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A ATUAÇÃO DO PROFESSOR NO DIAGNÓSTICO E NOS ENCAMINHAMENTOS

DAS CRIANÇAS COM QUATRO ANOS DIAGNOSTICADAS COM ALTAS


HABILIDADES

Leidiane Maria de Souza

Juliana Maria de Lima Coelho

GT 1 – Educação de Crianças, Jovens e Adultos

RESUMO

A presente pesquisa teve como objetivo refletir sobre o trabalho dos professores realizados no
atendimento aos alunos na faixa etária de 4 anos com Altas Habilidades, realizado no Núcleo de
Atividades em Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S) da prefeitura da cidade do Recife- PE. Para
coleta de dados utilizamos a entrevista semiestruturada e observação do grupo das crianças que são
diagnosticadas precocemente como crianças com altas habilidades no NAAH/S Recife oferece. Após a
coleta e análises dos dados, constatamos que o NAAH/S realiza um trabalho especifico aos alunos
com AH, oportuniza aprendizado específico, estimula as potencialidades criativas e senso crítico das
crianças e, também atua na promoção da formação de dos professores fornecendo apoio pedagógico,
fornecendo conhecimentos específicos para lidar com indivíduos que apresentam um desenvolvimento
diferenciado.

Palavras-chave: Professor, Altas Habilidades/Superdotação, encaminhamentos.

ABSTRACT

This study aimed to reflect on the work of teachers conducted in serving students aged 4 years with
highly talented, held in the Activity Center for High Skills / Giftedness (naah / S) of Recife-PE town
hall . For data collection we used semi-structured interviews and observation of the group of children
who are diagnosed early as children with high skills in Naah / S Recife offers. After collection and
analysis of data, we found that the Naah / S performs a specific work students with AH, provides
opportunities specific learning, stimulates the creative potential and critical sense of children, and is
also active in promoting teachers' training providing educational support providing expertise to deal
with individuals who have a marked development.

Keywords: Teacher, High Abilities / Giftedness, referrals.

INTRODUÇÃO

Tendo em vista o trabalho do professor em diversos campos de atuação, como escolas,


empresas, hospitais, CAPs, faz-se necessária uma análise do trabalho do professor no campo
da educação especial. Com isso, esse trabalho tem por finalidade pensar um pouco como pode
ser realizado o trabalho com crianças com altas habilidades. O presente estudo foi pensado a
partir da pouca difusão da temática, tendo em vista que as altas habilidades fazem parte da
educação especial. E como educação especial deve receber atendimentos especializados com
o apoio de psicólogos, fonoaudiólogos, entre outros profissionais estando entre eles o
professor.

No contexto de uma Educação Inclusiva, a Política Nacional de Educação Especial prevê


como objetivo da educação o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades nas escolas regulares,
orientando os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades educacionais
especiais. (MEC, 2008, pág.14)

No Brasil, as crianças com altas habilidades podem contar com um atendimento


especializado no Núcleo de Atividades em Altas Habilidades e Superdotação (NAAH/S).
Esses núcleos foram criados em 2005 a partir das dificuldades que a escola estava enfrentando
para fornecer uma educação de qualidade.

O estudo surgiu a partir da necessidade de perceber como é realizado o trabalho do


professor com as crianças com altas habilidades/ superdotação.

Temos como questionamento para direcionar nossa pesquisa: O trabalho do professor


com a educação especial- Como trabalhar com as Altas Habilidades/ Superdotação?

O referido estudo tem como finalidade buscar dados referentes ao especificamente sobre
o tratamento fornecido pelos Núcleos de Atividade em Altas Habilidades e Superdotação
(NAAH/S) às crianças estudantes pertencentes à rede municipal de ensino de Recife de 4 anos
diagnósticas com algum tipo de alta habilidade.

Para discutirmos a temática nos utilizaremos dos teóricos que analisam as Altas
Habilidades/ Superdotação como sendo realmente uma educação especial. No referencial
teórico traremos as contribuições de Delou (2002) Gardner (1995), Guenther (2006), como
também alguns referenciais do MEC (Ministério da Educação e Cultura).

