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Filosofia

A AÇÃO HUMANA

Ação Voluntária:
Envolve a participação ativa de um sujeito autónomo que, antes de agir, pondera os
seus atos, escolhe os meios de os praticar e pensa, de modo responsável, nas
consequências que podem advir.

Ação Involuntária:
Dispensa a intervenção da vontade livre, sendo executada de forma automática e
habitual. Diz respeito a atos como os reflexos simples, as reações habituais e os que
garantem o funcionamento dos nossos órgãos internos.
Exemplo: dormir é uma atividade involuntária.

Análise do Ato Voluntário:


Os elementos que a psicologia tradicional distingue a análise o ato voluntário.
São os seguintes: conceção, deliberação, decisão e execução.
 Conceção, também designada por projetos, consiste na representação de um
objetivo ou fim de alcançar.
 Deliberação, consiste na ponderação das vantagens e inconvenientes de uma
determinada ação.
 Decisão, é a escolha ou determinação da vontade por uma conduta entre várias
possíveis.
 Execução, é a concretização do que se decidiu fazer.

Atos Humanos:
 São conscientes
 São voluntários
 São intencionais

Intencionalidade:
Relação entre a mente ou consciência e o objeto para que está orientada. Descobrir
essas intenções é compreender quais os motivos e fins que levaram o sujeito a agir, o
mesmo é ficar a conhecer o quê e o porquê da ação.

1 Micaela Sapinho
fazer  agir
O termos ação e agir designam apenas os comportamentos:
 Intencionais
 Conscientes
 Voluntários
Está excluído de conceito da ação:
 O que os animais fazem
 Os movimentos que fazemos a dormir
 As reações automáticas (fisiológicas ou psicológicas)

Ação e Acontecimento
Constipar-se não é uma ação, porque:
 Constipar-se é algo que acontece a uma pessoa;
 Não há interferências da sua vontade;

Ir voluntariamente à farmácia é uma ação, porque:


 Resulta de deliberação (vou ou não vou?)
 Há decisão voluntária (vou!)
 Há uma intenção (comprar um medicamento)
 Há um motivo (estar doente)

AÇÃO:
É uma interferência consciente e voluntária do agente no normal decurso das coisas
que, sem essa interferência, seguiram um caminho distinto.

A expressão verbal do juízo é a proposição, que varia consoante a língua em que nos
exprimimos. As proposições são sempre afirmações ou negações, isto é, são frases
declarativas. Se interrogarmos, se damos ordens, se produzimos exclamações, se
fazemos promessas, não estamos perante proposições.

2 Micaela Sapinho
Liberdade, determinismo ou livre arbítrio?
Em que condições uma ação deve ser considerada livre e em que condições não o é?
Livre-arbítrio Determinismo

Determinismo: um agente pratica livremente uma ação x se e somente se:


 Tem ao seu dispor mais do que um curso alternativo de ação;
 Está sob o seu controlo (apenas dependente dele) praticar ou não a ação.

Liberdade (determinismo)
 É sinónimo de autodeterminação;
 Exemplos de comportamentos NÃO LIVRES: cleptomania.

Mas em que consiste um acontecimento ser causa de outro, ou um acontecimento


ser efeito de outro?

Heitor optou inevitavelmente, uma vez que, o seu comportamento é determinado por
fatores que não controla (não há livre-arbítrio, mas sim determinismo)
 Heitor não podia ter agido de outro modo!

Mas, afinal, o que é o determinismo?


 É a conceção acerca do modo como se processa a relação entre as causas e os
efeitos que observamos na natureza;
 Consiste em defender que todo o acontecimento B tem como causa um
acontecimento anterior A, de tal modo que, segundo as leis da gravidade, B é
uma consequência inevitável de A, sendo as leis da natureza, o que são, e
tendo-se verificado A, é impossível não ocorrer B;
 A ocorrência do acontecimento x é uma consequência inevitável (e não apenas
provável) das causas que o antecederam, em conjunto com as leis da natureza.

Livre-arbítrio:
 Possibilidade de escolha e de autodeterminação;
 Ato voluntário, autónomo, independente de qualquer constrangimento e
coação externa ou interna;
 Vontade livre e responsável de um agente racional;

Condicionantes:
 Força da gravidade: não sou livre de voar
 Nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos = BI Genético
 Instintos incontroláveis: fome, sede, etc
 Ação da sociedade e cultura sobre cada um de nós!
3 Micaela Sapinho
PROBLEMA!
 As ações humanas são inevitáveis!
 Se são definidas por forças externas e internas, teremos de negar a liberdade e
responsabilidade do agente – só pode ser culpabilizado o agente que podia ter
agido de outra maneira.

Problema do livre-arbítrio:
 Compatibilizar a liberdade humana com outras forças que a parecem anular.

É o livre-arbítrio compatível com o determinismo?


Supomos que somos seres dotados de livre-arbítrio.
Mas podemos, de facto, fazer opções?

TEORIAS ACERCA DO PROBLEMA DO LIVRE-ARBÍTRIO:


 Determinismo radical (incompatibilismo)
 Indeterminismo
 Determinismo moderado (compatibilismo)
 Libertismo

DETERMINISMO /DETERMINISMO RADICAL (incompatibilismo)


 É a doutrina segundo a qual tudo o que acontece tem uma causa, ou seja,
todos e cada um dos fenómenos estão submetidos às leis naturais de caráter
causal;
 Causa-efeito: para qualquer acontecimento existe uma causa, de tal modo que
dado causa seguir-se-á ao acontecimento, isto é, o efeito não existiria sem a
causa, e não pode derivar da causa;
 Todos os acontecimentos dependem sucessiva e necessariamente das suas
causas de tal modo que um acontecimento pode ser simultaneamente efeito
de uma causa e causa de outro efeito;
 Se tudo o que fazemos é determinado por uma causa necessária, então, tudo o
que fazemos é inevitável, não podíamos ter feito de outra maneira;
 Considerar que tudo no mundo obedece a um conjunto de leis naturais e que
nem a ação humana escapa ao determinismo tem como consequência a
negação do livre-arbítrio;
 O determinismo radical defende, assim, o incompatibilismo entre a liberdade e
o determinismo natural.

