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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Diretoria de Educação Continuada em


Planejamento Ambiental Urbano e Produção Social do Espaço

José Euclides Queiroz Ferreira

CIDADE COMPACTA E SUSTENTÁVEL


TRANSFORMANDO AS CIDADES BRASILEIRAS

Belo Horizonte

2021

1
José Euclides Queiroz Ferreira

CIDADE COMPACTA E SUSTENTÁVEL


TRANSFORMANDO AS CIDADES BRASILEIRAS

Resumo de projeto de pesquisa apresentado à Pró-


reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Diretoria de
Educação Continuada em Planejamento Ambiental
Urbano e Produção Social do Espaço da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais.

Orientadora: Prof.ª Lúcia Karine de Almeida

Belo Horizonte

2021

2
RESUMO

A Cidade Compacta como conceito na busca de uma cidade racional,


sustentável, humanista, inclusiva e saudável através da reconfiguração das cidades consolidadas
e da ressignificação dos usos, da requalificação dos espaços urbanos sob a influência de uma
dinamicidade espontânea e cultural no aproveitamento ideal dos vazios urbanos e da produção
dos espaços em expansão territorial. A visão de uma política publica efetiva com mecanismo
de comunicação que possa dar voz aos movimentos sociais na luta da apropriação dos espaços
urbanos com critérios geradores de sustentabilidade urbana, onde unidades de vizinhança
(comunidades) através da consolidação de centros de bairros com diversidade de ofertas em
serviços e usos dimensionados por uma densidade habitacional integrada a infraestrutura
conjuntamente com a apropriação sustentável da natureza pelo espaço gerado de forma saudável
e onde a conectividade entre as comunidades se dá através de corredores de sustentabilidades.
A comunicação como forma de coibir a espoliação urbana gerada por uma política neoliberal
de produção do espaço urbano.

ABSTRACT

The Compact City as a concept in the search for a rational, sustainable, humanistic and inclusive
city through the reconfiguration of consolidated cities and the redefinition of uses, the
requalification of urban spaces under the influence of a spontaneous and cultural dynamism in
the ideal use of urban voids and of the production of spaces in territorial expansion. The vision
of an effective public policy with a communication mechanism that can give voice to social
movements in the struggle for the appropriation of urban spaces with criteria that generate urban
sustainability, where neighborhood units (communities) through the consolidation of
neighborhood centers with a diversity of offers in services and uses scaled by a housing density
integrated with infrastructure together with the sustainable appropriation of nature by the space
generated in a healthy way and where the connectivity between communities takes place
through sustainability corridors. Communication to curb urban dispossession generated by a
neoliberal policy to produce urban space.

Palavras Chaves: Cidade Compacta, mecanismo de transformação, Sustentabilidade Urbana,


Bairros Sustentáveis, Centralidades.

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APRESENTAÇÃO

Este documento de pesquisa, foi elaborado pelo Aluno José Euclides Queiroz Ferreira,
Arquiteto e Urbanista, em atendimento as exigências da disciplina de Espaço Urbano Regional
e Direto Ambiental do ministrada pela Professora Lucia Karine de Almeida do Curso de Pós-
Graduação, Planejamento Ambiental Urbano e Produção Social do Espaço da PUC, Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais.

A etapa deste trabalho constitui a conceituação geral do tema, objetivos, justificativas,


metodologia para definição de diretrizes para uma proposta de planejamento estratégico,
desenvolvimento do projeto juntamente com uma breve análise histórica. O progresso deste
trabalho culminará no trabalho final deste curso.

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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................6

TEMA .......................................................................................................................................................6

PROBLEMA ........................................................................................................................................6

HIPÓTESES .........................................................................................................................................9

OBJETIVO GERAL ...............................................................................................................................11

OBJETIVOS ESPECIFICOS .........................................................................................................11

JUSTIFICATIVA ...............................................................................................................................12

O REFERENCIAL TEÓRICO ...............................................................................................................12

METODOLOGIA...................................................................................................................................17

................................................................................................................................................................18

................................................................................................................................................................18

CRONOGRAMA ...................................................................................................................................19

CONSIDERAÇÕES ...............................................................................................................................19

REFERENCIAS .....................................................................................................................................20

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................................20

SITES E TEXTOS ON-LINE ............................................................................................................20

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INTRODUÇÃO

TEMA
A transformação das cidades brasileiras em cidades compactas e
sustentáveis, parametrização e diretrizes.

