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DIRETORIA ACADÊMICA PLANO DE TRABALHO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO SEMESTRAL
DISCIPLINA: Teorias e Técnicas Psicoterápicas Abordagem Analítico-comportamental
PROFESSOR(A): Cristiane Costa Fonseca MAT: 3292
DATA CH PERFI COMPETÊNCIAS/ OBJETO DE PROCEDIMENTO RECURSOS ATIVIDADE REFERÊNCIAS
(Preencher L HABILIDADES CONHECIMENTO METODOLÓGICO DIDÁTICOS/ AVALIATIVA FONTES PESQUISA
datas de
acordo com
Conteúdos OBJETOS DE DO DIA DA AULA
turma) APRENDIZAGE
M
3h Apresentação e Acolhimento. Quadro,
discussão do Plano pincel,
P2 de Ensino da notebook,
R29
PFG2 disciplina. datashow
R30
Textos
3h Sentimentos e Discussão em grupo Texto Observação da OO impacto do
emoções do do texto: O impacto participação dos Atendimento sobre a
terapeuta na prática do Atendimento alunos e das pessoa do terapeuta II:
clínica. sobre a pessoa do resposta acerca Experiências de vida,
terapeuta II: da em DELITTI, M.
P2 Experiências de problematização (Org.). Sobre
R29 vida. do conteudo comportamento e
PFG2
R30 cognição. Vol. 2. Santo
André:
ABPMC/ARBytes,
1997.
Feriado
3h P2 Os Behaviorismos; Snowball Quadro, Observação da COSTA, N. Terapia
R12 Diferenças entre pincel, participação dos analítico-
Análise do notebook, alunos e das comportamental: dos
Comportamento datashow resposta acerca fundamentos
Análise da filosóficos à relação
Experimental do problematização com o modelo
Comportamento e do conteudo. cognitivista. Santo
Behaviorismo André: ESETec
Radical Editores
Associados., 2002 .
COSTA, N.
Considerações acerca
do Behaviorismo
Radical, Análise do
Comportamento e
Análise Experimental
do Comportamento.
Cadernos de textos de
Psicologia, V. 2, N. 1,,
p. 7-10, 1997.
3h R12 Visão de homem da Aula expostiva Quadro, ANDERY, M.A;
P2 R29 Análise do dialogada pincel, MICHELETTO, N;
P3 Comportamento: O notebook, SÉRIO, T.M. Modelo
PFG2 Modelo de Seleção datashow causal de seleção por
Por consequências. consequências e a
explicação do
comportamento. |Em
Andery, M. A.;
Micheletto, N. e Sério ,
T. M. (ORG).
Comportamento e
causalidade, 2009.
3h Visão de homem na Aula Expositiva e Texto: O Estudo de caso ZAMIGNANI, D.R.
Análise do Dialogada homem clínico em (Org.). Sobre
P2 Comportamento: produto e equipe. comportamento e
R12
Modelo de seleção produtor do cognição. Auto Regras
R29
P3 por consequências ambiente e Patologia
PFG2 Quadro, pincel, Comportamental Vol.
notebook, 3. Santo André:
datashow ABPMC/ARBytes,
1997.
.
3h A visão skinneriana Aula expostiva e Quadro, pincel, Observação da Qualidade de vida e
de Subjetividade e a dialogada. notebook, data participação prevenção à depressão.
sua interface com a show dos alunos e Em BRANDÃO, M. Z.
prática clínica. das resposta S. CONTE, S. M. E
acerca da MEZAROBA, S. M. B.
problematizaçã (Orgs)
P2 R12 o do conteúdo. Comportamento
P3 R29 Humano: tudo (ou
PFG2 R30 quase tudo) que você
gostaria de saber para
viver melhor. Santo
André, SP: ESETec
Editores Associados,
2009.
Primeira Avaliação Aplicação da
Bimestral avaliação
3h R12 Entrega de notas e Aula expositiva Quadro, pincel, Estudo de caso Qualidade de vida e
R29 discussão das dialogada. notebook, em equipe prevenção à depressão.
R30 questões da datashow sobre a visão Em BRANDÃO, M. Z.
primeira avaliação analítico- S. CONTE, S. M. E
bimestral. comportament MEZAROBA, S. M. B.
al de (Orgs)
P2
subjetividade Comportamento
P3 Cont. A visão Humano: tudo (ou
PFG2 skinneriana de quase tudo) que você
Subjetividade e a sua gostaria de saber para
interface com a viver melhor. Santo
prática clínica. André, SP: ESETec
Editores Associados,
2009.
3h R12 Princípios Básicos da Aula Expositiva Quadro, pincel, Trabalho em Primeira Revisão de
P3
R29 Análise do Dialogada. notebook, equipe sobre conteúdo. Em
R30 Comportamento datashow os Princípios MOREIRA, M. B. e
Básicos de MEDEIROS, C. A.
Análise do Príncípios básicos de
Comportament Análise do
o comportamento. 1º
Ed., Artmed, 2007.
3h R12 História e Fases do Aula Expositiva Quadro, pincel, Observação da COSTA, N. Terapia
P3 R15 Processo Dialogada. notebook, participação analítico-
R20 Terapêutico datashow dos alunos e comportamental: dos
PFG2 R21 Analítico- das resposta fundamentos
RFG6 comportamental. acerca da filosóficos à relação
problematizaçã com o modelo
Histórico. o do conteudo. cognitivista. Santo
Fases: avaliação, André: ESETec
formulação Editores
diagnóstica, Associados., 2002 .
devolução,
intervenção e follow-
up.
3h R12 História e Fases do Aula Expositiva Quadro, pincel, Observação da COSTA, N. Terapia
P3 R15 Processo Dialogada. notebook, participação dos analítico-
R20 Terapêutico datashow alunos e das comportamental: dos
PFG R21 Analítico- resposta acerca fundamentos
2 RFG6 comportamental. da filosóficos à relação
problematização com o modelo
Histórico. do conteudo. cognitivista. Santo
Fases: avaliação, André: ESETec
formulação Editores
diagnóstica, Associados., 2002 .
devolução,
intervenção e follow-
up.
3h PFG RFG1 Treino da primeira Simulações do Observação da Manual de Entrevista
2 entrevista entre os primeiro participação dos Clínica Inicial -
alunos (investigação atendimento com alunos e de suas Edwiges Ferreira de
da queixa e casos fictícios entre atuações nas Mattos Silvares, e
estabelecimento do os alunos simulações e Maura Alves Nunes
contrato terapêutico) discussões. Gongora.
3h P6 R12 Diagnóstico Aula Expositiva e Quadro, pincel, Observação da Formulação
PFG R15 Comportamental e Dialogada. notebook, participação dos Comportamental ou
1 R19 Concepção dos datashow alunos e das Diagnóstico
RFG1 Transtornos resposta acerca Comportamental:
RFG6 Psiquiátricos da Passo a Passo. Em
RFG8 problematização Teoria e Formulação
do conteudo. de Casos em análise
Comportamental
Estudo de caso Clínica. São Paulo.
em equipe Artmed, 2018.
3h P6 R12 Terapia Analítico- Aula Expositiva e Quadro, pincel, Observação da Terapia Infantil:
PFG R15 comportamental Dialogada. notebook, participação dos Novos aspectos. Em
1 R19 infantil datashow alunos e das SILVARES, E. F. M.
RFG1 resposta acerca (Org.). Estudos de
RFG6 da caso em psicologia
RFG8 problematização clínica
do conteudo. comportamental
infantil. Vol. I e II.
Estudo de caso São Paulo: Papirus,
em equipe sobre 2000.
Terapia Infantil
Apresentação de Seminários Data show Observação e
3h seminários avaliação do
desempenho por
meio de critérios
previamente
definidos e
discutidos com a
turma.
Apresentação de Seminários Data show Observação e
3h seminários avaliação do
desempenho por
meio de critérios
previamente
definidos e
discutidos com a
turma.
3h 2ª AVALIAÇÃO REGIMENTAL
Entrega de Notas
3h SUBSTITUTIVA
Horas 60
Teóric
as
Total 60
ch
Aula 1 – Profa. Me. Cristiane Costa Fonseca
Teorias e Técnicas Psicoterápicas em Análise do Comportamento
Capítulo 19
Hoje eu gostaria de estar relatando “flashs" de casos que atendi, nos quais os
sentimentos que experimentei foram bastante intensos. Espero com isso atingir alguns
objetivos: a) preencher o primeiro texto que escrevi com exemplos acontecidos e não
hipotéticos: b) analisar possíveis erros e acertos que cometi nos atendimentos descritos;
analisar as contingências dos quais meu comportamento foi função nessas ocasiões
e d) mostrar para os terapeutas em formação que é possível falhar várias vezes e ser
convidado a falar em congressos científicos.
Ansiedade
Não fui diferente de ninguém. O primeiro caso que atendi, na Clínica Psicológica da
PUC-SP causou-me uma enorme ansiedade, semelhante a que vejo hoje meus alunos de 4o ano
apresentarem quando estão se preparando para seu primeiro atendimento. E a situação de
atendimento em clínicas escola ó relativamente protegida. Mas, ainda que existisse nessa época
a vantagem de podermos escolher o caso que atenderíamos, ainda que o atendimento estivesse
planejado para ser em dupla de terapeutas, ainda eu que soubesse que minha dupla seria o
professor (que por um acaso era o Hélio Guilhardi) e ainda que eu soubesse que ficaria no
atendimento por poucas sessões porque haveria rodízio de alunos terapeutas para atender o
caso, eu me sentia ansioso.
