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Espaços vetoriais
Espaços vetoriais
Seja E um conjunto de entidades (designados: vetores). Diz-se que a entidade (E, +, ·)R é um espaço vetorial real se cada uma das
dez proposições seguintes for verdadeira:
1 ∀u, v ∈ E, u+v ∈E E +E =E
2 ∀u, v , w ∈ E, u + (v + w) = (u + v ) + w ( + é associativa)
6 ∀α ∈ R, ∀u ∈ E, αu ∈ E R·E =E
7 ∀α ∈ R, ∀u, v ∈ E, α · (u + v ) = α · u + α · v
8 ∀α, β ∈ R, ∀u ∈ E, (α + β) · u = α · u + β · v
9 ∀α, β ∈ R, ∀u ∈ E, (αβ) · u = α · (β · u)
10 ∀u ∈ E, 1·u =u
1 a soma de dois n-uplos é o n-uplo cuja entrada j é a soma das entradas j dos n-uplos parcela;
2 a multiplicação de um número real α por um n-uplo X é o n-uplo cuja entrada j é o produto de α pela entrada j do n-uplo X ;
Formalmente, e de modo respetivo:
x1 y1 x1 + y1 x1 αx1
x2 y2 x2 + y2 x2 αx2
(1) . + . =
. . . ; (2) α·
.. = .. .
. .
.
. . .
xn yn xn + yn xn αxn
Este espaço vetorial real designa-se por espaço vetorial real canónico.
Subespaço vetorial
Definição ( subespaço vetorial )
(S, +, ·)R é subespaço vetorial do espaço vetorial (E, +, ·)R sse são verdadeiras, cada uma das quatro proposições seguintes:
1 S ⊂E
2 S 6= Ø
3 ∀u, v ∈ S, u+v ∈S
4 ∀α ∈ R, ∀u ∈ S, α · u ∈ S.
Proposição
Se (S, +, ·)R é subespaço vetorial do espaço vetorial (E, +, ·)R então o zero de E está em S.
(x, y , z) ∈ R3 : x + y − z = 1 , é um plano de R3 .
Exercício O conjunto P, P =
Averigúe se (P, +, ·)R é subespaço do espaço vetorial (R3 , +, ·)R .
2 Sobre
o subespaço
(R2
, +, ·)R .
x
R2 = : x, y ∈ R .
y
Sobre a soma de dois vetores de R2 : nada há a acrescentar ao que já conhecemos.
Sobre a multiplicação de um escalar real por um vetor de R2 : nada há a acresecentar ao que já conhecemos.
3 Sobre
o subespaço
(R3 , +,
·)R .
x
3 y : x, y , z ∈ R .
R =
z
4 Sobre
o subespaço
(R4 , +, ·)R
.
x
y
R4 = : x, y , z, w ∈ R .
z
w
Uma reflexão Pensemos geometricamente: seja X0 um ponto arbitrário no plano Oxy . Consideremos o círculo fechado
n o
C = X ∈ R2 : kX − X0 k 6 r 2 , 0 < r < kX0 k . Queremos descrever, por esboço pictórico, as retas tangentes ao
círculo C que representam subespaços do espaço (R2 , +, ·)R .
Ora: o ponto (0, 0) está no exterior do círculo C . Portanto, retas que contenham o ponto (0, 0) e que são tangentes a C há
duas (façamos um esboço, no caderno!).
Feito o referido esboço, pensemos um pouco mais além! Queremos descrever, pictoricamente, a região do plano Oxy definida
pela união de todas as retas que são subespaços do espaço (R2 , +, ·)R e que não intersetam C . Façamos um esboço...
Sugestão: usar a reflexão precedente como mote para outras...
3 Falta, somente, referir um subespaço do espaço (R2 , +, ·)R : o próprio espaço (R2 , +, ·)R .
2 2
O subespaço constituído, somente, pelo zero de R e o subespaço (R , +, ·)R são estruturas que, pensadas como subespaços do
espaço (R2 , +, ·)R , satisfazem, trivilamente, os axiomas de subespaços (as condições expressas no teorema constante na página 6).
Por tal facto, são ditos subespaços triviais do espaço (R2 , +, ·)R .
Exercício Sinteticamente, que entidades são necessárias para caracterizar uma reta ?
