Você está na página 1de 5

CONTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE

PROFISSIONAL DOCENTE
Lyvia Sousa Sobrinho
Universidade Estadual de Goiás, UnU de Iporá, Av.R2, Qd 01; Bairro:
Jardim Novo Horizonte II; CEP: 76200-000, Iporá-GO;
lyviiasobrinho@gmail.com

RESUMO

Este estudo teve o objetivo de levantar que a identidade docente do PIBID-


Programa Institucional de Iniciação á Docência- promove nos licenciandos que
participam do programa. Para tanto, foi feita a revisão bibliográfica na qual foram
explorados estudos que trataram do impacto do PIBID na construção da identidade
docente. Com o levantamento dos dados que esses trabalhos veiculam, constatou-se que
o programa traz consequências que impactam na formação dos futuros professores e na
construção da identidade docente, sendo elas: construção da autonomia para superar as
dificuldades envolvidas na docência, dimensão da teoria associada á prática, experiência
profissional, desenvolvimento de saberes curriculares, confirmação da certeza da
escolha da profissão e adoção de postura reflexiva.
Palavras-chave: PIBID, identidade docente, formação de professores.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho foi desenvolvido no âmbito do subprojeto de matemática do


Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência-PIBID, com o objetivo de
identificar contribuições das atividades desenvolvidas pelos bolsistas nas suas
formações pessoais e profissionais docentes. Assim, a base teórica é fundamentada em
Gauthier(2013) sobre a inserção do graduando no ambiente de trabalho e Saviani(2009)
sobre os aspectos históricos e teóricos da formação de professores no contexto
brasileiro.
Metodologicamente, buscamos orientar nossas reflexões a partir da abordagem
qualitativa, destacando as produções teóricas que abordam as concepções de
profissionalidade docente.
Os resultados apontam para o Programa como uma perspectiva emergente na
formação de professores, que potencializa o desenvolvimento de saberes práticos e
produção de uma significação profunda e a formação profissional do licenciando.

DESENVOLVIMENTO/DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A formação de professores, nas últimas décadas, tem sido uma temática com
relevante discussão em nível nacional e internacional, bem como se constituído um
campo autônomo de estudos. No século XVII, a necessidade da formação docente já
fora preconizada por Comenius, conhecido como o pai da educação moderna, a primeira
instituição de ensino teria sido estabelecida por João Batista de La Salle em 1684, em
Reims, como o nome de Seminário dos Mestres (Duarte, 1986, p.65-66). No entanto, a
questão da formação de professores exigiu uma resposta constitucional apenas no século
XIX, quando, após a Revolução Francesa, foi colocado o problema da instrução
popular, que foi pontapé inicial para o processo de criação de Escolas Normais como
instituições carregadas de preparar professores.
A primeira instituição com o nome de Escola Normal foi proposta pela
convenção, em 1794 e instalada em Paris em 1795. A partir desse momento se
introduziu a distinção entre Escola Nomal Superior e Escola Normal Primária, onde a
primeira se trata de formar professores de nível secundário e a segunda os professores
de ensino primário. Foi assim, que Napoleão, ao conquistar o Norte da Itália, instituiu
em 1802, a Escola Normal de Pisa nos moldes da Escola Normal Superior de Paris. Essa
escola, da mesma forma que seu modelo francês, destinava-se á formação de
professores para o ensino secundário, mas na prática se transformou em uma instituição
de altos estudos, deixando de lado qualquer preocupação com o preparo didático-
pedagógico.
Já no Brasil, segundo Saviani (2009) a questão do preparo de professores é uma
trajetória histórica, e surge logo após a independência, a partir do qual ele distingue e
discute seis diferentes períodos históricos da formação, de 1827 até o ano de 2006.
Assim, Saviani concluiu que o que ele analisou foi a precariedade das políticas
formativas “cujas sucessivas mudanças não lograram estabelecer um padrão
minimamente consistente de preparação docente para fazer face aos problemas
enfrentados pela educação escolar em nosso país’’(Ibid p.148).
Tais perspectivas só começam a ser modificadas com a emergência de um
discurso que coloca a qualificação do professor como uma das chaves para a
qualificação da educação (GÓMEZ,1995). Nesse sentido, há toda uma alteração nas
políticas públicas de formação dos professores. No caso brasileiro, a aceleração dessas
alterações inicia com a promulgação da Lei das Diretrizes e Bases da Educação
Nacional-LDBEN (BRASIL,1996) e desdobra-se com a criação de programas de
formação de professores como o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação á
Docência-PIBID (BRASIL,2007), e no estabelecimento da Política Nacional de
Formação de Professores (BRASIL,2016).
O PIBID foi criado por meio da Portaria n°38, de 12 de dezembro de 2007, com
o objetivo de promover a articulação integrada da educação superior do sistema federal
com a educação básica do sistema público, em proveito de uma sólida formação docente
inicial. Á medida que foi avançando, passou a ser estendido para outros sistemas de
ensino superior, como estadual, comunitárias e privadas. Com o programa fortalecia-se
uma nova perspectiva na formação dos licenciandos, na qual as escolas de educação
básica transformaria em lócus de formação dos futuros professores, que estariam
diretamente ligados á ação docente
Diante dessas ponderações, podemos refletir: quais são as contribuições do
PIBID na formação profissional docente?
A inserção do graduando no ambiente de trabalho profissional permite que ele
desenvolva um conjunto tácitos e saberes que não poderiam ser desenvolvidas no
ambiente acadêmico somente por meio de simulações ou estudos investigativos
(GAUTHIER,2013), consiste em uma condição necessária para a produção e a
transformação de práticas profissionais docentes.
Com o programa, os licenciandos podem trabalhar desenvolvendo suas
habilidades didático-pedagógicas em sua escola-campo contribuindo para a articulação
entre teoria e prática, desenvolvimento de saberes curriculares necessária à formação
dos docentes, promovendo a estes futuros professores a oportunidade de criação e
participação em experiências metodológicas e práticas docente inovadora.
No ano de 2021 foram desenvolvidos alguns projetos durante o programa na
Escola Estadual Israel Amorim, em Iporá-GO envolvendo aulas teóricas e práticas em
turmas de 7° a 9° ano, onde os bolsistas puderam acompanhar de perto a realidade
escolar como um docente, contribuindo com a sua profissionalidade.Dentre as
atividades realizadas:

Figura 1: Bolsista ministrando aula de matemática na Escola Estadual Israel


Amorim

Fonte: Autor, 2021

Brincadeiras fazem parte do patrimônio cultural, traduzindo valores, costumes


forma de pensamento e gerando aprendizagem. Os jogos e as brincadeiras fornecem ao
aluno a possibilidade de ser um sujeito ativo, construtor do seu próprio conhecimento,
tornando-o autônomo progressivamente diante dos estímulos de seu ambiente.

Figura 2: Gincana realizada no Colégio Estadual Israel Amorim com o auxílio


dos bolsistas

Fonte: Autor,2021
Diante dos aspectos mencionados, podemos refletir sobre a experiência do
PIBID por meio do contato com as escolas e das atividades desenvolvidas, os bolsistas
de iniciação á docência tiveram a oportunidade de entrar em contato direto com a escola
e os alunos. E, também passaram pela experiência de formação pedagógica que ocorre
nas escolas, sem ser professor formado. Com isso, enriqueceram sua formação através
das experiências vividas, das atividades, das pesquisas e de estudos desenvolvidos
durante o projeto, além de participar de um programa nacional que demonstra
preocupação com uma temática pouco valorizada que é a formação inicial de
professores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mediante os dados analisados pode-se concluir que a participação dos bolsistas


envolvidos no programa tem grande relevância para a construção acadêmica e
profissional, pois possibilitou aos licenciandos uma experiência única no ambiente
escolar, levando-os a um contato direto com os alunos da educação básica, unindo
conhecimentos teóricos aos práticos e formando sua identidade profissional. Ao passo
que se enxergam como um professor ao ensinar e compartilhar saberes, percebem
limitações e buscam soluções no processo de ensino-aprendizagem.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da


educação nacional.
Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70320/65.pdf

BRASIL. Portaria nº 38 de 12 de dezembro de 2007. Dispõe sobre o Programa de


Bolsa Institucional de Iniciação à Docência - PIBID. Diário Oficial [da República
Federativa do Brasil]. Brasília, DF, nº 239, 13 dez. 2007. Seção I, p. 39.

BRASIL. Decreto n° 8.752, de 9 de maio de 2016. Dispõe sobre a Política Nacional


dos Profissionais da Educação Básica. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Decreto/D8752.htm#art19

GÓMEZ, Angel Pérez. O pensamento prático do professor: A formação do


professor como profissional reflexivo. In.: NÓVOA, António (coord.). Os professores
e a sua formação. 2 ed. Lisboa/PORT: Dom Quixote, Ltda., 1995. p. 93-114.

GARCIA, Carlos Marcelo. Formação de professores: para uma mudança educativa.


Porto Editora: Portugal, 1999.

SAVIANI, Dermeval. históricos e teóricos Formação de professores: aspectos do


problema no contexto brasileiro. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v.
14, n.40, p.143-147, 2009

Você também pode gostar