Posso descrever várias contingências presentes que causavam a ansiedade. Uma delas
era a própria queixa “escolhida" para o atendimento: um rapaz de 21 anos que tinha ejaculação
precoce. Não tínhamos a menor ideia do que fazer frente a isto. Outra, era o fato de estar na
presença do professor que, embora desse alguma segurança de que “seguraria a barra" se
alguma besteira fosse feita, era alguém que eu admirava e queria a admiração recíproca. Se ele
fizesse qualquer interferência que fosse em sentido diverso da minha seria fatal. Uma terceira era
o fato de que atrás do espelho estariam outros doze colegas observando o atendimento e
avaliando meu desempenho. Para completar, numa aula teórico-prática que havíamos tido para
fundamentar o futuro atendimento, eu havia sido terapeuta num role-playing no qual, por duas
vezes, havia expressado meu juízo de valor para a cliente fictícia, o que era inadmissível.
Frente a este quadro, eu só poderia ter ficado inseguro e ansioso, como todos
nós já ficamos nessa situação. Mas, aprendi a enfrentar os problemas. O professor
indicou-nos literatura específica para o atendimento do problema trazido pelo cliente;
antes do atendimento combinou comigo uma série de intervenções que eu poderia fazer
independentemente do que o cliente trouxesse como conteúdo, e que eu deixasse para
ele aquilo que eu julgasse não dar conta; durante o atendimento foi extremamente gentil,
incentivando-me a participar da entrevista; e o espelho? Ah, o espelho sumiu, quando
sentei na frente do cliente e a fascinação e a curiosidade sobre um problema "real"
tomaram conta de mim. A vontade também de aprender como atender também contribuiu
para que o espelho fosse esquecido.
Nos atendimentos subsequentes, que saudades dessa situação protegida!
Pensam vocês que a ansiedade acabou? Não, caros ouvintes, até hoje, a primeira sessão
de qualquer cliente ainda causa uma ponta de ansiedade. Não tenho mais as pastas da
triagem contando qual é a queixa que está chegando. Não posso mais me dar ao luxo de
escolher o caso que atenderei, pois o cliente chega e precisa de atendimento (e eu preciso
trabalhar).
claro que essa ansiedade em geral passa depois de uns poucos minutos depois
do atendimento ter começado, e eu já ter algumas informações com as quais possa
trabalhar. Mas até esse momento, ela fica como minha única companheira dentro da sala
de atendimento.
Medo
instalada numa casa situada no final de uma rua da Lapa, que ia ficando deserta a partir do cair
da tarde. Por contingências que não vêm ao caso agora, eu atendia meus clientes à noite e
sozinho na clínica. Nessa casa eu atendia um adolescente de 15 anos cuja queixa vinha pela
mãe, pela escola e pela empresa onde ele trabalhava. Queixavam-se todos eles de que o garoto
apresentava comportamentos pré-delinquentes. Eis que certo dia de inverno rigoroso meu cliente
chega na clínica como sempre às 19:00 hs para seu atendimento, envolvido numa grossa jaqueta.
Percebi que a rua estava completamente deserta quando fui abrir a porta para que ele entrasse.
Subimos para a sala de atendimento depois que eu havia trancado a porta de entrada da clínica.
Estávamos apenas nós dois lá dentro. Começamos a sessão com ele falando de amenidades,
quando ele resolve me dizer que havia feito com suas próprias mãos um presente para sua mãe
e queria me mostrar. Satisfeito, demonstrei o maior interesse até que ele retirou de dentro de sua
jaqueta uma lâmina de mais ou menos meio metro de comprimento por 10 cm de largura, afiada
por ele próprio. Seu objetivo era dar para sua mãe um facão que ela precisava para cozinhar para
fora. Nesse momento, além de imaginar para quem eu encomendaria minha alma, tentei
demonstrar a maior calma possível e pedi para ver o tal facão. Ele o entregou na minha mão para
que eu examinasse e consegui ter o sangue-frio de sugerir a ele que embrulhássemos o presente
em um papel grosso que as crianças da clínica usavam para fazer desenhos. O sangue estava
frio mas as pernas tremiam de verdade. Só devolvi o presente depois que ele estava devidamente
embrulhado.
A partir desse momento discuti com ele possíveis riscos de andar na rua com tal
espécie de "presente". Desde riscos severos como ele próprio ser assaltado, ser “pego"
por policiais com uma arma (já que ele fazia parte de uma população “visada” pela polícia)
ou mesmo ferir-se numa possível queda ou numa inocente curva que o ônibus que ele
tomava pudesse fazer. Depois disto discutido e devidamente discriminadas a
adequabilidade da intenção e a inadequabilidade do presente, encerramos a sessão e
fomos embora. Ele com seu facão/presente feliz. Eu inteiro, de perna bamba, aliviado. Os
efeitos dessa sessão sobre nossas vidas: na dele, aumentou a frequência do
comportamento de agradar à mãe com gestos desse tipo; na minha, aumentar mais a
segurança especialmente para atender esse tipo de caso.
Raiva
meus e a expressei durante a sessão terapêutica. Em nenhuma das três, por sorte, não
perdi os clientes. No entanto não os aconselho a imitarem meu comportamento, pois
julgo-o completamente inadequado em pelo menos dois dos casos. O terceiro, vim a
saber que era adequado a posteriori. Acho que não vale a pena arriscar. Meus alunos
presentes me perdoem, pois já devem ter-me ouvido contá-los.
Bem , o primeiro caso, é o de um garoto de 12 anos que veio à terapia “forçado"
por seus pais. O motivo era mau rendimento escolar que ele apresentava, segundo
interpretação de sua mãe porque soubera que era adotado.
Até aí, vocês estão provavelmente pensando como eu no primeiro momento, que
ele sentia vergonha perante a mãe por ter um amigo homossexual. Ledo engano! Ele
teve vergonha perante o amigo porque sua mãe era manicure!
Era d'aquela mãe que o mantinha sem trabalhar, pagando-lhe curso para que ele
tivesse uma profissão que ele gostasse, que pagava-lhe a terapia, que cuidava sozinha
do irmão comprometido, etc. que ele tinha vergonha.
Tudo isto passou rapidamente pela minha cabeça e passei a agredi-lo
verbalmente, chamando-o de mal-agradecido a fútil. Terminei a sessão e (obviamente)
procurei supervisão.
Na supervisão, pude perceber pela 1* vez que os valores que eu tenho não eram
iguais aos dele (e de muitos outros clientes). Também nesse caso eu havia respondido
de uma maneira inadequada, expressando um sentimento que não era de interesse do
cliente. Imaginei também que ele não voltaria na sessão seguinte. Ele voltou. Pude então
discutir com ele alguns aspectos da sessão anterior a respeito da reação que o
comportamento dele havia provocado em mim e ele reconheceu que este era um outro
problema que ele achava que apresentava: despertar raiva nas pessoas (Santo
Kõhlenberg!!!).
desenvolver no sentido de sua melhora. Qualquer que fosse a razão pela qual eu sentisse
raiva ou outro sentimento muito forte, ele servia para que eu fosse atrás da contingência
em questão, tanto da sessão terapêutica quanto da vida do cliente. Isto melhorou muito
meu desempenho profissional.
Bem, já tive muitos outros sentimentos a respeito destes e de outros clientes em
algumas ocasiões. Pena, inveja, admiração, empatia, tédio, etc.
Agora que estou terminando, dei-me conta que dentre eles eu escolhi para a
análise somente situações que tiveram ou teriam com resposta o controle aversivo do
comportamento.
Tentando fazer uma autoanálise, acho que fiz isto porque, como muitos
behavioristas, acredito que o mundo(e as relações entre as pessoas) serão melhores se
os episódios comportamentais de derem na base do reforçamento positivo. E isto é
possível.
A grande tarefa que nos resta é, paralelamente ao levantado proposto pelo Dr.
Kõhlenberg, dos CCRs dos clientes, perguntarmo-nos: e quais seriam os CCRs do
terapeuta?
Acho que, atentar, e reforçar CCRs dos clientes é uma parte importante do
processo terapêutico. Conhecermo-nos, reconhecermo-nos e usarmos nossos
sentimentos como SDs para a nossa prática é uma outra. Espero ter contribuído, ao expor
minhas experiências, em demonstrar o quanto isto foi importante para minha profissão e,
talvez, para a formação de outras pessoas.
Capítulo 12
Várias pessoas que eu admiro iniciaram seus textos com citações literárias para
introduzirem suas ideias. Para referir-me a apenas algumas delas, Maria Amélia Matos
(1981) citou Chico Buarque quando discorreu sobre controle aversivo; Júlio de Rose
(1993) citou Jorge Luís Borges quando analisou classes de estímulos. Creio que eles (e a
comunidade científica) me perdoarão tanto pela imitação dessa forma de introduzir um
texto quanto pela duvidosa grandiosidade da personalidade que usarei na minha “citação
introdutória".
