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Álgebra Linear ( LEI )

Espaços vetoriais

abento@1 ::: eamaral@1 ::: gsoares@1

1 Departamento de Matemática ::: ECT ::: UTAD

Editor: abento@ ::::: Versão: dezembro.2020

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1 Espaços vetoriais
O que é um espaço vetorial ?
O espaço vetorial real canónico (Rn , +, ·)R
Subespaço vetorial
Notações para (Rn , +, ·)R , se n ∈ {1, 2, 3, 4}
Os subespaços do espaço (R2 , +, ·)R
Os subespaços do espaço (R3 , +, ·)R
Combinação linear de vetores
Combinação linear de vetores do espaço (Rn , +, ·)R
Descrição canónica de subespaço de (Rn , +, ·)R
Descrição de subespaço por vetor genérico canónico
Descrição de subespaço por conjunto de geradores
Dos geradores para a descrição canónica
De vetor genérico canónico para geradores
Vetores linearmente independentes
Vetores linearmente independentes do espaço (Rn , +, ·)R
Sobre o menor conjunto de geradores
Base de um espaço vetorial
BASE: dos geradores para uma base do espaço gerado
BASE: de um vetor genérico canónico para uma base
Coordenadas de um vetor relativas a uma base B, em Rn
Conhecer a base B a partir das coordenadas [X ]B , em Rn
Interseção de subespaços vetoriais
Interseção de subespaços a partir de descrições canónicas
Interseção de subespaços por geradores e vetor genérico
Soma de subespaços, em Rn
Teorema das dimensões em subespaços de dimensão finita

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Espaços vetoriais

Espaços vetoriais

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Espaços vetoriais O que é um espaço vetorial ?

O que é um espaço vetorial ?


Definição ( espaço vetorial )

Seja E um conjunto de entidades (designados: vetores). Diz-se que a entidade (E, +, ·)R é um espaço vetorial real se cada uma das
dez proposições seguintes for verdadeira:

1 ∀u, v ∈ E, u+v ∈E E +E =E

2 ∀u, v , w ∈ E, u + (v + w) = (u + v ) + w ( + é associativa)

3 ∃u0 ∈ E : ∀u ∈ E, u + u0 = u0 + u = u (a operação + tem elemento neutro)

4 ∀u ∈ E, ∃v ∈ E : u + v = v + u = u0 (cada elemento tem um oposto relativo à operação +)

5 ∀u, v ∈ E, u+v =v +u (a operação + é comutativa)

6 ∀α ∈ R, ∀u ∈ E, αu ∈ E R·E =E

7 ∀α ∈ R, ∀u, v ∈ E, α · (u + v ) = α · u + α · v

8 ∀α, β ∈ R, ∀u ∈ E, (α + β) · u = α · u + β · v

9 ∀α, β ∈ R, ∀u ∈ E, (αβ) · u = α · (β · u)

10 ∀u ∈ E, 1·u =u

Teorema ( unicidade do elemento neutro ::: unicidade do elemento oposto )

O elemento neutro é único. O elemento oposto (simétrico) é único.

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Espaços vetoriais O espaço vetorial real canónico (Rn , +, ·)R

O espaço vetorial real canónico (Rn , +, ·)R


O símbolo Rn denota o conjunto de todos os n-uplos de números reais da forma (x1 , x2 , ..., xn ). Estes n-uplos podem ser
  
x1 x1
 
 
 x2    x2 

 

 

n
   
representados pela matriz coluna 
 . . Assim, R =   .  : x1 , x2 , ..., xn ∈ R .
 ..  .
   
 .


 


 
xn xn

Definição ( o espaço vetorial real canónico )

A entidade (Rn , +, ·)R denota o espaço vetorial real tal que:

1 a soma de dois n-uplos é o n-uplo cuja entrada j é a soma das entradas j dos n-uplos parcela;

2 a multiplicação de um número real α por um n-uplo X é o n-uplo cuja entrada j é o produto de α pela entrada j do n-uplo X ;
Formalmente, e de modo respetivo:

x1 y1 x1 + y1 x1 αx1
         
 x2   y2  x2 + y2   x2  αx2 
         
(1)  . + . =
. . . ; (2) α·
 ..  =  ..  .
  
. .
 . 
 .  .  . 
xn yn xn + yn xn αxn

Este espaço vetorial real designa-se por espaço vetorial real canónico.

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Espaços vetoriais Subespaço vetorial

Subespaço vetorial
Definição ( subespaço vetorial )

Considere-se o espaço vetorial (E, +, ·)R .


Diz-se que (S, +, ·)R é um subespaço do espaço vetorial (E, +, ·)R se S ⊂E e (S, +, ·)R satisfaz todos os axiomas
de espaço vetorial real.

Teorema ( condição sse para ser subespaço )

(S, +, ·)R é subespaço vetorial do espaço vetorial (E, +, ·)R sse são verdadeiras, cada uma das quatro proposições seguintes:

1 S ⊂E

2 S 6= Ø

3 ∀u, v ∈ S, u+v ∈S

4 ∀α ∈ R, ∀u ∈ S, α · u ∈ S.

Proposição

Se (S, +, ·)R é subespaço vetorial do espaço vetorial (E, +, ·)R então o zero de E está em S.

(x, y , z) ∈ R3 : x + y − z = 1 , é um plano de R3 .

Exercício O conjunto P, P =
Averigúe se (P, +, ·)R é subespaço do espaço vetorial (R3 , +, ·)R .

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Espaços vetoriais Notações para (Rn , +, ·)R , se n ∈ {1, 2, 3, 4}

Notações para (Rn , +, ·)R , se n ∈ {1, 2, 3, 4}


As notações nos subespaços aqui referidos são, por economia de escrita, ligeiramente diferentes da forma geral atrás explicitada.

1 Sobre o subespaço (R, +, ·)R .


R = {x : x ∈ R}.
Sobre a soma de dois números reais: nada há a acrescentar ao que já conhecemos.
Sobre a multiplicação de um escalar real por um número real: nada há a acresecentar ao que já conhecemos.

2 Sobre 
o subespaço
 (R2 
, +, ·)R .
x
R2 = : x, y ∈ R .
y
Sobre a soma de dois vetores de R2 : nada há a acrescentar ao que já conhecemos.
Sobre a multiplicação de um escalar real por um vetor de R2 : nada há a acresecentar ao que já conhecemos.

3 Sobre 
o subespaço
  (R3 , +,
·)R .
 x 
3 y : x, y , z ∈ R .
R =  
z
 

Sobre a soma de dois vetores de R3 : nada há a acrescentar ao que já conhecemos.


Sobre a multiplicação de um escalar real por um vetor de R3 : nada há a acresecentar ao que já conhecemos.

4 Sobre 
o subespaço
  (R4 , +, ·)R
.

 x 

y
  
R4 =  : x, y , z, w ∈ R .
 z 
 

 w 

Sobre a soma de dois vetores de R4 : nada há a acrescentar ao que já conhecemos.


Sobre a multiplicação de um escalar real por um vetor de R4 : nada há a acresecentar ao que já conhecemos.

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Espaços vetoriais Os subespaços do espaço (R2 , +, ·)R

Os subespaços do espaço (R2 , +, ·)R


 
0
1 O subespaço nulo:
0
. Este é o único subespaço que tem um número finito de vetores. Verifique que o elemento
deste conjunto satisfaz todas as condições expressas no teorema constante na página 6.
n o
2 Para cada vetor U, não nulo, de R2 , o conjunto X ∈ R2 : X = αU, α ∈ R é um subespaço vetorial do espaço
(R2 , +, ·)R . Num referencial Oxy , tal conjunto é uma reta. Assim, pensando um tal referencial: qualquer reta que contenha o
ponto (0, 0) representa um subespaço do espaço (R2 , +, ·)R .
Descrição cartesiana de um subespaço de R2 No plano Oxy , cada reta que contém o ponto (0, 0) descreve-se pela forma
n o
(x, y ) ∈ R2 : ax + by = 0, a, b ∈ R .

