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A PRISÃO POR DÍVIDA ALIMENTAR E AS DIFERENÇAS DA PRISÃO PENAL 1

Incarceration for Non-Payment of Child Support

MSc. Jonas Rodrigo Gonçalves2


Fernanda Lessa Oliveira3
Resumo

Este artigo faz abordagem ao tema prisão civil. Investigou-se a seguinte


problemática: quais as pessoas aptas a exigir os alimentos e quais as obrigadas a
prestá-los? Cogitando se a prisão civil terá o mesmo objetivo e finalidade que a
prisão penal. Os objetivos específicos são: “esclarecer os legitimados para serem
partes no processo”; “definir quais seriam as finalidades e objetivos da prisão civil
por dívida alimentar e designar sua execução”. Esse trabalho é importante para um
operador do Direito por trazer uma conceituação sobre o assunto, para a ciência
como forma de pesquisa e para a sociedade por esclarecer pontos controversos.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa teórica com duração de seis meses.

Palavras-chave: prisão civil, dívida alimentar, alimentos, alimentante, alimentado.

Abstract

This article discusses the issue of civil prison for food debt. The following
problem was investigated: which people are able to demand food and which are
obliged to provide it? Considering whether the civil detention will have the same
objective and purpose as the criminal detention. The specific objectives are: “to
clarify the legitimate to be parties in the process”; "Demonstrate the essential
differences between civil and criminal prison"; "Define the objectives and purposes of
civil prison for food debt and define its execution". This work is important for an
operator of the Law for bringing a conceptualization on the subject, for science as a
form of research and for society for clarifying controversial points. This is a qualitative
theoretical research lasting six months.

Keywords: Child Support, civil prison, food debt, detention

1
© Todos os direitos reservados para a Revista Processus, cujas citações deste artigo são permitidas
desde que citada a fonte. Artigo de Revisão de Literatura elaborado como TCC do curso de Direito da
Faculdade Processus no ano de 2019, sob orientação metodológica do professor MSc. Jonas Rodrigo
Gonçalves.
2
Doutorando em Psicologia; Mestre em Ciência Política (Direitos Humanos e Políticas Públicas);
Licenciado em Filosofia e Letras (Português e Inglês); Especialista em Direito Constitucional e
Processo Constitucional, em Direito Administrativo, em Direito do Trabalho e Processo Trabalhista,
entre outras especializações. Professor das faculdades Processus (DF), Unip (SP), Facesa (GO),
CNA (DF). Escritor (autor de 61 livros didáticos/acadêmicos). Revisor. Editor. CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6904924103696696. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4106-8071. E-mail:
jonas.goncalves@institutoprocessus.com.br
3
Graduando(a) em Direito pela Faculdade Processus. E-mail: fernandal_direito@outlook.com
1
Introdução

Este trabalho tem como objetivo a análise do tema prisão civil por dívida
alimentar, seu rito e peculiaridades. Trabalha os diferentes conceitos, assim como as
diferenças processuais de cada uma e tem como base a Constituição Federal, o
Código Civil, o Código de Processo Civil, doutrinas e jurisprudências.
Os alimentos é uma matéria muito importante para o Direito, porque está
relacionado com o direito à vida das pessoas, direito à dignidade e solidariedade
familiar, ou seja, quando ampara-se os alimentos, o que se ampara é o direito à vida
e a dignidade, positivados na norma constitucional. (HERTEL, 2009, p. 166)
Este artigo se propõe a responder aos seguintes problemas: “Qual a
finalidade da prisão civil por dívida alimentar?” Com essa finalidade, no que ela se
diferencia da prisão penal e como isso reflete no meio prático.
É necessário fazer a diferenciação da natureza da prisão civil e da prisão
penal. Embora na história as duas sejam tratadas de formas iguais, não tendo
qualquer distinção no âmbito penal, atualmente há uma clara divergência entre as
duas que são ressaltadas nas doutrinas e jurisprudências. (FUGA; MAZIERI, 2017,
p. 192)
As hipóteses que levantam frente ao problema em questão foi “Qual o preciso
intuito da prisão civil do inadimplente por alimentos? E se a natureza da prisão civil é
distinta da natureza da prisão penal, como essa distinção refletirá também na
finalidade e na aplicação de tais penas?”. Sendo então o infrator e o inadimplente
presos, como se desenrolará suas penas com relação às finalidades de cada uma
delas e quais os reflexos disso em suas vidas posteriormente.
O grande problema que existe no mundo jurídico é determinar as diferenças
essenciais entre a prisão civil e a própria prisão penal. É um tópico pouco explorado,
mas tal diferença traz reflexos quanto à especulação do infrator da norma penal e o
inadimplente da verba alimentar. (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 189). Ambas as prisões
possuem como consequência a privação da liberdade, mas diferem-se com relação
à competência para julgamento, aplicação e principalmente quanto à finalidade
almejada (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 192)
O objetivo geral deste trabalho é detalhar o instituto da prisão civil por dívida,
assim como comparar os elementos da prisão civil com os da prisão penal e
entender todo o processo de execução da prisão civil por dívida alimentar,
mostrando quais os pontos já esclarecidos sobre o tema e salientando os ainda
controversos.
Pretende-se salientar características da execução da prestação de alimentos
e da possível prisão civil do executado. A obrigação alimentar possibilitará ao credor
a utilização da repressão do direito de liberdade do devedor, usando assim da
coação existente nesse tipo de execução. (HERTEL, 2009, p. 166)
O objetivo específico deste trabalho é explanar o processo de prisão civil por
dívida, seus elementos, sua finalidade e suas consequências. É demonstrar os
requisitos necessários para que haja tal prisão, em quais ocasiões ela ocorrerá e
para que ela será usada, assim como quando alcançará seus objetivos e cessará
sua finalidade, traçando também um perfil de comparação com a execução do
processo de prisão penal, seus elementos e consequências.
Nesta linha, escreve Amílcar de Castro que a execução tem, quase sempre,
caráter patrimonial; a coação que vem por parte do Estado visa, em quase todos os
casos, direta ou indiretamente, o resultado econômico. Sendo assim, a execução por
prisão civil tem finalidade econômica; prendendo-se o executado para força-lo, de
2
modo indireto, a pagar e não para puni-lo, como se fosse criminoso. (CAHALI, 2009,
p. 751)
Essa pesquisa é de suma importância para a esfera profissional, pois contribui
para o entendimento da importância do pagamento dos alimentos. A pesquisa
também sana algumas dúvidas habituais sobre como o Estado age para garantir o
pagamento de tal direito.
Essa pesquisa é de suma importância para a ciência, pois esclarece as
facilidades e complicações do método de execução da prisão civil por dívida.
Futuramente, poderá servir de meio para a resoluções de possíveis problemas,
buscando mais celeridade e economia processual.
Essa pesquisa contribui para informar a sociedade, levando às pessoas o
esclarecimento sobre seus direitos e deveres. A pesquisa também é de grande valia
por explicitar as consequências quando há inadimplência do devedor de alimentos,
podendo servir como alerta para possíveis futuros casos.
A metodologia é o artigo de revisão, que é uma pesquisa teórica de pequena
extensão. Os artigos são utilizados para responder aos questionamentos levantados,
assim como evidenciar possíveis questionamentos ainda não esclarecidos
Os instrumentos utilizados nessa pesquisa são artigos científicos de mestres
e doutores publicados em revistas cientificas. A seleção e a extração dos artigos
foram feitas de forma individual por apenas um pesquisador, sendo os artigos
retirados do Google Acadêmico a partir das seguintes palavras-chave: prisão civil,
dívida alimentar, alimentos, alimentante, alimentado
O critério usado para separação dos artigos é especificamente a diferença
entre instituto da prisão civil e da prisão penal, assim como a publicação em revista
acadêmica, sendo pelo menos um dos autores mestre ou doutor. O tempo total
gasto para levantamento de literatura, leitura, resumo e montagem do artigo foi de 6
meses.
A pesquisa é qualitativa, trazendo a leitura e resumo de toda a literatura,
assim como as informações coletadas. As informações dos autores foram obtidas
por meios bibliográficos e não haverá dados quantitativos por não trabalhar com
coletas de informações
O artigo de revisão é um trabalho monográfico que pode ser publicado em
revista acadêmica e normalmente é de pequena extensão, ou seja, deve possuir
entre 10 e 30 páginas. (GONÇALVES, 2019, p. 6)

A prisão por dívida alimentar e as diferenças da prisão penal.