Segundo Bhagwan Shree Rajneesh (1984) “Se Deus criou qualquer coisa que
1 Texto proferido durante o III Encontro Brasileiro de Pslcoterapla e Medicina Comportamental, promovido pela
A.B.P.M.C., em Campinas, 24 de setembro de 1994.
* Professor Associado do Departamento de Métodos e Técnicas da Faculdade de Psicologia da PUC/SP. Presidente da
Associaçio Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental, gestão 96/97.
Endereço para correspondência: Laboratório de Psicologia Experimentai da PUC/SP - Rua Joio Ramalho,
301 - Perdizes - Sâo Paulo - CEP 05000-001 - Tel.: (011) 864-7377
apareça na face da Terra, se a Existência lhe dá forças para aparecer, quem sou eu para
rejeitá-la? “
Essa citação está colocada aqui para ilustrar o meu desconforto com o nome
desta apresentação.
O desconforto principal vem do termo “patologia comportamental". Segundo o
Behaviorismo Radical, todo e qualquer comportamento é selecionado por contingências
filo e ontogenéticas. A crença nessa seleção leva ao impedimento de um julgamento
sobre os comportamentos. Parafraseando Rajneesh, se acredito na seleção do
comportamento por contingências, quem sou eu para classificar algum comportamento
como patológico? A crença na seleção leva a, no mínimo, pensar que todo e qualquer
comportamento seja adaptativo, dentro das contingências que o mantém. E se for
possível proceder a uma análise funcional da situação na qual o comportamento dito
“patológico" se insere, chegar-se-á á conclusão de que aquele seria o único
comportamento que poderia acontecer, dadas aquelas contingências.
No entanto também acredito que o trabalho do analista do comportamento não
seja apenas “contemplar" o mundo e se maravilhar com as benesses ou se condoer com
as agruras que quer Deus, quer a Existência, quer as relações com o Ambiente coloquem
às nossas vistas. Apesar de serem adaptativos no sentido de terem sido selecionados,
alguns comportamentos causam sofrimentos às pessoas que os emitem ou àquelas que
estão às suas voltas.
Dessa forma defendo que meu papel como analista do comportamento seja (a)
descobrir, junto com o cliente, as contingências que mantêm sua queixa; (b) mudar essas
contingências, nas relações do comportamento do cliente com o ambiente, de forma a
minimizar seu sofrimento.
O segundo desconforto se dá com o termo “auto-regra". Novamente, segundo o
behaviorismo radical, toda a regra é um comportamento verbal e este tipo de
comportamento é modelado por contingências sociais.
No livro “Sobre o Behaviorismo", Skinner (1982) afirma que:
Se também acredito nisso, não posso utilizar o termo "auto regra" sem explicar,
de saída, que não acredito que qualquer regra “emerja" sem que hajam condições
ambientais e de história de vida de quem a formula para que ela seja formulada. Portanto,
também as auto regras não deveriam ser classificadas como “auto".
Com efeito, circula nos bastidores terapêuticos a informação de que os clientes de
terapeutas psicanalistas têm complexo de Édipo, que clientes que passam por terapias analíticas
produzem sonhos junguianos, que pessoas que “caem nas mãos" de analistas do
comportamento sofrem a ação do reforço, que espiritas explicam seus comportamentos
sobre o tema desta apresentação. Estarei me referindo aqui a uma formulação verbal
(uma regra) que substitua uma contingência (segundo uma história de vida particular) cujo
emitente e ouvinte sejam a mesma pessoa. E, é claro, que essa regra deve ter o controle
sobre a probabilidade de determinado comportamento do emitente-ouvinte aparecer.
Se toda a regra especificasse uma contingência real, acredito que não haveria a
necessidade de analisá-las por causarem sofrimento. Não é novidade para ninguém que
as próprias contingências se encarregam de causa-los e criar regras para controlar
comportamentos que evitem ou minimizem esses sofrimentos é um comportamento
adaptativo que a cultura se incumbe de modelar. A necessidade maior de análise se dá
quando a regra não especifica uma contingência verdadeira, ou seja, quando a regra
refere-se a um tipo muito particular de experiência que ocorre em determinado período
curto de tempo - quase uma coincidência de “mau-gosto" - que faz com que ela
especifique, acidentalmente, uma contingência que não existe.
Pela literatura sobre comportamentos supersticiosos (Ferster, Culbertson e
Boren, 1977), quando a uma resposta segue-se temporalmente determinados eventos
prazeirosos ou que tragam algum alívio a quem a emitiu, ainda que não exista uma
relação de causa e efeito entre resposta e eventos subsequentes, essa coincidência
temporal é suficiente para manter essa resposta.
É então a este tipo de comportamento que eu vou referir-me daqui para a frente
criar regras a partir de uma visão muito particular de mundo, essa regra deve descrever
uma relação de causa-efeito entre respostas e eventos inexistente e modular lim segundo
comportamento que, quando emitido, traz sofrimento à pessoa que o emite ou a outras
pessoas próximas a ela.
Um exemplo
Para tornar mais claro o que venho expondo até agora, gostaria de ilustrar esta
apresentação com uma análise sobre os comportamentos de um rapaz que estou
atendendo, indicado por um psiquiatra3.
Esse rapaz, agora com 20 anos, veio com a queixa de pensamentos obsessivos
de autolesão, que faziam com que ele não pudesse concentrar-se nas suas atividades do
dia-a-dia. Acompanhando esse quadro, vinha a suspeita do psiquiatra de que ele “tivesse"
uma depressão.
Iniciei a análise com o "destrinchamento" da queixa. Em primeiro lugar procurei
saber por que o psiquiatra considerava que ele "tivesse" uma depressão. Segundo o
relato do próprio rapaz, que chamarei de Luís (nome fictício), era porque ele não "tinha
vontade" de fazer nada o dia todo.
“Li" essa descrição como se ele estivesse me dizendo: não existe nada no meu
3 Nâo será analisado, neste trabalho, o papel da medicaçlo prescrita pelo psiquiatra. Embora esse papel exista, neste
caso ela propiciou condições biológicas suficientes para que Luls pudesse investir nas mudanças comportamentais que
a terapia sugeria. Depois de retirada a medicação, as mudanças no repertório comporlamental permaneceram.
ambiente que reforce meus comportamentos. Pedi a ele que me descrevesse suas
atividades diárias, que eram as seguintes: levantava-se da cama e ia para a faculdade,
cursar três disciplinas de primeiro ano nas quais havia sido reprovado no primeiro período
de curso. Por ter ficado em dependência em três disciplinas não cursava mais nenhuma
porque não era possível, pelo regimento da faculdade, seguir adiante em seu curso
nessas condições. Chegava à faculdade em tempo suficiente para não se atrasar para o
início das aulas. Durante as aulas não conseguia concentrar-se e prestar atenção, embora
tentasse entender tudo o que os professores falavam. Saía da faculdade tão logo suas
aulas terminassem, voltando para sua casa. Lá, em sua casa, passava o resto do dia em
companhia de sua mãe, que mostrava preocupação o tempo todo com possíveis acidentes
que poderiam acontecer com seu pai - que é executivo e passa o dia inteiro em seu
escritório. Era nesse período, em sua casa, que os pensamentos obsessivos de autolesão
apareciam. Esses pensamentos de autolesão eram basicamente os seguintes: sentia
medo de ter vontade de jogar-se pela janela, ou de enfiar o lápis no olho, de cortar sua
mão com a faca, etc. Quando o pai chegava em casa, à noite, sua mãe expressava o mais
profundo alívio porque nada acontecera a ele (pai). Jantavam todos juntos e ele retirava-
se para seu quarto depois de tomar um indutor de sono, quando deitava e assistia
televisão que concorria com os pensamentos de seus medos, até ter sono e dormir.
Nos finais de semana, não saía porque não tinha amigos e não gostaria de sair
sozinho - na verdade não tinha a menor ideia de onde poderia ir sozinho e sentir-se-ia
muito rejeitado se o fizesse. Não gostava de sair com seus pais, que faziam programas
chatos, como ír a concertos ou assistir óperas em casa de casais amigos, ficando Luís,
portanto, em casa entregue aos seus pensamentos obsessivos de autolesão.
Numa análise rápida podemos perceber que ele estava inserido num ambiente
extremamente pobre de fontes de reforçamento.
Tentei obter informações complementares sobre os fatos que causavam-lhe mais
sofrimento. Em relação aos pensamentos obsessivos que lhe acometiam, tudo o que
sabia dizer sobre eles era que, no final do dia, tinha uma sensação de alívio por não terem
se concretizado - exatamente como sua mãe que agradecia a Deus pelo marido ter
chegado são e salvo à casa, depois de tanta preocupação que ela passara.
A hipótese que formulei depois dessa descrição era a de que este “alívio", o melhor
sentimento que esse rapaz tinha durante todo o seu dia, era provocado pelos pensamentos que
sinalizavam uma possibilidade de autolesão, que não aconteceria. Exatamente como sua mãe,
ele havia aprendido a “esquivar" de possíveis acontecimentos ruins “pensando" que eles
poderiam acontecer. Sabidamente os comportamentos supersticiosos dessa natureza são
mantidos porque são seguidos temporalmente pelo não-aparecimento do aversivo que "tentam
evitar". Uma grande parte de comportamentos supersticiosos que emitimos aparentemente têm
essa função: evitar aversivos. Amuletos, correntinhas, cristais, e outras coisas parecidas que
portamos conosco servem para “dar-nos proteção" dos males que nos circundam. Orações,
mentalizações, velas para o anjo-da-guarda, incensos que acendemos, água fluidificada que
bebemos servem para “limpar o ambiente", o corpo e a alma dos maus fluidos.
