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Apresentação de antígenos aos Linfócitos T; Ativação dos Linfócitos T; MHC

Os linfócitos T tem anticorpos de membrana para reconhecimento de antígeno, porém eles só


são capazes de reconhecer antígenos processados (peptídeos derivados de proteínas)
posteriormente por alguma célula apresenta esses antígenos ao linfócito T

Quando reconhecem esse antígeno processado eles são ativados

O complexo principal de histocompatibilidade (MHC) é responsável por apresentar os


antígenos ao linfócito T

Propriedades de antígenos reconhecidas por linfócitos T

As formas físico-química dos antígenos reconhecidos por linfócitos T são diferentes daquelas
reconhecidas por linfócitos B e anticorpos

Vários recursos de reconhecimento de antígeno são exclusivos aos linfócitos T

Os linfócitos T reconhecem apenas peptídeos ligados a moléculas do MHC

 A maioria reconhece apenas peptídeos pequenos


 Isso é uma diferença entre os linfócitos B e T, pois os linfócitos B são capazes de
reconhecer peptídeos, proteínas, ácidos nucleicos, carboidratos, lipídeos e pequenas
substâncias químicas

 APC: Células apresentadoras de antígenos


o As células dendríticas são as principais APCs
 Linfócitos T tem dois tipos celulares principais:
o Linfócito T CD4
o Linfócito T CD8
 Na figura acima, a APC apresenta o antígeno ao linfócito T imaturo para ser
reconhecido, isso leva a ativação do linfócito T, que passa a se proliferar e se
diferenciar em células efetoras e células de memória
o O processo é praticamente igual tanto para Linfócito T CD4 quanto para Linfócito T
CD8, que irão ser diferentes principalmente em suas funções efetoras

Os receptores de antígenos de linfócitos T CD4 e CD8 são específicos para antígenos peptídicos
que são apresentados por moléculas do MHC

Os receptores de Linfócitos T (TCRs) evoluíram para serem específicos para moléculas do


MHC, cuja função normal consiste em apresentar peptídeos

 O resíduo polimórfico do MHC permite a interação entre o receptor da célula T com o


MHC
 O antígeno processado forma resíduos peptídicos:
o O resíduo peptídico que entre em contato com o linfócito T é quem irá ativá-lo
o O resíduo peptídico que fica no MHC atua como ponto de ancoragem

Captura de antígenos e funções das células apresentadoras de antígenos

Diferentes tipos de células atuam com APCs para ativar os linfócitos T imaturos ou Linfócitos T
efetores previamente diferenciados:

 Células dendríticas
o São as principais, tanto que a atuação como APC é sua principal função
o No caso, participam principalmente da ativação de linfócitos T imaturos, levando a
expansão clonal e sua diferenciação em linfócitos T efetores
 Macrófagos
o Nesse caso, atua principalmente fagocitando o microrganismo e apresentando o
antígeno processo ao Linfócito T efetor, que já diferenciado
 Linfócitos B
o Nesse caso, o seu anticorpo de membrana reconhece o microrganismo e induz sua
fagocitose, com isso é produzido o antígeno processado que é apresentado a um
Linfócito T efetor
 Células endoteliais
 Células mesenquimais
 Células epiteliais
 Em geral, toda célula nucleada tem capacidade de atuar com APC

As APCs apresentam complexos peptídeo-MHC, para o reconhecimento por linfócitos T e


também proporcionam estímulos adicionais, que são necessários para as respostas completas
dos linfócitos T

 Receptores do tipo Toll:


o Reconhecem lipopeptídeos bacterianos, peptideoglicano, LPS, flagelinas
bacterianas e lipopolipeptídeos bacterianos
o As células que tem esses receptores geralmente conseguem atuar com APCs
o Essas células também produzem sinalizadores para inflamação, que são
denominados de coestimuladores
 Coestimuladores:
o Aumentam a eficiência de apresentação de antígenos
o Exemplo: Interferon
 O interferon sinaliza para as APCs para elas produzirem ainda mais MHC
 Sensores microbianos que respondem a microrganismos através do aumento da
expressão de moléculas do MHC e de coestimuladores, melhorando a eficiência da
apresentação de antígenos e ativando as APCs

Morfologia e populações de células dendríticas

São células com longas projeções membranosas e capacidade fagocítica, estando amplamente
distribuídas nos tecidos linfoides, epitélio mucoso e parênquima de órgãos

Na pele, mucosa e parênquima de órgãos, que são chamadas de células dendríticas clássicas,
responde aos microrganismos migrando para os linfonodos, onde elas apresentam antígenos
proteicos microbianos aos linfócitos T.