Uma reflexão Pensemos geometricamente: seja X0 um ponto arbitrário no plano Oxy . Consideremos o círculo fechado
n o
C = X ∈ R2 : kX − X0 k 6 r 2 , 0 < r < kX0 k . Queremos descrever, por esboço pictórico, as retas tangentes ao
círculo C que representam subespaços do espaço (R2 , +, ·)R .
Ora: o ponto (0, 0) está no exterior do círculo C . Portanto, retas que contenham o ponto (0, 0) e que são tangentes a C há
duas (façamos um esboço, no caderno!).
Feito o referido esboço, pensemos um pouco mais além! Queremos descrever, pictoricamente, a região do plano Oxy definida
pela união de todas as retas que são subespaços do espaço (R2 , +, ·)R e que não intersetam C . Façamos um esboço...
Sugestão: usar a reflexão precedente como mote para outras...

3 Falta, somente, referir um subespaço do espaço (R2 , +, ·)R : o próprio espaço (R2 , +, ·)R .
2 2
O subespaço constituído, somente, pelo zero de R e o subespaço (R , +, ·)R são estruturas que, pensadas como subespaços do
espaço (R2 , +, ·)R , satisfazem, trivilamente, os axiomas de subespaços (as condições expressas no teorema constante na página 6).
Por tal facto, são ditos subespaços triviais do espaço (R2 , +, ·)R .

Exercício Sinteticamente, que entidades são necessárias para caracterizar uma reta ?

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Espaços vetoriais Os subespaços do espaço (R3 , +, ·)R

Os subespaços do espaço (R3 , +, ·)R ::: (1)


 
 0 
1 O subespaço nulo: 0 . Este é o único subespaço que tem um número finito de vetores. Tal como no subespaço nulo
0
 
2
de (R , +, ·)R , o elemento deste conjunto satisfaz todas as condições expressas no teorema constante na página 6.
n o
2 O subespaço gerado por um vetor. Para cada vetor U, não nulo, de R3 , o conjunto X ∈ R3 : X = αU, α ∈ R (∗)

é um subespaço vetorial do espaço (R3 , +, ·)R . Num referencial Oxyz, tal conjunto é uma reta; a reta que contém o ponto
(0, 0, 0) e cujo vetor diretor é U. Assim, pensando um tal referencial: qualquer reta que contenha o ponto (0, 0, 0) representa
um subespaço do espaço (R3 , +, ·)R . n o
É sabido (estudado no pré-universitário) que a forma X ∈ R3 : X = αU, α ∈ R é designada por descrição vetorial da
reta que contém o ponto (0, 0, 0) e cujo vetor diretor é U.
Um facto evidente: quaisquer duas retas que representam subespaços do espaço (R3 , +, ·)R intersetam-se no ponto
(0, 0, 0). Este ponto é o vetor que constitui o subespaço nulo de R3 . De outro modo: a interseção de dois quaisquer
subespaços da forma (∗) é o subespaço nulo.
Por que razão estudamos estas entidades? Uma reflexão Pensemos geometricamente: seja X0 um ponto arbitrário no
n o
espaço Oxyz. Consideremos a esfera E = X ∈ R3 : kX − X0 k 6 r 2 , 0 < r < kX0 k . Queremos descrever, por
esboço pictórico, as retas tangentes à esfera E que representam subespaços do espaço (R3 , +, ·)R .
Ora: o ponto (0, 0, 0) está no exterior da esfera E. Portanto, retas que contenham o ponto (0, 0, 0) e que são tangentes a E
há uma infinidade delas (façamos um esboço, no caderno!).
Feito o referido esboço, pensemos um pouco mais além! Queremos descrever, pictoricamente, a região do espaço Oxyz
definida pela união de todas as retas que são subespaços do espaço (R3 , +, ·)R e que intersetam E. Façamos um esboço...
Sugestão: usar a reflexão precedente como mote para outras...

3 O subespaço gerado por dois vetores não colineares. (ver na página seguinte)
4 Falta, somente, referir um subespaço do espaço (R3 , +, ·)R : o próprio espaço (R3 , +, ·)R .

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Espaços vetoriais Os subespaços do espaço (R3 , +, ·)R

Os subespaços do espaço (R3 , +, ·)R ::: (2)


1 (...)

2 (...)
3
3 n subespaço gerado por dois vetores nãoocolineares. Para cada dois vetores U, V não colineares, U, V ∈ R , o conjunto
O
X ∈ R3 : X = αU + βV , α, β ∈ R é um subespaço do espaço (R3 , +, ·)R .
Num referencial Oxyz, a representação geométrica de tal subespaço é o plano que contém o ponto (0, 0, 0) e é definido pelos
vetores U e V . Estudámos, no ensino pré-universitário, um método de identificar o vetor diretor de um tal plano. E concluímos
n o
que a sua descrição cartesiana é (x, y , z) ∈ R3 : ax + by + cz = 0 (†) , em que (a, b, c) é o vetor diretor.

Por conseguinte, qualquer plano que seja um subespaço de R3 pode ser descrito pela forma (†); e, qualquer forma (†)
decreve um plano de R3 que é um subespaço do espaço (R3 , +, ·)R .
Pensemos
n a interseção de duas destas entidades.
o Sejam P1 enP2 tais que: o
P1 = (x, y , z) ∈ R3 : ax + by + cz = 0 , P2 = (x, y , z) ∈ R3 : αx + βy + γz = 0 .
(a) Se os vetores (a, b, c) e (α, β, γ) são colineares, então P1 e P2 são o mesmo plano.
Assim, P1 ∩ P2 = P1 = P2 .

(b) Se os vetores (a, b, c) e (α, β, γ) não são colineares, então P1 e P2 são planos diferentes mas contêm o ponto
(0, 0, 0). Assim, contêm uma reta em comum. Esta reta contém o ponto (0, 0, 0). Consequentemente, a interseção
de P1 com P2 é uma reta que contém o ponto (0, 0, 0). Isto é dizer que a interseção destes dois subespaços de R3 é
um subespaço de R3 gerado por um, único, vetor (um vetor não nulo que pertence aos dois subespaços).

4 (...)

Exercício
Se S1 e S2 são dois subespaços, não triviais, do espaço vetorial (R3 , +, ·)R , descrever o que pode ser o subespaço (S1 ∩ S2 ).

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Espaços vetoriais Combinação linear de vetores

Combinação linear de vetores


Definição ( combinação linear de vetores num espaço vetorial, arbitrário, de dimensão finita )

Sejam u1 , u2 , ..., uk vetores do espaço vetorial (E, +, ·)R e α1 , α2 , ..., αk escalares reais. A forma

α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk

diz-se uma combinação linear dos k vetores u1 , u2 , ..., uk , por intermédio dos escalares α1 , α2 , ..., αk .

       
2 0 1 1
Exemplo em R3 2 1 + 3 2 + 0  1  + 5  0  é uma combinação linear de vetores de R3 .
3 3 −1 −7
Do que sabemos sobre matrizes, a igualdade seguinte é uma proposição verdaddeira:
 
          2
2 0 1 1 2 0 1 1  
3
2 1 + 3 2 + 0  1  + 5  0  = 1 2 1 0 
0
3 3 −1 −7 3 3 −1 −7
5
     
2 0 1
1  2   1 
Exemplo em R4 23 + 3  3  + 5 −1 é uma combinação linear de vetores de R .
     4

5 −2 0
De igual modo, a igualdade seguinte é uma proposição verdaddeira:
       
2 0 1 2 0 1  
1  2   1  1 2 1  2
2  3 .
3 + 3  3  + 5 −1 = 3
     
3 −1
5
5 −2 0 5 −2 0

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Espaços vetoriais Combinação linear de vetores do espaço (Rn , +, ·)R

Combinação linear de vetores do espaço (Rn , +, ·)R


Os dois exemplos precedentes induzem uma nova caracterização do conceito combinação linear de vetores quando o contexto é o
espaço vetorial (Rn , +, ·)R . Assim:

Definição ( combinação linear de vetores no espaço vetorial real canónico (Rn , +, ·)R )

Se u1 , u2 , ..., uk são k vetores do espaço (Rn , +, ·)R , então a forma matricial

α1
 
α 
h  2
i
u1 | u2 | · · · | uk  . 

, com αi ∈ R,
 .. 
αk

descreve a combinação linear dos k vetores u1 , u2 , ..., uk , por intermédio dos escalares α1 , α2 , ..., αk .

