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SOCIEDADE

TECNOLÓGICA:
TECNOLOGIA DIGITAL
DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO(TDIC)

Vani Moreira Kenksi

Revisão de Português: Ruth Rieth Leonhardt

Projeto Gráfico:
Murilo Holubovski
Maurício Freire
Elementos gráficos:
Freepik.com
Noun Project/achmad
Noun Project/Desainer Kanan
Noun Project/Gregor Cresnar
Noun Project/iconesia
s

Sumário
SOBRE A AUTORA 4

APRESENTAÇÃO 6

O QUE SÃO AS TECNOLOGIAS E PORQUE ELAS SÃO


IMPORTANTES 8

TECNOLOGIAS MÓVEIS. MOBILIDADE, CONECTIVIDADE


E APRENDIZAGEM UBÍQUA. 31

TECNOLOGIAS E REDES DIGITAIS 37

REFERÊNCIAS 49

Informações adicionais

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original para que todas as edições sejam preservadas.
SOBRE A AUTORA
Vani Moreira Kenski é professora e pesquisadora.
Estudou o Ginásio e o Curso Normal no Instituto de Educação
do Rio de Janeiro. Atuou como professora de séries iniciais do
Ensino Fundamental em diversas escolas do Município do Rio de
Janeiro, nos anos 70. No Ensino Municipal atuou também como
Supervisora Pedagógica e na Coordenação Pedagógica Central
da rede pública municipal de ensino da cidade.
Fez cursos de Graduação em Geografia e Pedagogia, na UERJ
(Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e chegou a ministrar
aulas de Geografia no Ensino Médio. Mudou-se no final dos anos
70 para Brasília, onde fez Mestrado em Currículo e Planejamento
Educacional na Faculdade de Educação da UnB (Universidade de
Brasília).
No início dos anos 80, foi aprovada em processo seletivo e tor-
nou-se professora na mesma FE/UnB. Em 1986, iniciou seu Dou-
torado na Unicamp. O tema da sua tese - intitulada “O Fascínio
do Opinião”, sobre um jornal que fazia oposição política à dita-
dura nos anos 70, levou-a a desenvolver seus estudos sob orien-
tação do prof. Ciro Marcondes Filho do Jornalismo, na ECA/USP.
Defendeu sua tese na Unicamp em 1990. Antes disso, em 1989,
foi aprovada e assumiu o cargo de docente na FE/Unicamp.
Como doutora, realizou pesquisas no Coletivo “Nova Teoria da
Comunicação” (NTC) na ECA/USP e criou, em 1992, na FE/UNI-
CAMP, o grupo de pesquisa “Memória Ensino e Novas Tecnolo-
gias” (MENT), parceiro do NTC. Atuando na rede MENT/NTC de-
senvolveu inúmeras pesquisas e muitas publicações. Em 1996,
passou a ser professora na FE/USP onde permanece até hoje,
já aposentada, realizando pesquisas, ministrando disciplinas na
pós-graduação e orientando estudantes de Mestrado e Doutora-
do.
Publicou três livros como única autora: Tecnologias e Ensino
Presencial e a Distância (2003); Educação e Tecnologias, o novo
ritmo da informação (2007); Tecnologias e Tempo Docente (2015),
todos pela Editora Papirus. Além desses, organizou inúmeras

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publicações coletivas em livros e revistas acadêmicas. Publicou
muitos artigos, apresentações e prefácios de livros e coletâneas.
Participa de várias associações acadêmicas desde o ingresso na
vida acadêmica, na qual destaca a Vice-presidência da ABED (As-
sociação Brasileira de Educação a Distância) no período de 2015
a 2019.

CLIQUE PARA ACESSAR O LATTES

Fonte: Freepik

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APRESENTAÇÃO
Escrevi este e-book pensando em você, estudante que
deseja saber um pouco mais sobre as Tecnologias Digitais de
Informação e Comunicação (TICs). O desafio foi o de falar de
tema tão complexo de forma clara, que lhe atraísse para a leitura
sobre aspectos principais das TDICs, sem o uso de termos muito
acadêmicos ou técnicos.
O texto deste ebook irá acompanhar todo o percurso da
disciplina Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação
(TDICs). Ele será o principal orientador dos temas, reflexões e
processos que lhe levarão a aprender.
Para concretizar este desafio de traçar um fio condutor para
a sua aprendizagem sobre as TDICs nesta disciplina, dividi o
conteúdo em quatro partes. Essas partes definem as quatro
Unidades presentes neste ebook. Elas orientam as leituras,
definem as atividades e buscam incentivar você a aprender mais
em pequenos trechos, links para vídeos e sites relacionados aos
tópicos e até a realização de games e visitas virtuais.
A partir do grande tema que são as tecnologias digitais de
informação e comunicação, criei quatro unidades. Leia com
atenção o texto apresentado em cada uma delas. Mais ainda.
Realize as atividades propostas, veja os vídeos, pratique, jogue
virtualmente e leia com atenção os textos complementares.
Assim você terá a melhor compreensão de cada um dos assuntos
abordados.
Nosso objetivo principal é que, ao final da disciplina, você
compreenda as diferenças entre as modalidades e os conceitos
relacionados ao conhecimento das Tecnologias Digitais e suas
relações com processos de aprendizagem. Para isso, orientamos
as quatro unidades deste ebook, para que você possa,
inicialmente, identificar as diferenças entre distintas modalidades
de tecnologias digitais. Outras Unidades vão lhe dar condições
para relacionar características de diversas tecnologias digitais
e as possibilidades de diferenciados processos que auxiliam a
aprendizagem. Mais focado nas tecnologias móveis, a terceira

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unidade vai lhe possibilitar caracterizar as tecnologias digitais
móveis e suas relações com processos ubíquos de aprendizagem
e, ao final da última unidade, você será capaz de compreender
as possibilidades futuras das TDICs e os possíveis reflexos nos
processos de aprendizagens.
Boas leituras! Ótimas aprendizagens!

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UNIDADE I

O QUE SÃO AS TECNOLOGIAS E


PORQUE ELAS SÃO IMPORTANTES
Olá, seja bem-vindo à disciplina Tecnologia Digital de
Comunicação e Informação ou, como costumamos chamar, pela
sua abreviatura, TDIC!
Vamos iniciar nossa disciplina conversando com você sobre
como surgiram as Tecnologias e porque elas são importantes.
Nesta Unidade vamos conhecer como as tecnologias surgiram e
foram evoluindo desde o início da civilização até os tempos atuais.
Vamos conhecer também os diversos tipos de tecnologias que
existem e que, muitas vezes, nem percebemos. Ao final vamos
reconhecer o quanto as tecnologias são importantes em todos
os momentos da nossa vida. Estou muito animada para realizar
esta jornada de conhecimentos e reflexões com você. Um belo
desafio que vai nos garantir muitas aprendizagens!
Vamos começar, então?

Veja os nossos objetivos:

Ao final desta unidade você deverá:


• Compreender que as tecnologias estão em toda parte e que
elas existem desde o início da civilização.
• Compreender as relações entre as tecnologias, a cultura e a
sociedade.
• Identificar as principais tecnologias criadas em diferentes
épocas.

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De onde vêm as tecnologias?
Quando entramos em uma escola minimamente equipada e
perguntamos onde ficam as “tecnologias”, em geral, recebemos
como resposta que elas se encontram no laboratório de
informática. Os próprios professores, muitas vezes, planejam
aulas especiais a serem realizadas nesses espaços cheios de
computadores.
Tudo bem, é assim que muitos compreendem o que são
tecnologias e, sobretudo, as tecnologias digitais. Mas as
tecnologias são muito mais que aparelhos e recursos eletrônicos.
Para encurtar a velha e longa história das tecnologias, vamos
apresentar alguns momentos marcantes das relações entre nós,
seres humanos, e as tecnologias.

Tecnologias são essenciais em todos os tempos


Há algum tempo, escrevi um livro em que já dizia que “as
tecnologias são tão antigas quanto a espécie humana” (Kenski,
2007, pag. 15). Sim, as necessidades básicas de sobrevivência
aliada ao uso do raciocínio e a engenhosidade das pessoas
desencadearam a criação de diferentes tipos de recursos,
produtos, processos... tecnologias. Máquinas, ferramentas,
metodologias... são formas distintas de tecnologias. Dessa
forma, podemos compreender que “tecnologias” não são apenas
ferramentas ou equipamentos disponíveis para o nosso uso,
nossa sobrevivência e para nos relacionarmos com as outras
pessoas.