Tipos de células dendríticas:

 Célula dendrítica clássica


 Célula dendrítica plasmocitoide
o São células que reconhecem ácidos nucleicos de vírus intracelular e produzem
proteínas solúveis chamadas de interferons tipo I, que têm potentes atividades
antivirais
 Célula dendrítica inflamatória
 Célula dendrítica residentes
o Produzidas no desenvolvimento embrionário, sendo resistentes em algum local do
corpo
o Exemplo: Células de Langerthans são células dendríticas residentes da pele

As células dendríticas residentes e clássicas são capazes de reconhecer um microrganismo,


fagocitá-lo e processá-lo em peptídeos capazes de se ligar a moléculas do MHC. Com isso
migram para os linfonodos de drenagem pela via linfática onde irão apresentar o complexo
peptídeo-MHC ao Linfócito T, ativando-o.

Diversas propriedades das células dendríticas tornam-nas as APCs mais eficientes para iniciar
respostas primárias nos linfócitos T:

 As células dendríticas estão estrategicamente localizadas nos locais comuns de


entrada de microrganismos e antígenos exógenos (em epitélios) e em tecidos que
podem ser colonizados por microrganismos
 As células dendríticas expressam receptores que lhes permitem capturar e responder
aos microrganismos
 As células dendríticas migram preferencialmente pela via linfática dos epitélios e
tecidos para as zonas de linfócitos T dos linfonodos, e os linfócitos T imaturos também
migram da circulação para as mesmas regiões dos linfonodos
 As células dendríticas maduras expressam altos níveis de complexos peptídeo-MHC,
coestimuladores e citocinas, que são necessárias para ativação dos linfócitos T
imaturos.
 Células dendríticas são capazes de endocitar células infectadas e apresentar antígenos
destas células para os linfócitos T CD8

Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC)

Captura e Transporte de Antígenos por Células Dendríticas

As moléculas da classe I são expressas em virtualmente todas as células nucleadas, enquanto


as moléculas da classe II são expressas apenas em células dendríticas, linfócitos B, macrófagos
e alguns outros tipos de células

As moléculas MHC da classe I apresentam peptídeos e são reconhecidos por linfócitos T DC8, e
as moléculas do MHC da classe II apresentam peptídeos para os linfócitos T CD4

 MHC de classe I é muito expresso em infecções virais geralmente


o Dessa forma, os Linfócitos tem CD8 tem principalmente função citotóxica,
eliminando células infectadas com microrganismos intracelulares, como os vírus,
mas também eliminam tumores que expressam antígenos tumorais, e qualquer
célula nucleada pode abrigar um vírus ou evoluir para um câncer
 As células CD4 participam da ativação de linfócitos B e também pode se diferenciar
fenotipicamente para combater microrganismos, participando da ativação de
macrófagos para eliminação desses microrganismos
o São restritas a classe II e possuem um conjunto de funções que requer o
reconhecimento de antígenos apresentados por um número mais reduzido de
tipos celulares
o Os linfócitos CD4 imaturos, particularmente, precisam reconhecer os antígenos
são capturados e apresentados por células dendríticas em órgãos linfoides
A expressão de moléculas do MHC é aumentada pelas citocinas produzidas durante as
respostas imunes inata e adaptativa

 Exemplo: Em uma infecção viral, a célula dendrítica reconhece o vírus e o produz


interferon do tipo gama, esse interferon sinaliza para expressão de mais moléculas de
MHC, que irão aumentar a eficácia da ativação dos linfócitos T

Propriedades gerais das moléculas do MHC

Cada molécula do MHC é constituída por uma fenda de ligação a peptídeos extracelulares,
seguida de domínios tipo imunoglobulina (Ig) e domínios transmembrana e citoplasmáticos

 Na figura mostra uma molécula MHC de classe I (a esquerda) e de classe II (a direita)


