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GUIA DE ÉTICA E

COMPLIANCE PARA
INSTITUIÇÕES E EMPRESAS
DO SETOR DA CONSTRUÇÃO
GUIA DE ÉTICA E
COMPLIANCE PARA
INSTITUIÇÕES E EMPRESAS
DO SETOR DA CONSTRUÇÃO

correalização realização
FICHA TÉCNICA
José Carlos Martins
Presidente da CBIC
Ana Cláudia Gomes
Presidente do Fórum de Ação Social e Cidadania - FASC/CBIC
Consultorias externas
Leonardo Barreto Consultor Político
Diniz Raposo e Silva Consultor Jurídico
Seravalli Consulting
Maria Luisa Pestana Guimarães
Assessora Jurídica - CBIC
Doca de Oliveira
Coordenadora de Comunicação - CBIC
Geórgia Grace
Coordenadora de Projetos - CBIC
Cláudia Rodrigues
Gestora de Projetos - FASC/CBIC
Gadioli Branding e Comunicação
Projeto Gráfico

GUIA DE ÉTICA E COMPLIANCE


PARA INSTITUIÇÕES E EMPRESAS
DO SETOR DA CONSTRUÇÃO
Brasília-DF, junho de 2016

Câmara Brasileira da Indústria da Construção - CBIC


SQN - Quadra 01 - Bloco E - Edifício Central Park
13º Andar CEP 70.711-903 - Brasília/DF
Telefone: (61) 3327-1013
GUIA DE ÉTICA E
COMPLIANCE PARA
INSTITUIÇÕES E EMPRESAS
DO SETOR DA CONSTRUÇÃO

correalização realização
SUMÁRIO

Apresentação ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 09
1. Estrutura básica de um código de ética
Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 13
Código referencial | Missão, visão e valores ----------------------------------------------------------------------------------- 14
Definição e instruções de uso do código de ética ----------------------------------------------------------------------- 14
Princípios gerais do setor da construção ---------------------------------------------------------------------------------------- 15
Padrões éticos internacionais ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 17
Públicos-alvo -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 17
SUMÁRIO

Penalidades ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 19
Estrutura de compliance (Compliance Office) --------------------------------------------------------------------------------- 19
Termo de compromisso ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 19
2. Normas para a representação política
Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 23
A matriz de legitimidade: o direito de diálogo ----------------------------------------------------------------------------- 24
Guia de compliance ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 24
3. Lei Anticorrupção comentada (Lei 12.846, de 1º de agosto de 2013)
Introdução -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 30
I. Origem e abrangência ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 31
6 II. Atos lesivos -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 33
III. Responsabilização administrativa e judicial ----------------------------------------------------------------------------- 35
IV. Programa de integridade (compliance) -------------------------------------------------------------------------------------- 37
V. Acordo de leniência ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 40
VI. Cadastros ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 42
VII. Disposições gerais ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 43
VIII. Conclusão ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 43
4. Avaliação de Risco de Corrupção
Introdução ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 47
O compromisso das organizações com a sociedade ------------------------------------------------------------------- 48
Afinal, o que é a Ética? --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 48
Cultura organizacional --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 50
Corrupção -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 50
Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção ------------------------------------------------------------------- 52
Lei Anticorrupção ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 52
Compliance ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 55

SUMÁRIO
Ética empresarial ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 55
Ética e Indústria da Construção ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 56
Como criar uma cultura de ética no ambiente de trabalho? --------------------------------------------------- 57
Gestão da Ética e Compliance -------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 58
Comprometimento de alta liderança ----------------------------------------------------------------------------------------------- 59
Definição da estrutura de Gestão de Ética e Compliance ---------------------------------------------------------- 59
Definição ou atualização dos valores da organização --------------------------------------------------------------- 60
Elaboração de Código de Conduta --------------------------------------------------------------------------------------------------- 61
Avaliação de Risco de Corrupção ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 63
Formalização de uma Política de Compliance --------------------------------------------------------------------------------- 74
Estabelecimento de linhas diretas de comunicação de ética e de denúncias ----------------- 75
Comunicação e Treinamento --------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 75
Tratamento de denúncias e violação do programa -------------------------------------------------------------------- 76 7
Auditorias e monitoramento --------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 76
Revisões periódicas do Programa de Ética e Compliance --------------------------------------------------------- 77
Iniciativas externas ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 77
Mãos à obra! ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 82
Anexo - Check list -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 83
Links úteis --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 85
Referências ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 86
APRESENTAÇÃO

O Brasil passa por período de grande trans- nal, a CBIC mobilizou especialistas de qualidade
formação, exigindo novos paradigmas nas e conhecimento reconhecidos para identificar
relações comerciais, especialmente entre o os conceitos e ferramentas de gestão mais mo-
poder público e atores privados. Esse cenário dernas, cuja adoção cristalizará premissas que
impõe posicionamento firme da construção fazem parte da tradição do setor no manejo de
civil e do mercado imobiliário na direção do projetos, em empreendimentos e políticas pú-
fortalecimento das premissas que tradicio- blicas, modernizando suas práticas.
nalmente pautam sua atuação e no reforço
Com este Guia de Ética & Compliance para
de mecanismos que cristalizem a blindagem
Instituições e Empresas da Construção Civil,
necessária aos novos tempos. A ética nos ne-
colocamos à disposição do setor e do país as
gócios já é um atributo empresarial decisivo
premissas e iniciativas mais modernas, e ali-
para o bom desempenho das empresas e sua
nhadas aos padrões internacionais, que apri-
respeitabilidade perante a sociedade. Nesse moram as regras de atuação da CBIC e servirão
sentido, para que a construção civil se man- de referência e sugestão para que entidades e
tenha na dianteira, deve-se atuar para ir além suas empresas associadas subsidiem suas pró-

APRESENTAÇÃO
dos cuidados que já adota e buscar a atualiza- prias políticas de compliance. Este volume traz
ção permanente de ferramentas e premissas. um guia referencial de ética; um guia de com-
Mais que enraizar suas práticas, essa iniciativa pliance e representação política; um código de
será uma contribuição ao país, servindo de re- conduta concorrencial para a construção civil e
ferência para outros segmentos empresariais. o mercado imobiliário; e um manual de avalia-
O cuidado e o respeito à ética nos negócios ção de risco de corrupção.
não são uma novidade na construção civil e Ao arcabouço de ações e normas de condu-
no mercado imobiliário brasileiros, posicio- ta em vigor foram acrescentadas premissas
namento reafirmado em diversas oportuni- colhidas no âmbito do Pacto Global, inicia-
dades. Atos como os que levaram à divulga- tiva proposta pela Organização das Nações
ção dos conceitos apresentados na Carta de Unidas (ONU) como estímulo à adoção de
Belo Horizonte, em 1991; à formulação de políticas de responsabilidade social corpora-
um Código de Ética para o setor, em 1992; a tiva e sustentabilidade. Essas são iniciativas 9
contribuição que levou à criação da Lei 8.666, apoiadas pela CBIC, mas não só: a entidade
sancionada em 1993; e o dia a dia das nossas mobilizou especialistas com notório saber,
ações nos colocam numa posição de van- experiência e respeitabilidade reconhecidas
guarda nesse debate. para organizar manuais práticos de grande
utilidade para o dia a dia do setor.
No momento em que a ética e o compliance
transpõem o espaço natural da expressão de Com esses documentos, a CBIC cumpre seu
boas práticas para se tornarem atributos em- papel de traduzir posicionamento da cons-
presariais, cabe ao setor modernizar e fortalecer trução civil e do mercado imobiliário, assim
os mecanismos vigentes para manter-se sinto- como oferece ao setor a referência necessária
nizado com o novo ambiente de negócios bra- para manter-se sintonizado com as mais no-
sileiro. Coerente com a postura que marca sua vas práticas nesse tema e o novo ambiente
trajetória, e em correalização com o SESI Nacio- de negócios brasileiro. Bom proveito!

José Carlos Rodrigues Martins


Presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)
1. ESTRUTURA
BÁSICA DE UM
CÓDIGO DE ÉTICA
INTRODUÇÃO

A crescente adoção de políticas de com- arte de separar o joio do trigo e publicar o


pliance pelas estruturas corporativas brasi- joio, boas políticas de compliance existem
leiras é um fenômeno recente, porém em para prevenir crises e manter empresas pre-
rápido processo de consolidação. Vive-se servadas do noticiário.
hoje na era da reputação e práticas que
Existe um grande debate em curso, especial-
arranhem a imagem das empresas podem
destruí-las em pouquíssimo tempo e, mui- mente no âmbito da ONU e do Pacto Global
tas vezes, sem espaço para defesa. Não por pelo Combate à Corrupção. Esses fóruns

INTRODUÇÃO
acaso, umas das frases transformadas em têm servido para sintetizar experiências
mantra pelos gestores atuais é aquela que colhidas em vários países e fornecer diretri-
diz que “são necessários vinte anos para zes que possam orientar donos e gestores
construir uma reputação e apenas cinco mi- de empresas na elaboração e na execução
nutos para destruí-la” (Warren Buffet). de políticas de gestão da ética nas relações
privadas e com o setor público. Essas são as
Soma-se como fator de risco o fato de que principais fontes desse trabalho referencial.
todos os colaboradores de uma empresa
também são vistos como seus porta-vozes, Além das referências internacionais, utiliza-
formais ou informais. Nesse sentido, não ram-se também a longa trajetória e a expe-
basta ter um bom departamento de market- riência da CBIC em questões éticas que têm
ing e relacionamento com a imprensa para na aprovação da Lei das Licitações e na Carta
evitar crises. Deve-se envolver todo o uni- de Belo Horizonte os seus maiores marcos.
13
verso de pessoas que formam o negócio, Nesse sentido, o documento que se segue
desde o mais alto líder até os operários de é um código referencial baseado na dis-
canteiro, assessorias e fornecedores.
cussão mais atual sobre esse tema e no co-
No entanto, tendo tomado a decisão de ela- nhecimento acumulado pela CBIC ao longo
borar e executar uma política de complian- das últimas décadas. Obviamente, ele não
ce, a empresa vai se deparar com um tema esgota a discussão, mas fornece um rotei-
que ainda se vê em meio a muitas indefini- ro a partir do qual os interessados poderão
ções. Igualmente, é difícil encontrar casos se orientar para criar políticas efetivas de
de sucesso, dado que companhias ganham prevenção de crises, aumento da seguran-
o noticiário exatamente quando um desvio ça das práticas de mercado, valorização da
é descoberto. Considerando o velho ditado reputação de suas empresas e crescimento
de que a atividade de imprensa consiste na do seu patrimônio.
1. ESTRUTURA BÁSICA
DE UM CÓDIGO DE ÉTICA
Um código de ética é um meio para trans- prever uma estrutura para a sua aplicação,
formar os valores e princípios de uma insti- públicos-alvo, canais de comunicação para
tuição ou empresa em conduta efetiva dos recebimento de denúncias e orientação e
seus colaboradores. Nesse sentido, além de previsão de penalidades.
regulamentos de comportamento, ele deve

• Missão • Padrões éticos


• Visão internacionais
• Valores • Públicos-alvo
• Definição e instrução de • Penalidades
uso do código de ética • Estrutura de compliance
• Princípios do setor da construção • Termo de compromisso
ESTRUTURA BÁSICA DE UM CÓDIGO DE ÉTICA

CÓDIGO REFERENCIAL
MISSÃO, VISÃO E VALORES
Esta sessão é abstrata e subjetiva, devendo mica, social e ambiental (missão); o interesse
conter os valores e objetivos que levaram à de ser reconhecido como provedor confiável
criação da instituição ou empresa e orientam de produtos e práticas de mercado (visão); e
a sua atuação. No entanto, além dos objetivos a afirmação das características com base nas
privados das suas iniciativas, devem estar pre- quais ele pauta suas decisões, como integri-
sentes o compromisso com o desenvolvimen- dade, respeito, transparência, responsabilida-
to da sociedade nas suas dimensões econô- de, confiança e confidencialidade (valores).
14

DEFINIÇÃO E INSTRUÇÕES
DE USO DO CÓDIGO DE ÉTICA
Este Código de Ética e Conduta é o docu- A responsabilidade pela verificação do cum-
mento formal que apresenta diretrizes de primento das diretrizes deste Código, bem
conduta ética para atividades institucionais como dos estudos que visem a sua perma-
ou empresariais, devendo ser seguido por nente atualização, estará a cargo da direção
todos os colaboradores a elas ligados. Essas da instituição ou empresa (ou outra instân-
diretrizes devem ser aplicadas pelos profis- cia que possa ser criada para esse fim).
sionais, independente do cargo ou função,
que atuem direta ou indiretamente nas fa- Este documento objetiva ser integrado nas
ses de planificação, de produção, de interlo- relações profissionais da organização em
cução e comunicação, de comercialização e complementariedade ao cumprimento das
de atividades conexas ou correlatas. leis vigentes para todos. Assim, a partir do
momento do recebimento formal deste Có- Ética e Conduta implementado. Assim, cabe
digo, ele passa a ser de responsabilidade observar sua aplicação, sendo recomen-
individual daquele que o recebe. dável que, diante de situações que gerem
dúvidas em relação à conduta ética, sejam
A implementação de um código de condu-
ta envolve mecanismos de monitoramento feitas as seguintes perguntas:
e responsabilização, inclusive judicial, assim • Essa situação está prevista no Código de
como a criação de um canal permanente de Ética e Conduta?
recebimento de denúncias e de esclareci-
mento de dúvidas (importante acrescentar • Sua decisão pode causar danos e conse-
uma descrição de punições, canais de co- quências negativos à organização?
municação e estrutura de aplicação). • Sua decisão pode ser tomada com autonomia
ou é preciso consultar seu superior imediato?
Em qualquer circunstância, o superior ime-
diato também poderá fornecer todas as • Qual sua intenção ao tomar a decisão?

ESTRUTURA BÁSICA DE UM CÓDIGO DE ÉTICA


orientações necessárias para cada caso, Cumprido esse requisito preliminar, reco-
com vistas ao saneamento da questão. menda-se que, caso ainda não haja confiança
Será inaceitável a omissão de busca do quanto à adequação da decisão, a informa-
completo esclarecimento sobre possíveis ção deve ser compartilhada com o superior
atitudes ou dúvidas que, eventualmente, imediato ou comunicada imediatamente ao
estejam em desacordo com o Código de canal de diálogo para temas de ética.

PRINCÍPIOS GERAIS DO SETOR DA CONSTRUÇÃO


• A atividade construtiva é exercida com ob- de saúde física e mental; higiene; segurança;
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jetivo de promover o bem-estar das pessoas proteção; e conforto.
e da coletividade.
• A atividade construtiva não pode ser objeto
• As construções devem, obrigatoriamente, de lucros decorrentes de procedimentos não
permitir aos usuários condições satisfatórias éticos, ilegais ou imorais.
São deveres dos construtores e de todos os • Buscar o desenvolvimento tecnológico, le-
demais integrantes da cadeia de valor da ati- vando em conta não somente a substituição
vidade construtiva: de pessoas por equipamentos e processos
construtivos, mas, preferencialmente, a me-
• Pesquisar novos procedimentos e técnicas
que visem progressivamente à melhoria da lhoria da condição de trabalho e produtivi-
qualidade, ao aumento da produtividade, dade dos operários e demais intervenientes.
à racionalização de tempo e de recursos fi- • Estimular, prioritariamente, a adoção de
nanceiros e materiais, com vistas à redução equipamentos naquelas atividades que,
do custo; dos eventuais impactos ambien- pelo grau de risco, sejam estatisticamente
tais e sociais; e do preço final de venda.
as que oferecem maiores danos à saúde e à
• Recusar o exercício da atividade em condi- integridade dos trabalhadores.
ções inadequadas à segurança e à estabili-
• Adotar os princípios da qualidade e da
dade da construção.
produtividade, de forma que seus benefí-
• Não delegar a terceiros não qualificados cios sejam usufruídos igualmente por todos
serviços e partes da obra que coloquem em os públicos de interesse envolvidos.
risco a qualidade final da construção.
• A atividade construtiva deve ser exercida
• Seguir os projetos, ater-se às especifica- sem discriminação por questões de reli-
ESTRUTURA BÁSICA DE UM CÓDIGO DE ÉTICA

ções sem atrelar-se a marcas exclusivistas gião, raça, sexo, nacionalidade, orientação
e indevidamente seletivas, cumprir as nor- sexual, cor, idade, deficiência física, condi-
mas técnicas editadas pela ABNT e, na falta ção social, opinião política ou de qualquer
destas, normas compatíveis. outra natureza.
• Cumprir as determinações da fiscalização, • Eliminar qualquer atividade que signifique
as posturas municipais, estaduais e federais,
trabalho forçado ou compulsório.
de forma a obter resultado final de qualida-
de e padrão compatíveis com o contratado. • Abolir completamente o trabalho infantil.

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PADRÕES ÉTICOS INTERNACIONAIS

• Confidencialidade: os profissionais não ganar. Sua consultoria deve ser baseada em


devem divulgar informações confidenciais provas válidas.
ou proprietárias sem permissão prévia, a
• Respeito: os profissionais devem fornecer
menos que essa divulgação seja exigida por
serviços que honrem clientes, terceiros e
leis ou regulamentos aplicáveis.
partes interessadas no contexto das regras
• Divulgação: os profissionais devem fazer aplicáveis de direito, incluindo as áreas so-
todas as divulgações apropriadas antes ciais e ambientais.
e durante a execução de um serviço. Se,
• Responsabilidade: os profissionais têm a
após a divulgação, um conflito não puder obrigação de terem cuidado para com seus
ser eliminado ou reduzido, o praticante clientes e consideração pelos direitos e inte-
deve retirar-se do projeto ou obter o con- resses de terceiros e partes interessadas.
sentimento por escrito das partes envolvi-
das para continuar. • Transparência: os profissionais não devem
desinformar a respeito dos produtos ou ter-
• Responsabilidade Fiduciária: os profis- mos de serviço a ser prestado e devem apre-
sionais devem ser honestos, transparen- sentar documentação relevante ou outro

ESTRUTURA BÁSICA DE UM CÓDIGO DE ÉTICA


tes e de confiança em todas as suas tran- material em linguagem simples e inteligível.
sações financeiras.
• Confiança: os profissionais devem ser con-
• Alto padrão de serviço: os profissionais fiáveis em suas comunicações profissionais e
devem apenas prestar serviços para os quais reconhecerem que sua conduta profissional
são competentes e qualificados, e assegurar pesa sobre a manutenção da confiança pú-
que qualquer empregado ou associado aju- blica nas profissões imobiliárias.
dando com a prestação dos serviços tem a
competência necessária para realizá-los. • Verificação: os profissionais devem avaliar
continuamente os serviços que prestam, a
• Integridade: os profissionais devem agir fim de garantir sua consistência com o espí-
com honestidade e justiça em todas as suas rito e a evolução dos princípios éticos e nor-
relações e não devem enganar ou tentar en- mas de boas práticas.
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PÚBLICOS-ALVO

