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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

PRÉ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


DEPARTAMENTO DE PESQUISA
DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
COORDENAÇÃO DO CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

DOS CONTRATOS EM ESPÉCIE

MACAPÁ, SETEMBRO 2017


DIOGO JESUS XAVIER FEITOZA DE OLIVEIRA
DOS CONTRATOS EM ESPÉCIE

Trabalho acadêmico realizado como requisito para a


obtenção de média parcial na disciplina Direito Civil
I, ministrada no Primeiro Semestre Letivo de 2017,
na Turma de Direito/2015, da Universidade Federal
do Amapá, orientado pelo Prof. Porpino.

MACAPÁ, AGOSTO DE 2017


1. DO DEPÓSITO

O contrato de depósito tem previsão jurídica legal no capítulo IX, a partir


do artigo 627 do Código Civil de 2002, que tem o referente texto: “Pelo
contrato de de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar,
até que o depositante o reclame”.
As partes são o depositante (aquele que entrega/deposita o objeto móvel)
e o depositário (aquele que guarda/recebe o objeto do contrato). Quanto ao
termo “depósito”, há bilateralidade de sentido, sendo utilizado tanto para o
contrato em espécie quanto em referência ao objeto contratual.
O contrato tem como objetivo maior a guarda de coisa alheia. Se difere de
um contrato de comodato pois o depositário não recebe a coisa para o seu
uso, salvo se assim permitido (art. 640). Caso haja além da guarda do objeto,
a sua administração, haverá simultaneidade de contratos (contrato e
mandato), caso visto em manejo de ações bancárias com seus clientes.
Entre os seus elementos característicos, está a obrigação de restituir a
coisa avençada no contrato. Tal momento é definidor na temporariedade do
contrato, pois este é o momento que encerra a avença, podendo ocorrer em
uma data fixada ou no instante que o depositante exigir a restituição.
Trata-se de um contrato bilateral quando oneroso e unilateral quando
gratuito. Sua classificação é diversa, podendo ser simples ou empresarial (fins
econômicos); contratual (acordo de vontades) ou judicial (a mando do juiz);
regular e irregular; depósito necessário, este se subdividindo em depósito
legal, miserável (quando ocorre calamidade publica e pessoas necessitam a
guarda de suas coias) e hospedeiro (estabelecimento assume posição de
depositário em relação às bagagens de seus hóspedes). Além disso, em geral
os contratos e depósito são caracterizados como não solene, real, gratuito ou
oneroso.
As obrigações são recíprocas quando os contratos são bilaterais.
Quando unilateral, recai obrigação ao depositante por fatos supervenientes,
como obrigação de reembolsar despesas e indenizar prejuízos devido a
guarda da coisa pelo depositário. Inclusive, frisa-se que o art. 644 concede o
direito de retenção da coisa pelo depositário até que seja custeada os gastos
tido pela coisa. Quanto ao depositário, sempre a conversação do bem
depositado.
Talvez o ponto de maior holofote jurídico do tema é a prisão do
depositário infiel (aquele que agiu com descuido e deixou-se perder o objeto
depositado). O art. 652 prevê uma prisão civil de até um ano para o
depositário infiel, aquele que não restitui a coisa quando exigido pelo
depositante. Entretanto, já é pacificado e sumulado tanto pelo STJ (Sumula
419) e STF (Sumula 25) a invalidez desta modalidade de prisão, abordagem
feita pela assinatura do Tratado de Direitos Humanos de 2004 pelo Brasil.

O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (ONU, 1966), ao qual o


Brasil aderiu, impede a prisão civil do depositário infiel (art. 11), encontrando-
se dispositivo similar na Convenção Americana de Direitos Humanos,
igualmente assinada pelo governo brasileiro (art. 7º, § 7º).

Art.11 Ninguém será encarcerado pelo simples facto de não poder cumprir
uma obrigação contratual (Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos).