Exemplos
 
  2
2 0 1 1  
3
1 A forma matricial  1 2 1 0 
0 representa a combinação linear dos vetores
3 3 −1 −7
5
       
2 0 1 1
1 , 2 ,  1  ,  0 , por intermédio dos escalares 2, 3, 0, 5, respetivamente.
3 3 −1 −7
       
2 0 1   2 0 1
1 2
2 1  1  2   1 
2 A forma matricial 
3 3 −1
  3 representa a combinação linear dos vetores   , 

3
   , 
3  −1
, por
5
5 −2 0 5 −2 0
intermédio dos escalares 2, 3 e 5, respetivamente.
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Espaços vetoriais Descrição canónica de subespaço de (Rn , +, ·)R

Descrição canónica de subespaço de (Rn , +, ·)R ::: (1)


Definição ( descrição canónica de um subespaço de (Rn , +, ·)R )

Seja (G, +, ·)R um subespaço do espaço vetorial (Rn , +, ·)R ; e X um vetor arbitrário de G.
A expressão E (X ) denota uma equação linear homogénea (ou conjunção de equações lineares homogéneas) nas entradas de X .
A forma G = {X ∈ Rn : E (X )} é um modo de caracterizar, em compreensão, todos os vetores de G.
Diremos que {X ∈ Rn : E (X )} é a descrição canónica do subespaço G.

Exemplos
  
 x 
1 Seja G= y  ∈ R3 : x + y − z = 0 . Neste caso, a condição E (X ) é x +y −z =0 .
 z 

Geometricamente, este subespaço é um plano


  
 x 
2 Seja G = y  ∈ R3 : x + y − z = 0 ∧ y − 2z = 0 .
 z 

Neste caso, a condição E (X ) é x + y − z = 0 ∧ y − 2z = 0 .

Geometricamente, este subespaço é uma reta (interseção de dois planos)


  

 x 

y
  
4
3 Seja H = 
 z  ∈ R : x + y − z = 0 ∧ x − w = 0

.

 w 

Neste caso, a condição E (X ) é x +y −z =0 ∧ x −w =0 .


  
 x 
4 Seja F = y  ∈ R3 : 0x + 0y + 0z = 0 .
z
 

abento@Neste caso, a condição


:: eamaral@ E (X(UTAD)
:: gsoares@ ) é uma condição universal. Portanto,
Álgebra Linear F )= R3 .
( LEI Editor:abento@ :: dezembro.2020 13 / 45
Espaços vetoriais Descrição canónica de subespaço de (Rn , +, ·)R

Descrição canónica de subespaço de (Rn , +, ·)R ::: (2)


Exemplos
        
 x   x   −y + z 
Sejam A, B, C tais que: A= y  : x, y ∈ R , B=  2x  : x ∈ R , C =  y  : y, z ∈ R .
y −5x 2z
     

Sabe-se que (A, +, ·)R , (B, +, ·)R , (C, +, ·)R são subespaços do espaço (R3 , +, ·)R .
Apresentemos a descrição canónica de cada um destes subespaços.

1 Em
relação
 a A, observando
 o vetor (x, y , y ), concluímos que (um)a descrição canónica de A é:
 x 
y  ∈ R3 : z = y . (um plano)
 z 

Sugestão Num referencial Oxyz, descreva este plano, apresentando a sua descrição vetorial.

2 Em
relação
 2x, −5x), concluímos que (um)a descrição canónica de B é:
a B, observando o vetor (x,
 x 
3
y  ∈ R : y = 2x ∧ z = −5x . (uma reta)
z
 

Sugestão Num referencial Oxyz, descreva esta reta, apresentando a sua descrição vetorial.

3 Em
relação
 a C, observando o vetor
 (−y + z, y , 2z), concluímos que (um)a descrição canónica de C é:
 x 
y  ∈ R3 : x = −y + 1 z . (um plano)
 z 2 

Sugestão Num referencial Oxyz, descreva este plano, apresentando a sua descrição vetorial.

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Espaços vetoriais Descrição de subespaço por vetor genérico canónico

Descrição de subespaço por vetor genérico canónico


Definição ( subespaço apresentado por um seu vetor genérico canónico )

é um vetor genérico canónico, do espaço Rk , se as



Seja p ∈ {1, 2, ..., k }. Dizemos que o vetor x1 , x2 , ..., xk
p indeterminadas reais xi , xi , ..., xip são livres e as restantes (k − p) indeterminadas são combinações lineares daquelas.
1 2

Exemplos

1 Consideremos A = {(x, y , y ) : x, y ∈ R}.


O conjunto A está decrito por um seu vetor genérico canónico porque as duas primeiras indeterminadas são livres, em R, e a
terceira é uma combinação linear daquelas: z = 0x + y .

2 Consideremos B = {(x, 2x, −5x) : x ∈ R}.


O conjunto B está decrito por um seu vetor genérico canónico porque a primeira indeterminada é livre, em R, e a segunda e
terceira são combinações lineares daquela: y = 2x; z = −5x.

3 Consideremos C = {(−y + z, y , z) : y , z ∈ R}.


O conjunto C está decrito por um seu vetor genérico canónico porque a segunda e terceira indeterminadas são livres, em R, e
primeira é uma combinação linear daquelas: x = −y + z.

4 Consideremos D = {(x, y , z) : x, y , z ∈ R}.


O conjunto D está decrito por um seu vetor genérico canónico porque todas as indeterminadas são livres, em R, e não há
entradas que tenham outras na sua representação.

Contra-exemplos

(a) O conjunto E = {(−y + z, y , 2z) : y , z ∈ R} não está representado por um seu vetor genérico canónico. O lugar da
indeterminada livre z é uma composição dela mesma.
(b) O conjunto F = {(x − y + z, x + y , x + 2z) : x, y , z ∈ R} não está representado por um seu vetor genérico canónico.
Todas são livres mas há uma entrada do vetor que é uma combinação linear das mesmas.

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Espaços vetoriais Descrição de subespaço por conjunto de geradores

Descrição de subespaço por conjunto de geradores


Definição ( vetor gerado ::::: espaço gerado )

Sejam u1 , u2 , ..., uk vetores do espaço vetorial (E, +, ·)R . Para cada sequência de números reais (α1 , α2 , ..., αk ), a
expressão α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk é um vetor. Diz-se que é um vetor gerado pelos vetores u1 , u2 , ..., uk
Quando a forma sequencial (α1 , α2 , ..., αk ) descreve todas as sequências possíveis de números reais, a forma
α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk descreve todos os vetores do conjunto G,

n o
G= α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk : α1 , α2 , ..., αk ∈ R .

Este conjunto G designa-se por espaço gerado pelos vetores u1 , u2 , ..., uk .


Dizemos que u1 , u2 , ..., uk são os vetores geradores do espaço G.
Sinteticamente, escrevemos G =  u1 , u2 , ..., uk  ; e dizemos que G está descrito por um conjunto de geradores.

Alerta! A forma  u1 , u2 , ..., uk  é um modo abreviado de referirmos o subespaço cujos elementos são vetores da forma

α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk . É fundamental reter este conceito!


.......................................................................................................................................
n o seguinte: se, para certos números reais a1 , a2 , ..., aok , o vetor v é tal que v = a1 u1 + a2 u2 + · · · + ak uk , então o
Salientemos
conjunto v , α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk : α1 , α2 , ..., αk ∈ R não tem mais vetores do que o conjunto
n o
α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk : α1 , α2 , ..., αk ∈ R . Portanto:

Proposição ( FACTO FUNDAMENTAL )

Se v ∈  u1 , u2 , ..., uk , então  v , u1 , u2 , ..., uk  =  u1 , u2 , ..., uk .

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Espaços vetoriais Dos geradores para a descrição canónica

Dos geradores para a descrição canónica ::: (1)


Proposição ( para iniciar uma boa resposta! )

Se G =  u1 , u2 , ..., uk  e X é um vetor arbitrário de G, então a equação

α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk = X (∗)

é possível.

Prova. Os vetores X de G são combinação linear dos geradores de G; isto é, são tais que: existem escalares
α1 , α2 , · · · , αk de tal modo que α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk = X .
Ora, isto é dizer que: qualquer que seja o vetor X de G, a equação (∗), nas incógnitas α1 , α2 , · · · , αk , é possível.

Exemplo: descrição canónica


       
1 0 0 x
0 1 0 y 
Seja G o subespaço de R4 tal que G =  
     
 0  ,  0  , 1 ; e X =  z  ∈ G.
      
