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COMPLIANCE PARA
INSTITUIÇÕES E EMPRESAS
DO SETOR DA CONSTRUÇÃO
GUIA DE ÉTICA E
COMPLIANCE PARA
INSTITUIÇÕES E EMPRESAS
DO SETOR DA CONSTRUÇÃO
correalização realização
FICHA TÉCNICA
José Carlos Martins
Presidente da CBIC
Ana Cláudia Gomes
Presidente do Fórum de Ação Social e Cidadania - FASC/CBIC
Consultorias externas
Leonardo Barreto Consultor Político
Diniz Raposo e Silva Consultor Jurídico
Seravalli Consulting
Maria Luisa Pestana Guimarães
Assessora Jurídica - CBIC
Doca de Oliveira
Coordenadora de Comunicação - CBIC
Geórgia Grace
Coordenadora de Projetos - CBIC
Cláudia Rodrigues
Gestora de Projetos - FASC/CBIC
Gadioli Branding e Comunicação
Projeto Gráfico
correalização realização
SUMÁRIO
Apresentação ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 09
1. Estrutura básica de um código de ética
Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 13
Código referencial | Missão, visão e valores ----------------------------------------------------------------------------------- 14
Definição e instruções de uso do código de ética ----------------------------------------------------------------------- 14
Princípios gerais do setor da construção ---------------------------------------------------------------------------------------- 15
Padrões éticos internacionais ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 17
Públicos-alvo -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 17
SUMÁRIO
Penalidades ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 19
Estrutura de compliance (Compliance Office) --------------------------------------------------------------------------------- 19
Termo de compromisso ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 19
2. Normas para a representação política
Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 23
A matriz de legitimidade: o direito de diálogo ----------------------------------------------------------------------------- 24
Guia de compliance ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 24
3. Lei Anticorrupção comentada (Lei 12.846, de 1º de agosto de 2013)
Introdução -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 30
I. Origem e abrangência ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 31
6 II. Atos lesivos -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 33
III. Responsabilização administrativa e judicial ----------------------------------------------------------------------------- 35
IV. Programa de integridade (compliance) -------------------------------------------------------------------------------------- 37
V. Acordo de leniência ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 40
VI. Cadastros ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 42
VII. Disposições gerais ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 43
VIII. Conclusão ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 43
4. Avaliação de Risco de Corrupção
Introdução ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 47
O compromisso das organizações com a sociedade ------------------------------------------------------------------- 48
Afinal, o que é a Ética? --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 48
Cultura organizacional --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 50
Corrupção -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 50
Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção ------------------------------------------------------------------- 52
Lei Anticorrupção ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 52
Compliance ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 55
SUMÁRIO
Ética empresarial ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 55
Ética e Indústria da Construção ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 56
Como criar uma cultura de ética no ambiente de trabalho? --------------------------------------------------- 57
Gestão da Ética e Compliance -------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 58
Comprometimento de alta liderança ----------------------------------------------------------------------------------------------- 59
Definição da estrutura de Gestão de Ética e Compliance ---------------------------------------------------------- 59
Definição ou atualização dos valores da organização --------------------------------------------------------------- 60
Elaboração de Código de Conduta --------------------------------------------------------------------------------------------------- 61
Avaliação de Risco de Corrupção ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 63
Formalização de uma Política de Compliance --------------------------------------------------------------------------------- 74
Estabelecimento de linhas diretas de comunicação de ética e de denúncias ----------------- 75
Comunicação e Treinamento --------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 75
Tratamento de denúncias e violação do programa -------------------------------------------------------------------- 76 7
Auditorias e monitoramento --------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 76
Revisões periódicas do Programa de Ética e Compliance --------------------------------------------------------- 77
Iniciativas externas ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 77
Mãos à obra! ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 82
Anexo - Check list -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 83
Links úteis --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 85
Referências ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 86
APRESENTAÇÃO
O Brasil passa por período de grande trans- nal, a CBIC mobilizou especialistas de qualidade
formação, exigindo novos paradigmas nas e conhecimento reconhecidos para identificar
relações comerciais, especialmente entre o os conceitos e ferramentas de gestão mais mo-
poder público e atores privados. Esse cenário dernas, cuja adoção cristalizará premissas que
impõe posicionamento firme da construção fazem parte da tradição do setor no manejo de
civil e do mercado imobiliário na direção do projetos, em empreendimentos e políticas pú-
fortalecimento das premissas que tradicio- blicas, modernizando suas práticas.
nalmente pautam sua atuação e no reforço
Com este Guia de Ética & Compliance para
de mecanismos que cristalizem a blindagem
Instituições e Empresas da Construção Civil,
necessária aos novos tempos. A ética nos ne-
colocamos à disposição do setor e do país as
gócios já é um atributo empresarial decisivo
premissas e iniciativas mais modernas, e ali-
para o bom desempenho das empresas e sua
nhadas aos padrões internacionais, que apri-
respeitabilidade perante a sociedade. Nesse moram as regras de atuação da CBIC e servirão
sentido, para que a construção civil se man- de referência e sugestão para que entidades e
tenha na dianteira, deve-se atuar para ir além suas empresas associadas subsidiem suas pró-
APRESENTAÇÃO
dos cuidados que já adota e buscar a atualiza- prias políticas de compliance. Este volume traz
ção permanente de ferramentas e premissas. um guia referencial de ética; um guia de com-
Mais que enraizar suas práticas, essa iniciativa pliance e representação política; um código de
será uma contribuição ao país, servindo de re- conduta concorrencial para a construção civil e
ferência para outros segmentos empresariais. o mercado imobiliário; e um manual de avalia-
O cuidado e o respeito à ética nos negócios ção de risco de corrupção.
não são uma novidade na construção civil e Ao arcabouço de ações e normas de condu-
no mercado imobiliário brasileiros, posicio- ta em vigor foram acrescentadas premissas
namento reafirmado em diversas oportuni- colhidas no âmbito do Pacto Global, inicia-
dades. Atos como os que levaram à divulga- tiva proposta pela Organização das Nações
ção dos conceitos apresentados na Carta de Unidas (ONU) como estímulo à adoção de
Belo Horizonte, em 1991; à formulação de políticas de responsabilidade social corpora-
um Código de Ética para o setor, em 1992; a tiva e sustentabilidade. Essas são iniciativas 9
contribuição que levou à criação da Lei 8.666, apoiadas pela CBIC, mas não só: a entidade
sancionada em 1993; e o dia a dia das nossas mobilizou especialistas com notório saber,
ações nos colocam numa posição de van- experiência e respeitabilidade reconhecidas
guarda nesse debate. para organizar manuais práticos de grande
utilidade para o dia a dia do setor.
No momento em que a ética e o compliance
transpõem o espaço natural da expressão de Com esses documentos, a CBIC cumpre seu
boas práticas para se tornarem atributos em- papel de traduzir posicionamento da cons-
presariais, cabe ao setor modernizar e fortalecer trução civil e do mercado imobiliário, assim
os mecanismos vigentes para manter-se sinto- como oferece ao setor a referência necessária
nizado com o novo ambiente de negócios bra- para manter-se sintonizado com as mais no-
sileiro. Coerente com a postura que marca sua vas práticas nesse tema e o novo ambiente
trajetória, e em correalização com o SESI Nacio- de negócios brasileiro. Bom proveito!
INTRODUÇÃO
acaso, umas das frases transformadas em têm servido para sintetizar experiências
mantra pelos gestores atuais é aquela que colhidas em vários países e fornecer diretri-
diz que “são necessários vinte anos para zes que possam orientar donos e gestores
construir uma reputação e apenas cinco mi- de empresas na elaboração e na execução
nutos para destruí-la” (Warren Buffet). de políticas de gestão da ética nas relações
privadas e com o setor público. Essas são as
Soma-se como fator de risco o fato de que principais fontes desse trabalho referencial.
todos os colaboradores de uma empresa
também são vistos como seus porta-vozes, Além das referências internacionais, utiliza-
formais ou informais. Nesse sentido, não ram-se também a longa trajetória e a expe-
basta ter um bom departamento de market- riência da CBIC em questões éticas que têm
ing e relacionamento com a imprensa para na aprovação da Lei das Licitações e na Carta
evitar crises. Deve-se envolver todo o uni- de Belo Horizonte os seus maiores marcos.
