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INDIVÍDUO
TRABALHO E SOFRIMENTO
UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR
WANDERLEY CODO
JOSÉ JACKSON COELHO SAMPAIO
ALBERTO HARUYOSHI HITOMI
Impresso por Alex Duarte, CPF 094.587.736-60 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não
pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 01/03/2022 22:30:21
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
PREFÁCIO: Jurandir Freire Costa
INTRODUÇÃO: Wanderley Codo
PARTE I - INDIVÍDUO E SOCIEDADE
Capítulo 1. Em busca da Psicologia
(Onde se percorre as dificuldades da Psicologia em encontrar seu próprio objeto)
Capítulo 2. Um velho Handicap
(Onde se descobrem falhas, suas razões e as dificuldades de supera-las)
Capítulo 3. O Homem não é um ser Social/ Uma abordagem Marxista.
(Onde se freqüenta a história em busca do indivíduo e se tenta impedir alguns psicólogos afoitos de
eliminá-lo)
Capítulo 4. Psicologia, Atividade e Trabalho
(Quando o trabalho é oferecido como categoria capaz de romper um velho impasse)
PARTE II - OS TRABALHOS DO TRABALHO
Capítulo 5. A Magia do Trabalho:
(Quando o trabalho, revisitado, se apresenta múltiplo, mágico)
Capítulo 6. Trabalho e Identidade:
(Onde se caminha por entre o cartão de ponto e o trabalhador)
Capítulo 7. Em busca de um marco teórico
(Um guia de sobrevivência na selva situada entre o que Marx disse e o que se diz que Marx disse)
Capítulo 8. A evolução histórica do Trabalho
(Onde se percorre, a passo ligeiro, a distância entre a Mule Jenny e o Computador.)
Capítulo 9. Processo de trabalho e a construção da subjetividade.
(De como o Trabalho faz o Homem, que faz o Trabalho, que faz o Homem, que faz...)
Capítulo 10. A perplexidade contemporânea: Informática e Automação
(Onde se adverte para a possibilidade de O Trabalho, quem diria, desaparecer.)
PARTE III - TRABALHO E SOFRIMENTO
Capítulo 11. Afeto e Trabalho:
(Quando se redesenham os limites entre o lar, doce lar, e a empresa)
Capítulo 12. A Questão Epidemiológica:
(Onde se mostra que, para contabilizar a doença mental é preciso saber o que é doença mental)
Capítulo 13. O Trabalho na Entrevista Psiquiátrica:
(Quando, enfim, o trabalho comparece no consultório do terapeuta)
Capítulo 14. Trabalho e Saúde Mental:
(Onde se busca uma definição de doença mental, quiçá mais próxima da vida)
BIBLIOGRAFIA
Impresso por Alex Duarte, CPF 094.587.736-60 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não
pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 01/03/2022 22:30:21
PREFÁCIO
além do permitido pelas idéias dominantes. É possível que esta hipótese tenha um quê de
verdade. Mas como entender esta pretensa hegemonia do pensamento a-histórico na
Psicologia, se, agora, mais que nunca, fomos expostos a uma enxurrada de estudos
históricos sobre a construção social dos sujeitos? Vivemos ou não a era de Ariés,
Flandrin, Foucault, Castel, Donzelot, Richard Sennett, Jos van Ussel, sem falar nos
magistrais trabalhos de Georg Simmel ou Norbert Elia? E, como se não bastasse toda
esta bateria histórico-construtivista, bem próxima do caudal prático-social da definição
marxista do sujeito, não temos, de quebra, a presença de um Basaglia ou da filiação
deleuzo-nietzscheana, para contestar o formalismo estruturalista ou idealista das
psicologias reinantes na produção acadêmica? Por que, pergunto, ainda assim, a
Psicologia Marxista não reafirmou seu direito de cidade no universo das psicologias?
tempo que se exterioriza por outra totalidade, a sociedade. O homem aparece aqui como
um todo-parte em si e se realizando pela sua outra face ao mesmo tempo. Assim, a vida
genérica (social) e a vida particular aparecem em tensão mutuamente realizadora, nunca
em relação de subsunção". Imaginar o indivíduo como um "atomon" ou "como uma
partícula em repouso", numa visão estática de suas condições de existência ou da
consciência desta existência, significa retirá-lo do movimento permanente de sua
produção e reprodução histórica, para conferir-lhe um estatuto objetivista, como no
Behaviorismo, ou um estatuto biologista, como na Psicanálise.
Em segundo lugar, e, por fim, o caso clínico trazido como exemplo do valor
do trabalho, na definição do sujeito e de sua psicopatologia, é interessante porque realça
outras ligações entre Psicanálise e Marxismo que são controversas e merecem ser
melhor exploradas. Concluindo a análise do problema apresentado pelo cliente, um
bancário, que, entre outras coisas, queixava-se de impotência sexual diante da esposa,
dizem os autores: "Eu e B, com a ajuda da supervisão, pudemos entender o processo
minimamente. O tipo de trabalho no banco impede as manifestações do afeto. Por
questões de personalidade, B não se envolvia nas recuperações sorrateiras já citadas
acima (trata-se do que no texto é denominado "modos de reapropriação afetiva
secundária, como participação em lutas sindicais; em grupos que freqüentam bares, no
fim do expediente; em grupos de "fofocas" etc), ao contrário, reproduzia o binômio casa-
trabalho, razão e emoção, até que a demanda afetiva emocional no trabalho subiu a um
nível insuportável e B, teve que expressá-la ("abaixo a gerentada"). A coação veio tão
forte quanto a reação emocional, o que de nova deixa-lhe sem canal de expressão. A
amante vinha suprir a lacuna: por um lado se vingava do banco "traindo" os seus colegas
como fora traído, por outro, encontrava um locus afetivo onde podia se expressar sem
comprometer as relações em casa, recompondo um vínculo de expressão das coisas do