Art. 7 Ninguém deve ser detido por dívidas.  Este princípio não limita os
mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de
inadimplemento de obrigação alimentar. (Convenção Americana de Direitos
Humanos)

Súmula 419 STJ -Descabe a prisão civil do depositário judicial infiel.


Súmula Vinculante 25 STF. É ilícita a prisão civil de depositário infiel,
qualquer que seja a modalidade de depósito

Julgado sobre Prisão de Depositário Infiel


"Direito Processual. Habeas Corpus. Prisão civil do depositário infiel. Pacto de
São José da Costa Rica. Alteração de orientação da jurisprudência do STF.
Concessão da ordem. 1. A matéria em julgamento neste habeas corpus
envolve a temática da (in)admissibilidade da prisão civil do depositário infiel
no ordenamento jurídico brasileiro no período posterior ao ingresso do Pacto
de São José da Costa Rica no direito nacional. 2. Há o caráter especial do
Pacto Internacional dos Direitos Civis Políticos (art. 11) e da Convenção
Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de San José da Costa Rica (art. 7°,
7), ratificados, sem reserva, pelo Brasil, no ano de 1992. A esses diplomas
internacionais sobre direitos humanos é reservado o lugar específico no
ordenamento jurídico, estando abaixo da Constituição, porém acima da
legislação interna. O status normativo supralegal dos tratados internacionais
de direitos humanos subscritos pelo Brasil, torna inaplicável a legislação
infraconstitucional com ele conflitante, seja ela anterior ou posterior ao ato de
ratificação. 3. Na atualidade a única hipótese de prisão civil, no Direito
brasileiro, é a do devedor de alimentos. O art. 5°, §2°, da Carta Magna,
expressamente estabeleceu que os direitos e garantias expressos no caput do
mesmo dispositivo não excluem outros decorrentes do regime dos princípios
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte. O Pacto de São José da Costa Rica, entendido
como um tratado internacional em matéria de direitos humanos,
expressamente, só admite, no seu bojo, a possibilidade de prisão civil do
devedor de alimentos e, conseqüentemente, não admite mais a possibilidade
de prisão civil do depositário infiel. 4. Habeas corpus concedido." (HC 95967,
Relatora Ministra Ellen Gracie, Segunda Turma, julgamento em 11.11.2008,
DJe de 28.11.2008)

2. MANDATO

O mandato é uma espécie contratual muito comum no cotidiano jurídico.


Trata-se de quando alguém recebe poderes de outrem para em seu nome
praticar atos ou administrar interesses (vide art. 653 do CC de 2002).
É tido como uma representação de alguém por outra pessoa. O
mandante, aquele que será representado, se torna vinculado a todos os atos
praticados no âmbito dos poderes outorgados por aquele que o representa,
quanto aqueles fora dos poderes outorgados, só se vincula o mandante se
este ratificar os atos.
Os mandatários podem ser legais (pais, tutores ou curadores), judiciais
(quando nomeado por juiz) ou convencionais (aqueles que recebem para agir
em nome de outro).
Quanto as espécies de mandato, podem ser expressos ou tácitos,
gratuito ou remunerado, extrajudicial (ad negotia) ou judicial (ad judicia),
simples ou empresário, termos gerais ou com poderes especiais, conjunto ou
fracionário, atinentes a uns negócios especifico ou a todos os do mandante.
Além de ser considerado um contrato em sua essência por depender
de aceitação da outra parte, sua natureza jurídica é tida como consensual,
personalíssimo personae, não solene, gratuito ou oneroso (ex. Advocacia,
que exerce profissão como um mandatário), unilateral.
Entretanto, mesmo sendo unilateral em regra, ambos concorrem com
obrigações. Ao mandante, cabe satisfazer as obrigações assumidas pelo
mandatário dentro dos poderes conferidos a ele (art.675); cumprir com as
despesas atinentes a execução do mandato, salvo se existentes por culpa do
mandatário; cumprir com o pagamento da remuneração ao mandatário se
assim avençado; indenizar este por eventual prejuízo ocorrido devido ao
mandato.
Já ao mandatário, cabe: agir dentro dos limites dos poderes
concedidos (art. 660); aplicar sua diligência habitual na execução do mandato
e responder por eventuais prejuízos por sua culpa; a prestação de contas de
suas ações e transferência de vantagens provenientes do mandato (art. 668);
apresentar a procuração àqueles que tratar em nome do mandante; em caso
de morte ou incapacidade do mandante, concluir o negócio já começado. (art.
674).
Quanto às espécies a doutrinas tem identificado os seguintes
mandatos: expresso ou tácito, verbal ou escrito; gratuito ou remunerado; ad
negotia (extrajudicial) e ad judicia; civil e mercantil; em termos gerais e com
poderes especiais; conjunto, solidário, sucessivo ou fracionário; especial a um
ou mais negócios determinadamente, ou geral a todos os do mandante (art.
660).
Destaque-se que entre as espécies, a procuração "ad negotia" é
conferida para a prática e administração de negócios em geral. A procuração
ad judicia é outorgada para o foro, autorizando o procurador a propor ações e
a praticar atos judiciais em geral. O mandato mercantil é restrito aos negócios
mercantis entre empresários. O mandato em termos gerais só confere
poderes de administração. Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros
quaisquer atos que exorbitem da administração ordinária, depende a
procuração de poderes especiais e expressos.

