - - 626 440 273 406 - 509 510
Lima
Escola Estadual
27051676 Dorgival - - - - - - 196 557 - 224
Gonçalves
TOTAL: 445 449 412 389 1284 1249 1101 1099 196 557 509 734
127
LEITURAS URBANÍSTICAS SOBRE LUZIÁPOLIS
Atividades Econômicas
128
LEITURAS URBANÍSTICAS SOBRE LUZIÁPOLIS
129
LEITURAS URBANÍSTICAS SOBRE LUZIÁPOLIS
130
LEITURAS URBANÍSTICAS SOBRE LUZIÁPOLIS
131
LEITURAS URBANÍSTICAS SOBRE LUZIÁPOLIS
Perfil da população
O distrito oferta vagas para Alto índice de evasão Ampliação da oferta Redução do número
todas as modalidades de escolar, especialmente de vagas e criação de matrícula na rede
educação básica. entre adolescentes e de programas pública municipal e
jovens. de incentivo a aumento do índice de
permanência na analfabetos funcionais.
escola.
132
LEITURAS URBANÍSTICAS SOBRE LUZIÁPOLIS
Atividades econômicas
Existe uma empresa a nível A maior parte da Implantação de mais Aumento do índice dos
internacional, mas o nível de renda gira em torno da políticas de geração de desempregados
empregabilidade é baixo, há administração pública. emprego e renda.
apenas 25 funcionários locais.
Comercio local é formado por Carência de instituições Políticas de incentivo Moradores precisam
moradores da comunidade. que prestem serviços ao comércio local. se deslocar para
bancários. cidades vizinhas e
Há uma casa lotérica e um Abertura de uma deixam de consumir na
posto dos correios. agencia bancária. comunidade.
133
LEITURAS URBANÍSTICAS SOBRE LUZIÁPOLIS
134
Capítulo 6
Síntese das Leituras Urbanísticas
sobre Luziápolis
135
LEITURAS URBANÍSTICAS SOBRE LUZIÁPOLIS
136
Subárea 01 – Engloba os bairros Santa Luzia, Boa Esperança e uma porção
da Fazenda Cachoeirinha.
Área: 819.222,68 m²
Início da Ocupação: Por volta de 1940
População Predominante: Aposentados, funcionários públicos e
comerciantes.
Principais características:
Possuir alguma infraestrutura urbana;
Ser a região mais adensada do Distrito;
Ser cortada por uma Rodovia Federal (BR -101);
Concentrar as atividades comerciais e de serviços do Distrito;
137
Abrigar a feira livre;
Possuir vazios urbanos edificados;
Abrigar o Engenho Caraçuípe (principal indústria da região)
Área: 694.907,72 m²
Início da Ocupação: Décadas de 1980 e 1990
População Predominante: Prestadores de serviços e trabalhadores rurais
Principais características:
Ser uma região plana e que predomina uso residencial;
138
LEITURAS URBANÍSTICAS SOBRE LUZIÁPOLIS
139
LEITURAS URBANÍSTICAS SOBRE LUZIÁPOLIS
Área: 351.077,51 m²
Início da Ocupação: Provavelmente antes de 1940
População Predominante: Fazendeiros e trabalhadores rurais
Principais características:
Possuir ocupação rarefeita;
Ser carente de infraestrutura urbana;
Possuir o Rio Escorrega que faz parte da bacia hidrográfica do Rio Jequiá e
também é o principal responsável pelo abastecimento de água do distrito;
Ser constituída, predominantemente, por Área de Preservação Permanente;
Ter porções de mata nativa preservada;
Ter áreas degradadas por ações antrópicas;
Não haver oferta de equipamentos públicos de uso comunitário.
140
LEITURAS URBANÍSTICAS SOBRE LUZIÁPOLIS
Área: 430.338,75m²
Início da Ocupação: 2015
População Predominante: beneficiários de programas assistenciais e mi-
grantes de outros municípios.
Principais características:
Ser constituída a partir de um Conjunto Habitacional de Interesse Social;
Possuir a melhor infraestrutura do Distrito;
Concentrar a maior parte dos equipamentos públicos de uso comunitário;
Possuir as únicas praças do Distrito - até meados de 2018;
141
LEITURAS URBANÍSTICAS SOBRE LUZIÁPOLIS
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LEITURAS URBANÍSTICAS SOBRE LUZIÁPOLIS
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LEITURAS URBANÍSTICAS SOBRE LUZIÁPOLIS
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LEITURAS URBANÍSTICAS SOBRE LUZIÁPOLIS
146
Considerações finais
Os estudos sobre os espaços urbanos no Brasil ganharam um novo status
no cenário nacional a partir do Estatuto da Cidade, Lei Federal de nº 10.257 de
2001, criada para regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição Federal
que tratam sobre a execução da política urbana e têm por objetivo ordenar
o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade
urbana. Um dos principais instrumentos de gestão trazidos pelo Estatuto
da Cidade é o Plano Diretor, obrigatório para as cidades com mais de vinte
mil habitantes ou aglomerados urbanos. Porém, quando consideramos esse
contingente populacional, constatamos que os estudos urbanos no Brasil
privilegiam as abordagens sobre as médias e grandes cidades, restando aos
pequenos territórios a reprodução genérica desses instrumentos.
