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DISCIPLINA

A comunicação aplicada à administração


pública
Prof.ª Dra. Luana Porto

SUMÁRIO
1. A comunicação interna da administração: elementos da redação oficial
................................................................................................................................................ 2
1.1 Conceito de correspondência oficial ................................................................................. 2
1.3 Uso da norma padrão da língua portuguesa.............................................................. 8
1.4 Traços formais da correspondência oficial ................................................................... 8
1.5 Pronomes de tratamento:..................................................................................................... 10
1.6 Atenção especial ao vocativo ............................................................................................... 12

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1. A comunicação interna da administração:
elementos da redação oficial

1.1 Conceito de correspondência oficial

Correspondência oficial é todo ato normativo e toda comunicação do


Poder Público. Deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do
padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e
uniformidade.
Outros procedimentos rotineiros também fazem parte da redação de
comunicações oficiais, como as formas de tratamento e de cortesia,
certos clichês de redação, a estrutura dos expedientes etc.

“redação oficial é a maneira pela qual o Poder Público redige


comunicações oficiais e atos normativos”.
(Manual de Redação da Presidência da República, 2018, p. 16)

Importante saber:

Há livros de Redação oficial/Correspondência oficial assim como Manuais de Redação Oficial elaborados
pela Administração Pública (governo federal, estadual, municipal) que apresentam normas sobre
elaboração e correção dos textos que fazem parte da redação/correspondência oficial.

No Brasil, há um guia norteador da redação oficial, que é inclusive objeto de provas de língua portuguesa
em concurso público.

Trata-se do Manual de Redação da Presidência da República (MRPR), que apresenta características da


redação oficial, aspectos gramaticais que devem ser observados na produção dos textos bem como a
estrutura e forma dos principais gêneros textuais usados nesse tipo de comunicação, como ofício, fax, e-
mail.

Fonte:
http://www4.planalto.gov.br/centrodeestudos/assuntos/manual-
de-redacao-da-presidencia-da-republica/manual-de-
redacao.pdf

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Características redação oficial
A redação oficial deve caracterizar-se por:

Clareza e Coesão e
Objetividade; Concisão;
precisão; coerência;

Uso da norma
Formalidade e padrão da
Impessoalidade;
padronização; e língua
portuguesa.

Clareza
Característica Observação

“Pode-se definir como claro aquele Necessidade de evitar frases ambíguas ou


texto que possibilita imediata ilegíveis e escrever de modo a tornar
compreensão pelo leitor. Não se compreensível o conteúdo da
concebe que um documento oficial comunicação.
ou um ato normativo de qualquer Usar:
natureza seja redigido de forma a) Palavras simples, exceto quanto for
obscura, que dificulte ou necessário termo técnico ou
impossibilite sua compreensão. A nomenclatura específica de uma
transparência é requisito do próprio dada área;
Estado de Direito: é inaceitável que b) Elaborar frases curtas, completas,
um texto oficial ou um ato bem estruturadas e
normativo não seja entendido pelos preferencialmente na ordem
cidadãos. O princípio constitucional direta;
da publicidade não se esgota na c) Evitar ambiguidade, regionalismo e
mera publicação do texto, neologismo;
estendendo-se, ainda, à d) Se usar sigla, na primeira ocorrência
necessidade de que o texto seja fazer referência ao seu significado;
claro.” (MRPR, 2018, p. 17) e) Cuidar a correlação entre tempos e
modos verbais e a pontuação;
f) Usar expressões estrangeiras
apenas quando necessário e
marcá-las em itálico.

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Precisão
Característica Observação

“O atributo da precisão Necessidade de evitar textos


complementa a clareza e obscuros, com redação e
caracteriza-se por: a) articulação da palavreado que dificultam a
linguagem comum ou técnica para compreensão.
a perfeita compreensão da ideia Cuidar para:
veiculada no texto; b) manifestação a) Esclarecer e desenvolver o
do pensamento ou da ideia com as conteúdo da comunicação
mesmas palavras, evitando o de modo a torná-la
emprego de sinonímia com autônoma;
propósito meramente estilístico; e b) Revisar o texto de modo a
c) escolha de expressão ou palavra corrigir eventual problema
que não confira duplo sentido ao de redação e de precisão.
texto.” (MRPR, 2018, p. 17)

Objetividade

Característica Observação

“Ser objetivo é ir diretamente ao Necessidade de evitar textos com


assunto que se deseja abordar, informações desnecessárias e
sem voltas e sem redundâncias. com “rodeios”.
Para conseguir isso, é Marcar:
fundamental que o redator a) A ideia principal e
saiba de antemão qual é a ideia desenvolvê-la;
principal e quais são as b) As informações
secundárias.” (MRPR, 2018, p. 18) secundárias e eliminá-las
se não forem necessárias
para a compreensão da
comunicação.