“As tecnologias estão em toda parte”


Elas são essenciais para que possamos viver e conviver em cada
época. Como são muitas, e com muitos formatos, as tecnologias
são categorizadas pelas suas funcionalidades. Assim, na Pré-His-
tória, muitas ferramentas – como facas, agulhas, serrotes, lâminas
e pontas de flechas – foram inventadas e utilizadas para garantir a
sobrevivência humana. Algumas, de tão importante, serviram para
nomear as eras da civilização pré-histórica. São denominadas de

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Idades, como a Idade da Pedra Lascada, seguida pela Idade da Pe-
dra Polida e a mais relevante, a Idade do Fogo, que foi quando os
nossos ancestrais conseguiram dominar o fogo para lhes trazer luz,
calor, proteção e muito mais. Com o domínio do fogo, eles conse-
guiram criar tecnologias mais elaboradas, como o cozimento dos ali-
mentos e a forja para produção de metais.

Figura 1: Tecnologias da Pré-história

Fonte: Desenho 1 - https://slideplayer.com.br/slide/10973790


Figura 2 - https://www.sohistoria.com.br/ef2/periodos/p2.php
Desenho 3 - https://www.slideshare.net/rodrigosandoval53/imagenes-antropologia

Para saber mais sobre a Pré-história


e as tecnologias desenvolvidas nestes
momentos da humanidade acesse
PaleoNeo, clicando aqui!

A importância das tecnologias para a vida permanece a


mesma em todos os tempos da História humana, ou seja, elas
são indispensáveis. São essenciais para as nossas vidas. Mas o
avanço da civilização trouxe muitos outros tipos de tecnologias
que convivem conosco e são mais do que necessárias para a
nossa sobrevivência. Entre elas estão muitas tecnologias ligadas
à saúde, por exemplo.
As próteses são equipamentos tecnológicos que se incorporam
aos nossos corpos e nem pensamos neles como tecnologias.
Óculos, lentes de contato, implantes dentários ou auditivos,
marcapassos, por exemplo, são tecnologias que ajudam as
pessoas que precisam desses equipamentos a terem melhor

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qualidade de vida. Outras tecnologias muito importantes na
área da saúde são as vacinas. Elas salvam vidas. Durante a
pandemia provocada pelo COVID 19, cientistas de todo o mundo
se uniram, trabalharam arduamente em pesquisas e testes
para conseguirem vacinas que pudessem garantir a saúde das
pessoas diante das ameaças do novo e tão poderoso vírus. As
vacinas, portanto, são um novo tipo de Tecnologia!
Esses exemplos nos mostram que as tecnologias são criações
diversas e estão presentes em todos os campos do conhecimento
e na vida humana há muito tempo.

Fonte: Pexels

Evolução das Tecnologias


Para se ter uma ideia do desenvolvimento das tecnologias, veja
o Quadro 1. Evolução das Tecnologias, a seguir. Nele é possível
observar as principais tecnologias criadas em cada época e como
a humanidade foi evoluindo na medida em que integrava novas
tecnologias às suas vidas.
Observe o quadro a seguir:

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Quadro 1: Evolução das Tecnologias

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Quadro 1: Evolução das Tecnologias

A observação do Quadro 1 nos mostra o quanto a evolução humana e o avanço da civilização estão interligados entre si e, ambos, com os avanços das tecnologias.
Observe bem o quadro e veja quantas descobertas foram importantes para alcançarmos a nossa qualidade de vida na atualidade.
Mas o quadro não está completo. Já vivenciamos quase um quarto do século 21 e o quadro não informa sobre as descobertas tecnológicas destas primeiras décadas
deste século. Por que será? ... Ah, porque esta ação é para você! É seu o desafio de encontrar pelo menos 10 descobertas significativas ocorridas depois do ano 2000 e
que transformaram as nossas vidas. Faça buscas, pesquise, converse com seus amigos e atualize esta parte do Quadro 1 com as suas descobertas. Mãos à obra!

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As linguagens também são tecnologias
Já vimos que as tecnologias são criadas para auxiliar as
pessoas a viver melhor. Os seres humanos usam de suas
capacidades, inteligências e recursos que dispõem para criar
tecnologias que lhes garanta o bem-estar e a sobrevivência. Isto
tem sido assim em todos os tempos. É assim que descobrimos
que as tecnologias não se referem apenas a ferramentas e
equipamentos. Uma necessidade importante da humanidade é
a comunicação, a informação e a interação com outras pessoas.
E como as tecnologias podem ajudar nisso? Para isso surgiu
um tipo especial de tecnologia, chamado de “tecnologias de
inteligência” por alguns autores, como Pierre Lévy.
A base das tecnologias da inteligência é imaterial, ou seja,
ela não existe como máquina ou ferramentas concreta, mas
como linguagem. A mais antiga das tecnologias de inteligência
é a linguagem oral, a que utilizamos na nossa fala, até hoje.
Muitos séculos depois da fala existir foram criados a linguagem
escrita e todos os tipos de manuscritos. A imprensa só surgiu
no Renascimento, e a mais nova linguagem foi criada bem
recentemente: a linguagem digital!
Toas essas linguagens estão na base de um grupo distinto e
importante de tecnologias. São as Tecnologias de Informação e
Comunicação. Vamos conhecer um pouco mais sobre elas.

Tecnologias de Informação e Comunicação


A base das tecnologias de informação e comunicação é a
linguagem, ou melhor, diferentes tipos de linguagens. Uma delas
é a linguagem oral, ou seja, a maneira como nos expressamos
e interagimos em conversas, discursos, músicas e gestos que
são compreendidos por um determinado grupo de pessoas. A
linguagem oral está presente em todos os tempos e em todos
os espaços. Ela depende de um meio para se expressar. Este
meio pode ser a própria voz de quem fala ou canta e todos

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os recursos que auxiliam o alcance da mensagem para os que
precisam ou desejam escutá-la. Assim, surgiram múltiplos
recursos tecnológicos que funcionam para enviar a mensagem
aos interlocutores. Esses recursos funcionam como meios, ou
mídias.

Mídia significa meio. Mídias é o termo usado para indicar os


recursos utilizados para a divulgação e compartilhamento das
informações e ideias para toda a sociedade.

Outra linguagem importante que se apresenta como


tecnologia de informação e comunicação é a escrita. Ela
possibilita a comunicação entre pessoas, sem o uso da voz.
Por meio da escrita é possível interagir, comunicar, informar e
saber de muitas coisas que transcendem o tempo e o espaço
em que foram geradas. O pensamento de autores clássicos dos
séculos passados são alcançáveis por meio de seus escritos, por
exemplo. Livros, jornais, revistas e todo o processo de produção
massiva de informação e de comunicação geraram profissões e
indústrias voltadas exclusivamente para a divulgação de notícias,
conhecimentos e para o entretenimento por meio de textos
escritos e imagens, são os meios de comunicação de massa.
A mais jovem das linguagens tecnológicas de comunicação
e informação é a linguagem digital. É uma linguagem de
síntese, em que se articulam a oralidade e a escrita. Todas as
possibilidades das linguagens oral e escrita estão reunidas nos
códigos binários da linguagem digital.Com a linguagem digital
é possível organizar, reorganizar informações e comunicações
variadas, sempre possíveis de atualização, os hipertextos.

Hipertexto é um documento que reúne conjuntos de


informação na forma de blocos de textos, palavras, imagens
ou sons. O hipertexto transforma as linguagens oral e escrita

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em produções interativas e coletivas.
Os links (“ligação” em inglês) que aparecem nos textos na
Internet são exemplos de hipertextos. Eles permitem o acesso
a novas e diferenciadas informações (imagens, textos, sons,
vídeos etc.), que levam o leitor para interações mais dinâmicas e
não lineares.