Para esse pesquisa foi utilizada a entrevista semiestruturada, assim como também
observações no núcleo de atendimento em Recife – PE.
Após a análise dos resultados teceremos as considerações finais com base nas nossas
perguntas de pesquisas: É fundamental o trabalho do professor no diagnóstico das altas
habilidades; como é realizado o diagnóstico e os encaminhamentos das crianças de 4 anos?

REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo Deleou (2002), na década de 1920, as pessoas que possuíam elevadas


capacidades eram denominadas de supernormais, talentosas e precoces. No início da década
de 1930, surgiram no Brasil os termos “bem dotados” e, já na década de 1960, essas pessoas
passaram a ser chamadas de superdotadas. Nos anos 90 passou a ser utilizada a atual
terminologia altas habilidades, sugerida pelo MEC (BRASIL, 1995a; 1995b).

Buscando inserção e familiarização desses termos, Gardner (1995) afirma que todos os
indivíduos possuem todas as experiências em algum grau, mas certos indivíduos são
considerados promissores em uma inteligência e outros não. Superdotados, são as pessoas
bem-dotadas com habilidades e capacidades essenciais daquela inteligência.

Na perspectiva de que todo o ser humano possui diferentes inteligências (GARDNER,


1995), sendo estas inteligências diferenciadas entre as pessoas devido ao nível de
desenvolvimento e ao grau de capacidade, são consideradas AH o conjunto de inteligências da
natureza humana que são desenvolvidas com maior facilidade. Nesse sentido, podem ser
consideradas pessoas com AH aquelas que revelam habilidades e capacidades essenciais em
uma ou mais das inteligências citadas. Ou seja, aqueles indivíduos dotados de determinada
inteligência, podem apresentar um bom resultado em uma inteligência e não apresentar um
resultado tão bom em outra.

Gardner (1995) relaciona AH à manifestação das várias inteligências de um indivíduo e


enfatiza a capacidade de resolver problemas e de elaborar produtos. O mesmo autor organiza
a inteligência em oito blocos: inteligência linguística, inteligência lógico-matemática,
inteligência espacial, inteligência musical; inteligência sinestésica, inteligência interpessoal,
inteligência intrapessoal, inteligência existencial ou espiritualista. Deste modo, entende-se que
essas inteligências não estão evidenciadas num mesmo indivíduo, mas estes podem apresentá-
las em diferentes associações.

As estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que 3% a 5% da


população mundial, apresenta uma grande facilidade de dominar conteúdos e procedimentos
rapidamente, possuindo um nível de inteligência acima da média – Altas Habilidades
(BRASIL, 2006), isto é, uma em cada 20 pessoas apresenta alguma habilidade elevada.

De acordo com a Secretaria da Educação Especial do MEC, Altas habilidades referem-se


aos comportamentos observados e/ou relatados que confirmam a expressão de traços
consistentemente superiores em relação a uma média (por exemplo: idade, produção ou ano
escolar) em qualquer campo do saber ou do fazer. Deve-se entender por “traços” as formas
consistentes, ou seja, aquelas que permanecem com frequência de duração no repertório dos
comportamentos da pessoa, de forma a poderem ser registradas em épocas diferentes e
situações semelhantes (BRASIL, 1995b, p.13).

DIAGNÓSTICO E ENCAMINHAMENTO DO PROFESSOR

O objetivo básico do diagnóstico psicopedagógico é identificar os desvios e os obstáculos


básicos no Modelo de Aprendizagem do sujeito que o impedem de crescer na aprendizagem
dentro do esperado pelo meio social. (Bossa 2000, p.24) Porém, sabemos que esse diagnóstico
só é possível quando o professor percebe esses traços no aluno e o encaminha para uma
unidade de psicopedagogia especializada.