−1 −2 0 w
   
1 0 0   x
 0 α
1 0
 β  =  y  (∗) Assim:
 
Ora, este vetor X está em G se, e só se, é possível, a equação: 
 0 0 1 z 
γ
−1 −2 0 w
     
1 0 0 | x 1 0 0 | x 1 0 0 | x
 0 1 0 | y  −−−−→ 0
 1 0 | y −
0 1 0 | y 
 −−−−
→  .
 0 0 1 | z  L +L 0 0 1 | z  L +2L 0 0 1 | z 
4 1 4 2
−1 −2 0 | w 0 −2 0 | x +w 0 0 0 | x + 2y + w
n o
Logo, (∗) é possível se, e só se, x + 2y + w = 0. Portanto, G = (x, y , z, w) ∈ R4 : x + 2y + w = 0 .
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Espaços vetoriais Dos geradores para a descrição canónica

Dos geradores para a descrição canónica ::: (2)


Exemplo

Exemplo: descrição canónica


     
1 4 x
4
1  0  y 
Seja H o subespaço de R tal que H =    , 
    ; e X =  z  ∈ H.

0 1 
0 −3 w
   
1 4   x
1 0  α y 
Ora, este vetor X está em H se, e só se, é possível, a equação: 
0
 =   (∗∗)
1  β z 
0 −3 w
Assim:

       
1 4 | x 1 4 | x 1 4 | x 1 4 | x
1 0 | y 0 −4 | y − x 0 1 | z  L3 +4L2 0 1 | z 
 −−−−→  −−−−−
→  −−−−− →  .
0 1 | z  L −L 0 1 | z  L ↔L 0 −4 | y − x  L +3L 0 0 | y − x + 4z 
2 1 2 3 4 2
0 −3 | w 0 −3 | w 0 −3 | w 0 0 | w + 3z

Logo, (∗∗) é possível se, e só se, y − x + 4z = 0 ∧ w + 3z = 0.


n o
Portanto, H = (x, y , z, w) ∈ R4 : y − x + 4z = 0 ∧ w + 3z = 0 .

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Espaços vetoriais Dos geradores para a descrição canónica

Dos geradores para a descrição canónica ::: (3)


Exemplo
Exemplo: descrição canónica
           
1 0 0 1 0 x
 0   1  0 0  1 
4  ; e X =  y  ∈ F .
 
Seja F o subespaço de R tal que F =   , , , ,
 0   0  1 0 −3 z 
−1 −2 0 1 4 w
 α 
1
  
1 0 0 1 0 x
 0 α2 
1 0 0 1  α3  =  y  (∗ ∗ ∗) ⇔ [F ]Y = X
  
O vetor X está em F se, e só se , é possível, a equação: 
 
 0 0 1 0 −3   z 
α4
−1 −2 0 1 4 w
α5
Assim:

   
1 0 0 1 0 | x 1 0 0 1 0 | x
 0
 1 0 0 1 | y −−−−→
0
 1 0 0 1 | y 
 0 0 1 0 −3 | z  L +L 0 0 1 0 −3 | z 
4 1
−1 −2 0 1 4 | w 0 −2 0 2 4 | x +w
 
1 0 0 1 0 | x
0 1 0 0 1 | y 

−−−− → .
L4 +2L2 0 0 1 0 −3 | z 
0 0 0 2 6 | x + 2y + w

 
Ora, pelo exposto: car [F ] = car [F ]|X , sem restrições sobre X ; isto é, a equação (∗ ∗ ∗) é possível, sem restrições sobre o
vetor arbitrário X .
n o
Logo, F = (x, y , z, w) ∈ R4 : 0x + 0y + 0z + 0w = 0 = R4 .

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Espaços vetoriais De vetor genérico canónico para geradores

De vetor genérico canónico para geradores ::: (1)


Proposição

Seja (E, +, ·)R um subespaço do espaço (Rn , +, ·)R .


Se E está descrito por um seu vetor genérico canónico e este tem k entradas livres, então um conjunto de geradores do espaço
(E, +, ·)R tem k vetores.

Prova. Seja V o vetor genérico canónico.


Decompomos este vetor na soma de tantos vetores quantas as entradas livres em V e de modo que cada vetor na decomposição
dependa, somente, de uma única entrada livre.
Agora, notamos que cada vetor na decomposição exprime-se pela multiplicação da entrada livre, respetiva, por um vetor fixado.
Deste modo, constatamos que o vetor V fica expresso por uma combinação linear de k vetores fixados, por intermédio das k entradas
livres de V . Isto é dizer que os referidos k vetores fixados constituem um conjunto de geradores do subespaço (E, +, ·)R .

Exemplo
Consideremos o espaço (R4 , +, ·)R . Sabemos que R4 = {(x, y , z, w) : x, y , z, w ∈ R}. Assim, o vetor genérico canónico
deste espaço é (x, y , z, w); tem 4 entradas livres.
A decomposição deste vetor em tantos vetores quantas as entradas livres e de modo que cada vetor na decomposição dependa de
uma única entrada livre:
                 
x x 0 0 0 1 0 0 0
y 
  = 0 + y  + 0 +  0  = x 0 + y
1
  + z 0 + w
            0
 .
z   0   0  z   0  0 0 1 0
w 0 0 0 w 0 0 0 1
       
1 0 0 0
4
0 1 0 0
0 , 0 , 1 , 0 .
Portanto, R =         
0 0 0 1

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Espaços vetoriais De vetor genérico canónico para geradores

De vetor genérico canónico para geradores ::: (2)


Exemplos

1 Seja (F , +, ·)R tal que F = {(x, y , z, y − z) : x, y , z ∈ R}. Assim, o vetor genérico canónico deste espaço é
(x, y , z, y − z); tem 3 entradas livres. A decomposição requerida é:

             
x x 0 0 1 0 0
 y   0  y   0  0
  + z  0 .
1  
0 0  z  = x
 =  + +   +y
 z  0 0  1 
y −z 0 y −z 0 1 −1

     
1 0 0
0 1  0 
Portanto, F =
0 ,
  ,
0  1  .
 
0 1 −1

2 Seja (H, +, ·)R tal que H = {(x, 2x − 3z, z, x + z) : x, z ∈ R}. Assim, o vetor genérico canónico deste espaço é
(x, 2x − 3z, z, x + z); tem 2 entradas livres. A decomposição requerida é:

         
x x 0 1 0
2x − 3z  2x  −3z  2 −3
 0   z  = x 0 + z  1  .
 = +     
 z 
x +z x z 1 1

   
1 0
2 −3
Portanto, H =
0 ,

 1  .
 
1 1

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Espaços vetoriais De vetor genérico canónico para geradores

De vetor genérico canónico para geradores ::: (3)


Exemplos a partir de propostas no caderno de exercícios
  
a b
1 M2 (R) =
c
: a, b, c, d ∈ R
d
é um espaço vetorial real.
 
a b
O vetor genérico canónico de M2 (R) tem a forma .
c d
A decomposição pertinente é:

                 
a b a 0 0 b 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0
= + + + =a +b +c +d .
c d 0 0 0 0 c 0 0 d 0 0 0 0 1 0 0 1

       
1 0 0 1 0 0 0 0
Portanto, M2 (R) =  , , , .
0 0 0 0 1 0 0 1

  
a b
2 B=
b
: a, b, d ∈ R
d
e um subespaço do espaço M2 (R).
 
a b
O vetor genérico canónico de B tem a forma .
b d
A decomposição que interessa é:

             
a b a 0 0 b 0 0 1 0 0 1 0 0
= + + =a +b +d .
b d 0 0 b 0 0 d 0 0 1 0 0 1

     
1 0 0 1 0 0
Portanto, B =  , , .
0 0 1 0 0 1

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Espaços vetoriais Vetores linearmente independentes

Vetores linearmente independentes ::: (1)


Definição ( vetores linearmente independentes )

Sejam u1 , u2 , ..., uk vetores do espaço vetorial (E, +, ·)R . Estes vetores dizem-se linearmente independentes (L.I.) se da
combinação linear nula
α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk = 0

resultar, necessariamente, α1 = α2 = · · · = αk = 0.
Caso contrário: dizem-se linearmente dependentes (L.D.).

