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MANUAL DE SEGURANÇA E HIGIENE NO TRABALHO PARA

PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

ELABORADO POR: NERBA AE


INDICE

CAPÍTULO I – NOTA INTRODUTÓRIA


CAPÍTULO II – CONCEITOS
CAPÍTULO III – NORMATIVOS GERAIS APLICÁVEIS E IMPERATIVOS NORMATIVOS PARA MICRO E
PEQUENAS EMPRESAS
CAPÍTULO IV – AS OBRIGAÇÕES DOS EMPREGADORES E DOS TRABALHADORES EM MATÉRIA DE
SEGURANÇA HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO
CAPÍTULO V - A ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NAS
EMPRESAS
CAPÍTULO VI – AS ACTIVIDADES DO SERVIÇO DE SAÚDE NO TRABALHO
CAPÍTULO VII – AS ACTIVIDADES DO SERVIÇO DE SEGURANÇA E HIGIENE NO TRABALHO
CAPÍTULO VIII – AVALIAÇÃO E PREVENÇÃO DE RISCOS
BIBLIOGRAFIA E FONTES

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CAPÍTULO I – NOTA INTRODUTÓRIA

Este Manual de segurança e higiene no trabalho destina-se a servir de guia orientador aos responsáveis
pelas micro e pequenas empresas quanto aos aspectos considerados mais significativos que devem ter em
consideração nas suas actividades.

A segurança, higiene e saúde no trabalho é uma das muitas actividades que os gestores das micro e
pequenas empresas têm de enfrentar e pelas quais são responsáveis. Esta responsabilidade não pode ser
delegada pelo menos na sua totalidade.

Desenvolver programas de prevenção de segurança e higiene no trabalho implica em algumas


circunstâncias um conhecimento técnico e uma disponibilidade de tempo que não é compatível com a
ocupação e preocupação dos empresários.

Por outro lado, como é conhecido a nossa realidade empresarial, muitas empresas não possuem recursos
humanos adequados para desenvolver internamente competências técnicas específicas à sua actividade,
quer pelo número reduzido dos trabalhadores quer dificilmente podem dedicar recursos a desenvolver
competências em matéria de segurança e higiene no trabalho.

Assim, em matéria de segurança, higiene e saúde no trabalho as micro e pequenas empresas caracterizam-
se por:
• Elevados níveis de sinistralidade
• Falta de organização de serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho
• Falta de conhecimento sobre as obrigações dos empregadores e trabalhadores em matéria de
segurança e saúde no trabalho
• Falta de formação dos responsáveis sobre os riscos que caracterizam a sua empresa
• Quando existem serviços externos, são normalmente apenas serviços reduzidos que não
desenvolvem serviços mínimos representativos

Face a esta realidade, espera-se com este manual poder contribuir com alguma informação para sensibilizar
os gestores das empresas para a quantidade e complexidade de trabalho que há a fazer no domínio da
segurança higiene e saúde no trabalho para melhoria do bem-estar de todos e para aumento da
produtividade das empresas.

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CAPÍTULO II – CONCEITOS

Vários conceitos são utilizados em matéria de segurança, higiene e saúde no trabalho, pelo que neste
capítulo se apresentam algumas definições de alguns termos que são utilizados com mais frequência neste
manual.

ACIDENTE DE TRABALHO
Acontecimento ocasional e imprevisto, ocorrido no local e no tempo de trabalho, que provoca, directa ou
indirectamente, lesões no trabalhador, da qual resulta a morte ou a redução da capacidade de ganho.

AVALIAÇÃO DE RISCOS
Análise sistemática de identificação de perigos e estimativa do nível de riscos a que os trabalhadores estão
expostos no local de trabalho

COMPONENTES MATERIAIS DE TRABALHO


Factores que podem afectar a segurança e saúde dos trabalhadores, nomeadamente os locais de trabalho,
o ambiente de trabalho, as ferramentas, as máquinas, as matérias, as substâncias e agentes químicos,
físicos e biológicos, os processos de trabalho e a organização de trabalho.

EMPREGADOR OU ENTIDADE EMPREGADORA


Pessoa singular ou colectiva com um ou mais trabalhadores ao seu serviço e responsável pela empresa ou
estabelecimento.

EQUIPAMENTO DE PROTECÇÃO INDIVIDUAL


Dispositivos que protegem individualmente quem os utiliza contra os riscos específicos para a segurança e
saúde no trabalho.

ERGONOMIA
Estudo dos postos de trabalho e dos locais de trabalho, com o objectivo de os adaptar aos trabalhadores e
com a finalidade de garantir o conforto e bem-estar para a optimização do rendimento do trabalho.

HIGIENE DO TRABALHO

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Conjunto de metodologias, não médicas, necessárias à prevenção de doenças profissionais, tendo como
principal campo de acção o controlo de exposição aos agentes físicos, químicos e biológicas presentes nas
componentes materiais do trabalho.

LOCAL DE TRABALHO
Todo o lugar em que o trabalhador se encontra, ou donde ou para onde deve dirigir-se em virtude do seu
trabalho, e em que esteja, directa ou indirectamente, sujeito ao controlo do empregador

PERIGO
A propriedade ou capacidade intrínseca de um componente do trabalho (materiais, equipamentos, métodos
e práticas de trabalho), potencialmente causadora de danos.

PREVENÇÃO
Acção de evitar ou diminuir os riscos profissionais através de um conjunto de disposições ou medidas que
devem ser tomadas em todas as fases da actividade da empresa

PROTECÇÃO
Conjunto de meios e técnicas para controlar os riscos através da adaptação de dispositivos de segurança,
equipamentos de protecção individual, normas de segurança e sinalização de riscos, disciplina e incentivos

RISCO
A probabilidade do potencial danificador ser atingido nas condições de uso e/ou de exposição, bem como a
possível gravidade do dano.

RISCO PROFISSIONAL
Probabilidade de que um trabalhador sofra um dano provocado pelo trabalho

SAÚDE NO TRABALHO
Conjunto de metodologias que tem por objectivo a prevenção de doenças profissionais e o
acompanhamento da saúde dos trabalhadores face à influência dos componentes materiais do trabalho

SEGURANÇA NO TRABALHO
Conjunto de metodologias adequadas à prevenção de acidentes de trabalho, tendo como principal campo
de acção o reconhecimento e o controlo de riscos associados aos componentes materiais de trabalho.

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TRABALHADOR
Pessoa singular que mediante retribuição se obriga a prestar serviço a um empregador, incluindo estagiários
e aprendizes e os que estejam na dependência económica do empregador em razão dos meios de trabalho
e do resultado da sua actividade.

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CAPÍTULO III – NORMATIVOS GERAIS APLICÁVEIS E IMPERATIVOS NORMATIVOS PARA MICRO E
PEQUENAS EMPRESAS

A legislação nacional e comunitária, bem como o conjunto de normas técnicas no domínio da segurança
higiene e saúde no trabalho, é muito vasta e atende sobretudo à natureza e características dos riscos ou
dos trabalhadores envolvidos, ou às actividades desenvolvidas pelo que não se pode identificar
exclusivamente legislação para micro ou pequenas empresas.

Assim, neste capítulo referem-se alguns diplomas legais que se aplicam a todas as empresas e que têm a
ver com o enquadramento geral da segurança, higiene e saúde no trabalho, a organização dos serviços de
prevenção, a regulamentação dos acidentes de trabalho e doenças profissionais.

Indicam-se, de seguida, um conjunto de diplomas que, não sendo uma lista exaustiva, se consideram mais
importantes, porque permitem a identificação dos factores de risco mais significativos nas pequenas
empresas e porque enquadram e fundamentam a conformidade legal a avaliação de riscos.

A informação indicada fornece um conjunto de referenciais normativos que se aplicam a todas as empresas
independentemente da sua dimensão.

A) Diplomas gerais de enquadramento e de aplicação a todas as empresas e actividades

ƒ Decreto - Lei nº 441/91, de 14 de Novembro

Estabelece o regime jurídico do enquadramento da segurança, higiene e saúde no trabalho.

ƒ Decreto - Lei nº 109/2000 de 30 de Junho

Estabelece o regime de organização e funcionamento das actividades de segurança, higiene e saúde no


trabalho.

ƒ Lei 100/97, de 13 de Setembro

Estabelece o novo regime dos Acidentes de trabalho e doenças profissionais

ƒ Decreto - Lei nº 362/93, de 15 de Outubro

Estabelece as regras relativas à informação estatística sobre acidentes de trabalho e doenças profissionais

ƒ Portaria nº 1184/2003, de 29 de Agosto

Aprova o modelo de relatório anual da actividade dos serviços de segurança e saúde no trabalho

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ƒ Portaria nº 1179/95, de 26 de Setembro

Aprova o modelo da ficha de notificação da modalidade adoptada pela empresa para a organização dos
serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho.