13
verso de pessoas que formam o negócio, Nesse sentido, o documento que se segue
desde o mais alto líder até os operários de é um código referencial baseado na dis-
canteiro, assessorias e fornecedores.
cussão mais atual sobre esse tema e no co-
No entanto, tendo tomado a decisão de ela- nhecimento acumulado pela CBIC ao longo
borar e executar uma política de complian- das últimas décadas. Obviamente, ele não
ce, a empresa vai se deparar com um tema esgota a discussão, mas fornece um rotei-
que ainda se vê em meio a muitas indefini- ro a partir do qual os interessados poderão
ções. Igualmente, é difícil encontrar casos se orientar para criar políticas efetivas de
de sucesso, dado que companhias ganham prevenção de crises, aumento da seguran-
o noticiário exatamente quando um desvio ça das práticas de mercado, valorização da
é descoberto. Considerando o velho ditado reputação de suas empresas e crescimento
de que a atividade de imprensa consiste na do seu patrimônio.
1. ESTRUTURA BÁSICA
DE UM CÓDIGO DE ÉTICA
Um código de ética é um meio para trans- prever uma estrutura para a sua aplicação,
formar os valores e princípios de uma insti- públicos-alvo, canais de comunicação para
tuição ou empresa em conduta efetiva dos recebimento de denúncias e orientação e
seus colaboradores. Nesse sentido, além de previsão de penalidades.
regulamentos de comportamento, ele deve
CÓDIGO REFERENCIAL
MISSÃO, VISÃO E VALORES
Esta sessão é abstrata e subjetiva, devendo mica, social e ambiental (missão); o interesse
conter os valores e objetivos que levaram à de ser reconhecido como provedor confiável
criação da instituição ou empresa e orientam de produtos e práticas de mercado (visão); e
a sua atuação. No entanto, além dos objetivos a afirmação das características com base nas
privados das suas iniciativas, devem estar pre- quais ele pauta suas decisões, como integri-
sentes o compromisso com o desenvolvimen- dade, respeito, transparência, responsabilida-
to da sociedade nas suas dimensões econô- de, confiança e confidencialidade (valores).
14
DEFINIÇÃO E INSTRUÇÕES
DE USO DO CÓDIGO DE ÉTICA
Este Código de Ética e Conduta é o docu- A responsabilidade pela verificação do cum-
mento formal que apresenta diretrizes de primento das diretrizes deste Código, bem
conduta ética para atividades institucionais como dos estudos que visem a sua perma-
ou empresariais, devendo ser seguido por nente atualização, estará a cargo da direção
todos os colaboradores a elas ligados. Essas da instituição ou empresa (ou outra instân-
diretrizes devem ser aplicadas pelos profis- cia que possa ser criada para esse fim).
sionais, independente do cargo ou função,
que atuem direta ou indiretamente nas fa- Este documento objetiva ser integrado nas
ses de planificação, de produção, de interlo- relações profissionais da organização em
cução e comunicação, de comercialização e complementariedade ao cumprimento das
de atividades conexas ou correlatas. leis vigentes para todos. Assim, a partir do
momento do recebimento formal deste Có- Ética e Conduta implementado. Assim, cabe
digo, ele passa a ser de responsabilidade observar sua aplicação, sendo recomen-
individual daquele que o recebe. dável que, diante de situações que gerem
dúvidas em relação à conduta ética, sejam
A implementação de um código de condu-
ta envolve mecanismos de monitoramento feitas as seguintes perguntas:
e responsabilização, inclusive judicial, assim • Essa situação está prevista no Código de
como a criação de um canal permanente de Ética e Conduta?
recebimento de denúncias e de esclareci-
mento de dúvidas (importante acrescentar • Sua decisão pode causar danos e conse-
uma descrição de punições, canais de co- quências negativos à organização?
municação e estrutura de aplicação). • Sua decisão pode ser tomada com autonomia
ou é preciso consultar seu superior imediato?
Em qualquer circunstância, o superior ime-
diato também poderá fornecer todas as • Qual sua intenção ao tomar a decisão?
ções sem atrelar-se a marcas exclusivistas gião, raça, sexo, nacionalidade, orientação
e indevidamente seletivas, cumprir as nor- sexual, cor, idade, deficiência física, condi-
mas técnicas editadas pela ABNT e, na falta ção social, opinião política ou de qualquer
destas, normas compatíveis. outra natureza.
• Cumprir as determinações da fiscalização, • Eliminar qualquer atividade que signifique
as posturas municipais, estaduais e federais,
trabalho forçado ou compulsório.
de forma a obter resultado final de qualida-
de e padrão compatíveis com o contratado. • Abolir completamente o trabalho infantil.
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PADRÕES ÉTICOS INTERNACIONAIS
PÚBLICOS-ALVO
sexual ou moral, pois não se admite postura da contratação, ficar definida a responsabili-
que fira o respeito e a dignidade do indivíduo. dade de cada um dos participantes. Nos casos
de subcontratação, o contratante principal não
• Não é permitido o consumo de drogas e poderá se eximir da responsabilidade a ele ati-
bebidas alcóolicas no desempenho das fun- nente, a não ser quando expressamente indi-
ções de trabalho nem a execução do traba- cada e quando legalmente possível.
lho sob efeito delas.
• Denunciar quaisquer ações de fornecedo-
2. ASSOCIAÇÕES E res que se configurem como práticas car-
ENTIDADES DE CLASSE telizadas, reservas e concessões indevidas,
• Não se utilizar das entidades representati- oposição à livre concorrência e outras ações
vas do setor com vistas a benefícios mera- predatórias ao livre mercado.
mente pessoais, a menos que esses benefí-
18 cios individualizados sejam de real interesse, 5. PODER PÚBLICO
por isonomia, dos demais associados. • Antes de iniciar um diálogo com o governo,
• Servir de exemplo para seus associados a instituição ou empresa deve ter delimitado
o assunto que será tratado. Esse assunto de-
em relação à conduta ética.
verá ser, necessariamente, lícito, ético e rele-
vante para a empresa por ele representada.
3. CLIENTES
• Indicar a solução adequada ao cliente, ob- • Assunto lícito é aquele que não vai contra a le-
servadas as práticas reconhecidamente acei- gislação. Saber se determinado assunto objeto
tas, respeitando as normas legais e técnicas do diálogo é lícito é dever fundamental da ins-
vigentes no País. tituição ou empresa, assim como é obrigação
conhecer os limites éticos a ela impostos.
• Não praticar atos profissionais danosos ao
cliente, mesmo que previstos em edital, pro- • A instituição ou empresa deve se dirigir a
jeto ou especificação, que possam ser carac- agente público apto para o objeto do diálo-
terizados como conivência, omissão, imperí- go. Saber a função do agente público pre-
cia, imprudência ou negligência. sente no diálogo, o seu âmbito de atuação, é
fundamental para que o diálogo seja estabe-
• Assegurar ao cliente produto final que lhe lecido de forma legítima, afinal, o ato pratica-
dê satisfação como resultado de informes do por agente público incompetente é nulo.
• É vedado requerer a um agente público que ▪ explicar o interesse no assunto;
ele extrapole sua competência e seu âmbito
• Por sua vez, cabe ao agente público:
de atuação.
▪ estar acompanhado de, no mínimo,
• O interlocutor da instituição ou empresa um outro agente público;
deve obedecer ao sistema hierárquico no qual
está inserido e limitar-se a tratar de assuntos ▪ realizar o registro da audiência.
para os quais possui autorização específica. • Nenhum interlocutor da instituição ou em-
presa pode oferecer – e a autoridade pública
• O Decreto nº 4.334/2002 é a principal nor- também não pode receber – qualquer remu-
ma sobre concessões de audiências a parti- neração de fonte privada em desacordo com
culares. Ao agente particular que pretende a lei, nem receber transporte, hospedagem
audiência com agente público cabe: ou quaisquer favores de particulares de forma
a permitir situação que possa gerar dúvida so-
▪ avisar previamente qual o assunto a bre a sua probidade ou honorabilidade.
ser abordado;
• É vedada à autoridade pública a aceitação
▪ sugerir data e hora pretendidas; de presentes, excetuando-se os casos em que
▪ identificar todos os agentes priva- não tenham valor comercial e não ultrapas-
dos participantes; sem o valor de R$ 100,00 (cem reais).
TERMO DE COMPROMISSO
Declaro que li e compreendi o Código de Ética e Conduta da INSTITUIÇÃO/EMPRESA,
estando ciente das diretrizes e dos princípios de conduta estabelecidos. Comprome-
to-me a cumprir as normas fixadas por ele, buscando auxílio em casos de dúvidas e
informando a INSTITUIÇÃO/EMPRESA sobre as possíveis violações.