O diagnóstico possui uma grande relevância tanto quanto o tratamento. Ele mexe de tal
forma com o paciente e sua família que, por muitas vezes, chegam a acreditar que o sujeito
teve uma melhora ou tornou-se agressivo e agitado no decorrer do trabalho diagnóstico. Por
isso deve-se fazer o diagnóstico com muito cuidado observando o comportamento e mudanças
que isto pode acarretar no sujeito.
Visca (1991) propõe um esquema sequencial proposto para a avaliação do professor. Esse
esquema é composto por: Sistemas de hipóteses e linhas de investigações, escolhas de
instrumentos, verificação do sistema de hipóteses com formulação de um novo sistema se
preciso, e elaboração de uma imagem do sujeito que articula a aprendizagem.
Segundo Visca (ibid), os profissionais podem optar por fazer uma anamnese, pois muitas
vezes existe um “bombardeio” de informações trazidas pela família, o que acabaria
distorcendo o olhar sobre a criança e influenciando no resultado do diagnóstico.
A anamnese é uma das peças fundamentais deste quebra-cabeça que é o diagnóstico.
Através dela nos serão reveladas informações do passado e presente do sujeito juntamente
com as variáveis existentes em seu meio. Observaremos a visão da família sobre a história da
criança, seus preconceitos, expectativas, afetos, conhecimentos e tudo aquilo que é depositado
sobre o sujeito.
... toda anamnese já é, em si, uma intervenção na dinâmica familiar em
relação à “aprendizagem de vida”. No mínimo se processa uma reflexão dos
pais, um mergulho no passado, buscando o início da vida do paciente, o que
inclui espontaneamente uma volta à própria vida da família como um todo
(Visca,1991, p.63)

ORIENTAÇÕES PARA FAMILIARES E PROFESSORES

No Núcleo de Atividades as Altas Habilidades e Superdotação (NAAH/S) a participação


da família no processo de cada criança é fundamental. De acordo com a coordenadora as
famílias recebem atendimento e acompanhamento de cada atividade realizada com as
crianças, sendo consideradas a cada semestre um encontro com os pais para que assim seja
realizado um melhor trabalho com as crianças.

De acordo com o Ministério da Educação (MEC) 2007 pais de crianças e jovens com
Altas Habilidades / Superdotação podem se sentir isolados e sem apoio. Por isso é
imprescindível manter abertos os canais de comunicação entre família e escola.
(...) a família constitui um contexto em desenvolvimento, que promove a evolução dos
indivíduos e, portanto, é nicho ecológico primário para a promoção da sobrevivência e
para socialização da criança, transmitindo significado social à vida de seus membros
(Kreppner, 1992, 2000)

Com isso, podemos destacar a importância da família nesse processo de descoberta das
Altas Habilidades/ Superdotação e percebemos também que nem todas as vezes a escola está
preparada para lidar com as situações.

Guenther (2006) aponta que as escolas apresentam dificuldades em romper o lacre do


tradicionalismo, contribuindo para que o professor enxergue e explore o potencial de cada
aluno. Assim, a autora ressalta:
Conhecer a criança é uma das tarefas fundamentais do educador (...) como o
trabalho individualizado não é sempre possível na escola, principalmente com
alguns tipos de alunos especiais, a segunda melhor opção é orientar-se a ação para
pequenos grupos de alunos, com algumas características em comum, buscando
planear a educação voltada para as necessidades e interesses daquele grupo em
particular.

Neste contexto percebemos a importância de um atendimento pedagógico, sendo assim


mais favorável através de um olhar diferenciado que o pedagógico pode utilizar em diversos
casos.

A PROPOSTA DE TRABALHO PEDAGÓGICO PARA CRIANÇAS COM


ALTAS HABILIDADES

A proposta de atendimento educacional especializado para os alunos com altas


habilidades/superdotação tem fundamento nos princípios filosóficos que embasam a educação
inclusiva e como objetivo formar professores e profissionais da educação para a identificação
dos alunos com altas habilidades/superdotação, oportunizando a construção do processo de
aprendizagem e ampliando o atendimento, com vistas ao pleno desenvolvimento das
potencialidades desses alunos.
Guenther (2006) nos lembra que:
a capacidade e talento humano se desenvolvem, e se expressam
em produção superior, desde que o potencial seja identificado,
estimulado, acompanhado e orientado” (p.31). Sem estes fatores,
sem dúvida, os talentos mais promissores em nossa sociedade serão
desperdiçados. Este é um dos grandes desafios que teremos que
enfrentar.

Só vem ressaltar a importância de estabelecer uma boa ligação entre os profissionais das
diferentes áreas que irão atuar com os alunos com altas habilidades/ superdotação, assim
também com o trabalho dos professores que é de grande importância, através dos cursos que
serão utilizados no decorrer do trabalho realizado.

