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Manual de formação
Curso: Definição, classificação e características de diferentes
tipos de licores
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1. ÍNDICE
1. Índice
2. Objetivos
3. Definição, classificação e características de diferentes tipos de licores
3.1.Definição, origem e evolução dos licores
3.1.1. Definição de licor
3.1.1.1. Definição de licor segundo o Regulamento (CE) 110/2008 modificado
pelo Regulamento (UE) 2016/235
3.1.1.2. Definição de licor segundo o Decreto-Lei 257/87 Português e o Real
Decreto 1416/1982 Espanhol
3.1.1.3. Ingredientes utilizados na elaboração de um licor
3.1.2. Origem e evolução dos licores
3.2.Classificação dos licores
3.2.1. Classificação geral de licores
3.2.1.1. Classificação com base na matéria-prima
3.2.1.2. Classificação com base nos processos adotados
3.2.2. Classificação segundo o Regulamento Europeu 110/2008
3.2.3. Classificação segundo o Decreto-Lei Português 257/87
3.2.4. Classificação segundo o Real Decreto Espanhol 1416/1982
3.3.Licores da Península Ibérica
3.3.1. Licores portugueses
3.3.2. Licores espanhóis
3.3.3. Licores com Indicação Geográfica Protegida
4. Bibliografia
5. Autores do curso
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2. OBJETIVOS
No final da ação os formandos deverão ser capazes de:
Entender o conceito de “licor”, a sua origem e evolução;
Conhecer as principais características que definem os diferentes tipos de licores
(quanto às matérias-primas utilizadas, proporções e processos adotados);
Identificar os licores com indicação geográfica protegida (IGP) da Península
Ibérica;
Conhecer os requisitos de composição química exigidos pelo regulamento
Europeu (CE) No 110/2008), Decreto-Lei 257/87 português, Real Decreto
1416/1982 espanhol, assim como pelos requisitos exigidos na regulamentação
dos licores cobertos pelos regimes relativos às indicações geográficas
protegidas.
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3. DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DE
DIFERENTES TIPOS DE LICORES
Os licores são um tipo de bebida alcoólica destilada bastante apreciada em todo o mundo.
A palavra licor provém do termo “liquifacere” e significa fundido ou dissolvido em líquido. A
definição de licor é bastante variada, tendo cada autor a sua própria definição. Para Tritton
(1975), licores são líquidos alcoólicos adoçados e com ingredientes que produzem sabor,
podendo alguns deles possuir valor medicinal. Murphy (2013) define licores como bebidas
açucaradas que são aromatizadas pela adição de especiarias, folhas e flores de plantas. Já
outros autores definem os licores como produtos obtidos pela maceração em solução
hidroalcoólica açucarada da fruta madura, do seu sumo ou cascas, ou ainda, como uma
solução hidroalcoólica na qual se adiciona uma substância com predomínio aromático (que
confere aroma e sabor) e diversos constituintes em proporções determinadas.
Contudo, todos eles mencionam os elementos principais de um licor como uma bebida dita
“por mistura” e composta por uma fonte alcoólica, uma fonte de sabor, e uma fonte de
açúcar.
Num sentido poético, os licores são obras próximas da magia ou alquimia. Trata-se de
bebidas que tinham como qualidade alterar o ânimo e proporcionar prazer. Num sentido
mais prático, são bebidas alcoólicas obtidas por destilação, maceração ou infusão de
diversas substâncias naturais, com álcoois autorizados, ou por adição aos mesmos de
extratos aromáticos, essências ou aromas permitidos (ou pela combinação de ambos os
procedimentos). São bebidas conhecidas, essencialmente, pelos inúmeros aromas que
agradam o paladar.