PROBLEMA
O Surgimento das cidades brasileiras em sua história sempre foi ligadas aos
cursos d`água e aos meios de transporte e de sustentação econômica, onde a mobilidade se dava
entre rios, estradas de ferro, de terra ou pavimentadas, onde ali sempre surgiram as cidades
brasileiras através das relações sociais, econômicas e culturais, assim como no mundo, os
aglomerados urbanos se originavam em entrepostos comerciais e igrejas, em sedes de fazendas
ou possessórios, ou no caso do Brasil algumas foram geradas nas capitanias hereditárias sempre
levando em consideração tais princípios de ordenamento territorial.

O problema da urbanização brasileira tem causa no crescimento da


população urbana e seus efeitos na infraestrutura e serviços que não acompanham e não
conseguem atender a demanda existente, nem a forma urbana, seus usos e a relação com a
densidade habitacional.

As cidades se desenvolveram em certos momentos temporais de nossa


história de modo disperso, linear, segregado e espraiado sem a devida prioridade do
planejamento urbano que deveria ser o norteador do uso e da ocupação do território urbano de
forma eficiente e sustentável. (Ver tabela 01 – História do Urbanismo Brasileiro, baseado no
trabalho de Flávio Vilaça, as fases da urbanização brasileira).

Na história das urbanização das cidades brasileiras a especulação imobiliária


se sobressaiu dentro da politica neoliberal urbana de mobilizar os espaços da cidade e o
crescimento orientado tanto para o mercado, quanto para as práticas de consumo das elites,
garantindo, ao mesmo tempo, a ordem e o controle de populações excluídas, em detrimento da
qualidade de vida e a inclusão social e a preservação do meio ambiente, gerando impactos
negativos de poluição dos recursos hídricos existentes e desmatamento descontrolado, os meios
hídricos se tornam locais e vias de transporte de despejos e dejetos, onde todo o meio ambiente
se torna antropizado e mal aproveitado, onde cada ocupação e territorialidade são definidas por
questões étnicas-culturais e socioeconômicas de uma cultura Casa Grande e Senzala.

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Tabela 1- fases do urbanismo brasileiro, baseado no trabalho de Flavio Vilaça

Período Descrição Caraterísticas Consequências


sociais/econômicas/cul
turais/legais
1a fase Planos de Tradição Europeia, • segregação étnica e socioespacial;
1875 - embelezamento das Higienista x cortiços. • Empurram a população e habitação de baixa renda
1930 cidades às áreas distantes dos centros urbanos;
• origem da cidade informal;
• Ruas largas e áreas centrais revitalizadas

2a fase Planos de conjunto Abordam aspectos do • Diretrizes validas para todo território urbano
ambiente urbano municipal;
1930 - através de legislação • Zoneamento;
1965 urbanísticas, habitação • Uso e Ocupação do Solo
e ordenamento • Articulação dos Bairros com o centro através de
territorial sistemas de transportes;

3ª fase Plano de Planos complexos que • Aspectos sociais distantes dos interesses da classe
1965 - desenvolvimento levam em conta o dominante (abuso do poder econômico);
1971 integrado território, aspectos • Dificuldade nos processos de aprovação;
econômicos e sociais. • Abordam com maior ênfase as questões
metropolitanas em detrimento das municipais;

4ª fase Plano sem Mapas Devido ao poder • Os diagnósticos técnicos são abolidos;
1971 - econômico vigente • As medidas propostas são superficiais baseados
1992 ligado as questões de em diretrizes e objetivos gerais;
um período em que o • A simplificação dos planos para meras cartas de
país vive um regime de intenções abre espaço para a corrupção urbana;
exceção e • Experiências neoliberais de políticas urbanas com
antidemocrático que o crescimento voltado para o mercado e para o
buscam ocultar os atendimento das necessidades e práticas de
conflitos de interesse consumo das elites;
em relação aos espaços • a ordem e o controle de populações excluídas.
urbanos.
5ª fase Constituição de Redemocratização do • Plano Diretores como instrumento de política
1992 - 1988 e Estatuto das país o planejamento publica para desenvolvimento e expansão urbana e
1988 / Cidades urbano passa a ser visto rural;
como um processo • Direito a cidade sustentável é obrigação de Estado;
2001 político e de • Objetivo construção de territórios que promovam
participação social justiça social com desenvolvimento econômico
(econômica circular) com preservação ambiental;
• Gerar ambientes urbanos eficiente, inclusivos e
sustentável.

O Estatuto das Cidades é um instrumento que defende não só uma discussão ampla sobre
o tema, mas indutora para que os Planos Diretores sejam elaborados como ferramenta de
políticas públicas, mas cabe aos arquitetos e urbanistas quanto ao seu livre exercício da função
e todos aqueles que fazem a cidade buscar as engrenagens que produzam a forma da imagem
urbana que sigam os “princípios de sustentabilidade socioambiental contribuindo para a boa

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qualidade das cidades defendendo à promoção da justiça e inclusão social das cidades através
de soluções dos conflitos, à moradia, à mobilidade, à paisagem, ao ambiente sadio, etc.”