 Ambos, de classe I e classe II, quando são produzidos ficam inseridos na membrana
o Os de classe I tem um domínio transmembrana (sequência de aminoácidos
hidrofóbicos) e os de classe II tem dois domínios transmembrana
o Da mesma forma, os de classe I tem um domínio citoplasmático (no interior da
célula) e os de classe II tem dois domínios citoplasmáticos
 MHC de classe I
o Folha beta pregueada
o Três regiões alfa (α1, α2 e α3) no domínio Ig e uma região beta (β2-
microglobulina)
o Entre os domínios α1 e α2 existe uma região chamada de fenda de ligação
 Na região de fenda que o peptídeo antigênico se liga
 MHC de classe II
o Folha beta pregueada
o Composta de duas proteínas transmembranas unidas
o Uma proteína é formada de duas regiões alfa (α1 e α2) e a outra é formada de
regiões beta (β1 e β2)
o Nesse caso, a fenda de ligação está entre os domínios α 1 e B1

A molécula de classe I totalmente montada corresponde a um trímero constituído por uma


cadeia α, uma microblobulina β2 e um peptídeo ligado, e a expressão estável das moléculas
de classe I nas superfícies celulares requer a presença dos três componentes do complexo
trimérico.

A molécula de classe II totalmente montada corresponde a um trímero constituído por uma


cadeia α, uma cadeia β e um peptídeo antigênico ligado, e a expressão estável das moléculas
da classe II na superfície das células requer a presença de todos os três componentes do
trímero.

Ligação de peptídeos às moléculas do MHC

Cada molécula do MHC da classe I ou II tem uma única fenda de ligação do peptídeo que se
liga a um peptídeo de cada vez, mas cada molécula do MHC pode se ligar a diversos peptídeos
diferentes

Os peptídeos que se ligam a molécula do MHC possuem características estruturais


semelhantes que promovem essa interação

As moléculas de classe I são capazes de acomodar peptídeos com 8 a 11 resíduos de


comprimento e as moléculas da classe II podem ligar-se a peptídeos de 10 a 30 resíduos de
comprimento ou mais, sendo 12 a 16 resíduos o comprimento ideal

 A figura mostra o peptídeo processado pela APC


 O resíduo de ancoragem do peptídeo é a porção que se fixa a molécula de MHC
 O resíduo exposto do peptídeo que é reconhecido especificamente pelo receptor do
linfócito T

Processamento de proteína antigênicas

As vias de processamento de antígenos são duas principais (uma para classe I e outra para
classe II):

 Vias que convertem antígenos de proteína presentes no citosol


o Os antígenos presentes no citosol (geralmente sintetizados na célula) dão origem
a peptídeos associados à classe I que são reconhecidos por linfócitos T CD8
 Vias internalizadas a partir do meio extracelular em peptídeos, que os ligam a
moléculas do MHC para apresentação aos linfócitos T
o Os antígenos interiorizados do meio extracelular para as vesículas das APCs
geralmente dão origem a peptídeos apresentados pelas moléculas do MHC de
classe II e reconhecidos pelos linfócitos T CD4

Proteassoma

 Proteína presente naturalmente na maioria das células, que atua degradando


proteínas desnecessárias para a célula
 Em infecções, atua no processamento de proteínas antigênicas, clivando-as em
pequenos peptídeos
o Citocinas sinalizam para o proteassoma degradar proteína antigênicas
 Os proteassomas atuam no processamento de proteínas antigênicas citossólica
(presentes no citosol), ou seja, participam do processamento apenas dos peptídeos de
classe I que irão ativar linfócitos T CD8

No processamento de proteína antigênicas internalizadas não há participação do proteassoma

 Nesse caso, enzimas presentes no fagossomo degradam a proteína antigênica em


pequenos peptídeos
 Esse fagossomo se funde com as vesículas do complexo de golgi, permitindo a
formação do complexo peptídeo-MHC, que nesse caso, ativará os linfócitos T CD4

Via de processamento e apresentação de proteína citossólicas do MHC da Classe I

Esse processo é chamado de apresentação cruzada, ou cross-priming, para indicar que um


tipo de célula (a célula dendrítica) é capaz de apresentar antígenos de outra célula (a célula
infectada com vírus ou células tumorais) e prepara, ou ativa, os linfócitos T específicos para
estes antígenos

 A célula infectada ou a célula tumoral não conseguem apresentar o antígeno ao


linfócito T com eficiência, por isso a células dendríticas são importantes, pois elas
apresentam coestimuladores que permitem a apresentação mais eficiente
A maioria dos antígenos de proteínas citossólicas é sintetizada dentro das células, alguns são
injetados no citosol através de mecanismos secretores bacterianos e outros são fagocitados e
transportados de vesículas para o citosol