A linguagem digital está presente nos ambientes virtuais


que acessamos diariamente nos celulares e computadores,
por exemplo. Ela pode se apresentar em múltiplos formatos
(textos escritos, vozes, músicas, abreviações, vídeos, desenhos,
emoticons, memes, imagens e símbolos...) juntos e misturados.
A conectividade e a interatividade são atributos que garantem
a especificidade da linguagem digital. Graças a eles é possível a
produção colaborativa em rede e o compartilhamento de dados.
Um exemplo destas relações é a Wikipedia. Um outro exemplo é
o que apresento no “link”, a seguir:

Músicos de vários países se unem para


tocar Queen

O digital possibilita e atualiza todas as linguagens presentes


em atos de interação e comunicação. Constrói distintos sentidos
em outros contextos. A mensagem em permanente renovação
gera novos significados, atualizações e diferentes formas de
autoria em colaboração.

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Hardware e Software
Existem expressões na língua inglesa que dizem com mais
eficácia alguns aspectos importantes, sobretudo no que se refere
às tecnologias contemporâneas, com as tecnologias digitais de
comunicação e informação ou TDICs. Estão neste caso os termos
“hardware” e “software”. Eles apresentam em conjunto as condições
essenciais para que as TDICs funcionem.
O hardware é um termo técnico utilizado para designar o
equipamento, as estruturas e peças eletrônicas que compõem um
computador ou qualquer outro artefato digital. Ou seja, ele se refere
à parte física de computadores e outros sistemas microeletrônicos.
Já o software diz respeito aos grupos de dados ou instruções que
informam os procedimentos necessários para um mecanismo digital
funcionar. São softwares todos os programas e aplicativos que você
acessa no celular, tablet, PC, ou qualquer outro dispositivo eletrônico.

Figura 2: Hardware e Software

Fonte: Free Images

TICs E TDICS
As Tecnologias de Informação e Comunicação, mais conhecidas
pela abreviatura “TICs” são muitas. O jornal, o rádio, a televisão,
o cinema e mesmo o computador são exemplos de TICs. A
comunicação que elas possibilitam é unidirecional, ou seja, de um
comunicador para muitos leitores, ouvintes, espectadores. Não
há trocas e nem interação entre os que “falam” e os que ouvem

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ou veem a informação. O termo – Tecnologias da Informação
e Comunicação (TIC) compreende. assim, as tecnologias que já
existiam para a comunicação e informação antes da presença do
digital.
Esta é uma das formas de diferenciar as TICs das TDICs. A letra
“D” faz muita diferença para a compreensão de ambas. AS TDICs
referem-se, portanto, as qualquer equipamento eletrônico que
se conecte à internet e possibilite interação e comunicação em
rede.
As TDICs englobam computadores, celulares, tablets... e tantos
outros dispositivos – conectados à internet que possibilitam o
acesso, a interação, a comunicação, o compartilhamento e a ação
em colaboração entre pessoas e outros dispositivos digitais.

Como tecnologia de informação e comunicação a linguagem


digital precisa dos recursos para se realizar. Da mesma forma,
as demais tecnologias digitais só se realizam por meio de
recursos específicos. Assim, a linguagem oral depende da
voz modulada, o som da música precisa de instrumentos
específicos, um piano, um violão ou mesmo um assobio
afinado etc. A linguagem escrita se realiza nos códigos de
cada idioma e na materialidade das mensagens, artigos e
matérias de jornais e revistas, nos textos manuscritos e nos
livros impressos.
A linguagem digital, como linguagem de síntese incorpora
a linguagem oral, a escrita e novas especificidades do digital
para produzir inovações nas formas de informar e comunicar.
Como tecnologias, no entanto, todas as linguagens coexistem
na atualidade. Elas não se anulam. Pelo contrário, elas se
articulam e sobrevivem, juntas. Reflita comigo... o que seria
das nossas interações sem essas tecnologias?

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Síntese da Unidade 1
Nesta primeira unidade iniciamos a compreensão do que são
tecnologias e como elas evoluíram com o passar do tempo. Con-
sideramos que as tecnologias são resultantes da engenhosidade
humana como soluções para a busca de novas formas de supe-
rar necessidades pessoais e grupais.
Algumas tecnologias foram marcantes e definiram épocas
da história da civilização. Muitas delas deram origem a artefatos,
recursos e ferramentas importantes para a sobrevivência. Elas
alteraram a maneira de fazer, de pensar, de se informar e comu-
nicar.
Tecnologias também são linguagens e possibilitam a viabiliza-
ção de comunicação, interação, o acesso e o compartilhamento
de informações por meio da oralidade, da escrita e do digital.
O avanço tecnológico das últimas décadas gerou mudanças
radicais nas formas de acesso à informação, a comunicação e
a interação. Uma nova cultura nasce a partir da ampliação do
uso dos meios digitais e, particularmente, as condições de uso e
desenvolvimento das tecnologias digitais de informação e comu-
nicação, as TDICs.
Este será o nosso próximo assunto. Até lá!

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UNIDADE 2

MODALIDADE DE TDIC E SUAS


RELAÇÕES COM A APRENDIZAGEM
Introdução da Unidade 2
O uso de tecnologias digitais possibilita a realização de muitas
ações criativas e processos inovadores em vários segmentos da
sociedade. Ela revoluciona o comércio, os transportes, as indús-
trias, a saúde, o lazer e as formas como nos comunicamos, inte-
ragimos e aprendemos.
Neste momento, você está aprendendo e interagindo graças
às TDICs. O avanço contínuo e veloz dos conhecimentos no âm-
bito das tecnologias digitais possibilitou a criação de inúmeras
inovações que, por sua vez, viabilizaram novas formas de acesso
à informação. TransforSmaram a educação, no sentido formal,
como a compreendemos. Novas modalidades de aprender surgi-
ram, sobretudo nos últimos anos, graças aos avanços das TDICs.
Esses são assuntos desta Unidade 2. Vamos falas das TDICs e
suas relações com aprendizagens. Com as possibilidades inúme-
ras que você possui para aprender graças a elas.
Vamos então aprofundar o que sabemos sobre essas tecnolo-
gias revolucionárias, as TDICs?
Boa leitura! Bons estudos!

Objetivos
• Identificar diferenças entre distintas modalidades de
tecnologias digitais.
• Relacionar características de diversas tecnologias
digitais e as possibilidades de diferenciados processos que
auxiliam a aprendizagem.

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Tecnologia Digital
A Tecnologia Digital é resultado do esforço humano para criar
uma linguagem segura - utilizando o código binário – para passar
informações e orientações. A possibilidade de transformação de
qualquer linguagem ou dados em combinações de zeros e uns
(0 e 1) é revolucionária. Imaginem que as imagens, sons, textos...
que recebemos ou enviamos pela tela dos nossos dispositivos
digitais foram antes decodificadas, traduzidas nesses números
e lidas pelos recursos de programação que se encontram no
interior dos nossos celulares, computadores... e outros meios
digitais que usamos para nos informar e comunicar, as TDICs.
As tecnologias digitais estão presentes em todos os espaços
pessoais e sociais na atualidade. Elas revolucionaram a sociedade
e criaram novas formas de ação, comunicação e interação. Uma
nova cultura surgiu e transformou a economia, as relações
entre as pessoas, as formas de acesso ao conhecimento e... a
educação.
Como diz Ana Elisa Ribeiro:

Com a tecnologia digital, foi possível


descentralizar a informação, aumentar a
segurança de uma série de dados fundamentais
e criar muitas outras tecnologias [...] crianças
bem pequenas já convivem com esses
sistemas, operando com tecnologias digitais
como máquinas fotográficas, celulares, jogos
que permitem internalizar os procedimentos
necessários para utilizá-los, empregar várias
linguagens (usar textos, imagens, captar sons
e outras) e inserir-se numa cultura digital
(RIBEIRO, Glossário CEALE, UFMG).

Essas tecnologias e a própria capacidade de manipulação


e operação delas pelos estudantes, no entanto, não são ainda
totalmente aproveitadas em situações de ensino. “A maioria das
tecnologias é utilizada como auxiliar nos processos educativos.”

21
(Kenski, 2008). Mas elas podem muito mais que isso. Novas
modalidades de aprendizagem já são consideradas e que
exploram as características mais inovadoras das TDICs. Vamos
conhecê-las, no próximo item dessa unidade.
TDICs
As TDICs viabilizam a comunicação
e a interação para que as pessoas
possam trocar ideias e aprender,
juntas, independente do local onde
estejam.