Sendo dois ou mais os mandatários nomeados no mesmo instrumento,


qualquer deles poderá exercer os poderes outorgados, se não forem
expressamente declarados conjuntos, nem especificamente designados para
atos diferentes, ou subordinados a atos sucessivos. Se os mandatários forem
declarados conjuntos, não terá eficácia o ato praticado sem interferência de
todos, salvo havendo ratificação, que retroagirá à data do ato
Dentre os modelos de mandato, sem duvidas o mais conhecido no
mundo jurídico é o ad judicia, nos seguintes moldes:

 P R O C U R A Ç Ã O
 
OUTORGANTE: (Nome do Outorgante), (nacionalidade), (estado civil),
(profissão), CI (n. da Carteira de Identidade), inscrito no CPF sob o número
(n. do CPF), residente e domiciliado na cidade de (nome da cidade), na (Rua,
Av., etc. logradouro e número).
  
OUTORGADO: (Nome do Outorgado), (nacionalidade), (estado civil),
advogado, inscrito na OAB/(UF), sob o número (n. da inscrição na OAB) e no
CPF sob o número (n. do CPF), residente e domiciliado na cidade de (nome
da cidade), com escritório na (Rua, Av., etc. logradouro e número).
  
PODERES: pelo presente instrumento o outorgante confere ao outorgado
amplos poderes para o foro em geral, com cláusula "ad-judicia et extra", em
qualquer Juízo, Instância ou Tribunal, podendo propor contra quem de direito,
as ações competentes e defendê-lo nas contrárias, seguindo umas e outras,
até final decisão, usando os recursos legais e acompanhando-os, conferindo-
lhe ainda, poderes especiais para receber citação inicial, confessar, e
conhecer a procedência do pedido, desistir, renunciar ao direito sobre que se
funda a ação, transigir, firmar compromissos ou acordos, receber e dar
quitação, podendo agir em Juízo ou fora dele, assim como  substabelecer
esta a outrem, com ou sem reservas de iguais poderes, para agir em conjunto
ou separadamente com o substabelecido.
  