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a) Ter um teor mínimo de açúcar, expresso em açúcar invertido, de 70 g/L para os
licores de cereja cujo álcool etílico consista exclusivamente em aguardente de
cereja; 80 g/L para os licores de genciana ou similares elaborados
exclusivamente com genciana ou plantas similares como única substância
aromatizante; e 100 g/L nos restantes casos;
b) Ser obtido utilizando álcool etílico de origem agrícola, ou um destilado de
origem agrícola, ou uma ou mais bebidas espirituosas, ou uma mistura dessas
bebidas, edulcorada e à qual são adicionados um ou mais aromatizantes,
produtos de origem agrícola ou géneros alimentícios;
c) Ter um teor alcoólico mínimo de 15 % volume;
d) Na sua preparação apenas podem ser utilizadas substâncias e preparados
aromatizantes naturais (ou idênticos, com algumas exceções) definidos na
Diretiva 88/388/CEE.
a) Ter um teor alcoólico em volume, a 20 ºC: mínimo de 15 % nos licores com leite,
natas ou ovos e de 20 % nos outros licores;
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b) Com uma quantidade mínima de açúcares totais de 420 g/L nos licores creme, e 105
g/L nos outros licores;
c) Com um extrato seco total mínimo de 400 g/L nos licores creme e de 100 g/L nos
outros licores;
d) E finalmente uma quantidade máxima de ácido cianídrico de 40 mg/L de álcool
absoluto.
Em Espanha, e segundo o Real Decreto 1416/1982 espanhol, licores são bebidas obtidas
por maceração em álcool de substâncias vegetais aromáticas e posterior destilação ou pela
simples adição dos extratos dessas substâncias em álcoois ou aguardentes, ou combinando
ambos os procedimentos, coloridos ou não, e adoçados com sacarose, açúcar de uva,
mosto ou mel com os seguintes requisitos:
Como podemos ver, um licor é uma bebida de mistura. Tal significa que para produzir um
licor, é necessário misturar os ingredientes necessários. De uma forma geral, um licor é
constituído por quatro ingredientes base – álcool, agente aromatizante, açúcar e água –
podendo, em alguns casos, ser-lhe adicionado um corante.
O álcool, utilizado como solvente para extração dos aromas, é a matéria-prima do licor mais
importante, pois interfere diretamente na sua qualidade. Deve ser de origem agrícola e de
boa qualidade, de preferência o mais neutro possível, para não ocultar os aromas das
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substâncias aromatizantes, embora também seja muito comum o uso de álcool com aromas
como é o caso da aguardente de frutas, que contribui para uma maior complexidade
aromática no produto final. Relativamente ao álcool de origem agrícola, este é produzido
por fermentação a partir de amido, açúcares e outros hidratos de carbono e purificado por
destilação. São fontes de álcool: álcool de cereais (milho (corn whiskey), cevada (single
malt), arroz (Sochu, etc)), cana-de-açúcar (cachaça), fermentação do melaço e outros
derivados da produção de açúcar (rum), beterraba, batata, e frutas como uva (brandy),
bagaço (bagaceira, orujo, grappa, etc), figo (aguardente de figo), pera (aguardente de pera),
sidra (aguardente de sidra), cereja (Kirschwasser), etc. Existem algumas recomendações
referentes ao tipo de álcool a utilizar:
O açúcar (sacarose), além de conservante, tem como objetivo adoçar o licor e torná-lo mais
viscoso. O mais recomendado é o açúcar invertido – xarope quimicamente produzido a
partir da sacarose – mais conhecido como “açúcar líquido”, porque não cristaliza no gargalo
da garrafa quando esta é aberta. Muitas vezes utiliza-se o açúcar branco refinado porque é
muito puro e encontra-se disponível no mercado. A combinação entre o teor alcoólico e
teor de açúcar desempenham um papel fundamental quanto à aceitação do licor por parte
dos consumidores.
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Há algumas recomendações que podem ser tidas em conta:
Dado que os licores são destinados ao consumo humano, a água adicionada diretamente ao
licor ou ao xarope de açúcar, tem de ser pura e de ótima qualidade, ainda mais nos licores
que são preparados por processos a frio, isto é, naqueles em que não há tratamento
térmico algum. Desta forma, a água deverá ser potável, filtrada ou destilada. As águas duras
devem ser evitadas, dado que provocam a turvação do licor.
No que toca a origem dos licores, o seu aparecimento remonta de tempos imemoriais.
Consta que já nas tumbas do velho Egito, foram encontradas receitas de licores que eram
usados como produtos medicinais, especialmente para problemas digestivos. Na época
medieval, os famosos cozinheiros usavam os licores como aromatizantes, para disfarçar o
aroma das carnes em más condições, assim como de alguns vegetais. Eram, igualmente,
usados em bolos de creme e sobremesas devido à sua doçura.
