Você está na página 1de 1

m

comete crime por força da anomalia psíquica, a generalidade dos membros da comunidade
jurídica não sente o crime como violação da norma – há justificação por anomalia psíquica;
não se quebra a relação de confiança quanto à validade das normas.
Em segundo lugar, o agente tem de ser criminalmente perigoso, sendo este juízo sobre
o agente feito pelo juiz do julgamento no momento da condenação. O agente pode já não
ser criminalmente perigoso nesse momento e, aí, já não se pode aplicar a medida de
segurança.
Em suma, a medida de segurança prevista no art. 91º, quando aplicada nos termos do
artigo 20º/1 segue apenas medidas de prevenção especial positiva.
Se for aplicada nos termos do art. 20º/2, já é possível entender que se prossigam
finalidades de prevenção geral autónoma (porque é alguém considerado inimputável, mas
que, verdadeiramente, é agente de imputabilidade diminuída).
4.3. Duração das medidas de segurança
Como o pressuposto é a perigosidade criminal do agente e como a medida de segurança
vive em redor desta ideia perigosidade criminal, a regra é a do art. 92º/1: o internamento
finda quando o tribunal entende que cessou a perigosidade criminal do agente.
Não têm, então, uma duração determinada – ao contrário das penas.
A declaração de inimputabilidade depende do facto praticado e do momento em que
foi praticado – e nunca posteriormente à prática do facto (não existe inimputabilidade
superveniente).
Há, porém, um limite máximo (art. 92º/2 CP E 30º/1 CRP): nunca pode ir além do
limite máximo da pena aplicada ao crime correspondente.
Um erro comum nos nossos tribunais era não compreender que um inimputável não pode praticar
um homicídio qualificado, porque os 25 anos dependem da culpa. Um inimputável não tem culpa,
não pode cometer um crime qualificado, portanto só poderá cumprir os 16.
Quanto ao limite máximo, só existe quando estamos perante um inimputável de
imputabilidade diminuída.
Apesar do art. 30º/1 CRP dizer que não há medidas de segurança indeterminadas ou
indefinidas, o próprio nº 2 admite que, em casos de anomalia psíquica, a medida de
segurança possa ser prorrogada por decisão judicial por períodos sucessivos de 2 anos.
Esta solução acaba por ser criticável: no fundo, é uma solução discriminatória daqueles
que são considerados inimputáveis. Um imputável é sempre libertado, mesmo que se
considere que ele continua criminalmente perigoso – portanto, do nosso ponto de vista,
deviam rever a CRP e eliminar este artigo.
No fundo, considera-se que as medidas de segurança fundadas em anomalia psíquica e
a perigosidade que dela advém existem para o bem da pessoa com anomalia psíquica

Você também pode gostar