Continuando com a minha hipótese eu supus que esse rapaz acreditasse que evitava
aversivos com seus pensamentos sobre autolesão - e sentia-se aliviado quando
os evitava. Desde que encontrava-se inserido num contexto pobre de reforçadores, esse
alívio era exatamente reforçador para ele. Aprendeu a obtê-lo provavelmente observando
sua mãe com suas preocupações que “aparentemente" protegiam seu pai. E por imitação,
passou a sentir o comportamento de “pensar na vontade de autolesão que elevava muito
sua ansiedade, seguido pela não consecução do ato que o pensamento especificava, e
isso era acompanhado de alívio.
Conforme já apontei, ninguém estranharia o comportamento de usar um patuá,
compartilhado por grande parte das pessoas, com histórias de vida semelhantes nesse
sentido: usá-lo e ser “protegido” dos males da vida. Se os males acontecerem, mesmo
usando o amuleto, as pessoas em geral se perguntam o quanto não teria sido pior se não
o tivessem usado! Mas ter pensamentos de autolesão para sentir-se aliviado é um
comportamento muito particular - e por isso, algumas vezes interpretado como patológico.
Funcionalmente são idênticos - evitam aversivos, são modulados por regras que se
descrevem contingências reais - nada tem a ver usar amuleto e evitar os males da vida.
A diferença reside no fato de que usar um amuleto, em geral não causa sofrimento; no
caso de Luís, seu comportamento supersticioso causava sofrimento pelo aumento da
ansiedade que provocava.
Quando deparei-me com esse quadro tanto de queixas quanto de hipóteses,
resolvi não dar atenção aos comportamentos obsessivos e iniciei uma estratégia de
aumentar o número de fontes de reforçamento no ambiente dele. Minha conduta clínica
estava orientada pela crença de que, se fosse possível oferecer a Luís reforçadores mais
poderosos do que o sentimento de “alívio", e se minhas hipóteses todas fossem
verdadeiras, os comportamentos obsessivos cessariam.
Um dos aspectos que deveriam ser analisados era a dificuldade que Luís
apresentava em seguir seus estudos. Ficar em dependência em três disciplinas num
período de urna faculdade, antes de parecer um problema de incapacidade intelectual ou
de depressão pareceu-me um problema de escolha profissional. Quando perguntado por
que havia escolhido essa faculdade para cursar não soube dizer. Sabia que trabalhar com
Economia (a faculdade que cursava) não era exatamente a profissão que queria exercer,
mas quando prestou o exame vestibular sabia que seria fácil entrar naquela faculdade.
Além do mais, se parasse esse curso agora, não gostaria de ter que passar novamente
pelo exame vestibular e não saberia com qual curso poderia substituir a faculdade que
está cursando. Por não saber a resposta a essa questão, continuava fazendo a mesma
coisa. Aqui revelam-se algumas regras. “Se não se sabe com o que mudar, não se deve
mudar"; também percebi que o exame vestibular deve ter sido uma situação aversiva para
ele já que ele dizia claramente que “vestibular, nunca mais!" (a segunda regra). Mas, para
que ele possa vir a ter reforçadores na área profissional e se quiser manter um nível
universitário ele terá que prestar um novo exame. Disso eu sabia, e ele tentava no mínimo
não ver essa contingência. Com o objetivo de aumentar a motivação para prestar um novo
exame, eu me esforcei em descobrir reforçadores para o pós-vestibular. Conforme fui
perguntando a ele que disciplinas nos 1* e 29 ciclos ele “gostava" mais (na verdade estava
tentando descobrir o que algum dia havia reforçado o seu comportamento), ele foi
percebendo que havia feito uma má escolha quando optou por Economia. Como não
vislumbrava a possibilidade de trabalhar na área da disciplina que “gostou" um dia na vida
(Geografia) escolheu a profissão pela facilidade de entrar na faculdade. Foi reforçado por
prestar o exame nessas condições, mas esse reforçador
Bibliografia
CATANIA, A.C. (1984) Learning. Englewood Cliffs, NewJersey: Prentice Hall. Capítulo 9 “Verbal Behavior", 220-250 .
DE ROSE, J.C.C. (1993) Classes de Estímulos: implicações para uma análise
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ZETTLE, R. D. (1990) Rule governed behavior: a radical behavioral answer to the Cognitive Challenge. The Psychological Record, 40, 41-49.
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APRENDIZAGEM POR
CONTINGÊNCIA E REGRAS
Quando falamos em aprendizagem, geralmente estamos nos refe-
rindo à promoção de mudanças desejáveis e relativamente permanen-
tes nos indivíduos, nas diversas áreas que o compõem: psicomotora,
afetiva, social, intelectiva etc. Na verdade, as pessoas que participam de
um processo de aprendizagem adquirem novos comportamentos e os
incorporam ao conjunto de experiências vividas, apresentando ca-
pacidades e habilidades que não existiam antes e podendo, ainda,
modificar comportamentos anteriormente adquiridos.
Do ponto de vista psicopedagógico, a educação é considerada
como um processo de ensino-aprendizagem, ou seja, um processo de
interação entre a pessoa que ensina e o indivíduo que aprende, objeti-
vando produzir mudanças comportamentais na pessoa que aprende. Por
isso, é importante, por exemplo, compreender como uma criança
aprende algo, ou melhor, como o comportamento da criança é ensina-
do e aprendido, pois tal conhecimento permite aos pais analisar as
atitudes da criança e decidir sobre o que fazer para educá-la.
Já que estamos falando em aprendizagem, torna-se necessário
esclarecer o seu conceito. Para alguns autores, a aprendizagem é con-
siderada como o processo pelo qual o comportamento, ou a habilida-de
para desenvolver um comportamento, é modificada pela experiên-cia.
Nesse sentido, quando a criança experiência a consequência de seus
atos, ela está aprendendo. Vários comportamentos têm uma con-
sequência naturalmente reforçadora, como coçar-se, chupar o dedo,
correr, cantar, brincar com uma bola; nesses casos, a consequência é
inerente à própria experiência, fazendo parte da ação em si.
Entretanto, há circunstâncias em que as consequências naturais da
ação não parecem ser suficientes para estabelecer ou manter a
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SEJA CLARO
É necessário também que o limite seja enunciado de modo
claro, para evitar ambiguidades. Se dissermos “a parede do quarto
não é para ser riscada; só de vez em quando”, a criança
provavelmente fi-cará confusa e poderá se perguntar: “Devo ou
não riscar a parede?”, “quando é de vez em quando?” Portanto, a
clareza dos limites é um aspecto fundamental para aumentar a
probabilidade de seu seguimen-to pela criança.
SEJA BREVE
Além de serem claros, os pais precisam ser breves ao
estabelecer os limites. Isso implica ser conciso, ou seja, ao fixar
um limite, não devemos nos perder fazendo mil rodeios, ou
fornecendo justificativas intermináveis a nossos filhos. Ao
contrário, os limites precisam ser colocados de forma resumida,
enfatizando-se apenas o ponto central da questão.
SEJA FIRME
É importante ser firme ao estabelecer limites para a criança. Os
pais precisam dizer “não” de maneira decidida, sem hesitação, exi-bindo
firmeza em suas palavras, sua postura, seu olhar e seu tom de
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voz. A criança logo percebe quando a palavra “não” dos pais é acom-
panhada por outros indícios (postura, olhar, tom de voz) que a con-
tradizem, expressando mais um “talvez” do que um “não”. Assim, nos
casos em que os limites são estabelecidos com hesitação, a crian-ça
tende a não levá-los a sério. Além disso, se a criança notar que os pais
estão inseguros, então ela irá optar pelas ações que lhes são mais
recompensadoras, as quais podem ser as mais indesejáveis.
SEJA CONSISTENTE
Os pais precisam ser consistentes ao estabelecer limites, ou
seja, devem se comportar sempre da mesma forma em relação a
determi-nados comportamentos de seus filhos. Por exemplo, o limite
“Não se deve pular no sofá” deve ser mantido mesmo quando os pais
estão de bom humor, ou estão excessivamente cansados para reagir
pronta-mente diante dos pulos da criança no sofá. Do mesmo modo,
os pais devem evitar voltar atrás, retirando um limite previamente
estabeleci-do. De fato, os pais não devem permitir aos filhos fazer
coisas que, em outras situações, não seriam permitidas, pois isto
dificulta a dis-criminação pelos filhos daquilo que é desejável e
daquilo que não o é, além de acabar reforçando o comportamento
indesejável da crian-ça.
É possível haver inconsistência quando os pais discordam quanto
aos limites a serem estabelecidos para o comportamento da criança,
uma vez que eles são duas pessoas diferentes, com valores, hábitos e
costumes que jamais coincidem completamente. Neste caso, os pais
precisam conversar para poderem definir alguns limites básicos e como
vão proceder em determinadas situações. Eles precisam chegar a um
consenso para evitar a exposição da criança a mensagens con-
traditórias ou a circunstâncias em que o pai desdiz o que a mãe diz e
vice-versa, provocando confusão e insegurança na criança e a possi-
bilidade de ela passar a manipular os pais para obter o que deseja.
