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A Relação de Trabalho
Artigo 11.º
Este é o contrato indispensável para que haja relação de trabalho: sem que ele seja
trabalho.
cujo cumprimento uma parte pode exigir à outra e que esta está obrigada a realizar. Se
não o fizer, a outra parte, uma vez que se tem um direito jurídico, pode recorrer aos
Privado: o princípio da liberdade contratual, nos termos do qual qualquer pessoa pode
obrigar-se, através da celebração de negócios jurídicos, como bem entender, podendo
criar novas direitos e até formas contratuais não previstas na lei. Mas também aí se
estabelece que essa liberdade contratual tem de ser exercida dentro dos limites da lei.
mais fraca, define mais limitações à autonomia privada do que o Direito Privado.
O artigo 406º do Código Civil determina que os contratos devem ser pontualmente
cumpridos, ou seja, devem ser cumpridos ponto por ponto, em tudo aquilo que eles
estabelecem como direitos e deveres das partes. Igualmente importante é o que a mesma
Mesmo que seja de curta duração, dura, ou seja, não se extingue pela cumprimento de
Por outras palavras, o contrato de trabalho cria uma relação de trabalho. Mesmo que o
contrato seja de curta duração, enquanto dura estabelece um feixe muito complexo de
direitos e deveres das partes. E, quanto mais tempo dura, mais se sente a necessidade de
alterar algum ou mesmo muitos pontos do contrato estabelecido. Esta é uma das
questões práticas mais importantes quando se gere recursos humanos com base num
evidente, grande parte do que foi acordado originalmente num contrato que dure, por
Nunca nos podemos esquecer de que, de acordo com o princípio estabelecido pelo
artigo 406º do Código Civil, tudo o que foi acordado só pode ser modificado por novo
renegociar tudo o que foi negociado. É muito importante conhecer essas exceções.
Recordemos, agora, que o contrato é um acordo. Ou seja, existe a partir do momento
em que duas ou mais vontades se juntam para produzir efeitos jurídicos. É, portanto,
declarações negociais, nos termos do artigo 217º do Código Civil, podem ser expressas
que não possa alterar unilateralmente o local de trabalho, propõe ao trabalhador essa
alteração; neste caso, só com o acordo do trabalhador pode ser mudado o local de
trabalho e o trabalhador não responde mas, no dia seguinte, comparece no novo local de
contrato; conclui-se, assim, que o contrato foi alterado porque houve acordo.
contrário do que por vezes se julga, não é necessário celebrar o contrato de trabalho por
escrito. O princípio da liberdade de forma está previsto no artigo 219º do Código Civil e
contratos atípicos o legislador exige forma escrita. Mas no contrato por tempo
exerça funções sob as ordens de um empregador sem que tenha sido assinado um
trabalho. Mas estes são os essenciais e, por isso, constam da própria definição do
contrato.
empregador.
O artigo 115º prevê que cabe às partes definir a atividade para que o trabalhador é
abstracta de uma prestação laboral que é feita no contrato mas que depois tem de ser
o que ele vai efectivamente fazer, pois isso só poderá ser decidido e imposto pelo
Na verdade, sendo assim definido o objeto do contrato de trabalho, nota-se que neste
trabalhador. Coisa bem diferente é o acréscimo de flexibilidade que tem sido marca da
política legislativa seguida nos países desenvolvidos nos últimos anos. Damos um
exemplo: o Direito do Trabalho tem defendido certos direitos dos trabalhadores como,
por exemplo, o direito à categoria. A nossa lei fala, justamente, em garantias dos
trabalhador (al. d) do art. 129º), não lhe é permitido baixar a categoria do trabalhador
(al. e) do art. 129º). Uma vez adquirido direito a uma determinada retribuição ou
não se encontram tais limites ou, pelo menos, a legislação é mais flexível. O legislador
português viu-se, assim, como que obrigado a flexibilizar essas regras. Exemplo disso é
transitória. Terminando ela, ou regressa ao seu posto normal ou perde mesmo o vínculo
começar a exercer funções sob as ordens de outro, sem ter sido celebrado um contrato
escrito e sem que as partes tenham designado o seu acordo como contrato de trabalho,
Por outro lado, ainda mais importante, há a tendência para, procurando evitar a
aplicação das regras do Direito do Trabalho, dar aos contratos outra designação, como,
por exemplo, contrato de prestação de serviço, muito embora uma das partes esteja a
prestar a sua atividade sob as ordens da outra. Também aqui, apesar do nome que foi
Direito do Trabalho.