A cidade envelhece, a sociedade envelhece, a cidade envelhece a sociedade, são efeitos


causados pelo dinamismo econômico baseado no capitalismo especulativo de uma cultura
consumista da era digital isolacionista que não se incomoda de gerar espaços excludentes e
agressivos a partir do momento que não permite a interação dos indivíduos com ela, dos
indivíduos entre si de um ponto de vista físico-territorial onde possa fluir um processo de
comunidade, nem de humanização dos espaços gerados e sua integração interior/habitação com
o exterior urbano e os equipamentos públicos, falta-lhes a sensibilidade e acessibilidade, outra
problemática para as cidades dos dias atuais sujeitas a fatos pandêmicos.

QUADRO GERAL DAS CIDADES BRASILEIRAS NO SÉCULO XXI

As cidades brasileiras atualmente tem características herdadas produzidas


com um ordenamento que as tornou inviáveis, contudo neste cenário os urbanistas brasileiros
teimam ainda em permanecer nos erros do passado e na maneira de tratar a cidade num modelo
arcaico e estático de usos pré-definidos de acordo com o achismo reinante de medidas
superficiais e de planos diretores que passam apenas como um documento de intenções e que
ficam amarrados em conceitos de territorialidade e zoneamento um tanto quanto ultrapassadas
e segregadoras, o que é consolidado? O que é expansão? O que é predominância? Não largamos
o totalitarismo passado e assim a cidade se expandem linearmente, dispersa e espraiada, onde
existe um centro urbano consolidado e os demais espaços gerados vão orbitando em seu entorno
através de uma expansão urbana que nem de longe fica visível aos olhos urbanísticos como um
espaço dentro do tecido urbano que possa de maneira articulada concentrar atividades que
concedem a este espaço uma maior atração sobre parcelas consolidadas que não podem mais
fazer este papel, o de ser capaz de gerar e manter fluxos de pessoas, capitais, mercadorias, etc.,
ou de gerar um equipamento que possa dar a determinadas parcelas urbanas aquilo que a
inexistência de vazios urbanos em territórios já consolidados não podem dar. E assim vai a
cidade em seu tecido urbano sendo produzida de maneira desigual nas suas parcelas onde uma
única parte, o centro concentra todas as atividades com poder de articulação e atração sobre as
demais deste modo se constitui a centralidade urbana onde prioriza o territorialismo extensivo,
disperso com ou sem qualidade ora apresentando enormes vazios propícios a especulação
imobiliária e uma serie de serviços mal distribuídos, espraiados atendendo baixas densidades

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habitacionais, gerando pouca arrecadação, muito gasto publico e pouca efetividade no quesito
de oferta de serviços e proporcionar qualidade de vida a população.

Figura 1-fonte artigo Unimar urbanismo disperso - 2016

O PAPEL DO ESTADO

Temos que ter em mente que segundo a Carta Mundial, “o Direito à Cidade
é um direito coletivo de todas as pessoas que moram na cidade, a seu usufruto equitativo
dentro dos princípios de sustentabilidade, democracia, equidade e justiça social”. Assim como
os outros direitos humanos, este é um direito interdependente. Mas são correlatos, pois a
cidade não pode negar os Princípio da inviolabilidade da pessoa, “não se pode impor
sacrifícios a um indivíduo em razão de que tais sacrifícios resultarão em benefício a outra
pessoa”. O papel do Estado dentro do contexto constitucional é de equilibrar as relações
interpessoais entre as classes sociais para assim garantir direitos e deveres para todos e produzir
uma cidade equilibrada, sustentável e inclusiva.

Mas isto ocorre?

HIPÓTESES
A metodologia utilizada para a elaboração deste trabalho será de caráter teórico e
exploratório, que, segundo Gil (2008), tem o objetivo de proporcionar maior familiaridade com
o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Tendo sido
desenvolvida essa metodologia, esta pesquisa pode ser classificada como pesquisa
bibliográfica, descritiva e explicativa de estudos de casos. No que diz respeito ao aspecto
técnico e profissional, esta pesquisa sobre conceitos de bairros sustentáveis, quadra aberta e
corredores de sustentabilidade e seu enquadramento nos estudos de casos pesquisados podem

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ser utilizadas como uma experiência que teve êxito e, dessa forma, a replicação destes conceitos
em nossa realidade em projetos em desenvolvimento e se estes podem ser aplicados a outros
centros urbanos.