A palavra “alimentos” define a responsabilidade de sustentar outro indivíduo, e


também demonstra o conteúdo de tal responsabilidade, podendo então ser usada
tanto como a obrigação de sustentar como o conteúdo da obrigação. (HERTEL,
2009, p. 167)
Os alimentos são destinados à sobrevivência de uma pessoa, sendo
essencial para a manutenção da sua condição de vida. (HERTEL, 2009, p. 167)
A palavra alimentos vem significando aquilo que é necessário para sanar os
quesitos básicos da vida. As prestações vem para satisfazer as necessidades
básicas de quem não pode sustentar-se sozinho. É o direito de alguém de exigir tal
prestação necessária à sua manutenção. (CAHALI, 2009, p. 15 e 16)
O direito aos alimentos tem características que são implícitas de sua
natureza, como ser personalíssimo, irrenunciável, intransmissível, impenhorável e
divisível, tais características que o tornam essencial e excepcional.
3
É um direito personalíssimo porque é vinculado à personalidade de quem o
tem, objetivando assegurar a subsistência e a integridade física do ser humano,
sendo também considerado um direito intransmissível, pois sua titularidade não
pode ser transmitida para outra pessoa.
A irrenunciabilidade quer dizer que mesmo o credor não exercendo o seu
direito aos alimentos, não é admitido que ele renuncie, visto que esse direito
representa uma manifestação imediata do direito à vida. (CAHALI, 2009, p. 50)
A característica da impenhorabilidade vem para garantir ao hipossuficiente
que seu direito não seja objeto de penhora, porém admite-se que os alimentos são
impenhoráveis no estado de credito, tal característica não acompanha os bens em
que forem convertidos. (CAHALI, 2009, p. 86)
O direito aos elementos é divisível porque o juiz pode dividir a obrigação entre
mais de um obrigado ou com direito de regresso contra os demais deles. (CAHALI,
2009, p. 137)
Desde o nascimento, o ser humano tem como garantia basilar o direito à
sobrevivência e para exercê-lo são necessários meios materiais e afetivos, dentre os
quais estão os alimentos (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 240)
Eles vão garantir aos hipossuficientes a dignidade de se alimentar, se vestir,
estudar, se divertir e tantas outras coisas, que são direitos sociais positivados na
Constituição Federal.
O objetivo dos direitos sociais é garantir aos indivíduos meios materiais para
usufruir dos seus direitos, por isso exigem do Estado uma intervenção que assegure
a justiça distributiva, assim, diferente dos direitos à liberdade, que exigem um Estado
negativo, tais direitos sociais precisam do Estado positivista, que por meio de
atuações, diminuam a desigualdade. (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 201)
Os alimentos é uma matéria de grande importância para o Direito, pois está
relacionado com o direito à vida das pessoas, direito à dignidade e solidariedade
familiar. Quando tutela-se os alimentos, o que se tutela é o direito à vida e à
dignidade assentados no texto constitucional. (HERTEL, 2009, p. 166)
Prestar essa assistência deveria ser uma obrigação implícita aos
responsáveis, porém a realidade é que muitas vezes ocorre uma omissão, o que faz
com que surja a necessidade de intervenção do Estado, a fim de garantir essa
manutenção periódica.
Surge então a obrigação de assegurar com eficiência os alimentos aos que
dele necessitam, com o objetivo de garantir o mínimo existencial, não dependendo
das partes obrigadas ou coobrigadas agirem por vontade própria. (FUGA; MAZIERI,
2017, p. 199)
Com essa obrigação, o Estado precisa garantir meios necessários executar
de modo eficaz o direito aos alimentos, mesmo que para isso seja necessário uma
coação rigorosa. (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 201)
Nesse momento surgem diversas normas jurídicas positivando o direito aos
alimentos e trazendo sua execução como alternativa para sanar algumas dificuldade
que se tenha de obtê-los.
Conceituou-se a obrigação alimentar e mostrou-se o porquê da execução por
prisão civil, mas qual o histórico desta prisão? Ela sempre foi usada como
penalidade ou é relativamente nova? Qual era sua usualidade e sua frequência?
A prisão civil por dívida é usada desde os povos antigos, que já tinham em
suas escrituras tal prisão, sendo ela por dívida econômica ou não, entretanto, não se
tratava só do cerceamento da liberdade do indivíduo, podendo também chegar à
execução
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ou à submissão como escravo, quitando a dívida apenas na morte. (FUGA;
MAZIERI, 2017, p. 189 e 190)
Sabe-se que antigamente as leis e costumes pouco se importavam com a
dignidade da pessoa humana, com a liberdade e com o direito à vida, por isso a
prisão civil era amplamente usada. A incoerência com relação a amplitude da prisão
civil persistiu no Brasil colônia e no Brasil império, essa usualidade foi decaindo com
o passar dos anos. Com a chegada da democracia, tal penalidade, seu caráter
severo e sua restrição de um direito tão importante, foi se tornando uma
excepcionalidade.
A nossa carta na manga foi um divisor de águas entre o atual regime
democrático que vivemos e o regime militar ditatorial, imposto ao povo brasileiro por
mais de duas décadas. Ela trouxe a ampliação dos direitos fundamentais, elegendo
a dignidade da pessoa humana como um princípio e parâmetro primordial em seu
texto. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 241)
Com a vinda da democracia as leis foram se tornando mais dignas aos
indivíduos, foi preciso então excluir a generalização da prisão civil por dívida,
restringindo-a a casos bem específicos. Foi assim que a Constituição Federal de 88
veio com a limitação da prisão civil, restando nela apenas duas hipóteses para esta
ocorra, a do depositário infiel e a do devedor de alimentos.
Porém, surge o conflito entre a Constituição Federal e os pactos e acordos
internacionais. Qual norma prevalece? Uma norma exclui, paralisa ou proíbe a
outra? Como será resolvido esse conflito?
No Brasil os pactos e acordos internacionais igualam-se às emendas
constitucionais, ou seja, qualquer afronta à legislação também será um atentado
contra a Constituição Federal (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 196)
Os pactos internacionais que o Brasil participa auxiliam na dignificação e
qualificação de toda sociedade, por isso os alimentos também fazem parte de uma
de suas redações. (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 197)
A Declaração dos Direitos Humanos veio em uma época turbulenta de
insegurança jurídica, onde havia uma grande preocupação com os direitos
individuais e sociais de toda a população mundial. Por esse motivo, foi necessário
assegurar entre as nações os direitos mínimos e fundamentais do homem, estando
os alimentos dentro de tais direitos. Com esse objetivo, foi feito o Pacto San José da
Costa Rica que autoriza em seu artigo 7º a prisão civil do devedor de alimentos,
colocando como sujeito ativo o alimentando. (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 197)
Mesmo com a carta constitucional autorizando a prisão civil do inadimplente
alimentar e do depositário infiel, surge um conflito, os pactos internacionais não
consentirem a prisão do depositário infiel internacionais que o Brasil faz parte.
O Pacto de San José da Costa Rica trouxe preceitos da dignidade da pessoa
humana, efetivando um regime de liberdades pessoais e justiça social, reafirmando
o conceito de democracia perante os direitos fundamentais. O artigo 7 item 7 da
convenção diz que ninguém deve ser detido por dívidas, mas explica que esse
princípio não limita as expedições de prisão em virtude de inadimplemento de
obrigação alimentar. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 242)
Uma divergência é o fato de a convenção somente permitir a prisão civil por
dívida alimentar e a Constituição Federal trazer em seu artigo 5º a possibilidade de
prisão Civil por dívida do inadimplemento alimentício, mas também do depositário
infiel. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 243)
Pelo fato dos pactos internacionais nada citarem sobre a prisão civil do
depositário infiel, surgem dúvidas sobre sua legalidade e possibilidade dentro da
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norma jurídica brasileira. Tal prisão continua sendo usada ou foi deixada de lado no
cotidiano processual?
Tal conflito tem sido resolvido no sistema jurídico brasileiro pelo Supremo
Tribunal Federal, deixando claro que mesmo que o dispositivo constitucional não
tenha sido revogado, ele está deixando de ser usado por causa do efeito paralisante
do tratado internacional. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 243)
O Supremo Tribunal Federal então editou a súmula vinculante número 25 que
prevê a ilicitude da prisão civil do depositário infiel, em qualquer modalidade de
depósito. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 243)
Seguindo o mesmo entendimento, o Supremo Tribunal de Justiça publicou
uma súmula apontando o descabimento da prisão civil do depositário infiel. (DE
LUCA; BORGES, 2016, p. 244)
Portanto, por se tratar de um modo severo de coação, a prisão civil acabou
por ser aplicada de modo excepcional e específica, ficando restrita apenas aos
casos de inadimplemento alimentar
A legislação então dá ênfase na a prisão civil do devedor de alimentos como
um jeito de dignificar o credor e manter uma ordem, valorizando assim a dignidade
da parte hipossuficiente da relação. Nesse caso, busca-se um mal para tentar evitar
outro e quando não se consegue evitar, há um descumprimento das normas
constitucionais.
Entende-se então a excepcionalidade da prisão civil por dívida alimentar, que
está disciplinada na Constituição Federal, no Código de Processo Civil, na Lei de
Alimentos e no Pacto San José da Costa Rica, que desta forma, garante o
adimplemento da obrigação alimentar para manter a vida do alimentado. (DE LUCA;
BORGES, 2016, p. 244)
Esse direito foi então amparado pela execução da prisão civil, não podendo
tal execução ser oriunda de uma relação contratual, restringindo claramente a
natureza jurídica desse instituto. (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 199)
Não adiantaria a equiparação do inadimplente de obrigação alimentar e do
devedor de crédito extrajudicial, pois o hipossuficiente necessita do mínimo para a
manutenção de sua vida e o outro é apenas um enriquecimento licito que foi
descumprido, não comprometendo suas necessidades básicas. Salienta-se que o
Supremo Tribunal de Justiça só aceita que seja feita a coação quando há risco à
vida, pois se trata de um recurso processual extremamente gravoso ao devedor, o
que não teria logica de ser usado em qualquer caso. (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 196)
O Supremo Tribunal Federal admitiu a constitucionalidade e a legitimidade da
prisão do inadimplente alimentar, mas não delimitou quem poderá figurar no polo
passivo e contra quem poderá ser imposta a prisão civil. (FUGA; MAZIERI, 2017, p.
197)
Eis que surge como questionamentos como quem deveria colaborar com os
alimentos? Quem será obrigado a prestá-los? Quem poderá ter sua liberdade restrita
pelo não pagamento?
Vemos no artigo 227 da Constituição Federal que a legitimidade para
assegurar o direito aos alimentos não é apenas da família, mas também da
sociedade e do Estado que devem garantir saúde, alimentação, educação, lazer e
outras muitas coisas para que as crianças e adolescentes tenham vida digna com
seus direitos básicos garantidos (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 201)
A sociedade em si deveria considerar a possibilidade de colaborar com os
alimentos, no sentido de fazer parte de tomadas de decisões sobre o tema e a
concretização de leis e normas, tornando essa participação uma conscientização de
6
comprometimento. (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 202)