Nome: _____________________________________________________________________________
Área: _______________________________________________________________________________
Local e data: ________________________________________________________________________
Assinatura: __________________________________________________________________________
2. NORMAS PARA A
REPRESENTAÇÃO
POLÍTICA
INTRODUÇÃO
A transformação por que passa o Brasil traz e de classe, assim como apresenta um guia
a ética para o rol dos atributos empresariais prático com ações e cuidados a serem toma-
que farão diferença no desempenho das dos para manter tais relacionamentos dentro
empresas e na sua respeitabilidade peran- dos mais altos padrões éticos em vigor. Para
te a sociedade, afetando diretamente sua favorecer a melhor compreensão em torno
posição no mercado interno e no plano in- do tema, este Guia também apresenta a Lei
ternacional. Esse cenário exige o conheci- Anticorrupção comentada de forma simples
mento profundo das legislações em vigor, a e clara, de modo a tornar mais fácil a neces-
atualização e o enraizamento das iniciativas sária blindagem de práticas e documentos.
de compliance, com vistas a manter fechadas O objetivo é constituir e formalizar um mar-
eventuais brechas à prática da corrupção e co legal para a atividade de representação
a renovar permanentemente os compro- das entidades da construção civil – a própria
INTRODUÇÃO
missos em torno do seu combate. Esse fer- CBIC e seus associados – e das empresas jun-
ramental ganha papel estratégico na go- to ao poder público, formalizando práticas e
vernança de entidades e empresas privadas cuidados observados pelo setor e agregan-
como importante sinalizador do seu grau de do outros, desejáveis ao pleno alcance dos
organização, maturidade e confiabilidade. objetivos propostos.
mandas da sociedade, sendo parte constitu- no diálogo deve ter legitimidade funcio-
tiva da convivência harmoniosa entre gover- nal. Do outro, o agente privado deve ser
no e governados. representante legítimo da empresa que
participa da interlocução.
MATRIZ DE LEGITIMIDADE
A forma do diálogo é fundamental para a
Garantir a legitimidade do diálogo entre go- manutenção da sua legitimidade. Em vários
verno e governados permite aos seus atores casos, a razão é legítima e os interlocutores
a certeza de legalidade. A maneira de garan- são aptos a tratar do assunto, contudo, a
ti-la é respeitar, plenamente, os elementos forma do diálogo é imprópria, tornando-o
que compõem um diálogo legítimo. sem legitimidade.
24
GUIA DE COMPLIANCE
INTRODUÇÃO
As empresas agora
passam a ser diretamente
responsabilizadas pela prática
de atos considerados lesivos
ao patrimônio público e à
Administração Pública.
I. ORIGEM E ABRANGÊNCIA
A Lei 12.846/2013, fruto de iniciativa legis- de cinco (5) anos e multas de US$ 250 mil
lativa do Poder Executivo Federal, foi publi- e, para as empresas, multas de até US$ 2
cada no DOU em 02/08/2013, entrando em milhões. Em relação à escrituração contábil
vigor a partir de fevereiro de 2014. fraudulenta, prevê prisão de até 20 anos para
as pessoas físicas e, para as jurídicas, multas
Na realidade, a iniciativa legislativa do Go-
de até US$ de 2,5 milhões por violação, além,
verno Federal se deu por força de compro-
também, das multas aplicáveis pela Comis-
missos internacionais assumidos, tais como:
são de Valores Mobiliários do EUA.
Convenção Interamericana contra a Corrup-
ção, da OEA (ratificada pelo Decreto Federal Já a legislação do Reino Unido, conside-
4.410/2002); Convenção sobre o Combate rada como uma das mais rigorosas, prevê
Constituem atos lesivos à Administração Pú- muito além, portanto, do crime de corrupção
blica, nacional ou estrangeira aqueles prati- inserto no próprio Código Penal, bastando,
cados pelas pessoas jurídicas que atentem em tese, que o ato praticado fira, por exem-
contra: I – patrimônio público nacional ou plo, um dos princípios da Administração
estrangeiro; II – princípios da Administra- Pública (Legalidade, Impessoalidade, Morali-
ção Pública; e III – compromissos interna- dade, Publicidade e Eficiência, entre outros)
cionais assumidos pelo Brasil. para que possa ser enquadrado como um
ato lesivo à Administração Pública.
Interessa destacar que a Lei 12.846/2013, em
que pese ser conhecida como a ‘Lei Anticor- Dentre as legislações especiais que possuem
rupção’, vem a ser muito mais abrangente do interface com o tema, podemos destacar:
que a simples terminologia e significado do CP, Lei de Improbidade Administrativa, La-
termo ‘corrupção’. Na verdade, não há nela vagem de Dinheiro, Defesa da Concorrência,
um dispositivo que se refira expressamente Concorrência Desleal, Licitações, Responsa-
ao referido termo, mas sim ao ‘ato lesivo’. A bilidade Fiscal, Colarinho Branco, Associação
tipificação das infrações elencadas na lei vai Criminosa, entre outras.
De uma forma geral, percebe-se que as tipi- uma ação coordenada entre concorrentes
ficações são muito abertas, genéricas, abri- para eliminar a concorrência, aumentando o
gando conceitos jurídicos indeterminados, preço dos produtos ofertados.
com possibilidades de abrigo de várias inter-
pretações, que podem vir a gerar, em tese, Pela Lei do CADE (Lei 12.529/11), a ‘forma-
distintas tipificações com base no mesmo ção de cartel’ é considerada uma infração à
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fato típico. ordem econômica (infração administrativa).
Pela Lei de Licitações (Lei 8666/93) e pela
Na tipificação das infrações, na parte de lici- Leis dos Crimes contra a Ordem Tributária
tações, por exemplo, a lei reúne infrações já e Econômica (Lei 8.137/90), é crime. Já na
previstas na Lei 8.666/93 e inclui outras sem Lei Anticorrupção (Lei 12.846/13), é uma in-
correlação com infrações já tipificadas. O ris-
fração civil e administrativa, sendo que os
co é a duplicidade de sanção pelo mesmo
perdões administrativo (pela Lei do CADE) e
fato típico – bis in idem.
civil (Anticorrupção) não alcançam o penal.
Tomemos como exemplo a chamada ‘forma- Assim, questiona-se: a leniência poderá ser
ção de cartel’, que pode ser resumida como utilizada como confissão de crime?
III. RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA E JUDICIAL
A pessoa jurídica poderá ser responsabiliza- ou perigo de lesão; o efeito negativo produ-
da tanto no âmbito administrativo como no zido pela infração; a situação econômica do
âmbito judicial ou em ambos. infrator; a cooperação para a apuração das
infrações; a existência de mecanismos e
3.1 - SANÇÕES ADMINISTRATIVAS procedimentos internos de integridade,
• MULTA de 0,1% (um décimo por cento) auditoria e incentivo à denúncia de irre-
a 20% (vinte por cento) do faturamento gularidades e à aplicação de códigos de
bruto do último exercício anterior ao da ética e de conduta no âmbito da pessoa
instauração do processo administrativo, jurídica (COMPLIANCE); e o valor dos con-
excluídos os tributos, a qual não será infe- tratos mantidos pela pessoa jurídica com o
rior à vantagem auferida, quando possí- órgão lesado.
vel sua estimação. Caso não seja possível
• Os parâmetros de avaliação dos proce-
utilizar o critério do faturamento, a multa
dimentos internos de integridade (COM-
será de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$
PLIANCE), entre outros pontos, foram esta-
60.000.000,00 (sessenta milhões);
belecidos pelo Decreto Federal 8.420, de
• PUBLICAÇÃO DA DECISÃO CONDENATÓ- 18 de março de 2015.
lor apurado (multas), o crédito será inscrito previsão veio expressa, inclusive, no Código
em dívida ativa. de Defesa do Consumidor. A partir da edi-
• Previsão na lei da possibilidade de descon- ção da Lei Anticorrupção, em tese, qualquer
municipalidade poderá, na via administra-
sideração da personalidade jurídica da
tiva, aplicar o instituto. Causa insegurança e
empresa, com base em abuso do direito ou
preocupação a condução de assunto de tal
provocação de confusão patrimonial, esten-
envergadura sob o ângulo interno da própria
dendo-se os efeitos das sanções aplicadas a to-
Administração, pelos mesmos motivos apon-
dos os sócios com poderes de administração.
tados acima, notadamente a falta de recursos
Tendo em vista a autonomia administrativa, humanos qualificados, materiais e operacio-
os mais de 5 mil municípios serão competen- nais dos milhares de municípios brasileiros,
tes para instaurar, conduzir, julgar e aplicar aliada ao risco de utilização política da lei.