O problema instigador da pesquisa pode ser formulado pelo seguinte questionamento:


Que contribuições os estudos de casos e sua relação com o conceito de quadra aberta como uma
unidade multifuncional pode ter para o planejamento urbano das cidades? Parte-se da hipótese
inicial de que os estudos de caso e local que foi planejado pensando no adensamento
populacional, pode trazer, com suas propostas urbanísticas, contribuições importantes para
outras cidades, tais como: melhoria da qualidade de vida da população mais vulnerável, sistema
de drenagem d’água, sistema de quadras abertas e melhoria da mobilidade ativa, diminuição da
poluição visual etc.

Assim o projeto da cidade sustentável e compacta deve estar estruturada sobre conceitos
de harmonia e tecnologia expressos por seis elementos básicos:

Das harmonias: Harmonia social, vitalidade econômica e sustentabilidade ambiental.

Das Tecnologias: Praticável (tecnologias acessíveis e economicamente viáveis), replicável


(princípios e modelos potencialmente aplicáveis em outros locais); e Escalonável (princípios e
modelos potencialmente adaptáveis para outros projetos e escalas).

Em termos de ordenamento territorial, o projeto segue três princípios básicos:

1- Uso do solo – Planejada, por meio do desenvolvimento orientado ao trânsito, para ser
uma cidade compacta e oferecer serviços e empregos próximos, em âmbito local, e garantindo
centros comerciais contíguos às residências;

2- Transporte – Direcionado para o aumento das viagens em transporte público, em


veículos não motorizados e prioritário ao pedestre;

3- Vegetação e água – Os Rios, sua rede de macrodrenagem nas cidades adotada como
núcleo ambiental urbano, composto por cursos de água em processo de recuperação e mata
ciliar. Sua conexão com demais canais e outras faixas de vegetação associadas à implantação
de equipamentos de lazer pretende criar uma costa ambientalmente saudável e atraente à
população.

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OBJETIVO GERAL
O objetivo geral é o de analisar o planejamento urbano atual, gerar parâmetros para
diretrizes com ênfase na Cidade Compacta e sustentável no contexto brasileiro para a geração
de centros de bairros ou ocupação de vazios urbanos com diversidade de ofertas em serviços e
usos dimensionados por uma densidade habitacional integrada a infraestrutura conjuntamente
com a apropriação sustentável da natureza pelo espaço gerado de forma saudável e onde a
conectividade entre as comunidades se dará através de corredores de sustentabilidades baseando
mobilidade e acessibilidade e principalmente na integração e inclusão de indivíduos levando.

OBJETIVOS ESPECIFICOS
Os específicos são as intervenções que podem agir isoladamente ou se integrarem para
modificar o espaço sob os aspectos da psicologia ambiental, onde se poderá propor (objetivos
específicos):

A- Estudar e propor parâmetros para novas diretrizes que visem gerar novas áreas de
centralidades em espaços urbanos expandidos não consolidados em cidades de médio
porte, e em zonas de conurbação nas metrópoles.
B- Estudar e propor parâmetros para novas diretrizes para a ocupação sustentável dos
grandes vazios urbanos com espaços multifuncionais em zonas já consolidadas, em
recuperação de áreas degradadas ou decadentes para a renovação urbana, e
espaços multifuncionais em zonas de conurbação nas metrópoles, definindo planos
urbanísticos específicos, baseando suas diretrizes nos quatro pilares considerados
atualmente sustentáveis para uma vida ativa, saúde, educação e aprendizado
continuado, participação social, proteção e segurança, onde se propicie a renovação
do tecido urbano e a integração do entorno.
C- Estudar e propor parâmetros para novos caminhos ou requalificação dos já existentes
dentro do conceito de corredores de sustentabilidade através de vetores de
permeabilidade física e visual valorizando o pedestre e a escala humana nos
trajetos junto aos maciços edificados e em trajetos interbairros.
D- Propor alternativas ao padrão hoje dominante de ocupação.
E- Propor parâmetros e meios de verificação para equilibrar área construída e espaços
livres/áreas verdes do conjunto, entre a verticalização e a horizontalidade.

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JUSTIFICATIVA
A justificativa no âmbito acadêmico/científico é a de oportunizar o desenvolvimento
de outros estudos e projetos que serão elaborados a partir desta pesquisa. Assim, pode ser
utilizado para ampliar novas pesquisas relacionadas ao planejamento urbano, a sustentabilidade
urbana e à mobilidade como um todo. Onde altos índices de adensamento e a sustentabilidade
são enfoques necessários ao urbanismo contemporâneo

O Resultado esperado: definir parâmetros para gerar diretrizes onde possa se criar,
implantar e desenvolver uma cidade sustentável, ecologicamente amigável, socialmente
harmônica e eficiente no uso de recursos, por meio do desenvolvimento de infraestrutura,
residências, indústrias e comércio.