é um subespaço vetorial do espaço (R3 , +, ·)R . Num referencial Oxyz, tal conjunto é uma reta; a reta que contém o ponto
(0, 0, 0) e cujo vetor diretor é U. Assim, pensando um tal referencial: qualquer reta que contenha o ponto (0, 0, 0) representa
um subespaço do espaço (R3 , +, ·)R . n o
É sabido (estudado no pré-universitário) que a forma X ∈ R3 : X = αU, α ∈ R é designada por descrição vetorial da
reta que contém o ponto (0, 0, 0) e cujo vetor diretor é U.
Um facto evidente: quaisquer duas retas que representam subespaços do espaço (R3 , +, ·)R intersetam-se no ponto
(0, 0, 0). Este ponto é o vetor que constitui o subespaço nulo de R3 . De outro modo: a interseção de dois quaisquer
subespaços da forma (∗) é o subespaço nulo.
Por que razão estudamos estas entidades? Uma reflexão Pensemos geometricamente: seja X0 um ponto arbitrário no
n o
espaço Oxyz. Consideremos a esfera E = X ∈ R3 : kX − X0 k 6 r 2 , 0 < r < kX0 k . Queremos descrever, por
esboço pictórico, as retas tangentes à esfera E que representam subespaços do espaço (R3 , +, ·)R .
Ora: o ponto (0, 0, 0) está no exterior da esfera E. Portanto, retas que contenham o ponto (0, 0, 0) e que são tangentes a E
há uma infinidade delas (façamos um esboço, no caderno!).
Feito o referido esboço, pensemos um pouco mais além! Queremos descrever, pictoricamente, a região do espaço Oxyz
definida pela união de todas as retas que são subespaços do espaço (R3 , +, ·)R e que intersetam E. Façamos um esboço...
Sugestão: usar a reflexão precedente como mote para outras...
3 O subespaço gerado por dois vetores não colineares. (ver na página seguinte)
4 Falta, somente, referir um subespaço do espaço (R3 , +, ·)R : o próprio espaço (R3 , +, ·)R .
2 (...)
3
3 n subespaço gerado por dois vetores nãoocolineares. Para cada dois vetores U, V não colineares, U, V ∈ R , o conjunto
O
X ∈ R3 : X = αU + βV , α, β ∈ R é um subespaço do espaço (R3 , +, ·)R .
Num referencial Oxyz, a representação geométrica de tal subespaço é o plano que contém o ponto (0, 0, 0) e é definido pelos
vetores U e V . Estudámos, no ensino pré-universitário, um método de identificar o vetor diretor de um tal plano. E concluímos
n o
que a sua descrição cartesiana é (x, y , z) ∈ R3 : ax + by + cz = 0 (†) , em que (a, b, c) é o vetor diretor.
Por conseguinte, qualquer plano que seja um subespaço de R3 pode ser descrito pela forma (†); e, qualquer forma (†)
decreve um plano de R3 que é um subespaço do espaço (R3 , +, ·)R .
Pensemos
n a interseção de duas destas entidades.
o Sejam P1 enP2 tais que: o
P1 = (x, y , z) ∈ R3 : ax + by + cz = 0 , P2 = (x, y , z) ∈ R3 : αx + βy + γz = 0 .
(a) Se os vetores (a, b, c) e (α, β, γ) são colineares, então P1 e P2 são o mesmo plano.
Assim, P1 ∩ P2 = P1 = P2 .
(b) Se os vetores (a, b, c) e (α, β, γ) não são colineares, então P1 e P2 são planos diferentes mas contêm o ponto
(0, 0, 0). Assim, contêm uma reta em comum. Esta reta contém o ponto (0, 0, 0). Consequentemente, a interseção
de P1 com P2 é uma reta que contém o ponto (0, 0, 0). Isto é dizer que a interseção destes dois subespaços de R3 é
um subespaço de R3 gerado por um, único, vetor (um vetor não nulo que pertence aos dois subespaços).
4 (...)
Exercício
Se S1 e S2 são dois subespaços, não triviais, do espaço vetorial (R3 , +, ·)R , descrever o que pode ser o subespaço (S1 ∩ S2 ).
Sejam u1 , u2 , ..., uk vetores do espaço vetorial (E, +, ·)R e α1 , α2 , ..., αk escalares reais. A forma
α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk
diz-se uma combinação linear dos k vetores u1 , u2 , ..., uk , por intermédio dos escalares α1 , α2 , ..., αk .
2 0 1 1
Exemplo em R3 2 1 + 3 2 + 0 1 + 5 0 é uma combinação linear de vetores de R3 .
