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A Psicologia e o enfrentamento ao

COVID-19:
desafios e perspectivas
CHF 940 - Estudo e Intervenção da Psicologia em Contextos de Saúde
Docente:
Milena Pérsico Monteiro
Discentes:
Geracina Maria Lyra, Matheus Marques e Milena Calmon
BREVE HISTÓRICO DA PANDEMIA DE COVID-19
● Em 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) foi alertada
sobre vários casos de pneumonia na cidade de Wuhan, província de Hubei, na China;

● Nova cepa de coronavírus que não havia sido identificada antes em seres humanos;

● Em de janeiro de 2020, as autoridades chinesas confirmaram que haviam identificado


um novo tipo de coronavírus
● Em 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou que o surto do
novo coronavírus constitui uma Emergência de Saúde
Pública de Importância Internacional (ESPII)

● A ESPII é considerada, nos termos do Regulamento


Sanitário Internacional (RSI), um evento extraordinário que
pode constituir um risco de saúde pública para outros países
devido a disseminação internacional de doenças; e
potencialmente requer uma resposta internacional
coordenada e imediata

● O primeiro caso registrado oficialmente no Brasil foi em


março de 2020
CORONAVÍRUS HUMANOS - HCoVs
HCoV-229E HCoV-NL63 HCoV-HKU1 SÍNDROME
RESPIRATÓRIA
HCoV-OC43 SARS-COV AGUDA GRAVE

SÍNDROME
MERS-COV RESPIRATÓRIA
DO ORIENTE MÉDIO

RESPONSÁVEL POR
CAUSAR A DOENÇA
SARS-CoV2 COVID-19
A Psicologia no enfrentamento da Revolução da COVID-19

● “A ação da COVID-19 é revolucionária (do latim revolutio “ato de revolver”) por sua
potencialidade para mudar abrupta e radicalmente o poder público, a articulação
socioeconômica e a mobilização de todos os recursos para a existência em sociedade.”
(MALVEZZI; HAZIN; BIZARRO, 2020, p.02).

● “Pandemias são epidemias que se espalham rapidamente pelo mundo. Virologistas anteciparam
o risco de algum surto epidêmico, em larga escala, com consequências potencialmente
devastadoras” (TAYLOR, 2019 apud MALVEZZI et al., 2020, p.01).

● Revolução na vida social e na economia deflagrada pela propagação do vírus

● A sociedade brasileira se revelou limitada no enfrentamento de duas demandas contraditórias.


“As rupturas diariamente manifestadas na ação da
COVID-19 dificultam a convivência e diversos
movimentos necessários ao agir adaptativo. Isolamento,
falta de apoio mecânico para respirar, perda do
emprego, insegurança e particularismos que
comprometem a saúde e adaptação impedem as trocas
comunitárias que sempre foram esteios insubstituíveis
da sustentabilidade da vida e de seu desenvolvimento.”
(MALVEZZI et al., 2020, p. 04)
A emergência da COVID-19 e a mobilização da psicologia

● Ampla promoção e publicação de pesquisas, em busca de soluções emergentes, no


levantamento e na revisão de instrumentos para apoio individual e coletivo e em todo o
espectro de serviços profissionais que a atenção à vida requer;

● Diante de todas as mudanças social, política e econômica que vêm ocorrendo, a psicologia é a testemunha do
repertório de queixas aos malefícios do parasitismo político, impactando direta e indiretamente até mesmo grupos
e pessoas que gozam de estabilidade econômica, social e cultural; na necessidade de ter que se adaptar a vida
profissional atemporal; lidar com as tecnologias digitais e ter que desenvolver outras competências sem respeitar o
limite individual de cada um; conviver em relacionamentos abusivos, perdas de emprego e entes queridos, dentre
outras questões, que comprometem a saúde;

(MALVEZZI et al., 2020)


“Diante dessa dinâmica movida pela COVID-19, a psicologia [...] é desafiada
a se reinventar no desenvolvimento de teorias e no ajustamento de suas
próprias práticas profissionais diante da crescente virtualização e
fragmentação geradas pela perspectiva da era “transumana”.”
(MALVEZZI et al., 2020, p.08)
EFEITOS PSICOSSOCIAIS DA PANDEMIA DO COVID-19

● Uma pandemia, como a COVID-19, implica em uma perturbação psicossocial


que pode ultrapassar a capacidade de enfrentamento da população afetada;

● Ainda que a maior parte dos problemas psicossociais sejam considerados reações e
sintomas normais para uma situação anormal, estima-se um aumento da
incidência de transtornos psíquicos entre um terço e metade da população.