Pelo que antecede, fica claro que é uma questão prática importante descobrir se,
numa determinada relação contratual, existe ou não subordinação jurídica. Tanto mais
Sucede que não é assim tão fácil descobrir se, num determinado caso concreto, uma
das partes está ou não sob as ordens da outra. Para nos ajudar, o legislador fornece-nos
um critério (art. 12º): se numa determinada relação contratual encontrarmos alguns dos
elementos de facto ali previstos presume-se, isto é, parte-se do princípio de que estamos
felizes. Desde logo porque a expressão “se verifiquem algumas das seguintes
características” é demasiado vaga. Como se usa o vocábulo “algumas” terão de ser pelo
menos factos que integrem duas alíneas daquele artigo. Mas será isso sempre suficiente?
Parece que não. Julga-se que o legislador pretende conferir ao juiz a faculdade de
funções de direcção ou chefia numa estrutura hierarquizada está ele próprio a actuar
com base numa delegação de poder do empregador, exercendo em seu nome o poder de
haverá contrato de trabalho quando houver subordinação jurídica. Ora, isso já no-lo
seguindo as orientações de quem dela beneficia e nas instalações desta com um horário,
seja retribuído em função do tempo que exerça a atividade, use instrumentos de trabalho
Mas importa que fique claro que isto não significa que não haja contrato de
trabalho sempre que não se verificarem todos os requisitos do artigo 12º. O que esta
disposição legal nos diz é que, se houver dúvidas, procuramos verificar se aqueles
não esquecer que há contratos de trabalho sem que se verifiquem todos aqueles
requisitos: não é necessário, para que haja contrato de trabalho, que a atividade seja
medida em que não há subordinação jurídica. Então porque são equiparadas? Porque há
dependência económica de uma parte – a que exerce uma atividade – em relação à outra
parte – a que beneficia dessa atividade. É o caso, por exemplo, do trabalho no domicílio
Vejamos uma situação concreta: uma costureira que exerce as suas funções em
instrumentos de trabalho são seus, decide em que dias, a que horas e com que ritmo
fixado no contrato.
Neste caso, não há contrato de trabalho porque não existe subordinação jurídica.
daquela empresa: para ela, tal como, em regra, para o trabalhador num verdadeiro
vital. O legislador entende que alguma protecção conferida pelo Direito do Trabalho
deve ser estendida a casos como este. Mas apenas aquilo que respeita a direitos de
definir claramente qual o âmbito das relações de trabalho a regular pelo novo ramo de
trabalho da remuneração obtida como contrapartida para o seu próprio sustento e da sua
condições de trabalho que de outro modo não aceitaria. A verdadeira fragilidade dos
sistema jurídico rejeitou o conceito de dependência económica. Por que razão assim
mais rigorosa: como sabemos, impôs o conceito de subordinação jurídica. Para o direito,
específica, exactamente por, em termos jurídicos, ser essa uma especialidade gritante
face aos outros contratos: o contrato que liga pessoas livres, não as sujeita umas às
relacionamento de domínio, já que, como veremos melhor de seguida, uma das partes
Tinha de ser essa aparente sobrevivência do direito “não-racional”, esse corpo estranho
um contrato, alguém tinha o poder jurídico de exigir de outrem uma prestação, cujo
deixa de ser a do trabalhador, para assentar na entidade patronal e no seu poder sobre
trabalho ou face a qualquer outro tipo de contrato, sendo que, neste último caso, mesmo
subordinação jurídica que não justificam um elevado grau de protecção jurídica, mas
que dele beneficiam. É o caso típico dos quadros superiores das empresas que, em
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Em Portugal, o artigo 398º-2 do Código das Sociedades Comerciais impede a cumulação das posições
de trabalhador e de administrador:
Artigo 398o
Exercício de outras atividades
1 – Durante o período para o qual foram designados, os administradores não podem exercer, na sociedade ou em
sociedades que com esta estejam em relação de domínio ou de grupo, quaisquer funções temporárias ou
permanentes ao abrigo de contrato de trabalho, subordinado ou autónomo, nem podem celebrar quaisquer desses
contratos que visem uma prestação de serviços quando cessarem as funções de administrador.