Exemplos
     
1 2 0
1 No espaço (R2 , +, ·)R , consideremos a combinação linear nula + α2 α1 = . Deste SEL, sendo A a matriz
2 3 0
   
1 2 | 0 1 2 | 0
dos coeficientes e B a matriz dos termos independentes, temos: [A|B] = −−−−−→ .
2 3 | 0 L −2L 0 −1 | 0
2  1  
α1 0
Assim, car (A|B) = car (A) = n(incógnitas). O SEL é, portanto, determinado. Logo, a solução é = .
α2 0
   
1 2
Por conseguinte, fica provado que os vetores , são linearmente independentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2 3
     
1 2 0
2 No espaço (R2 , +, ·)R , consideremos a combinação linear nula α1 + α2 = . Deste SEL, sendo C a matriz
2 4 0
   
1 2 | 0 1 2 | 0
dos coeficientes e D a matriz dos termos independentes, temos: [C|D] = −−−−−→ .
2 4 | 0 L −2L 0 0 | 0
2 1
Assim, car (C|D) = car (C) < número de incógnitas. O SEL é, portanto, possível
  eindeterminado. Logo, além da solução
1 2
nula, há outras soluções. Por conseguinte, fica provado que os vetores , são linearmente dependentes.
2 4

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Espaços vetoriais Vetores linearmente independentes

Vetores linearmente independentes ::: (2)


Proposição ( condição (se, e só se,) para vetores linearmente independentes )

Os vetores u1 , u2 , ..., uk são linearmente independentes se, e só se, a equação

α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk = 0,

nas incógnitas α1 , α2 , ..., αk , tem solução única.

Proposição ( condição (se, e só se,) para vetores linearmente dependentes )

Os vetores u1 , u2 , ..., uk são linearmente dependentes se, e só se, um deles exprime-se por uma combinação linear dos
restantes.

     
1 1 0
Exemplo Considere os vetores: u1 = 2, u2 = 2, u3 = 0.
3 0 3
De imediato, concluímos que u1 = u2 + u3 .
Portanto, pela condição expressa na proposição precedente, os vetores u1 , u2 , u3 são linearmente dependentes.

Proposição ( condição só se para vetores linearmente dependentes )

Se os vetores u1 , u2 , ..., uk são linearmente independentes, então quaisquer p destes vetores, 1 6 p 6 k, são linearmente
independentes.

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Espaços vetoriais Vetores linearmente independentes do espaço (Rn , +, ·)R

Vetores linearmente independentes em (Rn , +, ·)R (1)


Definição ( vetores linearmente independentes no espaço (Rn , +, ·)R )

Sejam u1 , u2 , ..., uk vetores do espaço Rn . Estes vetores dizem-se linearmente independentes se tem solução única, o SELH

α1
 
α 
h  2
i
u1 | u2 | · · · | uk  . 

 = 0Rn .
 .. 
αk

Caso contrário: dizem-se linearmente dependentes.


     
1 1 1
0 1 2
Exemplo No espaço vetorial (R4 , +, ·)R , consideremos os vetores u1 , u2 , u3 : u1 = 
     
2, u2 = 0, u3 = −2.
    
0 1 2
Queremos saber se estes vetores são linearmente independentes.  
h i α1
Analisemos a solução do sistema de equações lineares homogéneas u1 , u2 , u3 α2  = 0.
α3
A partir da matriz deste
 SELH, temos:     
1 1 1 | 0 1 1 1 | 0 1 1 1 | 0
h i 0 1 2 | 0 L3 −2L1 0 1 2 | 0 0 1 2 | 0
u1 , u2 , u3 | 0 =    −−−−−→    −
−−−− →  .
2 0 −2 | 0 L −L 0 −2 −4 | 0 L +2L 0 0 0 | 0
4 2 3 2
0 1 2 | 0 0 0 0 | 0 0 0 0 | 0
Portanto, a característica da matriz dos coeficientes é inferior ao número de incógnitas. Logo, o SELH é indeterminado.
Conclusão: os vetores u1 , u2 , u3 são linearmente dependentes.

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Espaços vetoriais Vetores linearmente independentes do espaço (Rn , +, ·)R

Vetores linearmente independentes em (Rn , +, ·)R (2)


Proposição

Sejam u1 , u2 , ..., uk vetores do espaço Rn . Se k > n , então u1 , u2 , ..., uk são linearmente dependentes .

h i h i h i
Prova. Seja U = u1 , u2 , · · · , uk . O sistema linear homogéneo U Y = 0 é possível e tem mais incógnitas do que
equações. Portanto, é indeterminado. Logo, os vetores u1 , u2 , ..., uk são linearmente dependentes.

Exercício Do espaço vetorial (R4 , +, ·)R , apresente um conjunto de vetores linearmente dependentes (quaisquer cinco...).

Proposição ( condição sse para vetores linearmente independentes em Rn )

Sejam u1 , u2 , ..., uk vetores do espaço Rn .


h i
Tais vetores são linearmente independentes se, e só se, car u1 , u2 , · · · , uk = k .

Exercício Averigúe se são linearmente independentes, os vetores: u1 = (1, 2, 3), u2 = (1, 2, 0), u3 = (0, 0, 3).

Proposição

Sejam u1 , u2 , ..., un vetores do espaço Rn .


h i
Tais vetores são linearmente independentes se, e só se, det u1 , u2 , · · · , uk 6= 0.

Exercício Considere os vetores u1 = (1, 2, 3, 4), u2 = (0, −2, −2, 0), u3 = (0, 0, 2, 5), u4 = (0, 0, 0, −1).
(a) Averigúe se estes quatro vetores são linearmente independentes.
(b) Justifique, ou refute, a proposição: se V ∈ R4 , então V é combinação linear dos vetores u1 , u2 , u3 , u4 .

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Espaços vetoriais Sobre o menor conjunto de geradores

Sobre o menor conjunto de geradores ::: (1)


Definição ( RECORDEMOS ESTA CARACTERIZAÇÃO: vetor gerado ::::: espaço gerado )

Sejam u1 , u2 , ..., uk vetores do espaço vetorial (E, +, ·)R . Para cada sequência de números reais (α1 , α2 , ..., αk ), a
expressão α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk é um vetor. Diz-se que é um vetor gerado pelos vetores u1 , u2 , ..., uk
Quando a forma sequencial (α1 , α2 , ..., αk ) descreve todas as sequências possíveis de números reais, a forma
α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk descreve todos os vetores do conjunto G,

n o
G= α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk : α1 , α2 , ..., αk ∈ R .

Este conjunto G designa-se por espaço gerado pelos vetores u1 , u2 , ..., uk .


Dizemos que u1 , u2 , ..., uk são os vetores geradores do espaço G.
Sinteticamente, escrevemos G =  u1 , u2 , ..., uk  ; e dizemos que G está descrito por um conjunto de geradores.

Alerta! A forma  u1 , u2 , ..., uk  é um modo abreviado de referirmos o subespaço cujos elementos são vetores da forma

α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk . É fundamental reter este conceito!


.......................................................................................................................................
n o seguinte: se, para certos números reais a1 , a2 , ..., aok , o vetor v é tal que v = a1 u1 + a2 u2 + · · · + ak uk , então o
Salientemos
conjunto v , α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk : α1 , α2 , ..., αk ∈ R não tem mais vetores do que o conjunto
n o
α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk : α1 , α2 , ..., αk ∈ R . Portanto:

Proposição ( Recordemos este FACTO FUNDAMENTAL )

Se v ∈  u1 , u2 , ..., uk , então  v , u1 , u2 , ..., uk  =  u1 , u2 , ..., uk .

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Espaços vetoriais Sobre o menor conjunto de geradores

Sobre o menor conjunto de geradores ::: (2)


Recordemos a proposição precedente: Se v ∈  u1 , u2 , ..., uk , então  v , u1 , u2 , ..., uk  =  u1 , u2 , ..., uk 

1 Esta proposição diz o seguinte: se, de um conjunto de geradores de um certo espaço, excluirmos cada vetor que depende dos
outros, então o conjunto remanescente gera o mesmo espaço.
Pensando um tal processo, concluímos que as exclusões terminam quando não houver vetores que sejam dependentes dos
restantes.
Assumindo que o conjunto inicial de geradores tem um vetor não nulo, quando o processo termina, restam vetores linearmente
independentes.
Agora, se excluirmos mais algum vetor, o conjunto remanescente já não gera o mesmo espaço. De facto, deixou de gerar o
vetor que acabámos de excluir.