(FIOCRUZ, 2020)
EFEITOS PSICOSSOCIAIS DA PANDEMIA DO COVID-19

QUAIS OS IMPACTOS/REAÇÕES MAIS FREQUENTES NA


PANDEMIA DO COVID-19?

QUAIS AS ESTRATÉGIAS POSSÍVEIS?

O QUE FAZER SE AS ESTRATÉGIAS FOREM INSUFICIENTES?

(FIOCRUZ, 2020)
DEMANDAS E ESTRATÉGIAS
É fundamental a organização para auxiliar na compreensão das demandas e estratégias de
intervenção, conforme as fases “antes”, “durante” e “depois” da pandemia:

ANTES DURANTE DEPOIS

ESTRATÉGIA
DEMANDAS
S
(FIOCRUZ, 2020)
PLANO DE RESPOSTA PARA A PANDEMIA COVID-19

● O plano não deve se centrar apenas no impacto traumático da COVID-19;

● Caráter preventivo (diminuir as probabilidades de sofrer danos psicossociais);

● Avaliação rápida das necessidades psicossociais e das situações de maior


vulnerabilidade, que sirva de base às atuações;

● Criar condições para o desenvolvimento de funerais e ritos de passagem


culturalmente aceitos que garantam a biossegurança.

(FIOCRUZ, 2020)
CUIDADOS EM CONTEXTOS DE TRABALHO

● A Organização das Nações Unidas (2020) adverte que garantir a saúde mental dos trabalhadores dos
serviços de saúde é um fator crítico nas ações de preparação, resposta e recuperação da COVID-19.

● Assim, é preciso orientar esses trabalhadores, apresentar-lhes informações que promovam o


autocuidado, mesmo no contexto de tão grave estresse. Isso, englobando aqueles que atuam na
assistência direta, bem como também os que atuam no suporte.

● Os impactos na saúde mental decorrentes de tão elevado nível de estresse durante eventos epidêmicos
podem comprometer a atenção e a capacidade de decisão dos trabalhadores, o que afeta não somente a
luta contra a COVID-19, mas também pode ter um efeito duradouro no bem-estar geral dos
profissionais para além do período do surto (KANG et al., 2020).

(apud FIOCRUZ, 2020)


CUIDADOS EM CONTEXTOS DE TRABALHO

● O trabalho em uma situação de pandemia pode também ser visto como gratificante quando os
envolvidos sentem que estão contribuindo com algo bom e importante. Isso melhora a
autoestima e promove a valorização da vida, um fenômeno que tem sido chamado de
crescimento pós-traumático (BROOKS et al., 2020).

● É necessário identificar intervenções no ambiente e processos de trabalho que possam


minimizar os efeitos nocivos do estresse e, ao mesmo tempo, propiciar alívio para o sofrimento
psicológico. Tais estratégias contribuem para a não patologização do trabalhador e
culpabilização deste pelo próprio adoecimento “por não dar conta” ou não ter se “adaptado” ao
trabalho esperado.

(apud FIOCRUZ, 2020)


EXEMPLO DE AÇÃO EM CONTEXTOS DE
TRABALHO

(SOUZA; ANDRADE; CARVALHO,


2021)
O ATENDIMENTO ONLINE
O ATENDIMENTO ONLINE

RECOMENDAÇÕES BÁSICAS PARA O PREPARO DOS PROFISSIONAIS E


DOS ESPAÇOS DE CUIDADO SMAPS ON-LINE:

● Equipamento;
● Segurança;
● Local de atendimento do psicólogo;
● Conmunicação;
● Informação;
● Serviços existentes;
● Violência;
● Técnicas Terapêuticas;
● Prontuário

(CFP, 2020; FIOCRUZ, 2020)


O ATENDIMENTO ONLINE

ORIENTAÇÕES PARA OS PROFISSIONAIS SMAPS DURANTE O ATENDIMENTO:

● Orientar a pessoa para o atendimento remoto;


● Recursos;
● Casos graves;
● Psicoeducação;
● Informação;
● Tempo;
● Luto;
● Particularidades do atendimento remoto pelo telefone.