Peptídeos inseridos no reticulo endoplasmático pelo TAP (transportador associado ao


processamento de antígenos) e peptídeos produzidos no reticulo endoplasmático, tais como
os peptídeos de sinal, são geralmente clivados no tamanho apropriado para ligação ao MHC
pela aminopeptidase RE-residente (ERAP)

Figura acima esquematiza o processo:

 Em uma infecção viral, são produzidas proteínas virais no citosol da célula


 Essa proteína viral é processada pelo proteassoma, que a quebra em pequenos
peptídeos
 Esses peptídeos são transportados para dentro do retículo endoplasmático (RE)
através da proteína TAP
 O RE e o complexo de golgi serão os responsáveis pela produção de MHC
 Dentro do RE, o peptídeo é modificado pela enzima ERAP, que o deixa preparado para
se ligar à fenda do MHC de classe I
 Com isso o complexo peptídeo-MHC é finalizado e transportado por vesículas até a
membrana da célula, onde será apresentado ao linfócito T CD8

Via de processamento e apresentação de proteína internalizada do MHC da classe II

A maioria dos peptídeos associados ao MHC da classe II é derivada de proteínas antigênicas


capturadas do meio extracelular e internalizadas em endossomas por APCs especializadas

Estas APCs utilizam receptores para ligar-se aos microrganismos e internalizá-los


eficientemente
Os macrófagos também expressam receptores para as porções Fc dos anticorpos e receptores
para a proteína do complemento C3b, que se ligam a antígenos ligados a anticorpos ou
complementam de proteínas e melhoram sua internalização

A figura acima esquematiza o processo:

 Na vesícula endocítica o antígeno original é quebrado enzimaticamente em pequenos


peptídeos e essa vesícula irá se ligar a uma vesícula exocítica derivada do complexo de
golgi
 As moléculas de MHC de classe II são formadas no RE onde uma proteína invariante se
liga à fenda de ligação do peptídeo antigênico
o Essa proteína invariante é importante porque ela promove o dobramento e a
montagem de moléculas do MHC da classe II e direciona as moléculas do MHC da
classe II recém-formadas para os endossomas e lisossomas tardios, onde as
proteínas internalizadas proteoliticamente foram degradadas em peptídeos
 Esse complexo proteína invariante-MHC é transportado para o complexo de golgi,
onde são internalizados em uma vesícula exocítica
 Após a fusão das vesículas endocítica e exocítica, as enzimas digestivas (oriundas da
vesícula endocítica) irão degradar a proteína invariante, deixando apenas um trecho
da proteína original (CLIP)
 A proteína HLA-DM faz permutação do CLIP com o peptídeo antigênico, permitindo a
ligação do peptídeo antigênico na fenda de ligação do MHC, formando o complexo
peptídeo-MHC
 O complexo peptídeo-MHC é transportado para a membrana, onde irá ativar um
linfócito T CD4 complementar

Natureza das respostas dos linfócitos T

A apresentação de proteínas citossólicas contra vesiculares pelas vias do MHC da classe I ou da


classe II, respectivamente, determina qual subconjunto de linfócitos T irá responder aos
antígenos nesses dois conjuntos de proteínas e está intimamente ligado às funções desses
linfócitos T

Linfócito T citotóxico CD8+:

 Suas células efetoras tem função citotóxica, ou seja, promovem a morte da célula-alvo
que está expressando o antígeno

Linfócito T auxiliar CD4+:

 São responsáveis por:


o Ativar macrófagos que irão destruir o antígeno por fagocitose
 Nesse caso, o linfócito T CD4 é ativado por um macrófago, ou seja, esse
macrófago ativa o linfócito T CD4, que por sua vez induz a ativação de ainda
mais macrófagos para o combate da infecção
o Secretar anticorpos de linfócitos B que irão se ligar aos antígenos
 Nesse caso, o linfócito T CD4 é ativado por um linfócito B, ou seja, esse
linfócito B ativa o linfócito T CD4, que por sua vez auxilia os próprios linfócitos
B, aumentando ainda mais sua eficiência (por isso o nome “linfócito T
auxiliar”)
 Nas duas situações, o linfócito T CD4+ libera citocinas que irão sinalizar sua função

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