4 Micaela Sapinho
DETERMINISMO MODERADO (compatibilismo)
 Aceita o determinismo no mundo natural, mas defende que existe espaço para
liberdade e para a responsabilidade humana;
 Tudo no mundo natural é determinado, mas as ações humanas são livres, por
serem determinadas mas não são constrangidas;
 Mesmo que as nossas ações sejam causadas, podemos sempre agir de outro
modo, se assim o escolhermos. Isto é suficiente para podermos ser
responsabilizados e/ou culpabilizados por uma ação inaceitável;
 Parte de conceito comum de liberdade aceita a convicção de que poderíamos
ter feito outra coisa se o tivéssemos escolhido;
 No mundo todos os fenómenos são casualmente relacionados;
 A vontade humana, igualmente determinada, é livre quando não for obrigada a
escolher, sob ameaça (de uma arma, por exemplo);
 O determinismo moderado defende a compatibilidade entre a liberdade e o
determinismo;

INDETERMINISMO
 O indeterminismo é a corrente que defende a impossibilidade de prever os
fenómenos a partir de causas determinantes, introduzindo-as noções de acaso
e de aleatório;
 Se as nossas ações forem mero fruto do acaso ou do aleatório, causais, então o
agente não é responsável;
 Para a física quântica é, assim, impossível prever o comportamento de um dado
sistema de partículas com exatidão, pode apenas atribuir-lhe um grau de
estatístico ou probabilidade;
 Podemos admitir que o indeterminismo que rege o mundo das micro-partículas
também se aplica à vontade humana;
 Quer se admita que as ações são determinadas, quer se admita que são
indeterminadas, e, por isso, imprevisíveis, não há espaço, nos dois casos, para a
liberdade e para a responsabilidade;
 Uma vez que não há indeterminismo na Natureza, o indeterminismo defende
que as nossas ações não são determinadas.

5 Micaela Sapinho
LIBERTISMO
 É a corrente que defende, de modo mais radical, o livre-arbítrio e a
responsabilidade do ser humano;
 Para defender a liberdade de escolha, considera-se que esta nem é
casualmente determinada (determinismo) nem é aleatória (indeterminismo);
 O agente tem o poder de interferir no curso normal das coisas pela sua
capacidade racional e deliberativa;
 O agente não é determinado: ele tem o poder de se autodeterminar. Para tal
defende-se a dualidade entre o corpo e a mente e considera-se que esta última
está acima ou fora da causalidade do mundo natural;
 O corpo do sujeito pode até ser determinado por causas necessárias, mas a
mente não está determinada, ela autodetermina-se;
 O libertismo afirma que as ações humanas nem são determinadas nem
aleatórias, resultam de deliberações racionais e podem alterar o curso dos
acontecimentos no mundo.

ORGANOGRAMA CONCEPTUAL
Incompatibilismo Compatibilismo ou
ou determinismo Indeterminismo determinismo Libertarismo
radical moderado
As escolhas
Leis causais regem
O livre-arbítrio é Acontecimentos humanas não são
o mundo.
incompatível com a como estudos determinadas nem
A ação humana é
conceção de um mentais são aleatórias.
livre: determinada,
mundo regido por aleatórios (sem Resultam da
mas não
leis causais. causa). deliberação
constrangida.
racional.

6 Micaela Sapinho
OS VALORES

A criatividade é a consequência do exercício da liberdade!


A ausência de repressão é a condição que favorece a criatividade.

Tabela de Valores
Um horizonte axiológico, uma tabela de
 Família
valores, é a condição indispensável para
 Amizade
exercer a liberdade!
 Amor
 Carreira

 A lei adquire sentido pela liberdade axiológica, sem ela é a nossa morte!
 Quando o cumprimento da lei é a obrigação, perde todo o sentido.
AXIOLOGIA
 As decisões do ser humano (liberdade e responsabilidade) fazem-se em função
de motivos, desejos, crenças e valores;
 A ciência que estuda os valores chama-se axiologia.

Axiologia (axios: valor + logos: estudo)


etimologicamente significa “teoria do valor”, “estudo do valor” ou “ciência do valor”.

CULTURA, O QUE É?
 Significa todo o conjunto de comportamento tradicional que é aprendido
sucessivamente, por cada geração.
 Modelos de pensar, agir e sentir.
 É inerente ao ser humano, que possui natureza social.
 É a busca de conhecimento sobre a natureza humana.

Sociedades multiculturais:
Onde diferentes culturas coexistem, mas não necessariamente se relacionam.

Sociedades interculturais:
Onde os elementos de diferentes culturas interagem sabendo que possuem
identidades culturais não esquecendo os riscos de uma possível não estabilização e
conflitos.

7 Micaela Sapinho
See yourself as others see you! (competência cultural)
 A habilidade de nos vermos como os outros nos veem, de responder e interagir
com eles diante dessa perspetiva.

As políticas dos Talibãs para as mulheres são aceitáveis no início do século XXI?
Esta pergunta evoca diferentes tipos de opiniões, algumas bastante controversas.
No meu ponto de vista e no ponto de vista da maioria dos jovens europeus, estas
políticas não são aceitáveis no século XXI, pois na sociedade onde vivemos as mulheres
têm exatamente os mesmos direitos, deveres e privilégios que os homens. Sendo-nos
difícil de pensar na maneira como as mulheres vivem nesses países, sem poder ir à rua
se não tiverem um homem que as acompanhe ou se não estiverem completamente
tapadas da cabeça aos pés.
No entanto, noutro ponto de vista, no ponto de vista de jovens árabes, estas políticas
são aceitáveis porque sempre foram, e porque fazem parte de uma determinada
cultura e religião, como o Islamismo ou Hinduísmo.