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A responsabilidade alimentar está pautada no princípio fundamental da
dignidade da pessoa humana e da solidariedade familiar. Protegendo o maior
interesse da criança, sendo esse direito personalíssimo e devido ao alimentado pelo
alimentante, por causa da sua relação de parentesco (DE LUCA; BORGES, 2016, p.
240)
Os alimentos são recíprocos entre pais e filhos, mas se estendem aos
ascendentes, recaindo sobre o grau mais próximo, na falta do outro, podendo recair
até mesmo sobre os descendentes, na falta dos ascendentes, ou irmãos, na falta de
ambos. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 241)
Em resumo, pode-se alegar que ficam obrigados a pagar alimentos os
parentes, cônjuges e companheiros, inferindo-se do artigo 1.700 do Código Civil que
essa obrigação também pode ser transmitida aos herdeiros do devedor. (HERTEL,
2009, p.168)
Em ordem, ficam obrigados a pagar alimentos primeiramente os ascendentes,
seguido dos descendentes e colaterais de segundo grau, que são os irmãos.
(HERTEL, 2009, p.168)
Quando há a falta dos pais, a obrigação deverá ser cumprida pelos avós,
bisavós, trisavós, etc., sempre obrigará sobre os mais próximos, faltando mais
remoto. Assim, se existir mais de um ascendente do mesmo grau, serão todos
obrigados em conjunto, podendo um ascendente alegar que não foram
chamados a prestar os outros ascendentes do mesmo grau. A quota de cada
obrigado será fixada de acordo com a possibilidade dos alimentantes e a
necessidade do alimentado. Caso um dos ascendentes não tenha como prestar os
alimentos, os outros então irão ficar obrigados a sanar esse déficit e diante de
qualquer recebimento precário ou insuficiente, pode ser requerida um complemento.
(AZEVEDO; AMORIM, 2010, p. 13) Duas hipótese poderão ocorrer para que seja
chamado o ascendente mais remoto à prestação da obrigação alimentícia, a
inexistência de ascendente mais próximo ou a incapacidade econômica deste para
fazê-la. O grau mais próximo de parentesco com o alimentado excluirá aquele
mais remoto, o primeiro lugar nesta escala é ocupado pelos genitores e apenas
se estes faltarem ou estiverem impossibilitados, estenderá a obrigação para os
próximos ascendentes, respeitando
a ordem de proximidade. (AZEVEDO; AMORIM, 2010, p. 13)
É necessário esclarecer que o pagamento é subsidiário, ou seja, na
impossibilidade do principal responsável é que será transmitida tal obrigação para o
ascendente, descendente ou colateral de segundo grau. Assim que a parte ficar
obrigada a pagar os alimentos, poderá então sofrer a execução caso fique
inadimplente.
É importante ressaltar que não há nenhuma menção ou limitação quanto ao
polo passivo que fica sujeito a prisão civil, compreendendo uma grande possibilidade
de partes que podem ser coagidas por tal instituto (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 200)
Mesmo com a incerteza sobre quem pode ser preso por dívida alimentar, a
natureza da prisão civil, sua finalidade, seu objetivo e sua execução são bem
definidas na lei, na doutrina e na jurisprudência.
Diante dessas características, surge o questionamento, qual a real diferença
entre prisão civil e prisão penal? A natureza e a finalidade de ambas se diferem?
Quais as consequências que cada uma traz para a vida do preso?
Sabe-se então que a prisão penal atua no delito, com a finalidade de mudar a
conduta do agente, já a prisão civil não tem finalidade penal, buscando apenas o
cumprimento de determinada prestação, usando a coação (FUGA; MAZIERI, 2017,
8
p.192)

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Quanto a natureza da prisão civil por dívida de alimento, ela é coercitiva, não
punitiva, por isso o cumprimento da prisão não desobriga o inadimplente ao
pagamento das parcelas atrasadas e das que vierem a vencer, é o que dispõe o
artigo 19 § 1º da lei de alimentos. (HERTEL, 2009, p.178)
Decorre apenas do inadimplemento da prestação alimentar a natureza jurídica
da prisão civil e traz a forma mais eficiente de diminuir o grande número
inadimplência dos alimentos. A execução, além de ter natureza coativa, terá um
caráter somente econômico, ou seja, a atuação do Estado visa, direta ou
indiretamente, o cumprimento da prestação pela coação, o que se contrapõe à
execução penal. (FUGA; MAZIERI, 2017, p.194)
Tal prisão, por ser meio apenas de coação, não proibirá a penhora de bens do
devedor, afinal não desobriga o devedor do pagamento só pelo fato de estar preso.
Usa-se a premissa que mais vale a privação de liberdade de um indivíduo do que o
comprometimento do direito à vida do hipossuficiente alimentado. (FUGA; MAZIERI,
2017, p.196)
É importante salientar que a prisão civil não tem intuito de prejudicar o
executado, senão no fato de restringir sua liberdade momentaneamente, já na prisão
penal o delinquente carrega consigo seus precedentes criminais, que maculam sua
vida por um tempo estipulado após o regresso à sociedade. (FUGA; MAZIERI, 2017,
p.194)
Salienta-se então que a natureza jurídica desta prisão civil será meramente
coercitiva, tenho como única finalidade o adimplemento da obrigação alimentar e
trazendo como consequência para o inadimplente apenas o cerceamento
momentâneo de sua liberdade, entretanto, quais são as finalidades da prisão penal e
qual a sua natureza jurídica, sendo que ela, diferente da anterior, perpetua suas
consequências pela vida do indivíduo por certo tempo
No âmbito penal, a prisão atua pedagogicamente como forma de sanção do
sujeito que cometeu delito, tendo como objetivo final sua reabilitação e
ressocialização, ou seja, tendo um conceito e uma natureza jurídica diferente da
prisão civil. (FUGA; MAZIERI, 2017, p.192)
Percebe-se então que existe uma tríplice função jurídica e finalística na prisão
penal; a coativa, a punitiva e a ressocializadora. A primeira coagirá o indivíduo para
prevenir reincidência, a segunda castigará o indivíduo por ter cometido crime e a
terceira ensinará a ele como voltar a conviver em sociedade após a pena. (FUGA;
MAZIERI, 2017, p.194)
Portanto, a prisão penal tem como finalidade não só a penalização, mas
também a coação, mostrando às pessoas as consequências que seguem o delito,
como a perda dos direitos que eles possui desde que nasceu, ficando assim o
sujeito receoso de cometer ato que possa leva-lo à prisão.
Mostra-se mais simples função jurídica da prisão civil, pois não há sequer
divergências quanto a sua aplicação, sendo basicamente usada como meio de
coação. Theodoro Junior discorre sobre o tema (2013, p. 406): “Essa prisão civil não
é meio de execução, mas apenas de coação. [...] Por isso mesmo, o cumprimento da
pena privativa de liberdade ‘não exime o devedor do pagamento das prestações
vencidas e vincendas.’ “(FUGA; MAZIERI, 2017, p.194)
Portanto, nota-se que está claro na doutrina que o objetivo da prisão civil do
inadimplente alimentar não é punir e sim coagir ao pagamento, ou seja, assim que
ele prestar a obrigação devida, tal prisão será extinta.
Isso só acontece porque a lei defende a prisão civil do devedor de alimento
com a finalidade de manter a manutenção da vida e a dignidade do credor, sendo
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ele um