ƒ Portaria nº 53/96 de 20 de Fevereiro

Aprova o modelo da ficha de notificação da modalidade adoptada pela empresa para a organização dos
serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho e altera a portaria nº 1179/95, de 26 de Setembro

ƒ Portaria nº 1031/2002 de 29 de Agosto

Aprova o modelo de relatório anual da actividade dos serviços de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho

ƒ Portaria nº 1184 de 29 de Agosto

.Aprova o modelo de ficha de aptidão, a preencher pelo médico do trabalho face aos resultados dos exames
de admissão, periódicos e ocasionais, efectuados aos trabalhadores.

B) Diplomas relacionados com os locais de trabalho

ƒ Decreto - Lei nº 347/93, de 1 de Outubro

Transpõe para o direito interno a Directiva nº 89/656/CEE, de 30 de Novembro, relativa às prescrições


mínimas de segurança e de saúde para os locais de trabalho.

ƒ Portaria nº 987/93, de 6 de Outubro

Estabelece as normas técnicas de execução do D.L. nº 347/93, de 1 de Outubro.

ƒ Portaria nº53/71, de 3 de Fevereiro

Estabelece o Regulamento Geral de Segurança e Higiene do Trabalho para os Estabelecimentos


Industriais.

ƒ Decreto – Lei nº 243/86, de 20de Agosto

Aprova o Regulamento Geral de Higiene e Segurança do Trabalho nos Estabelecimentos Comerciais,


de Escritório e Serviços.

C) Diplomas relacionados com os Equipamentos de Protecção Individual (EPI’s) e de Trabalho

ƒ Decreto - Lei nº 128/93, de 22 de Abril

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Transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva nº 89/686/CEE, de 21 de Dezembro, relativa às
exigências técnicas de segurança a observar pelos equipamentos de protecção individual.

ƒ Portaria nº 1131/93, de 4 de Novembro

Estabelece as exigências essenciais relativas à saúde e segurança aplicáveis aos equipamento de


protecção individual, de acordo com o artigo 2º do D.L. nº 128/93 de 22 de Abril.

ƒ Decreto - Lei nº 348/93, de 1 de Outubro

Transpõe para o direito interno a Directiva nº 89/656/CEE, de 30 de Novembro, relativa às prescrições


mínimas de segurança e de saúde na utilização de equipamentos de protecção individual.

ƒ Portaria nº 988/93, de 6 de Outubro

Estabelece as prescrições mínimas de segurança e saúde dos trabalhadores na utilização de


equipamento de protecção individual, de acordo com o artigo 7º do D.L. nº 348/93, de 1 de Outubro.

ƒ Decreto - Lei nº 331/95, de 25 de Setembro

Transpõe para o direito interno a Directiva nº 89/654/CEE, de 30 de Novembro, relativa às prescrições


mínimas de segurança e de saúde na utilização de equipamentos de trabalho.

D) Diplomas relacionados com Riscos Eléctricos

ƒ Portaria nº 37/70 de 17 de Janeiro

Aprova as instruções para os primeiros socorros em acidentes produzidos por correntes eléctricas.

ƒ Decreto - Lei nº 40/74 de 26 de Dezembro

Estabelece o RSIUEE - Regulamento de Segurança das Instalações de Utilização da Energia Eléctrica.

E) Diplomas relacionados com a Movimentação Manual de Cargas

ƒ Decreto - Lei nº 330/93 de 25 de Setembro

Transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva nº 90/269/CEE, do Conselho, de 29 de Maio, relativa
às prescrições mínimas de segurança e de saúde na movimentação manual de cargas.

E) Diplomas relacionados com Ruído

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ƒ Decreto - Lei nº 72/92, de 28 de Abril

Transpõe para o direito interno a Directiva nº 86/188/CEE relativa à protecção dos trabalhadores contra
os riscos de exposição ao ruído durante o trabalho.

ƒ Decreto Regulamentar nº 9/92, de 28 de Abril

Regulamenta o Decreto-Lei nº 72/92, de 28 de Abril (protecção dos trabalhadores contra os riscos


devidos à exposição ao ruído durante o trabalho).

F) Diplomas relacionados com Sinalização de Segurança

ƒ Decreto - Lei nº 141/95 de 14 de Junho

Transpõe para o direito interno a Directiva nº 92/58/CEE de 24 de Junho, relativa às prescrições


mínimas para a sinalização de segurança e de saúde no trabalho.

ƒ Portaria nº 1456 - A/95 de 11 de Novembro

Regulamenta o D.L. 141/95 relativo às prescrições mínimas para a sinalização de segurança e de saúde
no trabalho.

G) Diplomas relacionados com riscos de incêndio

ƒ Decreto - Lei nº 368/99 de 18 de Setembro

Aprova o regime de protecção contra riscos de incêndio em estabelecimentos comerciais

ƒ Portaria nº 1299/2002, de 20 de Novembro

Aprova as medidas de segurança contra riscos de incêndio a observar nos estabelecimentos comerciais
e de prestação de serviços com área inferior a 300 m2.

ƒ Portaria nº 276/2002 de 19 de Setembro

Aprova as normas de segurança contra incêndio a observar na exploração de estabelecimentos de tipo


administrativo.

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CAPÍTULO IV – AS OBRIGAÇÕES DOS EMPREGADORES E DOS TRABALHADORES EM MATÉRIA
DE SEGURANÇA HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO

A segurança e saúde no trabalho e a prevenção dos riscos profissionais devem ser uma preocupação de
todos os intervenientes numa empresa, desde os empresários, às chefias, aos trabalhadores, aos
fornecedores e outros prestadores de serviços como aos visitantes. No entanto, em qualquer empresa ou
estabelecimento a responsabilidade máxima pela organização e pela manutenção das condições de
segurança compete sempre ao empregador.

Estas responsabilidades vão desde a selecção da modalidade de organização dos serviços de segurança e
saúde adaptados à actividade e dimensão da sua empresa até às funções desempenhadas e exercidas no
âmbito da prevenção.

Mas não é apenas à entidade empregadora que estão atribuídas responsabilidades, aos trabalhadores
compete, também, respeitar um conjunto de obrigações que permitem minimizar o risco de acidentes de
trabalho e doenças profissionais a que podem estar expostos.

De entre as diversas obrigações específicas que advêm dos diversos diplomas legais, salientam-se, pela
sua importância e abrangência as previstas no Decreto Lei nº 441/91, de 14 de Novembro, as mais
significativas para os empregadores e para os trabalhadores.

Obrigações do Empregador

O Empregador é obrigado a assegurar aos trabalhadores condições de segurança, higiene e saúde em


todos os aspectos relacionados com o trabalho.

Para tal, o empregador deve aplicar as medidas necessárias, tendo em conta os seguintes princípios de
prevenção.

• Proceder, na concepção das instalações, dos locais e processos de trabalho, à identificação dos
riscos previsíveis, combatendo-os na origem, anulando-os ou limitando os seus efeitos, de forma a
garantir um nível eficaz de protecção;

• Integrar no conjunto das actividades da empresa, estabelecimento ou serviço e a todos os níveis a


avaliação dos riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores, com a adopção das convenientes
medidas de prevenção;

• Assegurar que as exposições a agentes químicos, físicos e biológicos nos locais de trabalho não
constituam risco para a saúde dos trabalhadores;

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• Planificar a prevenção na empresa, estabelecimento ou serviço num sistema coerente que tenha em
conta a componente técnica, a organização do trabalho, as relações sociais e os factores materiais
do trabalho;

• Ter em conta, na organização dos meios, não só os trabalhadores, como também terceiros
susceptíveis de serem abrangidos pelos riscos e a realização dos trabalhos, quer nas instalações,
quer no exterior;

• Dar prioridade à protecção colectiva em relação às medidas de protecção individual;

• Organizar o trabalho, procurando, designadamente, eliminar os efeitos nocivos do trabalho monótono


e do trabalho cadenciado sobre a saúde dos trabalhadores;

• Assegurar a vigilância adequada da saúde dos trabalhadores em função dos riscos a que se
encontram expostos no local de trabalho;

• Estabelecer, em matéria de primeiros socorros, de combate a incêndios e de evacuação de


trabalhadores, as medidas que devem ser adoptadas e a identificação dos trabalhadores
responsáveis pela sua aplicação;

• Permitir unicamente a trabalhadores com aptidão e formação adequadas, e apenas quando e


durante o tempo necessário, o acesso a zonas de risco grave;

• Adoptar medidas e dar instruções que permitam aos trabalhadores, em caso de perigo grave e
iminente que não possa ser evitado, cessar a sua actividade ou afastar-se imediatamente do local de
trabalho, sem que possam retomar a actividade enquanto persistir esse perigo, salvo em casos
excepcionais e desde que assegurada a protecção adequada.