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Concisão
Característica Observação

“Conciso é o texto que consegue Necessidade de escrever de


transmitir o máximo de informações forma objetiva, sem
com o mínimo de palavras. Não se deve circunlóquios
de forma alguma entendê-la como Evitar:
economia de pensamento, isto é, não se a) Comentários avaliativos
deve eliminar passagens substanciais desnecessários;
do texto com o único objetivo de reduzi- b) Excesso de adjetivação e
lo em tamanho. Trata-se, advérbios;
exclusivamente, de excluir palavras c) Informações
inúteis, redundâncias e passagens que redundantes.
nada acrescentem ao que já foi dito.”
(MRPR, 2018, p. 18)

Coesão e coerência
Característica Observação

“É indispensável que o texto tenha Necessidade de construir textos


coesão e coerência. Tais atributos com marcadores linguísticos de
favorecem a conexão, a ligação, a ligação entre orações, frases e
harmonia entre os elementos de parágrafos assim como ideias com
um texto. Percebe-se que o texto coerência.
tem coesão e coerência quando se Explorar:
lê um texto e se verifica que as a) Pronomes, conjunções e
palavras, as frases e os parágrafos elipses para estabelecer
estão entrelaçados, dando coesão;
continuidade uns aos outros.” b) Expressões sinônimas e
(MRPR, 2018, p. 19) referenciais para evitar
repetição de palavras.

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Impessoalidade

Característica Observação

“A impessoalidade decorre de Necessidade de não usar


princípio constitucional linguagem pessoal, que
(Constituição, art. 37), e seu expressa interesse particular.
significado remete a dois Evitar:
aspectos: o primeiro é a a) Registro de impressões
obrigatoriedade de que a pessoais;
administração pública proceda b) Evitar uso da primeira
de modo a não privilegiar ou pessoa do singular.
prejudicar ninguém, de que o seu
norte seja, sempre, o interesse
público; o segundo, a abstração
da pessoalidade dos atos
administrativos, pois, apesar de a
ação administrativa ser exercida
por intermédio de seus
servidores, é resultado tão-
somente da vontade estatal. A
redação oficial é elaborada
sempre em nome do serviço
público e sempre em
atendimento ao interesse geral
dos cidadãos. Sendo assim, os
assuntos objetos dos
expedientes oficiais não devem
ser tratados de outra forma que
não a estritamente impessoal.”
(MRPR, 2018, p. 20)

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Formalidade e padronização
Característica Observação

“As comunicações administrativas devem Necessidade de uso da


ser sempre formais, isto é, obedecer a língua culta nas redações
certas regras de forma (BRASIL, 2015a). Isso oficiais assim como de
é válido tanto para as comunicações feitas atenção a normas de
em meio eletrônico (por exemplo, o e-mail, elaboração dos textos
o documento gerado no SEI!, o documento oficiais (padrão de ofício).
em html etc.), quanto para os eventuais Demonstrar:
documentos impressos. É imperativa, a) Uso da língua culta;
ainda, certa formalidade de tratamento. b) Atenção a formas de
Não se trata somente do correto emprego diagramação,
deste ou daquele pronome de tratamento estética e normas de
para uma autoridade de certo nível, mais do elaboração dos
que isso: a formalidade diz respeito à textos oficiais.
civilidade no próprio enfoque dado ao
assunto do qual cuida a comunicação. A
formalidade de tratamento vincula-se,
também, à necessária uniformidade das
comunicações. Ora, se a administração
pública federal é una, é natural que as
comunicações que expeça sigam o mesmo
padrão. O estabelecimento desse padrão,
uma das metas deste Manual, exige que se
atente para todas as características da
redação oficial e que se cuide, ainda, da
apresentação dos textos.” (MRPR, 2018, p.
20-21)

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1.3 Uso da norma padrão da língua portuguesa
Característica Observação

“Em razão de seu caráter Necessidade de uso da língua


público e de sua finalidade, os culta nas redações oficiais.
atos normativos e os Demonstrar:
expedientes oficiais requerem a) Uso da língua culta;
o uso do padrão culto do b) Ausência de expressões
idioma, que acata os preceitos regionais, gírias,
da gramática formal e coloquialismos, modismos.
emprega um léxico
compartilhado pelo conjunto
dos usuários da língua. O uso
do padrão culto é, portanto,
imprescindível na redação
oficial por estar acima das
diferenças lexicais,
morfológicas ou sintáticas,
regionais; dos modismos
vocabulares e das
particularidades linguísticas.”
(MRPR, 2018, p. 20-21)

1.4 Traços formais da correspondência oficial


Linguagem
A língua usada na redação das correspondências oficiais deve ser:

Culta;

Formal;

Correta do ponto de vista gramatical.