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indivíduo hipossuficiente. Busca-se um mal em detrimento de outro, restringindo a
liberdade do devedor para garantir o sustendo do credor. (FUGA; MAZIERI, 2017,
p.192)
Desta forma, fica clara a natureza da prisão civil e sua ampla divergência para
a punibilidade da prisão penal, mesmo ambas tendo como meio de execução a
privação da liberdade do sujeito. (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 194)
Sabendo então qual a natureza jurídica, o objetivo e a finalidade da prisão civil
do devedor de alimentos, resta traçar o caminho desde a fixação do valor alimentar
até a tal prisão em caso de inadimplência, mostrando quais as alternativas que o
inadimplente terá para se livrar do cerceamento de sua liberdade.
Sobre o direito material da prisão civil é importante demonstrar as
peculiaridades da lei e demarcar a extensão da sua aplicação quando decorrente de
inadimplência da dívida alimentar, exaltando os questionamentos fáticos e teóricos
dessa questão. (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 189)
Sendo assim, para fixação dos alimentos é importante observar dois
parâmetros, que é a necessidade de quem pleiteia versus a possibilidade de quem é
obrigado a prestá-los. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 241)
Esses são os parâmetros objetivos da obrigação alimentar. A necessidade de
quem pleiteia traz consigo aquele que não tem bens suficientes para se manter e
nem pode trabalhar para isso. O instituto dos alimentos veio para garantir o sustento
de quem precisa e não para incentivar a ociosidade e o parasitismo. Já a
possiblidade de quem é obrigado a prestar, é necessário que essa pessoa possa
fornecer tal alimento sem privação do seu próprio sustento, ou seja, se o devedor só
dispõe daquilo que é indispensável para a sua própria manutenção, é injusto obriga-
lo a prestar tais alimentos ao necessitado. (CAHALI, 2009, p. 511 a 517)
Todavia, caso o responsável por a pagar os alimentos não exerça tal
obrigação, faz-se necessário iniciar ação, para coagir o inadimplente a adimplir a
obrigação alimentar. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 241)
A ação de alimentos tem várias formas de ser executada, uma delas, a prisão
civil, está exposta nos artigos 528 § 3º do Código de Processo Civil e no artigo 19 da
lei 5468/68. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 241)
A execução dos alimentos será iniciada com uma ação de execução quando
preencher tanto os requisitos genéricos, como os específicos. O devedor será citado
e depois poderá: pagar a prestação, demonstrar que já pagou, apresentar motivo
que impossibilita o pagamento ou manter-se inerte. (HERTEL, 2009, p. 161)
Caso o executado, ao ser citado, prove que pagou, afastará a decretação de
prisão, ou seja, provado o pagamento, o juiz proferirá sentença de extinção de
execução. (HERTEL, 2009, p. 172)
Poderá o devedor apresentar defesa no prazo de 3 dias, neste caso, o
magistrado proferirá uma decisão interlocutória, podendo acatar a defesa ou não.
Caso ele acate a defesa, ele deixará de decretar prisão, eximirá o obrigado a pagar
as parcelas vencidas, sendo intimado o credor para dar prosseguimento à execução
por meio de penhora. Caso o juiz rejeite a defesa, decretará então a prisão do
devedor. (HERTEL, 2009, p. 172)
A última situação é quando, após citado, o inadimplente fica inerte, deixando
transcorrer o prazo legal. Neste caso, o juiz irá ouvir o credor, que poderá então
requerer a prisão do executado. Quando requerida, o magistrado decretará por meio
de decisão interlocutória.
Visualizando a forma de execução, uma dúvida tende a surgir: Quando
instaurada, o juiz poderá decretar de ofício a prisão do devedor? Há divergência na
12
doutrina. José Carlos Barbosa Moreira entende que o magistrado poderá agir, sem
requerimento do credor, quando o devedor não efetuar o pagamento. Em sentido
contrário, Rio Gonçalves diz não ser possível o juiz decretar a prisão de ofício, pelo
fato de existir uma relação de direito de família entre o credor e o devedor, devendo
ficar a critério do credor a conveniência e a oportunidade da possibilidade da prisão.
Esta última orientação tem sido a adotada nos tribunais. (HERTEL, 2009, p. 174)
Quanto ao começo da execução, existem algumas limitações que se fazem
necessárias, como a quantidade das prestações a serem executadas pelo rito da
prisão civil, aparecem então dúvidas sobre qual o meio poderá ser utilizado para
executar as prestações que sobrarem, a partir de qual momento pode-se executar os
alimentos atrasados, qual o tempo previsto de prisão para o executado e qual o
recurso cabível contra o magistrado em caso de prisão.
A jurisprudência tem brotado limite nas prestações que poderão sofrer
execução com a pena de prisão, não admitindo que a totalidade das parcelas
devidas sejam cobradas por tal meio coercitivo, pois tal cobrança violaria o princípio
do menor sacrifício do devedor. (HERTEL, 2009, p. 170)
Sendo assim, o STJ cristaliza em sua súmula 309 que só as três últimas
parcelas poderão ser executada sob pena de prisão as três últimas parcelas e as
que venham vencer no curso do processo. (HERTEL, 2009, p. 170 e 171)
Portando, se o devedor estiver devendo dez prestações, não poderão ser
executadas todas elas sob pena de prisão. Darão suporte à execução de alimentos
sob a modalidade coercitiva, apenas as três últimas e as que vencerem durante a
tramitação da execução, as restantes deverão ser executadas por sub-rogação
(HERTEL, 2009, p. 171)
Entretanto, basta o inadimplemento de apenas parcela para o credor já ter o
direito de executar a cobrança alimentar, não se fazendo necessário que estejam
três parcelas vencidas. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 246)
O dispositivo que faz menção ao prazo da prisão do executado por dívida
alimentar é o artigo 19 da lei de alimentos que dispõe que a prisão será de até
sessenta dias. Anteriormente, havia divergência desse prazo, pois havia a outro
dispositivo que citava o prazo de 1 a 3 meses, porém devido à finalidade coercitiva e
não punitiva da execução, entende-se que esse prazo deve ser o mínimo necessário
para coagir o executado a adimplir sua dívida, preponderando então o prazo de até
sessenta dias. (HERTEL, 2009, p. 177)
Sabe-se que o Ministério Público, por força da lei, deve intervir nas ações de
alimentos, contudo, quando o executado estiver preso e sua dívida for adimplida, a
primeira medida deve ser a do alvará de soltura, pois a finalidade da medida
coercitiva usada já foi alcançada, não devendo o juiz ouvir o MP nesses casos.
(HERTEL, 2009, p. 175)
Caso o devedor pague a quantia cobrada na actio judicati, o juiz sentenciará a
de extinção da execução. (HERTEL, 2009, p. 171)
Como já dito a decisão que decreta a prisão do devedor de alimentos é a
interlocutória. Portanto, ela poderá ser impugnada por meio de agravo de
instrumento, na forma do artigo 1.015 do NCPC ou por meio de habeas corpus, na
forma do artigo 5º, inc. LXVIII da Constituição Federal. Entretanto é importante
salientar que a mera propositura do agravo de instrumento não irá gerar qualquer
efeito em relação à decisão da prisão, por ter somente efeito devolutivo. Portanto,
caberá ao agravante requerer a concessão de efeito suspensivo ao relator do agravo
– o chamado efeito suspensivo ope judicis. (HERTEL, 2009, p. 178)

13
Considerações Finais

Este artigo abordou a prisão civil por dívida do inadimplente alimentar, seu rito
e peculiaridades. Teve como objetivo a análise da prisão civil e da prisão penal,
elucidando suas diferenças processuais, conceituais e finalísticas.
O artigo respondeu questões como qual a finalidade da prisão civil por dívida
alimentar e no que ela se diferencia da prisão penal. E levantou a hipótese sobre a
natureza jurídica das duas e como esta refletirá na aplicação das penas e nas
consequências delas para a vida do preso.
O objetivo geral do artigo foi conceituar e detalhar o instituto da prisão civil por
dívida, assim como comparar os elementos dele com os da prisão penal,
entendendo o processo em que cada uma se desenrola. O objetivo específico foi
mostrar a finalidade, natureza jurídica e consequência de cada uma das prisões,
assim como as ocasiões que ocorrem a prisão civil do devedor de alimentos.
Essa pesquisa foi de suma importância a esfera profissional por contribuir
para o entendimento da importância do pagamento dos alimentos. Também teve
grande importância a ciência, pois esclareceu as facilidades e complicações do
método de execução da prisão civil por dívida. Se mostrou importante também para
a sociedade, pois levou às pessoas o esclarecimento sobre seus direitos e deveres,
explicando as consequências quando há inadimplência do devedor de alimentos,
podendo servir como alerta para possíveis futuros casos.
A pesquisa atingiu o resultado almejado, uma vez que contribuiu para a
compreensão sobre o instituto mencionado, elucidando seus pontos excepcionais e
mostrando como é o procedimento de todo o processo para que ocorra finalmente a
prisão civil do devedor. Mostra o intuito não punitivo do instituto, assim como a
inexistência das consequências posteriores à pena para o indivíduo, fatos que a
diferem de uma prisão penal.
Conclui-se que, mesmo achando de grande valia o instituto, sendo muito
importante para a sociedade, ainda o vê-se como algo burocrático, gerando um
árduo trabalho para que se consiga efetivamente executá-lo, isso se dá tanto pelo
procedimento em sim, que é trabalhoso, como a justiça brasileira, que não tende a
ser célere. Portanto, crê-se que ainda haja grande caminho para tornar todo esse
processo menos trabalhoso e por vezes até menos humilhante para a parte litigante,
gerando mais confiança e facilidade de correr atrás de tal direito.

Referências

AZEVEDO, Álvaro Villaça; AMORIM, José Roberto Neves. Direitos e Deveres dos
avós – alimentos e visitação. Revista Juris da Faculdade de Direito. 2010, Vol. 3.

CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. Editora revista dos tribunais. 6ª edição, 2009.

DE LUCA, Guilherme Domingos; BORGES, Laura Bazotte. Da prisão por dívida


alimentar e o pacto San José da Costa Rica. Caderno do programa de pós-
graduação – Direito UFRGS. 2016, Vol. 11, n. 2º

14
FUGA, Bruno Augusto Sampaio; MAZIERI, Luan Bertin. Prisão civil no débito
alimentar: Uma aplicação extensiva para a finalidade legal. Revista Direito
Mackenzie. 2017, Vol. 11, n. 2º

GONÇALVES, Jonas Rodrigo. Como fazer um projeto de pesquisa de um artigo de


revisão de literatura. Revista JRG de Estudos Acadêmicos. Ano II, volume II, n.5
(ago./dez.), 2019.
GONÇALVES, Jonas Rodrigo. Manual de Projeto de Pesquisa. Brasília:
Processus, 2019 (Coleção Trabalho de Curso, Vol.I).

GONÇALVES, Jonas Rodrigo. Metodologia Científica e Redação Acadêmica. 8.


Ed. Brasília: JRG, 2019.

HERTEL, Daniel Roberto. A execução da prestação de alimentos e a prisão civil do


alimentante. Revista da EMERJ. 2009, Vol. 12, n. 46º

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Texto analisado: 90,42%


Percentual do texto efetivamente analisado (frases curtas, caracteres especiais, texto quebrado não são
analisados).