3 3 −1 −7
Do que sabemos sobre matrizes, a igualdade seguinte é uma proposição verdaddeira:
2
2 0 1 1 2 0 1 1
3
2 1 + 3 2 + 0 1 + 5 0 = 1 2 1 0
0
3 3 −1 −7 3 3 −1 −7
5
2 0 1
1 2 1
Exemplo em R4 23 + 3 3 + 5 −1 é uma combinação linear de vetores de R .
4
5 −2 0
De igual modo, a igualdade seguinte é uma proposição verdaddeira:
2 0 1 2 0 1
1 2 1 1 2 1 2
2 3 .
3 + 3 3 + 5 −1 = 3
3 −1
5
5 −2 0 5 −2 0
Definição ( combinação linear de vetores no espaço vetorial real canónico (Rn , +, ·)R )
α1
α
h 2
i
u1 | u2 | · · · | uk .
, com αi ∈ R,
..
αk
descreve a combinação linear dos k vetores u1 , u2 , ..., uk , por intermédio dos escalares α1 , α2 , ..., αk .
Exemplos
2
2 0 1 1
3
1 A forma matricial 1 2 1 0
0 representa a combinação linear dos vetores
3 3 −1 −7
5
2 0 1 1
1 , 2 , 1 , 0 , por intermédio dos escalares 2, 3, 0, 5, respetivamente.
3 3 −1 −7
2 0 1 2 0 1
1 2
2 1 1 2 1
2 A forma matricial
3 3 −1
3 representa a combinação linear dos vetores ,
3
,
3 −1
, por
5
5 −2 0 5 −2 0
intermédio dos escalares 2, 3 e 5, respetivamente.
abento@ :: eamaral@ :: gsoares@ (UTAD) Álgebra Linear ( LEI ) Editor:abento@ :: dezembro.2020 12 / 45
Espaços vetoriais Descrição canónica de subespaço de (Rn , +, ·)R
Seja (G, +, ·)R um subespaço do espaço vetorial (Rn , +, ·)R ; e X um vetor arbitrário de G.
A expressão E (X ) denota uma equação linear homogénea (ou conjunção de equações lineares homogéneas) nas entradas de X .
A forma G = {X ∈ Rn : E (X )} é um modo de caracterizar, em compreensão, todos os vetores de G.
Diremos que {X ∈ Rn : E (X )} é a descrição canónica do subespaço G.
Exemplos
x
1 Seja G= y ∈ R3 : x + y − z = 0 . Neste caso, a condição E (X ) é x +y −z =0 .
z
Sabe-se que (A, +, ·)R , (B, +, ·)R , (C, +, ·)R são subespaços do espaço (R3 , +, ·)R .
Apresentemos a descrição canónica de cada um destes subespaços.
1 Em
relação
a A, observando
o vetor (x, y , y ), concluímos que (um)a descrição canónica de A é:
x
y ∈ R3 : z = y . (um plano)
z
Sugestão Num referencial Oxyz, descreva este plano, apresentando a sua descrição vetorial.
2 Em
relação
2x, −5x), concluímos que (um)a descrição canónica de B é:
a B, observando o vetor (x,
x
3
y ∈ R : y = 2x ∧ z = −5x . (uma reta)
z
Sugestão Num referencial Oxyz, descreva esta reta, apresentando a sua descrição vetorial.
3 Em
relação
a C, observando o vetor
(−y + z, y , 2z), concluímos que (um)a descrição canónica de C é:
x
y ∈ R3 : x = −y + 1 z . (um plano)
z 2
Sugestão Num referencial Oxyz, descreva este plano, apresentando a sua descrição vetorial.
Exemplos
Contra-exemplos
(a) O conjunto E = {(−y + z, y , 2z) : y , z ∈ R} não está representado por um seu vetor genérico canónico. O lugar da
indeterminada livre z é uma composição dela mesma.
(b) O conjunto F = {(x − y + z, x + y , x + 2z) : x, y , z ∈ R} não está representado por um seu vetor genérico canónico.
Todas são livres mas há uma entrada do vetor que é uma combinação linear das mesmas.
Sejam u1 , u2 , ..., uk vetores do espaço vetorial (E, +, ·)R . Para cada sequência de números reais (α1 , α2 , ..., αk ), a
expressão α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk é um vetor. Diz-se que é um vetor gerado pelos vetores u1 , u2 , ..., uk
Quando a forma sequencial (α1 , α2 , ..., αk ) descreve todas as sequências possíveis de números reais, a forma
α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk descreve todos os vetores do conjunto G,
n o
G= α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk : α1 , α2 , ..., αk ∈ R .