METODOLOGIA

A referida pesquisa foi realizada com base em dados do Núcleo de Atividades de Altas
Habilidades (NAAH/S), na cidade de Recife- PE, localizado na Estrada do Arraial, 4744, no
bairro de Casa Amarela, com o objetivo de refletir sobre a atuação do professor a partir das
entrevistas que são feitas com as 02 (duas) crianças com idade média de 4 anos. Essas
crianças chegam ao núcleo para realizar uma triagem e posteriormente serem encaminhadas
para os grupos de interesse que mais se adequem.

O sujeito da pesquisa foi a professora da instituição que respondeu uma entrevista com
cerca de 11 questões que norteavam o diagnóstico das crianças com altas habilidades, as
orientações fornecidas para os familiares e os encaminhamentos feitos a partir do diagnóstico
das crianças com altas habilidades.

A pesquisa tem abordagem qualitativa que segundo Oliveira (1999, p. 117):

Facilita descrever a complexidade de problemas e hipóteses, bem como


analisa a interação entre variáveis, compreende e classificar determinados
processos sociais, oferece contribuições no processo das mudanças, criação
ou formação de opiniões de determinados grupos e interpretação das
particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos.

Para coleta de dados utilizamos a entrevista semiestruturada como um dos


instrumentos de pesquisa, sendo direcionadas à coordenadora do Núcleo de Atividades em
Altas Habilidades e Superdotação (NAAH/S), assim como também, com a uma professora
que atua na unidade. A professora além de Pedagoga possui especialização psicopedagoga
institucional. Segundo Lakatos (2010) a entrevista “é uma conversação efetuada face a face,
de maneira metódica (p.179), que consiste no encontro entre o entrevistador e o entrevistado
para uma que verbalmente, através de uma conversa, sejam levantadas informações
necessárias para o estudo". Para a autora a entrevista, “dá oportunidade para a obtenção de
dados que não se encontram em fontes documentais e que sejam relevantes e significativos.”
(p.181).

A fim de verificar o atendimento oferecido pelo NAAH/S com os alunos realizamos


observações do grupo dos precoces. Segundo Lakatos (2010) a observação é uma técnica de
coleta de dados que possibilita a informação e utiliza os sentidos na obtenção de determinados
aspectos da realidade. A observação nos possibilita meios diretos e satisfatórios para estudar
uma ampla variedade de fenômenos.

ANÁLISE DE DADOS

Quando foi realizada a visita ao Núcleo de Atividades as Altas Habilidades e


Superdotação (NAAH/S) foi questionado à coordenadora como seria realizado o
encaminhamento das crianças para os grupos de interesse de acordo com as habilidades de
cada uma.

A coordenadora nos relatou: “(...) quando as crianças chegam aqui, são encaminhados aos
psicopedagogos para que possa ser realizada uma avaliação” (...)

Percebemos que essa avaliação é realizada em um grupo denominado precoce I, onde a


idade de cada criança está entre 4 e 5 anos. Durante a entrevista com a professora a mesma
esclareceu:

(...) a avaliação é feita a partir do primeiro contato com cada


crianças, sendo avaliados os desenvolvimentos cognitivos e
psicomotores de cada um, não é um trabalho rápido, tem que ter
cautela, pois a partir daí cada criança irá desenvolver suas
habilidades.

A professora detecta a possibilidade de alta habilidade dos estudantes encaminha para a


psicopedagoga avalia o desempenho dos alunos por meio de testes psicomotores que será
decisivo para os encaminhamentos posteriores. Foi observado o uso de materiais lúdicos que
estavam auxiliando o desenvolvimento psicomotor das crianças.

Os educandos estavam realizando as atividades no chão da sala, onde dispunham de


bastantes espaços para um bom aproveitamento. Assim também, como a docente dialogava
bastante com as crianças para que fosse aproveitado cada momento.

A participação da família é bastante significativa, pois as crianças dos atendimentos


pertencem ao grupo dos precoces. Grupo esse que, está em processo de descoberta das
habilidades para futuramente serem encaminhados para os grupos de interesses existentes no
NAAHS.