1. COLABORADORES aprimoramento e adequação das condições


de trabalho.
• A atividade da instituição ou empresa
deve propiciar condições de trabalho que • Preservar, em qualquer circunstância, a li-
proporcionem segurança, higiene, saúde, berdade profissional, não aceitando e nem
proteção, bem como salário e estímulo pro- impondo quaisquer restrições a essa auto-
fissional compatíveis à produtividade, ao nomia que venham contrariar a ética, a mo-
aprimoramento do trabalho e à racionaliza- ral e a dignidade das pessoas.
ção de tempo e de recursos materiais.
• Apoiar a liberdade de associação e o reco-
• Buscar constantemente e em todas as nhecimento efetivo do direito à negociação
perspectivas possíveis alternativas para coletiva, seja por remuneração condigna ou
por condições de trabalho compatíveis com publicitários precisos, de contratos comple-
a ética profissional. tos e de informações de tal forma claras e
corretas que lhe permitam se certificar, em
• Assegurar o cumprimento da legislação quaisquer das fases, da compatibilidade do
trabalhista e das disposições contidas nas objeto contratado com o bem construído.
convenções coletivas firmadas para o setor.
• Denunciar quaisquer pressões de contra-
• Propiciar condições de salários e ganhos tantes, intermediários, fiscais e outros que
compatíveis com a produtividade e a quali- visem obter favores, benefícios e outras van-
ficação profissional dos trabalhadores. tagens indevidas em decorrência de ações
imorais, ilegais e não éticas.
• Promover cursos de aperfeiçoamento e apri-
moramento profissional para os trabalhadores. 4. FORNECEDORES
• Aprimorar continuamente os conhecimen- • Aplicar, quando possível, materiais e técni-
tos e usar o progresso científico e técnico cas regionais e, não havendo restrições, ab-
em benefício da melhoria das condições de sorver a mão de obra disponível na região.
trabalho dos operários e do resultado final
• Estar ciente de que, nas obras cujas atividades
das construções.
sejam por mais de um interveniente compar-
• Não serão aceitos quaisquer tipos de assédio, tilhadas, dever-se-á especificamente, quando
ESTRUTURA BÁSICA DE UM CÓDIGO DE ÉTICA

sexual ou moral, pois não se admite postura da contratação, ficar definida a responsabili-
que fira o respeito e a dignidade do indivíduo. dade de cada um dos participantes. Nos casos
de subcontratação, o contratante principal não
• Não é permitido o consumo de drogas e poderá se eximir da responsabilidade a ele ati-
bebidas alcóolicas no desempenho das fun- nente, a não ser quando expressamente indi-
ções de trabalho nem a execução do traba- cada e quando legalmente possível.
lho sob efeito delas.
• Denunciar quaisquer ações de fornecedo-
2. ASSOCIAÇÕES E res que se configurem como práticas car-
ENTIDADES DE CLASSE telizadas, reservas e concessões indevidas,
• Não se utilizar das entidades representati- oposição à livre concorrência e outras ações
vas do setor com vistas a benefícios mera- predatórias ao livre mercado.
mente pessoais, a menos que esses benefí-
18 cios individualizados sejam de real interesse, 5. PODER PÚBLICO
por isonomia, dos demais associados. • Antes de iniciar um diálogo com o governo,
• Servir de exemplo para seus associados a instituição ou empresa deve ter delimitado
o assunto que será tratado. Esse assunto de-
em relação à conduta ética.
verá ser, necessariamente, lícito, ético e rele-
vante para a empresa por ele representada.
3. CLIENTES
• Indicar a solução adequada ao cliente, ob- • Assunto lícito é aquele que não vai contra a le-
servadas as práticas reconhecidamente acei- gislação. Saber se determinado assunto objeto
tas, respeitando as normas legais e técnicas do diálogo é lícito é dever fundamental da ins-
vigentes no País. tituição ou empresa, assim como é obrigação
conhecer os limites éticos a ela impostos.
• Não praticar atos profissionais danosos ao
cliente, mesmo que previstos em edital, pro- • A instituição ou empresa deve se dirigir a
jeto ou especificação, que possam ser carac- agente público apto para o objeto do diálo-
terizados como conivência, omissão, imperí- go. Saber a função do agente público pre-
cia, imprudência ou negligência. sente no diálogo, o seu âmbito de atuação, é
fundamental para que o diálogo seja estabe-
• Assegurar ao cliente produto final que lhe lecido de forma legítima, afinal, o ato pratica-
dê satisfação como resultado de informes do por agente público incompetente é nulo.
• É vedado requerer a um agente público que ▪ explicar o interesse no assunto;
ele extrapole sua competência e seu âmbito
• Por sua vez, cabe ao agente público:
de atuação.
▪ estar acompanhado de, no mínimo,
• O interlocutor da instituição ou empresa um outro agente público;
deve obedecer ao sistema hierárquico no qual
está inserido e limitar-se a tratar de assuntos ▪ realizar o registro da audiência.
para os quais possui autorização específica. • Nenhum interlocutor da instituição ou em-
presa pode oferecer – e a autoridade pública
• O Decreto nº 4.334/2002 é a principal nor- também não pode receber – qualquer remu-
ma sobre concessões de audiências a parti- neração de fonte privada em desacordo com
culares. Ao agente particular que pretende a lei, nem receber transporte, hospedagem
audiência com agente público cabe: ou quaisquer favores de particulares de forma
a permitir situação que possa gerar dúvida so-
▪ avisar previamente qual o assunto a bre a sua probidade ou honorabilidade.
ser abordado;
• É vedada à autoridade pública a aceitação
▪ sugerir data e hora pretendidas; de presentes, excetuando-se os casos em que
▪ identificar todos os agentes priva- não tenham valor comercial e não ultrapas-
dos participantes; sem o valor de R$ 100,00 (cem reais).

ESTRUTURA BÁSICA DE UM CÓDIGO DE ÉTICA


PENALIDADES
A instituição ou empresa deve prever as mento seja feita em consonância com o
penalidades administrativas às quais seus ordenamento jurídico, necessitando, por-
colaboradores estarão submetidos. É im- tanto, de assessoria especializada para a
portante que a definição desse regula- sua elaboração.

ESTRUTURA DE COMPLIANCE (COMPLIANCE OFFICE)


É importante estabelecer também canais dos regulamentos e sua aplicação. Reco-
de comunicação para denúncias e orien- menda-se que seja ligada à alta liderança
tações aos colaboradores, além de desta- da instituição ou empresa, mas que mante-
19
car uma estrutura para criar e executar a nha autonomia para contratar, por exem-
fiscalização, o treinamento, a atualização plo, auditorias externas periodicamente.

TERMO DE COMPROMISSO
Declaro que li e compreendi o Código de Ética e Conduta da INSTITUIÇÃO/EMPRESA,
estando ciente das diretrizes e dos princípios de conduta estabelecidos. Comprome-
to-me a cumprir as normas fixadas por ele, buscando auxílio em casos de dúvidas e
informando a INSTITUIÇÃO/EMPRESA sobre as possíveis violações.

Nome: _____________________________________________________________________________
Área: _______________________________________________________________________________
Local e data: ________________________________________________________________________
Assinatura: __________________________________________________________________________
2. NORMAS PARA A
REPRESENTAÇÃO
POLÍTICA
INTRODUÇÃO

A transformação por que passa o Brasil traz e de classe, assim como apresenta um guia
a ética para o rol dos atributos empresariais prático com ações e cuidados a serem toma-
que farão diferença no desempenho das dos para manter tais relacionamentos dentro
empresas e na sua respeitabilidade peran- dos mais altos padrões éticos em vigor. Para
te a sociedade, afetando diretamente sua favorecer a melhor compreensão em torno
posição no mercado interno e no plano in- do tema, este Guia também apresenta a Lei
ternacional. Esse cenário exige o conheci- Anticorrupção comentada de forma simples
mento profundo das legislações em vigor, a e clara, de modo a tornar mais fácil a neces-
atualização e o enraizamento das iniciativas sária blindagem de práticas e documentos.
de compliance, com vistas a manter fechadas O objetivo é constituir e formalizar um mar-
eventuais brechas à prática da corrupção e co legal para a atividade de representação
a renovar permanentemente os compro- das entidades da construção civil – a própria

INTRODUÇÃO
missos em torno do seu combate. Esse fer- CBIC e seus associados – e das empresas jun-
ramental ganha papel estratégico na go- to ao poder público, formalizando práticas e
vernança de entidades e empresas privadas cuidados observados pelo setor e agregan-
como importante sinalizador do seu grau de do outros, desejáveis ao pleno alcance dos
organização, maturidade e confiabilidade. objetivos propostos.

Assim, a Câmara Brasileira da Indústria da O guia aqui apresentado consolida o co-


Construção (CBIC) e o SESI Nacional formula- nhecimento acumulado de muitos anos de
ram este Guia de Compliance – Normas para a aprendizado prático de diálogo democrático
representação política, apresentando um con- no formato de um código de conduta. Ele
junto de regras e iniciativas que devem orien- pretende servir como referência para que
tar a atuação da construção civil e do mercado entidades associadas e empresas possam
imobiliário brasileiro, apontando como inserir criar seus próprios guias de compliance na
o compliance no dia a dia do setor e no seu rela- área de representação política e diálogo com 23
cionamento com os diversos públicos de inte- o setor público. O documento está organiza-
resse, especialmente a administração pública do de tal maneira que entidades estaduais e
em suas diversas esferas. O cerco à corrupção empresas possam utilizar seu conceito e sua
já faz parte da agenda das entidades do setor, matriz de legitimidade para criar seus do-
no atendimento aos mais elevados padrões cumentos de compliance para o tratamento
de atuação e na busca pela reversão de seus com o poder público.
efeitos colaterais, como a cartelização dos mer-
Com esse Guia de Compliance, a CBIC cum-
cados, a prática de concorrência desleal, o au-
pre seu papel de orientar posicionamento
mento da incidência de obras sem qualidade
e conduta da construção civil e do merca-
ou inacabadas, o aumento dos custos para os
do imobiliário, traduzindo a expectativa do
empresários e, consequentemente, o mau uso
setor por uma ação mais ostensiva na dire-
de recursos públicos.
ção de apontar e disseminar soluções nesse
Em sua primeira edição, este documento campo, assim como oferece ao setor a refe-
cumpre a tarefa de estabelecer e clarear con- rência necessária para manter-se sintoniza-
ceitos vinculados à representação política, à do com as mais novas práticas nesse tema.
atividade natural das entidades empresariais Bom proveito!
2. NORMAS PARA A
REPRESENTAÇÃO POLÍTICA

A MATRIZ DE LEGITIMIDADE: O DIREITO DE DIÁLOGO

O diálogo junto ao governo é direito da pes-


Diálogo legítimo = razão legítima +
soa física e jurídica possível apenas em paí- interlocutores aptos +
ses democráticos. Ele nasceu e até hoje se forma apropriada
confunde com o direito de petição, princípio
fundador das constituições modernas, se- Por razão legítima, entende-se o motivo líci-
gundo o qual o cidadão tem o direito de ter to, relevante e ético que leva interlocutores
a atenção do Estado para os seus problemas. a dialogarem.
O direito de diálogo é fundamental para a Interlocutores aptos são aqueles que pos-
evolução da democracia, ao passo que leva suem autorização para tratar do assunto.
aos órgãos competentes os anseios e as de- De um lado, o agente público envolvido
NORMAS PARA A REPRESENTAÇÃO POLÍTICA

mandas da sociedade, sendo parte constitu- no diálogo deve ter legitimidade funcio-
tiva da convivência harmoniosa entre gover- nal. Do outro, o agente privado deve ser
no e governados. representante legítimo da empresa que
participa da interlocução.
MATRIZ DE LEGITIMIDADE
A forma do diálogo é fundamental para a
Garantir a legitimidade do diálogo entre go- manutenção da sua legitimidade. Em vários
verno e governados permite aos seus atores casos, a razão é legítima e os interlocutores
a certeza de legalidade. A maneira de garan- são aptos a tratar do assunto, contudo, a
ti-la é respeitar, plenamente, os elementos forma do diálogo é imprópria, tornando-o
que compõem um diálogo legítimo. sem legitimidade.

24

GUIA DE COMPLIANCE

PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA 3 - Promover o desenvolvimento da Indús-


REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DA tria da Construção e do Mercado Imobiliário,
CONSTRUÇÃO CIVIL por meio de ações da seguinte natureza:
1 - Defender os princípios da democracia re- A - No âmbito do Poder Executivo, buscan-
presentativa, da economia de mercado e da do formas de participação na definição das
livre iniciativa, com a valorização do trabalho
políticas setoriais de desenvolvimento, na-
e do desenvolvimento sustentável.
cionais ou regionais, e nas suas regulamen-
2 - Amparar, representar e defender, inclusi- tações, que tenham reflexos nas atividades
ve judicialmente, os direitos e interesses da dos segmentos empresariais que representa,
Indústria da Construção e do Mercado Imo- reivindicando assento nas instâncias cole-
biliário, ao nível nacional, em conformidade giadas, deliberativas ou consultivas; espaços
com a Constituição Federal e a legislação em fóruns, conferências, comissões e grupos
infraconstitucional. técnicos coordenados ou promovidos pelo
Poder Executivo; propondo ou colaborando A - Assunto lícito é aquele que não vai
com os trabalhos de reformulação e aprimo- contra a legislação. Saber se determinado
ramento das políticas públicas, dos planos e assunto objeto do diálogo é lícito é dever
programas governamentais; fundamental da entidade ou da empresa,
assim como é obrigação conhecer os limites
B - No âmbito do Poder Legislativo, de
éticos a ela impostos.
apoio aos projetos de interesse do setor e
de oposição àqueles que podem ter como A relevância do assunto para a empresa é
consequência a desorganização da produ- elemento essencial para que exista razão
ção e das relações de mercado, participan- legítima. Qual outro motivo, se não assunto
do de audiências públicas e debatendo de interesse da empresa que o agente pri-
com parlamentares; vado representa, ensejaria o início de um
diálogo com o governo?
C - De estímulo, prestígio e participação em

NORMAS PARA A REPRESENTAÇÃO POLÍTICA


eventos, com a presença de representantes
do Poder Judiciário, no intuito de debater a DOS INTERLOCUTORES APTOS
aplicação dos institutos jurídicos que interfe- No caso do diálogo entre iniciativa privada
rem nas relações de mercado e na produção e governo, teremos no mínimo dois agentes
vinculada aos seus setores de representação; públicos e dois agentes privados presentes.
e de promover estudos sobre os reflexos dos A legitimidade desse diálogo passa necessa-
procedimentos no âmbito das ações admi- riamente pela legitimidade desses interlocu-
nistrativas e judiciais nas fontes de investi- tores para representar governo e entidade.
mentos, na saúde das empresas e na segu-
rança dos negócios. A - O agente público apto é aquele que
possui competência e autoridade funcional
para tratar do assunto objeto do diálogo.
DA RAZÃO LEGÍTIMA Dentro da administração pública, em qual- 25
Antes de iniciar um diálogo com o governo, quer esfera, cada agente possui deveres e
o agente privado deve ter delimitado o tema limitações funcionais. Saber a função do
que será tratado. Esse assunto deverá ser, ne- agente público presente no diálogo, o seu
cessariamente, lícito, ético e relevante para a âmbito de atuação, é fundamental para que
empresa por ele representada. o diálogo seja estabelecido de forma legíti-
ma, afinal, o ato praticado por agente públi- • sugerir data e hora pretendidas;
co incompetente é nulo.
• identificar todos os agentes
B - É vedado requerer a um agente público privados participantes;
que extrapole sua competência e seu âmbito
• explicar o interesse no assunto.
de atuação;
Por sua vez, cabe ao agente público:
O agente privado, por sua vez, também pos-
sui limitações em sua atuação. Ele deve obe- • estar acompanhado de, no mínimo, um ou-
decer ao sistema hierárquico da empresa e tro agente público;
limitar-se a tratar de assuntos para os quais
possui autorização específica. O agente pri- • realizar o registro da audiência.
vado também deve ser efetivamente ligado Outro documento fundamental é o Código
à empresa que representa, seja por vínculo de Conduta da Alta Administração Pública,
trabalhista ou contratual. que visa assegurar o padrão de compor-
A diferença entre a incompetência do agen- tamento ético de pessoas nomeadas pelo
te público e a do agente privado é que a presidente da República. Apesar do des-
primeira torna o ato nulo e pode ensejar cumprimento dessas regras não implicar,
abertura de processo administrativo. A do necessariamente, violação de lei, mas inob-
segundo não invalida o diálogo, mas coloca servância de compromisso moral, seguir
NORMAS PARA A REPRESENTAÇÃO POLÍTICA

em dúvida sua legitimidade. seus princípios legitima ainda mais o diálo-


go público-privado, devendo ser observado
também por agentes privados na lida com
FORMA DO DIÁLOGO qualquer agente público.
A forma é o elemento mais complexo de le-
O agente privado não pode oferecer e a
gitimação do diálogo. Ela diz respeito tanto à
autoridade pública não pode receber qual-
maneira como o diálogo é conduzido quanto
quer remuneração de fonte privada em de-
aos atos praticados durante sua realização.
sacordo com a lei, nem receber transporte,
O Decreto 4.334/2002, da Presidência da Re- hospedagem ou quaisquer favores de par-
pública, é a principal norma sobre conces- ticulares de forma a permitir situação que
sões de audiências a particulares. Ao agen- possa gerar dúvida sobre a sua probidade
te particular que pretende audiência com ou honorabilidade.
26 agente público, cabe:
É permitida a participação em seminários,
• avisar previamente qual congressos e eventos semelhantes, desde
o assunto a ser abordado; que tornada pública eventual remuneração,

O agente privado não pode


oferecer e a autoridade
pública não pode receber
qualquer remuneração
de fonte privada em
desacordo com a lei.
bem como o pagamento das despesas de envolvidas, assim como apresentar a razão
viagem pelo promotor do evento, o qual não do mesmo. Dessa forma, mesmo que condu-
poderá ter interesse em decisão a ser toma- zido em formato repreensível, os motivos e
da pela autoridade. interlocutores poderão ser resguardados.
É vedada à autoridade pública a aceitação de • Trocas de mensagem por SMS e WhatsApp,
presentes, excetuando-se os casos em que assim como e-mails enviados para endere-
não tenham valor comercial. Em outros ca- ços privados, devem ser salvos e arquivados
sos, presentes não podem ultrapassar o valor para fins de comprovação da legitimidade
de R$ 100,00 (cem reais). do assunto tratado.
Poderá ainda ser considerada vantagem • Data e hora de telefonemas para números
indevida do agente público ter seu jantar não oficiais do agente público devem ser
custeado, receber ingressos para eventos anotados, assim como o número.
esportivos e de entretenimento em geral, ter • Encontros em bares e restaurantes devem ser
viagens custeadas. Todas essas práticas de- anotados, com data e local, e, caso seja inevi-
vem ser evitadas pelo agente privado. tável o pagamento completo da conta, o com-
Outro ponto importante é a utilização de ca- provante de pagamento deve ser arquivado.
nal apropriado para a realização do diálogo. • Em muitos casos, acabam ocorrendo encon-

NORMAS PARA A REPRESENTAÇÃO POLÍTICA


Como regra, o canal apropriado é o oficial: tros inesperados com agentes públicos em
aeroportos, eventos sociais ou até mesmo
• conversas pessoais devem ser realizadas no
hotéis. Nesses casos, o agente privado deve
local de trabalho do agente público;
anotar sua ocorrência, especificando local,
• correspondências devem ser destinadas dia, hora, pessoas presentes, assunto tratado.
aos endereços oficiais: e-mail oficial; endere-
ço físico oficial;
DISCLAIMER
• contato telefônico deve ser feito para núme-
ro de telefone fixo oficial do agente público. Todo o processo narrado acima aponta para a
necessidade de uma ritualização e de formali-
São vários os casos em que é inviável restrin-
zação do diálogo político. Trata-se de uma exi-
gir o diálogo com agentes públicos aos meios
gência não apenas no Brasil, mas também em
de comunicação oficiais. São diversas as situa-
outros países mais adiantados na regulação
ções que podem levar o diálogo a ocorrer em
da relação entre setores público e privado. 27
meios não oficiais ou até mesmo privados:
Obviamente, registrar todos os encontros e
• trocas de mensagem reuniões inaugura uma nova cultura de trans-
por WhatsApp ou SMS; parência e de prestação de contas à qual a so-
ciedade brasileira ainda não está acostumada,
• telefonemas para o celular
mas que deve acontecer.
do agente público;
• encontros em bares e restaurantes; Nesse sentido, no futuro, é possível dizer que
toda reunião será precedida de um disclai-
• encontros em hotéis, aeroportos,
mer (ou um aviso) que deixará claro o ca-
quando em trânsito;
ráter formal da ocasião e a necessidade de
• encontros em eventos sociais. que tudo ali fique registrado. Esse esforço
Nesses casos, é imperativo que o agente pri- deve ser realizado em conjunto entre todos
vado zele pela razão legítima do diálogo e os atores. Por isso, sugere-se que se busque
mantenha registro do encontro e uma ata do também uma pactuação institucional entre
que foi tratado na reunião. Em última instân- empresários a agentes públicos sobre os ga-
cia, o agente privado terá a capacidade de nhos de transparência e segurança que essa
provar a ocorrência do diálogo, as pessoas ritualização trará para todos os lados.
3. LEI
ANTICORRUPÇÃO
COMENTADA
LEI 12.846, DE
1º DE AGOSTO DE 2013
3. LEI ANTICORRUPÇÃO COMENTADA
LEI 12.846, DE 1º DE AGOSTO DE 2013

INTRODUÇÃO

A Lei 12.846, de 1º de agosto de 2013, que a imputação de responsabilidade objetiva,


dispõe sobre a responsabilização adminis- nas searas administrativa e civil, às pessoas
trativa e civil das pessoas jurídicas pela prá- jurídicas por práticas de atos considerados
tica de atos contra a Administração Pública, contrários à Administração Pública. Antes
nacional ou estrangeira, mais conhecida da vigência da Lei Anticorrupção, essa res-
como “Lei Anticorrupção Brasileira”, repre- ponsabilização somente era imputável às
senta importante marco jurídico de prote- pessoas físicas. Assim, as empresas agora
ção à Administração Pública contra a cor- passam a ser diretamente responsabiliza-
rupção, trazendo inovações relevantes ao das pela prática de atos considerados lesi-
ordenamento jurídico pátrio. vos ao patrimônio público e à Administra-
LEI ANTICORRUPÇÃO COMENTADA

Em que pesem as inovações adiante comen- ção Pública.


tadas, em termos legislativos, o controle Como a Lei 12.846/2013, fruto de uma ten-
da moralidade administrativa, o combate à dência mundial de combate à corrupção,
corrupção e a sua tipificação como crime já possui especial relevo junto ao tema trata-
estavam previstos em nosso direito positi- do no Projeto da CBIC denominado “Ética e
vado, a exemplo do Código Penal (Decreto- Compliance”, serão, por nós, abordados os
-lei 2.848/1940), da Lei da Ação Popular (Lei principais pontos e aspectos jurídicos em
4.717/65), da Lei de Improbidade Administra-
relação a: I – Origem e Abrangência; II – Atos
tiva (Lei 8.429/1992), da Lei de Licitações (Lei
Lesivos; III – Responsabilização Administra-
8.666/93), da Lei da Ficha Limpa (Lei Comple-
tiva e Judicial – Sanções e Processo Admi-
mentar 135/2010), da Lei da Defesa da Con-
nistrativo; IV – Programa de Integridade
corrência – CADE (Lei 12.529/11), entre outras.
nas Empresas – Compliance; V – Acordos de
30 No entanto, uma das grandes inovações Leniência; VI – Cadastros; VII – Disposições
da Lei Anticorrupção foi a de possibilitar Gerais; VII – Conclusão.