No século XIII, os licores eram apenas medicamentos açucarados misturados com sumo de
fruta para mascarar o gosto dos medicamentos. Nesse mesmo século, o alquimista Arnau
de Vilanova introduziu esta novidade na história das bebidas alcoólicas. Vilanova fez um
verdadeiro tratado sobre a maceração de plantas no álcool, ao descobrir a forma de
capturar os aromas das plantas e por ser o primeiro a escrever receitas de licores
medicinais.
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misturas, conseguiram superar os italianos na arte de fabrico do licor. Em 1570, o licor foi
introduzido na Alemanha. Entre os séculos XIV e XVII, foram produzidos por alquimistas e
monges vários tipos de licores. Os monges e alquimistas faziam destilações, numa
atmosfera de magia, tentando descobrir um elixir que lhes desse a eternidade. Consta que
este sistema contribuiu para o aparecimento de muitos licores que são hoje famosos,
especialmente alguns feitos à base de plantas. Por exemplo, o Bénédictine, um licor
elaborado pela ordem monástica dos beneditinos, produzido numa remota região francesa,
cuja formulação é mantida desde 1510 e que, provavelmente contém plantas medicinais.
Nos dias de hoje, a produção deste licor já não tem qualquer ligação religiosa. Outro licor
bastante conhecido produzido ainda por ordem religiosa é o Chartreuse. Trata-se de um
licor produzido desde 1607 no mosteiro de Chartreuse, no norte da França, e é conhecido,
desde esses tempos, como o “elixir de uma vida longa”. A sua receita é uma das mais bem
guardadas que existe, sendo apenas conhecida por dois monges do mosteiro. A mistura de
mais de 130 plantas faz do Chartreuse um licor único, pois não utiliza nenhum produto
artificial, inclusive são as plantas naturais utilizadas que lhe dão a famosa cor verde. O dito
fundamental na história moderna dos licores deve-se a Edouard Adam que, nos finais do
século XIX, inventou o método para retificar o álcool. Adam recorreu a uma segunda
destilação para eliminar o mau sabor, que até então era ocultado através da técnica de
maceração de flores e frutos.
• Segundo Vacca et al. (2003), o licor de mirtilo é bastante rico em polifenóis, sendo
que a quantidade e o tipo de fenóis nestes licores comercializados variam. Os
polifenóis variam entre 300 e 1300 mg/L, o índice de vanilina entre 6 e 100 mg/L e
as proantocianidinas entre 20 e mais de 1000 mg/L. A capacidade antioxidante do
licor de mirtilo deste estudo demonstrou ser muito semelhante à capacidade
antioxidante de um bom vinho tinto.
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• Stampar et al. (2005) investigaram a composição fenólica do licor de noz. Foram
identificados treze compostos fenólicos nas cascas deste fruto: ácido clorogénico,
ácido cafeico, ácido ferúlico, ácido sinápico, ácido gálico, ácido elágico, ácido
protocatecuico, ácido siríngeo, ácido vanílico, catequina, epicatequina, miricetina e
juglona. No licor de nozes, foi também identificada a 1,4-naftoquinona. A juglona é
um composto fenólico conhecido pelo seu papel antimicrobiano e anticancerígeno.
O ácido gálico e os flavonoides possuem propriedades cardioprotetoras e auxiliam
no combate ao colesterol.
Embora estes estudos demonstrem que estas bebidas têm na sua composição compostos
com propriedades benéficas à saúde humana, a temática das bebidas alcoólicas é muito
polémica, pois se por um lado é reconhecido que a ingestão de uma pequena quantidade
diária destas bebidas pode ter efeitos positivos na saúde humana em adultos, por outro, o
seu consumo excessivo causa graves problemas, tanto de saúde como sociais. Mais de 100
estudos demonstram que o consumo de álcool (1 copo por dia para as mulheres e 1 ou 2
para os homens) está associado a uma redução do risco de mortalidade, doença coronária,
diabetes mellitus e ataque cardíaco (Goldberg et al., 2001; O’Keefe et al., 2014). Porém, o
consumo de níveis mais elevados de álcool (mais de 4 copos por dia) pode aumentam
bastante o risco de hipertensão, doenças cardiovasculares e cancro (Goldberg et al., 2001;
Scoccianti et al., 2015). Além disso, certas substâncias podem ser prejudiciais quando
consumidas em excesso. Um dos exemplos que podemos realçar é o caso do estragol do
funcho utilizado em licores, que pode ser carcinogénico.
