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Parte I

As hordas do inferno estão em marcha

O exército demoníaco era tão grande que se estendia até onde a


minha vista alcançava. Ele tinha divisões que se separavam umas das
outras, cada uma das quais carregava uma bandeira diferente. As
principais divisões marchavam com as bandeiras do Orgulho, da
Retidão Própria, da Reputação, da Ambição Pessoal, do Julgamento
Injusto, e da Inveja. Havia muitas outras divisões malignas como essas
além do alcance da minha visão, mas as que estavam à frente dessa
terrível horda do inferno pareciam ser as mais poderosas. O líder desse
exército era o Acusador dos Irmãos em pessoa.
As armas que essa horda levava também tinham nomes. As
espadas tinham o nome de Intimidação; as lanças tinham o nome de
Traição; e as flechas tinham os nomes de Acusação, Fofoca, Calúnia e
Crítica. Batedores e companhias menores de demônios com nomes tais
como Rejeição, Amargura, Impaciência, Falta de Perdão e Cobiça eram
enviados à frente desse exército para preparar o ataque principal.
Essas companhias pequenas com batedores em menor número,
não eram menos poderosas do que algumas das grandes divisões que as
seguiam. Elas eram menores apenas por razões estratégicas. Assim
como João Batista foi um único homem, mas com uma extraordinária
unção para batizar o povo e prepará-lo para o Senhor, essas
companhias demoníacas menores tinham recebido extraordinários
poderes malignos para "batizar o povo". Um único demônio da Amar-
gura podia disseminar o seu veneno em multidões de pessoas, até em
raças e culturas inteiras. Um demônio da Cobiça podia prender-se a um
único artista, ou a um filme, ou até mesmo a uma propaganda e enviar
o que parecia ser descargas elétricas de um lodo que atingia e tornava
insensível uma grande parte das pessoas. Tudo isso era preparação
para a grande horda do mal que vinha em seguida.
Esse exército estava marchando especificamente contra a igreja,
mas ele atacava a quantos pudesse. Eu sabia que o seu propósito era
esvaziar antecipadamente um mover de Deus que está para vir, que se
destinará a trazer muita gente para dentro da igreja.
A estratégia principal desse exército era causar divisão em todo
possível nível de relacionamento — nas igrejas, umas com as outras;
nas congregações, em relação a seus pastores; entre maridos e esposas;
entre filhos e pais; e até mesmo nos pequeninos, pondo-os uns contra
os outros. Os batedores eram enviados para estabelecer aberturas em
igrejas, em famílias e em indivíduos que Rejeição, Amargura, Cobiça,
etc. poderiam explorar, tornando essas aberturas maiores. Então as
divisões que os seguiam fluiriam através dessas aberturas para
vencerem completamente suas vítimas.
A parte mais chocante dessa visão era que essa horda não
estava montada em cavalos, mas principalmente em cristãos! A maioria
deles era bem vestida, respeitável, e eles tinham a aparência de ser
refinados e educados, mas parecia haver também representantes de
quase todos os estilos de vida. Essas pessoas professavam as verdades
cristãs de forma a apaziguar a sua consciência, mas elas viviam
mancomunadas com os poderes das trevas. Quanto mais elas entravam
em acordo com aqueles poderes, os demônios que a elas eram
destacados cresciam e com maior facilidade dirigiam o que elas faziam.
Muitos desses crentes hospedavam em si mais do que um
demônio, mas um deles obviamente ficava encarregado da sua vida. A
natureza daquele que era o encarregado demonstrava em que divisão
ele estava marchando. Embora as divisões estivessem todas marchando
juntas, também parecia que ao mesmo tempo todo o exército estava à
beira do caos. Por exemplo, os demônios do ódio odiavam os outros
demônios tanto quanto odiavam os cristãos. Os demônios da inveja
tinham inveja uns dos outros. O único modo pelo qual os líderes dessas
hordas impediam que os demônios lutassem entre si era fazer com que
eles concentrassem o seu ódio, a sua inveja, etc. na pessoa em que
estivessem montados. Entretanto, essas pessoas com freqüência
irrompiam em lutas umas contra as outras. Eu sabia pelas Escrituras,
que acontecera assim com alguns dos exércitos que tinham vindo
contra Israel, e que acabaram autodestruindo-se. Quando o propósito
deles contra Israel se frustrou, sua fúria foi incontrolável, e eles sim-
plesmente passaram a lutar uns contra os outros.
Notei que os demônios estavam montados nesses cristãos, mas
não estavam dentro deles, como no caso de não-cristãos. Era óbvio que
esses crentes teriam apenas que deixar de mancomunar-se com os
demônios para que se libertassem deles. Por exemplo, se um cristão
sobre quem um demônio da inveja estivesse montado simplesmente
começasse a duvidar da inveja, aquele demônio ficava mais fraco bem
depressa. Quando isso acontecia, o demônio enfraquecido gritava e o
líder da divisão mandava todos os demônios em volta daquele cristão
que o atacassem, até que a amargura, etc, conseguisse montar nele de
novo. Se isso não desse certo, os demônios começavam a citar as
Escrituras, de uma maneira tão pervertida a ponto de justificar a
amargura, as acusações, etc.
Estava bem claro que o poder dos demônios tinha a sua raiz
quase que totalmente no poder do engano, mas eles tinham enganado
esses cristãos até o ponto em que pudessem usá-los, fazendo-os ainda
pensar que estavam sendo usados por Deus. Isso acontecia porque
bandeiras de Retidão Própria estavam sendo carregadas por quase
todos os cristãos, de forma que os que marchavam não conseguiam
nem mesmo ver as bandeiras que assinalavam a verdadeira natureza
dessas divisões.
Ao olhar para a última parte, bem distante, desse exército, eu vi
o séquito do próprio Acusador. Comecei a compreender sua estratégia, e
fiquei impressionado por ela ser tão simples. Ele sabia que uma casa
dividida não pode permanecer, e esse exército representava uma
tentativa de trazer divisão à igreja de forma tal que ela decaísse
completamente da graça. O que era visível era que o único modo pelo
qual ele poderia fazer isso era usar cristãos para guerrearem contra
seus próprios irmãos, e era por isso que quase todos os que estavam
nas divisões avançadas eram cristãos, ou pelo menos pessoas que
professavam sê-lo. Cada passo que esses crentes enganados davam em
obediência ao Acusador fortalecia o poder deste sobre eles, isso fazia
com que a confiança dele e de todos os seus comandantes aumentasse
com o progresso do exército, enquanto marchava indo para a frente. Era
visível que o poder desse exército dependia do acordo que esses cristãos
faziam com os caminhos do mal.