• Na aplicação das medidas de prevenção, o empregador deve mobilizar os meios necessários,


nomeadamente nos domínios da prevenção técnica, da formação e da informação, e os serviços
adequados, internos ou exteriores à empresa, estabelecimento ou serviço, bem como o equipamento
de protecção que se torne necessário utilizar, tendo em conta a evolução da técnica.

Obrigações dos trabalhadores

Constituem obrigação dos trabalhadores:

• Cumprir as prescrições de segurança, higiene e saúde no trabalho estabelecidas nas disposições


legais ou convencionais aplicáveis e as instruções determinadas com esse fim pelo empregador;

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• Zelar pela sua segurança e saúde, bem como pela segurança e saúde das outras pessoas que
possam ser afectadas pelas suas acções ou omissões no trabalho;

• Utilizar correctamente, e segundo as instruções transmitidas pelo empregador, máquinas, aparelhos,


instrumentos, substâncias perigosas e outros equipamentos e meios postos à sua disposição,
designadamente os equipamentos de protecção colectiva e individual, bem como cumprir os
procedimentos de trabalho estabelecidos;

• Cooperar, na empresa, estabelecimento ou serviço, para a melhoria do sistema de segurança,


higiene e saúde no trabalho;

• Comunicar imediatamente ao superior hierárquico ou, não sendo possível, aos trabalhadores a que
se refere o artigo 13.° as avarias e deficiências por si detectadas que se lhe afigurem susceptíveis de
originarem perigo grave e iminente, assim como qualquer defeito verificado nos sistemas de
protecção;

• Em caso de perigo grave e iminente, não sendo possível estabelecer contacto imediato com o
superior hierárquico ou com os trabalhadores que desempenham funções específicas nos domínios
da segurança, higiene e saúde no local de trabalho, adoptar as medidas e instruções estabelecidas
para tal situação.

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CAPÍTULO V - A ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NAS
EMPRESAS

O regime de organização e funcionamento dos serviços de segurança e higiene e saúde no trabalho nas
empresas está regulamentado pelo Decreto Lei 109/2000, de 30 de Junho, que procede à republicação do
Decreto Lei 26/94, de 1 de Fevereiro, com a nova redacção dada pelas Leis nºs 7/95, de 29 de Março e
118/99, de 11de Agosto.

A actual legislação prevê antes de mais a separação entre os serviços de segurança e higiene no trabalho e
os serviços de saúde no trabalho anteriormente denominados de medicina no trabalho. Os primeiros são
exercidos por técnicos de segurança ou técnicos superiores de segurança no trabalho e os segundos
exercidos por médicos no trabalho e cada um tem as suas funções e as suas actividades que devem
exercer em complementaridade e cooperação com o objectivo comum de proporcionar as informações para
a melhoria das condições de trabalho nas empresas.

As modalidades previstas para a organização dos serviços são:


• Serviços internos
• Serviços interempresas
• Serviços externos

No entanto, tratando de micro ou pequenas empresas com menos de 9 trabalhadores e com actividades de
risco não elevado a actividade de segurança e higiene pode ser exercida directamente pelo empregador ou
por um trabalhador designado desde que tenham formação adequada e estejam permanentemente nas
instalações. Evidentemente que a formação em segurança e higiene deve ser uma formação reconhecida,
no domínio dos riscos inerentes à sua actividade e ir sendo actualizada regularmente.
No âmbito da saúde no trabalho e também para empresas com menos de 9 trabalhadores e com actividades
de risco não elevado podem recorrer ao Serviço Nacional de Saúde.

As actividades de saúde podem ser organizadas de forma diferente e separadas das actividades de
segurança e higiene.

A adopção da modalidade de serviços internos ou externos depende do número de trabalhadores e do tipo


de actividade pelo que a empresa deve analisar cuidadosamente qual é a modalidade que melhor se adapta
à sua situação.

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Independentemente de qual a modalidade que a empresa tiver ou vier a adoptar deve tomar as mediadas
necessárias ao controlo dos riscos com vista à prevenção dos acidentes de trabalho e doenças profissionais
dos seus trabalhadores e desenvolver as actividades previstas nos Capítulos VI e VII.

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CAPÍTULO VI – AS ACTIVIDADES DO SERVIÇO DE SAÚDE NO TRABALHO

A exposição dos trabalhadores a ambientes de trabalho desadequados, agressivos quer em termos de


agentes físicos, químicos e biológicos quer em situações de stress psicossocial podem originar directa ou
indirectamente lesões que podem vir a dar origem a doenças profissionais.

É, pois, uma obrigação do empregador providenciar a vigilância da saúde dos seus trabalhadores através do
recurso aos serviços de saúde no trabalho que podem ser organizados como foi referido no Capítulo V.

A função do serviço de saúde é fomentar e manter o bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em
todas as profissões, prevenir os danos na sua saúde provocados pelas condições de trabalho e assegurar
que o trabalhador é colocado num posto de trabalho adequado às suas aptidões físicas e psicológicas.

As actividades dos serviços de saúde no trabalho devem ser efectuadas de acordo com as características
do sector de actividade da empresa, mas no mínimo devem corresponder a:
9 exames médicos:
. de admissão – a efectuar antes do inicio da entrada ao serviço /prestação do trabalho,
ou nos 10 dias seguintes
.periódicos – a efectuar anualmente para todos os trabalhadores com menos de 18 anos
e com mais de 50 anos, e a efectuar de dois em dois anos para os trabalhadores com idade entre os 18 e os
50 anos.
. ocasionais – a efectuar sempre que se verifiquem alterações significativas nos
processos ou organização do trabalho com reflexos prejudiciais na saúde dos trabalhadores, ou sempre que
um trabalhador regresse após uma ausência superior a 30 dias devido a acidente ou doença.
Devem efectuar-se exames ocasionais sempre que se verifiquem, por exemplo, introdução de novos
equipamentos ou produtos perigosos, mudanças de funções, trabalho por turnos, por solicitação do
empregador ou do trabalhador, por frequentes ausências e absentismo por outros motivos de saúde.

Os médicos do trabalho devem desenvolver a sua actividade na empresa para melhor conhecer os riscos a
que estão expostos os trabalhadores, e devem assegurar um número de horas necessário à realização dos
actos médicos , garantindo pelo menos:
- em estabelecimentos industriais, pelo menos uma hora por mês, por cada grupo de
10 trabalhadores
- em estabelecimentos comerciais, pelo menos uma hora por mês, por cada grupo de
20 trabalhadores

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Para além dos exames gerais, os médicos devem solicitar exames específicos se os trabalhadores
estiverem expostos a situações de riscos particulares tais como: ruído, chumbo, radiações ionizantes,
agentes cancerígenos ou mutagénicos, agentes químicos, agentes biológicos, trabalho nocturno,
equipamentos dotados com visor, trabalhos em altura, trabalhos que impliquem manipulação de alimentos,
ou motoristas.

Os serviços se Saúde no Trabalho devem:


9 Manter fichas clínicas de todos os trabalhadores que obedeçam aos seguintes requisitos:
• Mantenham o registo de todas as observações clínicas
• Estão sujeitas a segredo profissional
• Facultadas às autoridades de saúde e médicos da IGT
• Entregue cópia ao trabalhador ao deixar de prestar serviço
9 Elaborar uma Ficha de Aptidão para cada trabalhador
• Não pode conter elementos que envolvam segredo profissional
• Modelo aprovado por portaria do Ministro da Saúde

No caso de serviços externos, recomenda-se que os exames médicos devem ser bem especificados antes
de ser feito o contrato para que sejam adaptados à actividade da empresa e aos riscos a que os
trabalhadores estão sujeitos e expostos, para que não sejam efectuados exames que não tenham
aplicabilidade ou fiquem em falta outros importantes.