FINALIDADE: para o fim de (escrever a finalidade, por exemplo, propor ação
de – nome da ação – contra – nome da pessoa contra quem a ação será
ajuizada)
 
  
(Cidade, UF), _____de __________de _____
 
  
 
______________(assinatura) ______________
(nome completo)

3. JOGO E APOSTA

A principal característica dos dois contratos é que são contratos aleatórios,


ambos em sua essência com elemento álea. Sua previsão jurídica está no
capítulo XVIII, do art. 814 ao 817 do Código Civil de 2002. Suas naturezas
jurídicas são contratos bilaterais, aleatórios, onerosos.
Seus conteúdos, apesar de baseados na sorte e risco, são diferentes. No
jogo, o resultado do contrato depende da atuação, participação das partes.
Aquela parte que sair vencedora no jogo avençado, irá levar uma importância
previamente acordada. Já a aposta, não depende de atuação das partes e
sim de um fato alheio às suas vontades. Aquele que tiver o ponto de vista
quanto a uma previsão mais assertivo é vencedor e consequentemente
credor de certa soma.
As espécies de jogos são dividas em ilícitos (que dependem
exclusivamente da sorte, como jogo do bicho, aposta em cavalos fora de
hipódromos) e lícitos (dependem da habilidade da parte), estes subdividos em
jogos tolerados, em que a lei não o torna ilícito mas não são bem-vistos por
ela pelas suas limitações de inexigibilidade das obrigações advindas dele, e
jogos autorizados, pois a lei permite e dá subsídios de exigibilidade judicial
pelos efeitos de um negócio jurídico comum.
Tal inexigibilidade se sustenta na ideia de que certos jogos terem
inutilidade social, devendo gerar apenas obrigações naturais (aquelas
inexigíveis). Entretanto, encontra exceções: quando o perdedor paga ao
vencedor e descobre que esse usou meios fraudulentos, pode recobrar a
quantia paga e a outra exceção é quando o perdedor é menor ou interdito
(art. 814).

A afirmação da natureza contratual do jogo e da aposta já os consagra


como contratos típicos e nominados. Trata-se de modalidades contratuais
bilaterais, com direitos e obrigações para ambos os contratantes, admitindo-
se uma plurilateralidade (ou multilateralidade), na medida em que haja mais
de dois pactuantes.
Embora possa ser estabelecido, sem problemas, na modalidade
gratuita, o jogo e a aposta somente tem relevância para o Direito quando
celebrados de forma onerosa.
Tendo em vista o elemento sorte (ou azar) que os envolve, são,
obviamente, contratos aleatórios, já que a obrigação de uma das partes
somente pode ser considerada devida em função de coisas ou fatos futuros,
cujo risco da não ocorrência foi assumido pelo outro contratante. Podem ser
estabelecidos tanto de forma paritária, como por adesão, sendo ilustrativos,
respectivamente, os exemplos da aposta entre amigos e a "fezinha" na loteria
esportiva.
Pela álea inerente ao contrato, a classificação de contrato evolutivo é
inaplicável ao jogo e aposta. São típicos contratos civis, inaplicáveis para
relações comerciais, trabalhistas e administrativos, podendo se revestir como
contratos consumeristas.
Quanto à forma, são contratos não solenes e consensuais. A priori,
quanto à importância da pessoa do contratante para a celebração e produção
de efeitos do contrato, tais negócios jurídicos classificam-se como pessoais
(também chamados de personalíssimos ou realizados intuitu personae).

São contratos individuais, pois estipulados entre pessoas determinadas,


ainda que em número elevado, mas consideradas individualmente. Quanto ao
tempo, podem ser tantos contratos instantâneos (seja de execução imediata
ou de execução diferida), quanto de duração (determinada ou indeterminada),
a depender da situação concreta

Pontos interessantes a serem abordados são dois tipos de contratos


que não são considerados jogos ou apostas: o contrato de mercado a termo
(bolsa financeira) e o uso do sorteio (divisão de coisas comuns). O primeiro
pela sua função econômica de um mercado livre (art. 816) e o segundo pelo
seu uso costumeiro social para dirimir situações, como sorteio dos jurados,
distribuição de varas, divisão de quinhão hereditário (art. 817).