O REFERENCIAL TEÓRICO
Como já foi dito anteriormente usaremos como referencial teórico aquilo que esteja
alinhado e enquadrado em questões voltadas aos aspectos da Psicologia ambiental que
estimulem os canais sensoriais do usuário alvo gerando nele interação entre os espaços, ligando-
o com o ambiente onde ali todas suas necessidades, expectativas e desejos humanos sejam
atendidos lhe dando qualidade de vida e sentimento que ele está incluso na comunidade e nos
espaços gerados. Ao longo da história do urbanismo, vários foram os tipos de Desenho Urbano
desenvolvidos pelos arquitetos. Com a evolução das cidades surgiram novos desafios que
deveriam ser vencidos e previstos. Desde a quadra da cidade tradicional até os dias atuais, as
mudanças no formato da tipologia das quadras são marcantes.

Figura 1: Linha do tempo de diversos tipos de planos de quadra ao longo da história do urbanismo, montagem
da autora. Fonte: FIGUEROA, Mário. Arquitextos, Vitruvius website.
A
Quadra Aberta alia conceitos antigos - alinhamento no paramento - a conceitos modernos -
permeabilidade interna nas quadras. Define as ruas de forma clara, sem esquecer a pluralidade

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de formas e de usos. Ainda tem como parâmetros: preocupação com a escala, proporcionalidade
e viabilidade financeira. Os autores mais utilizados para o referencial teórico são: Jane Jacobs
(2001), Bentley (2005), Del Rio (2001) e Gehl (2013), que em síntese e sob a perspectiva de
cada um, abordam conceitos do desenho urbano contemporâneo onde dividiremos as pesquisas
teórica em duas partes, a primeira seria o desenho urbano e a percepção do espaço do ponto de
vista do usuário e a outra seria a percepção do espaço sobre o ponto de vista da escala humana.
Do ponto de vista geral dos teóricos as cidades foram desumanizadas ao longo de sua existência
pelo modo como são usadas e agravasse ainda mais pela era do petróleo e o avanço tecnológico,
assim a preocupação com o ser social independente de sua faixa etária foi colocado como
irrelevante.

JANE JACOBS (1961), BENTLEY (1985), DEL RIO (2001) E GEHL (2013)

Para Bentley O ambiente construído é inevitavelmente um sistema político, no sentido


de que sua forma física / espacial (independentemente de como é produzido ou gerenciado)
torna algumas coisas fáceis de fazer e outras mais difíceis. O Assentamento como parte de um
ecossistema compostas por um conjunto de diferentes sistemas - relevo, sistema de água,
sistema verde, rede de ligação pública, parcelas, edifícios e componentes que são diferenciados
não apenas espacialmente, mas também porque mudam a taxas diferentes ao longo do tempo
que tem influência sobre as estruturas urbanas, logo quem projeta tem que entender que ali se
abrem a possibilidade de se falar de questões como sustentabilidade e transformação e
requalificação do assentamento devido a um cenário de decadência ou envelhecimento e assim
o transforma-lo diversas vezes devido há um ecossistema dinâmico.

Assim o desenho urbano de Bentley deve ser norteado pelos princípios da


permeabilidade que são fundamentais para tornar as rotas agradáveis às pessoas e definir um
sítio urbano de qualidade, deve ter uma interface ativa dos espaços gerados através dos
caminhos criados e as áreas no entorno do perímetro do novo desenho urbano onde um sistema
de ruas bem conectado ofereça escolha de rotas que o pedestre possa levar de A B, e torne
provável que se encontre outras pessoas pelo caminho dando um sentimento visual de segurança
e sinal de vida buscando assim a permeabilidade sob o aspecto da acessibilidade, pois permite
um maior número de opções disponíveis para ir de um ponto a outro e torna o espaço receptivo
e que interligue outros onde neste conjunto a estrutura física final de qualquer assentamento
seja efetivamente um sistema político e deva ser projetada para abrir oportunidades na maior
quantidade possível de pessoas, com a mínima necessidade de recursos externos. A esta

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estrutura física haja espaços públicos com variedade, estética e com a oferta de usos e atividades
instaladas, como meio de atrair públicos diferentes em horários distintos na busca de estimular
a interpretação dos significados dos espaços onde se propõem buscar adequabilidade visual do
lugar integrando o espaço gerado com o existente no entorno.

