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Informações para produtores culturais,

artistas, gestores e interessados

GRACIELA POZZOBON, RODRIGO DE BONIS E BRUNO RIBEIRO


INTRODUÇÃO

É possível falar sobre a acessibilidade cultural para a pessoa com deficiência sob os mais
diferentes aspectos, mas todos eles nos levam, na sua essência, a falar em oportunidades iguais
para todos. E esse processo terá sempre uma relação direta com um conceito fundamental:
autonomia. Uma sociedade verdadeiramente justa e pensada na diversidade é aquela em que
todos têm o direito e a real possibilidade de estar juntos nos mais diferentes momentos da vida
cotidiana. Para tal, é preciso eliminar as barreiras que ainda impedem que esse encontro
aconteça.
É comum ainda pensarmos somente nas barreiras arquitetônicas, que impedem a
mobilidade das pessoa com deficiência física, porém, boa parte dos obstáculos ainda está na
falta de acessibilidade comunicacional, na falta de recursos que permitam que pessoas cegas,
de baixa visão ou surdas possam acessar aos conteúdos.
No Brasil, segundo o Censo Demográfico IBGE de 2010 (IBGE, 2010), mais de 45 milhões
de pessoas têm algum tipo de deficiência, o que corresponde a mais de 20% do total da
população brasileira. Sendo a arte e a cultura no país essencialmente financiadas com dinheiro
público, via mecanismos de fomento direto ou indireto, temos uma parcela significativa da
população impedida de participar por inteiro desse processo. Impedida, não só de usufruir da
produção artística mas também, e não menos importante, de se expressar artisticamente.
Apesar de pagarem seus impostos normalmente, não têm acesso aos bens e produtos gerados
por eles.
A legislação relativa à pessoa com deficiência no Brasil já é bastante ampla e consistente,
e gradualmente está sendo posta em prática por todo o país. A luta hoje é muito mais por
colocar as ações em prática do que pela criação de novas normas. Leis e regulamentos sempre
podem, e devem, ser aprimorados, mas o que precisamos de mais urgente é fazer as coisas
acontecerem. E para que aconteçam é necessário que cada vez mais a sociedade entenda, e
adote, esta causa como sua.
Dois momentos, em especial, merecem o devido destaque no caminho percorrido pela
legislação brasileira: a Lei Brasileira de Inclusão e a Convenção Internacional sobre os Direitos
da Pessoa com Deficiência.
A Lei nº 13.146, promulgada em 6 de julho de 2015, foi chamada de Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) por tratar especificamente do
tema de maneira bastante ampla. O seu texto de apresentação diz o seguinte:
“Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da
Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de
igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com
deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.”
Alguns pontos da Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência,
assinada na ONU em 2007, também merecem ser destacados porque tocam diretamente na
questão da inclusão, ao falar do exercício dos direitos e principalmente da eliminação de
barreiras. O texto da Convenção diz:
Art. 1º - Propósito - O propósito da presente Convenção é promover, proteger e assegurar
o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais
por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente.
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras,
podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de
condições com as demais pessoas.
Para que a implementação das ações de acessibilidade aconteça na prática é preciso ter
em mente o processo como um todo. As barreiras ao acesso da pessoa com deficiência surgem
em momentos muito diferentes, e por isso é preciso um planejamento rigoroso para que todas
as etapas estejam devidamente cobertas. Para tal, existem diferentes recursos e estratégias de
acessibilidade específicos para cada tipo de deficiência, e para os mais diversos momentos. Se
um teatro, por exemplo, resolveu todos os seus problemas arquitetônicos que impediam o
acesso da pessoa com deficiência, mas não oferece outros recursos de acessibilidade que
eliminem as barreiras de comunicação, ele continua de fato inacessível a uma parcela da
população que precisa desses recursos. O objetivo a ser buscado deve ser a equidade de
informações e oportunidades entre as pessoas.