Ao longo dessa pesquisa percebemos que as pequenas cidades são uma
parte significativa no cenário urbano brasileiro. No estado de Alagoas, segun-
do estimativas do IBGE de 2017, 42% dos seus 102 municípios tem população
inferior a 20 mil habitantes. Diante desse cenário, os estudos sobre os espaços
urbanos devem ir além dos dados populacionais; questões econômicos, socio-
espaciais e outros aspectos precisam ser considerados. É importante destacar
também que, independentemente do método urbanístico adotado e dos ob-
jetivos propostos pelo urbanista, este terá que partir “(...) de uma realidade
existente: a cidade, conceituada como um organismo, dotado, portanto, de
vida: uma estrutura complexa, suportando uma infinidade de atividades que
a transformam constantemente” (WILHEIM, 1976, p.57). E Luziápolis é esse
organismo dotado de vida, um lugar cuja territorialidade, do ponto de vista
geopolítico, não está bem definida. Mas, se considerarmos as relações sociais
historicamente estabelecidas ao longo de sua formação e as singularidades
relacionadas à sua paisagem natural, é possível delinear o que é Luziápolis.
147
LEITURAS URBANÍSTICAS SOBRE LUZIÁPOLIS
148
Referências
Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Campo Alegre, AL. [s. l.: s.n.]. 11 p. Disponível
em http://atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_m/campo-alegre_al#desagregacao. Acesso
em 05 dez. 2017.
BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual de Saneamento Básico. 3 ed. rev. - Brasília:
Fundação Nacional de Saúde, 2004. 408 p.. ISBN: 85-7346-045-8. Disponível em http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_saneamento_3ed_rev_p1.pdf. Acesso em
20 abr. 2018.
CAMPO ALEGRE. Lei n. 288, de 11 de abril de 1991. Transforma Povoado em Distrito, dá nome
e adota outras providências. Prefeitura Municipal de Campo Alegre, Campo Alegre, 1991.
CAMPO ALEGRE. Lei n. 518, de 10 de outubro de 2006. Institui o Plano Diretor Participativo
de Desenvolvimento Territorial Integrado de Campo Alegre e dá outras providências.
Prefeitura Municipal de Campo Alegre, Campo Alegre, AL, 2006.
CAMPO ALEGRE. Lei n. 557, de 30 de junho de 2009. Cria a área de preservação ambiental
do Rio Escorrega e adota outras providências. Prefeitura Municipal de Campo Alegre,
Campo Alegre, AL, 2009.
149
CAMPO ALEGRE. Secretaria Municipal de Educação. Projeto Político Pedagógico da Escola
Municipal de Ensino Fundamental Felizardo Souza Lima: Luziápolis- Campo Alegre, 2012.
CAMPO ALEGRE. Lei n. 705, de 29 de abril de 2014. Dispõe sobre a divisão do Distrito
de Luziápolis em bairros e adota outras providências. Prefeitura Municipal de Campo
Alegre, Campo Alegre, AL, 2014.
CAMPO ALEGRE. Prefeitura Campo Alegre. Em Luziápolis ministro autoriza início de obras
de abastecimento de água e esgotamento sanitário. 2018. Disponível em http://www.
prefeituracampoalegre.com.br/c/2696/em-luziapolis-ministro-autoriza%20-inicio-de-
obras-de-abastecimento-de-agua-e-esgotamento-sanitario/. Acesso em 12 fev. 2018.
FLAVIA DE BARROS PRADO MOURA (org.). A Mata Atlântica em Alagoas, Maceió: Edufal,
2006. 88 p. Disponível em http://www.ufal.edu.br/usinaciencia/multimidia/livros-
digitais-cadernos-tematicos/A_Mata_Atlantica_em_Alagoas.pdf. Acesso em 4 set. 2019.
MACEIÓ. Prefeitura Municipal de Maceió/AL. Plano diretor. Maceió. 13 jun. 2005. Disponível
em http://sempla.maceio.al.gov.br/sempla/dpu/PLANO%20
150
MACEIÓ. Lei n. 5.593, de 08 de fevereiro de 2007. Código de Urbanismo e Edificações
do Município de Maceió, Maceió, AL, 8 de fev. 2007. Disponível em: http://www.
camarademaceio.al.gov.br/downloads/codigo-de-obras-e-edificacoes-de-maceio.pdf.