2 – Quando for designado administrador uma pessoa que, na sociedade ou em sociedades referidas no número
anterior, exerça qualquer das funções mencionadas no mesmo número, os contratos relativos a tais funções
extinguem-se, se tiverem sido celebrados há menos de um ano antes da designação, ou suspendem-se, caso tenham
durado mais do que esse ano.
haver protecção mas, como não há subordinação jurídica, não se aplica o direito do
trabalho Deste modo, o direito do trabalho, como dizia um dos grandes juslaboralistas
vimos que não mais é possível captar de uma forma unitária a situação vital e os
totalmente falacioso. Por outras palavras, mantendo-se a solução legal existente, está-se
a tratar de modo igual situações que são, na sua essência, diferentes. A isso chama-se
injustiça.
Por outro lado, num certo sentido, o próprio Direito do Trabalho pode ser
por tratar de modo diferente aquilo que é essencialmente idêntico, o direito do trabalho
promove a desigualdade.
É por isso que se pode dizer que um certo “irrealismo” do direito do trabalho
dualista. Portugal tem uma lei laboral mais garantística e protectora do que muitos
países da Europa, sem ter um desemprego tão alto como o da Europa. Como se pode
explicar esta situação? Acontece que uma minoria está sujeita à lei e tem um emprego
garantido e desemprego protegido. Mas, como ainda não somos um país rico, não é
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Dizemos “quase” sem distinção alguma, porque há alguns casos em que se começa a distinguir. Veja-se
todas as normas do Código do Trabalho que admitem um regime especial para os trabalhadores de
administração ou direcção.
possível garantir isto a todos, sob pena de afundarmos o desenvolvimento nacional. Por
isso, a maioria dos trabalhadores não têm qualquer protecção. Nem sequer aquela que
deliberada fuga ao direito do trabalho. Fuga que, deve-se esclarecer desde já, pode ser
Apesar dos já referidos critérios de subordinação jurídica do artigo 12º, não é fácil
afastar os efeitos da manipulação porque, para obter tal efeito, seria necessário recorrer
a tribunal, com os encargos, a demora, a incerteza e até o receio que daí decorrem.
protecção. É nesta área, a do trabalho informal não coberta pelo Direito do Trabalho,
Encontramos, deste modo, muitas situações que põem em causa o paradigma laboral
fundado no conceito de subordinação jurídica. Mas esse é o conceito que a nossa lei
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Não há estatísticas precisas quanto ao trabalho informal, mas avalia-se que ele é decisivo para um
desenvolvimento alternativo nos países pobres, calculando-se que a economia informal ocupará aí entre
um a dois terços da população urbana economicamente activa. O que o transforma num factor
competitivo de muito peso. Por exemplo, o “Relatório do Desenvolvimento Humano 1999” das Nações
Unidas assinala que o crescimento económico criou emprego na América Latina, mas que cerca de 85%
dos empregos criados o foram no sector informal.
2.3 A distinção com outras figuras contratuais
Começamos por repetir algo que é fundamental: é muito importante saber distinguir
o contrato de trabalho de outras figuras afins por uma razão muito simples: se
com a sua função protectora bem evidenciada; se não for contrato de trabalho, não se
Vamos começar por dar importância ao conceito de autonomia técnica, que também
é, como não poderia deixar de ser, acolhido no Direito do Trabalho (art. 116º). E não
poderia deixar de ser porque há funções, que podem ser exercidas em regime de
contrato de trabalho, mas que exigem que seja respeitada a autonomia técnica do
trabalhador, ou seja, a liberdade de decidir em cada caso como proceder, como agir, a
regime de contrato de trabalho, mas não pode dizer-lhe como deve tratar o trabalhador
mandato – art. 1157º e seguintes; depósito – art. 1185º e seguintes; empreitada – art.