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Comportamento Humano - Tudo (ou quase tudo) que você precisa saber para viver melhor. Orgs. Maria Zilah da Silva Brandão,
Fátima Cristina de Souza Conte, Solange Maria Beggiato Mezzaroba. 1 a ed. Santo André, SP: ESETec Editores Associados, 2002.
158p.21cm
2002
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Marcelo E. Beckert2
*****
Não será nenhuma novidade afirmar que o mundo atual é, para grande parte de sua
população, injusto e desagradável. Infelizmente, ainda nos deparamos com situações em que o
mais importante não é a vivência, mas a sobrevivência, prevalecendo o ter o que comer, o que
beber, onde dormir e viver. De fato, grande parcela da população mundial vive na miséria, lutando
pela sobrevivência física. No entanto, também há grande número de pessoas lutando por sua
sobrevivência emocional, afetiva e psicológica.
Nas sociedades em que o cidadão recebe boas condições de vida, nunca se deu tanto valor
aos 'prazeres da vida' como agora, neste início de milênio. Se fôssemos buscar estatísticas das
indústrias de turismo, entretenimento, esportes e, até mesmo, do sexo, certamente encontraríamos
ascensão nos investimentos e aumento nos lucros. Nunca houve tanta oferta de diversão.
Entretanto, um efeito contrário e paralelo ao primeiro pode ser facilmente observado. Embora
pareça paradoxal, o homem nunca sofreu tanto! E há muitos tipos de sofrimento. Estudos transculturais
apontam que entre 10 e 25% da população mundial, independente de classe social, cultura ou religião, irá
experienciar um episódio de depressão maior durante a vida. Conforme dados da Associação Americana
de Psicologia, por volta de 5% da população americana está vivenciando atualmente um episódio de
depressão, e pelo menos 10% das pessoas com depressão maior terminam suas vidas com suicídio - isso
apenas em relação aos transtornos do humor.
1
Este trabalho é baseado em palestras que o autor apresenta em empresas e para a comunidade em geral. A fim de
oferecer uma leitura menos rebuscada e mais fluída, será privilegiado um estilo menos acadêmico e mais informal.
Será apresentada, ao final do texto, uma bibliografia básica de orientação aos que desejarem conhecer melhor a
literatura sobre esse assunto.
2
Mestre em Processos Comportamentais pela UnB - Docente do Instituto Brasiliense de Análise Comportamental
(IBAC) - Contato: marbeckert@onix.com.br
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Diante desse contexto, a expressão "qualidade de vida" vem se tornando cada vez mais comum,
refletindo melhor o desejo do homem moderno. Se tiver condições de viver - e não apenas de sobreviver
-, que viva bem, com qualidade.
O objetivo aqui será discutir tão desejada meta, buscando uma definição de qualidade de vida
simples e prática o suficiente para que você, leitor, possa refletir, de forma mais pessoal, sobre a própria
vida, sobretudo a emocional e afetiva. Definições erróneas e complexas demais serão evitadas.
Buscaremos apresentar a proposta mais simples possível.
Vamos discutir três desafios que deveríamos assumir para uma vida com qualidade e refletir sobre
possíveis mudanças necessárias nesse caminho.
Dois ALERTAS! O objetivo aqui não é a escolha de um melhor método ou de uma melhor forma
de pensar sobre medidas preventivas da depressão. Tampouco a meta é apresentar material de auto-ajuda.
A proposta é oferecer recursos para analisar e refletir sobre a própria vida. Conseguir implementar algumas
mudanças necessárias poderá tornar-se mais fácil se você entender e conhecer melhor o que acontece na
sua relação com o mundo. Aqui vale aquela máxima da psicologia: não é possível controlar o que não se
conhece. Entretanto, não há aqui o propósito de substituir um trabalho terapêutico formalizado.
Durante a discussão, você será convidado a participar de quatro exercícios que visam a
facilitar essa auto-reflexão.
1
Madi (2001, p.183).
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filosofia uma estratégia de análise conceituai: o que está no pólo oposto e não é compatível com a ideia de
qualidade de vida? Vamos imaginar, em um extremo, uma pessoa dizendo "eu vivo uma vida com
qualidade" e, no outro extremo, alguém dizendo "na minha vida eu posso ter tudo, menos qualidade". Essa
segunda verbalização, de vida sem qualidade, é bastante comum na fala de clientes com queixa de
depressão. Na prática clínica observamos que essas pessoas frequentemente dizem "não tenho o que mais
desejo", "minha vida está descontrolada e não depende de mim" e "não percebo as coisas positivas de
minha vida". Por outro lado, a ideia de viver com qualidade aproxima-se de vida feliz e autónoma,
predominando verbalizações do tipo "tenho o que mais desejo", "tenho controle sobre minha vida e isso
depende de mim" e "percebo as coisas positivas de minha vida".
Assim, a definição aqui proposta faz prevalecer a simplicidade e a parcimônia: a ideia de qualidade
de vida talvez esteja em oposição à da depressão. Buscando-se uma, estaremos prevenindo a ocorrência
da outra.
Lista de sintomas: para quê? Há forte tendência de pacientes serem diagnosticados a partir dos
sintomas que sentem. Na medicina é assim, mas o mesmo não deve ocorrer necessariamente na psicologia.
Na edição mais recente do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-FV), a
referência mais utilizada para efeito de psicodiagnóstico, há uma longa lista de possíveis sintomas de uma
pessoa com TDM. Essa lista inclui comportamentos como humor irritável, isolamento da família ou do
grupo social, deterioração de desempenho académico e mudanças significativas no apetite ou sono.
Segundo o modelo tradicional de avaliação psiquiátrica, quem apresentar alguns dos sintomas dessa lista
poderá receber diagnóstico positivo para TDM. Esse modelo de diagnóstico, que chamamos de avaliação
topográfica de comportamentos, apresenta uma série de riscos.
Em primeiro lugar, cabe salientar a alta probabilidade de diagnósticos "falso positivo". Ou seja,
pessoas serão diagnosticadas como acometidas de depressão, mesmo que isso não seja verdadeiro. Há
também risco de o diagnóstico estar mais relacionado a outro distúrbio que não o TDM. Apenas para se ter
uma ideia da complexidade do diagnóstico diferencial, que é preconizado como "a base do trabalho
clínico", para diagnosticar o TDM o clínico deverá excluir a possibilidade de o paciente estar apresentando
uma série de outras condições, tais como transtornos bipolares tipo I ou II, transtorno do humor induzido
por substância ou devido à condição médica geral, transtorno distímico, transtorno esquizoafetivo,
transtorno delirante ou psicótico sem outra especificação ou demência. É fácil a sobreposição de sintomas
e, conseqüentemente, o erro no diagnóstico preciso.
Outro risco é a desconsideração de aspectos contextuais da vida do paciente. A perda do emprego,
um divórcio ou uma reprovação poderá fazer com que a pessoa apresente vários daqueles sintomas, sem,
no entanto, estar com um transtorno depressivo.
Um terceiro risco é a maior facilidade para o autodiagnóstico e o consequente erro. Sempre deverá
ser considerada a possibilidade de o "depressivo" estar tendo benefícios secundários. Ou seja, a família,
os amigos ou a própria sociedade poderá estar tratando aquela pessoa de forma tão diferenciada, por causa
do seu estado depressivo, que a depressão poderá parecer-lhe vantajosa. Já vi casamentos mantidos pela
"depressão" de um dos cônjuges, ou de um filho.
Uma última consideração sobre o diagnóstico psiquiátrico tradicional. Digamos que um
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paciente tenha sido enquadrado no código 296.2 e do DSM-IV e que esse diagnóstico esteja 100% preciso.
A pessoa terá então um "transtorno depressivo maior de episódio único e com aspectos atípicos". E daí?
Em que essa nomenclatura poderá ajudar? Não há uma característica para definir especificamente a
depressão, e cada pessoa poderá apresentar peculiaridades sintomatológicas. O trabalho clínico precisa
necessariamente investigar profunda e exaustivamente as singularidades daquela história de vida, e não
seu aspecto estatístico e comum a outros casos.
Diante desse quadro, não há como compactuar com o sistema topográfico tradicional de
diagnóstico, o que aumenta a necessidade de um sistema alternativo de avaliação e diagnóstico.
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depressão está relacionada àquilo que serve de causa da própria depressão. Então, o tratamento proposto
pela Análise Comportamental Clínica não tem como objetivo modificar o sentimento da depressão, mas
sim o que a causa. Ninguém consegue ser ativo sobre seus sentimentos, mas poderá agir sobre suas ações,
buscando mudanças em sua interação com o mundo. De forma análoga, para mudar minha alergia a pêlos
de gato, o melhor a fazer é agir sobre a causa da alergia. Posso evitar gatos, tentar dessensibilizar-me por
meio de vacinas ou aumento gradativo do meu contato com pêlos ou ainda procurar um tipo de gato sem
pêlos (se fizer questão de ter um e não me importar com os sustos que as pessoas terão quando virem meu
gato).
Em suma, mudando a interação com o mundo, pode-se evitar a depressão ou sair dela. A próxima
questão é: o que mudar?