Fonte: Freepik

Uma tecnologia DIGITAL especial: a TDIC


A revolução tecnológica causada pelos usos de computadores
começa no meio da década de 50 do século passado e
rapidamente gera mudanças em vários setores da sociedade.
Os computadores foram ganhando em pouco tempo maior
potência e usabilidades, novos formatos e maior usabilidade.
A facilidade de uso e os serviços que pode realizar ampliou o
seu uso por todos os segmentos da sociedade. Com o avanço da
microeletrônica, a partir da década de 70 e a associação entre
informática e comunicação, surgiu um novo termo para designar
essas novas tecnologias: tecnologia digital de informação e
comunicação, cuja sigla é TDIC.
As tradicionais Tecnologias da Informação e Comunicação
(TICS) formam um conjunto de diferentes meios analógicos que
viabilizam os processos informacionais e comunicativos entre
pessoas. O rádio, o jornal e a televisão são exemplos clássicos
de TICs. Equipamentos antigos - como videocassete e o telefone
fixo – também se utilizavam de tecnologias analógicas, pois os
sinais de áudio ou vídeo eram traduzidos em pulsos elétricos e,
portanto, são TICs. Já os telefones celulares atuais, são TDICs,
pois convertem os sinais em zeros e uns.
As TDICs ou Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação
baseiam-se em uma linguagem específica em que todas as

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informações são armazenadas, manipuladas e transmitidas
por meio de código binário (representado por 0 (Zero) e 1
(Um). Esse processo gera uma nova gramática que possibilita o
armazenamento, uso, criação e recriação de informações com
os mais diferentes formatos (escritos, imagens, vídeos, mapas,
fotos etc.) em uma única linguagem, a digital.
Obviamente que não se fala aqui de máquinas dispostas a ex-
terminar a raça humana, mas tanto os produtos dessa inovação
tecnológica quanto o homem disputam o mesmo espaço no que
se refere ao mercado de trabalho.
O conceito de Indústria 4.0 vem de um projeto audacioso ale-
mão que automatizou todo o processo de fabricação de um pro-
duto, incluindo outra relação homem e máquina, do que decorre
a quarta revolução industrial.

Analógico? Ou digital?
“A tecnologia digital é contraposta à tecnologia analógica,
que depende de meios materiais diferentes para existir. Uma
câmera analógica utilizava filmes que deviam ser revelados
por processos físico-químicos; uma câmera digital dispensa
tais processos, alterando tanto os custos quanto os usos
desse tipo de dispositivo pela sociedade” (Ribeiro, A.E).

O uso das TDIC tem influenciado e transformado as interações


sociais, as buscas por informações e a produção de novos
conteúdos, dentro e fora do contexto escolar. Para Kenski (2003),
novas formas de aprendizagem surgiram por meio da interação,
comunicação e do acesso à informação propiciadas pelas TDICs.
AS TDICs redefiniram as possibilidades de acesso às informações
e criaram condições para que as pessoas aprendessem, dentro
ou fora das instituições de ensino. As novas modalidades de
aprendizagem oferecidas pelas TDICs podem ser consideradas
no Quadro 2, a seguir:

23
Figura 3 - Modalidades de Aprendizagens com as TDIC

Fonte: Elaboração própria

São muitas as modalidades, não? Elas serão apresentadas com


maiores detalhes no próximo item desta Unidade 2. Vamos lá?
As TDICs viabilizam diferentes modalidades para
aprender.
Como é representado no Quadro 2, as TDICs possibilitaram o
surgimento de várias modalidades de acesso à informação e a
aprendizagem. São elas:

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PRESENCIAL
• TDICS em sala de aula
A utilização das TDICs é mais tradicional, realizada em salas
de aula presenciais para atividades pontuais. Ela pode ser
esporádica, com o acesso a recursos digitais para realizar uma
atividade ou pesquisa imediata de forma isolada ou em grupo
de estudantes. Para isso, os alunos utilizam computadores
pessoais ou alguns equipamentos disponíveis na própria sala de
aula, com ou sem acesso à Internet. É possível também o acesso
a plataformas ou ambientes virtuais específicos da escola ou da
turma, onde já estão disponibilizadas as atividades para serem
realizadas presencialmente.
• TDICS em laboratórios presenciais
Os alunos se deslocam para salas especiais, com ou sem
monitores treinados para os auxiliarem no acesso aos espaços
virtuais desejados e o desenvolvimento de atividades de
aprendizagem. Jogos, atividades criativas e muitos processos
ativos e colaborativos de aprendizagem podem ser desenvolvidos
pelos estudantes que se encontram ao mesmo tempo no mesmo
espaço educativo e com acesso a aplicativos e outros recursos
digitais.
• TDICs e E-learning
Atividades de aprendizagem realizadas exclusivamente nos
ambientes virtuais acessados via internet, a distância. Professores
e estudantes se encontram fisicamente separados nos espaços
e tempos em que ocorre a aprendizagem. As aprendizagens
se encontram em plataformas customizadas que precisam ser
acessadas por todos os envolvidos no processo - professores
e alunos- no tempo que tiverem disponibilidade e no local que
lhes for mais conveniente para o acesso via Internet.
Textos, atividades e avaliações são disponibilizados no
ambiente do curso e obedecem a cronogramas específicos para
a sua realização. Exercícios e demais ações de aprendizagem
podem ser realizadas individualmente ou em grupos, conforme
a proposta do curso. É também possível a interação com outros

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estudantes e o professor em atividades síncronas (realizadas ao
mesmo tempo por todos os participantes, ainda que se encontrem
em espaços diferentes), como as aulas online. Predominam
nessa modalidade as atividades assíncronas (cada estudante
participa no tempo e no espaço que lhe for mais conveniente),
como leituras, exercícios variados, fóruns, mensagens via e-mail
ou mesmo grupos no WhatsApp. Em geral, as provas e outras
formas de avaliações somativas também são online, mas em
tempos determinados, conforme o cronograma do curso.
- TDICS e B-learning (Blended Learning)
Esta modalidade se refere aos cursos híbridos, semipresenciais.
Nesta modalidade os cursos são desenvolvidos como e-learning
e algumas atividades – como práticas de laboratório e provas,
por exemplo – são realizadas de forma presencial.
- TDICS e C-Learning (Cloud Learning)
O C-Learning diz respeito ao uso dos espaços virtuais abertos
e as informações disponíveis nas nuvens digitais para o avanço
pessoal no conhecimento e aprendizagens livres. De acordo com
os interesses de cada aprendiz, os espaços virtuais podem ser
utilizados para a obtenção de informações ou o desenvolvimento
de grupos ou redes em colaboração e de aprendizagem.
É um espaço de ensino na nuvem para qualquer tipo de
aprendizagem usando meios sociais com espaços abertos para
a comunicação e colaboração. Tem como essência a integração
de um grupo de trabalho colaborativo que não necessariamente
se encontra em uma mesma sala ou espaço virtual de forma
síncrona, por isso propõe um conjunto de ferramentas com
grandes vantagens no plano assíncrono. A formação se estende
a recursos da realidade virtual, usos de variadas redes sociais,
twitter, blogs....

O que é “nuvem” para as TDICs?


Nuvem é um espaço virtual para armazenamento de
dados ...Quer saber mais sobre esse tipo de nuvem?
Clique aqui para descobrir mais sobre.