Características dos Valores:


 Os valores só têm existência no seio de uma dada cultura ou comunidade;
 Os valores situam-se na ordem do ideal e não dos objetos concretos ou dos
acontecimentos;
 A matéria dos valores é o que distingue os valores uns dos outros;
 Polaridade diz respeito ao facto de os valores terem sempre um pólo positivo e
negativo;
 Hierarquia, implique haja valores que se subordinem a outros – uns valem
mais;
 Relatividade/universalidade, diz respeito ao facto de os valores serem próprios
de uma sociedade, a qual tem sempre os seus valores, ideias;

Taxinomia/Tabela de Valores:
 Uma taxinomia é uma classificação;
 No caso dos valores isto implica uma hierarquia, isto é, uma classificação onde
se selecionam e comparam os valores.

Quando decidimos fazer algo, estamos a realizar uma escolha!


Manifestamos certas preferências por umas coisas em vez de outras!
Evocamos certos motivos para justificar as nossas decisões!
Como nos expressamos relativamente às coisas ou factos e relativamente aos
valores?

8 Micaela Sapinho
Factos e Valores:
 Todos esses motivos podem ser apoiados em factos, mas têm sempre
implícitos certos valores que justificam ou legitimizam as nossas preferências;
 Ex: O Cristiano Ronaldo é o melhor jogador de futebol. (valor implícito)
 Ex: O Cristiano Ronaldo é de facto o melhor jogador do mundo. (facto)

Facto (juízo de facto):


 Um facto é algo que pode ser comprovado;
 Podemos produzir afirmações verdadeiras ou falsas sobre eles;
 Os factos geram consensos universais
Ex.: A maçã é um fruto.

Valor (juízo de valor):


 Podemos definir os valores partindo das várias dimensões em que usamos:
a) Os valores são critérios segundo as quais valorizamos ou desvalorizamos as
coisas;
b) Os valores são as razões que justificam ou motivam as nossas ações,
tornando-as preferíveis a outras;
c) Atribuímos valores às ações, às coisas (naturais ou fabricadas), aos
sentimentos;

Experiência valorativa:
O sujeito põe-se a favor ou contra o objeto, manifestando os juízos de valor.

Experiência contemplativa:
O sujeito não se põe contra nem a favor, mas dá-se conta da existência dos objetos.

Definição de valor:
 O termo valor é um termo polissémico;
 É uma qualidade física, intelectual ou moral que dentro de um contexto
histórico, social e cultural se aprecia alguém;
 Filosoficamente, define-se como objeto “SUI GENERIS” (de natureza especial)
que valem por si mesmos e fazem valer a quem participa deles.

9 Micaela Sapinho
Quem tem valor?
 O ideal que serve de modelo para o nosso atuar.

Guia, a nossa conduta e dá sentido à nossa vida tornam possível o emocionar-se.


Intervêm 3 fatores:
 Afetividade
 Vontade
 Contexto: natural ou cultural

Características do Valor:
 Grau: é a gama de variações por que pode passar um valor de uma pessoa ou
coisa.
Ex.: Excelente, muito bom, regular, mau, péssimo.
 Hierarquia: existem valores superiores e inferiores, uns estão num plano mais
elevado que outros. Assim se constitui uma tabela de valores!

Características:
1) Ser percebidos e estimados através de operações sentimentais
2) Possuir bipolaridade
3) Produzem reações nas pessoas
4) Foram parte das nossas atitudes afetivas

DUPLA DIMENSÃO DOS VALORES!


 Objetiva: são fins, metas, objetivos.
 Subjetiva: criadores de afetos, sentimentos, desejos e motivos.

Promotores de valores:
 Crenças
 Família
 Escola
 Meios de comunicação
CONCLUSÃO!
 Os valores refletem a personalidade do ser humano;
 São a expressão do tónus imoral, cultural, afetivo e social marcado pela família,
escola, instituições e sociedade;
 No uso da liberdade, a pessoa tem a capacidade de eleger uma escala de
valores e responsabilizar-se pelo seu crescimento pessoal;

10 Micaela Sapinho
 Ajudam nas principais interrogações da existência: quem somos, a que
aspiramos, …
Abordagem filosófica:
 Os valores são propriedades reais das coisas?  objetivos?
 Serão construções ideias do ser humano?  subjetivos?

Definição e natureza de valor:


(3 formas distintas de encarar os valores)
 Vivência
 Qualidade
 Ideia

TESES AXIOLÓGICAS: (ver quadro 1)


 Subjetivismo: o homem na sua experiência quotidiana determina os valores.
 Hedonismo: o prazer é o critério para que o homem considere valioso algo.
 Utilitarismo: a utilidade é o critério para que o homem considere valioso algo.
 Objetivismo: o homem na sua experiência quotidiano descobre os valores.

O objetivismo axiológico consiste na objetividade, absolutividade e perenidade


(eternidade), defendendo assim que os valores são como factos que se encontram na
relação com os objetos, que não dependem de nada e valem por si mesmos e que não
sofrem alterações nem acompanham a história dos homens.

O subjetivismo axiológico consiste na subjetividade, relatividade e historicidade,


defendendo assim que os valores dependem do sujeito para se mostrarem, dependem
da valoração do sujeito, quer em termos pessoais, quer tendo em conta o contexto
social e cultural em que se encontra e que os valores sofrem alterações em função da
história da Humanidade.