O leitor poderá estar-se questionando agora sobie casos de depressão por causas endógenas. De
fato, desequilíbrios na ação de hormônios produzidos pelo organismo poderão causar um quadro de
sintomas depressivos. Apesar de ser uma questão controversa, analisando alterações hormonais e
comportamentos, o que é causa e o que é efeito? O que é o ovo e o que é a galinha? Não gostaria de fazer
dessa discussão uma celeuma, mas muitas vezes fico com a hipótese de que viver de "forma depressiva"
causa depressão.
Talvez agora você tenha uma ideia melhor do que seja depressão e tenha conhecido uma forma
diferente de analisá-la. Consequência natural do questionamento aqui proposto são três tarefas que, uma
vez assumidas, poderão facilitar consideravelmente uma vida com melhor qualidade e, por consequência,
mais distante da depressão.
Os Três Desafios
• Primeiro Desafio: Buscar as causas corretas
Um dos grandes desafios da psicologia é estudar possíveis explicações para os comportamentos
humanos, incluindo os sentimentos. Acredito seja este o maior objeto de estudo da psicologia científica -
a causa dos comportamentos -, que servirá posteriormente para facilitar as duas grandes metas de qualquer
prática científica, predição e controle.
Será válido refietir como você explica seus comportamentos. Proponho então o primeiro
exercício. Pense bem sobre essa questão: você namora porque ama OU ama porque namora?
Vamos lá, não vale "os dois" ou "ora um ora outro". Escolha o que seja mais de acordo com a sua
forma de pensar, com sua filosofia pessoal.
Quando faço essa pergunta em sala de aula, a imensa maioria dos alunos juram que namoram
porque amam... Ah, o amor romântico! Quer dizer que eu somente poderei namorar alguém se sentir amor
por essa pessoa. Isso significa pensar que eu tenho dentro de mim alguma coisa chamada amor, que fica
esperando, em estado de dormência, até que, em algum momento, vai despertar, consumir-me, entrar em
ebulição e, então, eu estarei perdidamente envolvido: estarei amando!
Será mesmo?
Acreditar que namoro porque amo é o mesmo que acreditar que Pedro bateu em João porque estava
com raiva. Predomina em ambos os casos a noção de que os comportamentos são causados por sentimentos
que estão dentro de cada um de nós. Prevalece aí um paradigma de causalidade interna, em que os
sentimentos, emoções, cognições e demais eventos mentais têm vida própria e servem de causa para nossos
comportamentos. A partir desse ponto, é comum as pessoas dizerem "preciso deixar a tristeza para lá" ou
"tenho que parar de odiar meu patrão... isso me faz mal". No entanto, sentimentos não são alterados por
decreto, e a pessoa fica esperando deixar de sentir tristeza ou ódio para, assim, poder viver uma vida
diferente. O resultado disso é uma postura passiva diante da vida, e a pessoa sempre ressaltando "o que a
vida faz comigo...". Os anos passam, e ela continua na mesma.
O primeiro passo, buscar as causas corretas, significa rever o paradigma de causalidade,
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fazendo prevalecer o paradigma externo e histórico, que substitui o interno, anteriormente descrito. Essa
mudança não é simples. Vivemos numa cultura mentalista, em que a causa de nossos sentimentos vem de
dentro, mais especificamente de nossa mente. Pouco tempo atrás, surpreendi-me com minha filha de três
anos dizendo que mordeu a irmã porque estava com raiva dela. Foram necessários alguns minutos para
mostrar que ela não gostara de a irmã ter tomado seu brinquedo, tendo feito algo para recuperá-lo.
Possivelmente, nenhum bebé conseguirá brincar sentindo a dor de uma mordida. Soltará a boneca, e a
missão da outra estará cumprida! Isso não significa dizer que ela não tenha sentido raiva, mas esse
sentimento foi um efeito de sua interação com o ambiente, mais especificamente com a irmã. Mais do que
causa, é efeito. Se desejo mudar o sentimento - raiva -, devo mudar possíveis interações com o mundo.
Instruir minha filha de que a menor poderia
facilmente envolver-se com outro brinquedo e largar sua boneca parece ter sido uma boa ideia; novas
dentadas não surgiram.
Gosto sempre de perguntar àqueles que "namoram porque amam" e "batem porque sentem raiva":
se o comportamento vem como consequência do sentimento, de onde vem o sentimento? Uma pessoa
casada há 30 anos sente a mesma coisa do início da vida conjugal? Se eles sofreram mudanças fortes na
relação, o sentimento terá permanecido estável e imutável? Prefiro pensar que amar é agir amorosamente.
Digo aquilo em que eu e todo terapeuta analista do comportamento acreditamos: quer mudar o
sentimento? Mude a interação com o mundo!
Essa regra ilustra um ponto de convergência com a ética, a religião e a filosofia do Budismo.
Segundo esse referencial, "o hoje é um presente que nosso passado nos oferece". Reparem no duplo
sentido de "presente". O que vivemos hoje é uma oferta, consequência das interações que tive com o mundo
no meu passado. Nesse sentido, quer controlar seus sentimentos? Não ponha o foco de suas preocupações
no sentimento, mas nas ações que pratica. Se seus comportamentos forem incompatíveis com um estado
de depressão, você já estará tratando dela.
Essa questão já foi muito mal interpretada por aqueles que afirmavam que a Análise do
Comportamento não dá a relevância necessária aos sentimentos, preferindo uma observação mais fria e
insensível aos elementos emocionais. Esse é o resultado de visão deturpada de como nós, analistas do
comportamento, pensamos. Um sentimento é algo tão importante e legítimo que senti-lo estará sempre
correto. Não há sentimento sem causa, mesmo que aparentemente indecifrável. O mesmo ocorre com a
dor física. A dor tem uma função, e nenhum tratamento será eficaz se apenas focalizá-la. Tente tratar uma
dor de dente com xilocaína. Todo tratamento sério deverá, necessariamente, priorizar o controle das causas
de determinado sintoma indesejável, mesmo que comece com anestésicos.
A resultante disso é uma postura ativa diante da vida. Penso ser bom indício do sucesso da terapia
quando o cliente troca aquele "o que a vida faz comigo" por "o que eu faço com minha vida". Isso me faz
recordar uma cliente que chegou com queixa de muito cansaço e dores musculares. Na primeira sessão,
ficou claro para ela que estava trabalhando além do que poderia e deveria. Saiu do consultório afirmando
enfaticamente "nunca fiquei tão ansiosa e nervosa... não posso mais viver em função do trabalho... preciso
dar jeito na minha vida". Naquele momento, tive a certeza de que sua terapia seria breve e bem-sucedida.
Menos de 20 sessões depois, pude confirmar isso com a alta da cliente.
Em suma, tirar as causas de nossas emoções de dentro da gente e colocá-las na interação que
temos com o mundo e com nossa história de vida é o primeiro desafio. O Quadro l ilustra como esse
processo ocorreu com três pessoas com queixa inicial de depressão.
Observe as diferenças entre a primeira coluna e a terceira. Na primeira, predominavam causas fora
do controle da pessoa. Nada podia fazer com suas vida enquanto pensassem assim. Na terceira coluna, há
uma nova forma de ver a vida, incluindo sua depressão. A partir dessa nova forma de ver seu mundo, a
pessoa poderá encontrar formas de
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Aula5 – Teorias e Técnicas Psicoterápicas em Análise do Comportamento
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Quais são as Sobre sua vida atual: o que você Reformulação da primeira
causas de sua anda fazendo de diferente (a mais análise (considerando vida
depressão ou a menos)? atual); nova forma de ver a
(primeiro própria vida.
momento)?
Cliente "Sou assim "sempre fiz as coisas que me "faço o que posso; não sei lutar
1 mesmo... sempre falavam para fazer... nunca tive pelas coisas que realmente
fui" coragem de bater de frente com quero... gostaria de ter mais as
ninguém" rédeas das minhas coisas"
Cliente "Acho que é a "eu não saio de casa... acho ridículo "não consigo achar que alguém
2 menopausa uma pessoa de minha idade sair da minha idade possa fazer
chegando" para namorar" algumas coisas e ser feliz...
preciso conseguir fazer aquilo
que acho legal, independente de
ser uma coroa"
Cliente "Todas as mulheres "depois que casei, eu vivo apenas "não sei fazer nada que seja
3 de minha família em função do meu marido e filhos, positivo apenas para mim, sem
ficam deprimidas mesmo que eles não façam o incluir minha família"
depois de casarem" mesmo; com minha mãe e irmãs foi
o mesmo... fazer o quê?"
retificar aspectos indesejáveis e/ou danosos em sua interação com o mundo. Essas três reformulações -
aumentar o controle ou autonomia sobre a própria vida, livrar-se de preconceitos e tabus sobre si mesmo
ou evitar que a família seja colocada, inexoravelmente, como prioridade levam a mudanças factíveis e
poderão ter como consequência uma vida menos depressiva.
O primeiro desafio, buscar as causas corretas, é, quase sempre, um primeiro objetivo em
psicoterapia. Isso, não significa dizer que somente será possível alcançar essa mudança por meio da
terapia, embora a ajuda profissional seja um grande auxílio.