A maior fonte de variação dos licores está relacionada com a escolha do aroma e com o tipo
de extração. A obtenção do aroma vai desde a utilização de essências adquiridas no
mercado, até à sua extração por processos de maceração alcoólica, seguidos ou não de
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destilação. As matérias-primas aromáticas de fabrico podem ser essencialmente plantas,
frutos, essências, natas, leite ou outros produtos lácteos e ovos.
• Licores à base de plantas: Existe uma enorme variedade de licores à base de plantas,
feitos com receitas em que vários aromas e sabores são combinados de uma
maneira única. A maioria dessas bebidas é preparada com uma enorme quantidade
de diferentes plantas. Os princípios ativos das plantas são extraídos por maceração,
percolação, infusão, decocção e destilação. Os licores à base de plantas são
recomendados pelo seu poder digestivo.
• Licores à base de frutas: No fabrico de licores à base de frutas, o método mais
comum é a infusão ou maceração alcoólica, que consiste em deixar a fruta dentro
de uma solução hidroalcoólica por um determinado período, fazendo-se
posteriormente uma filtração e adição de xarope. O tempo de infusão das frutas
varia de fruta para fruta. A literatura recomenda, por exemplo, 15 dias para a
banana, 3 dias para a jabuticaba, 2 meses para a laranja, entre outros casos. São
licores que possuem um grau alcoólico em torno de 25 % em volume e cerca de 150
g/L de açúcar. Os licores elaborados com frutas cítricas devem ter um teor alcoólico
mais elevado.
• Licores à base de essências: O licor produzido por essência não passa pela etapa de
maceração e ocorre simplesmente uma mistura da essência, álcool e xarope. Este é
o caso de alguns licores comerciais e daqueles cuja matéria-prima não propicia o
processo de maceração.
• Licores à base e natas, leite ou outros produtos lácteos: Estes licores têm na sua
composição produtos lácteos, caseinato de sódio, açúcar, emulsificantes, corantes e
flavorizantes, entre outros ingredientes normalmente necessários para balancear o
flavour dos constituintes do leite, apareceram mais recentemente e são
caracterizados pela sua consistência. Embora o uso de natas, leite ou outros
produtos lácteos já fosse usado em imensas composições de bar, só a partir do ano
de 1974 se aperfeiçoou a técnica de combinar um espírito com as natas sem que
estas acidificassem. Os Cream Liqueurs não devem ser confundidos com o tipo
Créme Liqueurs, que não incluem natas na sua composição. Os Cream Liqueurs têm
um teor alcoólico mais baixo do que os outros tipos de licor.
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c) Classificação atendendo à proporção de matéria-prima utilizada – o álcool
3.2.1.2. Classificação com base nos processos adotados – método de extração dos compostos
das matérias-primas aromatizantes
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fabricados por este processo entram os seguintes elementos: água, álcool, açúcar,
essências e corantes.
• Crème de cassis: licor de groselha-negra com um teor mínimo de açúcar de 400 g/L
(expresso em açúcar invertido) e com um título alcoométrico volúmico mínimo de
15 %. A denominação de venda pode ser completada pelo termo «licor».
• Punch au rhum: licor cujo teor alcoólico provém exclusivamente do rum. O título
alcoométrico volúmico mínimo é de 15 % e a denominação de venda pode ser
completada pelo termo «licor».
• Sloe gin: licor obtido por maceração de abrunhos-bravos em gin, com eventual
adição de sumo desses frutos. O título alcoométrico volúmico mínimo é de 25 % e
na sua elaboração só podem ser utilizados substâncias aromatizantes naturais. A
denominação de venda pode ser completada pelo termo «licor».
• Sambuca: licor incolor aromatizado com anis, contendo destilados de anis verde
(Pimpinella anisum L.), de anis estrelado (Illicium verum L.) ou de outras plantas
aromáticas. Deve ter um teor mínimo de açúcar equivalente de 350 g/L (expresso
em açúcar invertido), um teor de anetol natural mínimo de 1 g/L e máximo de 2 g/L
e um título alcoométrico volúmico mínimo de 38 %. A denominação de venda pode
ser completada pelo termo «licor».