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CAPÍTULO VII – AS ACTIVIDADES DO SERVIÇO DE SEGURANÇA E HIGIENE NO TRABALHO

Os serviços de segurança e higiene no trabalho incluem todas as actividades relacionadas com a prevenção
dos acidentes de trabalho e têm, sobretudo, como campo de actuação os factores que podem afectar a
segurança e saúde dos trabalhadores, nomeadamente os locais de trabalho, o ambiente de trabalho, as
ferramentas, as máquinas, as matérias, as substâncias e agentes químicos, físicos e biológicos, os
processos de trabalho e a organização de trabalho.

Assim, quer o responsável pelos serviços internos, serviços externos, ou empregador ou trabalhador
designado, deve tomar as providências para prevenir os riscos profissionais e as empresas devem garantir
que asseguram as seguintes actividades principais no âmbito dos serviços de segurança e higiene:

• Prestar informação técnica na fase de projecto e de execução sobre as medidas de prevenção


relativas às instalações, locais, equipamentos e processos de trabalho
• Identificar, avaliar os riscos e manter controlo periódico dos riscos resultantes de agentes físicos,
químicos e biológicos
• Planear a prevenção integrando a todos os níveis a avaliação de riscos e medidas de prevenção
• Elaborar de um programa de prevenção de riscos profissionais para a empresa, de forma a garantir
que todas as actividades são abrangidas
• Informar e formar os trabalhadores sobre os riscos para a segurança e saúde , bem como sobre as
medidas de protecção e prevenção
• Organizar os meios de prevenção e protecção colectiva e individual e coordenar as medidas a
adoptar em caso de perigo grave e iminente
• Afixar sinalização de segurança nos locais de trabalho
• Analisar os acidentes de trabalho e das doenças profissionais
• Recolher e organizar elementos estatísticos relativos à segurança e saúde na empresa
• Coordenar inspecções internas de segurança sobre o grau de controlo e sobre a observância das
normas e medidas de prevenção nos locais de trabalho
• Manter actualizados resultados das avaliações de riscos relativos aos grupos de trabalhadores a eles
expostos

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• Manter lista de acidentes de trabalho que tenham ocasionado ausência por incapacidade para o
trabalho bem como relatórios sobre os mesmos que tenham ocasionado ausência superior a 3 dias
por incapacidade para o trabalho
• Listagem das situações de baixa por doença e do número de dias de ausência para o trabalho, e no
caso de doenças profissionais, a respectiva identificação das mesmas.
• Elaborar listagem de medidas, propostas ou recomendações para melhoria das condições de
trabalho

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CAPÍTULO V – AVALIAÇÃO E PREVENÇÃO DE RISCOS

A avaliação e prevenção de riscos é o aspecto mais importante dos serviços de prevenção.


A avaliação de risco pode ser considerado um processo sistematizado de análise de todos os aspectos do
trabalho, com o objectivo de identificar o que pode causar danos e qual a sua magnitude.
Após a avaliação devem ser identificadas as medidas de prevenção ou protecção que devem der tomadas
para controlar os riscos identificados.
É de salientar que a avaliação de riscos é um dos princípios gerais de prevenção que devem estar
presentes sempre na concepção de qualquer local de trabalho, na instalação de equipamentos ou na
definição de métodos de trabalho.

Resumidamente identificamos os princípios gerais de prevenção:


• Evitar os riscos
• Avaliar os riscos que não possam ser evitados
• Combater os riscos na origem
• Adaptar o trabalho ao homem (concepção dos postos de trabalho, escolha dos equipamentos de
trabalho e dos métodos de trabalho)
• Ter em conta o estádio da evolução da técnica
• Substituir o que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso
• Planificar a prevenção com um sistema coerente que integre a técnica, a organização do trabalho, as
condições de trabalho, as relações sociais e a influência dos factores ambientais no trabalho
• Dar prioridade às medidas de protecção colectiva em relação às medidas de protecção individual
• Dar instruções adequadas aos trabalhadores

Sendo a avaliação de risco um dos princípios gerais de prevenção mais importante e centrando-se
actualmente a prevenção no processo de avaliação de risco há que considerar as seguintes etapas da
avaliação dos riscos:

• Identificar os perigos
• Determinar os trabalhadores que estão expostos a esses perigos
• Estimar o risco: qualitativa e/ou quantitativa
• Estudar a possibilidade de eliminar o risco
• Valorizar o risco

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• Verificar a necessidade de tomar novas medidas para prevenir ou reduzir o risco, no caso de não ser
possível eliminá-lo
• Identificar e implementar as formas de controlo do risco

Neste capítulo identificam-se as fontes e factores de alguns riscos que são mais comuns nas pequenas
empresas e as medidas de prevenção e protecção associados.

1) RISCO DE INCÊNDIO
2) VIAS DE CIRCULAÇÃO E SAÍDAS DE EMERGÊNCIA
3) O RUÍDO
4) A ILUMINAÇÃO
5) MAQUINAS
6) OS CONTAMINANTES QUIMICOS
7) AS VIBRAÇÕES
8) A MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS
9) A MOVIMENTAÇÃO MECÂNICA DE CARGAS
10) OS LOCAIS DE TRABALHO
11) A SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA
12) OS EQUIPAMENTOS DE PROTECÇÃO INDIVIDUAL

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1) RISCO DE INCÊNDIO

O incêndio é um factor de risco que está normalmente presente em todas as micro e pequenas empresas
quer industriais quer comerciais ou de serviços.

O empregador tem a responsabilidade de estabelecer todas as medidas de prevenção possíveis que


permitam evitar o incêndio, ou não conseguindo evitá-lo ter os meios necessários ao seu combate e que
possibilitem a evacuação dos trabalhadores e outras pessoas presentes nas instalações sem causar danos
ou lesões.

A melhor forma de prevenir um incêndio é verificar a quantidade e natureza de materiais combustíveis que
existem nas instalações, manter um bom estado de limpeza e arrumação e não juntar materiais inflamáveis.
Face à carga térmica existente deve seleccionar um sistema adequado de detecção e alarme de incêndio e
escolher os meios próprios de extinção.
Os meios de extinção mais utilizados nas micro e pequenas empresas são os extintores e por vezes os
bocas de incêndio.

CLASSES DE FOGO

O fogo é uma reacção química que se desenvolve de forma controlada entre um combustível e um
comburente e com origem numa energia de activação, prosseguindo com uma reacção em cadeia.
Um incêndio é a mesma reacção que se desenvolve mas de forma incontrolável, pelo que se não o
conseguirmos dominar rapidamente pode provocar danos materiais ou humanos.
O combustível, o comburente, a energia de activação e a reacção em cadeia são os elementos do fogo que
constituem o tetraedro do fogo.
O conhecimento dos elementos do fogo é importante uma vez que os modos de extinção dos incêndios se
baseiam na actuação sobre cada um.

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De acordo com o material combustível são estabelecidas as seguintes classes de fogo:

Madeira, Papel, Cortiça,


Classe A SÓLIDOS
Tecidos,...

Álcool, Gasolina, Éter,


Classe B LÍQUIDOS
Óleo,...

Butano, Propano,
Classe C GASES
Acetileno, Metano,...

METAIS E Sódio, Potássio,


Classe D
OUTROS Magnésio,...

Tabela - Classificação dos fogos

OS EXTINTORES

Um extintor é um equipamento que contém um agente extintor que pode ser projectado e dirigido sobre um
fogo, por acção de uma pressão interna.

Os extintores são classificados como meios de primeira intervenção de combate ao incêndio e devem ser
instalados independentemente de qualquer outra medida de protecção julgada necessária.

Chama-se carga de um extintor à massa ou volume do agente extintor contido no extintor

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AGENTES EXTINTORES MAIS ADEQUADOS ÀS CLASSES DE FOGO:
Em caso de incêndio, e após ter sido dado o alarme por quem o detectar, devem tomar-se as medidas de
combate para tentar anular um dos elementos do fogo.
Um dos meios de extinção de incêndios mais utilizado e mais disponível nas pequenas empresas são os
extintores pelo que é essencial conhecer a adequabilidade de cada tipo de extintor a cada tipo de classe de
fogo.

