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Vitória Lima2
RESUMO
Este artigo através de uma pesquisa de caráter teórico-exploratório vem apresentar
contribuições sobre a “Quadra Aberta” como sendo um conceito projetual inclusivo para o
redesenho urbano das quadras, usando vetores que levam em consideração permeabilidade
física e visual, valorização do pedestre e da escala humana nos trajetos entre maciços
edificados onde o espaço criado leva em consideração aspectos ambientais geradores de
estímulos aos canais sensoriais para a interação entre os espaços internos edificados e os
espaços externos de mobilidade ativa e equipamentos públicos, tendo equilíbrio entre a área
construída e espaços livres/áreas verdes, entre a verticalização e a horizontalidade, sendo
meta principal, ligar o indivíduo ao ambiente independente de sua idade e que possa abrigar
todas as suas necessidades, expectativas e desejos, interagindo o na comunidade, nos espaços
gerados, trazendo sensação de segurança, comodidade e bem estar. Usando a policentralidade
para ocupação de áreas não consolidadas ou em consolidação, usando diretrizes apoiadas em
quatro pilares considerados sustentáveis para o envelhecimento ativo, saúde, educação e
aprendizado continuado, participação social, proteção e segurança. Será demonstrado através
de casos consolidados, maneiras duradoura e humanistas para desenvolver um plano Urbano
de qualidade como o criado pelo engenheiro e urbanista Ildefonso Cerdà na cidade de
Barcelona, ou que leve em conta os aspectos geopolíticos de comunidade e de espaços
sustentáveis na cidade de Tianjin na China, ou de requalificação urbana como o Projeto do
Anhangabaú em São Paulo e na cidade do Recife, o projeto Calçada Legal da cidade do Recife.
Palavras Chaves: Quadra aberta; psicologia ambiental; comunidade; planejamento;
terceira idade.
ABSTRACT
1
Graduando de Arquitetura e Urbanismo
2
Graduanda de Arquitetura e Urbanismo
ARTIGO TÓPICOS INTEGRADORES 2 - ARQUITETURA E URBANISMO - UNINASSAU
having a balance between the built area and free spaces/green areas, between verticalization
and horizontality, being the main goal,, connecting the individual to the environment
regardless of his age and that can house all his needs , expectations and desires, interacting
with the community, in the spaces generated, bringing a sense of security, convenience and
well-being. Using polycentricity for occupation of unconsolidated areas or in consolidation,
using guidelines supported by four pillars considered sustainable for active aging, health
service, education and continuing learning, social participation, protection, and safety. It will
be demonstrated through consolidated cases, lasting and humanistic way to develop a
quality Urban plan such as that created by engineer and urban planner Ildefonso Cerdà in the
city of Barcelona, or that takes into account the geopolitical aspects of community and
sustainable spaces in the city of Tianjin in China, or urban requalification such as the
Anhangabaú Project in São Paulo and the city of Recife, the Legal Sidewalk projects of Recife.
Key Words: Open court; environmental psychology; community; planning; seniority.
INTRODUÇÃO
Esta é a imagem urbana das cidades brasileiras “um cenário de obstáculos físicos e
sensoriais que transmitem um ambiente estressante para o indivíduo idoso que se agrava
devido a idade que o fragiliza física e psicologicamente pois este é mais sensível a estas
situações ou condições que são incontroláveis geralmente, aversivas e estressantes pela
sensação de insegurança que gera os ambiente/espaços nestas condições.”