26
• TDICS e M-Learning (Mobile Learning)
Esta modalidade diz das possibilidades de desenvolvimento de
processos de aprendizagem com o uso exclusivo de celulares,
principalmente. Refere-se ao uso de dispositivos móveis e
portáteis, em um processo contínuo e flexível de aprendizagens.
Viabiliza ao usuário condições para aprender em todos os lugares
e em todos os momentos, posto que acessa as informações
através de dispositivos móveis e portáteis. Esta modalidade
permite o acesso do local em que a pessoa se encontra (casa,
universidade, trabalho...) e a retomar em outro momento de
onde havia deixado suas ações online, seguindo deste modo um
processo contínuo e flexível de aprendizagens.
• TDICs e P-Learning (Pervasive learning)
É a aprendizagem personalizável, que está presente em
diferentes espaços formativos. O processo de aprendizagem pode
ser guiado por um processo de autoformação. Um exemplo desta
modalidade são os MOOC (cursos online massivos e abertos) e
os xMOOC, uma variante orientada para a autoformação e ações
personalizadas de aprendizagem. Os MOOCs são, em geral,
baseados em textos e em videoaulas. Os cursos são abertos e
os estudantes podem acessá-los a qualquer instante, de acordo
com seus interesses e conveniência. Como cursos abertos, eles
não oferecem certificados, mas, se o estudante assim desejar,
ele deverá, ao final, se submeter a atividades e provas que
avaliem suas aprendizagens. Estes certificados, em geral, são
legitimados pelas instituições e universidades responsáveis pelo
oferecimento do curso.
• TDICs e T-Learning (Transformative learning)
Processo baseado na aprendizagem global, que incluem e
articulam as classes presenciais e os espaços físicos das salas de
aula, além dos ambientes virtuais de aprendizagem, televisão
digital, redes sociais e entornos pessoais de aprendizagem. O
estudante utiliza toda essa variedade de fontes de informação
e comunicação para acessar os conteúdos de seu interesse e
aprender por si mesmo e não estar sendo guiado.

27
• TDICs e U-Learning (Ubiquituous learning)
O U-Learning é também chamado de formação ubíqua. Nesta
modalidade, o espaço de aprendizagem ocorre dentro e fora
do espaço presencial ou da área da classe. A informação que o
aluno necessita está disponível em diferentes canais virtuais ao
mesmo tempo, o que permite receber e incorporar a informação
independente do local em que se encontra. Autoformação
(MOOCs) e/ou ações personalizadas.
Em síntese, as modalidades presentes nas relações entre as
Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação e as virtuais
possibilidades de aprendizagem podem ser compreendidas
também pela análise do Quadro 3, a seguir.

Quadro 2. TDICs e modalidades de aprendizagem

Fonte: Elaboração própria

28
Fonte: Freepik

Você sabe o que é Heutagogia? Uma nova


forma de aprender!

As novas funcionalidades das TDICs para


a interação, a comunicação e o acesso à
informação em qualquer tempo e local
permitiram maior liberdade para que as
pessoas pudessem criar seus próprios caminhos
para aprender. Este é o principal sentido da
Heutagogia (neologismo formado pela junção
dos termos gregos, heuta, que significa auto,
e agogôs, que quer dizer guiar). Criada já
no século XXI, alinhada as características
das TDICs, a Heutagogia considera que o
estudante deve ser o responsável pelas suas
aprendizagens. Esta liberdade para aprender
o leva a buscar conhecimentos quando e
onde quiser. Respeita o sujeito que aprende
e o desafia a aprender quando precisar,
em buscas online por cursos formais ou
mesmo em fontes digitais diversas como
Google, Youtube, Blogs, Pinterest e grupos
no WhatsApp. Essas aprendizagens podem
ser de teorias filosóficas, conceitos da Física
ou conhecimentos mais práticos e imediatos,
como cozinhar, por exemplo. Em todos estes
assuntos o acesso às TDICs oferece inúmeras
possibilidades de aprendizagem. Cabe ao
aprendiz escolher os melhores caminhos, os
que se sinta bem e que respeite seus estilos de
aprendizagem. Para uns, por meio da leitura
de textos, outros preferem observar imagens
e vídeos, outros ainda pulam as explicações
e exemplos e já desejam seguir o passo a
passo para fazer a melhor receita! E você,
como prefere aprender? Qual o seu estilo de
aprendizagem? Já pensou nisso?

29
Síntese da Unidade 2
Nesta segunda unidade conhecemos as Tecnologias Digitais de
Informação e Comunicação – as TDICs - e diferentes modalidades
que possibilitam o acesso à comunicação, a informação e
consequentemente à aprendizagem. Compreendemos que as
TDICs viabilizam aprendizagens em diferenciados tempos e
espaços, desde que os aprendizes estejam conectados à Internet.
Essas condições liberam a necessidade de presencialidade em
espaços físicos – salas de aulas, escolas ou demais instituições
de ensino – para se informar e aprender.
As inovações provocadas pelo uso massivo das TDICS deram
origem a diversas modalidades de aprendizagens digitalmente
mediadas. Elas vão das tradicionais salas de aula presenciais até
formações totalmente online, realizadas livremente de acordo
com os interesses da pessoa e as condições de acesso e uso de
dos recursos digitais necessários para aprender.
As TDICs oferecem condições abertas para a aprendizagem
por meio de aplicativos, ambientes e outros espaços de
aprendizagem. Esses estudos podem ser realizados de forma
solitária ou em grupos, redes de pessoas que trocam ideias e
aprendem juntas, mas que se situam em locais diferenciados do
planeta e nem falam as mesmas línguas.
Para compreender um pouco mais sobre essas possibilidades
de uso das TDICs na educação, vamos refletir juntos sobre as
tecnologias móveis. Este é o nosso próximo assunto, na Unidade
3. Vamos lá?

30
Unidade 3

TECNOLOGIAS MÓVEIS.
MOBILIDADE, CONECTIVIDADE E
APRENDIZAGEM UBÍQUA.
As TDICs permeiam as nossas vidas na atualidade. Elas fazem
parte de uma nova cultura e configuram um novo tipo de
sociedade, a digital. Arquivos digitais, em permanente atualização,
guardam a memória de nossas identidades, nossos registros de
saúde, escolarização, rendimentos, amizades, nossas compras,
nossos desejos... mesmo quando não possuímos ou utilizamos
nenhum tipo de TDIC. As tecnologias móveis são essenciais. No
Brasil, elas já são o principal meio de acesso à internet, graças
ao uso dos celulares, pela maioria dos brasileiros. Segundo os
dados obtidos Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua - Tecnologia da Informação e Comunicação (PNAD
Contínua TIC) 2018, divulgada apenas em 2020 pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o celular é o principal
meio de comunicação, informação e acesso à Internet no Brasil.
Segundo a pesquisa, “79,3% dos brasileiros com 10 anos ou mais
têm aparelhos celulares para uso pessoal, com ou sem internet ”

Celular é o principal meio de acesso a


Internet no Brasil
Fonte: Agência Brasil

A relevância dessas mídias móveis entre as TDICs nos orienta


para compreendê-las melhor e mais profundamente. É o que
pretendemos realizar nesta Unidade 3. Iniciamos identificando
as características e funcionalidades dessas tecnologias móveis
de informação e comunicação. A seguir, vamos entender melhor
as condições de mobilidade e conectividade dos celulares e
como eles viabilizam novas formas de formação, por meio de

31
aprendizagens ubíquas. Animados? Então, vamos saber mais
sobre essas TDICs e a importância que elas têm em nossas vidas?

Figura 3 - Mídias Digitais Móveis

Fonte: Freepik

Objetivos
• Caracterizar as tecnologias digitais móveis e suas
relações com processos ubíquos de aprendizagem

Uma das principais características das TDICs Móveis é que


possuem portabilidade. Ou seja, elas são portáteis e podem
ser utilizados em qualquer lugar. Estão nesse caso o laptop/
notebook, os celulares, tablets e muitos outros equipamentos
digitais, que funcionam mesmo quando o usuário está em
movimento e quando não tem capacidade de acesso a redes
sem fio.
Mas o que é redes sem fio? Vocês conhecem? Bem, vamos
explicar!

Já que estamos falando sobre as tecnologias móveis e as


redes sem fio (também conhecidas pelo termo, em inglês,
“wireless”), vamos conhecer mais sobre as características que
diferenciam esses dois termos? Em geral, usamos os termos
“Móvel” (mobile) e “Sem Fio” (wireless) como sinônimos,
mas não são. As TDICs sem fio (wireless) estão presentes
em aparelhos que acessam links de redes disponíveis nas
nuvens. Celulares, Bluetooth (tecnologia que permite a troca

32
de dados e arquivos entre celulares, computadores, scanners,
fones de ouvido e demais dispositivos de forma rápida e segura)
e redes locais sem fio (wireless LAN) são tipos de tecnologia
sem fio. Mas nem sempre a conexão sem fio está relacionada
a mobilidade. É possível que um computador de mesa também
esteja conectado a uma rede wireless, que interliga seu teclado,
o mouse e o monitor por exemplo, sem lhe garantir mobilidade.