Os Prisioneiros
Multidões de outros cristãos, que eram prisioneiros desse
exército, vinham em seguida a essas primeiras divisões. Todos esses
estavam feridos, e eram guardados por demônios menores do Medo.
Parecia haver mais prisioneiros do que demônios, no exército.
Surpreendentemente, esses prisioneiros ainda tinham suas espadas e
escudos, mas não os usavam. Era chocante ver como muitos podiam
ser mantidos cativos por bem poucos pequenos demônios do Medo. Se
aqueles cristãos ao menos tivessem usado suas armas, eles teriam se
libertado com facilidade, e provavelmente teriam feito um grande
estrago em toda aquela horda maligna. Em vez disso, eles marchavam,
submissos.
Por cima dos prisioneiros o céu estava preto, com abutres que se
chamavam Depressão. De vez em quando um deles pousava sobre o
ombro de um prisioneiro e vomitava sobre ele. O vômito era
Condenação. Quando o vômito atingia um prisioneiro, ele se levantava e
marchava com a postura um pouco mais erguida por algum tempo, e
então caía, bem mais fraco do que antes. De novo fiquei imaginando por
que os prisioneiros simplesmente não matavam esses abutres com suas
espadas, o que eles poderiam ter feito com facilidade.
Ocasionalmente os prisioneiros mais fracos tropeçavam e caíam.
Assim que atingiam o chão, os outros prisioneiros os apunhalavam com
suas espadas, depreciando-os. Então os abutres vinham e começavam a
devorai- os que estavam caídos, mesmo antes de estarem mortos. Os
outros cristãos prisioneiros ficavam à sua volta e observavam isso
concordando com o que acontecia, e até apunhalando de novo com suas
espadas os que estavam caídos.
Enquanto eu observava, percebi que esses prisioneiros pen-
savam que o vômito da Condenação era uma verdade que tinha vindo
de Deus. Então compreendi que esses prisioneiros na verdade achavam

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