As empresas agora
passam a ser diretamente
responsabilizadas pela prática
de atos considerados lesivos
ao patrimônio público e à
Administração Pública.
I. ORIGEM E ABRANGÊNCIA

A Lei 12.846/2013, fruto de iniciativa legis- de cinco (5) anos e multas de US$ 250 mil
lativa do Poder Executivo Federal, foi publi- e, para as empresas, multas de até US$ 2
cada no DOU em 02/08/2013, entrando em milhões. Em relação à escrituração contábil
vigor a partir de fevereiro de 2014. fraudulenta, prevê prisão de até 20 anos para
as pessoas físicas e, para as jurídicas, multas
Na realidade, a iniciativa legislativa do Go-
de até US$ de 2,5 milhões por violação, além,
verno Federal se deu por força de compro-
também, das multas aplicáveis pela Comis-
missos internacionais assumidos, tais como:
são de Valores Mobiliários do EUA.
Convenção Interamericana contra a Corrup-
ção, da OEA (ratificada pelo Decreto Federal Já a legislação do Reino Unido, conside-
4.410/2002); Convenção sobre o Combate rada como uma das mais rigorosas, prevê

LEI ANTICORRUPÇÃO COMENTADA


da Corrupção de Funcionários Públicos Es- pena de prisão de até 10 anos e multas sem
trangeiros em Transações Comerciais Inter- limite, responsabilizando tanto pessoas
nacionais, da OCDE (ratificada pelo Decreto como empresas. O crime corporativo, por
Federal 3.678/2000); e Convenção das Na- exemplo, é de responsabilidade objetiva
ções Unidas contra a Corrupção (Decreto de omissão por parte de uma organização
5.687/2006). comercial na prevenção do pagamento do
suborno por uma pessoa associada (empre-
Dentre as legislações estrangeiras que com-
gados, agentes ou subsidiárias). Na prática
batem a corrupção, as mais conhecidas são
dessa infração, a única defesa cabível por
a americana – Foreing Corrupt Practices Act –
parte da empresa é a demonstração da
FCPA (1977) e a legislação do Reino Unido –
existência de procedimentos e mecanismos
The UK Bribery Act (2010).
adequadamente implantados na preven-
A legislação americana, por exemplo, pre- ção das práticas de suborno por pessoas a
31
vê para as pessoas físicas penas de prisão ela associadas.
A responsabilização pelos
atos ilícitos praticados pelos
dirigentes ou administradores
da pessoa jurídica é subjetiva,
isto é, depende da comprovação
de dolo ou culpa do autor.

Uma das mais significativas inovações da englobando tanto sociedades empresárias


Lei 12.846/2013 é a adoção da responsa- como sociedades simples, independente-
bilidade objetiva da empresa, tornando mente de forma de organização e modelo
LEI ANTICORRUPÇÃO COMENTADA

desnecessária a comprovação de dolo ou societário adotado, fundações, associações


culpa (negligência/imprudência) da empre- de entidades ou pessoas e consórcios. Nes-
sa, bastando-se tão somente a existência do se conceito lato também estão incluídas
nexo de causalidade entre o ilícito pratica- as entidades sindicais e de classe, sendo
do e o interesse/benefício da empresa para ambas entidades associativas.
a imputação da responsabilidade à pessoa
Contudo, a responsabilização pelos atos ilí-
jurídica infratora. citos praticados pelos dirigentes ou admi-
Aplica-se, portanto, a lei aos atos pratica- nistradores da pessoa jurídica é subjetiva,
dos por pessoa jurídica contra a Adminis- isto é, depende da comprovação de dolo
tração Pública nacional (Administração ou culpa do autor. Assim, no caso da res-
Pública direta ou indireta de qualquer dos ponsabilidade subjetiva, além da demons-
Poderes da União, dos Estados, do DF e dos tração do nexo causal (sempre necessário)
32 Municípios) ou estrangeira (sociedades entre o dano e a conduta do autor, há que
estrangeiras que tenham sede, filial ou re- se demonstrar que o ato lesivo (ação ou
presentação no território brasileiro; orga- omissão) foi praticado com intenção (dolo)
nizações públicas internacionais; órgãos ou por culpa (negligência/imprudência) da
e entidades estatais ou representações di- pessoa jurídica.
plomáticas, bem como as pessoas jurídicas No caso dos consórcios (além das socieda-
controladas, direta ou indiretamente, pelo des controladoras, controladas e coligadas),
poder público de país estrangeiro). Aplica- a responsabilidade é solidária no âmbito
-se, também, aos atos lesivos praticados por do respectivo contrato de consórcio, restrita
pessoa jurídica brasileira contra a Adminis- tal responsabilidade ao pagamento da multa
tração Pública estrangeira, ainda que come- aplicada e à reparação integral do dano.
tidos no exterior.
A responsabilidade da pessoa jurídica na
Ressalte-se que o conceito utilizado pela esfera administrativa não afasta sua respon-
lei na definição de pessoa jurídica é lato, sabilidade na esfera judicial.
II. ATOS LESIVOS

Constituem atos lesivos à Administração Pú- muito além, portanto, do crime de corrupção
blica, nacional ou estrangeira aqueles prati- inserto no próprio Código Penal, bastando,
cados pelas pessoas jurídicas que atentem em tese, que o ato praticado fira, por exem-
contra: I – patrimônio público nacional ou plo, um dos princípios da Administração
estrangeiro; II – princípios da Administra- Pública (Legalidade, Impessoalidade, Morali-
ção Pública; e III – compromissos interna- dade, Publicidade e Eficiência, entre outros)
cionais assumidos pelo Brasil. para que possa ser enquadrado como um
ato lesivo à Administração Pública.
Interessa destacar que a Lei 12.846/2013, em
que pese ser conhecida como a ‘Lei Anticor- Dentre as legislações especiais que possuem
rupção’, vem a ser muito mais abrangente do interface com o tema, podemos destacar:
que a simples terminologia e significado do CP, Lei de Improbidade Administrativa, La-
termo ‘corrupção’. Na verdade, não há nela vagem de Dinheiro, Defesa da Concorrência,
um dispositivo que se refira expressamente Concorrência Desleal, Licitações, Responsa-
ao referido termo, mas sim ao ‘ato lesivo’. A bilidade Fiscal, Colarinho Branco, Associação
tipificação das infrações elencadas na lei vai Criminosa, entre outras.

LEI ANTICORRUPÇÃO COMENTADA


CONSIDERAM-SE ATOS LESIVOS, TAXATIVAMENTE
LISTADOS PELA LEI ANTICORRUPÇÃO:
• Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente
público ou a terceira pessoa a ele relacionada. Observa-se que essa infração é mais
abrangente do que a inserta no Art. 333 do CP – corrupção ativa (oferecer ou promoter
vantagem indevida a funcionário público para determiná-lo a praticar, omitir ou retar-
dar ato de ofício), uma vez que não se exigem, na Lei Anticorrupção, a ação ou a omis-
são de ato do funcionário público, bastando o oferecimento de vantagens indevidas.

• Comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencio-


nar a prática dos atos ilícitos previstos na lei (sem correspondente);

• Comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocul- 33


tar ou dissimular seus reais interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos
praticados (sem correspondente);
NO TOCANTE A LICITAÇÕES E CONTRATOS:
• Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente,
o caráter competitivo de procedimento licitatório público (mais abrangente do que
o Art. 90 da Lei 8.666/93, que exige a intenção do agente na obtenção de vantagem
decorrente da adjudicação do objeto da licitação. Veja também disposição semelhante
na Lei 12.529/11, Art. 36, CADE, Defesa da Concorrência);

• Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licita-


tório (Art. 93 da Lei 8666/93);

• Afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraudes ou oferecimento de van-


tagem de qualquer tipo (Art. 95 da Lei 8666/93);

• Fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente (sem correspondente);

• Criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação


pública ou celebrar contrato administrativo (sem correspondente);

• Obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou


prorrogações de contratos celebrados com a Adm. Pública, sem autorização em lei, no
LEI ANTICORRUPÇÃO COMENTADA

ato convocatório ou nos respectivos instrumentos contratuais (Art. 92 da Lei 8666/93);

• Manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados


com a Administração Pública (sem correspondente e preocupante, na medida em que
não há uma definição clara e objetiva sobre o assunto);

De uma forma geral, percebe-se que as tipi- uma ação coordenada entre concorrentes
ficações são muito abertas, genéricas, abri- para eliminar a concorrência, aumentando o
gando conceitos jurídicos indeterminados, preço dos produtos ofertados.
com possibilidades de abrigo de várias inter-
pretações, que podem vir a gerar, em tese, Pela Lei do CADE (Lei 12.529/11), a ‘forma-
distintas tipificações com base no mesmo ção de cartel’ é considerada uma infração à
34
fato típico. ordem econômica (infração administrativa).
Pela Lei de Licitações (Lei 8666/93) e pela
Na tipificação das infrações, na parte de lici- Leis dos Crimes contra a Ordem Tributária
tações, por exemplo, a lei reúne infrações já e Econômica (Lei 8.137/90), é crime. Já na
previstas na Lei 8.666/93 e inclui outras sem Lei Anticorrupção (Lei 12.846/13), é uma in-
correlação com infrações já tipificadas. O ris-
fração civil e administrativa, sendo que os
co é a duplicidade de sanção pelo mesmo
perdões administrativo (pela Lei do CADE) e
fato típico – bis in idem.
civil (Anticorrupção) não alcançam o penal.
Tomemos como exemplo a chamada ‘forma- Assim, questiona-se: a leniência poderá ser
ção de cartel’, que pode ser resumida como utilizada como confissão de crime?
III. RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA E JUDICIAL

A pessoa jurídica poderá ser responsabiliza- ou perigo de lesão; o efeito negativo produ-
da tanto no âmbito administrativo como no zido pela infração; a situação econômica do
âmbito judicial ou em ambos. infrator; a cooperação para a apuração das
infrações; a existência de mecanismos e
3.1 - SANÇÕES ADMINISTRATIVAS procedimentos internos de integridade,
• MULTA de 0,1% (um décimo por cento) auditoria e incentivo à denúncia de irre-
a 20% (vinte por cento) do faturamento gularidades e à aplicação de códigos de
bruto do último exercício anterior ao da ética e de conduta no âmbito da pessoa
instauração do processo administrativo, jurídica (COMPLIANCE); e o valor dos con-
excluídos os tributos, a qual não será infe- tratos mantidos pela pessoa jurídica com o
rior à vantagem auferida, quando possí- órgão lesado.
vel sua estimação. Caso não seja possível
• Os parâmetros de avaliação dos proce-
utilizar o critério do faturamento, a multa
dimentos internos de integridade (COM-
será de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$
PLIANCE), entre outros pontos, foram esta-
60.000.000,00 (sessenta milhões);
belecidos pelo Decreto Federal 8.420, de
• PUBLICAÇÃO DA DECISÃO CONDENATÓ- 18 de março de 2015.

LEI ANTICORRUPÇÃO COMENTADA


RIA, em meios de comunicação de grande
• Há previsão de instauração de processo
circulação na área da prática da infração e de
administrativo específico para reparação
atuação da empresa, às suas expensas; em
integral do dano que independe da aplica-
edital fixado na própria empresa, por 30 dias,
ção das sanções estabelecidas.
de modo visível ao público e na internet.

• Tais sanções podem ser aplicadas isoladas


3.2. - PROCESSO
ou cumulativamente e não excluem a obriga- ADMINISTRATIVO DE
ção de reparação integral do dano causado. RESPONSABILIZAÇÃO (PAR)
• Na aplicação das sanções, serão levados • A instauração e o julgamento do processo
em consideração: a gravidade da infração; a administrativo para apuração da responsa-
vantagem auferida ou pretendida; a consu- bilidade da pessoa jurídica caberão à autori-
mação ou não da infração; o grau de lesão dade máxima de cada órgão ou entidade dos 35
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, em as sanções previstas na lei, competindo-lhes,
todas as esferas (União, Estados, DF e Municí- inclusive, apreciar e julgar os sistemas de
pios). Essa competência poderá ser delegada. integridade (compliance) implantados nas
empresas, uma vez que a existência desses
• Os órgãos agirão de ofício ou por provocação;
sistemas de integridade na empresa infra-
• A condução do processo administrativo se tora serve como atenuante da pena (multa)
dá por comissão de servidores que poderá imposta. Uma das preocupações é saber se a
propor, cautelarmente, a suspensão dos efei- maioria dos municípios brasileiros está pre-
tos do ato ou do processo. A comissão poderá parada (e equipada) para tal encargo, espe-
requerer ao órgão de representação judicial cialmente na área de pessoal com experiên-
do ente público medidas judiciais necessárias, cia e qualificação para condução de matéria
inclusive busca e apreensão. Terá a comissão dessa ordem de grandeza.
até 180 dias para finalizar o processo. Outra grande inovação, que pode gerar,
• No âmbito federal, a CGU terá competência inclusive, questionamentos judiciais é a
concorrente, podendo avocar processos. possibilidade de desconsideração da per-
sonalidade jurídica da empresa pela via
• Após a defesa da pessoa jurídica, relatório administrativa. Até então, para que fosse
da comissão e julgamento da autoridade ins- desconsiderada a personalidade jurídica da
tauradora, não havendo o pagamento do va- empresa, a via judicial era necessária, cuja
LEI ANTICORRUPÇÃO COMENTADA

lor apurado (multas), o crédito será inscrito previsão veio expressa, inclusive, no Código
em dívida ativa. de Defesa do Consumidor. A partir da edi-
• Previsão na lei da possibilidade de descon- ção da Lei Anticorrupção, em tese, qualquer
municipalidade poderá, na via administra-
sideração da personalidade jurídica da
tiva, aplicar o instituto. Causa insegurança e
empresa, com base em abuso do direito ou
preocupação a condução de assunto de tal
provocação de confusão patrimonial, esten-
envergadura sob o ângulo interno da própria
dendo-se os efeitos das sanções aplicadas a to-
Administração, pelos mesmos motivos apon-
dos os sócios com poderes de administração.
tados acima, notadamente a falta de recursos
Tendo em vista a autonomia administrativa, humanos qualificados, materiais e operacio-
os mais de 5 mil municípios serão competen- nais dos milhares de municípios brasileiros,
tes para instaurar, conduzir, julgar e aplicar aliada ao risco de utilização política da lei.
36

Tendo em vista a autonomia


administrativa, os mais
de 5 mil municípios serão
competentes para instaurar,
conduzir, julgar e aplicar as
sanções previstas na lei.
3.3 - SANÇÕES JUDICIAIS • Suspensão ou interdição
parcial das atividades;
Em razão da prática dos atos lesivos descri-
tos na lei, a União, os Estados, o Distrito Fe- • Dissolução compulsória da PJ;
deral e os Municípios, por meio de suas res-
• Proibição de recebimento de incentivos ou
pectivas advocacias públicas e o Ministério
empréstimos de órgãos públicos;
Público, poderão ajuizar ação com vistas à
aplicação das seguintes sanções às pessoas • Indisponibilidade de bens, como garantia ao
jurídicas infratoras: pagamento de multa ou reparação integral
do dano.
• Perdimento dos bens, direitos e valores que
representem vantagens ou proveito direto ou As sanções podem ser cumulativas ou não. O
indireto obtidos com a infração; juiz poderá determinar busca e apreensão.