(CFP, 2020; FIOCRUZ, 2020)


LUTO

● Luto é um processo natural de resposta a um rompimento de vínculo, ou seja, quando perdemos


alguém ou algo significativo na nossa vida.

● Em contexto de pandemia, a morte se torna mais próxima e súbita do que nos parâmetros de rotina.
Morte repentina, inesperada e precoce é preditora vista como complicadora para elaboração do luto
normal e pode gerar transtornos psicológicos importantes nos indivíduos que vivenciam suas perdas
com esse perfil.

ESTRATÉGIAS DE SUPORTE E APOIO EMOCIONAL NO ENLUTAMENTO

(FIOCRUZ, 2020)
Luto: vídeo

https://youtu.be/3aa9VAuF7Q8
Violência doméstica e familiar

● As denúncias de violência doméstica aumentaram cerca de 50% no Brasil.


● Alguns grupos sociais são mais vulneráveis que outros: crianças,
mulheres,idosos, população negra, população LGBTQIA+.
● Nesse período estas populações enfrentam fatores prejudiciais decorrentes do
isolamento: afastamento dos laços afetivos, dificuldade de detecção e denúncia
da violência, impacto econômico, medo e pânico.

(FIOCRUZ, 2020)
Violência doméstica e familiar
➔ Crianças:
➔ As relações comunitárias e familiares interferem no modo como a criança
vivencia a pandemia.
➔ O uso abusivo de álcool e outras drogas é um fator que tende a aumentar a
probabilidade de ocorrer violência (psicológica, física e sexual).

➔ Orientações:
➔ Escuta atenta e sem julgamentos;
➔ Orientar familiares que forneçam informações sobre a pandemia e criar uma
rotina com as crianças;
➔ Orientar os adultos responsáveis para uma escuta ativa, atenção ao uso de
mídias por parte das crianças e adolescentes e para o autocuidado.
(FIOCRUZ, 2020)
Violência doméstica e familiar
➢ Mulheres:
- Neste período os parceiros podem aproveitar para exercer o poder e controle
sobre as companheiras: redução do acesso aos serviços e ao apoio psicossocial.
- Redução do alcance a fontes de ajuda.
- Dificuldades no afastamento do agressor e o rompimento do ciclo da violência.
➢ Orientações:
➢ - Promover o cuidado psicossocial
➢ - Orientar que verifique locais seguros e buscar apoio em pessoas confiáveis e
próximas como vizinhos.
➢ - Definir um código para crianças informando-as que deverão buscar socorro
e/ou sair de casa.
➢ - Diversificar os canais de denúncia e sua divulgação.
(FIOCRUZ, 2020)
Violência doméstica e familiar
❏ Pessoa idosa:
❏ Em Pernambuco foi registrado aumento de 83% de denúncias de violações
contra idosos desde os primeiros casos confirmados de COVID-19.
❏ A pandemia pode agravar o abandono afetivo.
❏ Omissão de cuidados, violência psicológica, abuso financeiro e violência física.
❏ Agravamento do estigma e da violência psicológica contra idosos que necessitam
sair de casa para atender necessidades básicas.
❏ Orientações:
❏ -Implementar estratégias de biossegurança para idosos em instituições de longa
permanência.
❏ - Estimular o idoso a acessar sua rede socioafetiva.
❏ Informar e oferecer suporte para mitigar a ansiedade e o estresse.
(FIOCRUZ, 2020)
Consultório na rua
● “Grupo heterogêneo, possuidor de diversos meios de sobrevivência em atividades produtivas
desenvolvidas na rua, com vínculos familiares rompidos ou fragilizados, sem referência de
moradia regular” (Paula HC et al, 2018).
● É necessário garantir a equidade e o direito à cidadania a estes grupos vulneráveis.
● Política Nacional de Atenção Básica (PNAB).
● Manutenção dos serviços ofertados antes da pandemia e garantindo-os no novo contexto.
● Apresentar à população, novas ofertas que contemplem as necessidades específicas para o
momento da pandemia.
➢ Orientações:
➢ Manter atualizadas as informações sobre a situação de pandemia e sobre os cuidados com a
saúde.
➢ Orientar sobre a prevenção a COVID-19 e demais doenças transmissíveis, principalmente
aquelas que mais acometem a população em situação de rua.