Tabela: agente extintor para cada classe de fogo

AGENTE EXTINTOR
CLASSES
DE FOGOS Água Água Pós
Espumas Pó BC Pó ABC CO2 Halon
em jacto pulverizada especiais

A B E B NC B NC NC NC
A - Sólidos
B NC B E B NC B B
NC - Líquidos
C NC NC NC B B NC A B

D NC NC NC NC NC A NC NC
Legenda:
E – Excelente
B – Bom
A – Aceitável
NC – Não conveniente
I - Inaceitável

MEDIDAS DE PROTECÇÃO E PREVENÇÃO

• As substâncias comburentes e inflamáveis devem estar devidamente sinalizadas e rotuladas e não


apresentar risco de incêndio

• As substâncias explosivas e inflamáveis devem estar protegidas contra o calor

• Não deve existir acumulação de pó ou de desperdícios nas instalações e nos equipamentos que
permita a deflagração de incêndios

• Deve existir protecção especial contra reacções perigosas que possam provocar explosões

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• Os meios de detecção e combate contra incêndios devem ser definidos em função da dimensão do
edifício onde estão instalados os postos de trabalho e das características dos materiais e
substâncias neles existentes

• Os dispositivos de detecção de incêndios e de alarme são apropriados às características das


instalações, de acesso e manipulação fáceis

• O material de combate contra incêndios deve encontrar-se em perfeito estado de funcionamento e


em locais acessíveis durante os períodos normais de trabalho, um número suficiente de
trabalhadores devidamente instruídos sobre o seu uso

• Não deve permitir-se fumar nos locais onde existe risco de incêndio e deve colocar-se a sinalização
adequada a essa proibição

Exemplo de sinalização de proibição de fumar

• Não deve permitir-se fazer actos de foguear nos locais onde existe risco de incêndio e deve colocar-
se a sinalização adequada a essa proibição

Exemplo de sinalização de proibição de actos de foguear

• O material de combate a incêndios é objecto de sinalização de segurança

• Os extintores devem estar em locais de fácil acesso e permanentemente desobstruídos.

• Os extintores devem ser sujeitos a verificações e manutenções periódicas.

• Os extintores devem ser sujeitos a testes de funcionamento periódicos

• Deve existir na empresa um responsável pela verificação dos extintores.

• O número e tipo de extintores devem ser adequados ao nível de risco de incêndio e à classe do fogo
mais frequente

• Junto dos sistemas eléctricos e quadros eléctricos devem existir extintores de CO2

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• Os extintores devem estar sinalizados de acordo com a legislação aplicável

• Os extintores não devem estar muito altos

• Todos os trabalhadores devem receber formação de manuseamento correcto dos meios de primeira
intervenção, nomeadamente extintores.

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2) VIAS DE CIRCULAÇÃO E SAÍDAS DE EMERGÊNCIA

As vias de circulação e as saídas de emergência são dois factores de risco que podem provocar lesões
diversas com origem em quedas ao mesmo nível, choques contra objectos ou máquinas ou dificuldades em
evacuação em caso de incêndios ou explosões.
Por este facto algumas recomendações devem ser tidas em consideração para evitar alguns riscos:

MEDIDAS DE PROTECÇÃO E PREVENÇÃO

VIAS DE CIRCULAÇÃO

• As vias de circulação devem estar permanentemente desobstruídas

• As vias de circulação (veículos e peões), vias de acesso aos postos de trabalho e vias de
emergência devem estar delimitadas com traçado (linha a cor amarela).

Exemplo de delimitação de áreas de circulação

• As vias de circulação para peões devem estar sinalizadas com a seguinte sinalização de segurança

Exemplo de sinalização zona com circulação de peões

• As vias de circulação no interior da nave industrial devem ser em número suficiente e dispostas de
modo a permitir a evacuação rápida e segura dos locais de trabalho.

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• As distâncias a percorrer para atingir a saída devem ser tanto menores quanto maior for o risco de
incêndio ou de explosão.

• A largura das vias de circulação não pode ser inferior a 1,20 m quando o número de utilizadores não
ultrapasse cinquenta.

• As vias de circulação devem estar limpas e arrumadas.

• Não devem existir nas vias de circulação objectos imóveis susceptíveis de ocasionar riscos de
choque, tropeçamento ou queda ao mesmo nível.

• As vias de circulação para veículos (ex.: empilhadores) devem estar sinalizadas com sinalização de
segurança

Exemplo de sinalização zona com circulação de empilhadores

• Quando as vias de circulação que se destinem ao trânsito simultâneo de pessoas e veículos, devem
ter largura suficiente para garantir a segurança da circulação de uns e de outros.

• As vias de circulação devem permitir a circulação fácil e segura das pessoas, para que os
trabalhadores na sua proximidade não corram qualquer risco.

• Sempre que as vias de circulação apresentem zonas de perigo devem ser devidamente assinaladas

Exemplo de sinalização zona de perigo

• O traçado das vias de circulação deve ser respeitados por todos os trabalhadores.

• Sempre que de pretender alterar o layout deve-se respeitar as marcações das vias de circulação
existentes ou marcar novamente vias de circulação

VIAS DE EMERGÊNCIA

• As vias de emergência têm de estar permanentemente desobstruídas e em condições de utilização,


devendo o respectivo traçado conduzir, o mais directamente possível, a áreas ao ar livre ou a zonas
de segurança.

• A instalação de cada posto de trabalho deve permitir a evacuação rápida e em máxima segurança
dos trabalhadores.

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• O número, a localização e as dimensões das vias de emergência devem atender ao tipo de
utilização, às características do local de trabalho, ao tipo de equipamento e ao número previsível de
utilizadores em simultâneo.

• As vias de emergência devem estar sinalizadas de acordo com a legislação sobre sinalização de
segurança em vigor.

1,80 m 2,20 m

Exemplo de sinalização de saídas de emergência

• As vias de emergência que necessitem de iluminação artificial durante os períodos de trabalho


devem dispor de iluminação de segurança alternativa para os casos de avaria da iluminação
principal.

• Devem estar afixadas as plantas de emergência.

• Deve existir um plano de emergência interno.

• Devem estar afixadas instruções de saída de emergência em segurança.

• As portas de saída de emergência devem abrir para exterior.

• As portas de saída de emergência devem ser de abertura fácil.


• Deve estar definido um local de ponto de encontro devidamente sinalizado.

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3) O RUÍDO

O ruído é todo o som que produz uma sensação auditiva desagradável, incomodativa ou perigosa capaz de
alterar o bem-estar dos trabalhadores e de provocar lesões que podem levar à surdez.
O ruído nos locais de trabalho tem origem nas máquinas e nas ferramentas usadas e na concepção dos
locais de trabalho.

As consequências de elevados níveis de ruído nos locais de trabalho são:


• Lesões auditivas que podem provocar surdez
• Outras doenças fisiológicas, tais como cansaço, dores de cabeça, vertigens, diminuição da
percepção visual e perturbação do sistema do sistema nervoso
• Perturbações do bem-estar psíquico provocando irritabilidade, mau humor e insónias
• É um obstáculo às comunicações verbais e sonoras quer na família quer na empresa
• É uma causa de incómodo para o trabalho provocando baixa produtividade, aumento de conflitos
laborais e aumento de acidentes laborais

Decreto - Lei nº 72/92, de 28 de Abril e o Decreto Regulamentar nº 9/92, de 28 de Abril regulamentam


protecção dos trabalhadores contra os riscos de exposição ao ruído durante o trabalho.
Genericamente podemos dizer que as empresas têm a obrigação de fazer avaliações de ruído para verificar
os níveis de ruído a que estão expostos os seus trabalhadores e se existem postos de trabalho com níveis
superiores a 85 dB(A) deverão adoptar as medidas de controlo adequadas a esses postos de trabalho e a
esses trabalhadores.
Deverão também continuar a fazer medições anuais e elaborar as respectivas fichas individuais com os
resultados relativos a cada trabalhador, dar conhecimento a esses trabalhadores e informá-los das
consequências nefastas para a saúde que os níveis elevados de ruído acarretam.

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MEDIDAS DE PROTECÇÃO E PREVENÇÃO

Para evitar que os níveis de ruído ultrapassam os níveis aceitáveis as empresas devem adoptar os
princípios gerais de prevenção desde a fase de concepção das suas instalações de forma a eliminar ou
reduzir a fonte produtora de ruído. Não conseguindo evitar que o ruído ultrapasse os 85 dB(A) as medidas a
tomar podem ser :

• Medidas organizativas
• Medidas construtivas ou de engenharia
• Medidas de protecção colectiva
• Medidas de protecção individual

As medidas organizativas:
• Seleccionar e adquirir máquinas menos ruidosas
• Alternar periodicamente os trabalhadores de posto de trabalho
• Separar as tarefas mais ruidosas por áreas diferenciadas
• Eliminar postos de trabalho em locais mais ruidosos

As medidas construtivas ou de engenharia:


• Utilização de materiais absorsores de ruído nas máquinas, pavimentos, paredes ou tectos
• Manter as máquinas em bom estado de manutenção
• Utilizar materiais amortecedores

As medidas de protecção colectiva


• Colocar barreiras à propagação do ruído
• Fazer encapsulamento de máquinas
• Colocar nas áreas de trabalho ou nas máquinas instruções sobre o tempo de trabalho adequado
• Colocar sinalização de utilização de equipamentos de protecção individual nos locais onde deve ser

Exemplo de sinalização de obrigação de uso de protecção auditiva

Medidas de protecção individual


• Disponibilizar e utilizar os protectores auriculares adequados

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• Formar e informar sobre os riscos provocados pelo ruído
• Manter a vigilância médica

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4) A ILUMINAÇÃO

A iluminação é um elemento necessário à segurança e à saúde.