4. FIANÇA

O contrato de fiança encontra embasamento jurídico no capítulo XVIII,


do art. 818 ao 826 do Código Civil de 2002. É um contrato, assim como os
demais, muito comum no dia a dia pela segurança trazida no mercado de
crédito, seja no varejo ou no mercado bancário.
Conforme disposto no art. 818, o contrato de fiança existe quando
uma terceira pessoa (chamado fiador) garante a responsabilidade de assumir
uma obrigação ao credor caso o devedor originário não a cumpra.
Apesar de ser uma forma de garantia de crédito, se diferencia da
caução real porque a garantia está juridicamente ligada a um patrimônio
pessoal de terceiro (garantia fidejussória), enquanto aquele está vinculado a
um determinado bem (hipoteca, penhor, etc. Vale ressaltar que há diferença
também do aval, pois este está restrito apenas ao direito cambiário e um tipo
de contrato autônomo enquanto a fiança é acessível por todas tipos de
obrigações e é contrato acessório.
Sua natureza jurídica contratual é de um contrato acessório e
subsidiário, existindo quando não há adimplemento da obrigação principal;
unilateral, pois gera obrigações somente a uma parte; solene, por exigir forma
escrita (art. 819); gratuita em regra; intuitu personae, porque em motivo da
confiança que o afiançado merece.
O contrato de fiança conta com requisitos, sendo eles: livre
capacidade jurídico a para ser fiador, ausente restrições legais ou
convencionais; aceite do credor, podendo este recusar a escolha do fiador
(art.825); possibilidade de exigir troca do fiador quando este se tornar
solvente ou incapaz (art. 826); consentimento do cônjuge do fiador; a validez
da obrigação principal.
Existe nesse tipo contratual o benefício de ordem, prerrogativa, desde
que não tenha sido renunciada, do devedor exigir que sejam executados
primeiros os bens do devedor principal, posteriormente o seu, e desde que
não seja um devedor solidário também. Caso exista a figura de cofiador, mais
de um fiador, cada um responde pela parte que lhe cabe.
Assumindo e adimplindo integralmente a obrigação do devedor
principal, o fiador fica sub-rogado de pleno direito nos direitos do credor e
consequentemente capaz de exigir o pagamento, pelo afiançado, do que foi
desembolsado. Ressalta-se também a possibilidade de exigir juros e perdas e
danos sofridas pelo fiador ao pagar a divida do afiançado. (art. 832 e 834).
Extingue-se a fiança quando: em caso de não existir um prazo
determinado ou negócio determinado, 60 dias após a notificação do credor
pelo fiador, ficando este exonerado. (art. 835); quando ocorre dilação do
prazo contratual da obrigação contratual sem o consenso do fiador; caso de
dação em pagamento da divida principal; frustação à futura subrogação legal
do fiador quando o afiançado por exemplo abre ou mão de uma hipoteca; a
própria morte do fiador ou afiançado, passando as obrigações aos limites
legais para seus herdeiros.
5. CONTRATO DE SOCIEDADE