IV. PROGRAMA DE INTEGRIDADE (COMPLIANCE)


Na aplicação das sanções, a lei elenca alguns Determina o Decreto 8.420/205 quando da
critérios (já mencionados no item 3.1) que dosimetria da pena (cálculo da multa) uma

LEI ANTICORRUPÇÃO COMENTADA


devem ser levados em consideração. Den- redução de 1 a 4% do faturamento bruto
tre esses, releva destacar que a existência de da pessoa jurídica se houver comprovação
mecanismos e procedimentos internos de inte- de que a empresa possui e aplica um progra-
gridade, auditoria e incentivo à denúncia de ir- ma de integridade, conforme os parâmetros
regularidades e aplicação efetiva de códigos de estabelecidos no referido decreto.
ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica
é fator atenuante e pode reduzir o valor da Esse programa de integridade, conhecido
multa aplicada. Dessa forma, além do relevo também como Compliance, na realidade, é
do mérito em si na adoção de políticas e práti- um mecanismo de gestão de riscos adota-
cas saudáveis na atividade empresarial, a me- dos pelas empresas, que teve sua origem no
dida pode, ainda, fazer a diferença quando da mercado financeiro e se estendeu para as
imputação das penalidades às empresas que mais diversas organizações, privadas e pú-
adotarem tal programa. blicas. Uma tradução mais literal seria “con-
37
Segundo especialistas, 64% dos
riscos provêm de terceiros com
quem as empresas se relacionam,
daí a importância de um programa
que tem por finalidade justamente
a mitigação desses riscos.

formidade com as leis e regulamentos internos necessário, a terceiros, tais como fornecedo-
e externos”. Os objetivos são o controle e a res, prestadores de serviço, agentes interme-
mitigação de riscos, a verificação de práticas diários e associados;
saudáveis dentro da empresa, a probidade
LEI ANTICORRUPÇÃO COMENTADA

no desempenho da atividade empresarial, IV. treinamentos periódicos sobre o progra-


entre outros. Segundo especialistas, 64% ma de integridade;
dos riscos provêm de terceiros com quem as V. análise periódica de riscos para reali-
empresas se relacionam, daí a importância zar adaptações necessárias ao programa
de um programa que tem por finalidade jus- de integridade;
tamente a mitigação desses riscos.
VI. registros contábeis que reflitam de for-
Os parâmetros de avaliação de um programa
ma completa e precisa as transações da
de integridade estão contidos no Decreto
pessoa jurídica;
8.420/15, tendo sido estabelecidos 16 pa-
râmetros aplicáveis às médias/grandes em- ViI. controles internos que assegurem a
presas, sendo que 09 desses parâmetros são pronta elaboração e a confiabilidade de re-
aplicáveis às micro e pequenas empresas. O latórios e demonstrações financeiros da pes-
38
Decreto determina que o programa de inte- soa jurídica;
gridade seja estruturado, aplicado e atualiza-
do de acordo com as características e os ris- VIII. procedimentos específicos para preve-
cos das atividades empresariais envolvidas. nir fraudes e ilícitos no âmbito de processos
licitatórios, na execução de contratos admi-
Os parâmetros indicados pelo Decreto nistrativos ou em qualquer interação com o
8.420/2015 são os seguintes: setor público, ainda que intermediada por
I. comprometimento da alta direção da pessoa terceiros, tal como pagamento de tributos,
jurídica, incluídos os conselhos, evidenciado sujeição a fiscalizações ou obtenção de au-
pelo apoio visível e inequívoco ao programa; torizações, licenças, permissões e certidões;

II. padrões de conduta, código de ética, políti- IX. independência, estrutura e autoridade da
cas e procedimentos de integridade aplicáveis instância interna responsável pela aplicação
a todos os empregados e administradores, in- do programa de integridade e fiscalização de
dependentemente do cargo ou função; seu cumprimento;

III. padrões de conduta, código de ética, po- X. canais de denúncia de irregularidades,


líticas de integridade estendidas, quando abertos e amplamente divulgados a funcio-
nários e terceiros, e de mecanismos destina- acima foram reduzidas ao cumprimento dos
dos à proteção de denunciantes de boa-fé; incisos: I, II, IV, VI, VII, VIII, XI, XII, XVI.

XI. medidas disciplinares em caso de violação Como se vê, o Programa de Integridade é


do programa de integridade; um conjunto de medidas integradas a serem
adotadas e efetivamente aplicadas pelas
XII. procedimentos que assegurem a pronta empresas, sejam elas de pequeno/médio ou
interrupção de irregularidades ou infrações grande porte, não bastando, por isso mes-
detectadas e a tempestiva remediação dos mo, a adoção individualizada e estanque de
danos gerados; um único parâmetro.
XIII. diligências apropriadas para contrata- Uma das críticas que têm sido feitas em re-
ção e, conforme o caso, supervisão, de tercei- lação aos parâmetros indicados pelo men-
ros, tais como, fornecedores, prestadores de cionado decreto é o fato de que as exigên-
serviço, agentes intermediários e associados; cias seriam muito sofisticadas, com custos
financeiros e organizacionais elevados, cujo
XIV. verificação, durante os processos de fu- cumprimento seria viável somente pelas
sões, aquisições e reestruturações societá- grandes empresas nacionais e/ou multina-
rias, do cometimento de irregularidades ou cionais, que, de certa forma, já têm acultu-
ilícitos ou da existência de vulnerabilidades rada essa realidade.

LEI ANTICORRUPÇÃO COMENTADA


nas pessoas jurídicas envolvidas;
Outro fator preocupante é a questão da ca-
XV. monitoramento contínuo do programa pacidade de avaliação dos Programas de In-
de integridade, visando ao seu aperfeiçoa- tegridades implantados pelas empresas por
mento na prevenção, na detecção e no com- servidores públicos que, muitas vezes, não
bate à ocorrência dos atos lesivos previstos têm o perfil necessário para tanto.
no Art. 5º da Lei 12.846, de 2013; A Controladoria Geral da União-CGU, por
XVI. transparência da pessoa jurídica quanto a meio da Portaria 909, de 07/04/2015, editou
doações para candidatos e partidos políticos; normas relativas à avaliação de programas
de integridade. Apesar de ser uma norma
Para a avaliação do Programa de Integridade federal, entende-se que ela servirá de base
das microempresas ou empresas de peque- para que os Estados, o DF e os Municípios
no porte, as formalidades dos parâmetros editem normas próprias.
39
V. ACORDO DE LENIÊNCIA

A Lei 12.846/20013 dispôs, por meio dos doria-Geral da União (GCU). Sendo o Minis-
artigos 16 e 17, que a Administração Públi- tério Público um órgão independente, com
ca poderá celebrar acordo de leniência com o múnus público de ser o fiscal da lei, ele
as pessoas jurídicas responsáveis pela práti- não está vinculado (obrigado) a respeitar os
ca das infrações previstas na lei, com vistas acordos realizados. Nessa toada, indepen-
à efetiva colaboração com a investigação e dentemente de a empresa ter celebrado um
com o processo administrativo correspon- acordo de leniência, poderá o MP instaurar
dente, desde que dessa colaboração resul- inquéritos administrativos e ações judiciais
tem: I) a identificação dos demais envolvidos contra ela mesmo assim. Some-se a isso o
na infração; II) e a obtenção célere de infor- fato de que somente na esfera federal são
mações e documentos que comprovem o atores a CGU, a AGU, o TCU, o CADE, a PF,
ilícito sob apuração. entre outros.
Em sua redação original, a lei fixava, ainda, 03 Dadas as incertezas geradas quanto à parti-
(três) requisitos para a celebração do acor- cipação dos diversos atores e os respectivos
do: I – a empresa teria que ser a primeira a se desdobramentos, que poderiam dificultar
manifestar sobre seu interesse em cooperar; ou mesmo emperrar os acordos de leniência
LEI ANTICORRUPÇÃO COMENTADA

II – cessar completamente o seu envolvi- previstos originariamente na Lei 12.846/13,


mento na infração; III – admitir a sua parti- foi editada a Medida Provisória 703, de 18 de
cipação no ilícito. dezembro de 2015, cujo objetivo foi a alte-
Impunha, também, a lei que a celebração do ração da redação original da Lei Anticorrup-
acordo isentaria as empresas das sanções de ção, notadamente no que se refere aos acor-
publicação da condenação e da proibição de dos de leniência.
recebimento de incentivos ou empréstimos
A Presidência da República assinalou em sua
e reduziria a multa aplicada em até 2/3.
Exposição de Motivos que o objetivo das al-
A posição do MP quanto aos acordos de le- terações era o aperfeiçoamento da lei para
niência previstos na lei não era das mais fa- uma aplicação mais efetiva e célere dos acor-
voráveis porque a lei simplesmente não ha- dos de leniência celebrados, possibilitando a
via outorgado ao Ministério Público-MP o um só tempo a participação dos órgãos de
40
papel outorgado, por exemplo, à Controla- controles internos e do MP, salvaguardan-
As alterações introduzidas pela
MP 703/15 na Lei 12.846/13,
sob nossa ótica, trataram
de flexibilizar mais as regras
antes dispostas em relação ao
acordo de leniência.

LEI ANTICORRUPÇÃO COMENTADA


do a continuidade da atividade econômica • exclusão da exigência de que a pessoa ju-
e a preservação de empregos e impedindo rídica seja a primeira a se manifestar para a
o ajuizamento de ações de improbidade e celebração do acordo;
quaisquer outras ações contra a empresa
• inclusão da possibilidade de que, caso a
pelo mesmo fato objeto do acordo de le- pessoa jurídica seja a primeira a se manifes-
niência. Ainda de acordo com a Exposição de tar, poderá haver a completa remissão da
Motivos, a medida visava, também, resguar- multa, além de não ser aplicável qualquer
dar a competência do Tribunal de Contas outra sanção de natureza pecuniária;
da União nas apurações de dano ao erário,
quando se entender que o valor previsto no • inclusão da participação do MP e das Advo-
acordo não seja suficiente para a reparação cacias Públicas na celebração dos acordos
integral do dano. e encaminhamento dos acordos assinados 41
para o respectivo Tribunal de Contas para
De fato, as alterações introduzidas pela MP apuração de eventuais prejuízos ao erário;
703/15 na Lei 12.846/13, sob nossa ótica,
• inclusão de dispositivo que isenta a pessoa
trataram de flexibilizar mais as regras antes
jurídica das sanções restritivas ao direito
dispostas em relação ao acordo de leniên-
de licitar e contratar com a Administração
cia, com o objetivo de estimular a celebra-
Pública, quando da celebração do acordo,
ção dos acordos, possibilitando a redução com redução da multa em até dois terços,
das penalidades, o afastamento das ações não sendo aplicável qualquer outra sanção
judiciais incidentes sobre mesmo objeto e de natureza pecuniária;
a retomada de contratos com a Administra-
ção Pública. A seguir, as principais altera- • inclusão de dispositivo que impede que a
ções introduzidas pela MP: Advocacia Pública ajuíze ou prossiga com
ações de improbidade e outras ações judi-
• exclusão da disposição que previa a obri- ciais que imponham as sanções judiciais de
gatoriedade de a pessoa jurídica confessar perdimento de bens, suspensão das ativida-
a sua participação no ilícito para a celebra- des, dissolução compulsória, proibição de
ção do acordo; receber empréstimos;
LEI ANTICORRUPÇÃO COMENTADA

• inclusão de dispositivo que impede o ajui- • inclusão de dispositivo que autoriza cláu-
zamento ou o prosseguimento da ação já sula de amortização, considerando-se a ca-
ajuizada, no caso de acordo celebrado com pacidade econômica da empresa quando o
a participação da Advocacia Pública em acordo estipular a obrigatoriedade de repa-
conjunto com o MP; ração do dano;

• inclusão de dispositivo que autoriza a sus- • inclusão de dispositivo que afasta a respon-
pensão de processos administrativos refe- sabilização da empresa na esfera judicial, se
rentes às licitações e aos contratos sobre o houver previsão no acordo de leniência;
mesmo fato objeto do acordo de leniência • inclusão da obrigatoriedade de compro-
celebrado e seu arquivamento quando do metimento da empresa na implementação
cumprimento integral dele; ou melhoria de seus mecanismos de pro-
grama de integridade;
42 • extensão dos efeitos do acordo às pes-
soas jurídicas que integrem o mesmo • revogação do § 1º do Art. 17 da Lei de Im-
grupo econômico, desde que firmados probidade, que vedava transação ou acordo
em conjunto; em sede de ação de improbidade.

VI. CADASTROS
CRIAÇÃO DO CADASTRO NACIONAL DE CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS INI-
EMPRESAS PUNIDAS – CNEP, no âmbito DÔNEAS E SUSPENSAS – CEIS, instituído no
do Poder Executivo Federal, que reunirá e âmbito do Poder Executivo Federal (CGU),
dará publicidade às sanções aplicadas pelos publicidade relativa às sanções aplicadas
órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, pelos órgãos ou entidades dos Poderes Exe-
Legislativo e Judiciário de todas as esferas cutivo, Legislativo e Judiciário de todas as es-
de governo. feras de governo, nos termos do disposto na
Lei de Licitações, nos Arts. 87 e 88 (sanções).
VII. DISPOSIÇÕES GERAIS
1. A autoridade que não adotar providências no STF, com pedido de liminar para suspen-
para a apuração dos fatos será responsabili- der a eficácia dos dispositivos questionados.
zada penal, civil e administrativamente; O partido afirma que a Lei, ao adotar a Teoria
do Risco Integral, violou a Constituição, que
2. As competências do CADE e do MF quan-
estabelece a não transcendência da pena e
to às infrações da ordem econômica não são
assegura o devido processo legal. Em suma,
excluídas em face da Lei;
volta-se contra a responsabilidade objetiva
3. A aplicação das sanções da Lei não afeta das empresas (porque a lei não admite ex-
os processos de responsabilização e aplica- cludente de responsabilidade e permite a
ção de penalidades decorrentes de atos de responsabilização da PJ por ato de terceiro).
improbidade (Lei 8.429/11) nem dos atos O relator é o ministro Marco Aurélio.
ilícitos previstos na Lei 8.666/93 e na Lei
Em decisão monocrática de 23/03/2015, o re-
12.462 (RDC).
ferido ministro não concedeu a liminar pleitea-
O Partido Social Liberal (PSL) ajuizou Ação da, decidindo que se aguardasse o julgamento
Direta de Inconstitucionalidade (ADI 5261) definitivo, ainda sem definição quanto à data.

LEI ANTICORRUPÇÃO COMENTADA


VIII. CONCLUSÃO
As sanções administrativas e judiciais são e implantação efetiva de um programa de
severas, as multas podem inviabilizar uma gestão de riscos e integridade empresarial.
empresa, e o setor da construção e do imo-
Nesse contexto, exsurge cristalina a impor-
biliário é considerado como um dos seto-
tância das entidades de classe quanto à
res de risco.
regulamentação de seus respectivos seto-
A adoção, pelas empresas, de medidas mi- res, com a elaboração e a implantação de
tigatórios do risco pode fazer a diferença Programas de Integridade (Compliance), de
em casos de ações judiciais e administrati- acordo com as especificidades das ativida-
vas (Compliance). des empresariais praticadas e da realidade
43
fática de cada uma, observando-se, para
As empresas terão que se ajustar no que tanto, a regulamentação da matéria dispos-
se refere aos controles internos (contratos, ta na Lei 12.846/2013, na Medida Provisória
fornecedores, verificação dos red flags...), 703/2015, no Decreto Federal 8.420/2015, na
disseminando a cultura de boas práticas Portaria 909/2015 CGU, entre outras.

As empresas terão que se


ajustar no que se refere
aos controles internos,
disseminando a cultura
de boas práticas.
4. AVALIAÇÃO
DE RISCO DE
CORRUPÇÃO
INTRODUÇÃO

O Projeto Ética e Compliance na Constru- legais, mas, muito mais que isso, não priori-
ção lançado pela CBIC – Câmara Brasileira ze a integridade e a transparência.
da Indústria da Construção em maio de
Apesar disso, a CBIC acredita que um forte
2015, com a correalização do SESI Nacional,
trabalho de orientação estratégica, integra-
inclui a realização de uma série de inter-
do à disseminação de mecanismos e a pro-
venções, programas de capacitação e a dis-
cessos estruturados de forma atualizada e
ponibilização conteúdos orientativos aos
didática, e numa linguagem simples e aces-
seus associados e a todas as organizações
sível, formará a base para um novo posicio-

INTRODUÇÃO
empresariais do segmento, cujo objetivo namento do segmento sobre o tema.
principal é dar suporte à implementação,
fortalecimento e consolidação de um mo- E o fundamental engajamento das principais
delo atual e consistente de gestão da ética lideranças do setor, cuja história é repleta de
e compliance em todos os seus negócios. exemplos genuínos de compromissos éticos,
traduzirá na prática a grandeza e a importân-
Embora reconhecida como a base de prin- cia da Indústria da Construção em relação à
cípios que norteia as decisões empresa- indústria brasileira como um todo.
riais, a gestão eficaz da ética dependerá,
no final das contas, da atitude espontâ- Nesse sentido, este Guia foi desenvolvido
nea dos líderes empresariais no momen- para servir de referência no entendimento
to crucial de cada uma de suas escolhas dos principais fundamentos e definições
e decisões. sobre ética e integridade, bem para como
ser utilizado como uma metodologia de 47
Por esse motivo, e infelizmente, o melhor orientação passo a passo para que as orga-
sistema de controle e o mais completo có- nizações avaliem adequadamente os seus
digo de conduta poderão ser insuficientes riscos, estruturem um sistema simplificado
para garantir condutas éticas adequadas, e eficaz de gestão da ética e compliance, e
caso a base de valores e princípios das or- o utilizem com plenitude em todos os seus
ganizações não se alinhe com os requisitos relacionamentos e operações.
4. AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

O COMPROMISSO DAS
ORGANIZAÇÕES COM A SOCIEDADE
A Responsabilidade Social Empresarial é a cursos ambientais, culturais para as gerações
forma de gestão que se define pela relação futuras, respeitando a diversidade e promo-
ética e transparente da empresa com todos vendo a redução das desigualdades sociais1.
os públicos com os quais ela se relaciona e Dessa forma, para sua empresa garantir a li-
pelo estabelecimento de metas empresa- cença para operar na sociedade, é necessário
riais compatíveis com o desenvolvimento que paute suas decisões baseada em princí-
sustentável da sociedade, preservando re- pios éticos e de sustentabilidade.

AFINAL, O QUE É A ÉTICA?


A ética define os padrões de certo e erra- ciedade. A forma concreta como a ética é vi-
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

do que determinam como o ser humano vida depende de cada cultura, que é sempre
deveria agir em determinadas situações em diferente da outra. Esse jeito diferente cha-
relação aos seus direitos, princípios, valores, mamos de moral. Ética existe uma só para
obrigações ou equidade, e isso permite que todos. Morais existem muitas, consoante as
as pessoas vivam em sociedade e busquem maneiras diferentes como os seres humanos
seus interesses comuns e individuais. A éti- organizam a vida2.
ca define a nossa convivência com outras
pessoas, em todas as nossas relações. VALORES ORGANIZACIONAIS
Os valores correspondem aos princípios éti-
ÉTICA X MORAL cos e às crenças adotadas por uma organiza-
No universo das normas e dos valores so- ção que regem e orientam as suas atividades.
ciais, a ética e a moral convivem, porém é Os valores são identificados de acordo com
48 importante conhecer os diferentes significa- a postura e a atitude das pessoas que fazem
dos de cada termo. A ética é o conjunto de parte da organização. Devem resistir ao tem-
princípios e valores que estabelece a con- po e ser independentes do ramo de atividade.
duta humana. Moral é o conjunto de regras
adquiridas através da cultura, da educação,
Você conhece os valores
da tradição e do cotidiano, e que orientam o
da sua empresa?
comportamento humano dentro de uma so-

1 - Instituto Ethos, 2015.


2 - Ética e moral: que significam? Leonardo Boff, 2015.
DILEMAS ÉTICOS desses dilemas e decidir como agir diante
Todos os dias, tanto em nossa vida pessoal deles. Uma boa cultura de princípios e va-
quanto em nossa vida profissional, enfren- lores e regras bem estabelecidas e divulga-
tamos situações que nos levam a questionar das pode ajudar na tomada de decisão. Mas,
qual a melhor maneira de agir. Ter uma con- caso haja dúvidas, é sempre possível fazer
duta ética significa enfrentar o desconforto algumas perguntas:

Você se sentiria incomodado se a ação ou situação fosse


parar em redes sociais ou em um blog?
Você ficaria desconfortável lendo em um jornal sobre a
atitude que você pretende tomar, ou uma matéria dizendo
que está deixando a situação se prolongar por mais tempo?
Você teria problemas em contar sobre a situação para seu
filho ou cônjuge?

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


Caso tenha respondido sim a alguma dessas acionistas, governo, etc.) serão afetados
perguntas, provavelmente, você não deve pela decisão.
optar por essa ação, pois envolve potencial- • Não pense apenas em estar dentro dos parâ-
mente alguma atitude antiética. metros da lei. Pense se é certo ou não.

• Seja imparcial, recusando-se a favorecer al-


Se ainda tiver alguma dúvida, pense nisso:
guns em detrimento de outros de uma forma
• Considere de que forma os stakeholders que não seja a correta.

(funcionários, comunidade, fornecedores, • Faça algumas perguntas:


49

? A situação está prevista


no código de conduta? ? A sua decisão pode causar danos e
consequências negativas à organização?

? Qual sua intenção


ao tomar a decisão? ? A sua decisão pode ser tomada com liber-
dade ou é preciso consultar seu gestor?