A correcta iluminação dos locais de trabalho melhora produtividade do trabalho, reduz os acidentes de
trabalho e os respectivos custos indirectos e diminui os custos de produção.
Más condições de iluminação provocam:

• maior esforço na execução das tarefas


• maior cansaço visual
• tensão nervosa
• dores de cabeça
• visão toldada
• contracção dos músculos

Os olhos são os órgãos dos sentidos mais importantes pelo que devem ser protegidos. Uma forma de
prevenir problemas de visão é com uma iluminação adequada.

MEDIDAS DE PROTECÇÃO E PREVENÇÃO

• As áreas de trabalho e passagens devem estar bem iluminadas


• As lâmpadas devem estar todas a funcionar
• Deve verificar-se se não existem situações de encadeamento ou brilho de luz directamente para
os olhos
• As armaduras e as fontes luminosas devem ser periodicamente limpas e sujeitas a programas de
manutenção para verificação do seu estado de segurança
• A iluminação deve ser suficiente para o nível de pormenor do trabalho
• Os locais de trabalhos devem dispor, na medida do possível, de iluminação natural adequada.
• Nos locais de trabalho que não possam dispor de iluminação natural adequada deve existir
iluminação artificial, complementar ou exclusiva, que garante idênticas condições de segurança e
de saúde aos trabalhadores.
• As instalações de iluminações não devem constituir factor de risco para os trabalhadores, quer
pelo seu estado de conservação quer pela sua desadequação ao posto de trabalho
• Nos casos em que uma avaria da iluminação artificial possa expor os trabalhadores a riscos,
deve existir um sistema iluminação alternativo de intensidade suficiente.

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• Nos locais em que a iluminação artificial produza o efeito estroboscópico, devem observar-se as
disposições regulamentares aplicáveis.

• A iluminação geral deve ser de intensidade uniforme e estar distribuída de maneira a evitar
sombras, contrastes muito acentuados e reflexos prejudiciais.

• Quando for necessária iluminação local intensa esta deve ser obtida por uma conveniente
combinação de iluminação geral com iluminação suplementar no local onde o trabalho for
executado.

• O sistema de iluminação suplementar deve ser instalado de forma a evitar o encandeamento.

• Os meios de iluminação artificial devem ser mantidos em boas condições de eficiência.

• A iluminação deve ser adequada ao tipo e duração tarefa executada e à idade do trabalhador

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5) MAQUINAS

As máquinas são, por definição perigosas e a sua utilização e manuseamento traz muitos riscos e é a causa
de grande número de acidentes no trabalho.

É obrigação do empregador assegurar que estes equipamentos de trabalho são adequados e


convenientemente adaptados ao trabalho a efectuar e garantem a segurança e a saúde dos trabalhadores
durante a sua utilização.

Quando da aquisição e escolha das máquinas os responsáveis devem atender às condições e


características específicas do trabalho, aos riscos existentes para a segurança e a saúde dos trabalhadores,
assim como aos novos riscos resultantes da sua utilização.

O Decreto Lei n.º 82/99 de 16 de Março estabelece o regime relativo às prescrições mínimas de segurança
e de saúde para utilização de equipamentos de trabalho, transpondo para a ordem interna a Directiva nº
95/63/CE, do Conselho, de 05 de Dezembro de 1995 e o Decreto lei 320/2001, de 12/12, estabelece as
regras relativas à colocação no mercado e entrada em serviço de máquinas e dos componentes de
segurança, transpondo para a ordem jurídica interna a Directiva nº 98/37/CE, do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 22 de Junho.

As empresas devem ter em consideração se estes diplomas se aplicam às máquinas que têm em
funcionamento nas suas instalações e mandar verificar a conformidade legal das mesmas face aos
requisitos legais e simultaneamente exigir aos seus fornecedores na aquisição de novas máquinas o
cumprimento das novas directivas comunitárias.

Na selecção de novas máquinas e equipamentos o empregador deve ter em consideração os postos de


trabalho e a posição dos trabalhadores durante a utilização dos equipamentos de trabalho, bem como os
princípios ergonómicos.

Os riscos mais frequentes associados à utilização das máquinas são:

• Entalamento

• Esmagamento

• Corte

Se as máquinas possuem elementos móveis não protegidos, como sejam correias de transmissão, polis,
correntes e engrenagens, o seu grau de perigo aumenta, uma vez que colocam em posição de risco os

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seus operadores. Outros riscos estão associados às posições incorrectas dos postos de trabalho e a
outros factores ergonómicos.

MEDIDAS DE PROTECÇÃO E PREVENÇÃO

• Todas as máquinas devem ter protecções de segurança

• Todos os botões de emergências das máquinas devem estar sinalizados de acordo com a legislação
em vigor

• Os elementos móveis de motores e órgãos de transmissão, bem como todas as partes perigosas das
máquinas que accionem, devem estar convenientemente protegidos por dispositivos de segurança, a
menos que a sua construção ou localização sejam de molde a impedir o seu contacto com pessoas
ou objectos.

• As máquinas de trabalho não devem ser modificadas .

• Junto das máquinas devem estar afixadas instruções de funcionamento e segurança.

• Todas as instruções das máquinas devem ser em português.

• As máquinas devem ter sinalização de obrigatoriedade do uso dos equipamentos de protecção


individual

• As máquinas antigas, construídas e instaladas sem dispositivos de segurança eficientes, devem ser
modificadas ou protegidas sempre que o risco existente o justifique.

• O espaço junto das máquinas deve estar limpo e arrumado.

• Os trabalhadores não devem colocar ferramentas no chão.

• As ferramentas utilizadas devem estar em bom estado e não apresentarem defeitos.

• Assegurar a manutenção adequada

• Proceder a verificações periódicas e, se necessário, ensaios periódicos dos equipamentos de


trabalho sujeitos a influências que possam provocarem deteriorações susceptíveis de causar riscos.

• Proceder a verificações extraordinárias dos equipamentos de trabalho se ocorrerem acontecimentos


excepcionais, nomeadamente transformações, acidentes, fenómenos naturais ou períodos
prolongados de não utilização, que possam ter consequências gravosas para a sua segurança.

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• As verificações e ensaios dos equipamentos de trabalho referidos nos números anteriores devem ser
efectuados por pessoa competente, a fim de garantir a correcta instalação e o bom estado de
funcionamento dos mesmos.

• Deve ser dada aos trabalhadores e seus representantes para a segurança, higiene e saúde no
trabalho a informação adequada sobre os equipamentos de trabalho utilizados.

• A informação deve ser facilmente compreensível, escrita, se necessário, e conter, no mínimo,


indicações relativas:

9 A condições de utilização dos equipamentos;

9 A situações anormais previsíveis;

9 A conclusões a retirar da experiência eventualmente adquirida com a utilização dos


equipamentos;

9 A riscos decorrentes de equipamentos de trabalho existentes no ambiente de trabalho dos


trabalhadores, ou de alterações nos mesmos que os possam afectar, ainda que não os
utilizem directamente.

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6) OS CONTAMINANTES QUIMICOS

Os contaminantes químicos são todas as substâncias que existam ou tenham probabilidade de vir a
existir no ambiente de trabalho e que pela sua natureza e quantidade podem vir a provocar danos na
saúde dos trabalhadores.
Estes contaminantes químicos podem existir no estado sólido, líquido e gasoso e são classificados de
acordo com a sua forma de apresentação em poeiras, fumos, aerossóis, gases e vapores.
Estas substâncias são perigosas e representam em todos sectores um risco potencial para a saúde dos
trabalhadores. O seu efeito traduz-se em doenças profissionais tais como a asma, dermatoses, cancro,
danos em fetos ou futuras gerações e uma variedade de outros efeitos negativos na saúde e bem-estar
dos trabalhadores.