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formidade com as leis e regulamentos internos necessário, a terceiros, tais como fornecedo-
e externos”. Os objetivos são o controle e a res, prestadores de serviço, agentes interme-
mitigação de riscos, a verificação de práticas diários e associados;
saudáveis dentro da empresa, a probidade
LEI ANTICORRUPÇÃO COMENTADA
II. padrões de conduta, código de ética, políti- IX. independência, estrutura e autoridade da
cas e procedimentos de integridade aplicáveis instância interna responsável pela aplicação
a todos os empregados e administradores, in- do programa de integridade e fiscalização de
dependentemente do cargo ou função; seu cumprimento;
A Lei 12.846/20013 dispôs, por meio dos doria-Geral da União (GCU). Sendo o Minis-
artigos 16 e 17, que a Administração Públi- tério Público um órgão independente, com
ca poderá celebrar acordo de leniência com o múnus público de ser o fiscal da lei, ele
as pessoas jurídicas responsáveis pela práti- não está vinculado (obrigado) a respeitar os
ca das infrações previstas na lei, com vistas acordos realizados. Nessa toada, indepen-
à efetiva colaboração com a investigação e dentemente de a empresa ter celebrado um
com o processo administrativo correspon- acordo de leniência, poderá o MP instaurar
dente, desde que dessa colaboração resul- inquéritos administrativos e ações judiciais
tem: I) a identificação dos demais envolvidos contra ela mesmo assim. Some-se a isso o
na infração; II) e a obtenção célere de infor- fato de que somente na esfera federal são
mações e documentos que comprovem o atores a CGU, a AGU, o TCU, o CADE, a PF,
ilícito sob apuração. entre outros.
Em sua redação original, a lei fixava, ainda, 03 Dadas as incertezas geradas quanto à parti-
(três) requisitos para a celebração do acor- cipação dos diversos atores e os respectivos
do: I – a empresa teria que ser a primeira a se desdobramentos, que poderiam dificultar
manifestar sobre seu interesse em cooperar; ou mesmo emperrar os acordos de leniência
LEI ANTICORRUPÇÃO COMENTADA
• inclusão de dispositivo que impede o ajui- • inclusão de dispositivo que autoriza cláu-
zamento ou o prosseguimento da ação já sula de amortização, considerando-se a ca-
ajuizada, no caso de acordo celebrado com pacidade econômica da empresa quando o
a participação da Advocacia Pública em acordo estipular a obrigatoriedade de repa-
conjunto com o MP; ração do dano;
• inclusão de dispositivo que autoriza a sus- • inclusão de dispositivo que afasta a respon-
pensão de processos administrativos refe- sabilização da empresa na esfera judicial, se
rentes às licitações e aos contratos sobre o houver previsão no acordo de leniência;
mesmo fato objeto do acordo de leniência • inclusão da obrigatoriedade de compro-
celebrado e seu arquivamento quando do metimento da empresa na implementação
cumprimento integral dele; ou melhoria de seus mecanismos de pro-
grama de integridade;
42 • extensão dos efeitos do acordo às pes-
soas jurídicas que integrem o mesmo • revogação do § 1º do Art. 17 da Lei de Im-
grupo econômico, desde que firmados probidade, que vedava transação ou acordo
em conjunto; em sede de ação de improbidade.
VI. CADASTROS
CRIAÇÃO DO CADASTRO NACIONAL DE CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS INI-
EMPRESAS PUNIDAS – CNEP, no âmbito DÔNEAS E SUSPENSAS – CEIS, instituído no
do Poder Executivo Federal, que reunirá e âmbito do Poder Executivo Federal (CGU),
dará publicidade às sanções aplicadas pelos publicidade relativa às sanções aplicadas
órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, pelos órgãos ou entidades dos Poderes Exe-
Legislativo e Judiciário de todas as esferas cutivo, Legislativo e Judiciário de todas as es-
de governo. feras de governo, nos termos do disposto na
Lei de Licitações, nos Arts. 87 e 88 (sanções).
VII. DISPOSIÇÕES GERAIS
1. A autoridade que não adotar providências no STF, com pedido de liminar para suspen-
para a apuração dos fatos será responsabili- der a eficácia dos dispositivos questionados.
zada penal, civil e administrativamente; O partido afirma que a Lei, ao adotar a Teoria
do Risco Integral, violou a Constituição, que
2. As competências do CADE e do MF quan-
estabelece a não transcendência da pena e
to às infrações da ordem econômica não são
assegura o devido processo legal. Em suma,
excluídas em face da Lei;
volta-se contra a responsabilidade objetiva
3. A aplicação das sanções da Lei não afeta das empresas (porque a lei não admite ex-
os processos de responsabilização e aplica- cludente de responsabilidade e permite a
ção de penalidades decorrentes de atos de responsabilização da PJ por ato de terceiro).
improbidade (Lei 8.429/11) nem dos atos O relator é o ministro Marco Aurélio.
ilícitos previstos na Lei 8.666/93 e na Lei
Em decisão monocrática de 23/03/2015, o re-
12.462 (RDC).
ferido ministro não concedeu a liminar pleitea-
O Partido Social Liberal (PSL) ajuizou Ação da, decidindo que se aguardasse o julgamento
Direta de Inconstitucionalidade (ADI 5261) definitivo, ainda sem definição quanto à data.
O Projeto Ética e Compliance na Constru- legais, mas, muito mais que isso, não priori-
ção lançado pela CBIC – Câmara Brasileira ze a integridade e a transparência.
da Indústria da Construção em maio de
Apesar disso, a CBIC acredita que um forte
2015, com a correalização do SESI Nacional,
trabalho de orientação estratégica, integra-
inclui a realização de uma série de inter-
do à disseminação de mecanismos e a pro-
venções, programas de capacitação e a dis-
cessos estruturados de forma atualizada e
ponibilização conteúdos orientativos aos
didática, e numa linguagem simples e aces-
seus associados e a todas as organizações
sível, formará a base para um novo posicio-
INTRODUÇÃO
empresariais do segmento, cujo objetivo namento do segmento sobre o tema.
principal é dar suporte à implementação,
fortalecimento e consolidação de um mo- E o fundamental engajamento das principais
delo atual e consistente de gestão da ética lideranças do setor, cuja história é repleta de
e compliance em todos os seus negócios. exemplos genuínos de compromissos éticos,
traduzirá na prática a grandeza e a importân-
Embora reconhecida como a base de prin- cia da Indústria da Construção em relação à
cípios que norteia as decisões empresa- indústria brasileira como um todo.
riais, a gestão eficaz da ética dependerá,
no final das contas, da atitude espontâ- Nesse sentido, este Guia foi desenvolvido
nea dos líderes empresariais no momen- para servir de referência no entendimento
to crucial de cada uma de suas escolhas dos principais fundamentos e definições
e decisões. sobre ética e integridade, bem para como
ser utilizado como uma metodologia de 47
Por esse motivo, e infelizmente, o melhor orientação passo a passo para que as orga-
sistema de controle e o mais completo có- nizações avaliem adequadamente os seus
digo de conduta poderão ser insuficientes riscos, estruturem um sistema simplificado
para garantir condutas éticas adequadas, e eficaz de gestão da ética e compliance, e
caso a base de valores e princípios das or- o utilizem com plenitude em todos os seus
ganizações não se alinhe com os requisitos relacionamentos e operações.
4. AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO
O COMPROMISSO DAS
ORGANIZAÇÕES COM A SOCIEDADE
A Responsabilidade Social Empresarial é a cursos ambientais, culturais para as gerações
forma de gestão que se define pela relação futuras, respeitando a diversidade e promo-
ética e transparente da empresa com todos vendo a redução das desigualdades sociais1.
os públicos com os quais ela se relaciona e Dessa forma, para sua empresa garantir a li-
pelo estabelecimento de metas empresa- cença para operar na sociedade, é necessário
riais compatíveis com o desenvolvimento que paute suas decisões baseada em princí-
sustentável da sociedade, preservando re- pios éticos e de sustentabilidade.
do que determinam como o ser humano vida depende de cada cultura, que é sempre
deveria agir em determinadas situações em diferente da outra. Esse jeito diferente cha-
relação aos seus direitos, princípios, valores, mamos de moral. Ética existe uma só para
obrigações ou equidade, e isso permite que todos. Morais existem muitas, consoante as
as pessoas vivam em sociedade e busquem maneiras diferentes como os seres humanos
seus interesses comuns e individuais. A éti- organizam a vida2.
ca define a nossa convivência com outras
pessoas, em todas as nossas relações. VALORES ORGANIZACIONAIS
Os valores correspondem aos princípios éti-
ÉTICA X MORAL cos e às crenças adotadas por uma organiza-
No universo das normas e dos valores so- ção que regem e orientam as suas atividades.
ciais, a ética e a moral convivem, porém é Os valores são identificados de acordo com
48 importante conhecer os diferentes significa- a postura e a atitude das pessoas que fazem
dos de cada termo. A ética é o conjunto de parte da organização. Devem resistir ao tem-
princípios e valores que estabelece a con- po e ser independentes do ramo de atividade.
duta humana. Moral é o conjunto de regras
adquiridas através da cultura, da educação,
Você conhece os valores
da tradição e do cotidiano, e que orientam o
da sua empresa?
comportamento humano dentro de uma so-
Se ainda assim houver dúvidas, procure seu discuta a questão da forma mais transparen-
superior ou entre em contato com o canal te e profunda que for possível. Assuma a res-
de comunicação disponibilizado pela sua or- ponsabilidade para buscar a melhor solução.
ganização. Se você for um líder importante Mas, lembre-se: a melhor maneira de lidar com
para a organização, convoque sua equipe e esses dilemas é evitando que eles aconteçam!
CULTURA ORGANIZACIONAL
CORRUPÇÃO
50
A corrupção ocorre quando você usa de um mentos que tomam decisões em relação
poder que lhe foi confiado para ganhos pri- aos contratos.
vados ilegítimos. Isso significa renunciar à
• Pagamentos de facilitação: trata-se
ética, à moralidade, à tradição, à lei e à virtu-
de pagamentos normalmente peque-
de civil em benefício próprio. O Pacto Global
nos feitos para garantir ou acelerar o
da ONU definiu algumas das diversas formas
desempenho de uma rotina ou ação
em que a corrupção pode ser encontrada3:
necessária a que o pagador tem direi-
• Suborno: define-se por oferecer, prometer, to, legalmente ou não. Por exemplo, o
dar, aceitar ou solicitar vantagem (financeira pagamento para acelerar a liberação de
ou em espécie) como forma de induzir uma produtos na alfândega.
ação, que é ilegal, antiética ou uma quebra
• Doações políticas e beneficentes, pa-
de confiança por deixar de agir. O suborno
trocínio, viagens e despesas promocio-
pode ter as seguintes formas:
nais: Essas são atividades legítimas para
• Propinas: são subornos realizados para entidades, mas devem ser observadas com
um cliente depois que uma empresa rece- atenção, pois pode haver abuso por serem
beu um contrato, ocorrendo em departa- usadas como manobra para o suborno.
3 - Guia de Avaliação de Risco de Corrupção – Pacto Global das Nações Unidas - 2013
• Conflito de interesses: um conflito de inte- • Fixação de preços: acordo entre concor-
resses ocorre quando uma pessoa ou entida- rentes para elevar, fixar ou manter o preço
de com uma obrigação com a empresa tem de venda de bens e serviços. Não é neces-
LEI ANTICORRUPÇÃO4
4 - Controladoria-Geral da União
CÁLCULO DA MULTA IV. Treinamentos periódicos sobre o progra-
ma de integridade;
De acordo com a Lei, a punição ao ato lesivo
nunca será menor do que o valor da vanta- V. Análise periódica de riscos para reali-
gem auferida. O cálculo da multa é o resul- zar adaptações necessárias ao programa
tado da soma e da subtração de percentuais de integridade;
incidentes sobre o faturamento bruto da
empresa, considerando as variáveis previstas VI. Registros contábeis que reflitam de for-
no Artigo 7º da Lei 12.846. Os limites são de ma completa e precisa as transações da
0,1% a 20% do faturamento bruto do último pessoa jurídica;
exercício anterior ao da instauração do pro- VII. Controles internos que assegurem a
cesso administrativo, excluídos os tributos. pronta elaboração e a confiabilidade de re-
Caso não seja possível utilizar o faturamento latórios e demonstrações financeiros da pes-
bruto da empresa, o valor da multa será limi- soa jurídica;
tado entre R$ 6 mil e R$ 60 milhões.
VIII. Procedimentos específicos para preve-
PROGRAMA DE nir fraudes e ilícitos no âmbito de processos
COMPLIANCE / INTEGRIDADE licitatórios, na execução de contratos admi-
A partir do Decreto, ficam estabelecidos os nistrativos ou em qualquer interação com o
setor público, ainda que intermediada por
III. Padrões de conduta, código de ética e XIV. Verificação, durante os processos de fu-
políticas de integridade estendidas, quando sões, de aquisições e reestruturações socie-
necessário, a terceiros, tais como fornecedo- tárias, do cometimento de irregularidades
res, prestadores de serviço, agentes interme- ou ilícitos ou da existência de vulnerabilida-
diários e associados; des nas pessoas jurídicas envolvidas;
XV. Monitoramento contínuo do programa ca federal que sejam relacionados aos fatos
de integridade visando ao seu aperfeiçoa- objeto do acordo. Cumprido o acordo de le-
mento na prevenção, na detecção e no com- niência, a pessoa jurídica tem direito a: isen-
bate à ocorrência dos atos lesivos previstos ção da publicação da decisão sancionadora;
no Art. 5o da Lei no 12.846, de 2013; isenção da proibição de receber incentivos,
subsídios, subvenções, doações de órgãos
XVI. Transparência da pessoa jurídica quanto ou entidades públicas, isenção ou atenua-
a doações para candidatos e partidos políticos. ção de punições restritiva ao direito de lici-
A atuação da empresa com relação a esses tar e contratar e redução do valor da multa.
parâmetros influenciará na dosimetria das Permanece, entretanto, a obrigação de re-
sanções que possam vir a ser aplicadas. paração integral do dano.
CGU poderá requisitar os autos de proces- Contratos. O fornecimento dos dados será
sos administrativos em curso em outros ór- realizado pelos órgãos e entidades dos Três
gãos ou entidades da Administração Públi- Poderes e das três esferas da Federação.
Uma empresa é considerada ética quando teresse é a única forma de seu lucro ser
age em conformidade com os princípios moralmente aceitável.
morais e as regras do bem proceder acei- Quando a ética e a cultura de compliance
tas pela sociedade5. O comportamento regem as condutas de uma organização,
ético com todos os seus públicos de in- inúmeros benefícios podem ser elencados:
55
Em ambientes onde a cultura da ética predo- de valor, na maioria das vezes, só acontecem
mina é mais fácil fazer a coisa certa do que por meio do pagamento de propina.
fazer a coisa errada!
Mudar essa cultura da corrupção não acon-
Mas nem sempre trabalhamos em lugares tecerá de um dia para o outro. Exige planeja-
assim. Há situações em que o próprio setor é mento e os resultados serão colhidos a mé-
corrupto e os negócios realizados na cadeia dio e longo prazo.
Defina os valores!
A empresa precisa ter seus valores definidos, acreditar neles
e não abrir mão deles em qualquer situação do negócio.
Ensine! 57
Tenha certeza de que os valores da organização são conhecidos e disseminados
pelos funcionários. Promova treinamentos, integre novos funcionários e
acompanhe o desenvolvimento por meio da avaliação de desempenho!
Comunique!
Os valores e princípios, assim como o código de conduta, devem estar nas
paredes, nos relatórios de desempenhos e devem ser considerados nas ava-
liações de desempenho dos funcionários. Não adianta um funcionário entre-
gar resultado de maneira antiética. A ética e o negócio devem andar juntos.