Como principal representante das tecnologias digitais


móveis (TDICs), os celulares estão cada vez mais sofisticados.
A evolução tecnológica desses dispositivos é espantosa e difícil
de acompanhar. A todo instante surgem novos dispositivos
com maiores e melhores funcionalidades. O avanço tecnológico
pode ser compreendido pelas gerações, como são chamadas o
conjunto de características de cada inovação tecnológica que
altera o funcionamento e agrega novos recursos e atualiza os já
existentes no dispositivo.

Para saber mais e compreender melhor a história do telefone


celular leia o texto escrito em 2009 por Fabio Jordão no qual
apresentava as características futurísticas dos celulares da
3ª. Geração! Depois, pense nos avanços tecnológicos que o
celular recebeu desde 2009 até o momento presente. Acesse
a História do telefone celular, clicando aqui, e pesquise sobre
as mais avançadas características dos celulares em 2021.

Os avanços dos dispositivos móveis têm sido tão significativos


que nem podemos chamar os celulares de meros “telefones”.
Melhor chamá-los de dispositivos, uma TDIC complexa, com
muitas funcionalidades. A partir da análise deste dispositivo
podemos identificar várias das características e funcionalidades
das demais TDICs móveis. Ou seja, o celular é:
• Híbrido, pois integra funções anteriormente exclusiva de
outros dispositivos como o telefone, computador, máquina

33
fotográfica, câmera de vídeo, processador de texto, GPS e muitas
outras;
• Móvel, pois é, portátil e possui capacidade de funcionamento
em qualquer local
• Conectável, podendo funcionar de forma independente;
conectado a redes sem fio ou mesmo articulado a conexões
de curto alcance ou ligado a outros dispositivos digitais, como
computadores (laptops ou desktops), por exemplo.
• Convergente, pela integração de inúmeros recursos e
aplicativos em um único suporte digital, com a possibilidade de
se interconectarem uns com os outros.
As características e funcionalidades tecnológicas dos
dispositivos móveis, como o celular alteram a cultura e as formas
de viver socialmente. Integrados e participativos os usuários,
como já dizia Lemos, em 2007, por meio de seus celulares criam
novas formas de apropriação do espaço público.”
Complementando, é Di Felice (2021) quem vai dizer que:

Nas últimas décadas, com o desenvolvimento


de tecnologias digitais móveis, formas de
conexão wifi, internet das coisas e sistemas
informativos geográficos, assistimos no
mundo inteiro a novas formas de participação
e de interação que se estenderam para além
dos dispositivos, dos dados, também dos
objetos e das biodiversidades, expressando
uma nova cultura ecológica [...] as quais
expandem o social para além das fronteiras
da sociedade, assim como interpretada pelo
pensamento das ciências sociais modernas. O
movimento ecológico global dos adolescentes
inspirados em Greta Thunberg, as revoltas
no Chile, na Coreia, o movimento dos
coletes amarelos na França, assim como
a difusão de registros públicos validados
colaborativamente, os Blockchain, são a
expressão de uma nova ecologia da ação que
conecta entidades diversas, dados, pessoas e
dispositivos conectados”.

34
Mobilidade, conectividade e aprendizagem ubíqua
Já compreendemos que as tecnologias móveis possibilitam a
convergência entre dispositivos, a conectividade e a mobilidade.
Além dessas competências as tecnologias digitais móveis
possibilitam a ubiquidade, ou seja, o acesso sem fio à informação
(da Web ou de qualquer outro sistema) de praticamente
qualquer lugar a qualquer momento. Essa funcionalidade
permite a integração entre os dispositivos e o acesso e produção
de atividades em diferentes meios. Assim, um trabalho pode ser
iniciado no smartphone e continuado no computador. Pode ser
também realizado de forma isolada e solitária ou compartilhado
e desenvolvido com outros parceiros, em colaboração.
Para isso, é preciso que as informações possam estar
disponíveis na “nuvem”, em alguma rede da internet. Essas
condições tecnológicas viabilizam formas de trabalho contínuas,
sem interrupções. Da mesma forma, elas facilitam atividades
contínuas de aprendizagem que podem ser iniciadas nas salas
de aula presenciais e continuam em outros espaços como
laboratórios, as casas dos estudantes ou em qualquer local em
que estejam conectados e ligados às atividades de aprendizagem
previstas.
Aprendizagens ubíquas, ou como já vimos anteriormente,
aprendizagens contínuas que podem ocorrer em múltiplos
espaços, com o uso de diferentes dispositivos móveis conectados,
o que possibilita “acessar recursos educacionais, conectar-se a
outras pessoas ou criar conteúdos, dentro ou fora da sala de
aula” (UNESCO, 2014, p.8).
As TDICs móveis fortalecem o surgimento de processos de
educação aberta que, baseados nos princípios da Heutagogia,
viabilizam o protagonismo do aprendiz/usuário. O processo
desencadeado pela aprendizagem ubíqua, como diz Santaella
(2014, p. 22) “embora dispersivo, fragmentário e pulverizador,
transforma cognitivamente o ser humano no seu papel de
potencializador da aprendizagem”. Elas geram “oportunidades
para cultivar habilidades complexas exigidas para se trabalhar

35
de forma produtiva com terceiros” (UNESCO, 2014, p.18).

Para saber mais sobre U-Learning você


pode acessar este vídeo, elaborado por: Erik
Santiago Sánchez Lizarazo & Jaider Hair
Florez Medina da Universidad Pedagogica
y Tecnologica de Colombia. Um vídeo curto,
em espanhol, mas fácil de entender e bem
interessante.
Clique aqui.

Síntese da Unidade 3
Nesta Unidade 3 conhecemos muitas das propriedades e fun-
cionalidades das Tecnologias Digitais Móveis. Destacamos, entre
elas, o celular que, no Brasil, já é o principal meio de acesso à
internet. A análise dos celulares nos levou a identificar suas con-
dições de mobilidade, portabilidade e conectividade. Compreen-
demos que, por causa desses atributos os celulares são conside-
rados como principais meios para a viabilização de aprendizagens
abertas e ubíquas, ou seja, aprendizagens contínuas que podem
ocorrer em múltiplos espaços, com o uso de diferentes dispo-
sitivos móveis conectados. Essas condições o identificam como
TDIC preferencial para o desenvolvimento de ações pessoais e
sociais, para o trabalho e para a formação profissional em ca-
minhos de livre escolha do usuário. Aprendizagens Ubíquas que
nos conectam a múltiplos espaços, pessoas, dispositivos, insti-
tuições... de forma isolada ou em redes.
Redes? Bem, este é outro assunto, o próximo, que veremos a
seguir.
Bons estudos!

36
Ah... se você se interessou e deseja conhecer
mais sobre aprendizagem móvel, que tal acessar
as Diretrizes de políticas da UNESCO para a
aprendizagem móvel.

Elas estão disponíveis clicando aqui.

UNIDADE 4

TECNOLOGIAS E REDES DIGITAIS


Introdução da Unidade
Nesta nossa última unidade vamos compreender o que são as
redes digitais, em destaque para a “rede das redes”, a Internet.
Vamos conhecer como eram as redes digitais antes do acesso
aberto e livre à Internet e como a ampliação do uso das redes
digitais mudou a cultura, o trabalho, o lazer e a aprendizagem.
Vamos lá, então?

• Compreender a importância das redes digitais na


atualidade.
• Compreender as possibilidades futuras das TDICs e os
possíveis reflexos nos processos de aprendizagens.

Redes Digitais
Uma das características essenciais das TDICs é a capacidade
de compartilhamento das informações. As tecnologias digitais
possibilitaram, já no final do século passado, a criação de redes

37
entre computadores conectados para trocar dados e informações
entre eles. Ou seja, as redes entre computadores já existiam bem
antes do surgimento da Internet.
Quer saber mais sobre isso? Então, veja a seguir.

Veja esse vídeo sobre o nascimento da


Internet
Internet foi criada em 1969 com o nome de
“Arpanet” nos EUA

Como eram as primeiras redes digitais?