1207º e seguintes.
acordo com as ordens recebidas. Pelo contrário, ele obriga-se apenas a entregar à outra
parte o resultado da sua prestação. O objeto do contrato não é a atividade em si, mas o
resultado da atividade. Eis o que explica a referência do artigo 12º à retribuição em
se o trabalhador exercer as suas funções mas, se por culpa sua, não produzir nada de
útil, continuará a ser pago (isto, sem esquecer que a retribuição do trabalhador pode ser
variável, em função, nomeadamente, do resultado do trabalho; mas a lei exige que ele
O médico, o advogado, tal como o pintor que se compromete a pintar uma casa,
Mas não recebem ordens. No caso do pintor, o proprietário da casa não lhe pode dar
ordens, apenas pode verificar se o pintor está a proceder como ficou determinado no
convencionado...” (art. 1208º do Código Civil). O dono da obra pode fiscalizar a obra
mas não pode perturbar o seu andamento (art. 1209º do Código Civil), os materiais e
Se o dono da obra quiser que a casa seja pintada de outra forma, com outra tinta, o
contrato terá de ser alterado. Não há aquela flexibilidade que é própria do contrato de
trabalho. É certo que a lei prevê que o dono da obra tem o direito a exigir que se façam
essas alterações, mas tal exigência implica que se ponha em causa toda a economia do
contrato, ou seja, que se avalie de que modo é que isso importa mais custos e maior
A categoria profissional pode ser vista como o conjunto de serviços e tarefas que
A categoria pode ser determinada no contrato como uma profissão, por exemplo,
Vejamos a descrição das funções ou, talvez melhor, das competências de pedreiro
concluímos que a categoria profissional defende o trabalhador: tudo o mais que lhe for
ordenado fazer, em princípio, não lhe pode ser exigido. Ou seja, o trabalhador pode
recusar-se a fazê-lo sem que a sua recusa importe desobediência. É o que resulta do
no exercício do seus poderes, sem necessitar do acordo do trabalhador. Até que ponto se
está a respeitar o contrato, a partir de que ponto já se trata de uma alteração do contrato,
sendo, portanto, necessário novo acordo: eis a questão, que está prevista em termos
gerais no artigo 406º do Código Civil, onde se determina que os contratos devem ser
cumpridos ponto por ponto, em todas as suas cláusulas. A verdade é que até a promoção
categoria inferior por acordo), dependendo da aceitação do trabalhador mas mesmo esta
Dissemos atrás que cabe ao empregador concretizar, em cada caso, o que deve fazer
Se, por exemplo, o trabalhador da construção civil foi contratado como pedreiro –
categoria profissional – cabe ao empregador determinar que funções é que ele vai
desempenhar na sua empresa de construção civil, qual vai ser o seu superior
hierárquico, quais vão ser os trabalhadores que o vão auxiliar, etc.. E, em cada dia e em
cada momento, cabe ao empregador ou ao superior hierárquico ordenar o que ele vai
fazer: hoje de manhã vai levantar uma parede, à tarde vai assentar um telhado.
de categorias. Numa convenção colectiva elas podem construídas de modo original, que
apenas vai ter efeitos para os trabalhadores e empregadores abrangidos pela convenção.
engenheiros, gestores de recursos humanos. Nestes casos, para saber o que está o
trabalhador obrigado a fazer haverá que ter em conta, para além da identificação da
categoria convencionada, também a área de formação do trabalhador e a inserção na
orgânica da empresa: o que se exige de um jurista com esta categoria será muito
recursos humanos.
possibilidades de exercício do poder patronal que o levam para além daquilo que está
flexibilidade legal, na medida em que é a lei que impõe esse conteúdo a qualquer
contrato.