Alerta! A forma u1 , u2 , ..., uk é um modo abreviado de referirmos o subespaço cujos elementos são vetores da forma
α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk = X (∗)
é possível.
Prova. Os vetores X de G são combinação linear dos geradores de G; isto é, são tais que: existem escalares
α1 , α2 , · · · , αk de tal modo que α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk = X .
Ora, isto é dizer que: qualquer que seja o vetor X de G, a equação (∗), nas incógnitas α1 , α2 , · · · , αk , é possível.
1 4 | x 1 4 | x 1 4 | x 1 4 | x
1 0 | y 0 −4 | y − x 0 1 | z L3 +4L2 0 1 | z
−−−−→ −−−−−
→ −−−−− → .
0 1 | z L −L 0 1 | z L ↔L 0 −4 | y − x L +3L 0 0 | y − x + 4z
2 1 2 3 4 2
0 −3 | w 0 −3 | w 0 −3 | w 0 0 | w + 3z
1 0 0 1 0 | x 1 0 0 1 0 | x
0
1 0 0 1 | y −−−−→
0
1 0 0 1 | y
0 0 1 0 −3 | z L +L 0 0 1 0 −3 | z
4 1
−1 −2 0 1 4 | w 0 −2 0 2 4 | x +w
1 0 0 1 0 | x
0 1 0 0 1 | y
−
−−−− → .
L4 +2L2 0 0 1 0 −3 | z
0 0 0 2 6 | x + 2y + w
Ora, pelo exposto: car [F ] = car [F ]|X , sem restrições sobre X ; isto é, a equação (∗ ∗ ∗) é possível, sem restrições sobre o
vetor arbitrário X .
n o
Logo, F = (x, y , z, w) ∈ R4 : 0x + 0y + 0z + 0w = 0 = R4 .
Exemplo
Consideremos o espaço (R4 , +, ·)R . Sabemos que R4 = {(x, y , z, w) : x, y , z, w ∈ R}. Assim, o vetor genérico canónico
deste espaço é (x, y , z, w); tem 4 entradas livres.
A decomposição deste vetor em tantos vetores quantas as entradas livres e de modo que cada vetor na decomposição dependa de
uma única entrada livre:
x x 0 0 0 1 0 0 0
y
= 0 + y + 0 + 0 = x 0 + y
1
+ z 0 + w
0
.
z 0 0 z 0 0 0 1 0
w 0 0 0 w 0 0 0 1
1 0 0 0
4
0 1 0 0
0 , 0 , 1 , 0 .
Portanto, R =
0 0 0 1
1 Seja (F , +, ·)R tal que F = {(x, y , z, y − z) : x, y , z ∈ R}. Assim, o vetor genérico canónico deste espaço é
(x, y , z, y − z); tem 3 entradas livres. A decomposição requerida é:
x x 0 0 1 0 0
y 0 y 0 0
+ z 0 .
1
0 0 z = x
= + + +y
z 0 0 1
y −z 0 y −z 0 1 −1
1 0 0
0 1 0
Portanto, F =
0 ,
,
0 1 .
0 1 −1
2 Seja (H, +, ·)R tal que H = {(x, 2x − 3z, z, x + z) : x, z ∈ R}. Assim, o vetor genérico canónico deste espaço é
(x, 2x − 3z, z, x + z); tem 2 entradas livres. A decomposição requerida é:
x x 0 1 0
2x − 3z 2x −3z 2 −3
0 z = x 0 + z 1 .
= +
z
x +z x z 1 1
1 0
2 −3
Portanto, H =
0 ,
1 .
1 1
a b a 0 0 b 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0
= + + + =a +b +c +d .
c d 0 0 0 0 c 0 0 d 0 0 0 0 1 0 0 1
1 0 0 1 0 0 0 0
Portanto, M2 (R) = , , , .
0 0 0 0 1 0 0 1
a b
2 B=
b
: a, b, d ∈ R
d
e um subespaço do espaço M2 (R).
a b
O vetor genérico canónico de B tem a forma .
b d
A decomposição que interessa é:
a b a 0 0 b 0 0 1 0 0 1 0 0
= + + =a +b +d .
b d 0 0 b 0 0 d 0 0 1 0 0 1
1 0 0 1 0 0
Portanto, B = , , .
0 0 1 0 0 1
Sejam u1 , u2 , ..., uk vetores do espaço vetorial (E, +, ·)R . Estes vetores dizem-se linearmente independentes (L.I.) se da
combinação linear nula
α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk = 0
resultar, necessariamente, α1 = α2 = · · · = αk = 0.