Se ainda assim houver dúvidas, procure seu discuta a questão da forma mais transparen-
superior ou entre em contato com o canal te e profunda que for possível. Assuma a res-
de comunicação disponibilizado pela sua or- ponsabilidade para buscar a melhor solução.
ganização. Se você for um líder importante Mas, lembre-se: a melhor maneira de lidar com
para a organização, convoque sua equipe e esses dilemas é evitando que eles aconteçam!
CULTURA ORGANIZACIONAL

A cultura organizacional foi definida por de processos formais dentro da organização,


Schein (1984) como: educação de todos os colaboradores e moni-
toramento constante.
“O conjunto de pressupostos básicos que um
grupo inventou, descobriu ou desenvolveu
ao aprender como lidar com os problemas Os públicos de interesse ou stakehol-
de adaptação externa e integração interna, e ders são aqueles que afetam ou são
que funcionaram bem o bastante para serem afetados pelas atividades de uma
considerados válidos e ensinados a novos organização. Fornecedores, clientes,
membros como a forma correta de perceber, acionistas, funcionários e comunidade
pensar e sentir em relação a esses problemas”. são alguns dos possíveis stakeholders.

Cada organização tem sua cultura e, quando


é fortemente estabelecida, é possível reco- Um ambiente de trabalho cuja cultura da
nhecê-la por meio da arquitetura, de ceri- ética prevalece é aquele que dá prioridade
mônias, comportamento, hierarquia, rituais, aos direitos dos funcionários e promove
disposição do escritório, objetos, modo de se lealdade, honestidade, transparência, em-
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

vestir, princípios éticos e crenças. patia e tolerância no tratamento de seus


públicos de interesse. Quando as organi-
A cultura é dinâmica, ou seja, pode mudar zações cumprem as leis e tratam seus sta-
ao passar dos anos. Mas é importante enten- keholders de maneira justa e coerente, os
der que mudar a cultura é um longo proces- funcionários começam a confiar em seus
so, que exige: alinhamento e comprometi- gestores e a internalizar os valores da em-
mento de toda a liderança, estabelecimento presa como se fossem deles próprios

CORRUPÇÃO
50
A corrupção ocorre quando você usa de um mentos que tomam decisões em relação
poder que lhe foi confiado para ganhos pri- aos contratos.
vados ilegítimos. Isso significa renunciar à
• Pagamentos de facilitação: trata-se
ética, à moralidade, à tradição, à lei e à virtu-
de pagamentos normalmente peque-
de civil em benefício próprio. O Pacto Global
nos feitos para garantir ou acelerar o
da ONU definiu algumas das diversas formas
desempenho de uma rotina ou ação
em que a corrupção pode ser encontrada3:
necessária a que o pagador tem direi-
• Suborno: define-se por oferecer, prometer, to, legalmente ou não. Por exemplo, o
dar, aceitar ou solicitar vantagem (financeira pagamento para acelerar a liberação de
ou em espécie) como forma de induzir uma produtos na alfândega.
ação, que é ilegal, antiética ou uma quebra
• Doações políticas e beneficentes, pa-
de confiança por deixar de agir. O suborno
trocínio, viagens e despesas promocio-
pode ter as seguintes formas:
nais: Essas são atividades legítimas para
• Propinas: são subornos realizados para entidades, mas devem ser observadas com
um cliente depois que uma empresa rece- atenção, pois pode haver abuso por serem
beu um contrato, ocorrendo em departa- usadas como manobra para o suborno.

3 - Guia de Avaliação de Risco de Corrupção – Pacto Global das Nações Unidas - 2013
• Conflito de interesses: um conflito de inte- • Fixação de preços: acordo entre concor-
resses ocorre quando uma pessoa ou entida- rentes para elevar, fixar ou manter o preço
de com uma obrigação com a empresa tem de venda de bens e serviços. Não é neces-

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


um interesse, obrigação ou compromisso sário que os concorrentes concordem em
conflitante. A existência de um conflito de cobrar exatamente o mesmo preço nem
interesses não caracteriza, por si só, corrup- que todos os concorrentes de uma deter-
ção, mas ela pode surgir quando um diretor, minada indústria se juntem ao conluio.
funcionário ou terceira parte contratada vio- • Porta giratória: trata-se de corrupção li-
lar sua obrigação com a entidade, agindo em gada ao movimento de funcionários de alto
favor de outros interesses. nível de cargos do setor público para cargos
• Conluio: pode ocorrer de várias formas, do setor privado e vice-versa.
sendo as mais comuns: manipulação de pro- • Patronagem: favoritismo em que a pes-
postas, cartéis e fixação de preços. soa é selecionada, independentemente de
suas qualificações, mérito ou direito, para
• Manipulação de propostas: concor-
um emprego ou benefício devido a afilia-
rentes conspiram para elevar preços em 51
ções ou conexões.
situações em que os compradores ad-
quirem bens e serviços aliciando as pro- • Agenciamento de informação ilegal: tra-
postas concorrentes. Essencialmente, os ta-se da obtenção de informações corpora-
concorrentes acordam antecipadamen- tivas confidenciais obtidas através de méto-
te sobre quem enviará a proposta ven- dos ilegais.
cedora para um contrato estabelecido • Uso de informações privilegiadas: tran-
através do processo de licitação compe- sação de títulos feita quando a pessoa por
titiva, não sendo necessário que todos trás da negociação tem conhecimento de in-
os proponentes participem do conluio. formações substanciais não públicas e está,
• Cartéis: acordo secreto ou conluio en- então, violando sua obrigação de manter
tre empresas para cometerem ações ilí- confidencialidade de tal conhecimento.
citas ou fraude. Normalmente, os cartéis • Evasão fiscal: não pagamento de imposto
envolvem fixação de preço, comparti- para o governo de uma jurisdição onde o
lhamento de informações ou manipula- referido imposto é devido por pessoa, em-
ção de mercado através de definição de presa ou fundo fiduciário que deve ser con-
cotas de produção e fornecimento. tribuinte naquela jurisdição.
CONVENÇÃO DAS NAÇÕES
UNIDAS CONTRA A CORRUPÇÃO

A Convenção das Nações Unidas contra a • Promover, facilitar e apoiar a cooperação


Corrupção representa o posicionamento da internacional e a assistência técnica na pre-
ONU no combate à corrupção. É um docu- venção e na luta contra a corrupção, incluída
mento composto por 71 artigos e reúne te- a recuperação de ativos;
mas como prevenção, penalização, recupe- • Promover a integridade, a obrigação de
ração de ativos e cooperação internacional. prestar contas e a devida gestão dos assun-
tos e dos bens públicos.
Os objetivos da Convenção são:
O Brasil ratificou a Convenção da ONU contra
• Promover e fortalecer as medidas para pre- a Corrupção no Decreto Legislativo nº. 348, de
venir e combater mais eficaz e eficientemen- 18 de maio de 2005, e promulgou no Decreto
te a corrupção; Presidencial nº. 5.687, de 31 de janeiro de 2006.
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

LEI ANTICORRUPÇÃO4

Em vigor desde janeiro de 2014, a Lei estão sob a responsabilidade da Controlado-


12.846/2013, chamada de Lei Anticorrupção ria-Geral da União (CGU).
ou Lei da Empresa Limpa, destina-se a punir
APURAÇÃO DA RESPONSABILIDADE
empresas envolvidas em práticas relaciona-
das à corrupção, com a aplicação de multas A lei confere à Controladoria-Geral da União
(CGU) competência exclusiva para instaurar,
de até 20% do faturamento. O Decreto nº
apurar e julgar atos lesivos à Administração
8420/2015 regulamenta diversos aspectos
Pública nacional e estrangeira, bem como
da legislação, tais como critérios para o cál-
para chamar para si processos para exame de
culo da multa, parâmetros para avaliação regularidade ou correção de andamento. A
52 de programas de compliance, regras para a comissão do processo administrativo de res-
celebração dos acordos de leniência e dis- ponsabilização será composta por dois servi-
posições sobre os cadastros nacionais de dores efetivos, que terão prazo de até 180 dias
empresas punidas. São procedimentos que para conclusão do processo, prorrogáveis.

A Lei 12.846/2013 destina-se a


punir empresas envolvidas em
práticas relacionadas à corrupção,
com a aplicação de multas de até
20% do faturamento.

4 - Controladoria-Geral da União
CÁLCULO DA MULTA IV. Treinamentos periódicos sobre o progra-
ma de integridade;
De acordo com a Lei, a punição ao ato lesivo
nunca será menor do que o valor da vanta- V. Análise periódica de riscos para reali-
gem auferida. O cálculo da multa é o resul- zar adaptações necessárias ao programa
tado da soma e da subtração de percentuais de integridade;
incidentes sobre o faturamento bruto da
empresa, considerando as variáveis previstas VI. Registros contábeis que reflitam de for-
no Artigo 7º da Lei 12.846. Os limites são de ma completa e precisa as transações da
0,1% a 20% do faturamento bruto do último pessoa jurídica;
exercício anterior ao da instauração do pro- VII. Controles internos que assegurem a
cesso administrativo, excluídos os tributos. pronta elaboração e a confiabilidade de re-
Caso não seja possível utilizar o faturamento latórios e demonstrações financeiros da pes-
bruto da empresa, o valor da multa será limi- soa jurídica;
tado entre R$ 6 mil e R$ 60 milhões.
VIII. Procedimentos específicos para preve-
PROGRAMA DE nir fraudes e ilícitos no âmbito de processos
COMPLIANCE / INTEGRIDADE licitatórios, na execução de contratos admi-
A partir do Decreto, ficam estabelecidos os nistrativos ou em qualquer interação com o
setor público, ainda que intermediada por

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


mecanismos e procedimentos de integrida-
de, auditoria, aplicação de códigos de ética e terceiros, tal como pagamento de tributos,
conduta e incentivos de denúncia de irregula- sujeição a fiscalizações, ou obtenção de au-
ridades que devem ser adotados pela empre- torizações, licenças, permissões e certidões;
sa e monitorados pela CGU. Segundo o docu- IX. Independência, estrutura e autoridade da
mento, o programa de integridade deve ser instância interna responsável pela aplicação
estruturado, aplicado e atualizado de acordo do programa de integridade e fiscalização de
com as características e riscos atuais das ativi- seu cumprimento;
dades de cada pessoa jurídica, a qual, por sua
vez, deve garantir o constante aprimoramen- X. Canais de denúncia de irregularidades,
to e a adaptação do referido programa. abertos e amplamente divulgados a funcio-
nários e terceiros, e de mecanismos destina-
O Decreto no 8.420/2015 também define dos à proteção de denunciantes de boa-fé;
em quais parâmetros os programas de com- 53
pliance serão avaliados. São eles: XI. Medidas disciplinares em caso de viola-
ção do programa de integridade;
I. Comprometimento da alta direção da
pessoa jurídica, incluídos os conselhos, XII. Procedimentos que assegurem a pronta
evidenciado pelo apoio visível e inequívo- interrupção de irregularidades ou infrações
co ao programa; detectadas e a tempestiva remediação dos
danos gerados;
II. Padrões de conduta, código de ética,
políticas e procedimentos de integridade, XIII. Diligências apropriadas para contrata-
aplicáveis a todos os empregados e admi- ção e, conforme o caso, supervisão, de tercei-
nistradores, independentemente de cargo ros, tais como fornecedores, prestadores de
ou função exercidos; serviço, agentes intermediários e associados;

III. Padrões de conduta, código de ética e XIV. Verificação, durante os processos de fu-
políticas de integridade estendidas, quando sões, de aquisições e reestruturações socie-
necessário, a terceiros, tais como fornecedo- tárias, do cometimento de irregularidades
res, prestadores de serviço, agentes interme- ou ilícitos ou da existência de vulnerabilida-
diários e associados; des nas pessoas jurídicas envolvidas;
XV. Monitoramento contínuo do programa ca federal que sejam relacionados aos fatos
de integridade visando ao seu aperfeiçoa- objeto do acordo. Cumprido o acordo de le-
mento na prevenção, na detecção e no com- niência, a pessoa jurídica tem direito a: isen-
bate à ocorrência dos atos lesivos previstos ção da publicação da decisão sancionadora;
no Art. 5o da Lei no 12.846, de 2013; isenção da proibição de receber incentivos,
subsídios, subvenções, doações de órgãos
XVI. Transparência da pessoa jurídica quanto ou entidades públicas, isenção ou atenua-
a doações para candidatos e partidos políticos. ção de punições restritiva ao direito de lici-
A atuação da empresa com relação a esses tar e contratar e redução do valor da multa.
parâmetros influenciará na dosimetria das Permanece, entretanto, a obrigação de re-
sanções que possam vir a ser aplicadas. paração integral do dano.

ACORDO DE LENIÊNCIA CADASTROS


O acordo de leniência é o ajuste que per- Geridos pela CGU, os cadastros nacionais
mite ao infrator participar da investigação, de Empresas Punidas (CNEP) e de Empre-
com o fim de prevenir ou reparar danos de sas Inidôneas e Suspensas (CEIS) reúnem
interesse coletivo. as pessoas jurídicas que sofreram sanções
com base na Lei Anticorrupção e em ou-
Uma vez proposto o acordo de leniência, a tras legislações, como a Lei de Licitações e
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

CGU poderá requisitar os autos de proces- Contratos. O fornecimento dos dados será
sos administrativos em curso em outros ór- realizado pelos órgãos e entidades dos Três
gãos ou entidades da Administração Públi- Poderes e das três esferas da Federação.

“Muitas empresas acreditam que o governo é


quem rouba, que pede suborno, que pratica
extorsão e que elas são sempre vítimas. Mas,
muitas vezes, são elas que instigam esse suborno.
Como elas são parte do problema, também são
54
parte da solução. A ação contra isso começa com
a recusa de subornos e a criação de políticas para
mitigar atos do gênero. E é preciso comunicar
essas políticas para os seus funcionários, para que
eles se engajem, que seja uma ação coletiva”.
Olajobi Makinwa Chefe de Anticorrupção e Transparência do Pacto Global
COMPLIANCE

A palavra em inglês compliance vem do uma organização para assegurar o cumpri-


verbo to comply e é utilizada no ambien- mento das leis vigentes sob sua operação.
te de negócios para identificar as ações de
O compliance, geralmente, se estabelece por
meio de programas formais de integridade,
Michaelis Moderno Dicionário que devem fomentar uma cultura que es-
Inglês & Português
timule a conduta ética e um compromisso
comply com o cumprimento da legislação, de modo
com.ply a prevenir e detectar uma prática criminosa.

1 condescender, aquiescer, aceder, O cumprimento de leis é um dever ético de


concordar, consentir, ceder. uma organização. Porém, existem casos em
2 cumprir, satisfazer, corresponder a, que, mesmo se colocando dentro dos limites
obedecer, estar de acordo. da lei, a empresa tem um comportamento
antiético. Por isso o compliance e a ética de-
to comply with: aquiescer,
aceder ou sujeitar-se a vem andar juntos para assegurar a melhor
forma de agir.

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


ÉTICA EMPRESARIAL

Uma empresa é considerada ética quando teresse é a única forma de seu lucro ser
age em conformidade com os princípios moralmente aceitável.
morais e as regras do bem proceder acei- Quando a ética e a cultura de compliance
tas pela sociedade5. O comportamento regem as condutas de uma organização,
ético com todos os seus públicos de in- inúmeros benefícios podem ser elencados:
55

• Eliminação de gastos com pagamentos irregulares (suborno, propina, “bola”)


• Licença para operar
• Identificação e neutralização de riscos
• Melhoria na imagem e na reputação da organização
• Legitimidade moral para exigir comportamento ético de
stakeholders (principalmente fornecedores e funcionários)
• Identificação antecipada de problemas
• Construção de relacionamentos sólidos com parceiros comerciais
• Redução de gastos com contingências
(multas, interrupção das atividades, advogados, etc.)

5 - A ética empresarial no Brasil, 1999.


ÉTICA E INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

Os últimos anos têm sido desafiadores em


• Há uma percepção generalizada de
relação às questões pertinentes à falta de
que a corrupção é mais um problema
ética e à corrupção. Grandes operações de
ligado ao setor público.
investigação vêm sendo realizadas e têm
• A concorrência é mais desleal nas
nos mostrado como muitos negócios são
obras públicas.
conduzidos no Brasil, por meio de desvios
de altas quantias de dinheiro, suborno e • A burocracia e a baixa qualidade do
corrupção. E a Indústria da Construção não funcionalismo criam espaços para a
“venda de facilidades” e a responsa-
está imune. Pelo contrário: em alguns casos,
bilidade pela solução passa por uma
algumas empresas do setor têm sido prota-
reforma de gestão.
gonistas de grandes escândalos.
• Nos casos desses comportamentos não
Alguns dos problemas relacionados à éti- éticos, os prejuízos mais sentidos são de
ca no segmento de construção civil são: imagem do setor perante a população.
corrupção, nepotismo, falta de saúde e se-
gurança do trabalho, descumprimento da
De toda maneira, a gestão da ética ainda é
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

legislação trabalhista, altos índices de aci-


pouco encontrada no setor. Aliás, quando
dentes, furtos em obras, falta de cumpri-
se fala desse assunto, ele aparece muito
mento dos prazos para entrega das obras, mais vinculado à falta de transparência, agi-
irresponsabilidade na entrega do produto lidade e profissionalismo do setor público
final para os clientes, impunidade, mate- do que algo ligado às próprias empresas.
riais e atividades desenvolvidas pelo setor
com potencial de danos ao meio ambien- Todos esses pontos configuram uma gran-
te, entre outros. de oportunidade para a priorização da ética
e do compliance no setor da construção, a
Em uma pesquisa sobre o tema realizada fim de levá-lo de volta ao caminho do de-
pela CBIC, em 2015, com executivos de enti- senvolvimento ético e sustentável – aliás,
dades da construção civil, verificou-se que: onde é o seu legítimo lugar.
56
COMO CRIAR UMA CULTURA DE
ÉTICA NO AMBIENTE DE TRABALHO?

Em ambientes onde a cultura da ética predo- de valor, na maioria das vezes, só acontecem
mina é mais fácil fazer a coisa certa do que por meio do pagamento de propina.
fazer a coisa errada!
Mudar essa cultura da corrupção não acon-
Mas nem sempre trabalhamos em lugares tecerá de um dia para o outro. Exige planeja-
assim. Há situações em que o próprio setor é mento e os resultados serão colhidos a mé-
corrupto e os negócios realizados na cadeia dio e longo prazo.

SINAIS DE PERIGO PARA A IMPLEMENTAÇÃO


DE UMA CULTURA ÉTICA:
• Dar ênfase ao curto prazo. Mudar a cultura não é rápido e exige paciência.
• Não possuir um código de conduta.
• Adiar medidas para propagar a ética, devido aos custos
financeiros imediatos, sem pensar nos benefícios futuros.
• Preocupar-se apenas com o cumprimento das leis, não avaliando se a conduta é ética.

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


• Ter a mentalidade de que agir eticamente apenas é importante para a reputação da empresa.
• Falta de procedimentos claros e amplamente divulgados.

PASSOS FUNDAMENTAIS PARA A CRIAÇÃO DE


UMA CULTURA DE ÉTICA NA SUA ORGANIZAÇÃO:

Defina os valores!
A empresa precisa ter seus valores definidos, acreditar neles
e não abrir mão deles em qualquer situação do negócio.

Ensine! 57
Tenha certeza de que os valores da organização são conhecidos e disseminados
pelos funcionários. Promova treinamentos, integre novos funcionários e
acompanhe o desenvolvimento por meio da avaliação de desempenho!

Lidere pelo exemplo!


Não se esqueça de que é fundamental a alta liderança estar alinhada aos
valores e princípios, de maneira a refleti-los em seus comportamentos e atitudes.
É fundamental que gestores e donos de empresa sejam modelo para todos!

Comunique!
Os valores e princípios, assim como o código de conduta, devem estar nas
paredes, nos relatórios de desempenhos e devem ser considerados nas ava-
liações de desempenho dos funcionários. Não adianta um funcionário entre-
gar resultado de maneira antiética. A ética e o negócio devem andar juntos.