Por isto a forma da imagem urbana da cidade em termos físico/sensorial são grandes
espaços murados ou edificados não permeáveis dificultando a mobilidade, gerando grandes
percursos em vias mesquinhas e insuficientes para um deslocamento seguro, afeito a
acidentes, com poucos equipamentos urbanos contemplativos e de lazer para o descanso
temporário e até mesmo inclusivo comunitariamente aos demais que habitam em seu
Hoje a arquitetura se volta para o segmento da 3ª idade com grande interesse como os
demais segmentos econômicos, contudo o urbanismo por ser uma situação mais abrangente
do ponto de vista de sociedade é tratado de modo acanhado e periférico, o Estatuto das
Cidades é um instrumento que defende não só uma discussão ampla sobre o tema, mas
indutora para que os Planos Diretores sejam elaborados como ferramenta de políticas
públicas, mas cabe aos arquitetos e urbanistas quanto ao seu livre exercício da função buscar
as engrenagens que produzam a forma da imagem urbana que sigam os “princípios de
sustentabilidade socioambiental contribuindo para a boa qualidade das cidades defendendo à
promoção da justiça e inclusão social das cidades através de soluções dos conflitos, à moradia,
à mobilidade, à paisagem, ao ambiente sadio, etc.”
Este artigo visa demonstrar como pode o Arquiteto e Urbanista projetar para a 3ª
idade, levando em consideração que a cidade envelhece junto com a sociedade logo se faz
necessário produzir espaços que tragam na Psicologia ambiental estímulos aos canais
sensoriais que gerem interação entre os espaços internos edificados e os espaços externos de
mobilidade e equipamentos públicos, é a ligação do homem com o ambiente que possa abrigar
todas as necessidades, expectativas e desejos humanos, garantindo a interação como
comunidade e os espaços gerados, trazendo a sensação de segurança, comodidade, e bem
estar, assim a sociedade envelhece bem e a cidade se renova com ela por ser um organismo
vivo e dinâmico.
O REFERENCIAL TEÓRICO
Como já foi dito anteriormente usaremos como referencial teórico aquilo que esteja
alinhado e enquadrado em questões voltadas aos aspectos da Psicologia ambiental que
estimulem os canais sensoriais do usuário alvo gerando nele interação entre os espaços,
ligando-o com o ambiente onde ali todas suas necessidades, expectativas e desejos humanos
sejam atendidos lhe dando qualidade de vida e sentimento que ele está incluso na
comunidade e nos espaços gerados. Ao longo da história do urbanismo, vários foram os tipos
de Desenho Urbano desenvolvidos pelos arquitetos. Com a evolução das cidades surgiram
novos desafios que deveriam ser vencidos e previstos. Desde a quadra da cidade tradicional
até os dias atuais, as mudanças no formato da tipologia das quadras são marcantes.
Figura 1: Linha do tempo de diversos tipos de planos de quadra ao longo da história do urbanismo, montagem da autora.
Fonte: FIGUEROA, Mário. Arquitextos, Vitruvius website.
JANE JACOBS (1961), BENTLEY (1985), DEL RIO (2001) E GEHL (2013)
Complementa-se o conceito de desenho urbano de Bentley com Del Rio para ele o
novo desenho urbano que busque a revitalização urbana das cidades com inclusão social e
deve ser projetado levando em consideração:
Para Vicente Del Rio o projeto urbano ideal deveria responder a três grupos básicos de
satisfação do usuário: visual, funcional e comportamental. onde a circulação viária é um dos
elementos mais importante para a estruturação da imagem urbana, um dos fatores básicos na
democratização da cidade, e a acessibilidade e estacionamento devem ser entendidos como
vitais para a animação e a sobrevivência social e econômica de uma área, em soluções
conciliadoras com os espaços livres que tem função importante no urbano quanto aos
aspectos, social (encontros), cultural (eventos), funcional (circulação) ou higiênica (mental ou
física).