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Agora que você já pensou e concluiu sobre suas regras mais importantes, podemos discutir um
pouco os possíveis efeitos de regras muito fortes e inflexíveis em nossos comportamentos. Algumas vezes,
tais regras são passadas pela cultura ("homem não chora"), família ("filha minha só vai para cama com um
homem depois de casar"), grupos sociais ("quem não bebe é careta") ou cônjuge ("homem trabalha e
mulher cuida da casa"). Outras vezes, essas regras são estabelecidas pela própria pessoa, sendo conhecidas
por auto-regras.
Vários analistas do comportamento investigaram, em suas pesquisas, características de
comportamentos que ocorrem essencialmente para seguir regras que a pessoa tem. Uma conclusão dessa
linha de pesquisa pode ser colocada da seguinte forma (que meus colegas mais formais e académicos me
perdoem!): o comportamento é uma coisa viva e está sendo controlado por um processo de seleção (se
fosse bicho, seria a seleção natural de Darwin). Os comportamentos mais "adaptados" sobrevivem e
continuam, enquanto os não-adaptados são extintos. Ou seja, uma pessoa deverá ter condições de emitir
comportamentos variados para que o mais eficaz, o que traga melhores consequências, seja selecionado e
fortalecido.
O que acontece com comportamentos fortemente mantidos por regras? Eles facilmente são
selecionados por levarem mais rapidamente às consequências desejadas e, assim, outros comportamentos
não serão mais emitidos. O resultado disso é que a variabilidade comportamental diminui; com o tempo,
na busca de determinado objetivo, apenas uma resposta é emitida. Dados de pesquisa1 comprovam que,
tornando estável um comportamento, a sensibilidade também se reduzirá drasticamente. E o que é
insensibilidade comportamental? É simplesmente a manutenção de um comportamento previamente
instruído ou modelado, prejudicando a emissão de novas respostas.
Trocando em miúdos: os comportamentos dirigidos por regras são geralmente bem-sucedidos em
algum momento, levando a consequências positivas. É como se fossem as receitas do sucesso particular de
cada pessoa. Assim, eles se fortalecem de tal forma que ficam insensíveis às mudanças no mundo. Esses
comportamentos, de fato, são bem-sucedidos por algum tempo, o que aumenta a possibilidade de seguir a
regra. Posteriormente, contudo, as pessoas que os emitem passam a ter
1
Ver Joyce & Chase (1990)
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de sua ineficácia. Como discutido no primeiro desafio, a ênfase não está em mudar o sentimento (ou a
crença), mas os comportamentos que levam ao sentimento. Lembro-me de uma sessão em que disse a Ana:
"Tudo bem, então você me convenceu de que é realmente incompetente. Está certo, você é uma profissional
horrível. Mas me diga uma coisa: como seria a vida profissional de uma estilista competente?" Pode parecer
incrível, mas ela ficou aliviada com minha observação e depois de quase meia hora apresentando
características do trabalho dessa profissional competente, estabelecemos uma tarefa. Ela deveria escolher
uma ou duas dessas características e fazer o possível para agir daquela forma. Na sessão seguinte, Ana
disse ter esquecido a tarefa, tendo-a cumprido mesmo assim. Assim o fez porque "agir de forma
competente" já era algo natural a ela. Aos poucos, Ana foi-se expondo a novas relações de comportamento
(trabalhar) e consequências (indicações e feedbacks). Suas crenças, ou autocrenças mudaram, mas como
consequência de seus novos comportamentos, e não como causas deles.
Voltemos as suas regras. Refuta sobre cada uma delas tentando lembrar em que época de sua vida
elas surgiram. Naquela época, elas serviam como dica ou receita para você vencer alguma dificuldade ou
obter algum êxito? E hoje, elas ainda são úteis? Atualmente, quais as coisas que não são aceitas ou
permitidas por essas regras? Será que você está privando-se de algo, desnecessariamente?
Então, mais uma vez, quais são as coisas que você não poderia fazer no passado, não fazia e
continua sem fazer, mesmo que agora as possa fazer? Que tal tentar alguma dessas coisas? Como enfatiza
Maly Delitti1: procure rever regras falsas e dê uma chance às consequências naturais de seus
comportamentos!
Na prática clínica, observo que essa exposição ao novo pode ser muito complicada. Considerando
a força de regras transgeracionais, passadas de pai para filho, brinco que nossa "cabeça" tem 100 anos.
Sofremos influências diretas de pelo menos duas gerações, a de nossos pais e a de nossos avôs. Diante
desse quadro, é fácil observar que obedecemos a regras que não foram criadas por nós e que são hoje
inadequadas. Isso pode trazer efeitos bastante danosos a nossa qualidade de vida e saúde emocional.
Escolhi apenas um desses efeitos prejudiciais para discussão: a dificuldade no equilíbrio entre
os três universos mais importantes de um adulto: o universo pessoal, o conjugal e o familiar.
O universo pessoal envolve intimidade, privacidade, prazeres pessoais, vaidade, hobbies,
trabalho, carreira, estudo, saúde, sonhos, desejos, amigos.
O universo conjugal apresenta uma particularidade da aritmética, quando 1 + 1=3. Exemplo: João,
com 40 anos, está casado há 10 com Maria, de 35 anos. Teremos então na união de duas pessoas, três
universos: o de João com 40 anos de história, o de Maria, com 35 anos e uma terceira história, a do casal,
com 10 anos de vida. Desse universo fazem parte namoro, sexo, afeto, desejos e sonhos em comum e as
regras e normas para a vida a dois. Um adulto solteiro poderá vivenciar esse universo quando na relação
com namorada ou simplesmente com uma pessoa que o atraia emocionalmente.
O universo familiar inclui filhos, pais, parentes e os melhores amigos, os "brothers", na gíria dos
adolescentes.
Sobre esses três mundos, mais um exercício de reflexão para você, o terceiro. Na sua vida atual.
quais são os investimentos que você faz...
Em você:____________________________________________________________________
No casal (parceiro): ___________________________________________________________
Na família: __________________________________________________________________
1
Delitti (l997)
40
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Em você:____________________________________________________________________
No casal (parceiro): ___________________________________________________________
Na família: __________________________________________________________________
Agora você poderá analisar o "peso" de cada universo na sua divisão de recursos. A que conclusão
você chega?
Isso me faz lembrar a regra de ouro do bom investidor: "diversifique seus investimentos". Aplicar
tudo o que tem em apenas um tipo de investimento é um grande risco. Seguindo essa sugestão, seria boa
ideia a pessoa dividir seus sonhos, fantasias, expectativas, vivências, investimentos e atenção entre as três
"aplicações". Não que seja necessário destinar exatamente 1/3 para cada universo, mesmo porque, não há
como quantificar isso. O importante é evitar que um universo seja esquecido enquanto outro fica
sobrecarregado.
E quais seriam os efeitos da desigualdade? É só você pensar no investidor que aplicou demais em
ações duma empresa que pouco tempo depois vem a falir. No caso da estilista Ana, por exemplo,
investimentos pesados na esfera familiar estavam pondo em jogo sua vida profissional, na esfera pessoal.
A velhinha que ficou viúva e perdeu seu maior investimento - a vida conjugal - não teve recursos
emocionais para resistir à perda, entrando em depressão. Se fossem empresas, ambas teriam pedido
concordata.
Dividir sua dedicação de forma harmónica entre as três áreas significa verificar que não são
excludentes e sim complementares. Nesse sentido, seria válido concordar (machismo à parte) que por trás
de um grande homem há uma grande mulher, ou vice-versa. Na realidade, os profissionais mais felizes em
suas profissões que conheço (eu disse felizes e não bem-sucedidos!) vivem também de forma feliz conjugal
e familiarmente. Havendo queda numa área, as outras duas servirão de apoio para que a pessoa possa se
reerguer. Um grande revés na esfera pessoal, como o desemprego ou a morte de um ente querido, poderá
ser amenizado pelo apoio da família e do parceiro. Um divórcio, crise na esfera conjugal, será amenizado
se a vida familiar e pessoal (profissão, amizades) estiverem bem.
Por que essa discussão de três universos aqui? Porque a divisão desigual de investimentos é
comumente mantida por regras ou auto-regras inadequadas, que dificultam a variação e a exposição a
comportamentos mais funcionais. Quando me casei, escutei várias vezes a sentença: "casou, mudou". Era
como se, a partir do "eu vos declaro...", eu tivesse de abdicar de minha vida pessoal e dedicar-me
totalmente ao universo conjugal. Senti que parecia haver um ciclo natural comum a todos. Quando
namoramos muito tempo, perguntam quando será o noivado; noivamos e perguntam pelo casamento; na
festa do casório, perguntam quando vem a cegonha. Nasce o primogénito e perguntam quando vem o
irmão, e por aí vai. As etapas predeterminadas que nos são exigidas pela comunidade em que vivemos
servem algumas vezes para orientar novas metas. Em muitos casos, porém, servem de verdadeiras barreiras
para a satisfação pessoal, enfraquecendo sobremaneira um dos três universos -o pessoal.
Voltemos ao exercício três. Pense agora apenas em sua vida pessoal. Quem é responsável pela
felicidade e realização nessa esfera? Seu cônjuge, filhos ou parentes são responsáveis por quase todas as
suas conquistas e preocupações? Eles merecem essa responsabilidade? Pediram por isso? Onde você fica
quando a ênfase de seus investimentos fica totalmente no conjugal ou no familiar?