em relação ao já citado artigo 406º do Código Civil, na medida em que é a lei que vai
determinar que surja a obrigação de fazer aquilo que o trabalhador não se obrigou a
O legislador, como é natural numa situação destas, tenta criar requisitos apertados
que justifiquem o recurso a esta medida que a doutrina também designa por uma
expressão latina: ius variandi funcional. Deve haver um interesse objetivo da empresa,
é. Neste caso, terá de se definir bem o carácter transitório da medida: por exemplo, ela
perdurará até que o empregador consiga contratar alguém para desempenhar aquelas
funções. O nº 3 do artigo 120º determina que o exercício de outras funções nunca pode
trabalhador. Se, por exemplo, o trabalhador era chefe, não deve ser colocado sob as
estavam sob as suas ordens. E o trabalhador ainda deve auferir das vantagens
correspondentes à atividade que vai desempenhar, nunca podendo ver reduzida a sua
indicação dos motivos que a fundam e deve indicar a duração previsível do exercício
justificada.
Ora, importa deixar muito claro que este artigo não contém uma norma excepcional,
No caso do artigo 118º, o que o legislador veio precisar foi que as funções que o
ligadas. Ou seja, aqueloutras atividades que servem o mesmo fim ou a mesma função.
trabalhador tem o dever de mudar o pneu para que tal atividade lhe seja exigida.
Por que razão tem o legislador este cuidado? Por causa das interpretações literais
enumeram-se todas as atividades que ele vai desempenhar. Por absurdo, o trabalhador
faz uma interpretação absolutamente literal das suas funções. Assim, quando chega a
altura de afiar um lápis, percorre a descrição das funções e descobre que aí não se prevê
expressamente que ele afie lápis. Sucede que não se pode prever tudo. É evidente que
afiar um lápis é uma tarefa que é indispensável para o escriturário poder desempenhar a
atividade prevista, o artigo 118º apenas revela uma expressão da flexibilidade normal do
contrato de trabalho.
motorista que o repare se ele estiver capacitado para tal; se o trabalhador não estiver
seja por que razão for – quer para castigar o trabalhador, quer porque entende que a
apenas ordena ao motorista que mude pneus ou ao escriturário que afie lápis. Muito
embora possa dar essas ordens quando o seu cumprimento serve a realização do fim da
sua prestação, ele não pode transformar-se no fim único da prestação. Desde logo, por
- Desenhador
- Desenhador praticante
- Modelador
- Operador de laboratório
- Orçamentista
- Planificador
- Projectista
- Radiologista industrial
- Técnico de montagens
- Técnico de telecomunicações
- Verificador de qualidade
concluir que estão presentes no mesmo grupo categorias que correspondem a funções
muito diversas. Assim, por força do seu nº 3, podemos dizer que o artigo 118º abre a
muito mais aos trabalhadores sem que se lhes aplique o regime da mobilidade funcional,
que apresenta requisitos mais apertados e maiores direitos para o trabalhador (não
esquecer, no entanto, o art. 267º que estabelece que o trabalhador que exerça funções
afins, mesmo que apenas a título acessório, tem direito à retribuição mais elevada que
lhes corresponda).
2.5 A posição do empregador: o poder de direcção
(art. 97º). O dever de subordinação inclui, entre outros, o dever de obediência (al.e) do
nº 1 do art. 128º). Esclareça-se, desde já, que aquele poder de direcção pode ser
exercido, quer pelo empregador, quer por um outro trabalhador para tal designado pelo
Mas o poder de direcção também pode assumir uma faceta regulamentar quando
interno, criar as normas que regulam de forma padronizada a execução dos contratos de
organizar a empresa, organizar o trabalho e, para tanto, criar regras a que todos se
submetem.
alteram o que ficou estabelecido nos contratos individuais de trabalho. Ora, como
sabemos, o empregador não pode alterar unilateralmente aquilo que foi acordado.
Imaginemos que no contrato de trabalho se tinha ido ao pormenor de fixar que o salário
do trabalhador Abel seria pago no dia 1 de cada mês ou no dia útil imediatamente a
seguir. Nada o impede: o artigo 278º não fixa nenhuma data para se proceder ao
os salários de todos os trabalhadores passariam a ser pagos no dia 25 de cada mês, tal
regra em nada implicaria com os trabalhadores cujos contratos não previssem uma data.