Sucesso da análise: 100%


Percentual das pesquisas com sucesso, indica a qualidade da análise, quanto maior, melhor.
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Ocorrên Semelha
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cias nça
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produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/Rev-Dir-Mackenzie_v.11_n.02.10.pdf
https://www.conjur.com.br/2016-nov-18/direitos-fundamentais-prisao-civil-devedor-alimentos-ultima-
23 8,08 %
alternativa
https://docplayer.com.br/45924958-Da-prisao-por-divida-alimentar-e-o-pacto-san-jose-da-costa-
20 12,15 %
rica.html
https://www.tjdft.jus.br/consultas/jurisprudencia/jurisprudencia-em-temas/jurisprudencia-em-
detalhes/alimentos/detalhes-citacao-do-devedor-de-alimentos-para-no-prazo-de-03-dias-adimplir-a- 16 -
obrigacao-ou-apresentar-justificativa-acerca-da-impossibilidade-prisao-civil
https://jus.com.br/artigos/55616/a-eficacia-da-prisao-civil-nas-acoes-de-execucao-de-alimentos 14 11,88 %
http://www.sintese.com/doutrina_integra.asp?id=1166 12 15,16 %

15
Texto analisado:
A PRISÃO POR DÍVIDA ALIMENTAR E AS DIFERENÇAS DA PRISÃO PENAL
Incarceration for Non-Payment of Child Support

MSc. Jonas Rodrigo Gonçalves


Fernanda Lessa Oliveira
Resumo

Este artigo faz abordagem ao tema prisão civil. Investigou-se a seguinte problemática: quais as pessoas aptas a
exigir os alimentos e quais as obrigadas a prestá-los? Cogitando se a prisão civil terá o mesmo objetivo e
finalidade que a prisão penal. Os objetivos específicos são: esclarecer os legitimados para serem partes no
processo; definir quais seriam as finalidades e objetivos da prisão civil por dívida alimentar e designar sua
execução. Esse trabalho é importante para um operador do Direito por trazer uma conceituação sobre o assunto,
para a ciência como forma de pesquisa e para a sociedade por esclarecer pontos controversos. Trata-se de uma
pesquisa qualitativa teórica com duração de seis meses.

Palavras-chave: prisão civil, dívida alimentar, alimentos, alimentante, alimentado.

Abstract

This article discusses the issue of civil prison for food debt. The following problem was investigated: which people
are able to demand food and which are obliged to provide it? Considering whether the civil detention will have the
same objective and purpose as the criminal detention. The specific objectives are: to clarify the legitimate to be
parties in the process; "Demonstrate the essential differences between civil and criminal prison"; "Define the
objectives and purposes of civil prison for food debt and define its execution". This work is important for an
operator of the Law for bringing a conceptualization on the subject, for science as a form of research and for
society for clarifying controversial points. This is a qualitative theoretical research lasting six months.

Keywords: Child Support, civil prison, food debt, detention

Introdução

Este trabalho tem como objetivo a análise do tema prisão civil por dívida alimentar, seu rito e
peculiaridades. Trabalha os diferentes conceitos, assim como as diferenças processuais de cada uma e
tem como base a Constituição Federal, o Código Civil, o Código de Processo Civil, doutrinas e
jurisprudências.
Os alimentos é uma matéria muito importante para o Direito, porque está relacionado com o direito à vida das
pessoas, direito à dignidade e solidariedade familiar, ou seja, quando ampara-se os alimentos, o que se ampara
é o direito à vida e a dignidade, positivados na norma constitucional. (HERTEL, 2009, p. 166)
Este artigo se propõe a responder aos seguintes problemas: Qual a finalidade da prisão civil por dívida
alimentar? Com essa finalidade, no que ela se diferencia da prisão penal e como isso reflete no meio prático.
É necessário fazer a diferenciação da natureza da prisão civil e da prisão penal. Embora na história as duas
sejam tratadas de formas iguais, não tendo qualquer distinção no âmbito penal, atualmente há uma clara
divergência entre as duas que são ressaltadas nas doutrinas e jurisprudências. (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 192)
As hipóteses que levantam frente ao problema em questão foi Qual o preciso intuito da prisão civil do
inadimplente por alimentos? E se a natureza da prisão civil é distinta da natureza da prisão penal, como essa
distinção refletirá também na finalidade e na aplicação de tais penas?. Sendo então o infrator e o inadimplente
presos, como se desenrolará suas penas com relação às finalidades de cada uma delas e quais os reflexos
disso em suas vidas posteriormente.
O grande problema que existe no mundo jurídico é determinar as diferenças essenciais entre a prisão civil e a
própria prisão penal. É um tópico pouco explorado, mas tal diferença traz reflexos quanto à especulação do
infrator da norma penal e o inadimplente da verba alimentar. (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 189). Ambas as prisões
possuem como consequência a privação da liberdade, mas diferem-se com relação à competência para
julgamento, aplicação e principalmente quanto à finalidade almejada (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 192)
O objetivo geral deste trabalho é detalhar o instituto da prisão civil por dívida, assim como comparar os
elementos da prisão civil com os da prisão penal e entender todo o processo de execução da prisão civil por
dívida alimentar, mostrando quais os pontos já esclarecidos sobre o tema e salientando os ainda controversos.
Pretende-se salientar características da execução da prestação de alimentos e da possível prisão civil do
executado. A obrigação alimentar possibilitará ao credor a utilização da repressão do direito de liberdade do
devedor, usando assim da coação existente nesse tipo de execução. (HERTEL, 2009, p. 166)
O objetivo específico deste trabalho é explanar o processo de prisão civil por dívida, seus elementos, sua
finalidade e suas consequências. É demonstrar os requisitos necessários para que haja tal prisão, em quais
ocasiões ela ocorrerá e para que ela será usada, assim como quando alcançará seus objetivos e cessará sua
finalidade, traçando também um perfil de comparação com a execução do processo de prisão penal, seus
elementos e consequências.
Nesta linha, escreve Amílcar de Castro que a execução tem, quase sempre, caráter patrimonial; a coação que
16
vem por parte do Estado visa, em quase todos os casos, direta ou indiretamente, o resultado econômico. Sendo
assim, a execução por prisão civil tem finalidade econômica; prendendo-se o executado para força-lo, de modo
indireto, a pagar e não para puni-lo, como se fosse criminoso. (CAHALI, 2009, p. 751)
Essa pesquisa é de suma importância para a esfera profissional, pois contribui para o entendimento da
importância do pagamento dos alimentos. A pesquisa também sana algumas dúvidas habituais sobre como o
Estado age para garantir o pagamento de tal direito.
Essa pesquisa é de suma importância para a ciência, pois esclarece as facilidades e complicações do método de
execução da prisão civil por dívida. Futuramente, poderá servir de meio para a resoluções de possíveis
problemas, buscando mais celeridade e economia processual.
Essa pesquisa contribui para informar a sociedade, levando às pessoas o esclarecimento sobre seus direitos e
deveres. A pesquisa também é de grande valia por explicitar as consequências quando há inadimplência do
devedor de alimentos, podendo servir como alerta para possíveis futuros casos.
A metodologia é o artigo de revisão, que é uma pesquisa teórica de pequena extensão. Os artigos são utilizados
para responder aos questionamentos levantados, assim como evidenciar possíveis questionamentos ainda não
esclarecidos
Os instrumentos utilizados nessa pesquisa são artigos científicos de mestres e doutores publicados em revistas
cientificas. A seleção e a extração dos artigos foram feitas de forma individual por apenas um pesquisador,
sendo os artigos retirados do Google Acadêmico a partir das seguintes palavras-chave: prisão civil, dívida
alimentar, alimentos, alimentante, alimentado
O critério usado para separação dos artigos é especificamente a diferença entre instituto da prisão civil e da
prisão penal, assim como a publicação em revista acadêmica, sendo pelo menos um dos autores mestre ou
doutor. O tempo total gasto para levantamento de literatura, leitura, resumo e montagem do artigo foi de 6
meses.
A pesquisa é qualitativa, trazendo a leitura e resumo de toda a literatura, assim como as informações
coletadas. As informações dos autores foram obtidas por meios bibliográficos e não haverá dados quantitativos
por não trabalhar com coletas de informações
O artigo de revisão é um trabalho monográfico que pode ser publicado em revista acadêmica e normalmente é
de pequena extensão, ou seja, deve possuir entre 10 e 30 páginas. (GONÇALVES, 2019, p. 6)

Desenvolvimento a prisão por dívida alimentar e as diferenças da prisão penal.