RECURSOS DE ACESSIBILIDADE COMUNICACIONAL


De maneira simplificada, os recursos de acessibilidade para comunicação mais empregados em
eventos culturais são:

Audiodescrição: O recurso consiste na descrição clara e objetiva de todas as informações


visuais contidas na obra, permitindo assim que pessoas cegas, com baixa visão, ou com
deficiências cognitivas consigam compreender conteúdos imagéticos cênicos,
audiovisuais ou imagens estáticas, como filmes, fotografias, entre outros.
Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS): É uma língua de modalidade gestual-visual que combina
sinais e expressões corpóreas e faciais, utilizada por parte das pessoas surdas
brasileiras.
Legendas Descritivas LSE (Para surdos e ensurdecidos): Consiste na disponibilização das
informações sonoras da obra em forma de texto escrito. Além das informações de falas e
narrações, contempla as informações de ruídos e sons.
Programas, folders ou etiquetas em Braille e com letra aumentada: Braille é um sistema de
escrita tátil utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão. Letra aumentada é a
disponibilização de textos em letras e caracteres maiores e com contraste para facilitar a
leitura de pessoas com baixa visão. Ambos os recursos podem ser aplicados na mesma
peça.
DISPONIBILIZAÇÃO DOS RECURSOS DE ACESSIBILIDADE EM ARTES CÊNICAS, TEATRO, CIRCO,
DANÇA, EVENTOS E AFINS:

A forma como se dá a aplicação dos recursos de acessibilidade comunicacional, no que


tange detalhes de ocupação dos espaços e posicionamento dos profissionais, varia de local para
local e de espetáculo para espetáculo. Cada autor, obra ou proposta estabelece suas escolhas
estéticas e de comunicação com a plateia. O uso de espaços não convencionais, a múltipla
ocupação dos ambientes, informações imagéticas em telões ou suportes, cenários móveis,
informações sonoras em blackouts são algumas das infinitas possibilidades cênicas. Os
recursos de acessibilidade devem, dentro do possível, se adaptar a obra para que a fruição dos
elementos cênicos seja preservada e para que a sessão seja agradável e adequada para todos os
públicos.
Para que a obra seja preservada na sua essência é de fundamental importância que um
profissional especializado seja consultado para indicar as melhores opções para a aplicação dos
recursos de acessibilidade em cada espetáculo ou evento. As pessoas com deficiência devem
ser posicionadas em locais adequados no ambiente da plateia, a fim de que o equilíbrio entre a
recepção dos elementos cênicos e dos elementos dos recursos de acessibilidade estejam em
harmônica combinação.

Cabe ressaltar que não existe apenas uma maneira de aplicar os recursos de acessibilidade em
um evento, não existe uma fórmula ou receita única. Cada espaço e cada tipo de evento tem a
melhor maneira de tratar suas diferentes demandas e especificidades.

Nas artes cênicas realizadas ao vivo a audiodescrição, a interpretação em LIBRAS e a


disponibilização de legendas também devem ser realizadas ao vivo com os profissionais das
acessibilidades presentes nas sessões, realizando os recursos de forma simultânea ao
espetáculo. As legendas podem ser disponibilizadas de duas formas: pré produzidas e lançadas
em tela adequada simultaneamente ao espetáculo ou por estenotipia, que é a legenda produzida
em tempo real (necessária, por exemplo, quando o espetáculo é improvisado, sem texto definido
previamente).
A disponibilização da audiodescrição para o público cego ou com baixa visão acontece através
de equipamento idêntico ao da tradução simultânea que inclui cabine, transmissor, microfones,
receptores, cabos, etc. Os usuários da audiodescrição recebem fones de ouvidos na entrada do
teatro ou ambiente e através do equipamento ouvem o conteúdo audiodescrito. No caso do
teatro dispor de cabine técnica com espaço e visibilidade adequada, é possível que o
audiodescritor ocupe a cabine técnica. Neste caso não será necessária a montagem da cabine
exclusiva.
O intérprete de LIBRAS, na maioria dos casos, deve ocupar local próximo ao palco, na altura da
cena ou um pouco abaixo, em uma das laterais do palco ou espaço de cena. Deve haver um foco
de luz tênue no intérprete e este foco deve acompanhar blackouts do espetáculo, caso existam.
É importante que haja proximidade entre o posicionamento do intérprete e as informações
visuais e movimentações dos atores. Em casos específicos de espetáculos com movimentações
múltiplas pelo ambiente é possível que o intérprete seja incorporado a movimentação dos atores
acompanhando-os e com isso permitindo ao usuário de LIBRAS que tenha no seu campo de
visão, a cena e o intérprete. Neste caso, é necessário que o intérprete e elenco ensaiem a
movimentação. Em eventos de grande porte, a imagem do intérprete de LIBRAS poderá ser
disponibilizado em telão ao lado do palco. Neste caso será necessária uma equipe de filmagem e
um local adequado para a captação da imagem e disponibilização no telão.
As Legendas LSE, na maioria dos casos, deve ocupar telão, tela ou monitor na lateral do palco ou
em local adequado como mezaninos dos teatros. O profissional especialista em acessibilidade
deverá ser consultado para indicar, de acordo com o espaço e possibilidades do ambiente, o
local mais adequado para a colocação da tela ou monitor. Um operador irá lançar as legendas
previamente preparadas simultaneamente ao espetáculo. Em espetáculos ou eventos onde não
há texto prévio preparado as legendas indicadas são produzidas em tempo real por estenotipia.