Estabeleça programas formais!


Os programas de ética e compliance (ou integridade) são fundamentais
para a formalização dos compromissos da organização.
GESTÃO DA ÉTICA E COMPLIANCE

Para que seja possível minimizar o efeito das pela organização sejam definidas por
dos problemas e gerir a ética dentro de uma um processo organizado, sejam dissemi-
organização, é necessário utilizar alguns re- nadas em todos os níveis e seus resultados
cursos e ferramentas para implementar, dis- sejam monitorados.
seminar e controlar as atitudes e ações de
Para estabelecer um Programa de Ética
todas as pessoas envolvidas.
e Compliance, é necessário percorrer al-
É importante que haja um programa forma- guns caminhos:
lizado para que as diretrizes a serem segui-

ESTABELECIMENTO
GESTÃO DE RISCOS
DE UMA CULTURA DISSEMINAÇÃO E
E FORMALIZAÇÃO
DE ÉTICA E ACOMPANHAMENTO
DO PROGRAMA
COMPLIANCE

Comprometimento Comunicação
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

de alta liderança e treinamento

Definição da estrutura Tratamento de


Avaliação de riscos
de gestão de ética denúncias e violação
de não conformidade
e compliance do programa

Definição ou atualização Formalização de uma Auditorias e


dos valores da organização política de compliance monitoramento

58

Elaboração de Estabelecimento de canais Revisões periódicas do


código de conduta de comunicação e denúncia Programa de Ética e
Compliance

As etapas estão descritas a seguir.


COMPROMETIMENTO DE ALTA LIDERANÇA

Quando se fala em líder, é possível se referir ao O comprometimento da liderança gera cre-


dono da empresa, ao Conselho de Administra- dibilidade e os funcionários tendem a se
ção, à diretoria ou ao seu gestor direto. Inde- identificar com os valores da organização
pendentemente do tamanho da organização, em que trabalham. Porém, caso o compor-
a liderança tem papel fundamental na adesão tamento do líder seja inconsistente com os
aos valores e princípios da organização. É um valores divulgados, provavelmente um pro-
dos principais pilares de uma cultura organiza- grama de ética fracassará.
cional fundamentada em valores éticos.

COMO O LÍDER ÉTICO DEVE AGIR?


• O líder deve ser o maior exemplo de conduta ética. Deve conhecer os valores da
empresa, os quais devem refletir em suas atitudes.
• Deve focar o sucesso da organização, e não somente o seu próprio sucesso.
• Deve contratar pessoas com critérios baseados em competências e integridade, e

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


desenvolvê-las no seu potencial máximo para que compartilhem dos valores e tam-
bém possam disseminá-los.
• O líder deve estimular a criação de ambientes onde seja possível conversar abertamen-
te sobre ética e valores e até mesmo possibilitar que funcionários discutam pontos de
divergência de opinião e auxiliem na busca de soluções. Essa atitude faz com que todos
se apropriem dos valores com maior facilidade e favorece o comprometimento.
• Ser um líder ético não é sinônimo de ser um líder “bonzinho”. Em algumas situações, é ne-
cessário que se tomem decisões para o bem do negócio, como demissões, por exemplo.
Nesse caso, o líder ético precisa ser transparente e se comunicar da melhor forma possível.

59
DEFINIÇÃO DA ESTRUTURA DE
GESTÃO DE ÉTICA E COMPLIANCE

É fundamental que organização indique pes- • Avaliar e recomendar melhorias no sistema


soas que sejam responsáveis por cuidar da de controle de riscos (política, código de con-
gestão da ética e compliance. O tamanho e o duta, treinamentos, monitoramento)
tipo da estrutura dependem do porte da or-
ganização e dos recursos destinados ao tema. • Receber denúncias e dúvidas sobre o pro-
grama, avaliá-las e respondê-las, sempre com
As principais funções que essa estrutura deve a adequada confidencialidade
desempenhar são:
• Desenvolver treinamentos sobre ética
• Avaliar o ambiente de negócio e reconhecer
as áreas de risco • Promover discussões sobre o tema

• Orientar e fiscalizar o desempenho ético • Outras atividades relacionadas à estratégia e


na organização à operação do programa
Em todos os casos, a organização deve no- adicionalmente às suas funções principais e
mear uma pessoa que seja a “dona”, o líder devem assessorar o líder da gestão no cumpri-
da gestão. Essa pessoa deve ter acesso di- mento do programa de ética.
reto aos líderes da organização e a eles deve
Em empresas de grande porte, pode existir
fazer um reporte periódico sobre o anda-
um Departamento de Ética e Compliance.
mento do programa.
Nesse caso, devido ao aumento da complexi-
Quando for possível, a organização pode insti- dade do negócio, profissionais especialistas
tuir um Comitê de Ética e Compliance, grupo são contratados para trabalhar especifica-
formado por colaboradores, representantes mente na implementação e no controle do
de diversas áreas, que assumem esse papel Programa de Ética e Compliance.

DEFINIÇÃO OU ATUALIZAÇÃO
DOS VALORES DA ORGANIZAÇÃO

Os valores da organização são a base para os feito, de maneira bem efetiva, por meio de
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

Programas de Ética e Compliance. Caso sua dinâmicas de grupo, questionários enviados


organização já possua uma declaração de eletronicamente ou até mesmo pedindo su-
valores formalizada, o ideal é que seja feita gestões aos colaboradores por escrito, por
uma revisão periodicamente. meio de e-mail ou urnas.

Para os valores serem definidos ou atualiza- As perguntas abaixo podem ajudar a direcio-
dos, o ideal é que seja feita uma consulta à nar uma discussão para ajudar na identifica-
liderança e aos colaboradores. Isso pode ser ção desses valores:

Que comportamentos esperamos ver nas pessoas


de nossa organização dos quais não abrimos mão?

60 Se a nossa organização fosse uma pessoa, por quais atitudes


ela gostaria de ser lembrada, reconhecida e admirada?

Qual mensagem passamos aos nossos clientes nos canais de


comunicação (site, redes sociais, materiais impressos, anúncios)?

Após fazer essas perguntas, é possível que • Os valores estão alinhados com a nossa vi-
se tenha uma lista com muitos valores. En- são e com o que nós pretendemos alcançar
tão, é preciso que haja uma priorização. nos próximos anos?
Para isso, é recomendado fazer as pergun- • Os valores podem servir para o nosso negó-
tas abaixo para eliminar valores que não cio ou só funcionam para pessoas?
são imprescindíveis.
• Quais são os principais públicos de interes-
• Os valores estão de acordo com o que se da nossa organização?
nós acreditamos?
• A mensagem em propagandas e publicida-
• Os valores são inspiradores? de é coerente com esses valores?
Veja abaixo uma lista com possíveis valores que sua organização pode ter:

Ética Inovação Lealdade


Honestidade Excelência Trabalho em equipe
Segurança Confiança Criatividade
Qualidade Respeito Diversidade
Responsabilidade Social Justiça Liderança
Sustentabilidade Comprometimento Satisfação do cliente

Após a definição dos valores, é importante como: site, redes sociais, relatórios de gestão
comunicá-los a toda a organização e incluí- e treinamentos.
-los em todos os canais de comunicação,

ELABORAÇÃO DE CÓDIGO DE CONDUTA

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


O código de conduta ética é um conjunto O documento deve indicar claramente: os
de regras, direitos e deveres que serve como valores e princípios da organização; os pa-
guia para orientar os comportamentos éti- drões de conduta esperados em diversas si-
cos dentro de uma organização ou de um tuações; e as medidas disciplinares cabíveis
setor. É uma declaração formal que englo- em caso de violação do código. Recomenda-
ba os valores, princípios, a cultura e a atua- -se, se possível, que sejam apresentadas no
ção socioambiental da organização, e é um código a visão e a missão da empresa para
importante veículo para a comunicação do indicar um alinhamento de suas condutas
comprometimento da liderança com uma com seus objetivos.
cultura de ética, integridade e compliance.

61
MISSÃO VISÃO
É a razão de ser da Representa aonde a organização quer chegar!
organização. É a finalidade A visão é um plano, um sonho, uma ideia mental
de sua existência. que descreve o que a organização quer realizar
objetivamente nos próximos anos de sua existência.
Deve ser inspiradora, clara e concisa.

Alguns temas geralmente tratados em códi- confidencial; comunicação institucional e


gos de conduta são: regras para recebimen- representação; sustentabilidade; corrup-
to de convites, brindes e presentes; regras ção; qualidade do produto e do serviço; cri-
de convivência (discriminação, vestuário, térios de contratação e promoção; conflitos
redes sociais e diversidade); assédio (mo- de interesse; e conduta em relação aos di-
ral, sexual, abuso de autoridade); direitos e versos públicos de interesse da organização
deveres do trabalhador; proteção e uso de (clientes, fornecedores, comunidade, go-
ativos da empresa; proteção de informação verno, mídia, concorrentes, sindicatos).
Códigos de conduta podem ser desenvolvi- de interesse da organização. É fundamental
dos por grupos de trabalho internos e de- que tenham uma linguagem amigável, sim-
vem levar em conta a opinião dos públicos ples e adequada aos leitores.

O QUE NÃO PODE FALTAR EM UM CÓDIGO DE CONDUTA:

• Mensagem do presidente ou dono da organização


• Valores organizacionais
• Aplicabilidade do código
(apenas para colaboradores ou estendido aos públicos de interesse)
• Instruções sobre como entrar em contato com o canal de comunicação e denúncia
• Orientações para a ajudar lidar com dilemas éticos
• Respostas para as perguntas mais frequentes
• Termo de compromisso e adesão

O processo de elaboração ou revisão do código pode seguir as seguintes etapas:


AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

Definição / atualização dos valores organizacionais

Análise dos riscos de ética e compliance

Análise e comparação com códigos de conduta de organizações similares

Definição dos temas e estrutura abordados

Redação do código de conduta


62

Após a finalização do processo de redação e Obs.: uma coalizão internacional com repre-
revisão, é importante planejar o lançamento sentantes de diversas partes do mundo está
do novo código de conduta nos canais de desenvolvendo um código de ética global
comunicação da organização e garantir que para o segmento. A CBIC é participante des-
sejam dadas as devidas orientações a todas sa iniciativa, juntamente com outras organi-
as pessoas compreendidas pelo documento. zações, e disseminará os resultados do traba-
lho para todos os seus associados.
A revisão e a atualização periódicas do códi-
go de conduta devem estar no planejamen- Para maiores informações:
to da organização. www.ies-coalition.org
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

Uma avaliação ou análise de riscos se faz ne- • A probabilidade de ocorrência de cada


cessária para identificar as áreas mais susce- comportamento e atividade
tíveis à violação de leis e para endereçá-las
• O impacto estimado de cada ocorrência
às políticas de compliance. A análise de ris-
cos é uma atividade que deve ser realizada Para ser feita a correta análise dos riscos, é
frequentemente, principalmente quando há necessário que seja feito um levantamento
mudanças em algum processo ou no mer- detalhado, que pode ser feito por meio de
cado, para avaliar as potenciais vulnerabili- entrevistas e reuniões com colaboradores
dades a fraudes, corrupção e violações. Por de diversas áreas, clientes e fornecedores.
exemplo, se há a troca de um fornecedor de Além disso, sugere-se fazer visitas às filiais
uma matéria-prima em cuja cadeia de valor da organização e ao mercado.
já foi encontrado trabalho escravo, é impres-
cindível que a análise de riscos seja feita. A ONU, por meio de seu Guia de Avalia-
ção de Risco em Corrupção, lançado em
A análise de riscos é utilizada para identificar6:
2015, estabelece os seguintes passos para
• Comportamentos e atividades que possam a implementação da análise de riscos em

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


acarretar a eventual violação de leis uma organização:

1 2 3 4 5 6
Estabelecer Identificar Classificar o Identificar e Calcular Desenvolver
o processo os riscos risco inerente classificar os o risco o plano
controles de residual de ação
mitigação

As etapas estão descritas a seguir:


63

1 - ESTABELECER O PROCESSO:

1 2 3 4 5 6
Estabelecer Identificar Classificar o Identificar e Calcular Desenvolver
o processo os riscos risco inerente classificar os o risco o plano
controles de residual de ação
mitigação

Uma característica fundamental para o su- nança, por exemplo, o conselho diretor, em
cesso de uma avaliação de risco de corrup- relação às funções e responsabilidades dos
ção é geralmente a adesão de executivos mais diversos interessados na avaliação de
seniores e outros encarregados de gover- risco de corrupção. Sem esse apoio de alto

6 - ICC Antitrust Compliance Toolkit, 2013.


nível, as avaliações de risco podem perder Pode ser valioso envolver indivíduos de dife-
o ímpeto, evitar ou inadequadamente lidar rentes níveis na empresa, como a administra-
com determinados problemas ou ter sua ção sênior e a equipe operacional. O pessoal
qualidade afetada por outros executivos e sênior geralmente sabe como as funções de-
gerentes que escolhem não participar. vem operar e o pessoal de nível mais inferior
conhece a operação na prática. Também é re-
A responsabilidade geral pela avaliação de comendável envolver indivíduos de vários lo-
risco de corrupção deve ser assumida pelos cais e unidades operacionais, se aplicável. Em
encarregados de governança em uma em- certas indústrias, geografias e estruturas orga-
presa, como o conselho diretor ou o órgão nizacionais, outras funções também se tornam
de supervisão equivalente (incluindo fidei- importantes, como uma função de desenvolvi-
comissários, consultores, supervisores, etc.), mento, responsável por construir novas unida-
ou por um comitê do conselho designado des em locais com alto risco de suborno, mui-
para essa função (incluindo um comitê audi- tas vezes praticado para obter as necessárias
tor, um comitê de governança ou um comitê aprovações e permissões governamentais.
de gestão de risco).
Nesta etapa inicial, busca-se, então, fazer um
Para empresas que não têm um conselho levantamento externo e interno dos fatores
diretor ou um comitê encarregado de go- relevantes às operações da organização, para
vernança, a responsabilidade geral pode ser melhor entendimento de riscos de corrupção,
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

dada para pessoas do nível executivo sênior. esquemas e consequências legais potenciais.
Além dos membros da administração sê- A sua empresa pode organizar um workshop,
nior, podem estar envolvidas funções como liderado pela área responsável pela gestão
conformidade, ética, jurídico, auditoria in- da ética, para abordar o tópico de corrupção,
terna, gestão de riscos, vendas e marketing, confirmar que a empresa pode estar exposta
aquisições, expedição, contabilidade e fi- a riscos e identificar as etapas para explorar
nanças e recursos humanos. a exposição.

64

A sua empresa pode organizar


um workshop, liderado pela
área responsável pela gestão
da ética, para abordar o tópico
de corrupção, confirmar que a
empresa pode estar exposta a
riscos e identificar as etapas para
explorar a exposição.
As perguntas abaixo podem ser orientadoras • Desempenho de funcionários
nesse processo:
- Já foi observada conduta imprópria de fun-
• Ambiente econômico e político cionários em relação à aceitação de presen-
- O setor da construção tem sofrido com tes, recebimento de propina, etc.?
investigações relativas a problemas com - Ao contratar novos funcionários, a organi-
corrupção. Quais os principais problemas le- zação busca referências?
vantados? Nossa organização foi afetada de
alguma maneira? • Avaliação do ambiente competitivo

- Muitos negócios da organização depen- - A concorrência costuma pagar


dem de participação em licitações para fe- suborno, propina, “bola” para
char negócio? obter vantagem em negociação?
- Grande parte do faturamento da organiza- - Existe um regime de cartel?
ção em que atuo é de origem pública?
- Qual a nossa participação de mercado?
• Etapas da cadeia de fornecimento
• Problemas encontrados anteriormente,
- Existe potencial de trabalho infantil ou for-
relativos ao não cumprimento de leis, cor-
çado na cadeia?

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


rupção, conflitos de interesse, suborno.
- Os fornecedores possuem histórico de pro-
- Já recebemos multa após
blemas como não conformidade legal, cor-
rupção, propina, conflitos de interesse? fiscalizações públicas?

• Leis e regulamentos, novos ou existentes No estabelecimento do processo, é impor-


tante definir de que forma os riscos serão
- Temos conhecimento sobre as leis que re- registrados e classificados. A figura7 abaixo
gulam nossa atividade?
traz um exemplo de formulário que pode
- Tomamos alguma medida em relação à Lei ser utilizado para a documentação da ava-
Anticorrupção? liação de risco.

Local/ região: 65
Unidade de negócio:

Fator de risco de corrupção: Influência do ambiente, da concorrência, etc.

Risco de corrupção Tipo de corrupção (suborno, conluio, etc.).

Esquema de corrupção Descrição detalhada de como a corrupção pode ser encontrada.

Probabilidade de ocorrer A chance de a corrupção ocorrer é alta, média ou baixa?

Em caso de ocorrência, o impacto


Impacto potencial
no negócio será alto, médio ou baixo?
A probabilidade de cada risco ocorrer e os impactos
Risco inerente
na organização, em caso de ele se concretizar.
Quais medidas serão adotadas pela empresa para reduzir as
Controle anticorrupção
chances de ocorrer corrupção?

Classificação do controle de mitigação As medidas tomadas serão eficientes para mitigar a corrupção?

Os riscos que não terão controle com as medidas tomadas são


Risco residual
altos, médios ou baixos?

7 - Formulário adaptado do Guia de Avaliação de Risco de Corrupção – ONU (2015).


2 - IDENTIFICAR OS RISCOS

1 2 3 4 5 6
Estabelecer Identificar Classificar o Identificar e Calcular Desenvolver
o processo os riscos risco inerente classificar os o risco o plano
controles de residual de ação
mitigação

Após fazer o levantamento inicial, a organiza- Fatores de risco são razões pelas quais a
ção precisa identificar e listar os riscos ineren- corrupção ocorre em uma empresa com
tes a cada situação listada no item anterior. base no seu ambiente, incluindo a nature-
za das suas operações e localizações. Uma
A forma a ser utilizada para isso inclui cole-
forma de ilustrar fatores de risco é observar
ta dos dados por meio de documentos, en-
o Triângulo de Fraude de Donald Cressey16,
trevistas, workshops, consultas, etc. Deve-se
que define três elementos e condições (fa-
considerar que há processos, países e setores
tores de risco) que permitem a ocorrência
específicos que aumentam a exposição ao
de fraudes: pressão, oportunidade e racio-
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

risco de corrupção.
nalização. Apesar de esse triângulo ter sido
Para direcionar a discussão, na busca dos fa- desenvolvido em relação a riscos de fraude,
tores de risco inerentes ao negócio, procure ele também pode ser utilizado na identifi-
fazer as seguintes perguntas: cação de fatores de risco de corrupção. Ao
aplicar o Triângulo de Fraude para avaliar o
- Nessa situação, há risco de ocorrer corrup- risco de corrupção, devem ser levados em
ção na nossa organização? conta os seguintes elementos:
- Nessa situação, existe um alto risco de não
haver o cumprimento de leis ou acontecer o
pagamento de suborno ou propina?

Pressões
66

Racionalização Oportunidades

Especificamente em relação aos riscos às babilidade de riscos de corrupção serem


indústrias, em que se incluem as organiza- incidentes reais pode variar consideravel-
ções do segmento da construção, enquan- mente. Uma distribuição dos casos de cor-
to alguns riscos de corrupção podem ser rupção por indústria como porcentagem de
aplicáveis a muitas ou a todas as indústrias, todos os casos pode ser encontrada no “Re-
outros podem ser mais específicos de um latório para as Nações sobre Abuso e Frau-
determinado segmento industrial. Depen- de Ocupacional”, de 2012, da ACFE: http://
dendo dos setores da indústria em que ou www.acfe.com/fraud-resources.aspx. Para o
com os quais a empresa faz negócios, a pro- segmento da construção, o tipo de esque-
ma de fraudes mais importante conforme Obs.: Ao identificar riscos de corrupção espe-
o levantamento é a corrupção, que inclui cíficos da indústria para o seu setor (ou para
conflitos de interesse, subornos, propinas, os setores em que seus parceiros comerciais
gratificações ilegais e extorsão. atuam), uma análise de relatos da mídia pode
ser considerada. Que esquemas de corrupção
Ainda que esse estudo não vise ser uma
importantes foram descobertos no passado
pesquisa estatisticamente confiável e visto
recente do setor? Que partes estavam envol-
que os casos de corrupção normalmente
vidas? Sua empresa ou seu parceiro comercial
constituirão uma proporção menor de ca-
têm conexões aqui também?
sos de fraude no total de todos os casos
de fraude, a variação dos resultados entre A diferenciação dos riscos entre as razões pe-
indústrias para a mesma medida é ampla- las quais a corrupção ocorre, suas formas de
mente consistente com a experiência de es- ocorrência e o meio em que ela é propagada
pecialistas no tema de corrupção. devem ser devidamente documentados.