A palavra alimentos define a responsabilidade de sustentar outro indivíduo, e também demonstra o conteúdo de
tal responsabilidade, podendo então ser usada tanto como a obrigação de sustentar como o conteúdo da
obrigação. (HERTEL, 2009, p. 167)
Os alimentos são destinados à sobrevivência de uma pessoa, sendo essencial para a manutenção da sua
condição de vida. (HERTEL, 2009, p. 167)
A palavra alimentos vem significando aquilo que é necessário para sanar os quesitos básicos da vida. As
prestações vem para satisfazer as necessidades básicas de quem não pode sustentar-se sozinho. É o direito de
alguém de exigir tal prestação necessária à sua manutenção. (CAHALI, 2009, p. 15 e 16)
O direito aos alimentos tem características que são implícitas de sua natureza, como ser personalíssimo,
irrenunciável, intransmissível, impenhorável e divisível, tais características que o tornam essencial e excepcional.
É um direito personalíssimo porque é vinculado à personalidade de quem o tem, objetivando assegurar a
subsistência e a integridade física do ser humano, sendo também considerado um direito intransmissível, pois
sua titularidade não pode ser transmitida para outra pessoa.
A irrenunciabilidade quer dizer que mesmo o credor não exercendo o seu direito aos alimentos, não é admitido
que ele renuncie, visto que esse direito representa uma manifestação imediata do direito à vida. (CAHALI, 2009,
p. 50)
A característica da impenhorabilidade vem para garantir ao hipossuficiente que seu direito não seja objeto de
penhora, porém admite-se que os alimentos são impenhoráveis no estado de credito, tal característica não
acompanha os bens em que forem convertidos. (CAHALI, 2009, p. 86)
O direito aos elementos é divisível porque o juiz pode dividir a obrigação entre mais de um obrigado ou com
direito de regresso contra os demais deles. (CAHALI, 2009, p. 137)
Desde o nascimento, o ser humano tem como garantia basilar o direito à sobrevivência e para exercê-lo são
necessários meios materiais e afetivos, dentre os quais estão os alimentos (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 240)
Eles vão garantir aos hipossuficientes a dignidade de se alimentar, se vestir, estudar, se divertir e tantas outras
coisas, que são direitos sociais positivados na Constituição Federal.
O objetivo dos direitos sociais é garantir aos indivíduos meios materiais para usufruir dos seus direitos, por isso
exigem do Estado uma intervenção que assegure a justiça distributiva, assim, diferente dos direitos à
liberdade, que exigem um Estado negativo, tais direitos sociais precisam do Estado positivista, que por meio de
atuações, diminuam a desigualdade. (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 201)
Os alimentos é uma matéria de grande importância para o Direito, pois está relacionado com o direito à vida das
pessoas, direito à dignidade e solidariedade familiar. Quando tutela-se os alimentos, o que se tutela é o direito à
vida e à dignidade assentados no texto constitucional. (HERTEL, 2009, p. 166)
Prestar essa assistência deveria ser uma obrigação implícita aos responsáveis, porém a realidade é que
muitas vezes ocorre uma omissão, o que faz com que surja a necessidade de intervenção do Estado, a fim de
garantir essa manutenção periódica.
Surge então a obrigação de assegurar com eficiência os alimentos aos que dele necessitam, com o objetivo de
17
garantir o mínimo existencial, não dependendo das partes obrigadas ou coobrigadas agirem por vontade própria.
(FUGA; MAZIERI, 2017, p. 199)
Com essa obrigação, o Estado precisa garantir meios necessários executar de modo eficaz o direito aos
alimentos, mesmo que para isso seja necessário uma coação rigorosa. (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 201)
Nesse momento surgem diversas normas jurídicas positivando o direito aos alimentos e trazendo sua execução
como alternativa para sanar algumas dificuldade que se tenha de obtê-los.
Conceituou-se a obrigação alimentar e mostrou-se o porquê da execução por prisão civil, mas qual o histórico
desta prisão? Ela sempre foi usada como penalidade ou é relativamente nova? Qual era sua usualidade e sua
frequência?
A prisão civil por dívida é usada desde os povos antigos, que já tinham em suas escrituras tal prisão, sendo ela
por dívida econômica ou não, entretanto, não se tratava só do cerceamento da liberdade do indivíduo, podendo
também chegar à execução ou à submissão como escravo, quitando a dívida apenas na morte. (FUGA;
MAZIERI, 2017, p. 189 e 190)
Sabe-se que antigamente as leis e costumes pouco se importavam com a dignidade da pessoa humana, com a
liberdade e com o direito à vida, por isso a prisão civil era amplamente usada. A incoerência com relação a
amplitude da prisão civil persistiu no Brasil colônia e no Brasil império, essa usualidade foi decaindo com o
passar dos anos. Com a chegada da democracia, tal penalidade, seu caráter severo e sua restrição de um direito
tão importante, foi se tornando uma excepcionalidade.
A nossa carta na manga foi um divisor de águas entre o atual regime democrático que vivemos e o regime militar
ditatorial, imposto ao povo brasileiro por mais de duas décadas. Ela trouxe a ampliação dos direitos
fundamentais, elegendo a dignidade da pessoa humana como um princípio e parâmetro primordial em seu texto.
(DE LUCA; BORGES, 2016, p. 241)
Com a vinda da democracia as leis foram se tornando mais dignas aos indivíduos, foi preciso então excluir a
generalização da prisão civil por dívida, restringindo-a a casos bem específicos. Foi assim que a Constituição
Federal de 88 veio com a limitação da prisão civil, restando nela apenas duas hipóteses para esta ocorra, a do
depositário infiel e a do devedor de alimentos.
Porém, surge o conflito entre a Constituição Federal e os pactos e acordos internacionais. Qual norma
prevalece? Uma norma exclui, paralisa ou proíbe a outra? Como será resolvido esse conflito?
No Brasil os pactos e acordos internacionais igualam-se às emendas constitucionais, ou seja, qualquer afronta à
legislação também será um atentado contra a Constituição Federal (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 196)
Os pactos internacionais que o Brasil participa auxiliam na dignificação e qualificação de toda sociedade, por
isso os alimentos também fazem parte de uma de suas redações. (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 197)
A Declaração dos Direitos Humanos veio em uma época turbulenta de insegurança jurídica, onde havia uma
grande preocupação com os direitos individuais e sociais de toda a população mundial. Por esse motivo, foi
necessário assegurar entre as nações os direitos mínimos e fundamentais do homem, estando os alimentos
dentro de tais direitos. Com esse objetivo, foi feito o Pacto San José da Costa Rica que autoriza em seu artigo 7º
a prisão civil do devedor de alimentos, colocando como sujeito ativo o alimentando. (FUGA; MAZIERI, 2017, p.
197)
Mesmo com a carta constitucional autorizando a prisão civil do inadimplente alimentar e do depositário infiel,
surge um conflito, os pactos internacionais não consentirem a prisão do depositário infiel internacionais que o
Brasil faz parte.
O Pacto de San José da Costa Rica trouxe preceitos da dignidade da pessoa humana, efetivando um regime de
liberdades pessoais e justiça social, reafirmando o conceito de democracia perante os direitos fundamentais. O
artigo 7 item 7 da convenção diz que ninguém deve ser detido por dívidas, mas explica que esse princípio não
limita as expedições de prisão em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar. (DE LUCA; BORGES,
2016, p. 242)
Uma divergência é o fato de a convenção somente permitir a prisão civil por dívida alimentar e a Constituição
Federal trazer em seu artigo 5º a possibilidade de prisão Civil por dívida do inadimplemento alimentício, mas
também do depositário infiel. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 243)
Pelo fato dos pactos internacionais nada citarem sobre a prisão civil do depositário infiel, surgem dúvidas sobre
sua legalidade e possibilidade dentro da norma jurídica brasileira. Tal prisão continua sendo usada ou foi deixada
de lado no cotidiano processual?
Tal conflito tem sido resolvido no sistema jurídico brasileiro pelo Supremo Tribunal Federal, deixando claro
que mesmo que o dispositivo constitucional não tenha sido revogado, ele está deixando de ser usado por
causa do efeito paralisante do tratado internacional. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 243)
O Supremo Tribunal Federal então editou a súmula vinculante número 25 que prevê a ilicitude da prisão civil do
depositário infiel, em qualquer modalidade de depósito. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 243)
Seguindo o mesmo entendimento, o Supremo Tribunal de Justiça publicou uma súmula apontando
o descabimento da prisão civil do depositário infiel. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 244)
Portanto, por se tratar de um modo severo de coação, a prisão civil acabou por ser aplicada de modo
excepcional e específica, ficando restrita apenas aos casos de inadimplemento alimentar
A legislação então dá ênfase na a prisão civil do devedor de alimentos como um jeito de dignificar o credor e
manter uma ordem, valorizando assim a dignidade da parte hipossuficiente da relação. Nesse caso, busca-se um
mal para tentar evitar outro e quando não se consegue evitar, há um descumprimento das
normas constitucionais.
Entende-se então a excepcionalidade da prisão civil por dívida alimentar, que está disciplinada na Constituição
Federal, no Código de Processo Civil, na Lei de Alimentos e no Pacto San José da Costa Rica, que desta forma,
18
garante o adimplemento da obrigação alimentar para manter a vida do alimentado. (DE LUCA; BORGES, 2016,
p. 244)
Esse direito foi então amparado pela execução da prisão civil, não podendo tal execução ser oriunda de uma
relação contratual, restringindo claramente a natureza jurídica desse instituto. (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 199)
Não adiantaria a equiparação do inadimplente de obrigação alimentar e do devedor de crédito extrajudicial, pois
o hipossuficiente necessita do mínimo para a manutenção de sua vida e o outro é apenas um enriquecimento
licito que foi descumprido, não comprometendo suas necessidades básicas. Salienta-se que o Supremo Tribunal
de Justiça só aceita que seja feita a coação quando há risco à vida, pois se trata de um recurso processual
extremamente gravoso ao devedor, o que não teria logica de ser usado em qualquer caso. (FUGA; MAZIERI,
2017, p. 196)
O Supremo Tribunal Federal admitiu a constitucionalidade e a legitimidade da prisão do inadimplente alimentar,
mas não delimitou quem poderá figurar no polo passivo e contra quem poderá ser imposta a prisão civil. (FUGA;
MAZIERI, 2017, p. 197)
Eis que surge como questionamentos como quem deveria colaborar com os alimentos? Quem será obrigado a
prestá-los? Quem poderá ter sua liberdade restrita pelo não pagamento?
Vemos no artigo 227 da Constituição Federal que a legitimidade para assegurar o direito aos alimentos não é
apenas da família, mas também da sociedade e do Estado que devem garantir saúde, alimentação, educação,
lazer e outras muitas coisas para que as crianças e adolescentes tenham vida digna com seus direitos básicos
garantidos (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 201)
A sociedade em si deveria considerar a possibilidade de colaborar com os alimentos, no sentido de fazer parte
de tomadas de decisões sobre o tema e a concretização de leis e normas, tornando essa participação uma
conscientização de comprometimento. (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 202)
A responsabilidade alimentar está pautada no princípio fundamental da dignidade da pessoa humana e da
solidariedade familiar. Protegendo o maior interesse da criança, sendo esse direito personalíssimo e devido ao
alimentado pelo alimentante, por causa da sua relação de parentesco (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 240)
Os alimentos são recíprocos entre pais e filhos, mas se estendem aos ascendentes, recaindo sobre o grau mais
próximo, na falta do outro, podendo recair até mesmo sobre os descendentes, na falta dos ascendentes, ou
irmãos, na falta de ambos. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 241)
Em resumo, pode-se alegar que ficam obrigados a pagar alimentos os parentes, cônjuges e companheiros,
inferindo-se do artigo 1.700 do Código Civil que essa obrigação também pode ser transmitida aos herdeiros do
devedor. (HERTEL, 2009, p.168)
Em ordem, ficam obrigados a pagar alimentos primeiramente os ascendentes, seguido dos descendentes e
colaterais de segundo grau, que são os irmãos. (HERTEL, 2009, p.168)
Quando há a falta dos pais, a obrigação deverá ser cumprida pelos avós, bisavós, trisavós, etc., sempre obrigará
sobre os mais próximos, faltando mais remoto. Assim, se existir mais de um ascendente do mesmo grau, serão