O artigo 104º vem facilitar a produção desses efeitos, ao determinar que o acordo de
contrário, não se opondo por escrito em vinte e um dias, o seu contrato é alterado. Se se
opuser, a vontade de alterar o contrato do empregador não produz qualquer efeito sobre
o contrato de Abel.
empresa, isso significa que a maior parte das cláusulas contratuais podem estar contidas
aceitação do conteúdo do regulamento interno. Mas não se deve esquecer que, para
trabalhador, o local onde vai desempenhar as suas funções, a data de início da execução
empresa.
2.6 Poder disciplinar
este não cumprir os seus deveres – previstos, genericamente, no artigo 128º - e, assim,
violar o contrato. Trata-se, portanto, de uma sanção jurídica e, dentro destas, de uma
Código Civil.
O artigo 98º estabelece que o poder disciplinar pode ser exercido enquanto o
despedimento. Quanto a este, que corresponde à sanção mais grave, remetemos para o
estabelecem alguns limites às sanções a aplicar, o que permite controlar de algum modo
Quanto ao processo disciplinar, devemos começar por observar que o processo com
disciplinar comum. Quanto a este, notamos nos artigos 329º e seguintes alguns traços
pode ser aplicada sem que o trabalhador seja ouvido); o direito de reclamar para um
quando a sua presença for inconveniente (esta suspensão é uma mera medida
Ainda merece destaque no artigo 329º o facto de o empregador ter sessenta dias para
trabalhador após a prática da infracção (só assim não sendo se a infracção disciplinar
constituir igualmente crime e de este ter prazo de prescrição superior). No artigo 330º
estabelece-se que, após a decisão, o empregador tem três meses para aplicar, ou
sublinhado alguns casos de sanções abusivas: aquelas que são aplicadas devido a
artigo 331º o legislador estabelece a presunção de que qualquer sanção que se siga a
uma situação aí descrita é abusiva. O que significa que, então, terá de ser o empregador
prestação, ser remunerado (art. 11º). Mas, além disso, o trabalhador tem uma série de
direitos e deveres regulados um pouco por todo o Código do Trabalho. Esses podem ser
exercício dos direitos e no cumprimento dos deveres, ambas as partes estão obrigadas a
respeitar o princípio da boa-fé. Princípio que assenta na relação de confiança que cada
parte cria na outra e que impõe que os direitos e deveres tenham em conta a finalidade
que justifica a sua criação e imposição pelo legislador. O número 2 daquela disposição
vai mais longe, determinando que as partes devem colaborar, quer na obtenção de maior
aqui aspectos relacionados com várias matérias que teremos oportunidade de tratar, ou
matéria. O mesmo se deve dizer das disposições seguintes: o artigo 128º, que estabelece
palavras, este apropria-se do resultado do trabalho. Tudo o que o faz, tudo o que produz,
constitui um direito do empregador e não seu. Deve, no entanto, ter-se em conta uma
sendo exercidas com base num contrato de trabalho, o direito exclusivo de reproduzir,
partes definirem outra solução. Por exemplo, um jornalista acorda com o seu jornal que
as suas reportagens poderão ser, por ele, jornalista, comercializadas no estrangeiro para
inovação ou invenção que possa ter um valor económico próprio, pode ser objeto de um
título jurídico que garante a exclusividade do aproveitamento do seu valor. Esta questão
trabalhador que a cria, pelo que, adotando a perspetiva da gestão de recursos humanos,
entendemos que devemos abordar este direito à inovação com algum desenvolvimento.
Lei nº 36/2003, de 5 de março, consta o regime jurídico que importa conhecer (as
Os direitos mais extensos sobre a inovação são conferidos quando se atribui uma
território português (se for obtida patente europeia ou internacional, o âmbito será
Por outro lado, quem quiser beneficiar de direitos semelhantes aos atribuídos pela
patente, mas através de um procedimento mais simples, mais expedito e mais barato,
suas linhas próprias, contornos, cores, forma, textura e materiais, pode pedir o registo
A regra geral sobre o direito à patente (que se aplica igualmente aos modelos de
utilidade e aos desenhos e modelos), é o de que o direito pertence ao inventor (art. 58º).