3 - CLASSIFICAR O RISCO INERENTE

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


1 2 3 4 5 6
Estabelecer Identificar Classificar o Identificar e Calcular Desenvolver
o processo os riscos risco inerente classificar os o risco o plano
controles de residual de ação
mitigação

Nesta etapa, deve ser feita uma classificação, próximos 12 meses. Tal estrutura deve ser
avaliando a probabilidade de cada risco ocor- ajustada conforme necessário para se ade-
rer e os impactos na organização, em caso de quar aos objetivos da gestão de risco de cor-
ele se concretizar. Para isso, para cada risco lis- rupção da empresa. Alguns dos fatores a se- 67
tado no item anterior, considere que a proba- rem considerados ao estimar a probabilidade
bilidade de cada esquema de corrupção iden- de cada esquema de corrupção incluem:
tificado deve ser avaliada sem levar em conta
• A natureza da transação ou do processo ao
os controles instalados na empresa. Em outras
qual o esquema se relaciona (por exemplo,
palavras, imagine uma empresa onde há mui-
se há uma interação com os funcionários
tas oportunidades de perpetrar o esquema de
de governo);
corrupção por causa da falta de um ambiente
adequado de controle. Com esse cenário, qual • Incidentes do esquema de corrupção que
é a probabilidade de ocorrência do esquema ocorreram anteriormente na empresa;
de corrupção? A administração deve levar em
• Incidentes do esquema de corrupção no se-
conta a probabilidade de execução do esque-
tor da empresa;
ma de corrupção por uma pessoa, ou um gru-
po de pessoas agindo em conluio. • A cultura de corrupção no ambiente local den-
tro da região onde o esquema seria perpetrado;
Nessa estrutura, é recomendável que a ava-
liação de probabilidade seja expressa como • O número de transações individuais relati-
a probabilidade de que o evento ocorra nos vas ao esquema;
• A complexidade do esquema e o nível de funcionário de governo para liberação alfan-
conhecimento e habilidade exigidos para degária pode ser mais provável em determi-
a execução; nados países e menos provável em outros.
• O número de pessoas necessárias para per- Com base nesses fatores e para cada risco lis-
petrar o esquema; tado no item anterior, faça a seguinte análise:
• O número de pessoas envolvidas na apro- 1) A probabilidade de o risco ocorrer é alta,
vação ou análise do processo ou transação média ou baixa?
relativa ao esquema.
2) Em caso de o risco se concretizar, os im-
Para empresas com várias localizações e pactos para organização são altos, médios
unidades operacionais, a probabilidade de ou baixos?
ocorrência de cada esquema de corrupção
pode variar entre locais diferentes e unidades Uma maneira de visualizar essa análise é co-
operacionais. Por exemplo, o suborno de um locando os resultados em um gráfico:

Probabilidade
de ocorrer
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

Alta
Risco 2

Média

Risco 1 Risco 3
Baixa
Impacto
Baixo Médio Alto

68
Nesse caso, o risco 1 tem alta probabili- ações para reduzir o Risco 3, que tem alto
dade de acontecer e alto impacto para a impacto para a organização, porém, pouca
organização, portanto, as ações para miti- probabilidade de acontecer.
gá-lo devem ser mais urgentes do que as
4 - IDENTIFICAR E CLASSIFICAR OS CONTROLES DE MITIGAÇÃO

1 2 3 4 5 6
Estabelecer Identificar Classificar o Identificar Calcular Desenvolver
o processo os riscos risco inerente e classificar o risco o plano
os controles residual de ação
de mitigação

Controles anticorrupção são exclusivos, já funções individuais, incluindo compras e


que vão além dos típicos controles nos níveis logística, ou através de gestão de unidades
de transações, que são mais frequentemente operacionais associadas a uma área geográfi-
designados para prevenir erros financeiros. ca ou segmento comercial específico. Alguns
controles podem ser de natureza financeira
Para os propósitos dessa discussão, todas as
ou de responsabilidade de uma função fi-
iniciativas, atividades, os controles e processos
nanceira (por exemplo, aprovação de relató-
instituídos ou assumidos pela empresa para
rio de despesas de viagem ou autorização de
mitigação de risco são indicados como “con-

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


pagamento de fatura do fornecedor). Outros
troles de mitigação de risco de corrupção”.
podem ficar no ambiente jurídico ou de con-
Mapear controles e outras atividades de mi- formidade (por exemplo, processos de análi-
tigação para todos os riscos ou esquemas se e linguagem contratual, linhas diretas de
de corrupção é importante, porque os con- delação), enquanto outros podem pertencer
troles devem ser compatíveis aos resultados a RH (por exemplo, verificações de histórico
potenciais e de probabilidade de má condu- do funcionário), ou líderes de negócios (por
ta. Quando o risco inerente for determinado exemplo, tom da alta administração).
para os esquemas identificados, a avaliação
Dessa forma, identificar e catalogar contro-
de risco poderá continuar a partir da identi-
les, assim como identificar fatores e esque-
ficação e da catalogação de controles e pro-
mas de risco de corrupção descritos ante-
cessos de mitigação de risco instalados.
riormente pode envolver várias pessoas na
Enquanto alguns controles operam em toda empresa.Para as empresas de pequeno e 69
a empresa como parte do ambiente de con- médio porte, a identificação de controles
trole geral, muitos outros estão integrados normalmente pode ser centralizada em
aos processos de negócios pertencentes a determinados responsáveis pelos proces-

Mapear controles e outras atividades


de mitigação para todos os riscos ou
esquemas de corrupção é importante,
porque os controles devem ser
compatíveis aos resultados potenciais
e de probabilidade de má conduta.
sos de negócios. Para essas empresas, os certos procedimentos que, embora façam
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

programas e controles podem não ser do- parte de uma política escrita, não foram
cumentados formalmente e, assim, seria colocados em prática.
importante identificar as pessoas e fun-
ções que conhecem os controles existen- Ao desenvolver uma lista de documentos
tes nessa área. Além disso, certas práticas, para serem vistos e uma lista de pessoas a
como a segregação de responsabilidades e serem entrevistadas, além de perguntas es-
os procedimentos e políticas formais escri- pecíficas, pode ser útil entender várias classi-
tas, podem não existir nessas empresas em ficações de controle possíveis. Aqui estão as
razão de restrições de recursos. É até mais mais comuns:
importante para essas empresas identifi- 1. Controles gerais (nível da organização)
car a mitigação que está atualmente em versus controles específicos (nível do proces-
prática ou que seja prática por natureza,
so ou dos negócios);
mesmo que não seja documentada como
70 parte desse exercício. 2. Controles preventivos
versus controles detectivos.
Informação sobre controles relevantes po-
dem ser obtidas por vários meios. Ainda Seguem abaixo alguns exemplos de indica-
que a análise de documentação de con- dores conforme tipos descritos acima:
trole e processo seja a etapa principal,
ela geralmente é complementada por en-
CONTROLES GERAIS NORMAIS
trevistas e pesquisas com os interessados
ANTICORRUPÇÃO AO NÍVEL
que podem ajudar a identificar os contro-
DE ORGANIZAÇÃO:
les apropriados. Além disso, durante essa
etapa, a equipe ou a pessoa que dirige a • Um programa formal de
atividade de avaliação de risco de corrup- conformidade anticorrupção;
ção também pode verificar com os respon- • Um comitê de compliance ou anticorrupção
sáveis pelo processo de negócios se os obrigatório para analisar ou receber atualiza-
controles e programas de mitigação iden-
ções de todas as transações de alto risco;
tificados estão realmente funcionando de
acordo com a política e o processo. Essa • Padrões escritos (ou seja, o código de condu-
verificação pode, algumas vezes, ilustrar ta e anticorrupção e outras políticas correlatas);
• Comunicação e treinamento anticorrupção • Sistema de delação, processo de investiga-
para funcionários; ção e gestão de casos;

• Tom da alta administração e da administra- • Entrevistas de desligamento;


ção intermediária; • Auditoria corporativa, auditoria de transa-
• Verificações de histórico do funcionário. ções, auditoria de terceiros.

CONTROLES ESPECÍFICOS Após identificar os controles de processo,


DOS NEGÓCIOS: classificar controles de mitigação de risco da
empresa pode ser fundamental para determi-
• Um processo para documentar uma neces- nar riscos residuais. Antes que a classificação
sidade de negócios para contratar um servi- de controle possa começar, as empresas de-
ço de um fornecedor; vem pensar sobre a profundidade desejada
do exercício, os critérios usados, a escala de
• Triagem/diligência prévia do fornecedor
classificação e os mecanismos de coleta de
com aspectos específicos como verificação
dados disponíveis (por exemplo, pesquisas,
de histórico, triagem de acordo com listas de
entrevistas, avaliação de documentos etc.).
pessoas politicamente expostas (“PEP”), veri-
ficação de referências e credenciais, compro- Há muitas formas diferentes para classificar e
missos anteriores, reputação e exemplo de comunicar a eficiência dos controles de miti-

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


análise de produto de trabalho (dependen- gação. Uma escala qualitativa simples pode ser
do do nível de risco); usada para classificar cada conjunto de contro-
les que mitigam criteriosamente um risco ou
• Certificação de conformidade do forne- processo de corrupção como (I) risco efetivo/
cedor (inicial e a intervalos periódicos, por baixo, risco médio/parcialmente efetivo ou
exemplo, anualmente), com certificação e risco baixo/ ineficaz ou (II) risco muito baixo/
confirmação de política anticorrupção, códi- muito efetivo, risco efetivo/baixo, risco médio/
go de conduta do fornecedor, etc. parcialmente efetivo, alto risco/razoavelmente
efetivo e risco não efetivo/muito alto.
CONTROLES ANTICORRUPÇÃO Alternativamente, pode ser usada uma es-
PREVENTIVOS cala quantitativa com pontuações aplicadas
• Ter um programa anticorrupção formal com criteriosamente para cada processo ou es-
quema de corrupção. 71
estrutura definida, propriedade, linhas de re-
lato, atividades planejadas e medição perió- Para que a classificação dos controles seja
dica de eficácia; eficaz, é necessário que as fontes e coletas
de dados sejam abrangentes. Algumas for-
• Padrões escritos (código,
mas dessa atividade são:
políticas anticorrupção);
• Avaliação e análise de documentos internos;
• Comunicação e treinamento anticorrupção,
incluindo uma biblioteca de recursos. • Entrevistas ao vivo;

• Pesquisas sobre o “ambiente de controle e


CONTROLES DE DETECÇÃO conformidade”;
ANTICORRUPÇÃO
• Workshops e grupos de foco;
• Auditoria de relatório de despesas;
• É importante envolver apenas os indivíduos
• Monitoramento periódico de terceiros que conhecem o processo ou controle que
(por exemplo, avaliação de desempenho, está sendo classificado, inclusive os responsá-
“re-certificação”); veis pelo processo;
5 - CALCULAR O RISCO RESIDUAL

1 2 3 4 5 6
Estabelecer Identificar Classificar o Identificar e Calcular Desenvolver
o processo os riscos risco inerente classificar os o risco o plano
controles de residual de ação
mitigação

Depois de classificar os controles internos O quanto o risco de um esquema de cor-


que reduzem o risco de cada esquema de rupção é mitigado por controles internos
corrupção, a próxima etapa é determinar depende do quão bem os controles são de-
o nível de risco residual. Risco residual é a senhados, implementados e operados para
medida de risco remanescente depois de se reduzir eficientemente aquele risco. Contro-
considerar o impacto dos controles na redu- les que são bem desenhados para mitigar
ção de risco. Ele é um fator do risco inerente riscos resultantes de um ou mais esquemas
e da classificação de controle. de corrupção, que foram implementados
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

Apesar da aplicação de programas anti- apropriadamente e que estão operando efi-


corrupção e dos seus controles internos de cientemente na prática podem reduzir mui-
mitigação de risco, ainda é possível que tais to o risco resultante de um esquema de cor-
esquemas ocorram. Dessa forma, normal- rupção em particular.
mente haverá algum nível de risco residual A abordagem selecionada para determinar
para cada esquema de corrupção. Um risco o risco residual de cada esquema de cor-
residual zero é teoricamente possível para rupção depende da abordagem usada para
um esquema de corrupção específico, mas determinar risco inerente e as classificações
tal risco nulo normalmente ocorre apenas se de controles.
esse esquema não for relevante para as ope-
rações da empresa, por exemplo, porque ela Se uma escala qualitativa, como de risco
não conduz negócios em um determinado “alto/médio/baixo”, for usada para classifica-
país, em uma determinada indústria ou de ções de risco inerente e classificação de con-
72
determinada forma. troles, então, uma escala semelhante pode

Um risco residual zero é


teoricamente possível para
um esquema de corrupção
específico, mas tal risco nulo
normalmente ocorre apenas se
esse esquema não for relevante
para as operações da empresa.
ser usada prontamente para classificação de riscos de corrupção. Uma classificação de
risco residual. Por exemplo, se um esquema alto risco residual significaria que um risco
for classificado como de alto risco inerente de corrupção inerente alto não é substan-
e nenhum controle efetivo for identificado cialmente mitigado por controles, deixan-
para mitigar o risco resultante do esquema, do um risco residual que pode afetar seria-
então, a classificação de risco de controle se- mente a empresa.
ria também alta e o risco residual continuaria
Risco residual médio significaria que o esque-
alto. Por outro lado, se forem identificados
ma de corrupção é inerentemente de alto ris-
controles fortes para mitigar o esquema de
co, e parcialmente mitigado por controles ou
alto risco inerente, o risco de controle seria
inerentemente de médio risco e não substan-
baixo e o risco residual seria provavelmente
cialmente ou de forma alguma mitigado por
determinado como baixo.
controles. Baixo risco residual significaria que
As classificações de risco residual forne- o esquema de corrupção é inerentemente de
cem à administração uma avaliação de risco classificado como baixo, ou é substan-
onde pode estar sua maior exposição aos cialmente mitigado por controles.

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


6 - DESENVOLVER O PLANO DE AÇÃO

1 2 3 4 5 6
Estabelecer Identificar Classificar o Identificar e Calcular Desenvolver
o processo os riscos risco inerente classificar os o risco o plano
controles de residual de ação
mitigação

O risco residual de cada esquema de corrup- acreditar que o benefício em custos pode ser
ção pode ser avaliado pela empresa para de- vantajoso, mas não essencial.
73
terminar se uma resposta a risco de corrup-
Para qualquer esquema de corrupção que
ção é necessária e, se assim for, quais são os
tenha risco residual maior do que a tole-
elementos desejados do plano. Um determi-
rância de risco definida pela administração
nante central do plano de resposta é o nível
e aprovada por quem exerce governança, é
de tolerância ou inclinação ao risco, que será
necessária uma ação para reduzir o risco até
variável, dependendo da empresa e do seg-
que ele esteja dentro do limite de tolerância
mento a que ela pertença.
desejável. Para esses itens, é necessário um
Nenhuma outra mitigação de risco é neces- plano de resposta de risco de corrupção.
sária para um esquema de corrupção que te-
Algumas respostas aos riscos de corrupção
nha um risco residual dentro da tolerância de
envolvem decisões que nem sempre são
risco definida pela administração e aprovada
possíveis, como mudança de escopo dos
por quem exercer governança, algo que não
negócios da empresa, por exemplo, evitan-
acontece com o segmento da construção.
do ou interrompendo a condução de negó-
Mesmo assim, caso o risco residual seja cios em algumas regiões geográficas, seg-
baixo, a administração pode escolher im- mentos da indústria ou mercados porque o
plementar mitigação de risco adicional, se risco é considerado impossível de mitigar
suficientemente e com confiança, ou mes- “melhor da categoria”. Ainda que a necessi-
mo transferindo riscos para terceiros atra- dade de resposta deva ser avaliada com base
vés de termos contratuais. na tolerância de risco e nas restrições de re-
cursos da empresa, podem ambos variar de
Historicamente, a resposta mais comum a
uma empresa para outra.
riscos de corrupção residual era, e conti-
nua sendo, implementar aprimoramentos Seguindo a tendência das empresas em esta-
aos controles internos para aumentar a mi- belecer estratégias de negócios baseadas nos
tigação de risco e aprimorar certos contro- princípios do desenvolvimento sustentável,
les anticorrupção. este guia prioriza projetos que materializem e
disseminem uma gestão da ética e complian-
De qualquer modo, deve ser observado que
ce em todas as perspectivas de seus negócios.
nem todas as empresas têm os mesmos re-
cursos e fundos à sua disposição para inves- Assim, os tópicos descritos a seguir buscarão
tir em nível igual no programa de conformi- priorizar todos os tópicos que instrumentem
dade anticorrupção. e capacitem as empresas e seus stakeholders
para um nível de excelência em gestão da
Algumas só podem querer tratar programas
ética, apesar dos desafios culturais e políti-
e controles para o que consideraram como
cos existentes no país.
as áreas de exposição mais significativas,
enquanto outras podem querer tratar mais Dessa forma, após a conclusão da análise
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

o interesse de manter um programa de con- dos riscos, a próxima etapa será formalizar a
formidade anticorrupção mais robusto ou o política de compliance.

FORMALIZAÇÃO DE UMA POLÍTICA DE COMPLIANCE

O cumprimento de leis e normas vigentes deve organização, a fim de garantir a conformidade


ser condição básica para uma empresa operar, legal e prevenir a corrupção. Além disso, a polí-
74 por isso a política de compliance é o documen- tica deve detalhar como será feito o monitora-
to formal que detalha os procedimentos e mento e apresentar as medidas disciplinares a
comportamentos esperados para cada área da serem aplicadas em caso de violação.

UMA POLÍTICA DE COMPLIANCE DEVE


ABRANGER OS SEGUINTES TÓPICOS:

• Objetivos • Atitudes e comportamentos


• A quem se destina esperados em situação de risco
• Conceitos e definições de • Instruções sobre como entrar
termos técnicos ou jurídicos em contato com o canal de
• Principais legislações que comunicação e denúncia
regulam o negócio • Consequências de condutas
• Resultados da análise de riscos inadequadas e medidas disciplinares
Assim como o código de conduta, a política • Nossas políticas refletem corretamente
de compliance deve ser revisada periodica- nossos riscos e fornecem a orientação neces-
mente, principalmente se surgir algum fato sária para os nossos funcionários?
que impacte na conformidade legal, como,
• Temos as políticas certas? Precisamos
por exemplo, o surgimento de novas leis.
adaptar nossas políticas, caso atuemos em
diferentes regiões e o resultado do risco
POLÍTICAS E PADRÕES ESCRITOS seja diferentemente identificado nelas em
Perguntas essenciais para uma avaliação de nossa avaliação?
risco eficiente relativa aos padrões escritos
da empresa incluem:

ESTABELECIMENTO DE LINHAS DIRETAS DE


COMUNICAÇÃO DE ÉTICA E DE DENÚNCIAS

Com a função de responder aos questiona- Esse meio de comunicação pode ser um en-

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


mentos, receber denúncias, ouvir sugestões dereço de e-mail, uma urna, um número de
de melhoria e reclamações, é fundamental telefone, um aplicativo para smartphone ou
que a organização disponibilize uma linha até mesmo uma ouvidoria representada por
direta de comunicação para que seus públi- pessoas. Esse canal deve dar a possibilidade
cos de interesse possam acessá-la. Esse canal de a pessoa se identificar, mas deve estar
pode ser disponibilizado pela empresa ou apto a receber denúncias anônimas.
até mesmo por entidades de classe. Nesse
caso, a linha poderia ser direcionada para to- É imprescindível que a linha de comunica-
das as organizações associadas e a entidade ção escolhida tenha credibilidade e garanta
traria isenção ao julgar uma denúncia. a confidencialidade das questões tratadas.