todos obrigados em conjunto, podendo um ascendente alegar que não foram chamados a prestar os outros
ascendentes do mesmo grau. A quota de cada obrigado será fixada de acordo com a possibilidade dos
alimentantes e a necessidade do alimentado. Caso um dos ascendentes não tenha como prestar os
alimentos, os outros então irão ficar obrigados a sanar esse déficit e diante de qualquer recebimento precário ou
insuficiente, pode ser requerida um complemento. (AZEVEDO; AMORIM, 2010, p. 13)
Duas hipótese poderão ocorrer para que seja chamado o ascendente mais remoto à prestação da obrigação
alimentícia, a inexistência de ascendente mais próximo ou a incapacidade econômica deste para fazê-la. O grau
mais próximo de parentesco com o alimentado excluirá aquele mais remoto, o primeiro lugar nesta escala é
ocupado pelos genitores e apenas se estes faltarem ou estiverem impossibilitados, estenderá a obrigação para
os próximos ascendentes, respeitando a ordem de proximidade. (AZEVEDO; AMORIM, 2010, p. 13)
É necessário esclarecer que o pagamento é subsidiário, ou seja, na impossibilidade do principal responsável é
que será transmitida tal obrigação para o ascendente, descendente ou colateral de segundo grau. Assim que a
parte ficar obrigada a pagar os alimentos, poderá então sofrer a execução caso fique inadimplente.
É importante ressaltar que não há nenhuma menção ou limitação quanto ao polo passivo que fica sujeito a prisão
civil, compreendendo uma grande possibilidade de partes que podem ser coagidas por tal instituto (FUGA;
MAZIERI, 2017, p. 200)
Mesmo com a incerteza sobre quem pode ser preso por dívida alimentar, a natureza da prisão civil, sua
finalidade, seu objetivo e sua execução são bem definidas na lei, na doutrina e na jurisprudência.
Diante dessas características, surge o questionamento, qual a real diferença entre prisão civil e prisão penal? A
natureza e a finalidade de ambas se diferem? Quais as consequências que cada uma traz para a vida do preso?
Sabe-se então que a prisão penal atua no delito, com a finalidade de mudar a conduta do agente, já a prisão civil
não tem finalidade penal, buscando apenas o cumprimento de determinada prestação, usando a coação (FUGA;
MAZIERI, 2017, p.192)
Quanto a natureza da prisão civil por dívida de alimento, ela é coercitiva, não punitiva, por isso o cumprimento da
prisão não desobriga o inadimplente ao pagamento das parcelas atrasadas e das que vierem a vencer, é o que
dispõe o artigo 19 § 1º da lei de alimentos. (HERTEL, 2009, p.178)
Decorre apenas do inadimplemento da prestação alimentar a natureza jurídica da prisão civil e traz a forma mais
eficiente de diminuir o grande número inadimplência dos alimentos. A execução, além de ter natureza coativa,
terá um caráter somente econômico, ou seja, a atuação do Estado visa, direta ou indiretamente, o cumprimento
da prestação pela coação, o que se contrapõe à execução penal. (FUGA; MAZIERI, 2017, p.194)
Tal prisão, por ser meio apenas de coação, não proibirá a penhora de bens do devedor, afinal não desobriga
o devedor do pagamento só pelo fato de estar preso. Usa-se a premissa que mais vale a privação de liberdade
19
de um indivíduo do que o comprometimento do direito à vida do hipossuficiente alimentado. (FUGA; MAZIERI,
2017, p.196)
É importante salientar que a prisão civil não tem intuito de prejudicar o executado, senão no fato de restringir sua
liberdade momentaneamente, já na prisão penal o delinquente carrega consigo seus precedentes criminais, que
maculam sua vida por um tempo estipulado após o regresso à sociedade. (FUGA; MAZIERI, 2017, p.194)
Salienta-se então que a natureza jurídica desta prisão civil será meramente coercitiva, tenho como única
finalidade o adimplemento da obrigação alimentar e trazendo como consequência para o inadimplente apenas o
cerceamento momentâneo de sua liberdade, entretanto, quais são as finalidades da prisão penal e qual a sua
natureza jurídica, sendo que ela, diferente da anterior, perpetua suas consequências pela vida do indivíduo por
certo tempo
No âmbito penal, a prisão atua pedagogicamente como forma de sanção do sujeito que cometeu delito, tendo
como objetivo final sua reabilitação e ressocialização, ou seja, tendo um conceito e uma natureza jurídica
diferente da prisão civil. (FUGA; MAZIERI, 2017, p.192)
Percebe-se então que existe uma tríplice função jurídica e finalística na prisão penal; a coativa, a punitiva e a
ressocializadora. A primeira coagirá o indivíduo para prevenir reincidência, a segunda castigará o indivíduo por
ter cometido crime e a terceira ensinará a ele como voltar a conviver em sociedade após a pena. (FUGA;
MAZIERI, 2017, p.194)
Portanto, a prisão penal tem como finalidade não só a penalização, mas também a coação, mostrando às
pessoas as consequências que seguem o delito, como a perda dos direitos que eles possui desde que nasceu,
ficando assim o sujeito receoso de cometer ato que possa leva-lo à prisão.
Mostra-se mais simples função jurídica da prisão civil, pois não há sequer divergências quanto a sua aplicação,
sendo basicamente usada como meio de coação. Theodoro Junior discorre sobre o tema (2013, p. 406): Essa
prisão civil não é meio de execução, mas apenas de coação. [...] Por isso mesmo, o cumprimento da pena
privativa de liberdade não exime o devedor do pagamento das prestações vencidas e vincendas.' (FUGA;
MAZIERI, 2017, p.194)
Portanto, nota-se que está claro na doutrina que o objetivo da prisão civil do inadimplente alimentar não é punir e
sim coagir ao pagamento, ou seja, assim que ele prestar a obrigação devida, tal prisão será extinta.
Isso só acontece porque a lei defende a prisão civil do devedor de alimento com a finalidade de manter a
manutenção da vida e a dignidade do credor, sendo ele um indivíduo hipossuficiente. Busca-se um mal em
detrimento de outro, restringindo a liberdade do devedor para garantir o sustendo do credor. (FUGA; MAZIERI,
2017, p.192)
Desta forma, fica clara a natureza da prisão civil e sua ampla divergência para a punibilidade da prisão penal,
mesmo ambas tendo como meio de execução a privação da liberdade do sujeito. (FUGA; MAZIERI, 2017, p.
194)
Sabendo então qual a natureza jurídica, o objetivo e a finalidade da prisão civil do devedor de alimentos, resta
traçar o caminho desde a fixação do valor alimentar até a tal prisão em caso de inadimplência, mostrando quais
as alternativas que o inadimplente terá para se livrar do cerceamento de sua liberdade.
Sobre o direito material da prisão civil é importante demonstrar as peculiaridades da lei e demarcar a extensão
da sua aplicação quando decorrente de inadimplência da dívida alimentar, exaltando os questionamentos fáticos
e teóricos dessa questão. (FUGA; MAZIERI, 2017, p. 189)
Sendo assim, para fixação dos alimentos é importante observar dois parâmetros, que é a necessidade de quem
pleiteia versus a possibilidade de quem é obrigado a prestá-los. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 241)
Esses são os parâmetros objetivos da obrigação alimentar. A necessidade de quem pleiteia traz consigo aquele
que não tem bens suficientes para se manter e nem pode trabalhar para isso. O instituto dos alimentos veio para
garantir o sustento de quem precisa e não para incentivar a ociosidade e o parasitismo. Já a possiblidade de
quem é obrigado a prestar, é necessário que essa pessoa possa fornecer tal alimento sem privação do seu
próprio sustento, ou seja, se o devedor só dispõe daquilo que é indispensável para a sua própria manutenção, é
injusto obriga-lo a prestar tais alimentos ao necessitado. (CAHALI, 2009, p. 511 a 517)
Todavia, caso o responsável por a pagar os alimentos não exerça tal obrigação, faz-se necessário iniciar ação,
para coagir o inadimplente a adimplir a obrigação alimentar. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 241)
A ação de alimentos tem várias formas de ser executada, uma delas, a prisão civil, está exposta nos artigos
528 § 3º do Código de Processo Civil e no artigo 19 da lei 5468/68. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 241)
A execução dos alimentos será iniciada com uma ação de execução quando preencher tanto os requisitos
genéricos, como os específicos. O devedor será citado e depois poderá: pagar a prestação, demonstrar que já
pagou, apresentar motivo que impossibilita o pagamento ou manter-se inerte. (HERTEL, 2009, p. 161)
Caso o executado, ao ser citado, prove que pagou, afastará a decretação de prisão, ou seja, provado o
pagamento, o juiz proferirá sentença de extinção de execução. (HERTEL, 2009, p. 172)
Poderá o devedor apresentar defesa no prazo de 3 dias, neste caso, o magistrado proferirá uma decisão
interlocutória, podendo acatar a defesa ou não. Caso ele acate a defesa, ele deixará de decretar prisão, eximirá
o obrigado a pagar as parcelas vencidas, sendo intimado o credor para dar prosseguimento à execução por
meio de penhora. Caso o juiz rejeite a defesa, decretará então a prisão do devedor. (HERTEL, 2009, p. 172)
A última situação é quando, após citado, o inadimplente fica inerte, deixando transcorrer o prazo legal. Neste
caso, o juiz irá ouvir o credor, que poderá então requerer a prisão do executado. Quando requerida, o
magistrado decretará por meio de decisão interlocutória.
Visualizando a forma de execução, uma dúvida tende a surgir: Quando instaurada, o juiz poderá decretar de
ofício a prisão do devedor? Há divergência na doutrina. José Carlos Barbosa Moreira entende que o magistrado
poderá agir, sem requerimento do credor, quando o devedor não efetuar o pagamento. Em sentido contrário, Rio
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Gonçalves diz não ser possível o juiz decretar a prisão de ofício, pelo fato de existir uma relação de direito de
família entre o credor e o devedor, devendo ficar a critério do credor a conveniência e a oportunidade
da possibilidade da prisão. Esta última orientação tem sido a adotada nos tribunais. (HERTEL, 2009, p. 174)
Quanto ao começo da execução, existem algumas limitações que se fazem necessárias, como a quantidade das
prestações a serem executadas pelo rito da prisão civil, aparecem então dúvidas sobre qual o meio poderá ser
utilizado para executar as prestações que sobrarem, a partir de qual momento pode-se executar os
alimentos atrasados, qual o tempo previsto de prisão para o executado e qual o recurso cabível contra o
magistrado em caso de prisão.
A jurisprudência tem brotado limite nas prestações que poderão sofrer execução com a pena de prisão, não
admitindo que a totalidade das parcelas devidas sejam cobradas por tal meio coercitivo, pois tal cobrança violaria
o princípio do menor sacrifício do devedor. (HERTEL, 2009, p. 170)
Sendo assim, o STJ cristaliza em sua súmula 309 que só as três últimas parcelas poderão ser executada sob
pena de prisão as três últimas parcelas e as que venham vencer no curso do processo. (HERTEL, 2009, p. 170 e
171)
Portando, se o devedor estiver devendo dez prestações, não poderão ser executadas todas elas sob pena de
prisão. Darão suporte à execução de alimentos sob a modalidade coercitiva, apenas as três últimas e as que
vencerem durante a tramitação da execução, as restantes deverão ser executadas por sub-rogação (HERTEL,
2009, p. 171)
Entretanto, basta o inadimplemento de apenas parcela para o credor já ter o direito de executar a cobrança
alimentar, não se fazendo necessário que estejam três parcelas vencidas. (DE LUCA; BORGES, 2016, p. 246)
O dispositivo que faz menção ao prazo da prisão do executado por dívida alimentar é o artigo 19 da lei de
alimentos que dispõe que a prisão será de até sessenta dias. Anteriormente, havia divergência desse prazo, pois
havia a outro dispositivo que citava o prazo de 1 a 3 meses, porém devido à finalidade coercitiva e não punitiva
da execução, entende-se que esse prazo deve ser o mínimo necessário para coagir o executado a adimplir
sua dívida, preponderando então o prazo de até sessenta dias. (HERTEL, 2009, p. 177)
Sabe-se que o Ministério Público, por força da lei, deve intervir nas ações de alimentos, contudo, quando o
executado estiver preso e sua dívida for adimplida, a primeira medida deve ser a do alvará de soltura, pois a
finalidade da medida coercitiva usada já foi alcançada, não devendo o juiz ouvir o MP nesses casos. (HERTEL,
2009, p. 175)
Caso o devedor pague a quantia cobrada na actio judicati, o juiz sentenciará a de extinção da execução.
(HERTEL, 2009, p. 171)
Como já dito a decisão que decreta a prisão do devedor de alimentos é a interlocutória. Portanto, ela poderá ser
impugnada por meio de agravo de instrumento, na forma do artigo 1.015 do NCPC ou por meio de habeas
corpus, na forma do artigo 5º, inc. LXVIII da Constituição Federal. Entretanto é importante salientar que a mera
propositura do agravo de instrumento não irá gerar qualquer efeito em relação à decisão da prisão, por ter
somente efeito devolutivo. Portanto, caberá ao agravante requerer a concessão de efeito suspensivo ao relator
do agravo o chamado efeito suspensivo ope judicis. (HERTEL, 2009, p. 178)

