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AULA TEÓRICA_2021_09_28

Materiais 1.º semestre, ano lectivo 21-22 Universidade Lusíada Norte (Porto) – F A A
Francisco Barata Fernandes Bernardo José Ferrão Joaquim José Lopes Teixeira José Miguel Costa
1. Enquadramento histórico

2. Caracterização da evolução tipológica das habitações


2.1. Tipos
2.2. Traçados
2.3. Lote - Mercantilista, Iluminista e Liberal
2.4. Casa
2.4.1. Casa de tipologia Mercantilista
2.4.2. Casa de tipologia Iluminista
2.4.3. Casa de tipologia Liberal
2. Caracterização da evolução tipológica das habitações
2.1. Tipos

São identificados por Francisco Barata Fernandes três tipos diferentes de habitação burguesa no Porto.

tipo período lugar – relação urbana

1.ª “Mercantilista” [XVII - XVIII] Cidade medieval– cidade dentro das muralhas
2.ª “Iluminista” [XVIII- XIX] Expansão urbana – Almadas [“planta redonda”]
3.ª “Liberal” [XIX – início XX] Consolidação da expansão urbana – fachada atlântica

Os três tipos de habitação burguesa, “(…) manifestam grande continuidade de elementos construtivos e
sistemas de construção, que se repetem e se adaptam (…)” (FERNANDES, 1999: 80)
2.2.Traçado

Mercantilista
Barredo
Miragaia
Reboleira

Vitória

Iluminista
Santa Catarina
Almada
31 de Janeiro
Cedofeita
Rua da Boavista

Liberal
Alvares Cabral
Avenida da Boavista
Praça do Marquês
Rua da Constituição
Rua de Costa Cabral
2.3. Lote

Mercantilista

“Muitos dos lotes correspondentes ao


século XVII, são de forma irregular e de
uma só frente, são herdeiros da
formação urbana da cidade medieval.

Entretanto, surgem já neste período lotes


regulares, de duas frentes, com um, dois
ou três pisos, em que a matriz de
organização interna se pode considerar a
origem das tipologias que se vão
desenvolver até finais do século XIX,
início do século XX. As casas
correspondentes a estes lotes têm
profundidades que variam entre os 20 e
os 30m e larguras que atingem os 6m.
(TEIXEIRA, 2004: 24)
2.3. Lote
Iluminista

Largura do lote “(…) de


aproximadamente 6 metros, raramente
inferior a 5,5 metros. Estes lotes,
estreitos e compridos no sentido do
interior do quarteirão, possuem apenas
uma frente de rua, dando costas a outro
lote voltado para outra rua no lado oposto
do quarteirão.

Uma das explicações para a origem deste


dimensionamento relaciona-se com a
referência das características dos lotes da
cidade medieval, principalmente as dos
quarteirões mais regulares à cota baixa.

Um possível fator para a determinação da


largura do lote está relacionado com o
limite imposto pelo comprimento das vigas
transversais de madeira que suportam
os sobrados e coberturas.” (COSTA, 2019:
63)
2.3. Lote

Liberal

“Relativamente às
dimensões dos lotes, não
se verifica nenhuma
alteração, mantendo-se
os anteriores valores de
referência: 5,5 a 6m para
a largura e 15 a 20m
para o comprimento,
podendo, nalguns casos,
atingir os 30m”.
(TEIXEIRA, 2004:27)
2.4. Casa XVII/XVIII
A largura dos edifícios corresponde à largura do lote,
sendo que os edifícios são associados em banda,
XVII/XVIII
partilhando paredes de meação. Porto mercantilista

Mercantilista
“As casas correspondentes a estes lotes, têm pouca
profundidade, 10 a 15 m e larguras que não excedem XVIII Porto iluminista
os 4,5 m em média.
A escada pode ser de um único lanço, situada
longitudinalmente, ou de dois lanços, localizada Porto iluminista
transversalmente junto à parede das traseiras.” XVIII/XIX Porto liberal

(TEIXEIRA, 2004:24)

Iluminista Porto liberal


XIX/XX
Liberal
“O comprimento das casas é habitualmente entre 15
e 20 m, não ocupando a totalidade do lote, ficando
assim com duas frentes, uma voltada para a rua e outra XIX/XX Porto liberal
para o logradouro na interior do lote.

Esta configuração resulta na localização ao centro dos


XX
edifícios da caixa de escadas que concede a Porto contemporâneo
circulação vertical entre os vários pisos”. (COSTA,
2019:63)
Quadro tipológico do Porto, (COSTA, 2019:59) Porto contemporâneo
2.4.1. Casa tipologia mercantilista

“Estas casas têm ainda em comum uma tipologia de carácter


polifuncional, ou seja, servem de habitação e local de trabalho.
A oficina ou o armazém situam-se no rés-do-chão e a
habitação nos restantes pisos”. (TEIXEIRA, 2004: 24)

“A tipologia da casa de duas frentes caracteriza-se basicamente


por um piso de rés-do-chão amplo, onde se situa a loja ou a
oficina e por onde se faz o acesso aos restantes pisos, através de
uma escada de um só lanço, existente num corredor com entrada
independente pelo exterior, ou mais ou menos dissimulada dentro
da loja. Nos restantes pisos o acesso é feito por uma escada de
dois lanços, cujo espaço serve de articulação e iluminação dos
compartimentos interiores”. (idem, ibidem)

“A casa é fundamentalmente uma sala onde tudo se passa, não


existindo o conceito de sala de estar, sala de jantar, quarto de
dormir, etc. No mesmo compartimento, come-se, dorme-se e
executam-se todos os trabalhos domésticos. Porém, a cozinha
situa-se sempre no último piso, junto ao telhado, por razões de
segurança e funcionais, relacionadas com a exaustão dos fumos”.
(TEIXEIRA, 2004:25)
2.4.2. Casa tipologia iluminista

“(…) as casas aumentam de tamanho,


quer em dimensão, quer em número de
pisos. O pés direitos também aumentam,
assim como o número de aberturas por
piso, que passam a ser três.”. (TEIXEIRA,
2004:26)

“Os compartimentos continuam a seguir a


tradição de uma não especialização,
excepto a sala do primeiro piso, voltada
para a rua, destinada a receber um visitante
e a cozinha que continua a localizar-se no
último piso, junto ao telhado e à fachada
traseira”. (idem, ibidem)
2.4.3. Casa tipologia liberal

“A partir desta época, concebe-se a


habitação segundo uma complexa
hierarquização funcional e social,
que anteriormente não se registava
na espacialidade da casa corrente
(…).

As principais características
tipológicas e funcionais desta nova
casa são: a introdução de cave
sobrelevada, onde se situam zonas
de serviço e de armazenagem; rés-
do-chão destinado à cozinha,
situada nas traseiras, e os restantes
compartimentos a uma ocupação
social; nos pisos superiores
situam-se os quartos e no andar
recuado, ou sótão com águas
furtadas, situam-se os quartos da
criadagem”. (TEIXEIRA, 2004: 27)

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