Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/343815153
CITATIONS READS
0 757
2 authors, including:
Mauri Furlan
Federal University of Santa Catarina
146 PUBLICATIONS 124 CITATIONS
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
Antologia da Idade Média III (bilíngue). Idade Média Central (séc. XI - XIII). Clássicos da teoria da tradução View project
All content following this page was uploaded by Mauri Furlan on 22 August 2020.
Caedmon
Quod in monasterio ejus fuerit frater Nesse mosteiro houve um frade a quem,
cui donum canendi sit divinitus conces- por graça divina, foi concedido o dom
sum de cantar
Quod dum tempore quodam faceret, et Em certa ocasião quando fez isso e, de-
relicta domo convivii egressus esset ad pois de ter deixado a festa, saiu da casa
stabula jumentorum quorum ei custodia em direção aos estábulos dos jumentos,
nocte illa erat delegata, ibique hora com- cuja guarda lhe havia sido incumbida na-
petenti membra dedisset sopori, adstitit ei quela noite, e ali, tendo entregado seus
quidam per somnium, eumque salutans, membros ao sono na hora adequada, apa-
ac suo appellans nomine: «Caedmon, in- receu-lhe alguém em sonho, e saudando-
quit, canta mihi aliquid.» At ille respon- o e chamando seu nome, diz: “Cædmon,
dens, «Nescio, inquit, cantare; nam et canta-me algo.” Respondendo, ele diz:
ideo de convivio egressus huc secessi, “Não sei cantar; por isso, depois de sair
quia cantare non poteram.» Rursum ille da festa, retirei-me para cá, porque não
qui cum eo loquebatur, «Attamen, ait, podia cantar.” Novamente aquele que fa-
mihi cantare habes.» «Quid, inquit, de- lava com ele diz: “Contudo, tens que
beo cantare?» At ille, «Canta, inquit, cantar para mim.” Ele diz: “O que devo
principium creaturarum.» Quo accepto cantar?” E aquele diz: “Canta o princípio
responso, statim ipse coepit cantare in da criação.” Depois desta resposta, co-
laudem Dei conditoris versus, quos nun- meçou imediatamente a cantar em louvor
quam audierat, quorum iste est sensus: de Deus Criador versos que nunca ouvi-
ra, cujo sentido é este:
Nunc laudare debemus auctorem regni caelestis, Devemos agora louvar o autor do reino celeste,
potentiam creatoris, et consilium illius o poder do criador e sua sabedoria,
facta Patris gloriae. Quomodo ille os feitos do glorioso Pai, e como ele,
cum sit aeternus Deus, omnium miraculorum sendo eterno Deus, de todas as maravilhas
auctor exstitit, qui primo filiis hominum foi o autor, que aos filhos dos homens criou
caelum pro culmine tecti, dehinc primeiro o céu por ápice do teto, depois,
terram custos humani generis onipotente protetor do gênero humano,
omnipotens creavit. a terra lhes formou.
Hic est sensus, non autem ordo ipse Este é o sentido, porém não a mesma or-
verborum quae dormiens ille canebat; dem das palavras, que ele cantava dor-
neque enim possunt carmina, quamvis mindo; pois os poemas, ainda que perfei-
optime composita, ex alia in aliam lin- tamente compostos, não podem ser tradu-
guam ad verbum sine detrimento sui zidos ad uerbum de uma língua a outra
decoris ac dignitatis transferri. Exsurgens sem detrimento de sua beleza e dignida-
autem a somno, cuncta quae dormiens de. Despertando, porém, do sono, reteve
cantaverat, memoriter retinuit, et eis mox na memória tudo o que cantara dormin-
plura in eundem modum verba Deo digni do, e acrescentou-lhe logo outras pala-
carminis adjunxit. vras mais no mesmo modo do poema
digno de Deus.
[...] [...]
***