Mas como buscar tais situações sem levar em conta a escala humana? Como devemos
ver o problema das cidades hoje? Segundo Jan Gehl em seu livro “Cidade para Pessoas” o
urbanista e arquiteto deve assumir sua responsabilidade por ter negligenciado nos últimos 50
anos a dimensão humana no planejamento urbano e na exploração dos vazios entre os
"A cidade é das pessoas, para que possam andar, sentar, praticar esportes ou ir de bicicleta ao
trabalho". "Estamos muito obcecados com a mobilidade e perdemos a capacidade de fazer
bairros onde é um prazer crescer e envelhecer". JAN GEHL
https://www.archdaily.com.br/br/897053
Sendo assim Jan Gehl defende que as condições ideais para o pedestrianismo que
levem a considerar a segurança quanto ao transito, que exista a polifuncionalidade de uso para
o espaço gerado onde o indivíduo venha a sentir segurança quando ali transitar a qualquer
hora do dia e da noite com boa iluminação, onde o caminho por onde o pedestre passe seja
livre de experiências sensoriais desagradáveis, causadas por vento, chuva, calor/frio, poluição,
ruído, poeira, ou seja tenha proteção para isto, que pode ser alcançada até mesmo pelo
posicionamento correto dos edifícios na quadra em função das condições ideais de conforto
ambiental. Mas não fica só nisto, os caminhos deve ter espaço suficiente e sem obstáculos,
boas superfícies, acessibilidade para todos e fachadas interessantes, que ofereçam um visual
agradável, tais caminhos devem ser apoiados por espaços de permanência atraentes para
sentar e que possa ofertar e aproveitar os aspectos positivos do clima: sol/sombra,
calor/frescor, brisas e que haja nos espaços Locais jogar e se exercitar: convite à criatividade e
a atividades físicas, a toda hora e em todas estações.
Quer Ghel, quer Bentley, quer Del Rio ou qualquer outro teórico nenhum é mais
desafiador e traz uma Leitura sobre a cidade e a humanização dos espaços como a jornalista
Jane Jacobs (2001) no seu livro Morte e Vida das Grandes Cidades a autora trata dos vários
aspectos que transformaram a cidade em um ambiente sem vida, meramente artificial e
funcional como uma engrenagem, ela desafia os arquitetos e urbanistas a pensarem do ponto
de vista do usuário e como pesquisadora ela vai mais além, para ela a cidade é orgânica e para
ser uma cidade boa de viver as ruas devem ser vibrantes, os prédios devem ter fachadas ativas,
bairros com quadras de uso mistos e mais densos assim o pedestrianismo é favorecido e o
conceito de comunidade fortalecido, logo a autogestão regularia o dinamismo de
transformação dos espaços urbanos gerados neutralizando as barreiras que geram as zonas de
fronteiras através da permeabilidade garantida pela mobilidade humana tendo na calçada seu
Mas para isto ela desafia aos profissionais da área a repensar pois do ponto de vista de
Jacobs, “é um crime contra a cidade trabalhar o lote como definidor da configuração do
espaço, devendo ser a quadra o elemento mínimo que os urbanistas devem estudar e
desenvolver.” Demonstra soluções denominadas como “Geradores de Diversidade”, nas quais
contribuíram para este trabalho e suas diretrizes:
BARCELONA DE CEDÀR
Figura 2: Plano de Cerdà 1859. Fonte: EXPOSICIÓ. Cerdà: Urbs i Territori. Barcelona: Departament de Política
Territorial i Obres Públiques de la Generalitat de Catalunha, 1996.
Chama a atenção que 1859 Ildefonso Cerdá estava a frente de seu tempo, pois ao
modular a quadra e a dispô-la numa malha quadriculada em função dos três eixos ele definiu a
expansão da cidade e em cada etapa desta expansão da cidade de Barcelona com novos
bairros foram integrados por anéis viários.
Foto 1 Quadra Barcelona - Google Earth 2020 passagem que o atravessa, e o super-
quarteirão, que é a ocupação global ou união de mais de um quarteirão.