O contrato social está previsto no art. 997 do CC de 2002. Trata-se de


meio em qual uma sociedade se constitui, devendo ser escrito, podendo ser
publico ou privado, e mencionando: I - nome, nacionalidade, estado civil,
profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a
denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;II - denominação,
objeto, sede e prazo da sociedade;III - capital da sociedade, expresso em
moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens,
suscetíveis de avaliação pecuniária; IV - a quota de cada sócio no capital
social, e o modo de realizá-la; V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja
contribuição consista em serviços; VI - as pessoas naturais incumbidas da
administração da sociedade, e seus poderes e atribuições; VII - a participação
de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII - se os sócios respondem, ou não,
subsidiariamente, pelas obrigações sociais.
Uma sociedade consiste em uma convenção entre duas ou mais
partes que conjugam esforços e recursos financeiros para consecução de um
fim comum aos dois. São consideradas civis ou comerciais de acordo com o
fim visado; universais ou particulares dependendo dos limites a serem
atingidos os bens que os sócios concorrem.
Feito o contrato social, gera obrigações aos sócios em relação as
contribuições previstas em contrato, e caso não as façam, responde por mora
depois de 30 dias da notificação pela sociedade (art. 1004). Aquele sócio que
se comprometeu a contribuição à sociedade em forma de prestação de
serviços não poderá empregar-se em outra atividade estranha, salvo se assim
estipulado, com pena de ser privado do lucro ou excluído da sociedade
(art.1006).
Quanto a participação nos lucros advindos da sociedade, cabe a cada
um o que lhe é devido de acordo com a proporção de suas quotas, com
exceção do sócio cuja contribuição consiste em serviços, devendo sua
participação nos lucros esta ligada na proporção da média do valor das
quotas, conforme exposto no art. 1007 do CC.
Quanto aos direitos dos sócios, têm eles: de participar nos lucros
produzidos pela sociedade; colaborar no funcionamento da sociedade;
reembolsar-se das despesas; servir-se dos bens sociais; administrar a
sociedade; associar um estranho ao seu quinhão social; votar nas
assembleias gerais; retirar-se da sociedade.
A dissolução da sociedade pode ocorrer quando atingido o prazo de
durabilidade no contrato determinado no contrato, pela cassação judicial, pela
morte ou renuncia de um dos sócios quando existirem dois, pelo distrato ou
consenso unânime, pela nulidade do contrato, pela falência de um dos sócios,
a extinção da autorização para funcionamento (art. 1033).

6. CONTRATO DE PARCERIA RURAL

Como claro pelo próprio nome, contrato de parceria rural é ligada


cessão de um espaço para a exploração de recursos rurais, sejam eles
advindos da flora ou da fauna. A parceria pode ser agrícola, agropecuária,
extrativa, agroindustrial ou mista, a seguir explicadas.
Parceria agrícola é quando um espaço para o cultivo de recursos
vegetais é cedido a outra pessoa em troca da divisão dos frutos resultantes
da exploração ocorrida.
Parceria agropecuária é atinente a cessão de animais para diversos
fins, sejam ele para engorda, cria, invernagem, recria, em contrapartida da
divisão dos resultados.
Já a parceria extrativa, é relativa a cessão da extração de de um
produto agrícola, florestal ou de animal. Quando se trata de parceria
agroindustrial, é caracterizada por existir a transformação dos recursos para
estarem pronto para a venda.
Previsão legal no art. 4º do decreto 59.566 de 66:
“Art 4º Parceria rural é o contrato agrário pelo qual uma
pessoa se obriga a ceder à outra, por te mpo determinado ou
não, o uso especifico de imóvel rural, de parte ou partes do
mesmo, incluindo, ou não, benfeitorias, outros bens e ou
facilidades, com o objetivo de nêle ser exercida atividade de
exploração agrícola, pecuária, agro-industrial, extrativa vegetal
ou mista; e ou lhe entrega animais para cria, recria, invernagem,
engorda ou extração de matérias primas de origem animal,
mediante partilha de riscos do caso fortuito e da fôrça maior do
empreendimento rural, e dos frutos, produtos ou lucros havidos
nas proporções que estipularem, observados os limites
percentuais da lei (artigo 96, VI do Estatuto da Terra).”

