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PODER JUDICIÁRIO FEDERAL

JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO
Gab Des Alberto Fortes Gil
Av. Presidente Antonio Carlos, 251 7º Andar - Gab. 36
Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJ
PROCESSO: 0055900-82.2008.5.01.0050 - RO

Acórdão
8a Turma

RECURSO ORDINÁRIO. DANO MORAL.


CARACTERIZAÇÃO. Para a condenação do
reclamado no pagamento de indenização por
danos morais e materiais, com fulcro nos
arts. 1º, incisos III e IV, e 5º, incisos V e X, da
CRFB/88 e dos arts. 186, 927 e 932, inciso III,
e 944 do Novo Código Civil, mister se faz a
comprovação nos autos, pela parte autora,
(1) do evento danoso (ação ou omissão)
imputado ao empregador, (2) o dano sofrido
e (3) o nexo de causalidade entre ambos.
Desincumbindo-se a parte autora de tal ônus
(CLT, art. 818 c/c CPC, art. 333, I), impõe-se o
acolhimento do pleito de indenização por
danos morais.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Recurso


Ordinário, oriundos da MM. 50ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro,em que são
partes: NUSA ITACARÉ COMÉRCIO E CONFECÇÕES DE ROUPAS , como
recorrente, e MARIA HELENA DA SILVA SANTANA, como recorrida.

Cuida-se de Recurso Ordinário interposto pela reclamada, às fls.


93-101, em face da sentença de fls. 90-92, que julgou PROCEDENTE EM
PARTE o pedido, opondo-se, em síntese, ao pagamento de indenização por
danos morais e ao respectivo valor arbitrado pelo Juízo de primeiro grau.

Depósito recursal e custas comprovados às fls. 102-103.

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Contra-razões às fls. 104-107.

Sem remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho em


atendimento ao disposto no art. 85 do Regimento Interno desta Corte, bem
como no OF/PRT-1ª Reg. Nº 131/2004.

É o relatório.

VOTO

ADMISSIBILIDADE

Conhece-se do recurso, por atendidos os requisitos legais de


admissibilidade.

MÉRITO

DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

A prova dos autos (fls. 15-29), notadamente a testemunhal (fls.


88-89) evidencia o dano sofrido pela autora, a culpa e o nexo de causalidade
entre ambos. Na hipótese, houve clara violação da intimidade, da honra e da
imagem da reclamante. Neste aspecto, a testemunha da reclamante
esclareceu que “a partir de janeiro de 2007, o salário e a comissão passaram a
ser pagos sempre com atrasos”; que “neste período começou um clima muito
ruim na loja, já que as vendedoras e estoquistas queixavam-se de não poder
pagar suas contas pessoais, em razão do atraso dos salários”; que “tinham
funcionários que choravam em razão de tal fato”; que “a depoente como

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gerente não era comunicada pelos sócios da empresa das razões dos atrasos”;
que “apenas havia comentário de dificuldades financeiras”; que “a queixa dos
funcionários era de que teriam que pagar multas e juros de suas contas
pessoais sem que a empresa fizesse o ressarcimento”; e que “a reclamante
integrava a equipe da depoente na época, passando pelas mesmas
dificuldades”.

Como bem salientou o Juízo sentenciante, verbis:

“(...) os recibos salariais e os extratos da conta salário


demonstram cabalmente os sistemáticos atrasos no
pagamento de salário e comissão. Ademais, a
testemunha retrata a difícil situação pelas quais passou a
reclamante assim como outros empregados da
reclamada, que sem receber a contraprestação pelo
trabalho em tempo, começaram a passar por dificuldades
de toda a ordem (contas atrasadas, pagamento de juros e
multas por não saldarem dívidas etc). Ninguém pode
duvidar que situações como esta acarretam
intranqüilidade e apreensão psicológica e física. A
condição relatada pela testemunha abrange tais
aspectos, destacando-se a repercussão negativa que
emerge dos fatos denunciados, causando-lhe não só
prejuízos materiais consideráveis (juros, conta com saldo
negativo) como situações de extremo constrangimento e
humilhação perante seus credores, com repercussão
certa no meio familiar.

Restando, pois, cabalmente comprovada a trilogia necessária ao


pleito indenizatório por danos morais, na forma preconizada nos arts. 186, 927
e 932, III, e 944 do NCCB, tem-se por correta a condenação da reclamada por
danos morais, claramente tipificado na hipótese.

No tocante à compensação, entretanto, entendo merecer reparo a


sentença recorrida neste aspecto, na medida em que se deve levar em

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consideração todos os fatores declinados à luz dos caracteres preventivo,


pedagógico, punitivo e ressarcitório, além da capacidade econômica do
ofensor, de modo a desestimular os procedimentos lesivos ao trabalhador e a
estimular a tomada, pelo empregador, de todas as medidas necessárias à
segurança e higiene daquele. Ao mesmo tempo, a compensação a ser fixada
não pode ensejar o enriquecimento sem causa do ofendido. Dessa forma,
considerando-se todos os caracteres acima destacado, há que se reduzir o
valor arbitrado para R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Dar parcial provimento.

CONCLUSÃO

Por todo o exposto, resolve este Relator conhecer do recurso e, no


mérito, dar-lhe parcial provimento, para reduzir o valor do dano moral para R$
5.000,00 (cinco mil reais).

A C O R D A M os Desembargadores da Oitava Turma do


Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer do
recurso e, no mérito, por unanimidade, dar-lhe provimento parcial para reduzir o
valor do dano moral para R$5.000,00.

Rio de Janeiro, 2 de agosto de 2011.

Desembargador Federal do Trabalho Alberto Fortes Gil


Relator

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