A execução do processo descrito é um pouco fastidioso. Não é um método eficiente.

2 Usaremos o conceito de característica de uma matriz para escolher o maior número de vetores linearmente independentes
que existam num conjunto de geradores.
O princípio subjacente ao método que vamos descrever assenta no seguinte:
facto Seja B uma matriz na forma de escada. Se Ci e Cj são duas colunas, de tal matriz, que têm pivô, então nenhuma
delas é combinação linear da outra.
Por isto, e porque a relação de independência linear fica invariante por ação de operações elementares sobre matrizes,
podemos identificar uma sequência de vetores linearmente independentes num conjunto de geradores: uma sequência
correspondente à sequência das colunas que têm pivô.
Eis um esquema do método, aplicado em seis vetores. Consideremos H =  u1 , u2 , u3 , u4 , u5 , u6 . Fazemos:

h i h i
u1 | u2 | u3 | u4 | u5 | u6 −
−−−
→ u1 | u2 | u3 | u4 | u5 | u6 .
Gauss (fe)

Assumindo que os pivôs estão nas colunas u 1 , u 4 , u 5 , escrevemos H =  u1 , u4 , u5 .


Nestas circunstâncias, a sequência (u1 , u4 , u5 ) adquire a designação de base do espaço H.

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Espaços vetoriais Sobre o menor conjunto de geradores

Sobre o menor conjunto de geradores ::: (3)


Exemplo relativo ao processo descrito na página precedente
Do espaço vetorial (R5 , +, ·)R , consideremos o subespaço G =  u1 , u2 , u3 , u4 , u5 , u6 , em que

1 1 0 1 3 1
          
 0   1   1   2   4   3 
u1 =  4  , u2 =  4  , u3 =  0  , u4 =  0  , u5 =  8  , u6 =  0  .
           
 5  −2 −7  3  −1 −4
−1 −1 0 −1 −3 −1

Queremos escolher,
h de entre estes seis vetores, um
i conjunto que tenha o maior número de vetores linearmente independentes.
Partindo da matriz u1 , u2 , u3 , u4 , u5 , u6 , temos:

1 1 0 1 3 1 1 1 0 1 3 1
   
 0 1 1 2 4 3  L −4L 0 1 1 2 4 3 
 3 1 
 4 4 0 0 8 0 −−−−−− → 0 0 0 −4 −4 −4
 
 5 −2 −7 3 −1 −4 L4 −5L1 0 −7 −7 −2 −16 −9
L5 +L1
−1 −1 0 −1 −3 −1 0 0 0 0 0 0
1 1 0 1 3 1
 
0 1 1 2 4 3 

−−−− → 0 0 0 −4 −4 −4
 
L4 +7L2 0 0 0 12 12 12 
0 0 0 0 0 0
1 1 0 1 3 1
 
0 1 1 2 4 3 

−−−− → 0 0 0 −4 −4 −4 .
 
L4 +3L3 0 0 0 0 0 0 
0 0 0 0 0 0

Portanto, o menor conjunto de geradores de G tem 3 vetores; G =  u1 , u2 , u4 .

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Espaços vetoriais Sobre o menor conjunto de geradores

Sobre o menor conjunto de geradores ::: (4)


Exemplo que responde a duas perguntas...
Reconsideremos o subespaço G referido na página precedente: G =  u1 , u2 , u3 , u4 , u5 , u6 .
É possível responder à pergunta a que o exemplo precente responde e, em simultâneo, identificar a descrição canónica (cartesiana)
do subespaço G. h i h i
Isto é verdade porque a sequência de operações elementares que transformam a matriz G na matriz G é a sequência de
(fe)
h i h i
operações elementares que transformam a matriz G | X na matriz G | X . Assim, seja X = (x, y , z, w, t) um vetor
(fe)
h i
arbitrário do subespaço G. Logo, a equação G Y = X (∗) é possível. Partindo da matriz desta equação, temos:

1 1 0 1 3 1 | x 1 1 0 1 3 1 | x
   
 0 1 1 2 4 3 | y  L −4L 0 1 1 2 4 3 | y 
 3 1 
 4 4 0 0 8 0 | z −−−−−− → 0 0 0 −4 −4 −4 | −4x + z 
 
 5 −2 −7 3 −1 −4 | w  L4 −5L1 0 −7 −7 −2 −16 −9 | −5x + w 
L5 +L1
−1 −1 0 −1 −3 −1 | t 0 0 0 0 0 0 | x +t
1 1 0 1 3 1 | x
 
0 1 1 2 4 3 | y 

−−−− → 0 0 0 −4 −4 −4 | −4x + z 
 
L4 +7L2 0 0 0 12 12 12 | −5x + 7y + w 
0 0 0 0 0 0 | x +t
1 1 0 1 3 1 | x
 
0 1 1 2 4 3 | y 

−−−− → 0 0 0 −4 −4 −4 | −4x + z .
 
L4 +3L3 0 0 0 0 0 0 | −17x + 7y + 3z + w 
0 0 0 0 0 0 | x +t
n o
Portanto: G =  u1 , u2 , u4 ; G= (x, y , z, w, t) ∈ R5 : (−17x + 7y + 3z + w = 0) ∧ (x + t = 0) .

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Espaços vetoriais Base de um espaço vetorial

Base de um espaço vetorial


Definição ( base de um espaço vetorial )

Base de um espaço vetorial E é uma sequência de geradores de E que são linearmente independentes.


Exemplo Voltando ao subespaço G referido na página 30, base(G) = u1 , u2 , u4 .

Exercício Ainda, em relação ao subespaço G referido na página 30, extraia outras bases para G formadas por vetores de entre os
vetores u1 , u2 , u3 , u4 , u5 , u6 .

Proposição ( sobre o número de vetores em base diferentes )

Se B1 e B2 são duas bases do espaço vetorial E, então o número de vetores em B1 coincide com o número de vetores em B2 .


Observação É importante notarmos o seguinte: numa sequência de vetores, a ordem importa. Assim, a sequência u1 , u2 , u4 é

uma base de G [ver página 30] e a sequência u1 , u4 , u2 é uma outra base de G, embora formada pelos mesmos vetores.

Definição ( dimensão de um espaço vetorial de dimensão finita)

Dimensão de um espaço vetorial é o número de vetores em uma qualquer das suas bases. Dimensão de E denota-se por dim(E).

Exemplo Sendo G o subespaço referido na página 30, temos: dim(G) = 3.

Definição ( base canónica do espaço vetorial real (Rn , +, ·)R )

A base canónica, denotada por Bc , do espaço vetorial (Rn , +, ·)R é a sequência de colunas da matriz identidade de ordem n.

Exercício No espaço vetorial (Rn , +, ·)R , quantas bases formadas por vetores da base Bc existem ?

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Espaços vetoriais BASE: dos geradores para uma base do espaço gerado

Dos geradores para uma base do espaço gerado

O método que aqui tratamos já foi justificado na página 28. Para memória futura, repetimos o esquema lá apresentado.

Esquema do método a partir de seis vetores.

Sejam u1 , u2 , u3 , u4 , u5 , u6 ∈ Rn . Consideremos H =  u1 , u2 , u3 , u4 , u5 , u6 .
Fazemos: h i h i
u1 | u2 | u3 | u4 | u5 | u6 − → u1 | u2 | u3 | u4 | u5 | u6
−−− .
Gauss (fe)


Assumindo que os pivôs estão nas colunas u 1 , u 4 , u 5 , escrevemos H =  u1 , u4 , u5 ; e base(H) = u1 , u4 , u5 .

Exemplos

1 (em R3 ...)

2 (em R4 ...)

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Espaços vetoriais BASE: de um vetor genérico canónico para uma base

De um vetor genérico canónico para uma base

refletir sobre:

>>>>> vetor genérico canónico e geradores (rever páginas 20 e 21)

>>>>> vetor genérico canónico e vetores L.I.

>>>>> vetor genérico canónico e dimensão...

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Espaços vetoriais Coordenadas de um vetor relativas a uma base B, em Rn

Coordenadas de vetor relativas a uma base B, em Rn

Seja B = (b1 , b2 , ... , bn ) uma


h base do espaço vetorial
i (Rn , +, ·)R . Assim:
para cada u ∈ Rn , a equação b1 , b2 , · · · , bn Y = u, na incógnita Y , tem solução única. Tal solução constitui o que se
designa por coordenadas do vetor u relativas à base B.