(FIOCRUZ, 2020)
Consultório na rua
❏ Conhecer os fluxos da Assistência Social de encaminhamento à rede hospitalar, para direcionar os
usuários que sejam casos suspeitos de contaminação pelo novo coronavírus.

(FIOCRUZ, 2020)
Suícidio na pandemia covid-19
● Uma tentativa anterior aumenta o risco de concretização do suicídio cerca de cem vezes em relação a
quem nunca tentou.
● Possível aumento no seu número de casos, em uma situação de pandemia e sua relação com diferentes
fatores .
● Transtorno mental é identificada como um importante risco para o suicídio.
● O risco de suicídio, por sua vez, é duas a três vezes maior na população idosa e é frequentemente
subnotificado.
➢ Orientações:
➔ A interação on-line é uma ferramenta importante de comunicação e fortalecimento de laços sociais durante
o isolamento.
➔ A intervenção precoce, na primeira fase da resposta a uma pandemia, bem como o fortalecimento das redes
e laços socioafetivos e o acesso à tratamentos de saúde mental são considerados fatores protetivos.
➔ É importante promover estratégias que permitam contrabalançar os sentimentos negativos e o
reenquadramento dos planos de vida.
Suícidio na pandemia covid-19
➔ Não duvidar, desqualificar ou minimizar o relato de desejo de morte;
➔ Ter escuta cuidadosa, respeitosa e séria, procurando sempre entender melhor o
que ocorreu e como a pessoa se sente. Evitar apontar culpados ou causas.
➔ Orientar sobre a vigilância diante dos meios que podem ser utilizados numa
tentativa de suicídio, impedir o rápido acesso aos meios.
➔ Ao identificar casos que estejam em situação de risco, deve se encaminhar à rede
de atenção psicossocial e acompanhar, ainda que remotamente.
➔ Orientar a pedir ajuda a pessoas de confiança, organizações sociais e ao Centro
de Valorização da Vida (CVV) pelo Disque 188 como uma forma adicional de
suporte.
Referências

Conselho Federal de Psicologia (Brasil). Cartilha de boas práticas para avaliação psicológica em contextos
de pandemia. Brasília: CFP, 2020. Disponível em:
<https://site.cfp.org.br/publicacao/cartilha-de-boas-praticas-para-avaliacao-psicologica-em-contextos-de-pandem
ia/>. Acesso em 07out. 2021.

MALVEZZI, Sigmar; HAZIN, Izabel; BIZARRO, Lisiane. A Psicologia no Enfrentamento da Revolução da


COVID-19. In:. BENTIVI, Daiane. (Org.). Porto Alegre: Artmed, 2020 - (coleção o trabalho e as medidas de contenção
da COVID-19: contribuições da Psicologia Organizacional e do Trabalho. Vol. 3).

NOAL, D. S.; PASSOS, M. F. D.; FREITAS, C. M. Recomendações e orientações em saúde mental e atenção
psicossocial na COVID-19. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2020. 342 p.
OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde. Histórico da pandemia de COVID-19. Disponível em:
<https://www.paho.org/pt/covid19/historico-da-pandemia-covid-19> Acessado em 02 de nov. 2021.
Referências

Paula HC, Daher DV, Koopmans FF, Faria MGA, Brandão OS, Scoralick GBF. A implantação do Consultório
na Rua na perspectiva do cuidado em saúde. Rev. Bras. Enferm. Disponível em:<
http://www.scielo.br/pdf/reben/v71s6/pt_0034-7167-reben-71-s6-2843.pdf> Acesso em: 02 de novembro de
2019.

SOUZA S. F.; ADRADE, A. G. M.; CARVALHO, R. C. P. Saúde mental e trabalho no contexto da


pandemia por COVID-19: proposta para vigilância em saúde. Revista Baiana de Saúde Pública v. 45, N
Especial 1, p. 125-139, jan./mar. 2021. Disponível em:
<https://rbsp.sesab.ba.gov.br/index.php/rbsp/article/view/3242/2779>. Acesso em 17 out. 2021.
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