Materiais e etapas para a produção dos recursos:


Os seguintes materiais referentes ao evento ou espetáculo devem ser disponibilizados com
antecedência para a produção dos recursos de acessibilidade. São necessários essencialmente
o envio prévio de:

Texto ou Roteiro, se houver, na versão mais recente possível, para produção do roteiro de
audiodescrição, das legendas descritivas e intérpretes de LIBRAS.
Registro em vídeo do espetáculo, na versão mais recente possível feito em plano aberto, para
produção do roteiro de audiodescrição, das legendas descritivas e disponibilização aos
intérpretes de LIBRAS. No caso da produção não dispor de registro em vídeo, será
necessário que a equipe de acessibilidade filme o espetáculo ou ensaio geral para fins de
produção de roteiro e estudo. Por último, caso esta filmagem por algum motivo não seja
possível, a equipe deve assistir a ensaios gerais ou espetáculos que antecedem a sessão
com as acessibilidades;
Caso a produção opte por distribuir material em Braille e/ou letra ampliada, é necessário
que este material seja disponibilizado com antecedência na versão final.
No caso de eventos como seminários, palestras ou espetáculos de improviso, um roteiro
contendo as informações e sequencias de acontecimentos, bem como os créditos dos
participantes deverá ser disponibilizado para a equipe de acessibilidade.
Visita técnica deve ser realizada uma visita técnica específica com os profissionais responsáveis
pelos recursos de acessibilidade. Nesta visita serão definidos o local para
posicionamento dos profissionais, para montagem de cabine, se for o caso, o correto
posicionamento dos profissionais de apoio envolvidos e como acontecerá a distribuição
de fones e o fluxo dos usuários nos dias de apresentação.
Ensaios: É fundamental a permissão do acesso dos profissionais em alguns ensaios prévios,
caso a equipe sinta necessidade. Nestas ocasiões eles poderão ajustar o material
previamente produzido, ensaiar sua execução e entrar em contato com a equipe artística
para que os recursos estejam adequados ao conteúdo original.
Apresentações: É essencial que a equipe de produção do evento, a equipe do espaço onde ele
será realizado e os artistas envolvidos, tenham ciência das datas de realização das
apresentações acessíveis e recebam as orientações necessárias sobre posicionamento
dos profissionais e dinâmica do público de usuários.
É recomendado que as apresentações acessíveis não sejam realizadas para um público
exclusivo de pessoas com deficiência mas sim em sessões correntes, durante das temporadas,
fazendo que a sessão seja compartilhada por todos.
Recomenda-se a produção de um áudio de abertura avisando a plateia sobre a presença dos
recursos de acessibilidade naquela sessão. Este aviso costuma evitar surpresas ou
estranhamentos por parte do público comum, além de agregar valor a sessão.
É importante que a produção se empenhe para divulgar as sessões acessíveis junto a grupos e
instituições de pessoas com deficiências e nas peças de divulgação na mídia convencional a fim
de que a informação da sessão acessível chegue ao usuários.