Definição ( coordenadas de um vetor de Rn relativas a uma base deste espaço )

Seja u ∈ Rn e B = (b1 , b2 , ... , bn ) uma base do espaço vetorial Rn .


Coordenadas de u relativas à base B são as entradas do vetor solução da equação matricial

 
B [u]B = [u]Bc . (∗)

Definição ( matriz de passagem (matriz de mudança de base) )


   
Na relação B [u]B = [u]Bc , a matriz B designa-se por matriz de passagem da base B para a base Bc .

Da igualdade (∗), resulta [u]B = B −1 [u]Bc . Por conseguinte, a matriz B −1 é a matriz de passagem da base Bc para a
   
base B.
A fórmula [u]B = B −1 [u]Bc (†) será retomada na página seguinte.
 

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Espaços vetoriais Conhecer a base B a partir das coordenadas [X ]B , em Rn

Das coordenadas [X ]B para a base B, em Rn ::: (1)


Eis a questão: partindo do vetor [X ]B , como identificar B ?
Seja B uma base do espaço Rn ; e Bc , a respetiva base canónica. Admitamos que X , X ∈ Rn , é um vetor arbitrário e na forma
canónica.

Sabemos que as coordenadas de X na base B e as coordenadas de X na base Bc satisfazem a relação [X ]Bc = [B][X ]B . Desta

fórmula, extrai-se: [X ]B = [B]−1 [X ]Bc . Isto é: o vetor das coordenadas de um vetor arbitrário X na base B pode ser expresso pelo
produto entre a inversa da matriz formada pela base B e o vetor das coordenadas de X na base canónica.

Por conseguinte, perante o objetivo: a partir do vetor [X ]B , explicitar a base B, devemos começar por transformar este vetor no
produto de uma matriz pelo vetor [X ]Bc . A matriz que vier a ser explicitada é a matriz B −1 . Agora, explicita-se a inversa desta
 
    
matriz, a matriz B . Finalmente, sendo Cj a coluna j da matriz B , a base B apresenta-se: B = C1 , C2 , · · · , Cn .

Método ( explicitar a base B, partindo do vetor das coordenadas relativas à base B )

Dados : X é um vetor arbitrário, canónico, do espaço Rn ; [X ]B é o vetor das coordenadas de X relativas a uma base B.

Objetivo : explicitar a base B.

1 Exprimir o vetor [X ]B num produto de uma matriz quadrada pelo vetor [X ]Bc .

2 Concluir que a fatorização precedente tem a forma [X ]B = B −1 [X ]Bc .


 

Gauss
h  i h  i
3 Executar o método B −1 |In −−−−→ In | B .
Jordan

4
    
Considerar B = C1 , C2 , · · · , Cn ; e escrever B = C1 , C2 , · · · , Cn .

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Espaços vetoriais Conhecer a base B a partir das coordenadas [X ]B , em Rn

Das coordenadas [X ]B para a base B, em Rn ::: (2)


Eis a questão: partindo do vetor [X ]B , como identificar B ?
Exemplo
   
x x −y
4
y   z−w 
Em R , seja X =   z  e B a base tal que [X ]B = 
  .
y 
w x −y −w
Etapa (1) e etapa (2):
                 
x −y x −y 0 0 1 −1 0 0
 z−w  0  0  z  −w  0  0  1 −1
[X ]B =   0   y  +  0  +  0  = x 0 + y  1  + z 0 + w  0 
= +             
 y 
x −y −w x −y 0 −w 1 −1 0 −1
  
1 −1 0 0 x
0 0 1 −1  y  = B −1 [X ]B .
   
=0 c
1 0 0  z 
1 −1 0 −1 w

Gauss
h  i h  i
Etapa (3): executar o método B −1 |In −−−−→ In | B .
Jordan

 1 −1 0 0 | 1 0 0 0   1 −1 0 0 | 1 0 0 0  1 0 0 0 | 1 0 1 0  1 0 0 0 | 1 0 1 0 
L2 ↔L3 L2 +L2
 0 0 1 −1 | 0 1 0 0  −  0 1 0 0 | 0 0 1 0  −−  0 1 0 0 | 0 0 1 0  −−−−→  0 1 0 0 | 0 0 1 0  = In | B .
h  i
0 1 0 0 |0010
− − −−→ 0 0 1 −1 | 0 1 0 0
− −→ 0 0 1 −1 | 0 1 0 0 0 0 1 0 | 1 1 0 −1
L4 −L1 −L4 L3 +L4
1 −1 0 −1 | 0 0 0 1 0 0 0 −1 | −1 0 0 1 0 0 0 1 | 1 0 0 −1 0 0 0 1 | 1 0 0 −1

" 0 #!
0
" # " # " #
1 1
0 0 1 0
Etapa (4): B= 1
, 1
, 0
, −1 .
1 0 0 −1

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Espaços vetoriais Interseção de subespaços vetoriais

Interseção de subespaços vetoriais ::: (1)

Definição ( interseção de dois conjuntos )

Sejam G e H subconjuntos do conjunto de vetores E.


A interseção de G com H, denotada por G ∩ H, é constituída por todos os vetores que estão, simultaneamente, em G e em H.
Este conjunto G ∩ H também pode ser interpretado como: todos os vetores de G que estão em H; e também: como todos os vetores
de H que estão em G.

Inserir ilustração das situações que podem ocorrer...

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Espaços vetoriais Interseção de subespaços vetoriais

Interseção de subespaços vetoriais ::: (2)

Proposição ( interseção de dois subespaços é um subespaço )

Se G e H são dois subespaços do espaço vetorial E, então G∩H é um subespaço de E.

Prova.

1 Por G e H serem subespaços de E, qualquer vetor de G ∩ H está em E. Assim, é verdade que G ∩ H ⊂ E.

2 Também, por G e H serem subespaços de E, o vetor 0E está em G e, também, em H. Logo, 0E está na interseção. Deste modo,
fica provado que G ∩ H 6= Ø.
3 Se X e Y são dois quaisquer vetores de G ∩ H, então o vetor X + Y está em G ∩ H.
Provemos.
(a) Por X estar em G ∩ H, X está em G e, também, X está em H.
(b) Por Y estar em G ∩ H, Y está em G e, também, Y está em H.
(c) Por (a) e (b) e porque G é subespaço de E, o vetor X + Y está em G.
(d) Por (a) e (b) e porque H é subespaço de E, o vetor X + Y está em H.
(e) Por (c) e (d), o vetor X + Y está em G ∩ H.
4 Se α é um qualquer número real; e X um qualquer vetor de G ∩ H, então o vetor (αX ) está em G ∩ H.
Provemos.
(f) Por (3.a) e porque G e H são subespaços de E, o vetor (αX ) está em G e, também, (αX ) está em H.
(g) Por (f), o vetor (αX ) está na interseção G ∩ H.
5 Por 1 , 2 , 3 e 4 , fica provado que G ∩ H é subespaço de E.

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Espaços vetoriais Interseção de subespaços a partir de descrições canónicas

Interseção... a partir de descrições canónicas


Sejam G e H dois subespaços do espaço vetorial E.
Se G = {X ∈ E : E1 (X )} e H = {X ∈ E : E2 (X )} , então G ∩ H = {X ∈ E : E3 (X )} , em que E3 (X ) é a
   
forma canónica do sistema E1 (X ) ∧ E2 (X ) . Para conseguirmos E3 (X ), resolve-se o SEL E1 (X ) ∧ E2 (X ) .

Exemplo
n o n o
Seja G = (x, y , z, w) ∈ R4 : x + y + 2z = 0 e H = (x, y , z, w) ∈ R4 : 3z + w = 0 ∧ x − y − z + w = 0 .