Caso contrário: dizem-se linearmente dependentes (L.D.).
Exemplos
1 2 0
1 No espaço (R2 , +, ·)R , consideremos a combinação linear nula + α2 α1 = . Deste SEL, sendo A a matriz
2 3 0
1 2 | 0 1 2 | 0
dos coeficientes e B a matriz dos termos independentes, temos: [A|B] = −−−−−→ .
2 3 | 0 L −2L 0 −1 | 0
2 1
α1 0
Assim, car (A|B) = car (A) = n(incógnitas). O SEL é, portanto, determinado. Logo, a solução é = .
α2 0
1 2
Por conseguinte, fica provado que os vetores , são linearmente independentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2 3
1 2 0
2 No espaço (R2 , +, ·)R , consideremos a combinação linear nula α1 + α2 = . Deste SEL, sendo C a matriz
2 4 0
1 2 | 0 1 2 | 0
dos coeficientes e D a matriz dos termos independentes, temos: [C|D] = −−−−−→ .
2 4 | 0 L −2L 0 0 | 0
2 1
Assim, car (C|D) = car (C) < número de incógnitas. O SEL é, portanto, possível
eindeterminado. Logo, além da solução
1 2
nula, há outras soluções. Por conseguinte, fica provado que os vetores , são linearmente dependentes.
2 4
α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk = 0,
Os vetores u1 , u2 , ..., uk são linearmente dependentes se, e só se, um deles exprime-se por uma combinação linear dos
restantes.
1 1 0
Exemplo Considere os vetores: u1 = 2, u2 = 2, u3 = 0.
3 0 3
De imediato, concluímos que u1 = u2 + u3 .
Portanto, pela condição expressa na proposição precedente, os vetores u1 , u2 , u3 são linearmente dependentes.
Se os vetores u1 , u2 , ..., uk são linearmente independentes, então quaisquer p destes vetores, 1 6 p 6 k, são linearmente
independentes.
Sejam u1 , u2 , ..., uk vetores do espaço Rn . Estes vetores dizem-se linearmente independentes se tem solução única, o SELH
α1
α
h 2
i
u1 | u2 | · · · | uk .
= 0Rn .
..
αk
Sejam u1 , u2 , ..., uk vetores do espaço Rn . Se k > n , então u1 , u2 , ..., uk são linearmente dependentes .
h i h i h i
Prova. Seja U = u1 , u2 , · · · , uk . O sistema linear homogéneo U Y = 0 é possível e tem mais incógnitas do que
equações. Portanto, é indeterminado. Logo, os vetores u1 , u2 , ..., uk são linearmente dependentes.
Exercício Do espaço vetorial (R4 , +, ·)R , apresente um conjunto de vetores linearmente dependentes (quaisquer cinco...).
Exercício Averigúe se são linearmente independentes, os vetores: u1 = (1, 2, 3), u2 = (1, 2, 0), u3 = (0, 0, 3).
Proposição
Exercício Considere os vetores u1 = (1, 2, 3, 4), u2 = (0, −2, −2, 0), u3 = (0, 0, 2, 5), u4 = (0, 0, 0, −1).
(a) Averigúe se estes quatro vetores são linearmente independentes.
(b) Justifique, ou refute, a proposição: se V ∈ R4 , então V é combinação linear dos vetores u1 , u2 , u3 , u4 .
Sejam u1 , u2 , ..., uk vetores do espaço vetorial (E, +, ·)R . Para cada sequência de números reais (α1 , α2 , ..., αk ), a
expressão α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk é um vetor. Diz-se que é um vetor gerado pelos vetores u1 , u2 , ..., uk
Quando a forma sequencial (α1 , α2 , ..., αk ) descreve todas as sequências possíveis de números reais, a forma
α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk descreve todos os vetores do conjunto G,
n o
G= α1 u1 + α2 u2 + · · · + αk uk : α1 , α2 , ..., αk ∈ R .
Alerta! A forma u1 , u2 , ..., uk é um modo abreviado de referirmos o subespaço cujos elementos são vetores da forma
1 Esta proposição diz o seguinte: se, de um conjunto de geradores de um certo espaço, excluirmos cada vetor que depende dos
outros, então o conjunto remanescente gera o mesmo espaço.
Pensando um tal processo, concluímos que as exclusões terminam quando não houver vetores que sejam dependentes dos
restantes.
Assumindo que o conjunto inicial de geradores tem um vetor não nulo, quando o processo termina, restam vetores linearmente
independentes.