DISPONIBILIZAÇÃO DOS RECURSOS DE ACESSIBILIDADE EM PRODUTOS AUDIOVISUAIS

A inserção de recurso de acessibilidade em produtos audiovisuais acontece de forma


gravada, na pós produção do produto. Audiodescrição, interpretação em LIBRAS e Legendas LSE
são produzidos e aplicados na mídia após a finalização total do produto incluindo correção de
cor, inserção de créditos, cartelas com textos, efeitos visuais e outros.
Os materiais referentes ao produto audiovisual devem ser disponibilizados com
antecedência para a produção dos recursos de acessibilidade. São necessários essencialmente
o envio prévio dos seguintes materiais:

Texto ou Roteiro, na versão final, para produção do roteiro de audiodescrição, das legendas
descritivas e disponibilização aos intérpretes de LIBRAS.
No caso de conteúdo estrangeiro para o qual serão aplicados recursos de acessibilidade
em português, é importante que seja disponibilizado o texto já traduzido para o
português ou que deve ser previsto no orçamento a tradução;

Arquivo digital de referência com timecode aparente, na versão final, para produção do roteiro
de audiodescrição, das legendas descritivas e disponibilização aos intérpretes de LIBRAS.
A entrega dos recursos de acessibilidade por ser feito de duas formas: em arquivos
avulsos de áudio (audiodescrição), imagem (LIBRAS) e texto (legendas LSE) tratados e em
sincronismo com a versão original ou já aplicados no vídeo. Esta segunda forma inclui o serviço
de um profissional de edição e tempo de ilha de edição;
A AUDIODESCRIÇÃO EM PRODUTOS AUDIOVISUAIS
Para a produção da audiodescrição gravada, o processo se dá nas seguintes etapas:

Estudo e Roteiro: Um audiodescritor roteirista especializado estuda a obra a ser descrita e


produz um roteiro com os textos a serem narrados. A criação do roteiro é um trabalho
delicado e subjetivo, que deve seguir padrões e técnicas já estabelecidas. As falas
audiodescritas acontecem sem se sobrepor às falas do filme, então, para que haja no
roteiro a indicação exata, é necessário que o audiodescritor trabalhe a partir de cópia do
filme com timecode aparente (referência de tempo que sincroniza áudio e vídeo).
Ensaios e ajustes: Depois do roteiro pronto, o audiodescritor deve ensaiar a colocação das falas
narradas nos locais previamente escolhidos. Este é o momento onde ocorrem pequenos
ajustes de tempo ou a troca de uma palavra por outra para que a descrição fique
adequada.
Consultor em Audiodescrição: O roteiro passa então pela fase da consultoria que deve ser
realizada por um profissional cego especialista em audiodescrição. Ele irá indicar e
sugerir melhorias no roteiro.
Revisão: O audiodescritor roteirista consolida as indicações produzidas na consultoria ao
roteiro. Em alguns casos é necessário estabelecer diálogo com o consultor a fim de
esclarecer determinada descrição ou ponto a fim de chegarem juntos a solução ideal;
Gravação: Com o roteiro pronto, o audiodescritor entra em estúdio, acompanhado de um diretor
de gravação e do técnico em gravação, para executar a gravação das descrições contidas
no roteiro.
Edição de Som e Mixagem: O arquivo de áudio extra, contendo a audiodescrição, é editado e
mixado na banda sonora original do filme ou programa, série ou conteúdo audiovisual.
Transmissão: A Audiodescrição é transmitida pela TV em rede aberta a partir do canal
secundário, MIXADA ao AUDIO ORIGINAL. Em plataformas de transmissão digital, também
está colocada em canal extra, sempre MIXADA ao AUDIO ORIGINAL. Em aplicativos de
acessibilidade, a audiodescrição é transmitida SOLO.
Transmissão ao vivo: Também é possível a transmissão de audiodescrição ao vivo. Neste caso as
etapas de gravação de voz e mixagem de sons não acontecem. O audiodescritor opera na
sala de cinema simultaneamente a exibição do filme. Esta é uma opção comum em
festivais de cinema ou em exibições em salas comercias onde não há a disponibilização
de canais de áudio extra no sistema de transmissão. Neste caso, a audiodescrição utiliza
o equipamento idêntico ao da tradução simultânea, realizando a audiodescrição ao vivo e
os usuários recebem através dos fones de ouvido. A transmissão AO VIVO também pode
ocorrer para eventos ao vivo (Shows, Eventos Esportivos e afins).
A INTERPRETAÇÃO EM LIBRAS EM PRODUTOS AUDIOVISUAIS
Para a produção da interpretação em LIBRAS gravada, o processo se dá nas seguintes etapas:

Estudo e preparação: A equipe de intérpretes recebe uma cópia do filme com Time Code
aparente (referência de tempo que sincroniza áudio e vídeo). Recebe também o texto ou
roteiro contendo a lista de diálogos ou falas do filme. Realiza estudo e define a melhor
forma de sinalizar determinadas frases, expressões ou nomes próprios não usuais.
Define também o ritmo da sinalização em momentos críticos onde as falas são mais
rápidas ou quando há um acúmulo de informações faladas.
Gravação: Os intérpretes entram em estúdio, acompanhado de um diretor de gravação para
executar a filmagem da LIBRAS. Normalmente a filmagem é feita com fundo verde que
permite que a imagem do intérprete seja recortada e aplicada sobre a imagem principal.
Edição e Sincronização: Depois de gravada, a LIBRAS é editada para que o intérprete fique em
sync com a obra e apenas apareça quando há necessidade.
Aplicação no produto: Com o recurso da tela verde, o intérprete pode ser recortado ou aplicado
sobre uma cor ou textura que se adeque melhor ao produto. Normalmente se aplica a
janela de LIBRAS no canto inferior direito do vídeo, cuidando para que a imagem tenha
um tamanho adequado e de boa visualização.
Transmissão da LIBRAS: A janela de LIBRAS pode ser aplicada sobre o vídeo ou ser encodada em
um canal de transmissão paralelo, o que permite o acionamento ou não do recurso.
Existem também aplicativos que transmitem as LIBRAS em paralelo ao conteúdo que
estiver sendo exibido na TV ou na sala de cinema. Neste caso, o usuário assiste ao
intérprete no celular (ou outro suporte) enquanto a obra original está sendo exibida.

LEGENDAS LSE (PARA SURDOS E ENSURDECIDOS) EM PRODUTOS AUDIOVISUAIS


Para a produção das Legendas LSE em produtos audiovisuais o processo se dá nas seguintes
etapas:
Estudo: A equipe de legendagem recebe uma cópia do filme com Time Code aparente (referência
de tempo que sincroniza áudio e vídeo). Recebe também o texto ou roteiro contendo a
lista de diálogos ou falas do filme.
Produção de legendas LSE: Em muitos casos, o produtor contrata a equipe de legendagem para
que realizem tanto as legendas convencionais, contendo as falas, quanto as informações
de ruídos e sons. No caso da produção já possuir a lista de diálogos, irá adaptar o texto
para o programa de legendagem.
Transmissão da Legendas LSE em audiovisual: A transmissão normalmente é feita por arquivo
CLOSED CAPTION embutido no arquivo MASTER do produto, que permite o acionamento
ou não do recurso. Também pode estar aberta, aplicada sobre o vídeo, ou em suporte
eletrônico (recurso usado em Festivais de Cinema]. Também pode ser feita via software
de recursos acessíveis.
DISPONIBILIZAÇÃO DE ACESSIBILIDADE EM EVENTOS ONLINE:

As formas de disponibilização de recursos de acessibilidade em eventos online variam de


acordo com a natureza do evento e forma de transmissão. Em eventos que acontecem apenas
ao vivo, será necessária a presença dos profissionais audiodescritores e intérpretes de LIBRAS
também ao vivo, simultaneamente ao evento. Porém é importante ressaltar que a adequada
realização destes recursos dependerá da boa conexão de internet de todos os usuários e
profissionais. Sobretudo a audiodescrição, que exige exatidão de tempos para os encaixes entre
falas, não se aconselha que seja feita ao vivo. As legendas através de estenotipia e o
reconhecimento de voz são as formas mais convencionais de realizar as legendas ao vivo,
simultaneamente ao evento.
Por todas essas razões recomenda-se que em eventos online, sobretudo a
audiodescrição e as legendas, sejam inseridas após o acontecimento ao vivo e disponibilizadas
posteriormente em plataforma, site ou canal. Desta forma, o procedimento é idêntico a
aplicação dos recursos em meterias audiovisuais.
No caso de eventos como seminários, palestras ou espetáculos de improviso, um roteiro
contendo as informações e sequencias de acontecimentos, bem como os créditos dos
participantes deverá ser disponibilizado para a equipe de acessibilidade.

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