Complementa-se o conceito de desenho urbano de Bentley com Del Rio para ele o novo
desenho urbano que busque a revitalização urbana das cidades com inclusão social e deve ser
projetado levando em consideração: “o ambiente influencia nosso comportamento e gera
esquemas territoriais nos usuários (consciente e inconscientes); a intensidade e a forma de uso
são proporcionais à qualidade do espaço e seus elementos”. (DELRIO, 1990, pg.97).

Disso ele conclui que


“estudar o comportamento ambiental conforma a investigação sistemática das inter-
relações entre o ambiente e o comportamento humano e suas implicações para o projeto”
(DEL RIO, 1990, pg.99).

Para Vicente Del Rio o projeto urbano ideal deveria responder a três grupos básicos de
satisfação do usuário: visual, funcional e comportamental. onde a circulação viária é um dos
elementos mais importante para a estruturação da imagem urbana, um dos fatores básicos na
democratização da cidade, e a acessibilidade e estacionamento devem ser entendidos como
vitais para a animação e a sobrevivência social e econômica de uma área, em soluções
conciliadoras com os espaços livres que tem função importante no urbano quanto aos aspectos,
social (encontros), cultural (eventos), funcional (circulação) ou higiênica (mental ou física).

Para isto os percursos e pedestres: integram um forte sistema interdependente com as


atividades sociais e econômicas no nível térreo das edificações e devem ser tratados em
conjunto com o sistema de circulação viária e transportes públicos e reforçados pelo projeto
dos espaços livres e atividades de apoio (práticas esportivas, lazer etc.). como forma de
integração comunitária, sendo um sistema complementar e coerente com o de movimento de
pedestres e veículos.

Mas como buscar tais situações sem levar em conta a escala humana? Como devemos
ver o problema das cidades hoje? Segundo Jan Gehl em seu livro “Cidade para Pessoas” o
urbanista e arquiteto deve assumir sua responsabilidade por ter negligenciado nos últimos 50
anos a dimensão humana no planejamento urbano e na exploração dos vazios entre os edifícios
a nível da rua o que ele chama de “ground floor” - o térreo, o nível da rua sendo assim pensado

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na escala humana nos edifícios e nos espaços abertos que tenha como referência a pessoa que
caminha e não para quem passa dentro de um carro. É uma questão de tamanho e densidade.

"A cidade é das pessoas, para que possam andar, sentar, praticar esportes ou ir de bicicleta ao trabalho".
"estamos muito obcecados com a mobilidade e perdemos a capacidade de fazer bairros onde é um prazer crescer
e envelhecer". Jan Gehl

Sendo assim Jan Gehl defende que as condições ideais para o pedestrianismo que levem
a considerar a segurança quanto ao transito, que exista a polifuncionalidade de uso para o espaço
gerado onde o indivíduo venha a sentir segurança quando ali transitar a qualquer hora do dia e
da noite com boa iluminação, onde o caminho por onde o pedestre passe seja livre de
experiências sensoriais desagradáveis, causadas por vento, chuva, calor/frio, poluição, ruído,
poeira, ou seja tenha proteção para isto, que pode ser alcançada até mesmo pelo posicionamento
correto dos edifícios na quadra em função das condições ideais de conforto ambiental. Mas não
fica só nisto, os caminhos devem ter espaço suficiente e sem obstáculos, boas superfícies,
acessibilidade para todos e fachadas interessantes, que ofereçam um visual agradável, tais
caminhos devem ser apoiados por espaços de permanência atraentes para sentar e que possa
ofertar e aproveitar os aspectos positivos do clima: sol/sombra, calor/frescor, brisas e que haja
nos espaços locais jogar e se exercitar: convite à criatividade e a atividades físicas, a toda hora
e em todas as estações.

Quer Ghel, quer Bentley, quer Del Rio ou qualquer outro teórico nenhum é mais
desafiador e traz uma Leitura sobre a cidade e a humanização dos espaços como a jornalista
Jane Jacobs (2001) no seu livro Morte e Vida das Grandes Cidades a autora trata dos vários
aspectos que transformaram a cidade em um ambiente sem vida, meramente artificial e
funcional como uma engrenagem, ela desafia os arquitetos e urbanistas a pensarem do ponto de
vista do usuário e como pesquisadora ela vai mais além, para ela a cidade é orgânica e para ser
uma cidade boa de viver as ruas devem ser vibrantes, os prédios devem ter fachadas ativas,
bairros com quadras de uso mistos e mais densos assim o pedestrianismo é favorecido e o
conceito de comunidade fortalecido, logo a autogestão regularia o dinamismo de transformação
dos espaços urbanos gerados neutralizando as barreiras que geram as zonas de fronteiras através
da permeabilidade garantida pela mobilidade humana tendo na calçada seu instrumento mais
importante e assim garantir a segurança pública com a presença de gente na rua e a diversidade
de usos.