De acordo como Decreto Lei 290/2001 de 16 de Novembro, relativo à protecção da segurança e saúde
dos trabalhadores contra os riscos ligados à exposição a agentes químicos no trabalho, o empregador
deve assegurar que os riscos para a segurança e a saúde dos trabalhadores resultantes da presença no
local de trabalho de um agente químico perigoso sejam eliminados ou reduzidos ao mínimo, mediante a
aplicação de medidas gerais de prevenção. No entanto, se os resultados da avaliação dos riscos
revelarem risco para a segurança e saúde dos trabalhadores devem ser aplicadas medidas específicas
de protecção e prevenção.

Medidas gerais de prevenção


Os riscos resultantes para a saúde dos trabalhadores devem ser reduzidos ao mínimo mediante:

a) A concepção e organização dos métodos de trabalho no local de trabalho;

b) A utilização de equipamento adequado para trabalhar com agentes químicos;

c) A utilização de processos de manutenção que garantam a saúde e a segurança dos


trabalhadores;

d) A redução ao mínimo do número de trabalhadores expostos ou susceptíveis de estar


expostos;

e) A redução ao mínimo da duração e do grau da exposição;

f) A adopção de medidas de higiene adequadas;

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g) A redução da quantidade de agentes químicos presentes ao mínimo necessário à
execução do trabalho em questão;

h) A utilização de processos de trabalho adequados, nomeadamente disposições que


assegurem a segurança durante o manuseamento, a armazenagem e o transporte de
agentes químicos perigosos e dos resíduos que os contenham.

i) Medidas específicas de protecção através de controlos técnicos apropriados, de


aplicação de medidas de protecção colectiva e de medidas de protecção individual

j) Medição da concentração dos agentes químicos que possam apresentar riscos para a
saúde dos trabalhadores, tendo em atenção os valores limites de exposição profissional
estabelecidos.

k) Assegurar formação e informação dos trabalhadores sobre as precauções a sa


medidas adequadas para se protegerem, incluindo as medidas de emergência
respeitantes a agentes químicos perigosos

l) Assegurar uma vigilância contínua da saúde dos trabalhadores expostos a


substâncias perigosas de acordo com os conhecimentos mais recentes

MEDIDAS DE PROTECÇÃO E PREVENÇÃO

• Os produtos químicos ou outras substâncias perigosas devem estar armazenados em locais


devidamente identificados e sinalizados.

• Junto dos produtos químicos ou outras substâncias perigosas devem estar afixadas as respectivas
fichas técnicas de segurança.

• Junto dos produtos químicos ou outras substâncias perigosas devem estar afixadas as instruções
de segurança

• Os produtos químicos ou outras substâncias perigosas devem ter rótulos visíveis.

• Junto dos produtos químicos ou outras substâncias perigosas deve existir sinalização de segurança
bem como o seu significado.

• Os produtos químicos inflamáveis devem estar armazenados em locais devidamente protegidos


onde não exista o risco de incêndio

• Todos os produtos químicos utilizados ou outras substâncias perigosas liquidos devem estar
armazenados com bacias de retenção.

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• A utilização dos produtos químicos outras substâncias perigosas deve ser restrita a um número
específico de trabalhadores devidamente formados

• Devem ser utilizados os equipamentos de protecção individuais adequados na manipulação dos


produtos

• Não se devem verificar derrame de produtos no pavimento

• Nos locais de utilização dos produtos, devem permanecem apenas as quantidades necessárias

• Os produtos devem encontrar-se correctamente colocados num armazém específico

• Placas de “ Não Fumar” nas zonas de armazenagem de produtos inflamáveis

• Existência de chuveiros e lava-olhos em locais de fácil acesso e desobstruídos

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7) AS VIBRAÇÕES

No ambiente industrial é frequente a existência do efeito de vibrações, que afectam o corpo inteiro.
A origem das vibrações está sobretudo em máquinas que não possuem apoios antivibratórios, ou estão
colocadas em pisos inadequados e têm falta de manutenção.

A resposta do corpo humano às vibrações externas depende da postura do trabalhador (de pé, sentado
ou deitado) e do ponto de aplicação das forças vibratórias.

As vibrações que afectam o corpo inteiro pode corresponder a posturas em pé, em solos ou plataformas
em vibração ou à condução dos mais variados meios de transporte.

O resultado desta acção conjunta afecta nomeadamente:


- As condições de conforto;
- As condições de segurança e saúde;
- A diminuição da capacidade de trabalho.
- A perda de equilíbrio
- A falta de concentração
- A visão turva
- Sintomas neurológicos

As consequências das vibrações no corpo humano dependem essencialmente dos seguintes factores:
- ponto de aplicação no corpo;
- frequência das oscilações;
- aceleração das oscilações;
- duração da acção;
- frequência própria e ressonância.

MEDIDAS DE PROTECÇÃO E PREVENÇÃO


• Redução das vibrações na origem
• Suprimir os meios de transmissão
• Dar protecção adequada aos trabalhadores
• Dar formação aos trabalhadores sobre os riscos a que estão expostos

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• Assegurar uma vigilância médica mais continuada e específica.

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8) A MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS

A movimentação manual de cargas é qualquer operação de transporte e sustentação de uma carga


incluindo o levantar, colocar, empurrar, puxar, transportar e deslocar, que comporte riscos dorso-
lombares para os trabalhadores.

Para além dos riscos associados às lesões dorso-lombares que são normalmente as mais frequentes e
as mais gravosas, as lesões provocadas por quedas de objectos e choques contra ode objectos são
outros riscos com origem na deficiente movimentação manual de cargas.

OPERAÇÕES TRANSPORTAR, LEVANTAR, EMPURRAR, LEVANTAR, PUXAR E SEGURAR

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Os factores que podem influenciar o nível de risco são:

• Características da carga a transportar


• Esforço físico exigido
• Exigências da actividade
• Factores individuais de risco

MEDIDAS DE PROTECÇÃO E PREVENÇÃO

• Utilizar de máquinas ou equipamentos que substituam a movimentação manual pela movimentação


mecânica de cargas
• Utilizar ferramentas que facilitem o manuseamento de cargas longas

• Não transportar em carro de mão cargas longas ou que impeçam a visão


• Manter as zonas de movimentação arrumadas e o piso em boas condições
• Reduzir as forças de empurrar, ou de transportar
• Diminuir o peso e o tamanho dos objectos a transportar

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• Reduzir os esforços de elevação ou abaixamento da movimentação
• Adoptar uma posição correcta de trabalho

• Dar formação aos trabalhadores sobre os riscos a que estão expostos

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9) A MOVIMENTAÇÃO MECÂNICA DE CARGAS

A movimentação mecânica de carga é efectuada muitas vezes nas empresas com o recurso de
empilhadores.
A utilização de empilhadores pode originar acidentes de trabalho e doenças profissionais, sendo os
riscos mais frequentes associados:
• Atropelamento
• Queda de cargas
• Capotamento

MEDIDAS DE PROTECÇÃO E PREVENÇÃO

• Ter a indicação da carga máxima admissível


• Estar em bom estado de funcionamento e manutenção
• Ter um programa de manutenção periódico
• Possuir sinalização de marcha: pirilampo, buzina, sinal sonoro de marcha a trás e luz sinalizadora de
marcha a trás
• Ter manual de instruções em português
• Os condutores terem formação adequada
• Os trabalhadores terem capacidade física e psicológica para conduzirem os empilhadores

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10) OS LOCAIS DE TRABALHO

Genericamente os locais de trabalho devem estar limpos e arrumados e constituem um importante factor
de segurança nas condições de trabalho.

MEDIDAS DE PROTECÇÃO E PREVENÇÃO

• Os pavimentos dos locais de trabalho devem ser fixos, estáveis, antiderrapantes sem
inclinações perigosas, saliências e cavidades.

• Os pavimentos devem ser construídos de forma a permitirem a limpeza, o restauro e a pintura


das suas superfícies.

• Os pavimentos devem estar sempre limpos e arrumados.

• Não devem existir derrames de produtos químicos nos pavimentos.

• Nos pavimentos não devem estar objectos susceptíveis de ocasionarem perigos de queda ao
mesmo nível, choque e tropeçamento.

• Não devem estar espalhados fios eléctricos nos pavimentos.

• Não devem estar espalhadas máquinas e ferramentas de trabalho nos pavimentos.

• Antes de se iniciarem os trabalhos todos os trabalhadores devem verificar o estado dos


pavimentos. Um objecto perdido no pavimento pode originar uma queda grave.

• Não devem existir derrames de óleos nos pavimentos.

• Em redor das máquinas ou cada elemento de produção deve estar reservado um espaço para
assegurar o seu funcionamento normal e permitir as afinações e reparações correntes.