O Projeto trabalha Quadras e assim a malha urbana está estruturada pelo conceito de
vizinhança usado em Cingapura e tem como menor unidade territorial a Eco célula (com área
de 400m por 400m, garantindo pequenas distâncias de caminhada para acesso a serviços
essenciais). Caracterizadas como unidade básica, as Eco células irão compor as Eco
Figura 3 e 4 plano urbanístico deTianjin/CH comunidades e, por fim, os Eco
distritos. Cada célula comporta 2.500 unidades habitacionais, com aproximadamente 8.000
pessoas. Quatro células irão compor uma comunidade (com cerca de 30.000 pessoas) e, por
fim, quatro comunidades compõem um distrito. Para adequá-los há outros locais devemos ter
em mente a proporcionalidade através da densidade de ocupação de cada local e suas
necessidades como no Brasil a eco célula deve ser tratada como quadra de dimensionamento
dividido em edifícios e com distâncias condizentes as necessidades do lugar. O conjunto destas
REQUALIFICAÇÃO DO ANHANGABAÚ
Uma das formas de observar como o Brasil ainda não está preparado para uma
população com muitos idosos é prestar atenção à situação das calçadas nas cidades. O Recife é
um exemplo de mobilidade inadequada para pessoas com 60 anos ou mais. Segundo a
avaliação da arquiteta e urbanista, Ângela Carneiro Cunha, os principais problemas para a
mobilidade dos pedestres idosos na capital pernambucana são anteparos, buracos e
declividades.
A funcionalidade pode ser entendida de modo geral como uma maneira de medir se
uma pessoa é ou não capaz de independentemente desempenhar as atividades necessárias
para cuidar de si mesma e de seu entorno (DUARTE, ANDRADE, LEBRÃO, 2007). Essas
atividades são conhecidas como atividades de vida diária (AVD) e subdividem-se em: a)
atividades básicas de vida diária (ABVD) – que envolvem as relacionadas ao autocuidado ; b)
atividades instrumentais de vida diária (AIVD) – que indicam a capacidade do indivíduo de
levar uma vida independente dentro da comunidade onde vive e inclui a capacidade para
preparar refeições, realizar compras, utilizar transporte, cuidar da casa, utilizar telefone,
administrar as próprias finanças, tomar seus medicamentos, contudo se isto não for associado
a uma prática de atividades físicas capazes de promover a melhoria da aptidão física
relacionada à saúde que irá proporcionar benefícios nas áreas psicofisiológicas, com mais ou
menos capacidade de acordo com a idade.
Todos vamos envelhecer e sendo assim se faz necessário diante da questão urbana
elaborar planos e projetos duradouros e de fácil intervenção quando da necessidade de sua
requalificação. Todos os teóricos e estudos de caso aponta que a quadra aberta como
definidor da configuração do espaço, devendo ser a quadra o elemento mínimo que os
urbanistas devem estudar e desenvolver um bairro sustentável ou requalificar espaços vazios
em áreas já consolidadas, através de gerar novas centralidades que impactem nas zonas
urbanas consolidadas onde se busca ofertar todos os serviços dentro de um raio de
distanciamento que venha a integração do espaço com sua vizinhança gerando fachadas
ativas, conciliando a circulação com outros usos tradicionais da via pública como passagem de
pedestres, local para passeios, encontros, Bares-Cafés de calçadas, comércio, etc. A integração,
no espaço urbano, das funções habitação – circulação – trabalho – lazer através de um
Um novo conceito urbanístico é o que irá trazer no fluxo de pedestres e novos usos ao
interior da quadra com percursos variados que permitem que as edificações possam interagir
entre si gerando mobilidade ativa, ofertando equipamentos de lazer e apoio, áreas verdes e
vida ativa assim se garante aquilo que é necessário para o idoso ter um é envelhecimento
ativo através de seus quatro pilares saúde, educação e aprendizado continuado,
participação social e proteção e segurança.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PORTZAMPARC, Christian. Northen Residential Area of Beijing Logisticsport Urban Planning, Plano Urbanístico
Área Residencial de Pequim. 2003.
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
BENTLEY, Ian, et al. Responsive environment. A manual for designers. Great Britain. MPG Books Ltd, 2005.
DEL RIO, Vicente. Introdução ao desenho urbano no processo de planejamento. São Paulo: PINI, 1990.
https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/projetos-urbanos/anhangabau/
https://www.archdaily.com.br/br/898313/como-projetar-para-a-terceira-idade
https://www.brainlatam.com/blog/biofilia-e-neuroarquitetura-fazendo-a-conexao-da-natureza-com-o-nosso-
cerebro-por-meio-dos-elementos-construtivos-2031