Critério Valorativo:
Princípio ou condição que serve de base à valoração e que permite distinguir as coisas
valiosas das não valiosas e discernir, de entre as valiosas, as que são mais importantes
das que menos.

Os critérios valorativos que explicam a forma como atribuímos valor às coisas são de
diversa ordem. Podem considerar-se diferentes níveis de determinação dos mesmos
critérios:
1) Pessoal: reportando-se à esfera íntima de cada sujeito com as suas
características pessoais: seus gostos e interesses.
2) Coletivo: sujeito do ponto de vista da sua dimensão social e cultural: seus
costumes, ideias ou formas de estar em grupo.

11 Micaela Sapinho
3) Universal: sujeito como um ser-no-mundo: sensível aos outros, que coabitam
no planeta, bem como o próprio espaço habitado.
Critérios Transubjectivos:
 Critérios que ultrapassem as barreiras do individual e do coletivo culturalmente
identificado, que permitam garantir e enriquecer a própria realidade humana
na sua relação com os outros e com o planeta.

Psicologismo Naturalismo Ontologismo


 Encara o valor como uma  Defende a existência do  Afirma o valor como
vivência pessoal; real dos valores como entidade ideal como
 O valor corresponde à qualidade das coisas; ideias;
experiência que dele  Esta definição é  Os valores existem em si
temos; associada ao objetivismo mesmos;
 Os valores são subjetivos, axiológico, corrente que  Os valores não existem
ou seja, totalmente define os valores como como os objetos, a sua
Teoria

dependentes do sujeito, propriedades objetivas maneira de existir é


das suas preferências e das coisas; ideal;
apreciação valorativas;  Os valores são modos de  Os valores são essências
 É associada ao ser particulares das imateriais, intemporais e
subjetivismo axiológico; coisas, qualidades reais e imutáveis;
 Os juízos de valor são efetivas.  Os valores são objetivos,
legítimos e válidos como não dependem do sujeito
qualquer outro tipo de nem existem em função
juízos. dele;
 Impossibilidade de  Impossibilidade de  Esta perspetiva encontra
Problemas Levantados

explicar a permanência explicar as diferenças e um obstáculo:


dos valores na vida dos desentendimentos dos Será possível a existência
homens; indivíduos a propósito de um mundo dos valores
 Inviabilizar a dos valores; separado do mundo real
possibilidade de os  “Se os valores são e humano?
diferentes indivíduos se subjetivos, porque que
entenderem acerca dos será que nem todos
valores que adotam. encontramos a beleza
numa mesma obra de
arte?”
Quadro 1

12 Micaela Sapinho
A cultura é formada por um conjunto de elementos:
 Materiais (formas de produção, gastronomia, técnicas de construção,
vestuário, etc.)
 Não-materiais (língua, religião, arte, crenças, etc.)

CULTURA:
Engloba normas de conduta e de pensamento apreendidas e partilhadas que são
características de uma sociedade.

Fatores de identidade:
 Físicas (distinção pela cor da pele, feições, estatura, etc.)
 Culturais (hábitos e valores partilhados)
 Linguísticas (línguas com origens diferentes)
 Religiosas (cristianismo, hinduísmo, etc.)
 Geográficas (localização)
 Económicas (situação económica)

O que é o etnocentrismo?
 É uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de
tudo, e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores,
nossos modelos, nossas definições do que é a existência;
 É a crença que a própria sociedade é o centro da humanidade;
 O etnocentrismo promove a assimilação! As culturas dominantes tendem a
impor os seus valores e modelos de comportamento às culturas minoritárias.
Sendo o racismo, xenofobia, patriotismo ou nacionalismo exagerados possíveis
consequências do etnocentrismo.

RELATIVISMO!
O relativismo aceita e respeita a diversidade cultural. Cada cultura só pode ser avaliada
a partir de dentro, isto é, dos seus valores, ideias e padrões de comportamento.
O relativismo promove a separação! Há diferentes culturas que se toleram, mas que
vivem de costas voltadas, sem contacto entre si, e que tendem a separar-se ou isolar-
se. A possível consequência do relativismo é o facto de que podem ocorrer fenómenos
de segregação.

13 Micaela Sapinho
A interculturalidade é uma alternativa ao relativismo.
 Aposta na educação de valores universais como o diálogo intelectual, a
cooperação solidária e a defesa da dignidade;
 Reconhece a natureza plural e diversificada da cultura humana;
 Promove o contacto entre as diferentes culturas porque parte do pressuposto
de que é possível a compreensão entre si;
 Acredita que há vínculos que unem as diferentes comunidades;
 Defende ser possível compartilhar valores e estabelecer normas de
convivência;
 Assume a universalidade dos direitos humanos;
 Exige a prevenção de conflitos;
 Promove a integração e a interação.

Problema da existência do valor:


Corrente subjetiva dos valores:
Os valores são resultado das reações individuais ou coletivas.
Os valores são criações mentais, existem só para mim.

Corrente objetivista dos valores:


Os valores dependem do objeto e não do sujeito, o único que faz o sujeito é captar o
valor.
Reconhece que a valoração é subjetiva, mas não implica que o valor o seja.

CRISE DE VALORES:
 Quando os valores elevados não se realizam
 Quando não há uma consciência da dignidade humana
 Profundas mudanças na sociedade
 Preferência do ter sobre o ser

14 Micaela Sapinho
DIMENSÃO DA AÇÃO HUMANA E DOS VALORES

Introdução:
De facto, o comportamento humano prático-moral, ainda que sujeito a variação de
uma época para outra e de uma sociedade para outra, remonta até às próprias origens
do homem como ser social.