Agora, se excluirmos mais algum vetor, o conjunto remanescente já não gera o mesmo espaço. De facto, deixou de gerar o
vetor que acabámos de excluir.
2 Usaremos o conceito de característica de uma matriz para escolher o maior número de vetores linearmente independentes
que existam num conjunto de geradores.
O princípio subjacente ao método que vamos descrever assenta no seguinte:
facto Seja B uma matriz na forma de escada. Se Ci e Cj são duas colunas, de tal matriz, que têm pivô, então nenhuma
delas é combinação linear da outra.
Por isto, e porque a relação de independência linear fica invariante por ação de operações elementares sobre matrizes,
podemos identificar uma sequência de vetores linearmente independentes num conjunto de geradores: uma sequência
correspondente à sequência das colunas que têm pivô.
Eis um esquema do método, aplicado em seis vetores. Consideremos H = u1 , u2 , u3 , u4 , u5 , u6 . Fazemos:
h i h i
u1 | u2 | u3 | u4 | u5 | u6 −
−−−
→ u1 | u2 | u3 | u4 | u5 | u6 .
Gauss (fe)
1 1 0 1 3 1
0 1 1 2 4 3
u1 = 4 , u2 = 4 , u3 = 0 , u4 = 0 , u5 = 8 , u6 = 0 .
5 −2 −7 3 −1 −4
−1 −1 0 −1 −3 −1
Queremos escolher,
h de entre estes seis vetores, um
i conjunto que tenha o maior número de vetores linearmente independentes.
Partindo da matriz u1 , u2 , u3 , u4 , u5 , u6 , temos:
1 1 0 1 3 1 1 1 0 1 3 1
0 1 1 2 4 3 L −4L 0 1 1 2 4 3
3 1
4 4 0 0 8 0 −−−−−− → 0 0 0 −4 −4 −4
5 −2 −7 3 −1 −4 L4 −5L1 0 −7 −7 −2 −16 −9
L5 +L1
−1 −1 0 −1 −3 −1 0 0 0 0 0 0
1 1 0 1 3 1
0 1 1 2 4 3
−
−−−− → 0 0 0 −4 −4 −4
L4 +7L2 0 0 0 12 12 12
0 0 0 0 0 0
1 1 0 1 3 1
0 1 1 2 4 3
−
−−−− → 0 0 0 −4 −4 −4 .
L4 +3L3 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0
1 1 0 1 3 1 | x 1 1 0 1 3 1 | x
0 1 1 2 4 3 | y L −4L 0 1 1 2 4 3 | y
3 1
4 4 0 0 8 0 | z −−−−−− → 0 0 0 −4 −4 −4 | −4x + z
5 −2 −7 3 −1 −4 | w L4 −5L1 0 −7 −7 −2 −16 −9 | −5x + w
L5 +L1
−1 −1 0 −1 −3 −1 | t 0 0 0 0 0 0 | x +t
1 1 0 1 3 1 | x
0 1 1 2 4 3 | y
−
−−−− → 0 0 0 −4 −4 −4 | −4x + z
L4 +7L2 0 0 0 12 12 12 | −5x + 7y + w
0 0 0 0 0 0 | x +t
1 1 0 1 3 1 | x
0 1 1 2 4 3 | y
−
−−−− → 0 0 0 −4 −4 −4 | −4x + z .
L4 +3L3 0 0 0 0 0 0 | −17x + 7y + 3z + w
0 0 0 0 0 0 | x +t
n o
Portanto: G = u1 , u2 , u4 ; G= (x, y , z, w, t) ∈ R5 : (−17x + 7y + 3z + w = 0) ∧ (x + t = 0) .
Base de um espaço vetorial E é uma sequência de geradores de E que são linearmente independentes.
Exemplo Voltando ao subespaço G referido na página 30, base(G) = u1 , u2 , u4 .
Exercício Ainda, em relação ao subespaço G referido na página 30, extraia outras bases para G formadas por vetores de entre os
vetores u1 , u2 , u3 , u4 , u5 , u6 .
Se B1 e B2 são duas bases do espaço vetorial E, então o número de vetores em B1 coincide com o número de vetores em B2 .
Observação É importante notarmos o seguinte: numa sequência de vetores, a ordem importa. Assim, a sequência u1 , u2 , u4 é
uma base de G [ver página 30] e a sequência u1 , u4 , u2 é uma outra base de G, embora formada pelos mesmos vetores.