Para que seja possível minimizar o efeito das pela organização sejam definidas por
dos problemas e gerir a ética dentro de uma um processo organizado, sejam dissemi-
organização, é necessário utilizar alguns re- nadas em todos os níveis e seus resultados
cursos e ferramentas para implementar, dis- sejam monitorados.
seminar e controlar as atitudes e ações de
Para estabelecer um Programa de Ética
todas as pessoas envolvidas.
e Compliance, é necessário percorrer al-
É importante que haja um programa forma- guns caminhos:
lizado para que as diretrizes a serem segui-
ESTABELECIMENTO
GESTÃO DE RISCOS
DE UMA CULTURA DISSEMINAÇÃO E
E FORMALIZAÇÃO
DE ÉTICA E ACOMPANHAMENTO
DO PROGRAMA
COMPLIANCE
Comprometimento Comunicação
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO
58
59
DEFINIÇÃO DA ESTRUTURA DE
GESTÃO DE ÉTICA E COMPLIANCE
DEFINIÇÃO OU ATUALIZAÇÃO
DOS VALORES DA ORGANIZAÇÃO
Os valores da organização são a base para os feito, de maneira bem efetiva, por meio de
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO
Para os valores serem definidos ou atualiza- As perguntas abaixo podem ajudar a direcio-
dos, o ideal é que seja feita uma consulta à nar uma discussão para ajudar na identifica-
liderança e aos colaboradores. Isso pode ser ção desses valores:
Após fazer essas perguntas, é possível que • Os valores estão alinhados com a nossa vi-
se tenha uma lista com muitos valores. En- são e com o que nós pretendemos alcançar
tão, é preciso que haja uma priorização. nos próximos anos?
Para isso, é recomendado fazer as pergun- • Os valores podem servir para o nosso negó-
tas abaixo para eliminar valores que não cio ou só funcionam para pessoas?
são imprescindíveis.
• Quais são os principais públicos de interes-
• Os valores estão de acordo com o que se da nossa organização?
nós acreditamos?
• A mensagem em propagandas e publicida-
• Os valores são inspiradores? de é coerente com esses valores?
Veja abaixo uma lista com possíveis valores que sua organização pode ter:
Após a definição dos valores, é importante como: site, redes sociais, relatórios de gestão
comunicá-los a toda a organização e incluí- e treinamentos.
-los em todos os canais de comunicação,
61
MISSÃO VISÃO
É a razão de ser da Representa aonde a organização quer chegar!
organização. É a finalidade A visão é um plano, um sonho, uma ideia mental
de sua existência. que descreve o que a organização quer realizar
objetivamente nos próximos anos de sua existência.
Deve ser inspiradora, clara e concisa.
Após a finalização do processo de redação e Obs.: uma coalizão internacional com repre-
revisão, é importante planejar o lançamento sentantes de diversas partes do mundo está
do novo código de conduta nos canais de desenvolvendo um código de ética global
comunicação da organização e garantir que para o segmento. A CBIC é participante des-
sejam dadas as devidas orientações a todas sa iniciativa, juntamente com outras organi-
as pessoas compreendidas pelo documento. zações, e disseminará os resultados do traba-
lho para todos os seus associados.
A revisão e a atualização periódicas do códi-
go de conduta devem estar no planejamen- Para maiores informações:
to da organização. www.ies-coalition.org
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO
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Estabelecer Identificar Classificar o Identificar e Calcular Desenvolver
o processo os riscos risco inerente classificar os o risco o plano
controles de residual de ação
mitigação
1 - ESTABELECER O PROCESSO:
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Estabelecer Identificar Classificar o Identificar e Calcular Desenvolver
o processo os riscos risco inerente classificar os o risco o plano
controles de residual de ação
mitigação
Uma característica fundamental para o su- nança, por exemplo, o conselho diretor, em
cesso de uma avaliação de risco de corrup- relação às funções e responsabilidades dos
ção é geralmente a adesão de executivos mais diversos interessados na avaliação de
seniores e outros encarregados de gover- risco de corrupção. Sem esse apoio de alto
dada para pessoas do nível executivo sênior. esquemas e consequências legais potenciais.
Além dos membros da administração sê- A sua empresa pode organizar um workshop,
nior, podem estar envolvidas funções como liderado pela área responsável pela gestão
conformidade, ética, jurídico, auditoria in- da ética, para abordar o tópico de corrupção,
terna, gestão de riscos, vendas e marketing, confirmar que a empresa pode estar exposta
aquisições, expedição, contabilidade e fi- a riscos e identificar as etapas para explorar
nanças e recursos humanos. a exposição.
64
Local/ região: 65
Unidade de negócio:
Classificação do controle de mitigação As medidas tomadas serão eficientes para mitigar a corrupção?
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Estabelecer Identificar Classificar o Identificar e Calcular Desenvolver
o processo os riscos risco inerente classificar os o risco o plano
controles de residual de ação
mitigação
Após fazer o levantamento inicial, a organiza- Fatores de risco são razões pelas quais a
ção precisa identificar e listar os riscos ineren- corrupção ocorre em uma empresa com
tes a cada situação listada no item anterior. base no seu ambiente, incluindo a nature-
za das suas operações e localizações. Uma
A forma a ser utilizada para isso inclui cole-
forma de ilustrar fatores de risco é observar
ta dos dados por meio de documentos, en-
o Triângulo de Fraude de Donald Cressey16,
trevistas, workshops, consultas, etc. Deve-se
que define três elementos e condições (fa-
considerar que há processos, países e setores
tores de risco) que permitem a ocorrência
específicos que aumentam a exposição ao
de fraudes: pressão, oportunidade e racio-
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO
risco de corrupção.
nalização. Apesar de esse triângulo ter sido
Para direcionar a discussão, na busca dos fa- desenvolvido em relação a riscos de fraude,
tores de risco inerentes ao negócio, procure ele também pode ser utilizado na identifi-
fazer as seguintes perguntas: cação de fatores de risco de corrupção. Ao
aplicar o Triângulo de Fraude para avaliar o
- Nessa situação, há risco de ocorrer corrup- risco de corrupção, devem ser levados em
ção na nossa organização? conta os seguintes elementos:
- Nessa situação, existe um alto risco de não
haver o cumprimento de leis ou acontecer o
pagamento de suborno ou propina?
Pressões
66
Racionalização Oportunidades
Nesta etapa, deve ser feita uma classificação, próximos 12 meses. Tal estrutura deve ser
avaliando a probabilidade de cada risco ocor- ajustada conforme necessário para se ade-
rer e os impactos na organização, em caso de quar aos objetivos da gestão de risco de cor-
ele se concretizar. Para isso, para cada risco lis- rupção da empresa. Alguns dos fatores a se- 67
tado no item anterior, considere que a proba- rem considerados ao estimar a probabilidade
bilidade de cada esquema de corrupção iden- de cada esquema de corrupção incluem:
tificado deve ser avaliada sem levar em conta
• A natureza da transação ou do processo ao
os controles instalados na empresa. Em outras
qual o esquema se relaciona (por exemplo,
palavras, imagine uma empresa onde há mui-
se há uma interação com os funcionários
tas oportunidades de perpetrar o esquema de
de governo);
corrupção por causa da falta de um ambiente
adequado de controle. Com esse cenário, qual • Incidentes do esquema de corrupção que
é a probabilidade de ocorrência do esquema ocorreram anteriormente na empresa;
de corrupção? A administração deve levar em
• Incidentes do esquema de corrupção no se-
conta a probabilidade de execução do esque-
tor da empresa;
ma de corrupção por uma pessoa, ou um gru-
po de pessoas agindo em conluio. • A cultura de corrupção no ambiente local den-
tro da região onde o esquema seria perpetrado;
Nessa estrutura, é recomendável que a ava-
liação de probabilidade seja expressa como • O número de transações individuais relati-
a probabilidade de que o evento ocorra nos vas ao esquema;
• A complexidade do esquema e o nível de funcionário de governo para liberação alfan-
conhecimento e habilidade exigidos para degária pode ser mais provável em determi-
a execução; nados países e menos provável em outros.
• O número de pessoas necessárias para per- Com base nesses fatores e para cada risco lis-
petrar o esquema; tado no item anterior, faça a seguinte análise:
• O número de pessoas envolvidas na apro- 1) A probabilidade de o risco ocorrer é alta,
vação ou análise do processo ou transação média ou baixa?
relativa ao esquema.