Acesso em: 20 mar. 2017.
Mapa Topográfico Campo Alegre. Campo Alegre, Alagoas. Disponível em: http://pt-br.
topographic-map.com/places/Campo-Alegre-2773927/. Acesso em: 10 set. 2018.
Perfil Municipal. Ano 2014, n. 2 (2014). Maceió: Seplande/AL, 2013. Disponível em http://
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3a36-4f5a-9084-1a364e9842c8/download/municipalcampoalegre2014.pdf. Acesso em
10 abr. 2018.
151
Prefeitura de Campo Alegre prepara fechamento do Lixão do município, Prefeitura Campo
Alegre. 8 nov. 2017. Disponível em: http://www.campoalegre.al.gov.br/c/2595/prefeitura-
de-campo-alegre-prepara-fechamento-do-lixao-do-municipio/. Acesso em: 12 fev. 2018.
PRINZ, Dieter. Urbanismo II: configuração urbana. Editorial Presença, Lisboa, 1984.
ROLNIK, Raquel et al. Plano diretor participativo: guia para elaboração pelos municípios e
cidadãos. Brasília: Ministério das Cidades e CONFEA/CREA, 2004. Disponível em: http://
www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNPU/
Eventos/OficinaRagularizacaoFundiaria/PlanoDiretor/Plano%20Diretor%20
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munic%C3%ADpio%20e%20os%20cidad%C3%A3os.pdf. Acesso em: 10 jan. 2017.
SANTOS, Carlos Nelson F. dos. A cidade como jogo de cartas. Niterói: EDUFF, São Paulo:
Projeto Ed. Ilust. 1988.
152
posfácio
153
A autora lança seu olhar sobre o antigo povoado “Pau do Descanso”,
hoje distrito Luziápolis, às margens da BR 101, km 158, que é para ela “o
rio de sua aldeia”, já que é moradora dele desde seus cinco anos de idade.
É também “o meu rio”. Nele, vivemos, estudamos, trabalhamos e constru-
ímos experiências que perpassam toda nossa vida. Para ela, dessa relação
intrínseca ao seu objeto de estudos, certamente se figura o posicionamen-
to político que a leitura do livro nos possibilita compreender, totalmente
imbricado aos processos de suas interpretações urbanísticas da paisagem
dessa localidade: a cada página lida entendemos de onde veio, como está,
para onde vai, ou pode ir, ou precisa ir esse “rio” chamado Luziápolis. Sô-
nia da Rocha faz, agora, com que muitas pessoas saibam qual é “o rio de
sua aldeia” e direciona-nos ao desejo de que seu planejamento urbanístico
considere a dignidade dos sujeitos, tornando esse distrito uma localidade
“digna” para viver e conviver.
A atenção da autora ao longo do livro é para o futuro da “cidade”, com
o futuro de Luziápolis, preocupação que se estende ao futuro de todo e
qualquer outro pequeno território, povoados e distritos, por exemplo, pois,
para ela, planejar o futuro do uso e da ocupação do solo, criando um desen-
volvimento sustentável para a “cidade”, não pode figurar apenas como uma
necessidade legal. Segundo argumenta, é preciso que compreendamos, nós
e os governos, que esse planejamento é uma questão ética.
Dessa compreensão, encontramos nesse livro uma leitura urbanística,
que gera uma caracterização da paisagem urbana da localidade estudada,
que passa por levantamento de campo e construção de mapeamentos te-
máticos, tais como os de aspectos históricos, socioeconômicos, de infraes-
trutura urbana, de saneamento ambiental e condicionantes ambientais. De
sua leitura, a professora e arquiteta construiu toda a base cartográfica e,
154
a partir dela, propõe um “plano de zoneamento” para Luziápolis, no qual
delimita macrozonas e zonas, traçando diretrizes e linhas de ação, que pro-
põem modificações na forma do espaço habitado. Esse plano é necessário,
a exemplo do que comenta a autora a respeito de um ponto da paisagem
urbana, o sistema viário, porque esse para ela é precário.
Tal como lemos, se considerarmos o código legal, apenas uma via em
Luziápolis poderia ser considerada adequada, visto que as ruas não são pavi-
mentadas, sinalizadas e arborizadas, tampouco proporcionam deslocamento
seguro para os pedestres, dada a priorização da circulação de veículos. Dessa
precariedade, ao fazer a leitura das vias do cemitério municipal, chega a
uma triste constatação: “as vias para os mortos [em Luziápolis] têm mais
qualidade do que as vias para os vivos”, conforme é possível constatarmos
nas figuras 49 e 50.