Mas para isto ela desafia aos profissionais da área a repensar pois do ponto de vista de
Jacobs, “é um crime contra a cidade trabalhar o lote como definidor da configuração do espaço,

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devendo ser a quadra o elemento mínimo que os urbanistas devem estudar e desenvolver.”
Demonstra soluções denominadas como “Geradores de Diversidade”, nas quais contribuíram
para este trabalho e suas diretrizes: 1 - “Olhos da rua” - Funções que gerem presença de pessoas
em horários diferentes e em alta concentração; 2 - Quadras curtas - Valorização de esquinas e
percursos através do aumento de caminhos.

RICHARD ROGERS

A obra Cidades para um Pequeno Planeta de Richard Rogers, composta por cinco
capítulos – A Cultura das Cidades, Cidades Sustentáveis, Arquitetura Sustentável, Londres: a
Cidade Humanista e Cidades para um Pequeno Planeta foi reorganizada por assuntos relativos
às cidades e suas evidências de deterioração, espaços coletivos, monofuncionalidade e
multifuncionalidade dos espaços urbanos e dos edifícios, participação da sociedade nas tomadas
de decisão sobre as questões urbanas, e as cidades compactas.

Para Rogers, o processo de expansão das cidades não se preocupa com a fragilidade do
ecossistema, o enfoque da geração do espaço na sociedade atual o crescimento das cidades e da
economia é meramente quantitativo negligenciando aspectos relacionados à qualidade,
especialmente à qualidade social, predominância do acúmulo global de riqueza, do grau de
pobreza e aumento da população pobre.

O domínio público das cidades, os espaços públicos entre edifícios, nas últimas décadas,
têm sido negligenciados. O uso das ruas para “brincadeiras e encontros” é substituído por
estacionamento e congestionamento de veículos, afetando diretamente o nível de interação
social da comunidade. Esse negligenciamento do espaço público é confirmado pelo fato de que
a maior parte dos parques públicos, praças e ruas sejam legados de séculos anteriores. Os
edifícios são geralmente projetados como elementos isolados sem considerar o seu entorno.

Para Rogers, os espaços públicos com significado propiciam o exercício do


entendimento com relação ao outro, e, portanto, o exercício da tolerância, evidencia as
“vantagens de se morar ao lado do outro pela redescoberta da proximidade”, sem o risco à
saúde, fato típico das cidades densas do século XIX.

A cidade compacta é multifuncional é com a predominância de transporte coletivo


eficiente. As ruas e demais espaços coletivos, nessa cidade, são de domínio da população; “do
pedestre e da comunidade”. Assim a cidade compacta é sustentável e promove o equilíbrio das

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atividades diversas que se sobrepõem em um mesmo espaço ao mesmo tempo, tornando-o
funcional. É, portanto, uma cidade com harmonia social “livre que favorece os contatos
pessoais em espaços coletivos com significado; uma cidade bela e conectada com a arte, e
ainda possível de ser reconstruída”, ativando as noções mentais de espacialidade.

“O conceito de cidade sustentável reconhece que a cidade precisa atender aos nossos objetivos sociais,
ambientais, políticos e culturais, bem como aos objetivos econômicos e físicos. É um organismo dinâmico tão
complexo quanto à própria sociedade e suficientemente ágil para reagir rapidamente às suas mudanças”. Pág.
167, Livro Cidade para um pequeno planeta de Richard Rogers.

METODOLOGIA
Através de uma pesquisa com metodologia teórico-exploratória–experimentação onde
o referencial teórico irá apresentar pontos em comum com foco na pesquisa para assim poder
definir vetores para plano urbanos, seu desenho urbano ou redesenho, através de estudos de
casos que busquem de maneira duradoura e humanista, Plano Urbano criado pelo engenheiro e
urbanista Ildefonso Cerdà em 1859 para a cidade de Barcelona, ou levando em conta os aspectos
geopolíticos de comunidade e de espaços sustentáveis gerados na cidade de Tianjin na China.
A experimentação se dará no desenvolvimento de projetos realizados na Cidade de Caruaru por
nosso escritório, diagnostica e propor intervenções numa cidade de médio porte, tendo como
cenário a Cidade de Caruaru-PE com seu Plano Diretor existente para proposição de parâmetros
para diretrizes de planejamento estratégico, instrumentos de avaliação e controle para a
implantação, replicação e implementação destes conceitos através de mecanismos/meios de
comunicação para a educação dos movimentos sociais.