Considerações Finais

Este artigo abordou a prisão civil por dívida do inadimplente alimentar, seu rito e peculiaridades. Teve como
objetivo a análise da prisão civil e da prisão penal, elucidando suas diferenças processuais, conceituais e
finalísticas.
O artigo respondeu questões como qual a finalidade da prisão civil por dívida alimentar e no que ela se diferencia
da prisão penal. E levantou a hipótese sobre a natureza jurídica das duas e como esta refletirá na aplicação das
penas e nas consequências delas para a vida do preso.
O objetivo geral do artigo foi conceituar e detalhar o instituto da prisão civil por dívida, assim como comparar os
elementos dele com os da prisão penal, entendendo o processo em que cada uma se desenrola. O objetivo
específico foi mostrar a finalidade, natureza jurídica e consequência de cada uma das prisões, assim como as
ocasiões que ocorrem a prisão civil do devedor de alimentos.
Essa pesquisa foi de suma importância a esfera profissional por contribuir para o entendimento da importância
do pagamento dos alimentos. Também teve grande importância a ciência, pois esclareceu as facilidades e
complicações do método de execução da prisão civil por dívida. Se mostrou importante também para a
sociedade, pois levou às pessoas o esclarecimento sobre seus direitos e deveres, explicando as consequências
quando há inadimplência do devedor de alimentos, podendo servir como alerta para possíveis futuros casos.
A pesquisa atingiu o resultado almejado, uma vez que contribuiu para a compreensão sobre o instituto
mencionado, elucidando seus pontos excepcionais e mostrando como é o procedimento de todo o processo
para que ocorra finalmente a prisão civil do devedor. Mostra o intuito não punitivo do instituto, assim como a
inexistência das consequências posteriores à pena para o indivíduo, fatos que a diferem de uma prisão penal.
Conclui-se que, mesmo achando de grande valia o instituto, sendo muito importante para a sociedade, ainda o
vê-se como algo burocrático, gerando um árduo trabalho para que se consiga efetivamente executá-lo, isso se
dá tanto pelo procedimento em sim, que é trabalhoso, como a justiça brasileira, que não tende a
ser célere. Portanto, crê-se que ainda haja grande caminho para tornar todo esse processo menos trabalhoso e
por vezes até menos humilhante para a parte litigante, gerando mais confiança e facilidade de correr atrás de tal
direito.
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Referências

CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. Editora revista dos tribunais. 6ª edição, 2009.

DE LUCA, Guilherme Domingos; BORGES, Laura Bazotte. Da prisão por dívida alimentar e o pacto San José da
Costa Rica. Caderno do programa de pós-graduação Direito UFRGS. 2016, Vol. 11, n. 2º

FUGA, Bruno Augusto Sampaio; MAZIERI, Luan Bertin. Prisão civil no débito alimentar: Uma aplicação extensiva
para a finalidade legal. Revista Direito Mackenzie. 2017, Vol. 11, n. 2º

GONÇALVES, Jonas Rodrigo. Como fazer um projeto de pesquisa de um artigo de revisão de literatura. Revista
JRG de Estudos Acadêmicos. Ano II, volume II, n.5 (ago./dez.), 2019.

GONÇALVES, Jonas Rodrigo. Manual de Projeto de Pesquisa. Brasília: Processus, 2019 (Coleção Trabalho de
Curso, Vol.I).

GONÇALVES, Jonas Rodrigo. Metodologia Científica e Redação Acadêmica. 8. Ed. Brasília: JRG, 2019.

HERTEL, Daniel Roberto. A execução da prestação de alimentos e a prisão civil do alimentante. Revista da
EMERJ. 2009, Vol. 12, n. 46º

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Várias ocorrências na internet


Muitas ocorrências na internet
Poucas ocorrências na base local

Várias ocorrências na base local

Mutias ocorrências na base local


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sexta-feira, 1 de maio de 2020 21:45

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Faculdade Processus.
Coordenação do Núcleo de Trabalho de Curso (NTC)

TERMO DE CONFERÊNCIA DE LEVANTAMENTO DE LITERATURA

Brasília, 02/05/2020.

Eu, Jonas Rodrigo Gonçalves, monitor de TCC, recebi o levantamento de literatura


do(a) aluno(a) Fernanda Lessa Oliveira, regularmente matriculado em TCC I, cujo
tema do seu trabalho é: Prisão civil do devedor de alimentos.

Foram aprovados os seguintes artigos selecionados pelo(a) referido(a) aluno(a):

1) FUGA, Bruno Augusto Sampaio; MAZIERI, Luan Bertin. Prisão civil no débito
alimentar: Uma aplicação extensiva para a finalidade legal. Revista Direito
Mackenzie. 2017, Vol. 11, n. 2º
Bruno Augusto Sampaio Fuga é mestre
Luan Bertin Mazieri é doutor.
2) HERTEL, Daniel Roberto. A execução da prestação de alimentos e a prisão civil
do alimentante. Revista da EMERJ. 2009, Vol. 12, n. 46º
Daniel Roberto Hertel é doutor.
3) DE LUCA, Guilherme Domingos; BORGES, Laura Bazotte. Da prisão por dívida
alimentar e o pacto San José da Costa Rica. Caderno do programa de pós-
graduação – Direito UFRGS. 2016, Vol. 11, n. 2º
Guilherme Domingos de Luca é mestre
4) AZEVEDO, Álvaro Villaça; AMORIM, José Roberto Neves. Direitos e Deveres dos
avós – alimentos e visitação. Revista Juris da Faculdade de Direito. 2010, Vol. 3.
Álvaro Villaça Azevedo é doutor
5) CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. Editora revista dos tribunais. 6ª edição,
2009.

Tudo foi minuciosamente conferido por mim.

Atenciosamente,

Jonas Rodrigo Gonçalves


(monitor do NTC)

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