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Atenção especial aos pronomes de tratamento
Os pronomes de tratamento fazem alusão a pessoa com quem se
fala. Portanto, são pronomes de segunda pessoa. No entanto, o verbo
que concorda com o pronome de tratamento deve estar na terceira
pessoa (regra de concordância verbal).

Exemplos:
Vossa Senhoria recebeu documento com relatório das
atividades administrativas do setor.
Vossa Excelência, Presidente Joana da Silva, foi escolhida a nova
relatora do projeto.
Vossas Excelências, Ministros da Casa Civil e Ministro do Meio
Ambiente, serão chamados a emitir parecer sobre o projeto novo.

Atenção!
“Na redação oficial, é necessário atenção para o uso dos pronomes de
tratamento em três momentos distintos: no endereçamento, no
vocativo e no corpo do texto. No vocativo, o autor dirige-se ao
destinatário no início do documento. No corpo do texto, pode-se
empregar os pronomes de tratamento em sua forma abreviada ou
por extenso. O endereçamento é o texto utilizado no envelope que
contém a correspondência oficial.” (MRPR, 2018, p. 23. Grifos meus)

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1.5 Pronomes de tratamento:

Fonte: MRPR, 2018, p. 23-24.

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Atenção especial ao signatário

Signatário: aquele que subscreve ou assina um documento.


Forma de expressão:
a) Indicado pelo cargo, observando-se a marcação de gênero;
Exemplos:
▪ Ministra de Estado
▪ Ministro de Estado

b) Pode ser empregada a palavra interino ou substituto após o cargo;


Exemplos:
▪ Diretor-Geral interino
▪ Secretário-Executivo substituto

c) Grafia de cargos com nome composto


“Escrevem-se com hífen:

a) cargos formados pelo adjetivo “geral”: diretor-geral, relator-geral,


ouvidor-geral; 26

b) postos e gradações da diplomacia: primeiro-secretário, segundo-


secretário;

c) postos da hierarquia militar: tenente-coronel, capitão-tenente;

Atenção: nomes compostos com elemento de ligação


preposicionado ficam sem hífen: general de exército, general de
brigada, tenente-brigadeiro do ar, capitão de mar e guerra;

d) cargos que denotam hierarquia dentro de uma empresa


Diretor-presidente, diretor-adjunto, editor-chefe, editor-assistente,
sócio-gerente, diretor-executivo;

e) cargos formados por numerais:


Primeiro-ministro, primeira-dama;

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f) cargos formados com os prefixos “ex” ou “vice”:
Ex-diretor, vice-coordenador.”

Fonte: MRPR, 2018, p. 25-26.

1.6 Atenção especial ao vocativo

Vocativo:

• Aquele que está sendo invocado, o destinatário do


texto.

Forma de expressão:

Observação
Seguido de
dos pronomes
vírgula;
adequados.

Exemplos:
1) Em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder, utiliza-se a
expressão Excelentíssimo Senhor ou Excelentíssima Senhora e o
cargo respectivo, seguidos de vírgula.
▪ Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
▪ Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
▪ Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal,

2) Outras autoridades: mesmo aquelas tratadas por Vossa Excelência,


receberão o vocativo Senhor ou Senhora seguido do cargo respectivo.
▪ Senhora Senadora,
▪ Senhor Juiz,
▪ Senhora Ministra,

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3) Comunicação com particular: pode-se utilizar o vocativo Senhor
ou Senhora e a forma utilizada pela instituição para referir-se ao
interlocutor: beneficiário, usuário, contribuinte, eleitor etc.
▪ Senhora Beneficiária,
▪ Senhor Contribuinte,

4) Ainda, quando o destinatário for um particular, no vocativo,


pode-se utilizar Senhor ou Senhora seguido do nome do particular ou
pode-se utilizar o vocativo “Prezado Senhor” ou “Prezada Senhora”.
▪ Senhora [Nome],
▪ Prezado Senhor,
▪ Fonte: MRPR, 2018, p. 26-27.

Observação:
“Em comunicações oficiais, está abolido o uso de Digníssimo (DD) e
de Ilustríssimo (Ilmo.). Evite-se o uso de “doutor”
indiscriminadamente. O tratamento por meio de Senhor confere a
formalidade desejada.” (MRPR, 2018, p. 27).

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