7. CONTRATO DE GESTÃO DE NEGÓCIO

Gestão de negócios é quando há uma intervenção, não autorizada, de


uma pessoa (gestor de negócio) na direção dos negócios de um terceiro
(dono do negócio), feita segundo o interesse, a vontade presumível e por
conta do real dono; é a administração oficiosa de interesses alheios, feita sem
uma procuração, por isso se diferindo do mandato.
Encontra embasamento jurídico do art. 861 até o art. 875 do Código Civil.
Sua natureza jurídica é de um contrato unilateral, não solene, gratuito. Ao
gestor do negócio, cabe agir sempre de modo presumível de como agiria o
dono. Caso haja sem vontade a vontade deste, responderá até pelos danos
de casos fortuitos (art. 862). Deve ocorrer em casos em que demonstrem a
motivação de intervenção por uma necessidade ou por utilidade para o dono
do negócio.
Constitui obrigação ao gestor informar ao dono do negócio tão logo da
gestão que assumiu para que receba resposta de ratificação. (art. 864);
empenhar-se com suas competências na gestão do negócio, responde pelos
prejuízos ocorridos por sua culpa (art. 866); não promover negócio de risco
mesmo que o dono costumasse fazer, respondendo aquele pelo caso fortuito
( 868); responder pelas faltas de algum gestor substituto que proposto por si
mesmo (art. 867).
Cumpre ao gestor, portanto, aguardar a resposta antes de tomar
qualquer outra providência. Só deverá agir, sem resposta, se a demora puder
acarretar algum prejuízo para o negócio.
Recebendo a comunicação do gestor, o dono do negócio tomará uma
das deliberações assim elencadas por Washington de Barros Monteiro:
a) desaprovará a gestão, caso em que a situação se regerá pelo art. 874 do
Código Civil (Se o dono do negócio, ou da coisa, desaprovar a gestão,
considerando-a contrária aos seus interesses, vigorará o disposto nos arts.
862 e 863, salvo o estabelecido nos arts. 869 e 870.);
b) aprová-la-á expressa ou tacitamente, caso em que a gestão se converterá
em mandato expresso ou tácito;
c) aprová-la-á na parte já realizada, desaprovando-a, porém, para o futuro;
d) constituirá procurador, que assumirá o negócio no pé em que se achar,
extinguindo-se assim a gestão;
e) assumirá pessoalmente o negócio, cessando igualmente a gestão, como
no caso da letra anterior”.
Se o negócio for utilmente administrado, cumprirá ao dono as obrigações
contraídas em seu nome, reembolsando ao gestor as despesas necessárias
ou úteis que houver feito, com os juros legais, desde o desembolso,
respondendo ainda pelos prejuízos que este houver sofrido por causa da
gestão.
  Vigora o disposto neste artigo, ainda quando o gestor, em erro quanto
ao dono do negócio, der a outra pessoa as contas da gestão.  A utilidade, ou
necessidade, da despesa, apreciar-se-á não pelo resultado obtido, mas
segundo as circunstâncias da ocasião em que se fizerem.
Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem
taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados
segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos
devidos à Fazenda Nacional.
Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da
mora que se contarão assim às dívidas em dinheiro, como às prestações de
outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o valor pecuniário por
sentença judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes.

8. SEGURO

Contrato de seguro, segundo o art. 757: considera-se contrato de seguro


aquele pelo qual uma das partes, denominada segurador, se obriga a garantir
interesse legítimo da outra, intitulada segurado, relativo a pessoa ou a coisa,
contra riscos predeterminados. O objeto principal do seguro é o risco. Para
exercer a atividade securitária, deve o segurador ser uma sociedade anônima,
mútua ou cooperativa e acima de tudo com autorização governamental.

Através do recebimento do prêmio (geralmente em prestações) pelo


segurado, o segurador se obriga ao pagamento de quantia previamente
acordada, a indenização, se ocorrer o fato também previamente estipulado,
chamado sinistro. Exemplo: segurador se obriga ao pagamento de
indenização caso ocorra um sinistro em estabelecimento comercial do
segurado que mantém contrato de seguro e paga em dia as parcelas
acordadas.

Por se tratar de contrato aleatório, depende que ocorra ou não o sinistro.


Caso este não ocorra, o segurador recebe o prêmio sem indenizar o
segurado, o contrário de que caso aconteça. Em geral, há participação da
figura do resseguro, uma espécie de seguro do segurador. Ou seja, uma
forma de distribuição da responsabilidade pela obrigação.