Dimensão de um espaço vetorial é o número de vetores em uma qualquer das suas bases. Dimensão de E denota-se por dim(E).
A base canónica, denotada por Bc , do espaço vetorial (Rn , +, ·)R é a sequência de colunas da matriz identidade de ordem n.
Exercício No espaço vetorial (Rn , +, ·)R , quantas bases formadas por vetores da base Bc existem ?
O método que aqui tratamos já foi justificado na página 28. Para memória futura, repetimos o esquema lá apresentado.
Sejam u1 , u2 , u3 , u4 , u5 , u6 ∈ Rn . Consideremos H = u1 , u2 , u3 , u4 , u5 , u6 .
Fazemos: h i h i
u1 | u2 | u3 | u4 | u5 | u6 − → u1 | u2 | u3 | u4 | u5 | u6
−−− .
Gauss (fe)
Assumindo que os pivôs estão nas colunas u 1 , u 4 , u 5 , escrevemos H = u1 , u4 , u5 ; e base(H) = u1 , u4 , u5 .
Exemplos
1 (em R3 ...)
2 (em R4 ...)
refletir sobre:
B [u]B = [u]Bc . (∗)
Da igualdade (∗), resulta [u]B = B −1 [u]Bc . Por conseguinte, a matriz B −1 é a matriz de passagem da base Bc para a
base B.
A fórmula [u]B = B −1 [u]Bc (†) será retomada na página seguinte.
Sabemos que as coordenadas de X na base B e as coordenadas de X na base Bc satisfazem a relação [X ]Bc = [B][X ]B . Desta
fórmula, extrai-se: [X ]B = [B]−1 [X ]Bc . Isto é: o vetor das coordenadas de um vetor arbitrário X na base B pode ser expresso pelo
produto entre a inversa da matriz formada pela base B e o vetor das coordenadas de X na base canónica.
Por conseguinte, perante o objetivo: a partir do vetor [X ]B , explicitar a base B, devemos começar por transformar este vetor no
produto de uma matriz pelo vetor [X ]Bc . A matriz que vier a ser explicitada é a matriz B −1 . Agora, explicita-se a inversa desta
matriz, a matriz B . Finalmente, sendo Cj a coluna j da matriz B , a base B apresenta-se: B = C1 , C2 , · · · , Cn .
Dados : X é um vetor arbitrário, canónico, do espaço Rn ; [X ]B é o vetor das coordenadas de X relativas a uma base B.
1 Exprimir o vetor [X ]B num produto de uma matriz quadrada pelo vetor [X ]Bc .
Gauss
h i h i
3 Executar o método B −1 |In −−−−→ In | B .
Jordan
4
Considerar B = C1 , C2 , · · · , Cn ; e escrever B = C1 , C2 , · · · , Cn .
Gauss
h i h i
Etapa (3): executar o método B −1 |In −−−−→ In | B .
Jordan
1 −1 0 0 | 1 0 0 0 1 −1 0 0 | 1 0 0 0 1 0 0 0 | 1 0 1 0 1 0 0 0 | 1 0 1 0
L2 ↔L3 L2 +L2
0 0 1 −1 | 0 1 0 0 − 0 1 0 0 | 0 0 1 0 −− 0 1 0 0 | 0 0 1 0 −−−−→ 0 1 0 0 | 0 0 1 0 = In | B .
h i
0 1 0 0 |0010
− − −−→ 0 0 1 −1 | 0 1 0 0
− −→ 0 0 1 −1 | 0 1 0 0 0 0 1 0 | 1 1 0 −1
L4 −L1 −L4 L3 +L4
1 −1 0 −1 | 0 0 0 1 0 0 0 −1 | −1 0 0 1 0 0 0 1 | 1 0 0 −1 0 0 0 1 | 1 0 0 −1
" 0 #!
0
" # " # " #
1 1
0 0 1 0
Etapa (4): B= 1
, 1
, 0
, −1 .
1 0 0 −1
Prova.
2 Também, por G e H serem subespaços de E, o vetor 0E está em G e, também, em H. Logo, 0E está na interseção. Deste modo,
fica provado que G ∩ H 6= Ø.
3 Se X e Y são dois quaisquer vetores de G ∩ H, então o vetor X + Y está em G ∩ H.
Provemos.
(a) Por X estar em G ∩ H, X está em G e, também, X está em H.
(b) Por Y estar em G ∩ H, Y está em G e, também, Y está em H.
(c) Por (a) e (b) e porque G é subespaço de E, o vetor X + Y está em G.