Há de se ressaltar a importância de a pessoa saber facilmente onde termina seu universo familiar
e/ou conjugal e começa o pessoal. Sem essa noção, facilmente deixaremos de viver nossa vida e
passaremos a viver a do parceiro, dos filhos ou parentes.
Gosto muito da forma como Khalil Gibran ilustra a interface nas relações pessoal-familiar e
pessoal-conjugal. Sobre a primeira, focalizando a educação dos filhos, ele diz:
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Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força para que suas
flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do Arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como Ele ama a flecha que voa, ama também o arco que permanece estável 1
Sobre a relação entre os universos pessoal e conjugal, o mesmo Gibran presenteia-nos com essa
pérola:
Em suma, sobre o segundo desafio: é necessário que tenhamos a disciplina de estarmos sempre
refletindo sobre a validade de regras que direcionam nossos comportamentos e, sempre que possível,
darmos uma chance ao novo, expondo-nos ao diferente, ao inédito ou, quem sabe, ao que não era
considerado possível antes. Fundamental é também refletir sobre a origem dessas regras e até que ponto
elas preservam o espaço para o crescimento pessoal de cada um. A flexibilidade comportamental é um
grande antídoto contra a depressão.
1
Gibran (1999/1927, pp. 15-16).
2
Gibran (1999/1927, pp. 13-14).
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O objetivo do terceiro desafio é considerar aspectos que possam facilitar a pessoa a investir em
metas mais complexas e que, geralmente, são mudanças a longo prazo. Ninguém faz um curso superior,
economiza um grande capital ou perde 20 quilos em curto prazo. As grandes conquistas são obtidas
gradualmente, com passos pequenos e constantes.
Hoje. O retardo de gratificação deve ser considerado pêlos pais e educadores, porque, ensinando
a criança a lidar com o intervalo entre escolha e consequência, estarão ensinando autocontrole. Dados de
pesquisa apontam que pessoas depressivas são muito sensíveis a mudanças no atraso entre escolha e
consequência, mas não tão sensíveis a mudanças na intensidade da consequência.1 Saber trocar um prazer
pequeno de hoje por um bem maior no futuro, e talvez mais importante, é requisito básico para uma vida
qualitativamente positiva.
1
VerLogue (1995); Moore, Clyburn eUnderwood(1976); Rehm(1977,1984).
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Um cuidado é essencial: é fácil confundir prazer com alívio. Exemplo disso foi dado pelo
psiquiatra Scott Peck, a quem admiro. Entretanto, ele diz que "retardar a gratificação é um processo de
organizar a dor e o prazer na vida de modo a aumentar o prazer, encontrando e experimentando a dor
primeiro e acabando com ela. É a única forma decente de viver"1. É, de fato, fundamental saber lidar com
a dor e o sofrimento, muitas vezes inevitáveis. No entanto, acabar com a dor não gera prazer, mas alívio.
Basta você fantasiar que uma estaca foi cravada no meio de sua perna e que você conseguiu, à Ia Rambo,
retirá-la de dentro da perna. Nesse momento, você sente alívio ou prazer? A sensação de alívio é a
consequência da esquiva ou fuga de algo indesejável, e dizemos que esse comportamento é mantido por
reforçamento negativo; emito uma resposta para retirar algo do ambiente. A raiz etimológica de aliviar
é latina e significa "fazer mais leve".
O prazer é uma sensação diferente. O dicionário Houaiss o define como "sensação ou emoção
agradável, ligada à satisfação de uma tendência, de uma necessidade, do exercício harmonioso das
atividades vitais etc.; alegria, contentamento, júbilo". Para a análise do comportamento, prazer é efeito de
comportamento mantido por reforçamento positivo, quando uma pessoa age a fim de que algo desejável
seja inserido em seu ambiente. A raiz etimológica de prazer, também latina, denota "agradar, ser
agradável, parecer bem, ser do agrado de".
Em uma conversa rápida com um depressivo, o ouvinte atento notará que ele não acredita na
possibilidade de grandes mudanças. Costumo dizer que a depressão faz as pessoas duvidarem dos
milagres2. E você? Acredita que pode operar "milagres" na própria vida?
Vamos, então, para o quarto e último exercício. Costumo utilizar essa estratégia auxiliar no início
da terapia com alguns clientes. Chamo-o de o exercício da lâmpada.
A seguir, você encontrará espaço para escrever quais seriam seus três desejos caso encontrasse a
lâmpada do Aladim (escreva nos números l, 2 e 3). Esses desejos deverão refletir a busca de algo que você
deseje; não poderá estar associado à retirada de alguma coisa3 pense no prazer e não no alívio. Alguns
detalhes importantes: não poderá ser nada material nem algo que não seja para você mesmo; de resto
qualquer coisa valerá.
1 - _________________________________________________________________________________________________
( ) a)_______________________________________________________________________________________________
( ) b)_______________________________________________________________________________________________
( ) c)_______________________________________________________________________________________________
1
Peck (l994, p. 17).
2
Aqui não no sentido religioso, mas como sentido figurado de uma grande conquista ou mudança.
3
Essa postura construtivista é premissa do trabalho do analista do comportamento clinico.
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2 - _________________________________________________________________________________________________
( ) a)_______________________________________________________________________________________________
( ) b)_______________________________________________________________________________________________
( ) c)_______________________________________________________________________________________________
3 - _________________________________________________________________________________________________
( ) a)_______________________________________________________________________________________________
( ) b)_______________________________________________________________________________________________
( ) c)_______________________________________________________________________________________________
Agora você deverá escrever para cada um dos desejos três coisas que VOCÊ (e não o génio)
poderia fazer para facilitar a concretização do desejo. Então, se você pudesse dar uma ajuda para o génio,
o que faria em cada um dos desejos (escreva nas linhas iniciadas pelas letras, de "a" a "i").
Posteriormente, você vai classificar cada uma dessas ações. Aquelas que poderão ser realizadas de
forma mais simples e rápida, a curto prazo, em algumas semanas, você deverá marcar "C" no parênteses
que fica no início da linha. Marcará "M" nas exequíveis a médio prazo, em alguns meses. E, finalmente,
marcará "L" nas que somente poderão ser realizadas em tempo superior a seis meses, a longo prazo.
Agora você poderá organizar as nove ações em três grupos, de acordo com a expectativa que você
tem de quando elas poderão ser executadas. Esse exercício poderá ser útil, servindo de orientação para que
você obtenha transformações maiores em sua própria vida, baseando-se exclusivamente em
comportamentos que VOCÊ poderá executar.
Muitos dos "milagres" que esperamos podem ser viabilizados por nós mesmos. Enfatizando a
construção, o que você poderá fazer, a curto, médio e longo prazo, e que tornará mais possíveis seus
milagres? Seguindo a ordem do mais fácil para o mais difícil, quais as prioridades?
Com efeito, encarar transformações mais complexas como um processo de mudança a longo prazo
pode ser tarefa penosa. Essa discussão fez-me recordar uma apresentação que muito me impressionou e
que poderá servir de metáfora ou, quem sabe, de exemplo. Tratava-se de observações da etologia1 sobre a
águia. Essa é a ave que possui a maior longevidade de sua espécie, podendo chegar a 70 anos. Mas, para
chegar a essa idade, aos 40 anos ela deve passar por um processo difícil. Nessa idade, a águia está com as
garras compridas e flexíveis, não mais conseguindo agarrar as presas de que se alimenta. O bico alongado
e pontiagudo se curva. As asas, envelhecidas e pesadas em função do aumento da espessura das penas,
começam a apontar contra o peito; voar torna-se cada vez mais difícil. Se continuar nessas condições
físicas, fatalmente morrerá.. Algumas o fazem, enquanto outras iniciam penoso processo de renovação que
irá durar cinco meses.
O processo consiste em voar para o alto de um paredão montanhoso buscando um local para
recolher-se durante esses meses. Após fazer um ninho, a águia começa viver mais 30 anos.
1
Ciência que estuda o comportamento social e individual dos animais.
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Considerações finais
Espero que os quatro exercícios tenham sido úteis à sua reflexão e que tenham auxiliado você a1)
rever seu modelo de causalidade para seus comportamentos, incluindo sentimentos e emoções, fazendo
prevalecer causas encontradas na sua interação com o mundo; 2) refletir sobre regras que nortearam e
continuam direcionando sua vida e os efeitos dessas regras na forma como você vivência as esferas
pessoal, conjugal e familiar, e 3) acreditar que alguns "milagres" que você tanto deseja podem ser obtidos
com sua própria ação e que, muitas vezes, vale a pena esperar pelo melhor.
O objetivo deste trabalho foi discutir a depressão, buscando formas de evitá-la ou atenuar aspectos
que a estejam mantendo na sua vida. Esse pareceu-me o melhor caminho para tratar da qualidade de vida.
Poder-se-ia passar a impressão de que nos desprendendo de lembranças, costumes e outras tradições que
nos causaram dor, quebrando elos que nos prendem ao passado, estaríamos dando maior ênfase ao alívio
do que ao prazer, o que seria contraditório à exposição feita.
Entretanto, ao aceitar os três desafios e buscar as mudanças comportamentais necessárias, presumo
que a busca dos prazeres (e não do alívio) ficará mais objetivamente definida, e você poderá ter maior
clareza sobre o que deverá fazer com seu mundo.