MORAL (viver) ÉTICA (pensar)


 Origina-se da palavra latina moralis,  Origina-se do étimo grego, éthos,
morale; substantivo masculino e significa
 Significa costumes e hábitos ou seja, hábitos ou costumes, ou seja, diz
diz respeito ao modo de vida; respeito à conduta do indivíduo;
 Normas e valores aceites pela  Estudo a respeito da moral;
sociedade;  A moral e a moralidade são objetos da
 Todos os comportamentos das pessoas ética, que é considerada um ramo de
são feitos segundo a conduta filosofia ou da ciência;
orientada por esses valores e normas;  A ética é tratada por qualquer pessoa
que reflita sobre questões morais;

Norma Moral:
 Estruturada pelo grupo social e interiorizada pelo indivíduo;
 É inerente à sociedade;
 Controla toda a atividade humana;
 Existe uma sanção moral (remorso ou sentimento de culpa);
 Pela sua origem é anterior ao Estado;
 Ao sujeito impõem-se deveres;
 São ações adequadas ou inadequadas;

Norma Jurídica:
 É convencional (estado);
 Atua-se por coação;
 Impõem-se deveres e direitos;
 É regulamentada e regula as relações dos homens;
 A sanção é jurídica (cárcere, pena capital, multa);

Ação Moral: Ações humanas tipificadas como adequadas ou inadequadas de acordo


com uma norma.

Pessoa Moral: pessoa consciente, livre que voluntariamente realiza atos morais.

15 Micaela Sapinho
Consciência Moral: capacidade para discernir o correto do incorreto, o justo do
injusto.

Liberdade Moral: capacidade do homem de, conforme a sua vontade, decidir


automaticamente cometer ou não uma ação moral.

Responsabilidade Moral: capacidade para assumir as consequências da nossa


liberdade moral.

Os Fundamentos da Ética
Ethos (filosofia grega): morada do homem
Ethos (do grego): modo de ser, caráter, temperamento, hábito.

 A ética seria produto das leis regidas pelos costumes, virtudes e hábitos gerados
pelo caráter dos indivíduos.
 Existem, pois, condicionantes internas (caráter) e externas (costumes) que
determinam a conduta do indivíduo.

A prática do bem e da justiça envolve:


 Heteronomia: respeito às leis da polis
 Autonomia: intenção individual de cada sujeito.

 Todavia, a boa conduta poderia ser também determinada pela educação (Paidéia).

Paidéia: processo de formação do homem.


 Fornece as regras e os ensinamentos morais aos indivíduos;
 Orientam os juízos e as decisões dos homens no seio da comunidade;
 Transmitem valores acerca do bem e do mal, do justo e do injusto;
 Constitui-se como elemento fundamental para a construção da sociabilidade;

16 Micaela Sapinho
 A função do ethos é promover a excelência moral, ou seja, a prática das virtudes
(areté)
 O exercício das virtudes tem como fim último a felicidade (a vida boa)!

Princípios da Ética:
1. Justiça
2. Igualdade dos direitos
3. Dignidade da pessoa humana
4. Cidadania plena
5. Solidariedade
6. (etc.)

Pressupostos da Ética:
 A dimensão ética começa quando entra em cena o outro.
Toda a lei moral ou jurídica, regula relações interpessoais.
É uma condição fundadora!
 A dupla dimensão humana: individual e social.

Objeto da Ética:
A ética refere-se ao agir humano que pode agir assim ou de outro modo.
Na sua vida pessoal e social.
 O ato moral forja-se na consciência, não na lei.
 Sem coesão, sem obrigação externa.
 Emite juízos de valor.
 Escolher livremente.
 Assume consequência.

Egoísmo Psicológico
 Considera que todos os comportamentos humanos são motivados pelo
egoísmo, apoiando-se nos seguintes argumentos:
 Fazemos sempre aquilo que mais desejamos fazer;
 Fazemos o que nos faz sentir bem;
 Baseia-se na ideia de que as pessoas nunca fazem voluntariamente senão o que
desejam fazer, e em defesa apela para o facto de quase todas as ações ditas
altruístas produzirem um sentido de autossatisfação na pessoa que as realiza.
 Se considerarmos válidas estas críticas ao egoísmo psicológico, então teremos
de colocar esta parte esta teoria no que se refere à sua conceção da natureza
humana.

17 Micaela Sapinho
Egoísmo Ético
 Considera que defendendo que o nosso único dever é fazer o melhor para nós
mesmos.
 Por vezes pode acontecer que o melhor para nós coincida com o melhor para
os outros, mas o objetivo é sempre e unicamente a promoção do bem pessoal.
 Defende que o altruísmo se autoderrota, que, no fundo, o bem que possamos
fazer aos outros deve ser apenas um meio para atingir um fim: o bem próprio.
 Se aceitássemos o egoísmo ético como filosofia de vida, a relação estabelecida
entre o eu e o outro seria interesseira, hipócrita, dissimulada.
 Esta doutrina retira qualquer consistência à própria moralidade, no sentido em
que secundariza significativamente o papel do outro.
 O outro é entendido como um ser diferente mas inferior a mim, na medida em
que só as minhas vontades devem ser tomadas em linha de consideração.
O outro é, assim, completamente instrumentizado.

Neo-individualismo:
Agregado de indivíduos
Perda do sentido de coletividade.

Tempos de descrença:
Na ciência/na política/na democracia/na bondade humana/vazio ideológico/etc

Surgimento de uma nova classe:


Marginais, inúteis, sem pátria, imigrantes, etc.

A consciência moral não é inata – vai-se adquirindo e desenvolvendo à medida que


interiorizamos as noções do bem e do mal.
 Formação e desenvolvimento da consciência moral individual pressupõe
sempre a interação com o outro;
 É uma interação que as normas e princípios morais são interiorizados;
 A moralidade requer que sejamos felizes!