Figura 2 - Prerrogativas projetuais, condicionantes a serem pesquisados nos estudos de caso e estratégias.

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CRONOGRAMA
Este trabalho será realizado durante a execução do curso com o detalhamento do cronograma
de acordo com a orientação dos professores(as), sendo apresentado como trabalho de conclusão.

CONSIDERAÇÕES
A sociedade envelhece bem e a cidade se renova com ela por ser um organismo vivo e
dinâmico, em um cenário pandêmico a questão urbana se torna crucial e elaborar planos e
projetos duradouros e de fácil intervenção quando da necessidade de sua requalificação. Todos
os teóricos e estudos de caso apontam para a Cidade Compacta, Sustentabilidade Urbana,
devem buscar um definidor da configuração do espaço, pode este ser uma configuração de
quadra aberta, edificações multifuncional, corredores de sustentabilidade, devendo estes
elementos o mínimo que devem estudar para desenvolver um bairro sustentável ou requalificar
espaços vazios em áreas já consolidadas, através de gerar novas centralidades que impactem
nas zonas urbanas consolidadas onde se busca ofertar todos os serviços dentro de um raio de
distanciamento que venha a integração do espaço com sua vizinhança gerando fachadas ativas,
conciliando a circulação com outros usos tradicionais da via pública como passagem de
pedestres, local para passeios, encontros, Bares-Cafés de calçadas, comércio, etc.

A integração, no espaço urbano, das funções habitação – circulação – trabalho – lazer


através de um policentralismo já pré-dimensionado de acordo com a densidade de ocupação
tendo na harmonização dos diferentes usos que compõem o espaço pela unidade de concepção
das massas arquitetônicas que os configurarão, sem prejuízo da diversidade formal desejável
que funcionará de maneira articulada e equilibrada os espaços públicos, semi-públicos e
privados de maneira a assegurarmos continuidade e animação para as “vidas” diurna e noturna
do espaço urbano gerado. A organização e dimensionamento na escala da quadra e da sua
vizinhança, das áreas verdes e dos equipamentos públicos com a adaptação dos espaços
coletivos ao nosso clima tropical, o que resultará em forte identidade do núcleo urbano com o
lugar, onde os níveis permeabilidade do usuário serão os vetores que definiram o espaço em
total, semi e restrita.

Um novo conceito urbanístico é o que irá trazer no fluxo de pedestres e novos usos ao
interior da quadra com percursos variados que permitem que as edificações possam interagir
entre si gerando mobilidade ativa ou um conjunto de quadras que venham a se conectar de
maneira integrada e sustentável formando uma comunidade, formando um bairro ou
impactando positivamente em espaços urbanos já consolidados para a sua transformação,
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ofertando equipamentos de lazer e apoio, áreas verdes e vida ativa assim se garante aquilo que
é necessário através de seus quatro pilares saúde, educação e aprendizado continuado,
participação social e proteção e segurança.

REFERENCIAS

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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PORTZAMPARC, Christian. Northen Residential Area of Beijing Logisticsport Urban Planning, Plano
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DEL RIO, Vicente. Introdução ao desenho urbano no processo de planejamento. São Paulo: PINI, 1990.

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Salvaterra – Porto Alegre: Bookman, 2013.

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SITES E TEXTOS ON-LINE


http://www.cidadessustentaveis.org.br/boas-praticas/tiajin-eco-city-parceria-internacional-inicia-implantacao-de-
cidade-sustentavel

https://docplayer.com.br/11923727-O-plano-cerda-a-partir-destas-ideias-ele-desenvolveu-tres-componentes-
basicos.html

https://www.brainlatam.com/blog/biofilia-e-neuroarquitetura-fazendo-a-conexao-da-natureza-com-o-nosso-
cerebro-por-meio-dos-elementos-construtivos-2031

https://wribrasil.org.br/pt/blog/2018/09/cidade-compacta-cidade-dispersa-entenda-o-que-e-forma-urbana

https://docplayer.com.br/16251749-A-mobilidade-e-a-teoria-da-cidade-compacta.html

https://www.thecityfixbrasil.org/2016/12/20/pesquisador-explica-por-que-cidades-compactas-fazem-bem-a-
saude/

https://www.archdaily.com.br/br/798773/cidades-compactas-e-o-dificil-equilibrio-entre-densidade-e-
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http://periodicos.pucminas.br/index.php/Arquiteturaeurbanismo/article/view/15688 Cidades Compactas e Verdes.


Qualidade de Vida Urbana. Sustentabilidade Urbana.

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