As primeiras conexões brasileiras em rede ocorreram em
1989. Minhas primeiras experiências com as redes digitais
aconteceram no início dos anos 90, em 1992. Nosso uso das
redes era bem diferente da atualidade. No artigo “Educação
e Internet no Brasil” eu trato sobre a evolução das redes no
Brasil. Neste artigo, informo sobre como eu e meus estudantes
acessávamos as redes e o que podíamos fazer apenas por meio
de textos, sem sons e nem imagens. Leia este pequeno trecho
do artigo indicado para saber como fazíamos.

20 anos de Internet...
...Na Unicamp, por exemplo, eram
100 licenças em 1992. Eu e os meus
orientandos recebemos as nossas
senhas naquele ano. Para nós, era
um privilégio. Para a maioria dos
professores isto não representava
muito.
Ao contrário, havia desinteresse
e, mesmo, aversão em relação ao
uso de computadores e tecnologias
digitais na educação, de modo geral.
Fonte: Freepik
continua...

38
Na época, trabalhávamos em DOS. Podíamos identificar, na
tela verde, quem dos 100 pesquisadores credenciados da
Universidade estava “online”, para trocar ideias e compartilhar
experiências. Em geral, era entre seis e quinze, o número de
usuários online, ao mesmo tempo. Mais do que isto, o sistema
caia. E era lento, bem lento. O nosso deslumbramento é
que podíamos interagir textualmente com pesquisadores
de outras instituições e acessar referências bibliográficas
disponíveis em universidades em todo o mundo. Estávamos
em rede. Nossa conexão com as universidades brasileiras e
de outros países era feita através de redes que partiam da
FAPESP (Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado de São
Paulo). Usávamos os chamados BBS (Bulletin board system),
“uma forma rudimentar anterior à web (WWW) que permitia
troca de arquivos e comunicação” (Estadão, 2015) via e-mail
ou, como era conhecido na época, o correio eletrônico. (2015,
p.134)

Quais as principais diferenças do acesso e uso da


Internet nos anos 90 e na atualidade?
Para trabalhar com dados atualizados de todo o
mundo, clique aqui.

Se desejar conferir os destaques brasileiros clique


aqui.

Evolução das redes digitais


A contínua ampliação e a evolução de possibilidades de
comunicação, interação e transmissão de dados oferecida pela
Internet proporcionaram mudanças nas suas condições de
acesso e uso. Um de seus princípios é justamente este: evolução
constante. Já em 1997, Marcelo Franco dizia que a internet não
era uma tecnologia pronta. “É como uma cidade que está em

39
permanente construção, cuja vida dos prédios é extremamente
efêmera”. (FRANCO, 1997, p. 83) e em permanente evolução.
A conexão nas redes nos aproxima e integra, mas nos isola
do ambiente, das pessoas e da realidade que fisicamente
habitamos. A presença em rede, sobretudo nas redes sociais,
é viciante, pontual, efêmera e exige permanente conexão com
múltiplos seres, humanos e não humanos (equipamentos,
softwares, aplicativos e muito mais).
A pessoa conectada na atualidade vive, na realidade, em
paralelo. De um lado, tem sua vida analógica, acompanhando
os horários e tempos de cada dia. Tem tempos definidos para
dormir, comer, trabalhar e se divertir. Cumpre calendários
semanais, mensais, anuais. Mas junto com a maioria dessas
ações offline ela também vivencia outra realidade, a virtual. Nela
realiza ações online por meio de seus celulares, tablets, laptops
e outros inúmeros aplicativos. Sua inteligência se apresenta em
forma de linguagem por esses dois meios. Seu mundo é offline
e online. “De certa forma, o jogo Minecraft representa uma
realidade tão verdadeira quanto a das cidades em que vive”.

Tecnologia digital não é ferramenta, mas


linguagem: Revista Educação:
Num mundo de conexões, a educação formal
ainda precisa compreender as relações |
Clique aqui.

Preparing for a future with Artificial


Intelligence | Robin Winsor | Clique aqui.

The most popular social media networks


each year, gloriously animated | Clique aqui.

40
À velocidade das redes, em constante evolução, soma-se
a ampliação contínua do número de usuários conectados. A
imagem deste movimento incessante pode ser observada neste
gráfico animado. Clique, acesse e curta isso!

Aprender em Redes
Ao transportar a cultura das redes para os processos
educacionais, é preciso criar condições para que os participantes
não se sintam isolados, solitários ou perdidos em meio
à multidão de aprendizes virtuais. O aprendizado exige
participação, presença e trocas constantes entre pessoas. As
redes digitais têm plenas possibilidades para viabilizar esses
requisitos, aproximando estudantes, integrando e humanizando
o aprendizado em rede. As condições interativas cada vez mais
envolventes oferecidas pelas redes digitais podem viabilizar o
oferecimento de situações de ensino participativas, com muitas
trocas comunicacionais em um curso virtual. Essas trocas
ocorrem por meio das funcionalidades existentes nas redes
abertas ou em plataformas e outros dos inúmeros tipos de
ambientes virtuais de aprendizagem.
O processo tradicional de ensino destacava o professor e
seus conhecimentos e capacidade de transmitir o que sabia. A
ação didática tinha o realizava-se do mesmo modo unidirecional
e analógico das mídias clássicas. O professor como emissor
de conteúdos e os estudantes como receptores passivos e
reprodutores do saber ministrado.
Ao observamos a sociedade atual, constatamos que esse método
não mais se justifica, uma vez que os papéis sociais mudaram
e as informações podem ser obtidas de forma instantânea
em diferentes tipos de mídia. O rápido desenvolvimento das
tecnologias digitais tem gerado novas formas de interação social
e uma nova relação com o conhecimento.
Para visualizarmos melhor as transformações ocorridas na
educação formal com a incorporação de mediações tecnológicas,
veja o quadro XX a seguir:

41
Quadro 5 - Evolução da Educação e as tecnologias

A observação do Quadro 1 nos mostra à esquerda o modelo


tradicional de ensino (Educação 1.0), presente antes da Revolução
Industrial. Nele, destacava-se o professor, seus conhecimentos
e capacidade de transmitir o que sabia. A ação didática tinha
o realizava-se do mesmo modo unidirecional e analógico das
mídias clássicas. A educação era singular. O professor como
emissor de conteúdos e o estudante como receptor passivo e
reprodutor do saber ministrado.
Com a Revolução Industrial, e a necessidade de formação de
muitos trabalhadores obedientes e bem treinados, criam-se
formas de ensino massivo e repetitivo, mediados por recursos
tecnológicos que garantissem a formação coletiva de estudantes.
Era a fase da Educação 2.0.
O salto tecnológico é dado com a Educação 3.0 e a banalização
do acesso à informação disponibilizada na Internet. O aluno
passa a ser considerado como um aprendiz ativo e participativo,
com capacidades para pesquisar de forma autônoma o que
deseja aprender.
As redes digitais, alteram novamente o cenário formativo,
quando possibilita que as pessoas possam interagir, comunicar
e aprender em colaboração. É a Educação 4.0, o aprender em
redes.
O habitar em rede, como escrevem SCHLEMMER, BACKES,
BITTENCOURT, PALAGI (2021), reúne pessoas e dispositivos

42
digitais em um mesmo conjunto, em colaboração
“...de tal forma que não existe mais o humano aqui e a tecnologia
lá. A sala de informática está na nossa cabeça, na palma das nossas
mãos, no nosso modo de agir, argumentar e pensar”.

A educação 4.0 é, portanto, “ligada, conectada (On) na vida


(LIFE), a partir das problematizações do mundo presente.” (p.
25) Essa perspectiva vai além da tecnologia em si e envolve uma
renovação da dinâmica do trabalho do professor, da escola e de
todo o sistema educacional. Não se trata apenas de ter ou não
ter computador, e sim de levar o habitar em rede, próprio da
sociedade atual, para a escola, ou novos espaços do aprender,
onde quer que estejam.

O Futuro das TDICs e das Aprendizagens.