Neste caso, E1 (X ) é x + y + 2z = 0 e E2 (X ) é
3z + w = 0 ∧ x − y − z + w = 0 .
 
   x  
 x + y + 2z = 0 1 1 2 0   0
y
Portanto, E1 (X ) ∧ E2 (X ) ⇐⇒ 3z + w = 0 ⇐⇒ 0 0 3 1 
z  = 0.
 x −y −z+w =0 1 −1 −1 1 0
w
Aplicando o método de Gauss-Jordan à matriz deste SEL, temos:

     
1 1 2 0 | 0 1 1 2 0 | 0 1 1 2 0 | 0
0 0 3 1 | 0 −−−−→ 0 0 3 1 | 0 −−−−− → 0 −2 −3 1 | 0
1 −1 −1 1 | 0 L3 −L 1 0 −2 −3 1 | 0 L3 ↔L 2 0 0 3 1 | 0
     
− 1 L2 
1 1 2 0 | 0
L −2L
1 1 0 − 32 | 0 1 0 0 1
3
| 0
2 3 − 12 | 1 3 
−−−−→ 0 1 0
− −−−−− → 0 1 0 −1 | 0 −−−−→ 0 1 0 −1 | 0 .
  
2
1L 1 L − 3L 1 L1 −L2 1
3 3 0 0 1 3
| 0 2 2 3 0 0 1 3
| 0 0 0 1 3
| 0

n o
Assim, G∩H = (x, y , z, w) ∈ R4 : z = − 13 w ∧ y = w ∧ x = − 31 w .

Exercício Apresente (G ∩ H) por intermédio de um vetor genérico canónico.

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Espaços vetoriais Interseção de subespaços por geradores e vetor genérico

Interseção... por geradores e vetor genérico ::: (1)


G ∩ H, a partir de geradores de G e de um vetor genérico de H

O método que vamos descrever assenta no seguinte facto: G ∩ H = vetores de H que são gerados pelos geradores de G .
Esta interpretação do conceito de interseção permite exprimir um vetor genérico de H na forma de uma combinação linear de
geradores de G. Assim, se G =  u1 , u2 , · · · , uk  e V é um vetor genérico de H, então os vetores do subespaço
 
G ∩ H são os vetores V tais que a equação u1 , u2 , · · · , uk Y = V (∗) é possível. As condições impostas, por esta
proposição, sobre o vetor V deverão ser mergulhadas neste mesmo vetor V , obtendo o vetor W . Este vetor W é um vetor genérico do
subespaço G ∩ H.


Método ( G ∩ H: dados geradores de um; vetor genérico do outro )

Dados G =  u1 , u2 , · · · , uk ; V = vetor genérico de H.

1
     
Consideremos G = u1 , u2 , · · · , uk . Para alguns vetores V , é possível, a equação (∗) G Y =V .

2
   
Executar o método: G| V −−−− → G(fe) | V .
Gauss
   
3 Da igualdade car G(fe) |V = car G(fe) , extrair as equações lineares homogéneas pertinentes.

4 Mergulhar as condições descritas pelas equações lineares homogéneas, referidas no ponto precedente, no vetor V .
O vetor resultante é o vetor W . Este vetor é um vetor genérico do subespaço G ∩ H.

5 Escrever G ∩ H = {W : indeterminadas livres e reais}.

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Espaços vetoriais Interseção de subespaços por geradores e vetor genérico

Interseção... por geradores e vetor genérico ::: (2)


       
−1 −2 0 
 y + 4z 

4
 1   3  0 
y 

Exemplo No espaço vetorial real R , consideremos G =     ,
  ,   ; H = 
    : y, z ∈ R .
0  1  0 
 z  

0 0 2  −3z 
Queremos explicitar o subespaço G ∩ H.    
−1 −2 0 y + 4z
 1 3 0
 Y =  y .
 
Etapa (1) Para alguns y , z, é possível, a equação: (∗) 
 0 1 0  z 
0 0 2 −3z
Etapa (2) Partindo da matriz deste sistema, temos:
   
−1 −2 0 | y + 4z −1 −2 0 | y + 4z
 1
 3 0 | y   −−−−→  0
 1 0 | 2y + 4z 

 0 1 0 | z  L2 +L1  0 1 0 | z 
0 0 2 | −3z 0 0 2 | −3z
   
−1 −2 0 | y + 4z −1 −2 0 | y + 4z
 0 1 0 | 2y + 4z   0 1 0 | 2y + 4z 
−−−−→  −−−−−→  .
L3 −L2  0 0 0 | −2y − 3z  L ↔L  0 0 2 | −3z 
3 4
0 0 2 | −3z 0 0 0 | −2y − 3z

Etapa (3) Assim, (∗) é possível se, e só se, −2y − 3z = 0, ou seja: y = − 23 z.


   3   5 
y + 4z − 2 z + 4z 2
z
 y   −3z   3 
Etapa (4) Mergulhemos esta condição no vetor genérico de H:  ======= ==  2  = − 2 z .
 z  z  z 
y =− 3 z
 
−3z 2
−3z −3z
 5  
z
 2 3 

 


G∩H =  − z
Etapa (5)
  z2  : z ∈ R.

 

−3z (UTAD)
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Espaços vetoriais Soma de subespaços, em Rn

Soma de subespaços, em Rn ::: (1)

Definição ( soma de dois subespaços )

Sendo G e H dois subespaços do espaço vetorial E, define-se G+H pelo conjunto dos vetores que são soma de um vetor de G
com um vetor de H.

Inserir ilustração, dentro do espaço vetorial (R2 , +, ·)R

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Espaços vetoriais Soma de subespaços, em Rn

Soma de subespaços, em Rn ::: (2)


Proposição ( a soma de dois subespaços é um subespaço )

Se G e H são dois subespaços do espaço vetorial E, então G+H é um subespaço de E.

Prova.

1 Qualquer vetor de (G + H) está em E. Provemos.


Um vetor qualquer X de G + H é da forma XG + XH , onde XG é um vetor de G e XH é um vetor de H.
Uma vez que XG está em E e XH está em E e porque E é espaço vetorial, o vetor XG + XH está em E.
Portanto, o vetor X está em E. Logo, G + H ⊂ E.
2 G + H 6= Ø. Provemos.
Por G e H serem subespaços de E, temos: 0E ∈ G e 0E ∈ H.
Por isto e porque 0E + 0E = 0E , fica provado que 0E está em G + H. Logo: G + H 6= Ø.
3 Se X e Y são quaisquer vetores de G + H, então X + Y está em G + H. Provemos.
(a) Se X está em G + H, então X = XG + XH , onde XG está em G e XH está em H.
(b) Se Y está em G + H, então Y = YG + YH , onde YG está em G e YH está em H.
(c) X + Y = (XG + XH ) + (YG + YH ) = (XG + YG ) + (XH + YH ), por (a) e (b).
Por G e H serem subespaços,
(d) (XG + YG ) está em G e (XH + YH ) está em H.
(e) Por (c) e (d), o vetor (X + Y ) está em G + H.
4 Qualquer que seja o número real α e qualquer que seja o vetor X de G + H, o vetor (αX ) está em G + H. Provemos.
(f) (αX ) = α(XG + XH ) = (αXG ) + (αXH ), por (3.a).
(g) Por G e H serem subespaços, (αXG ) está em G; e (αXH ) está em H.
(h) Por (f) e (g), o vetor (αX ) está em G + H.
5 Por 1 , 2 , 3 e 4 , fica provado que G + H é subespaço de E.

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Espaços vetoriais Soma de subespaços, em Rn

Soma de subespaços, em Rn ::: (3)

Pela caracterização de subespaço-soma, concluímos que um conjunto de geradores de G+H é a união de um conjunto de
geradores de G com um conjunto de geradores de H.

Proposição

G + H =  geradores-de-G ∪ geradores-de-H .
         
−1 −2 0 1 4
4
 1   0  0 1  0 
Exemplo Sejam G e H subespaços de R , tais que: G = ,  ,   ;
 0   1  0 0 ,  1  .
H =   
0 0 1 0 −3
         
−1 −2 0 1 4
 1   0  0 1  0 
Logo: G + H =  
 0  ,  1  , 0 , 0 ,  1  .
        
0 0 1 0 −3
Observação. O conhecimento de um conjunto de geradores é um bom ponto de partida para trabalhar num subespaço-soma.

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Espaços vetoriais Teorema das dimensões em subespaços de dimensão finita

Teorema das dimensões em sub. de dimensão finita

Teorema ( teorema das dimensões em subespaços )


Se G e H são subespaços do espaço vetorial E, então

dim(G + H) = dim(G) + dim(H) − dim(G ∩ H).

Fim do capítulo

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