18 Micaela Sapinho
Contexto: O ILUMINISMO
Início: 1688 (Revolução Inglesa)
Final: 1789 (Revolução Francesa)
 Fixa as suas raízes no séc. XVIII, o “século das luzes”. Precisa-se “iluminar” com
a razão, a sociedade, submergida nas trevas da ignorância.

SAPERE AUDE: (é a divisa do iluminismo)


Tem o valor de servir-te do réu próprio entendimento.
 “O Iluminismo consiste na emancipação do homem da menoridade racional. Ele
mesmo é culpando dela.”

A RAZÃO ILUMINISTA
 É a capacidade para enfrentar o saber;
 É uma razão autónoma sem mais limites dos que marcam a sua própria natureza;
 Tem as seguintes capacidades:
 Capacidade crítica (contra os preconceitos e a tradição)
 Capacidade analítica (sobre toda a realidade)
 Capacidade de autocrítica (analisar as suas próprias limitações)
 Capacidade secularidora (interpretar racionalmente a religião)

Origem do Iluminismo: Inglaterra


 Há um ambiente de liberdade e tolerância religiosa;
 Promove-se o parlamentarismo e a separação de poderes;
 Representantes: Locke, Burckley, Hume

Desenvolvimento do Iluminismo: França


 Luís XVI assume o modelo iluminista inglês face ao absolutismo anterior;
 Revolução de 1789;
 A Enciclopédia: divulgação do conhecimento;
 Representantes: Diderot, D’Alamberch, Voltaire, Rousseau, Montesquieu

Iluminismo: Alemanha
 Representantes:
Wolf, Kant (filosofia); Beethoven (música); Goethe e Schiller (poesia)
 Tem certo atraso em relação a França;
 Foi impulsionada por Federico II da Prússia;
 Cristaliza no romantismo alemão;
 Nela predominada a coerente anticlésica representada por Wolf.

19 Micaela Sapinho
Condicionantes políticas:
 Inicia-se o processo contra o Antigo Regime, a monarquia absoluta em que o rei
detinha os 3 poderes sob lema: “Tudo para o povo mas sem o povo”;
 Inicia-se a luta de classes burguesa que culminará na Revolução de 1789 sob o
lema: liberdade, igualdade e fraternidade;

Condicionantes sociais:
 Durante o século das luzes passamos de uma estrutura feudal a um regime
burguês e o iluminismo é a projeção ideológica entre ambas as sociedades;
 Influência empirista: “todos os homens nascem livres e iguais, com direitos que
são naturais e devem ser respeitados” (Locke). A autoridade baseia-se no
consentimento dos governados;
 Independência EU (1776): A carta da independência estará inspirada no
Iluminismo;
 Final do século: a Revolução Industrial.

Condicionantes filosóficas:
 A razão é o instrumento para conhecer as leis naturais;
 A religião. Há um grande ceticismo face à revelação;
 Pede-se a liberdade, sobretudo a económica;
 A Natureza “tudo o natural é bom”. Para Newton o cosmos é uma grande
máquina criada por Deus e segue leis naturais. É preciso conhecer essas leis.

Iluminismo, novo fundamento para a moral:


 Apoia-se na ideia de que existe uma natureza humana universal, e um núcleo
de normas também universais.

Dois tipos de abordagem:


ANTIGA MODERNA
Exigência Moral
“como devo viver?” “que devo fazer?”
Critério Moral
Eudaimonia e Arete O dever
Prioridade Moral
O Bem O Justo

20 Micaela Sapinho
KANT nasceu em Konigsberg, que é a capital da província de
Kaliningrad.
 “Não é aprender filosofia, mas aprender a filosofar”
 Viveu num ambiente muito religioso e puritano que
vai marcar toda a sua vida. Um exemplo era a severa
pontualidade.
 Primeiro era influenciado pela metafísica de Wolf que
provinha de Leibniz, mas as leituras de outros
filósofos fizeram-no evoluir e sair da metafísica
wolfana.
 Em 1777, obteve uma cátedra de professor de metafísica e lógica na
Universidade de Konigsberg.
 “Duas coisas me animam de admiração e respeito: o céu estrelado sobre mim e
a lei moral que há em mim” (Crítica da Razão Pública)
 Obras: “A Crítica da Razão Pura” (1781), “Crítica da Raz ão Prática” (1787) e
“Paz Perpétua” (1795)
 Lema de Kant: Sapere Aude (atreve-te a pensar)

É possível a ciência? (Crítica da Razão Pura)

Juízos analíticos (a priori):


 O predicado está contido no sujeito, não ampliam o conhecimento.
 Exemplos: “um dia de chuva é um dia húmido”; “a água é um líquido”

Juízos sintéticos (a posteriori):


 O predicado não está contido no sujeito, amplia o campo o conhecimento.
 Exemplos: “um dia de chuva é um dia frio”; “a água é um bem escasso”

A ciência tem de ser universal, necessária e ampliar o nosso conhecimento.


Portanto, expressa-se em juízos sintéticos (a posteriori):
Exemplos:
“7+5=12”;
“A linha reta é uma distância mais curta entre dois pontos”;
“A quantidade de matéria fica invariável em todas as modificações do meu corpo”

É possível a metafísica como ciência?


 São possíveis juízos sintéticos a priori na metafísica? NÃO!
 Pelo menos é necessário acreditar nelas para poder fundamentar uma moral: a
Crítica da Razão Prática.

21 Micaela Sapinho
QUE DEVO FAZER?
A Ética de Kant é uma ética formal, porque não diz o que devemos fazer numa
determinada situação, mas como devemos atuar sempre.