2) Em caso de o risco se concretizar, os im-
Para empresas com várias localizações e pactos para organização são altos, médios
unidades operacionais, a probabilidade de ou baixos?
ocorrência de cada esquema de corrupção
pode variar entre locais diferentes e unidades Uma maneira de visualizar essa análise é co-
operacionais. Por exemplo, o suborno de um locando os resultados em um gráfico:
Probabilidade
de ocorrer
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO
Alta
Risco 2
Média
Risco 1 Risco 3
Baixa
Impacto
Baixo Médio Alto
68
Nesse caso, o risco 1 tem alta probabili- ações para reduzir o Risco 3, que tem alto
dade de acontecer e alto impacto para a impacto para a organização, porém, pouca
organização, portanto, as ações para miti- probabilidade de acontecer.
gá-lo devem ser mais urgentes do que as
4 - IDENTIFICAR E CLASSIFICAR OS CONTROLES DE MITIGAÇÃO
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Estabelecer Identificar Classificar o Identificar Calcular Desenvolver
o processo os riscos risco inerente e classificar o risco o plano
os controles residual de ação
de mitigação
programas e controles podem não ser do- parte de uma política escrita, não foram
cumentados formalmente e, assim, seria colocados em prática.
importante identificar as pessoas e fun-
ções que conhecem os controles existen- Ao desenvolver uma lista de documentos
tes nessa área. Além disso, certas práticas, para serem vistos e uma lista de pessoas a
como a segregação de responsabilidades e serem entrevistadas, além de perguntas es-
os procedimentos e políticas formais escri- pecíficas, pode ser útil entender várias classi-
tas, podem não existir nessas empresas em ficações de controle possíveis. Aqui estão as
razão de restrições de recursos. É até mais mais comuns:
importante para essas empresas identifi- 1. Controles gerais (nível da organização)
car a mitigação que está atualmente em versus controles específicos (nível do proces-
prática ou que seja prática por natureza,
so ou dos negócios);
mesmo que não seja documentada como
70 parte desse exercício. 2. Controles preventivos
versus controles detectivos.
Informação sobre controles relevantes po-
dem ser obtidas por vários meios. Ainda Seguem abaixo alguns exemplos de indica-
que a análise de documentação de con- dores conforme tipos descritos acima:
trole e processo seja a etapa principal,
ela geralmente é complementada por en-
CONTROLES GERAIS NORMAIS
trevistas e pesquisas com os interessados
ANTICORRUPÇÃO AO NÍVEL
que podem ajudar a identificar os contro-
DE ORGANIZAÇÃO:
les apropriados. Além disso, durante essa
etapa, a equipe ou a pessoa que dirige a • Um programa formal de
atividade de avaliação de risco de corrup- conformidade anticorrupção;
ção também pode verificar com os respon- • Um comitê de compliance ou anticorrupção
sáveis pelo processo de negócios se os obrigatório para analisar ou receber atualiza-
controles e programas de mitigação iden-
ções de todas as transações de alto risco;
tificados estão realmente funcionando de
acordo com a política e o processo. Essa • Padrões escritos (ou seja, o código de condu-
verificação pode, algumas vezes, ilustrar ta e anticorrupção e outras políticas correlatas);
• Comunicação e treinamento anticorrupção • Sistema de delação, processo de investiga-
para funcionários; ção e gestão de casos;
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Estabelecer Identificar Classificar o Identificar e Calcular Desenvolver
o processo os riscos risco inerente classificar os o risco o plano
controles de residual de ação
mitigação
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Estabelecer Identificar Classificar o Identificar e Calcular Desenvolver
o processo os riscos risco inerente classificar os o risco o plano
controles de residual de ação
mitigação
O risco residual de cada esquema de corrup- acreditar que o benefício em custos pode ser
ção pode ser avaliado pela empresa para de- vantajoso, mas não essencial.
73
terminar se uma resposta a risco de corrup-
Para qualquer esquema de corrupção que
ção é necessária e, se assim for, quais são os
tenha risco residual maior do que a tole-
elementos desejados do plano. Um determi-
rância de risco definida pela administração
nante central do plano de resposta é o nível
e aprovada por quem exerce governança, é
de tolerância ou inclinação ao risco, que será
necessária uma ação para reduzir o risco até
variável, dependendo da empresa e do seg-
que ele esteja dentro do limite de tolerância
mento a que ela pertença.
desejável. Para esses itens, é necessário um
Nenhuma outra mitigação de risco é neces- plano de resposta de risco de corrupção.
sária para um esquema de corrupção que te-
Algumas respostas aos riscos de corrupção
nha um risco residual dentro da tolerância de
envolvem decisões que nem sempre são
risco definida pela administração e aprovada
possíveis, como mudança de escopo dos
por quem exercer governança, algo que não
negócios da empresa, por exemplo, evitan-
acontece com o segmento da construção.
do ou interrompendo a condução de negó-
Mesmo assim, caso o risco residual seja cios em algumas regiões geográficas, seg-
baixo, a administração pode escolher im- mentos da indústria ou mercados porque o
plementar mitigação de risco adicional, se risco é considerado impossível de mitigar
suficientemente e com confiança, ou mes- “melhor da categoria”. Ainda que a necessi-
mo transferindo riscos para terceiros atra- dade de resposta deva ser avaliada com base
vés de termos contratuais. na tolerância de risco e nas restrições de re-
cursos da empresa, podem ambos variar de
Historicamente, a resposta mais comum a
uma empresa para outra.
riscos de corrupção residual era, e conti-
nua sendo, implementar aprimoramentos Seguindo a tendência das empresas em esta-
aos controles internos para aumentar a mi- belecer estratégias de negócios baseadas nos
tigação de risco e aprimorar certos contro- princípios do desenvolvimento sustentável,
les anticorrupção. este guia prioriza projetos que materializem e
disseminem uma gestão da ética e complian-
De qualquer modo, deve ser observado que
ce em todas as perspectivas de seus negócios.
nem todas as empresas têm os mesmos re-
cursos e fundos à sua disposição para inves- Assim, os tópicos descritos a seguir buscarão
tir em nível igual no programa de conformi- priorizar todos os tópicos que instrumentem
dade anticorrupção. e capacitem as empresas e seus stakeholders
para um nível de excelência em gestão da
Algumas só podem querer tratar programas
ética, apesar dos desafios culturais e políti-
e controles para o que consideraram como
cos existentes no país.
as áreas de exposição mais significativas,
enquanto outras podem querer tratar mais Dessa forma, após a conclusão da análise
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO
o interesse de manter um programa de con- dos riscos, a próxima etapa será formalizar a
formidade anticorrupção mais robusto ou o política de compliance.
Com a função de responder aos questiona- Esse meio de comunicação pode ser um en-
75
COMUNICAÇÃO E TREINAMENTO
Uma das etapas de grande importância no sencial para reforçar os valores e os padrões
Programa de Ética e Compliance é sua comu- éticos e orientar sobre mitigação de riscos.
nicação. Alguns canais podem ser utilizados Deve conter os principais conteúdos do có-
para divulgá-lo, como: cartilhas, vídeos, ar- digo de conduta e da política de compliance,
tigos enviados por e-mails, murais, cartazes estudos de caso, além de prestar orientações
espalhados nos locais de grande visualiza- em relação à forma de lidar com as questões
ção (por exemplo, no relógio de ponto), mala de ética e compliance no dia a dia.
direta, correspondências em geral e treina-
Essa importante ferramenta pode ajudar a mu-
mentos presenciais.
dar comportamentos e reduzir os casos de irre-
Esses treinamentos devem ser obrigatórios gularidade. Os treinamentos também são uma
para todos os funcionários e, eventualmente, excelente oportunidade de ouvir recomenda-
para alguns stakeholders. O treinamento é es- ções, sugestões e dúvidas de colaboradores.
Também é possível buscar o comprometi- avaliação de risco eficiente sobre o plano de
mento de outros públicos, como fornecedo- treinamento da empresa incluem:
res ou clientes, por meio da inserção de cláu-
• Há subseções específicas da nossa base
sulas relacionadas ao tema, em contratos e
funcional (por exemplo, subordinados aos
acordos. Dessa forma, é possível assegurar
gerentes de nível intermediário) que preci-
a comunicação do posicionamento ético da
sam de treinamento adicional? E os gerentes
organização de maneira formal.
de nível intermediário — eles precisam de
treinamento adicional?
COMUNICAÇÃO
• Nós medimos a qualidade e a meticulosida-
O treinamento, como quase todos os outros
de dos materiais de treinamento e testamos
aspectos de um programa de conformidade
a retenção do assunto pelos funcionários?
anticorrupção eficiente, deve levar em con-
ta e se basear no perfil de risco da empresa. • Quais serão a frequência e a duração des-
Perguntas essenciais respondidas por uma ses treinamentos?