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de 250 g/L (expresso em açúcar invertido) e título alcoométrico volúmico mínimo de
24 %. A denominação de venda pode ser completada pelo termo «licor».
Segundo o decreto-lei português, a denominação dos licores tem como critério base a
natureza da matéria-prima aromatizante:
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• Licores naturais: a palavra «licor» de ser seguida do nome da planta, parte da
planta, aromatizante natural ou equivalente de síntese que lhe confere o aroma, ou
da região onde é tradicionalmente fabricado.
• «Licor imitação» ou «Licor fantasia»: a palavra «licor» deve ser acompanhada da
indicação do aromatizante artificial. Em ambos os tipos de bebida referidos
anteriormente, à palavra «licor» pode seguir-se o qualificativo «creme» sempre que
os produtos apresentem extrato seco total e açúcares totais dentro dos limites
fixados para os «licores creme», por conterem elevado teor de açúcares.
Das 3800 espécies identificadas na flora Portuguesa, cerca de 500 são aromáticas e
medicinais. Em Espanha, cultivam-se de forma convencional e ecológica, cerca de 7000
hectares deste tipo de plantas. As plantas aromáticas e medicinais são utilizadas desde
tempos imemoriais, sendo parte integrante do nosso dia-a-dia. São utilizadas na culinária,
como condimento, infusões e licores, em aromoterapia, em fitoterapia, em perfumaria e
cosmética, entre outras aplicações. As famílias Lamiaceae, Rosaceae, e Apiaceae estão
entre as cinco famílias com o maior número de plantas silvestres comestíveis utilizadas com
fins alimentares e medicinais nos países mediterrânicos. Plantas como o poejo, a hortelã e o
funcho, pertencentes a estas famílias, são usuais no fabrico de licores.
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Para além das plantas aromáticas, a região mediterrânica é rica, também, numa diversidade
de árvores de fruto que são bastante usuais na confeção de licores, nomeadamente
alfarrobeiras, figueiras, medronheiros, laranjeiras, nogueiras, amendoeiras, cerejeira,
ameixeira, ginjeiras, entre outras. Na Península Ibérica, a laranja é o fruto que mais se
destaca em termos de produção. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura, dados referentes do ano de 2016, evidenciam que em Portugal,
se produziu quase 300 000 toneladas de laranja, o que equivale a mais de 16 000 hectares,
maioritariamente localizados no Algarve. Em Espanha, a laranjeira possui igual importância
a nível nacional, com uma produção de 151 487 toneladas de laranjas nesse ano. O
morango e a pera encontram-se com um nível de produção muito semelhante em Espanha,
ocupando o segundo lugar na produção frutífera, com cerca de 366 000 toneladas. Numa
quantidade um pouco mais reduzida, segue-se a amêndoa com 202 339 toneladas
ocupando, assim, o terceiro lugar em termos de produção. Em Portugal, a pera é,
igualmente, o segundo fruto mais produzido (com 137 805 toneladas) nesse ano. Com uma
produção superior à encontrada em Espanha (26 185 toneladas), a alfarroba aparece em
destaque em território português, com uma produção de 40 385 toneladas em 2016.
Todas estas plantas e frutos oferecem ao nosso organismo uma série de elementos
nutritivos de alto valor biológico, vitaminas, sais minerais e muitas outras substâncias ativas
com propriedades preventivas e curativas. Deste modo, o uso destas plantas e frutos, assim
como a utilização de diferentes técnicas no fabrico dos licores, podem proporcionar a
transferência destes compostos e suas propriedades inerentes à bebida final.
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Amarguinha. Estes licores regionais são de grande produção, ocupando o 2.º e o 3.º lugar
respetivamente entre os licores portugueses com maior volume de vendas. Entre os licores
nacionais mais famosos, destaca-se Carranca Redondo para o Licor Beirão (líder do setor);
Neto Costa para o Licor Tijuana; e para o licor de café, Tia Anica da empresa Catuna & Silva.
Dados de 2014 demonstram que houve uma redução de vendas do setor de bebidas
espirituosas espanhol durante cerca de dez anos consecutivos, tendo havido uma redução
de 38 % desde 2008 a 2014. Contudo, dados disponibilizados em 2016 pela Federação
Espanhola de Bebidas Espirituosas (FEBE) evidenciam que as vendas de bebidas alcoólicas
estão a aumentar novamente devido ao aumento do turismo, das exportações e da
profissionalização do comércio hoteleiro. Em 2016, houve um aumento de 4 % de
destilados em Espanha, atingindo os 214 milhões de litros vendidos, representando as
exportações 40 % do total produzido. O valor total de bebidas espirituosas ronda em torno
de 7 400 milhões de euros (cerca de 0,7 % do PIB espanhol).