Ora, a questão que se coloca é a de saber quem pode pedir a atribuição e o registo da
desenvolvidos na empresa, pode suceder que o seu processo de criação implique de tal
trabalho, que não seja possível atribuir a criação a nenhum indivíduo. Nesse caso, o
criação tiver um autor pessoal, que seja um trabalhador da empresa, a questão coloca-se
em termos diferentes.
A disposição legal que importa conhecer é o art. 59º, aplicado igualmente à patente,
disposição legal que o direito pertence à empresa quando a invenção for feita durante a
isto significa é que, para o efeito, é fundamental o modo como se descreve a categoria e
à empresa porque é próprio daquela atividade ser inventiva. Se for um eletricista numa
empresa da área florestal e criar, na empresa e com meios desta, um novo dispositivo
aproveitamento da inovação cabe à empresa. O art. 59º-2 admite que ao trabalhador seja
paga, no salário, uma parcela específica que retribui a sua inventividade. Se tal não
importância da inovação. Se não houver acordo entre ambos, a fixação do valor será
feita por arbitragem (59º-6). Note-se que não se trata de uma remuneração do trabalho,
Se a atividade não for, pela sua natureza, inventiva ou se o contrato não previr
essa possibilidade, mas, mesmo assim, o trabalhador inovar, a solução é diferente. A lei,
demais casos. No exemplo do eletricista, vamos admitir que o contrato de trabalho nada
diz sobre possíveis inovações. Sendo assim, imaginemos que o trabalhador cria um
novo dispositivo elétrico para ser usado no corte e tratamento da madeira. Trata-se
entender, tem direito à propriedade da invenção (59º-3-a)). Por isso, o trabalhador tem
direitos, designadamente pelos custos envolvidos ou por não ter interesse na sua
exploração, o trabalhador é livre de pedir o seu registo como inventor que é. No caso de
Ainda tem importância a solução do art. 60º: sempre que a patente, o registo do
inventor (neste caso o trabalhador), mas por um terceiro (neste caso o empregador), o
Por último, regressando ao artigo 59º, importa analisar o caso da invenção que
ele cria o tal dispositivo elétrico, no local e no tempo de trabalho, usando meios da
empresa; mas sucede que a inovação nada tem a ver com aquilo que a empresa faz nem
pela simples razão de que, quando se celebrou o contrato, não se previa que o
A primeira questão que se coloca, como é evidente, tem a ver com o facto de o
desenvolver atividades que nada têm a ver com a execução do seu contrato de trabalho.
Naturalmente, essa é uma questão que pode ser vista como um incumprimento do
contrato e, portanto, que pode originar responsabilidade disciplinar e civil. Só não será
assim se o empregador tiver autorizado a atividade.
não há dúvidas: o empregador não tem nenhum direito sobre a invenção. Assim, neste
direcção do empregador, competindo a este definir em que termos a prestação vai ter
trabalhador pode importar para este numa desvalorização profissional. Só para dar um
exemplo, um piloto que não conduza aeronaves durante um certo período de tempo,
empregador que lhe dê trabalho? Que lhe exija o desempenho concreto das suas
funções?
O artigo 126º, como vimos, começa por esclarecer que as partes devem cumprir as
suas obrigações de acordo com o princípio da boa-fé, que se funda na esperada relação
retribuição, nada mais lhe sendo exigido, deixar de dar tarefas ao trabalhador com o
deixar de dar tarefas ao trabalhador porque houve uma redução das encomendas e se
todos os seus trabalhadores com aquelas funções foram igualmente abrangidos pela
O que daqui se pode concluir é que, em certas circunstâncias, mas não noutras, o
de tarefas por parte do trabalhador, o que fica consagrado numa outra disposição do
profissional do trabalhador.
2.10 Os direitos de personalidade