Nesse sentido, no horizonte de suas leituras urbanísticas, a autora in-
cluiu aspectos éticos e políticos, que são de fundamental importância para
pensarmos planejamento e urbanismo. Dessas leituras e da construção de
uma base cartográfica, trata desde o número de habitantes, perpassando
por espaços e tempos de Luziápolis, que incluem distâncias, inserções hi-
drográficas, acesso, localização na BR 101, uma grande protagonista dessa
localidade, até o papel político do distrito no Estado de Alagoas.
A leitura nos garante dizer que Sônia da Rocha leu a “cidade” em seus
diversos aspectos e de maneira crítica, tarefa que perpassou por aspectos
teórico-conceituais, visitas técnicas e percepções sensoriais, registros
fotográficos, escuta ativa, nas entrevistas, leitura de mapas, tabelas e
quadros, garantindo-lhes um reconhecimento técnico-político do desenho
e da tessitura do urbano, a partir do qual gerou fotografias, esquemas,
gráficos, desenhos, croquis, quadros, uma linha do tempo e outros mapas,
155
que encontramos dispostos ao longo de sua escrita, recursos que dão vida
à cartografia do pequeno território.
Dadas essas faces, é salutar mencionar que a leitura urbanística reali-
zada pela autora e apresentada nesse livro está para uma prática de multi-
letramento, dado o seu caráter multissemiótico e multicultural. Logo, não é
uma leitura “subjetiva”. É, ao contrário, uma leitura sistematizada, complexa,
e bem elaborada, útil para mostrar o “mundo”, numa escala reduzida, o que
nos ajuda na observação e na compreensão do “mundo de Luzia”. Ou seja, por
diversos meios, há registros de porções de espaços e de tempos, de porções
das paisagens, orientando o leitor ou a leitora a localização, a direção, nesse
caso sobre aspectos físico-territoriais e políticos de Luziápolis.
Sobre o desenho do urbano, Sonia da Rocha dá-nos informações em for-
mas de mapas e de outras visualidades, a partir das quais compreendemos
que esse distrito enfrenta inúmeros problemas, tais como ocupação inade-
quada, crescimento desordenado e degradação ambiental, dentre outros,
frutos da ausência de um instrumento de política urbana que oriente seu
desenvolvimento. Nesse sentido, ao final da leitura desse livro, confirmamos
o entendimento de que há uma leitura urbanística política e ética.
Do mesmo modo, os registros e as narrativas gráficas deixam-nos,
por outro lado, confortáveis, pois nos permitem a sensação de que o lugar
existe e de que se mantem sobre ele a necessidade de leitura, como a aqui
desenvolvida, e educação urbanísticas, com orientação para uma partici-
pação popular nas decisões das políticas urbanas, como solicita e espera
a autora, e como certamente esperará qualquer leitor ou leitora que reco-
nheça o papel estratégico do planejamento urbano para a abordagem de
questões ambientais, sociais, econômicas, culturais, históricas, de saúde
e de cidadania que beneficiem a todos e a todas que moram nas “cidades”.
156
A compreensão de “Leituras urbanísticas sobre Luziápolis: um olhar
prospectivo para pequenos territórios” nos mobiliza a olhar as “cidades”, a
olhar as pequenas localidades, objetivando evitar sua morte, uma morte em
vida. Por esse excelente livro, dou a Sônia da Rocha, que foi minha aluna na
quinta série, do ginásio, hoje minha amiga, meus parabéns, pelo trabalho
e pela delícia de fazer essas leituras urbanísticas de Luziápolis. Parabéns
pela leitura urbanística como posicionamento político sobre uma “cidade”!
157
158
Anexos
Anexo 1: Mapa de Campo Alegre-AL - Fonte: IBGE (Agência de Alagoas)
159
Anexo 2: Mapa de Luziápolis Campo Alegre-AL - Fonte: IBGE (Agência de Alagoas)
160
Sobre a autora
Sonia da Rocha é professora e está na coordenação
pedagógica do Ensino Fundamental desde 2013. Lecionou no
Ensino Básico de 2001 a 2012 e no Ensino Superior (em cursos
de formação de professores) de 2009 a 2011. É especialista
em Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa, graduada
em Letras (UNEAL-2005) e em Arquitetura e Urbanismo
(UFAL-2019).
Desde 2017 tem pesquisado sobre educação urbanística
e a realidade urbana de pequenos territórios, iniciando com
o reconhecimento do universo urbanístico do lugar onde vive
(Distrito de Luziápolis – Campo Alegre – AL).
LEITURAS
URBANÍSTICAS
SOBRE LUZIÁPOLIS
Um olhar prospectivo
para pequenos territórios