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Parlamento Europeu e do Conselho de 15 de janeiro de 2008 relativo à definição,
designação, apresentação, rotulagem e proteção das indicações geográficas das bebidas
espirituosas, as indicações geográficas deverão constar de um registo que identifique as
bebidas espirituosas como sendo originárias do território de um país, ou de uma região ou
lugar desse território, sempre que determinada qualidade, reputação ou outra
característica da bebida espirituosa seja essencialmente imputável à sua origem geográfica.
Neste momento, em Portugal, o único licor com designação IGP registado e protegido é a
Poncha da Madeira.
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Em Espanha existem cinco licores com designação IGP registados e protegidos. São eles, o
Palo de Mallorca, o Ratafía Catalana, o Cantueso Alicantino, o Licor café de Galicia e o Licor
de hierbas de Galicia.
Palo de Mallorca é um licor produzido em toda a zona de Maiorca, elaborado por infusão
e/ou maceração de quina (género Chinchona L.) e genciana (Gentiana lutea L.). O seu teor
alcoólico deve encontrar-se entre 25 e 36 % em volume. Não é permitida a utilização de
quaisquer óleos essenciais ou corantes artificiais.
Ratafía Catalana é um licor tradicional da Catalunha, composto por nozes verdes e uma
grande variedade de plantas aromáticas. O seu teor alcoólico deve estar entre 26-29 % em
volume e o teor de açúcar entre 200-300 g/L para a Ratafía Catalana e máximo 23 % em
volume de teor alcoólico e 100-200 g/L de açúcar para a Ratafía Catalana ligeira. Para
reforçar a sua cor, pode utilizar-se caramelo como fonte de açúcar. Uma peculiaridade
deste licor é o seu envelhecimento em madeira durante pelo menos 3 meses.
Licor de café de Galicia é um licor elaborado a partir de aguardentes com IGP Orujo de
Galicia e álcool etílico de origem agrícola. É produzido através da maceração de café
torrado natural. A sua textura é cremosa e densa, com um sabor doce a café e cacau. O seu
teor de açúcar é de, pelo menos, 100 g/L e o grau alcoólico volumétrico está entre 15-40 %.
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No seu livro Wine and Spirits Andre L. Simon (1961) profere: “Na preparação do vinho…
o homem intervém apenas na arte de fazer o melhor uso possível daquilo que a
Natureza lhe dá … mas na elaboração dos licores, o homem possui um campo muito
maior para exercitar a sua criatividade; ele tem a liberdade de dar ao licor praticamente
qualquer tonalidade e cor que ele ache melhor para atrair a atenção, aumentar a
curiosidade e agradar aos olhos; ele tem, também, ao seu dispor todas as frutas do
mundo das quais ele pode extrair uma variedade quase ilimitada de aromas e sabores,
podendo, consequentemente, agradar até os mais exigentes gostos.”
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Dissertação de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal
de Viçosa. Acedido em 07 de fevereiro de 2018, em
http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/9077.
22. Tritton S.M., (1975). Spirits, Aperitifs and Liqueurs: their production. London: Faberand
Faber Ltda.
23. Vacca V., Piga A., Del Caro A., Fenu P.A.M., Agabbio M., (2003). Changes in phenolic
compounds, colour and antioxidant activity in industrial red myrtle liqueurs during
storage. Nahrung 47: 442-447.
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5. AUTORES DO CURSO
Anabela Romano
Associate Professor with Habilitation
aromano@ualg.pt
2005: Habilitation in Biotechnology, University of Algarve, Faro, Portugal
1994: PhD in Biology - Plant Biotechnology, University of Lisbon, Portugal
1990: Degree in Biology, University of Lisbon, Portugal
Inês Mansinhos
Research Fellow
ifmansinhos@ualg.pt
2017: MSc in Biochemistry - Faculty of Science and Technology,
University of Coimbra, Portugal
2014: Degree in Biotechnology, ESAC, IPC, Coimbra, Portugal
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