Os encaminhamentos dos professores auxiliam na formação do aluno durante todos os


seus anos de vida escolar, pois através dos acompanhamentos eles podem explorar suas
múltiplas inteligências, com isso também contribuindo para sua formação como cidadão.

Foi percebido que não é utilizada a anamnese nos atendimentos observados, sendo assim
ficando um pouco de dúvidas sobre questões que podem influenciar nos possíveis
encaminhamentos futuros. Mas pode ser observada a participação da família nos
atendimentos, onde favorece para que algumas questões possam ser esclarecidas.
A docente relatou a dificuldade que muitas vezes encontra com algumas crianças por se
tratarem de um grupo com uma faixa etária muito pequena:

(...) observo que muitas crianças chegam aqui tão pequenas que
nem conseguem falar direto, muitas são trazidas pelos pais só porque
fizeram algo de diferente em casa, com isso, percebo que alguns se
precipitam na hora de trazer os filhos (...)

Com isso, percebemos a preocupação de realizar um trabalho que venha atingir as


necessidades de cada educando de acordo com sua faixa etária e sua cognição.

Foi questionado a professora o motivo pelo qual não foi observada a realização da
anamnese com os educandos, com isso a docente relatou que como os alunos que foram
observados estavam lá a pouco tempo ainda não teria feito a anamnese.

A observação foi boa para perceber que o trabalho da professora é muito importante para
a percepção das altas habilidades/ superdotação. É um trabalho que requer acima de tudo um
olhar muito detalhado de cada situação que envolve o individuo.

A docente conta da importância desse olhar diferenciado com os educandos, através do


seguinte relato:

“(...) o professor em sala de aula está muito preocupado com


resultados, muitas vezes quantitativos, nós psicopedagogos temos
que ter um olhar diferenciado com o aluno, temos que deixar de ver
o aluno como um ser que está ali para receber informações, e sim
temos que vê-lo como um ser capaz de desenvolver seus talentos
(...)”

Percebemos a preocupação da professora em fazer um trabalho diferenciado daquele


que eles estão acostumados em sala de aula, onde existe em muitos casos uma “educação
bancária”, sem preocupação com a valorização do ser como pessoa que pode desenvolver
talentos.

Questionamos a coordenadora com relação ao ingresso dos educandos ao núcleo e ela


nos relata:

(...) o encaminhamento dos alunos é feito por outros profissionais, psicopedagogos,


professores, psicólogos, algumas famílias que não aguentam os filhos em casa e
outras famílias que percebem o desenvolvimento precoce da criança. Já tive caso em
que a criança veio por espontânea vontade, viu alguma reportagem sobre o núcleo e
se identificou com o que falamos sobre Altas Habilidades (...)

Assim, é possível perceber que as famílias necessitam de apoio e orientação para lidar
com alunos especiais, bem como os demais profissionais envolvidos com sua educação.
Portanto, é importante que o núcleo que presta esse serviço seja formado por profissionais
habilitados para poder oferecer um atendimento especializado e de qualidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A referida pesquisa teve como objetivo verificar o trabalho dos psicopedagogos no


Núcleo de atendimentos as Altas Habilidades/ Superdotação- NAAH/S Recife. Através dela,
pudemos perceber o quanto é importante o trabalho do psicopedagogo através de observações,
diagnósticos, encaminhamentos e outras atividades que podem ser realizadas no núcleo.

O atendimento com a família é de grande importância para a realização de um trabalho


bastante significativo, embora não tenha visto a utilização da anamnese, onde o profissional
pode identificar melhor o contexto que cada aluno está inserido.

Verificamos também a importância do trabalho ser realizado na faixa etária dos 4 anos,
pois percebo que é um fase de adaptação tanto ao mundo, quanto a socialização com o
próximo.

Pudemos verificar e analisar as práticas envolvidas nos atendimentos, tendo em vista a


participação do professor ativamente nas atividades.

Um ponto que pode servir para uma pesquisa posterior seria a utilização e o
acompanhamento de uma anamnese, onde o professor faz uma infiltração maior na vida de
cada criança e adolescente, como também fazer acompanhamentos em outras faixas etárias no
mesmo núcleo de atendimento.

REFERÊNCIAS

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___________. Psicopedagogia: novas contribuições; organização e tradução Andréa


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