ÉTICAS MATERIAIS ÉTICA FORMAL


Interesses, egoístas Desinteressada
Heterónoma (vontade dependente) Vontade autónoma
São a posteriori (empíricas) É a priori (racional)
São particulares e contingentes É universal e necessária: exceção não é
possível
Os seus imperativos são hipotéticos: “Se O seu imperativo é categórico: “tens de”,
roubo X roubo Y” “deves”
Prescrevem a bondade ou maldade de Prescreve a bondade ou maldade de uma
uma ação de acordo com a consequência ação universalizável
ou finalidade (teleológicas) Deontologia (O dever pelo dever)

Ética do Dever (deon=dever)


Valor da ação não depende das suas consequências.

Ação Moral  realizada por dever

A Decisão
1) É um facto inquestionável que as pessoas tomam decisões.
2) Quando uma pessoa, toma uma decisão, fá-lo segundo uma certa norma.
3) O que fazem é juntar às alternativas da decisão, ações boas ou más.
4) É, portanto, inquestionável que tomam decisões morais.

As decisões que tomam segundo uma determinada norma moral, chamam-se


máximas de conduta.
Todos as máximas de conduta têm uma estrutura comum.
 São normas de caráter empírico, a posteriori.

Normas de caráter empírico a posteriori:


 São normas que se baseiam nas consequências que se obtém das nossas ações;
 Inclinação da vontade (a vontade determinada pelo prazer);
 São particulares e contingentes;
 2 indivíduos podem agir segundo máximas diferentes;
 São leis morais particulares, não leis morais universais!

22 Micaela Sapinho
O imperativo categórico:
 É possível encontrar uma máxima de conduta universal?
 Que seja válida para todos?
 Que seja impossível de contestar?

Age de tal maneira que a tua decisão possa ser universalizável.


Não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti!

“Age de tal maneira que a


máxima da tua vontade IMPERATIVO
possa valer como legislação CATEGÓRICO
universal”

Imperativo categórico!
 O imperativo categórico não diz o que devo fazer, mas como devo atuar;
 Não é uma condição contingente mas puramente formal;
 Não ordena um conjunto de ação supostamente boas, mas estabelece a
condição que devem cumprir as nossas decisões para que sejam boas;
 A decisão segundo o imperativo categórico não é determinada segundo o
interesse, benefício ou consequências concretas;
 Uma decisão autenticamente moral é aquela que cumpre a lei moral em si
mesma. Ser moralmente bom é agir pelo dever, não pelo interesse.

É possível estabelecer uma norma universal? ONU (Organização das


Uma mesma regra para todas as sociedades? Nações Unidas)

Imperativo: aquilo que deve ser seguido não por obrigação, mas por dever.

Categórico: aquilo que vale para todas as situações, que deve atingir a todos, sem
exceção.

Dever: é aquilo que sai do homem com uma ação moral correta. Dever é uma lei moral
interior.

Máxima: princípios práticos que valem somente para o sujeito que as propõe, mas não
para todos os homens.

23 Micaela Sapinho
Imperativos hipotéticos: são aqueles que nos acrescentam uma ação necessária para
alcançar um certo fim. (imperativos de prudência, habilidade, etc.)

Imperativos categóricos: são aqueles que nos propõe uma ação como necessária em
si, incondicionalmente. (imperativo da moralidade)

Utilitarismo, o que é?
É uma teoria filosófica que situa a utilidade como princípio da moral.
É um sistema ético teológico que determina a conceção moral na base do resultado
final.
 Esta corrente foi proposta por Jeremy Bentham nos séculos XVIII e XIX, sendo
John Stuart Mill, o ser continuador que ampliou os conhecimentos desta
corrente ética.

Utilitarismo negativista:
É necessário prevenir a maior quantidade de dor ou dano para o maior número de
pessoas.

Utilitarismo de ato contra o utilitarismo das normas:


O melhor ato é aquele que conduz à máxima utilidade.

Utilitarismo preferencial:
O correto é fazer o que produza as melhores consequências, mas definindo as
melhores consequências.

JEREMY BENTHAM (1748-1832)


 Filósofo britânico fundador do utilitarismo
 Nos seus trabalhos iniciais atacou o sistema legal e judicial inglês, conduzindo-o
à formulação da doutrina utilitarista.
´

JOHN STUART MILL (1806-1873)


 Filósofo, político e economista inglês
 A formulação de Mill do utilitarismo conhece-se como o “princípio da maior
felicidade”. Defende que há que produzir a maior felicidade para o maior
número de pessoas.

24 Micaela Sapinho
Custos e Benefícios:
 As decisões militares e as políticas públicas gerais, frequentemente usam o
raciocínio custo/benefício (incluindo a político-económica).
 Balança da organização dos benefícios sobre o que afeta. Por exemplo:
 A decisão do Presidente Truman no uso da bomba atómica;
 Churchill e o bombardeamento;
 “Triagem médica”, decisões.

Utilitarismo:
O útil moral de uma política é uma medida pela sua tendência para promover o “Bem”
ou prevenir o prejuízo.
 Bentham e Mill são reformadores preocupados com a reforma política;
 Jeremy Bentham: “O Bem” é um simples prazer.
 John Stuart Mill: “O Bem” é uma felicidade – a mais complexa noção, para ter
uma vida principesca e prudente.

JOHN STUART MILL:


 Eleva a “doutrina do Porco”
 Prazer no intelecto, não da carne.
 Qualitativamente melhor, quantitativamente menor.

 “É melhor ser Sócrates insatisfeito do que um tolo ou um porco satisfeito”


 “Felicidade” não é simplesmente equivalente a prazer:
 “baixa qualidade de prazeres” (partilhado com outros animais)
 “alta qualidade de prazeres” (unicamente humano)

UTILITARISMO NÃO É EQUIVALENTE A EGOÍSMO!