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO
TRATAMENTO DE DENÚNCIAS
E VIOLAÇÃO DO PROGRAMA
AUDITORIAS E MONITORAMENTO
O Programa de Ética e Compliance deve evoluir, plica em uma mudança radical no programa.
acompanhando as mudanças nas operações e Ela pode ser feita apenas para assegurar que o
a forma como a organização responde às con- programa se mantém atualizado.
dições de mercado. O programa deve ser revi- O monitoramento constante e o canal de co-
sado, pelo menos a cada dois anos ou quando municação podem trazer recomendações e
houver necessidade, por exemplo, para ade- podem ajudar a identificar essas necessida-
quação devido a mudanças em normas ou des de mudanças. Um Programa de Ética e
legislações. A revisão não necessariamente im- Compliance efetivo8:
Avalia riscos
Detecta condutas
inadequadas
77
INICIATIVAS EXTERNAS
Existem algumas iniciativas que priorizam a éti- balho, meio ambiente e combate à corrup-
ca e as políticas anticorrupção. Ao aderir a elas, ção refletidos em 10 princípios.
a sua organização obtém um endosso externo Essa iniciativa conta com a participação de
do comprometimento em relação à ética. agências das Nações Unidas, empresas, sin-
dicatos, organizações não governamentais
PACTO GLOBAL
e demais parceiros necessários para a cons-
O Pacto Global é uma iniciativa desenvolvida trução de um mercado global mais inclusi-
pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan vo e igualitário.
com o objetivo de mobilizar a comunidade
Com os desafios sociais, políticos e econô-
empresarial internacional para a adoção, em micos, mais do que nunca muitas empresas
suas práticas de negócios, de valores funda- reconhecem a necessidade de colaborar e
mentais e internacionalmente aceitos nas fazer parcerias com os governos, a socieda-
áreas de direitos humanos, relações de tra- de civil e as Nações Unidas.
4) O compromisso também sugere a seleção O Pacto Global pode ser assinado por empre-
de fornecedores de modo que todos aqueles sas e também organizações sem atividade
que fornecem à empresa também cumpram empresarial, como: sindicatos, ONG´s, entida-
80
PACTO EMPRESARIAL
PELA INTEGRIDADE E
CONTRA A CORRUPÇÃO
O Pacto Empresarial pela Integridade e contra
a Corrupção tem como objetivo unir empre-
sas para promover um mercado mais íntegro Uma série de entidades participou de sua
e ético e erradicar o suborno e a corrupção. criação, entre as quais o Instituto Ethos, a Pa-
Ao se tornarem signatárias do pacto,
as empresas assumem o compromisso
de divulgar a legislação brasileira
anticorrupção para seus funcionários
e stakeholders, a fim de que ela seja
cumprida integralmente.
tri Relações Governamentais & Políticas Pú- • Fortalecer o Pacto Empresarial pela Integri-
blicas, o Programa das Nações Unidas para dade contra a Corrupção.
o Desenvolvimento (PNUD), o Escritório das
• Realizar diagnóstico sobre o conjunto de
Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNO-
MÃOS À OBRA!
A CBIC se coloca à disposição para auxiliá-lo Porém, uma cultura em que predomina a éti-
na implementação de um sistema de gestão ca não se consegue com um e-mail do presi-
de ética e compliance em sua organização. dente ou do dono da organização apoiando
o programa ou com uma sessão de treina-
Um Programa de Ética e Compliance terá mento. Exige investimento de tempo e es-
sido bem-sucedido quando chegar a um forço nos diferentes níveis da organização.
estágio em que os comportamentos reque-
Acreditar numa gestão ética é acreditar na
82 ridos pelo Código de Conduta e pelas políti- sustentabilidade de sua organização.
cas de compliance estejam tão arraigados na
cultura da organização que serão replicados Por isso, seja resiliente! Não desista na pri-
meira dificuldade e colha os frutos no futuro!
sem que haja a necessidade de recorrer à lei-
tura dos documentos. Conte conosco!
ANEXO - CHECK LIST
Aprendeu-se durante os anos recentes que volvidas como elemento atenuante de pena
guias de conduta sem políticas efetivas de os códigos penais foram atualizado para per-
implementação são incapazes de evitar mitir o alívio apenas se for comprovado que
problemas. A elaboração de uma política a companhia também se empenhava para
de compliance envolve, portanto, estraté- implementar uma política de gestão da ética.
gias que vão além dos códigos de compor-
O check list apresentado a seguir contempla
tamento. Ela precisa contemplar ações para
essas duas etapas, de construção do regu-
o envolvimento das lideranças, dos funcio-
lamento e da adoção de medidas efetivas
nários e de outros públicos com os quais a
para sua execução. Nesse sentido, foram
empresa se relaciona, como fornecedores e
reunidas iniciativas reconhecidas interna-
o poder público, por exemplo.
cionalmente para ajudar de forma prática e
Esse ponto é particularmente importante objetiva as empresas que resolverem ado-
porque em vários países onde a legislação an- tar políticas de compliance dentro das suas
ticorrupção previa a existência ou não de có- estruturas de governança (e sugerimos for-
digos de conduta por parte das empresas en- temente que o façam).
ESTUDO DE RISCO
Iniciativa Sim Não Observação
Mapeamento de todos os processos envolvendo
todas as atividades da empresa.
Identificação de riscos.
Classificação dos riscos existentes.
Criação de controles de mitigação de riscos.
Cálculo de risco residual.
Desenvolvimento de plano de ações.
CÓDIGO DE ÉTICA
Iniciativa Sim Não Observação
Missão/Visão/Valores.
Definição e instrução de uso do código de ética.
Princípios e padrões éticos estabelecidos na forma de regulamentos.
Definição e descrição de públicos-alvo.
Penalidades.
Estrutura de compliance - criação de estrutura de gestão da ética.
Termo de compromisso
PLANO DE AÇÃO
Iniciativa Sim Não Observação
Estabelecer linhas de comunicação e recebimento de denúncias
acessíveis a colaboradores, clientes e púbico externo.
Criar estratégias de comunicação e treinamento de colaboradores.
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO
84
LINKS ÚTEIS
Implantando o Pacto Global das Nações Unidas. Pacto Global - Primeiros passos
http://www.pactoglobal.org.br/Public/upload/ckfinder/files/Publicacoes/Primeiros_Pas-
Pacto Global:
http://www.pactoglobal.org.br/
85
REFERÊNCIAS
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Construction Industry Ethics & Compliance Initiative. Acesso em 15 de novembro 2015.
Disponível em: < http://www.ciecinitiative.org/files/Blueprint.pdf>.
Caderno do Pacto. Grupo Temático Anticorrupção, Pacto Global Rede Brasileira, Volume 2,
dezembro de 2015.
Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção. Organização das Nações Unidas, 2003.
Acesso em 13 de novembro 2015. Disponível em: <https://www.unodc.org/documents/lpo-
brazil//Topics_corruption/Publicacoes/2007_UNCAC_Port.pdf>.
Corporate Social Responsibility. The World Business Council for Sustainable Development.
Acesso em 13 de novembro 2015. Disponível em: <http://www.wbcsd.org/work-program/
business-role/previous-work/corporate-social-responsibility.aspx>.
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO
Creating a Culture of Ethics, Integrity & Compliance: Seven Steps to Success. NAVEX Global.
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Denardin, E.S.; Mariotto, M. D.; Andrade, Z.O. Ética na Construção Civil. Revista Sociais e
Humana. Rio Grande do Sul: v. 11, n. 1, 1998.
Direito fácil. Poder Judiciário da União. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos territórios.
Acesso em 13 de novembro 2015. Disponível em: < http://www.tjdft.jus.br/institucional/
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Effective Practice Guidelines Series: Shaping an Ethical Workplace Culture. SHRM Foundation’s,
2013. Acesso em 15 de novembro 2015. Disponível em: < https://www.shrm.org/about/
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Disponível em: <http://www.leonardoboff.com/site/vista/outros/etica-e-moral.htm>.
Guia SESI FIEMG – Ética Empresarial. Sistema Federação das Indústrias do Estado de Minas
Gerais, 2014.
Implantando o Pacto Global das Nações Unidas. Pacto Global – Rede Brasileira. PNUD. Acesso
em 14 de novembro 2015. Disponível em: < http://www.pactoglobal.org.br/Public/upload/
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The World Business Council for Sustainable Development. Acesso em 13 de novembro 2015.
Disponível em: <http://siteresources.worldbank.org/EXTDEVCOMSUSDEVT/Resources/
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2015 Ethics & Compliance Training Benchmark Report. NAVEX Global. Acesso em 13 de
novembro 2015. Disponível em: <http://www.navexglobal.com/resources/whitepapers/2015-
Ethics-and-Compliance-Training-Management-Benchmark-Report >.
correalização realização
correalização realização
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