Não precisamos ir muito distante no tempo para poder
conhecer o que nos espera no futuro das tecnologias digitais
e como irá replicar nas aprendizagens. Vamos considerar uma
evolução tecnológica anunciada, que está muito próxima de ser
viabilizada e disponibilizada no Brasil, a tecnologia 5G. O 5G
trará uma Internet com maior velocidade para baixar e enviar
arquivos (cerca de 100 vezes mais rápido que comparado ao
4G) e conexões mais estáveis e wireless. Com uma internet mais
rápida e estável será possível a evolução de carros autônomos, da
telemedicina, o surgimento de smartphones mais potentes e de
acessórios inteligentes como pulseiras e relógios que ajudarão a
monitorar a saúde. Na educação, irá ocasionar a educação 5.0.
Em termos de dispositivos e softwares, as expectativas
são grandes para o uso do 5G em plataformas virtuais de
aprendizagem e ambientes digitais sem fio no uso de IoT
(Internet das Coisas), o que poderá gerar uma inclusão da
robótica em sala de aula como material didático. Considera-
se também o emprego de realidade aumentada em situações
comuns de ensino. A aprendizagem será capaz de atingir novos
níveis com instrutores holográficos e cenas que saem dos livros
e se tornam realidade.

43
A educação 5.0 é centrada não apenas no avanço dos recursos
digitais, mas na personalização dos procedimentos, empatia,
interações e processos de colaboração nas situações de
aprendizagem e entre os participantes: professores, estudantes
e robôs, ou “tutores inteligentes”, por exemplo. Com resposta
quase em tempo real, o 5G na educação oferece o potencial
para novos caminhos de ensino e envolvimento em sala de
aula, permitindo que os alunos não apenas aprendam como
usar tecnologias avançadas, mas também a como desenvolver
e criar com elas. As possibilidades são infinitas nesta revolução
tecnológica que irá transformar as formas de ensinar e aprender.
Nos últimos anos temos vivido experiências incríveis com
tecnologias inimagináveis há alguns anos. E ainda temos muitas
transformações pela frente. O 5G é uma delas!

Conheça mais sobre o Laboratório


Virtual LabEdif
O LabEdif é um jogo educacional virtual que simula os experimentos
do laboratório de edificações.

O LabEdif é um jogo educacional para PC que está sendo desenvolvido


com o intuito de proporcionar ao jogador vivências no laboratório virtual
de edificações em 3D.

Tecnologias digitais e Políticas Educacionais


É indispensável refletir, ao final desta disciplina, sobre os
problemas e fatores que podem ampliar as desigualdades
educacionais existentes no processo de aprendizagem dos
estudantes brasileiros com o uso cada vez mais potencializado
de tecnologias digitais sofisticadas.
Fazem parte das obrigações das políticas públicas considerar
as melhores condições de acesso e uso das tecnologias digitais

44
em todo o Brasil e para todos os brasileiros. Neste sentido,
no ano 2000 foi publicado o livro “Sociedade da informação
no Brasil: Livro Verde”, organizado por Tadao Takahashi e
resultante da reflexão compartilhada de muitos pesquisadores
da área. Participei desta criação, justamente nas reflexões sobre
Educação na Sociedade da Informação. Logo no início das nossas
reflexões sobre o sentido de educar na Sociedade da Informação,
consideramos que:

... educar em uma sociedade da informação sig-


nifica muito mais que treinar as pessoas para o
uso das tecnologias de informação e comunica-
ção: trata-se de investir na criação de compe-
tências suficientemente amplas que lhes per-
mitam ter uma atuação efetiva na produção
de bens e serviços, tomar decisões fundamen-
tadas no conhecimento, operar com fluência
os novos meios e ferramentas em seu traba-
lho, bem como aplicar criativamente as novas
mídias, seja em usos simples e rotineiros, seja
em aplicações mais sofisticadas. Trata-se tam-
bém de formar os indivíduos para “aprender
a aprender”, de modo a serem capazes de li-
dar positivamente com a contínua e acelera-
da transformação da base tecnológica. (p. 45,
2000)

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), de 2018, prevê o


conhecimento e uso de tecnologias digitais como aprendizagens
essenciais na Educação Básica. Na competência geral 5, o docu-
mento diz ser fundamental na aprendizagem que os estudantes
possam:
“Compreender, utilizar e criar tecnologias
digitais de informação e comunicação de
forma crítica, significativa, reflexiva e éti-
ca nas diversas práticas sociais (incluindo
as escolares) para se comunicar, acessar e
disseminar informações, produzir conhe-
cimentos, resolver problemas e exercer
protagonismo e autoria na vida pessoal e
coletiva.” (BNCC, 2018)

45
Neste sentido a inserção das tecnologias digitais no ensino
é essencial. Sua incorporação, no entanto, requer mudanças
amplas nos projetos pedagógicos das escolas, investimentos
na formação continuada de professores e muitas outras ações.
Em síntese, elas nos orientam para a necessidade do Estado e
dos responsáveis pela Educação no Brasil, além dos professores,
estudantes e toda a sociedade, para a existência das melhores
condições de acesso e uso das TDICs nas instituições de ensino e
mudanças drásticas nos processos formativos.
No próprio site oficial da Base Nacional Comum Curricular, é
dito que:

“É preciso repensar os projetos


pedagógicos com o olhar de utilização
das tecnologias e recursos digitais tanto
como meio, ou seja, como apoio e suporte
à implementação de metodologias
ativas e à promoção de aprendizagens
significativas, quanto como um fim,
promovendo a democratização ao
acesso e incluindo os estudantes no
mundo digital. Para isso, é preciso
fundamentalmente revisitar a proposta
pedagógica da escola e investir na
formação continuada de professores”
(BNCC, 2018).

Compreendemos, portanto, que as TDICs são muito


importantes e precisam estar bem presentes no processo de
formação de todos desde o início da escolarização. Mais, no
entanto, de que um uso acessório como recurso ou ferramenta,
há necessidade de ampliar o sentido de presença e participação
dessas tecnologias nas ações e criações realizadas nos espaços
educativos. Mais do que saber usar este ou aquele equipamento,
é preciso que todos possuam domínio e a fluência tecnológica
necessárias para aprender a aprender e estar preparado para os
novos momentos tecnológicos que virão, em breve.

46
Pesquisa e descubra o que são Redes Sociais.
Uma dica! Veja os logos e tente formular a sua
definição de Redes Sociais. Você consegue, sozinho!
Mas, se preferir, busque na Internet!

Fonte: PngEgg

Síntese da Unidade 4
Nesta unidade compreendemos a importância das redes
digitais na atualidade. Descobrimos que a Internet, chamada a
rede das redes já existia desde 1969 e que ela possibilita muito
mais do que a troca de informações, mas a colaboração e a
integração de ações entre participantes que estão em tempos e
locais distintos.
Vimos a evolução das tecnologias digitais, o surgimento
da Internet e a ampliação incrível do número de redes sociais
existentes e disponíveis na atualidade. Vimos que as redes
servem muito para aprender. Na realidade, elas modelaram
diferentes formatos educacionais que se alteraram de acordo
com o acesso aos meios tecnológicos, mas, principalmente, as
necessidades da sociedade em cada época.
Em uma sociedade conectada, com intenso uso de tecnologias
digitais em todos os setores, além da presença constante na vida
de cada um, era fundamental que a escolarização as integrasse
em seus currículos e projetos de ensino.
A inserção das tecnologias digitais como uma das bases do
BNCC indica a sua importância na formação inicial das mais novas
gerações e na ampliação de formações para que profissionais do
ensino possam se atualizar de forma constante, acompanhando

47
as alterações que as tecnologias apresentam.
Importante é que formação seja inclusiva – em todas as escolas,
para todos os alunos-, que não provoque desigualdades e que
possa garantir a fluência digital indispensável para a participação
de todos na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Dessa forma, consideramos que as tecnologias desempenham
papéis importantes para a formação de cidadãos que estejam em
condições de ação plena e responsável em seu tempo, capazes
de domínio pleno dos meios digitais e que tenham a inclusão e a
justiça social como suas principais prioridades.

Saudação final
E, assim, encerramos essas reflexões sobre as Tecnologias
Digitais de Informação e Comunicação, as TDICs. Espero que
aproveitem, aprendam e possam contribuir para a aprendizagem
de muitas outras pessoas com o que viram na disciplina.
Até outro dia! Boas leituras! Bons Estudos!
Vani Moreira Kenski

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