 “…o utilitarismo requer que sejamos estritamente imparciais”
 “…não um agente de nossa própria felicidade, mas no que nos diz respeito”
 Direito e justiça são regras que representam o cálculo sobre toda a utilidade
(regra do utilitarismo)

Utilitarismo:
 O critério racional que devemos utilizar para apreciar a moralidade de um ato,
é a consideração das consequências que dele derivam para a felicidade
humana;
 Segundo John Stuart Mill e Jeremy Bentham, o móbil da conduta humana está
na busca do prazer, mas a sua aquisição não se entende como um objetivo de
indivíduos singulares, mas da sociedade: a felicidade consiste no bem-estar
para muitos.
Utilitarismo:
25 Micaela Sapinho
 Teoria ética muito próxima do eudomonismo e hedonismo, defende que a
finalidade humana é a felicidade ou prazer.
 John Stuart Mill considera que as ações e normas devem ser julgadas pelo
princípio de utilidade, o princípio da máxima felicidade.
 Trata-se de uma ética teleológica, ao valorar as ações como meios para
alcançar um fim e segundo as consequências que delas derivam.
 O princípio da moral é a maior felicidade (maior prazer) para o maior número
possível de seres vivos.

Utilitarismo:
 Para Mill os prazeres diferenciam-se pela sua qualidade, pois há prazeres
superiores e inferiores. Só as pessoas que experimentarem estes prazeres estão
facultadas para julgar, e julgam superiores os prazeres intelectuais e morais.
Quanto mais consciente e cultos, mais necessitamos para ser felizes: quanto mais
inconscientes e menos cultivados, mais fácil será contentarmo-nos.

CRITÉRIO UTILITARISTA FUNDAMENTAL:


 A adesão ou a rejeição a um determinado comportamento moral está
determinado pela quantidade de felicidade conseguida por um sujeito e pela
maior quantidade de gente possível.

Consequencialismo:
 O consequencialismo defende que a moralidade de uma ação depende só das
suas consequências;
 Não se aplica só às ações;

Consequencialismo:
 As pessoas não atuam em razão de como “são”, mas que são em razão de
como atuam;
 São ações e as consequências destas que contam para valor moralmente
alguém;
 Dá-se mais importância às ações e às suas consequências do que às intenções:
uma determinada conduta é boa quanto mais felicidade produza o agente aos
seus destinatários, e é secundário as intenções do agente.

26 Micaela Sapinho
UTILITARISMO

John Stuart Mill Jeremy


Bentham

BEM: máximo prazer BEM: máxima felicidade


para o maior número para o maior número

O governo
(a diferença de BEM é:
com as leis
Bentham) vale mais a
qualidade do que a
quantidade

igualdade

A felicidade individual A minha liberdade


segurança abundância
depende da felicidade determina onde supõe
coletiva um dano aos outros

subsistência

O sistema do governo
válido é a democracia
representativa

Necessita…

Controlo do crescimento Distribuição


Certo nível da população equitativa de
educativo
27 Micaela Sapinho
riqueza
O princípio da utilidade e o almanaque náutico:
“e todas as criaturas racionais vão para o mar da vida, já com as seus mentes
preparadas para distinguir o bem do mal” (John Stuart Mill)

A “Moral Almanaque”
 Teremos de derivar da regra básica da moralidade, o certo ou errado, em cada
situação específica, cada vez que enfrentamos um dilema.
 Todos temos uma “moral almanaque” isto é, as regras, leis, religião aprendida,
tradição moral e costumes do passado.
 Todos nós refletimos uma acumulada sabedoria humana acerca das
ações e políticas que promovam a utilidade.

CONDIÇÕES DA VIDA MORAL


Haverá alguma regra indicadora do bem e do mal?
Divide-se em 3 grupos, conforme o Bem é situado:

Ao nível das tendências pessoais (HEDONISMO), sociais (MORAIS ALTRUÍSTAS) ou


superiores (MORAIS RACIONAIS)

O QUE É O BEM E O MAL?


Como reconhecer em cada caso onde está o bem e onde está o mal?

Éticas Materiais: propõem um fim último


(Deus, prazer, utilidade, etc.)
Éticas Formais: não propõem um fim último.

ÉTICAS MATERIAIS: Aristóteles


 Eudemonismo: a felicidade é o destino natural do homem.
(Fim último: felicidade)

Que fazer para ser feliz?

Praticar os hábitos positivos Alhear-se aos hábitos


(virtudes: justo termo médico) negativos
(vícios: extremos de conduta)

28 Micaela Sapinho
TEORIA PRELURSOR FIM ÚLTIMO + ALTRUÍSMO
Jeremy Conseguir o máximo prazer para o
Hedonismo Prazer
Bentham maior número de pessoas possível
Conseguir a máxima utilidade para o
Utilitarismo John Stuart Mill Utilidade
maior número de pessoas possível.

ÉTICA E MORAL: (RESUMO)


 A ética é uma parte da filosofia;
 O seu campo de investigação é a moral;
 A moral é criação exclusiva do homem;
 A moral é um fenómeno social, porque rege ou regula a vida do homem em
sociedade;

O ATO MORAL

Meios Eleição

Motivos
Resultado
s

Decisão
Consequência do fim que
se persegue

Circunstância
s

SUJEITO ÉTICO

Motivos ou Intenções:
Que é que nos leva a atuar ou perseguir um determinado fim?
 Antecipação ideal do resultado que se pretende alcançar.
(consciência do fim que se persegue)

Decisão: outorga ao ato moral o seu caráter autónomo e voluntário.


29 Micaela Sapinho
Condições do Ato Moral:
 Liberdade
 Consciência moral
 Responsabilidade moral

Elementos da consciência moral:


Heterónomo: educação e meio social (costumes, pré-juízos)
Autónomo: razão prática, intuição ou sentimento moral

30 Micaela Sapinho

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