75

COMUNICAÇÃO E TREINAMENTO

Uma das etapas de grande importância no sencial para reforçar os valores e os padrões
Programa de Ética e Compliance é sua comu- éticos e orientar sobre mitigação de riscos.
nicação. Alguns canais podem ser utilizados Deve conter os principais conteúdos do có-
para divulgá-lo, como: cartilhas, vídeos, ar- digo de conduta e da política de compliance,
tigos enviados por e-mails, murais, cartazes estudos de caso, além de prestar orientações
espalhados nos locais de grande visualiza- em relação à forma de lidar com as questões
ção (por exemplo, no relógio de ponto), mala de ética e compliance no dia a dia.
direta, correspondências em geral e treina-
Essa importante ferramenta pode ajudar a mu-
mentos presenciais.
dar comportamentos e reduzir os casos de irre-
Esses treinamentos devem ser obrigatórios gularidade. Os treinamentos também são uma
para todos os funcionários e, eventualmente, excelente oportunidade de ouvir recomenda-
para alguns stakeholders. O treinamento é es- ções, sugestões e dúvidas de colaboradores.
Também é possível buscar o comprometi- avaliação de risco eficiente sobre o plano de
mento de outros públicos, como fornecedo- treinamento da empresa incluem:
res ou clientes, por meio da inserção de cláu-
• Há subseções específicas da nossa base
sulas relacionadas ao tema, em contratos e
funcional (por exemplo, subordinados aos
acordos. Dessa forma, é possível assegurar
gerentes de nível intermediário) que preci-
a comunicação do posicionamento ético da
sam de treinamento adicional? E os gerentes
organização de maneira formal.
de nível intermediário — eles precisam de
treinamento adicional?
COMUNICAÇÃO
• Nós medimos a qualidade e a meticulosida-
O treinamento, como quase todos os outros
de dos materiais de treinamento e testamos
aspectos de um programa de conformidade
a retenção do assunto pelos funcionários?
anticorrupção eficiente, deve levar em con-
ta e se basear no perfil de risco da empresa. • Quais serão a frequência e a duração des-
Perguntas essenciais respondidas por uma ses treinamentos?
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

TRATAMENTO DE DENÚNCIAS
E VIOLAÇÃO DO PROGRAMA

Toda a comunicação recebida pelas linhas de • Garantir a confidencialidade no tratamento


ética (dúvidas, sugestões ou denúncias) deve das dúvidas, sugestões ou denúncias
ser centralizada em um banco de dados úni-
Cada organização pode definir sua maneira
co, que pode ser uma planilha, por exemplo. de tratar as comunicações recebidas. Porém,
Para garantir a credibilidade do canal, é im- é fundamental que isso seja feito sempre
portante que dois pontos sejam observados: com o mesmo critério e siga o mesmo proce-
dimento, podendo ser realizado pelo líder da
• Assegurar que haja uma rápida investiga- gestão de ética e compliance, pelo comitê ou
76
ção e resposta, caso seja solicitada até pela liderança da organização.

AUDITORIAS E MONITORAMENTO

O sucesso do Programa de Ética e Com- O monitoramento da efetividade do pro-


pliance também depende de avaliações re- grama é atribuição do líder da gestão da
gulares para constante atualização ou para ética. Este deve definir indicadores de de-
identificação de violações de lei, da política sempenho e monitorá-los constantemente
de compliance e do código de conduta. O por meio de reuniões, auditorias e relató-
ambiente dos negócios é dinâmico e mu- rios periódicos.
danças como troca de fornecedores ou no-
vas legislações, por exemplo, podem afetar
o desempenho da organização nessa área.
REVISÕES PERIÓDICAS DO
PROGRAMA DE ÉTICA E COMPLIANCE

O Programa de Ética e Compliance deve evoluir, plica em uma mudança radical no programa.
acompanhando as mudanças nas operações e Ela pode ser feita apenas para assegurar que o
a forma como a organização responde às con- programa se mantém atualizado.
dições de mercado. O programa deve ser revi- O monitoramento constante e o canal de co-
sado, pelo menos a cada dois anos ou quando municação podem trazer recomendações e
houver necessidade, por exemplo, para ade- podem ajudar a identificar essas necessida-
quação devido a mudanças em normas ou des de mudanças. Um Programa de Ética e
legislações. A revisão não necessariamente im- Compliance efetivo8:

Avalia riscos

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


Remedeia infrações e Previne violações
melhora a prevenção e irregularidades

Detecta condutas
inadequadas

77
INICIATIVAS EXTERNAS

Existem algumas iniciativas que priorizam a éti- balho, meio ambiente e combate à corrup-
ca e as políticas anticorrupção. Ao aderir a elas, ção refletidos em 10 princípios.
a sua organização obtém um endosso externo Essa iniciativa conta com a participação de
do comprometimento em relação à ética. agências das Nações Unidas, empresas, sin-
dicatos, organizações não governamentais
PACTO GLOBAL
e demais parceiros necessários para a cons-
O Pacto Global é uma iniciativa desenvolvida trução de um mercado global mais inclusi-
pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan vo e igualitário.
com o objetivo de mobilizar a comunidade
Com os desafios sociais, políticos e econô-
empresarial internacional para a adoção, em micos, mais do que nunca muitas empresas
suas práticas de negócios, de valores funda- reconhecem a necessidade de colaborar e
mentais e internacionalmente aceitos nas fazer parcerias com os governos, a socieda-
áreas de direitos humanos, relações de tra- de civil e as Nações Unidas.

8 - Cultivating a Culture of Compliance, 2015.


Esse entendimento cada vez maior se reflete sas e outras partes interessadas de mais de
em um crescimento rápido do Pacto Global. 145 países, é a maior iniciativa de responsa-
Com mais de 12 mil participantes de empre- bilidade corporativa voluntária do mundo.
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

78 PRINCÍPIOS DO PACTO GLOBAL


DIREITOS HUMANOS 6. Eliminação da discriminação no emprego.
1. As empresas devem apoiar e respeitar a MEIO AMBIENTE
proteção de direitos humanos reconhecidos
internacionalmente e; 7. As empresas devem apoiar uma aborda-
gem preventiva aos desafios ambientais;
2. Assegurar-se de sua não participação em
violações desses direitos. 8. Desenvolver iniciativas para promover
maior responsabilidade ambiental;
TRABALHO
3. Apoio, por parte das empresas, à liberdade 9. Incentivar o desenvolvimento e a difusão
de associação e ao reconhecimento efetivo de tecnologias ambientalmente amigáveis.
do direito à negociação coletiva;
CONTRA A CORRUÇÃO
4. A eliminação de todas as formas de traba- 10. As empresas devem combater a corrup-
lho forçado ou compulsório;
ção em todas as suas formas, inclusive extor-
5. A abolição efetiva do trabalho infantil; são e propina.
A adesão ao Pacto Global tem algumas im- mento com o planejamento e a implemen-
plicações para uma organização. São elas: tação de processos que levem à evolução da
organização. Não é uma iniciativa destinada
1) Assumir um compromisso de implantação
apenas às empresas de grande porte, mas
gradual dos dez princípios. Espera-se que os
também a empresas de pequeno e médio
signatários realizem uma série de mudanças
porte, sindicatos, ONG´s, etc.
em suas atividades, de forma que o Pacto Glo-
bal e seus princípios façam parte de sua es- É aconselhável que todos os funcionários da
tratégia, sua cultura e suas atividades diárias. empresa recebam informações sobre o Pacto
Global, estendendo a todos o compromisso da
2) Ser transparente, ou seja, informar publi-
empresa. O processo, gradualmente, deve fazer
camente e de maneira contínua (anualmen-
com que as políticas e os procedimentos sejam
te) os progressos realizados na implantação
transversais, abrangendo não só o responsável
dos princípios (através da apresentação de
designado, mas todas as diferentes áreas da
Comunicações de Progresso).
empresa. O envolvimento da direção durante
3) Manter um diálogo com os grupos de sta- todo o processo é essencial. A aprendizagem
keholders (grupos de interesse da empresa). de melhores práticas também é essencial.

4) O compromisso também sugere a seleção O Pacto Global pode ser assinado por empre-
de fornecedores de modo que todos aqueles sas e também organizações sem atividade
que fornecem à empresa também cumpram empresarial, como: sindicatos, ONG´s, entida-

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


com os princípios do Pacto. des de classe. Para uma organização se tornar
signatária, é necessário que seja preenchido
5) Em casos específicos de empresas gran- um formulário de adesão on-line, que se en-
des, médias ou pequenas que têm ativida- contra no site do Pacto Global e anexe uma
de global, o compromisso do Pacto é glo- carta de adesão assinada pelo presidente da
bal, ou seja, para todas as suas operações organização. Nessa carta, a organização se
no mundo todo. compromete com os 10 princípios.
6) Entidades que participam do Pacto e não O formulário e o modelo da carta de adesão
são empresas têm um papel específico, atra- são encontrados no site http://www.pacto-
vés do qual se espera que promovam o Pac- global.org.br/artigo/58/Como-Aderir.
to em todo seu âmbito de influência.
Depois, é importante que a organização
O Pacto Global é importante para sinalizar nomeie uma pessoa responsável por imple-
o compromisso de uma organização com 79
mentar e monitorar um processo que pro-
a melhoria de sua atuação nos temas rela- porcione seu progresso nos 10 princípios.
cionados aos princípios. Não se espera uma
mudança radical, mas sim um comprometi- A CBIC é signatária do Pacto Global desde 2015.

O Pacto Global é importante


para sinalizar o compromisso de
uma organização com a melhoria
de sua atuação nos temas
relacionados aos princípios.
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

80

PACTO EMPRESARIAL
PELA INTEGRIDADE E
CONTRA A CORRUPÇÃO
O Pacto Empresarial pela Integridade e contra
a Corrupção tem como objetivo unir empre-
sas para promover um mercado mais íntegro Uma série de entidades participou de sua
e ético e erradicar o suborno e a corrupção. criação, entre as quais o Instituto Ethos, a Pa-
Ao se tornarem signatárias do pacto,
as empresas assumem o compromisso
de divulgar a legislação brasileira
anticorrupção para seus funcionários
e stakeholders, a fim de que ela seja
cumprida integralmente.

tri Relações Governamentais & Políticas Pú- • Fortalecer o Pacto Empresarial pela Integri-
blicas, o Programa das Nações Unidas para dade contra a Corrupção.
o Desenvolvimento (PNUD), o Escritório das
• Realizar diagnóstico sobre o conjunto de
Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNO-

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


empresas signatárias do Pacto.
DC), o Fórum Econômico Mundial e o Comitê
Brasileiro do Pacto Global. • Gerar referência, a partir das práticas das
empresas signatárias.
Ao se tornarem signatárias do pacto, as em-
presas assumem o compromisso de divulgar • Gerar relatórios individuais orientado-
a legislação brasileira anticorrupção para res da evolução das empresas em relação
seus funcionários e stakeholders, a fim de à integridade.
que ela seja cumprida integralmente. Além
disso, elas se comprometem a vedar qual- CADASTRO EMPRESA
quer forma de suborno, trabalhar pela le- PRÓ-ÉTICA – CGU
galidade e transparência nas contribuições
a campanhas políticas e primar pela trans-
parência de informações e colaboração em 81
investigações, quando necessário.
O Cadastro Nacional de Empresas Compro-
Para aderir ao Pacto empresarial pela integri- metidas com a Ética e a Integridade (Cadas-
dade e contra a corrupção, a empresa deve tro Empresa Pró-Ética) é uma iniciativa da
se registrar no site http://www.empresalim- Controladoria-Geral da União e do Instituto
pa.ethos.org.br/index.php/empresa-limpa/ Ethos que avalia e divulga as empresas vo-
pacto-contra-a-corrupcao/quero-aderir. luntariamente engajadas na construção de
um ambiente de integridade e confiança nas
Além disso, anualmente, as empresas signa- relações comerciais, inclusive naquelas que
tárias do Pacto responderão a um conjunto envolvem o setor público.
de 70 questões, que trata dos compromissos
assumidos na assinatura do Pacto. O monito- Os objetivos do Pró-Ética são:
ramento tem os seguintes objetivos: • Reconhecer as boas práticas de promoção
da integridade e de prevenção da corrupção
• Monitorar compromissos
em empresas que adotam voluntariamente
• Dar visibilidade e transparência às práticas medidas desejadas e necessárias para cria-
de integridade das empresas signatárias. ção de um ambiente mais íntegro, ético e
transparente no setor privado e em suas re- assuntos/etica-e-integridade/setor-privado/
lações com o setor público; empresa-pro-etica/acessar-sistema) para so-
• Conscientizar empresas sobre seu relevan- licitar o código de acesso ao sistema.
te papel no enfrentamento da corrupção ao 2) Acessar o sistema e preencher a análise do
se posicionarem afirmativamente pela pre- perfil e o questionário de avaliação.
venção e pelo combate de práticas ilegais
e antiéticas e em defesa de relações social- 3) Enviar os dados dentro do prazo estipu-
mente responsáveis; lado. A avaliação acontece anualmente, por
• Fomentar, no âmbito do setor privado, a im- isso é importante acompanhar os prazos di-
plementação de medidas de promoção da retamente no site da CGU.
ética e da integridade e contra a corrupção;
4) O perfil e o questionário são avaliados
• Reduzir os riscos de ocorrência de fraude e pelo Comitê Gestor, formado por repre-
corrupção nas relações entre o setor público sentantes da CGU, do Instituto Ethos e de
e o setor privado. dez instituições.
Para se cadastrar, a empresa deve seguir os 5) Caso seja aprovada, para ganhar o selo de
seguintes passos: EMPRESA PRÓ-ÉTICA, a empresa precisa as-
1) Registrar-se no site da Controladoria-Ge- sinar o Termo de Compromisso com a Ética
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

ral da União – CGU (http://www.cgu.gov.br/ e a Integridade.

MÃOS À OBRA!
A CBIC se coloca à disposição para auxiliá-lo Porém, uma cultura em que predomina a éti-
na implementação de um sistema de gestão ca não se consegue com um e-mail do presi-
de ética e compliance em sua organização. dente ou do dono da organização apoiando
o programa ou com uma sessão de treina-
Um Programa de Ética e Compliance terá mento. Exige investimento de tempo e es-
sido bem-sucedido quando chegar a um forço nos diferentes níveis da organização.
estágio em que os comportamentos reque-
Acreditar numa gestão ética é acreditar na
82 ridos pelo Código de Conduta e pelas políti- sustentabilidade de sua organização.
cas de compliance estejam tão arraigados na
cultura da organização que serão replicados Por isso, seja resiliente! Não desista na pri-
meira dificuldade e colha os frutos no futuro!
sem que haja a necessidade de recorrer à lei-
tura dos documentos. Conte conosco!
ANEXO - CHECK LIST

Aprendeu-se durante os anos recentes que volvidas como elemento atenuante de pena
guias de conduta sem políticas efetivas de os códigos penais foram atualizado para per-
implementação são incapazes de evitar mitir o alívio apenas se for comprovado que
problemas. A elaboração de uma política a companhia também se empenhava para
de compliance envolve, portanto, estraté- implementar uma política de gestão da ética.
gias que vão além dos códigos de compor-
O check list apresentado a seguir contempla
tamento. Ela precisa contemplar ações para
essas duas etapas, de construção do regu-
o envolvimento das lideranças, dos funcio-
lamento e da adoção de medidas efetivas
nários e de outros públicos com os quais a
para sua execução. Nesse sentido, foram
empresa se relaciona, como fornecedores e
reunidas iniciativas reconhecidas interna-
o poder público, por exemplo.
cionalmente para ajudar de forma prática e
Esse ponto é particularmente importante objetiva as empresas que resolverem ado-
porque em vários países onde a legislação an- tar políticas de compliance dentro das suas
ticorrupção previa a existência ou não de có- estruturas de governança (e sugerimos for-
digos de conduta por parte das empresas en- temente que o façam).

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


CARACTERÍSTICAS DE CULTURA CORPORATIVA
Iniciativa Sim Não Observação
A empresa tem planejamento e visão com ênfase no longo prazo prazo?
A empresa já adota alguma política de gestão da ética?

REQUISITOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO


DE POLÍTICAS DE COMPLIANCE
Iniciativa Sim Não Observação
Há comprometimento da alta gestão? 83
Há disposição para parcerias com órgãos de controle
governamentais e entidades da sociedade civil?
Há estrutura e recursos para concepção e implementação do
código de ética (diretoria de compliance, comitê de ética, etc.)?

ESTUDO DE RISCO
Iniciativa Sim Não Observação
Mapeamento de todos os processos envolvendo
todas as atividades da empresa.
Identificação de riscos.
Classificação dos riscos existentes.
Criação de controles de mitigação de riscos.
Cálculo de risco residual.
Desenvolvimento de plano de ações.
CÓDIGO DE ÉTICA
Iniciativa Sim Não Observação
Missão/Visão/Valores.
Definição e instrução de uso do código de ética.
Princípios e padrões éticos estabelecidos na forma de regulamentos.
Definição e descrição de públicos-alvo.
Penalidades.
Estrutura de compliance - criação de estrutura de gestão da ética.
Termo de compromisso

PLANO DE AÇÃO
Iniciativa Sim Não Observação
Estabelecer linhas de comunicação e recebimento de denúncias
acessíveis a colaboradores, clientes e púbico externo.
Criar estratégias de comunicação e treinamento de colaboradores.
AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO

Criar estrutura para fiscalização e cumprimento


das regras de compliance.
Monitorar e auditar o programa
(eventualmente por consultorias externas).
Revisar periodicamente a política de compliance.
Calcular risco residual.
Desenvolver plano de ações.

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LINKS ÚTEIS

Cadastro Empresa Pró-Ética:


http://www.cgu.gov.br/assuntos/etica-e-integridade/setor-privado/cadastro-empresa-pro-etica

CBIC - Câmara Brasileira da Indústria da Construção


www.cbic.org.br

Corrupção e integridade: conceitos de A a Z – FIEMG


http://www.fiemg.org.br/admin/BibliotecaDeArquivos/Image.aspx?ImgId=10407&TabI-
d=8132&portalid=176&mid=16650

Decreto Nº 8.420, DE 18 de março de 2015


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Decreto/D8420.htm

Lei nº12.486/2013 - Lei Anticorrupção/ Lei da Empresa Limpa


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm

Implantando o Pacto Global das Nações Unidas. Pacto Global - Primeiros passos
http://www.pactoglobal.org.br/Public/upload/ckfinder/files/Publicacoes/Primeiros_Pas-

AVALIAÇÃO DE RISCO DE CORRUPÇÃO


sos_do_Pacto_Global.pdf>.

Pacto Global:
http://www.pactoglobal.org.br/

Pacto empresarial pela integridade e contra a corrupção:


http://www.empresalimpa.org.br

Programa de Integridade – Diretrizes para Empresas Privadas - Guia de orientação


para compliance da CGU:
http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/programa-de-integrida-
de-diretrizes-para-empresas-privadas.pdf

85
REFERÊNCIAS

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Disponível em: < http://www.ciecinitiative.org/files/Blueprint.pdf>.

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Acesso em 13 de novembro 2015. Disponível em: <https://www.unodc.org/documents/lpo-
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Acesso em 13 de novembro 2015. Disponível em: <http://www.wbcsd.org/work-program/
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Ethics-and-Compliance-Training-Management-Benchmark-Report >.
correalização realização
correalização realização
correalização realização

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