(d) Por (a) e (b) e porque H é subespaço de E, o vetor X + Y está em H.
(e) Por (c) e (d), o vetor X + Y está em G ∩ H.
4 Se α é um qualquer número real; e X um qualquer vetor de G ∩ H, então o vetor (αX ) está em G ∩ H.
Provemos.
(f) Por (3.a) e porque G e H são subespaços de E, o vetor (αX ) está em G e, também, (αX ) está em H.
(g) Por (f), o vetor (αX ) está na interseção G ∩ H.
5 Por 1 , 2 , 3 e 4 , fica provado que G ∩ H é subespaço de E.
Exemplo
n o n o
Seja G = (x, y , z, w) ∈ R4 : x + y + 2z = 0 e H = (x, y , z, w) ∈ R4 : 3z + w = 0 ∧ x − y − z + w = 0 .
Neste caso, E1 (X ) é x + y + 2z = 0 e E2 (X ) é
3z + w = 0 ∧ x − y − z + w = 0 .
x
x + y + 2z = 0 1 1 2 0 0
y
Portanto, E1 (X ) ∧ E2 (X ) ⇐⇒ 3z + w = 0 ⇐⇒ 0 0 3 1
z = 0.
x −y −z+w =0 1 −1 −1 1 0
w
Aplicando o método de Gauss-Jordan à matriz deste SEL, temos:
1 1 2 0 | 0 1 1 2 0 | 0 1 1 2 0 | 0
0 0 3 1 | 0 −−−−→ 0 0 3 1 | 0 −−−−− → 0 −2 −3 1 | 0
1 −1 −1 1 | 0 L3 −L 1 0 −2 −3 1 | 0 L3 ↔L 2 0 0 3 1 | 0
− 1 L2
1 1 2 0 | 0
L −2L
1 1 0 − 32 | 0 1 0 0 1
3
| 0
2 3 − 12 | 1 3
−−−−→ 0 1 0
− −−−−− → 0 1 0 −1 | 0 −−−−→ 0 1 0 −1 | 0 .
2
1L 1 L − 3L 1 L1 −L2 1
3 3 0 0 1 3
| 0 2 2 3 0 0 1 3
| 0 0 0 1 3
| 0
n o
Assim, G∩H = (x, y , z, w) ∈ R4 : z = − 13 w ∧ y = w ∧ x = − 31 w .
O método que vamos descrever assenta no seguinte facto: G ∩ H = vetores de H que são gerados pelos geradores de G .
Esta interpretação do conceito de interseção permite exprimir um vetor genérico de H na forma de uma combinação linear de
geradores de G. Assim, se G = u1 , u2 , · · · , uk e V é um vetor genérico de H, então os vetores do subespaço
G ∩ H são os vetores V tais que a equação u1 , u2 , · · · , uk Y = V (∗) é possível. As condições impostas, por esta
proposição, sobre o vetor V deverão ser mergulhadas neste mesmo vetor V , obtendo o vetor W . Este vetor W é um vetor genérico do
subespaço G ∩ H.
Método ( G ∩ H: dados geradores de um; vetor genérico do outro )
1
Consideremos G = u1 , u2 , · · · , uk . Para alguns vetores V , é possível, a equação (∗) G Y =V .
2
Executar o método: G| V −−−− → G(fe) | V .
Gauss
3 Da igualdade car G(fe) |V = car G(fe) , extrair as equações lineares homogéneas pertinentes.
4 Mergulhar as condições descritas pelas equações lineares homogéneas, referidas no ponto precedente, no vetor V .
O vetor resultante é o vetor W . Este vetor é um vetor genérico do subespaço G ∩ H.
Sendo G e H dois subespaços do espaço vetorial E, define-se G+H pelo conjunto dos vetores que são soma de um vetor de G
com um vetor de H.
Prova.
Pela caracterização de subespaço-soma, concluímos que um conjunto de geradores de G+H é a união de um conjunto de
geradores de G com um conjunto de geradores de H.
Proposição
G + H = geradores-de-G ∪ geradores-de-H .
−1 −2 0 1 4
4
1 0 0 1 0
Exemplo Sejam G e H subespaços de R , tais que: G = , , ;
0 1 0 0 , 1 .
H =
0 0 1 0 −3
−1 −2 0 1 4
1 0 0 1 0
Logo: G + H =
0 , 1 , 0 , 0 , 1 .
0 0 1 0 −3
Observação. O conhecimento de um conjunto de geradores é um bom ponto de partida para trabalhar num subespaço-soma.
Fim do capítulo