• Nos locais de trabalho, os intervalos entre máquinas, instalações ou materiais devem ter uma
largura de pelo menos 0.60 m.

• Os acessos aos locais de trabalho devem estar delimitados com traçado.

• Todos os locais de trabalho devem estar identificados.

• As zonas de perigo (movimentação das máquinas, aberturas no pavimento, etc.) devem estar
identificadas e sinalizadas.

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• A empresa deve proceder à avaliação da iluminância de forma a avaliar se os valores são
adequados às tarefas.

• Junto dos locais de trabalho devem estar afixadas instruções de segurança e procedimentos
de trabalho.

• Junto dos postos de trabalho deve estar afixada sinalização de segurança.

• Em redor de cada máquina ou de cada elemento de produção deve ser reservado um espaço
suficiente devidamente assinalado para assegurar o seu funcionamento normal e permitir as
afinações e reparações correntes assim como o empilhamento dos produtos brutos em curso
de fabricação e dos acabados.

• A instalação de cada posto de trabalho deve permitir a evacuação rápida e em máxima


segurança dos trabalhadores.

• Em redor das máquinas ou cada elemento de produção deve estar reservado um espaço para
assegurar o seu funcionamento normal e permitir as afinações e reparações correntes.

• Os trabalhadores devem definir os locais de armazenamento do produto acabado junto dos


postos de trabalho.

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11) A SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA

A sinalização de segurança é uma forma de informação aos trabalhadores e demais pessoas que
frequentam um local de trabalho sobre os riscos que foram identificados e avaliados e a que podem
estar expostos.
A sinalização de segurança é uma forma de controlo dos riscos.
A legislação define as regras relativa às cores e formas a adoptar em termos de sinalização de
segurança e cujo significado principal se apresenta em seguida.
Compete ao empregador:
• Afixar a sinalização de segurança de acordo com a avaliação de riscos efectuada
• Formar e informar os trabalhadores sobre o significado da sinalização
• Fazer cumprir a sinalização de segurança

CORES
As cores utilizadas para a sinalização de segurança são o vermelho, o amarelo ou amarelo-alaranjado, o
azul e o verde que têm um significado específico e que dão indicações sobre o comportamento a tomar,
conforme se indica na tabela seguinte.

SIGNIFICADO OU
COR INDICAÇÕES E PRECISÕES
FINALIDADE

Sinal de proibição Atitudes perigosas


Stop, pausa, dispositivos de corte de
Perigo - Alarme
Vermelho emergência, evacuação
Material e equipamento de
Identificação e localização
combate a incêndios
Amarelo ou
Sinal de aviso Atenção, precaução, verificação
Amarelo-alaranjado
Comportamento ou acção específicos –
Azul Sinal de obrigação obrigação de utilizar equipamento de
protecção individual
Sinal de salvamento ou Portas, saídas, vias, material, postos,
Verde De socorro locais específicos
Situação de segurança Regresso à normalidade
Tabela do significado das cores

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Também as formas associadas às cores têm o seu significado:

Cor/Forma
Geométrica

Material de combate
Proibição
a incêndios

Aviso

Obrigação Informação

Segurança em
situações de
emergência

TIPO DE SINALIZAÇÃO

Sinalização de proibição Sinalização de perigo

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Sinalização de obrigação Sinalização de emergência

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OUTROS EXEMPLOS DE SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA

Extintor Telefone Mangueira


Sistema de Extintor Primeiros Saída de Saída de
de de
portátil alarme móvel Socorros emergência emergência
emergência incêndios

Sistema de Perigo de Perigo de


Ponto de abertura da queda ao queda a Temperaturas Perigo de Perigo
Perigo
encontro porta de mesmo níveis elevadas electrocussão empilhador
emergência nível diferentes

Substância Via de
Substância Substância Protecção Protecção Protecção do Protecção da
circulação
inflamável explosiva nocivas dos ouvidos dos pés corpo cabeça
para peões

Protecção Protecção Protecção Proibição Proibição Acesso Acesso Proibição de


dos olhos das mãos da face de tocar de tocar proibido proibido fumar

Direcção de Direcção de
Proibição Sentido Direcção a Direcção a
Perigo Bebedouro segurança a segurança a
de foguear proibido seguir seguir
seguir seguir

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12) OS EQUIPAMENTOS DE PROTECÇÃO INDIVIDUAL

A utilização dos equipamentos de protecção individual só deve ser implementada quando todas as
restantes medidas dos princípios gerais de prevenção não foram possíveis de aplicar. Ou seja deve
iniciar-se a prevenção pela fase de concepção dos equipamentos e dos métodos de trabalho, dando
prioridade às medidas de protecção colectiva e apenas se não houver outras alternativas se devem
utilizar os equipamentos de protecção individual.

São obrigações do empregador:


• Seleccionar e comprar equipamentos de protecção individual que cumpram as normas euroropeias
de segurança
• Disponibilizar aos seus trabalhadores os equipamentos necessários
• Dar formação sobre a forma correcta de utilizar os equipamentos de protecção individual
• Providenciar a sua substituição quando os equipamentos estão deteriorados ou não oferecem
garantias de protecção

São obrigações dos trabalhadores:


• Utilizar correctamente os equipamentos de protecção individual
• Informar se existe alguma deficiência que prejudique a função de protecção para o risco a que se
destina
• Dar opinião aquando da aquisição sobre a escolha de alternativas de equipamentos
• Proceder à limpeza e manutenção dos seus equipamentos

Quando da aquisição dos equipamentos de protecção individual devem ter-se em consideração os


seguintes aspectos:
• Ser adequados ao risco a que os trabalhadores estão expostos
• Ser cómodos, robustos e leves
• Ser adequados às condições de trabalho
• Ser de fácil manutenção
• Ser homologados ou certificados, sempre que possível

São considerados equipamentos de protecção individual:


• O vestuário de protecção
• O capacete de protecção
• Os protectores auriculares

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• O calçado de protecção
• As luvas de segurança
• Os óculos de protecção ou viseiras
• Os aparelhos de protecção respiratória

O VESTUÁRIO DE PROTECÇÃO
O vestuário destina-se a proteger o corpo trabalhador de:
• Projecções de materiais
• Frio ou calor
No primeiro caso podemos incluir o aventar e o colete associado por exemplo a trabalhos de soldadura e
no segundo caso os fatos de trabalho que devem ser seleccionados de acordo com as tarefas
desempenhadas de forma a serem confortáveis e não se tornarem um outro factor de risco.

O CAPACETE DE PROTECÇÃO
Destina-se a proteger a cabeça em situações de queda de objectos, projecção de materiais ou
pancadas.
Os capacetes devem ser adquiridos de acordo com as tarefas a que se destinam e não
indiscriminadamente
Na utilização o trabalhador deve ajustar o capacete à medida da cabeça.
Capacetes não ajustados, não protegem.
Não deve utilizar capacetes que já tenham sofrido choques, porque podem ter perdido a resistência.
.

PROTECTORES AURICULARES

Para proteger os seus ouvidos contra a surdez:

• Utilize sempre protectores auriculares nos locais assinalados

• Utilize os protectores auriculares recomendados e adequados ao nível de ruído do seu posto de


trabalho

• Mantenha os auriculares limpos e em boas condições de higiene e funcionamento

O CALÇADO DE PROTECÇÃO

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Para proteger os pés contra quedas de materiais e choques devem ser utilizados botas ou sapatos de
protecção adequados:
• Botas com sola antiderrapante
• calçado com biqueira e ou palmilha de aço
• botas de borracha

AS LUVAS DE SEGURANÇA
Para proteger as mãos contra riscos mecânicos, químicos, eléctricos ou térmicos devem ser
seleccionadas as luvas que melhor se adaptem ao risco a que está exposto o trabalhador.
As luvas podem ser de diversos materiais:
• tecido algodão ou sintético
• couro
• borracha
• malha de aço
• PVC

OCULOS DE PROTECÇÃO
Os óculos de protecção ou as viseiras servem para proteger os olhos contra riscos de choques, radiações,
calor, poeiras, projecções de materiais, como limalhas, faúlhas, líquidos corrosivos ou irritante.
deve também utilizar óculos de protecção ou viseiras em todos os trabalhos de soldadura, polimento, corte
ou perfurações

MÁSCARAS

Para proteger as suas vias respiratórias:

• Utilize os aparelhos de protecção respiratória sempre que esteja exposto a poeiras, fumos, gases
ou vapores.
• As máscaras de protecção ou outros dispositivos filtrantes como os aparelhos de protecção
respiratória devem ser sempre escolhidos em função do tipo de contaminante a a questá
exposto.

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