Sua natureza jurídica é de um contrato sinalagmático ou bilateral;


oneroso; aleatório; de adesão; consensual. Sua forma é chamada de apólice,
documento pelo qual se tem o instrumento do contrato de seguro.

Quanto ao bem jurídico que recai o seguro, em regra pode incidir sobre
quaisquer bens. Entretanto, a lei veda as seguintes modalidades: objetos
ilícitos; aqueles que contem cláusulas que ferem a ordem pública,
cumulatividade de seguro ou valor da indenização maior que o valor do objeto
segurado.

Para uma efetiva existência do contrato de seguro, o art. 765 do CC nos


remete ao elemento fundamenta do contrato: a boa fé e a veracidade
praticada pelas partes. Todo aquele que agir de má-fé, tentando ludibriar o
segurador omitindo ou alterando informações perde o direito do prêmio e fica
sujeito ao pagamento do prêmio vencido (art. 766).

A classificação dos seguros é diversa. Para evitar prolongamentos,


abordaremos os mais comuns no cotidiano. Primeiramente, podem ser
obrigatórios (os sociais, como o INSS) ou privados, dividindo em terrestre,
marítimo ou aéreos. Quanto ao objeto, podem ser de objetos ou de pessoas
(seguro de vida e de acidentes pessoais). Os terrestres se subdividem em
seguro de dano, este dividido em seguro de coisas (danos a bens próprios) ou
seguro de responsabilidade civil (danos causados a terceiros).

Como os contratos de seguro não visam o enriquecimento, alude o


Código Civil que para que haja mutualidade de seguros sobre o mesmo
objeto, deve o segurado informar previamente sua intenção ao primeiro
segurador e que a soma dos prêmios jamais ultrapasse o valor do objeto
segurado.

Vale ressaltar também que é comum durante sinistros danos que o


segurado comete por ele mesmo ou por terceiros para dirimir o prejuízo a
coisa segurada, ex: destruir por total um prédio para evitar que o fogo se
propague a outros lugares. O artigo 779 do Código Civil alude que cabe ao
segurador responder tanto pelo sinistro quanto pelos resultados consequentes
dele.

O que ocorre quando o valor do prêmio contratado for inferior ao dano


do sinistro? O art. 783 traz previsão da cláusula de rateio, que comumente
não é bem aceita pelos segurados. Consiste na assunção pelo segurado da
diferença entre o dano e o prêmio, seja em caso de sinistro parcial ou perda
total do bem.
Existe no contrato de seguro a sub-rogação. O segurador, ao pagar o
prêmio ao segurado, sub-rogasse no direito deste para pleitear os prejuízos,
sempre no limite do valor do prêmio, contra aquele que causou o dano. (vide
art. 786 e Sumula 188 do STF). Entretanto, o código traz exceções: não se
sub-roga quando ocasionado culposamente por descendente, ascendente,
cônjuge consanguíneos ou afins do segurado.

Um contrato muito corriqueiro é o contrato de responsabilidade civil,


que o segurador responde pelos danos causados a terceiros pelo segurado
agindo culposamente ou não. O art. 787 em seus parágrafos traz algumas
peculiaridades: deve o segurado comunicar imediatamente o segurador sobre
o dano causado; não deve o segurado tentar transigir ou pagar a indenização
ao terceiro; deve o segurado denunciar a lide processualmente qualquer for
demandado pelo terceiro.

Quanto ao contrato obrigatório, este tem alto alcance social.


Independentemente da apuração se houve culpa o não, é obrigado ao
pagamento imediato ao terceiro prejudicado, mesmo que não se saiba quem
foi que ocasionou. É necessário somente a apresentação de documento que
comprove que houve o acidente e sua condição de beneficiário. (lei 6.194 de
1974).

Ao contrato de seguro de pessoa, cabe dizer que sua finalidade é


beneficiar a vida e as faculdades humanas. Seu objetivo é uma segurança
financeira com entrega de valores aos herdeiros ou protegidos, quando um
seguro de vida, ou indenizar o próprio segurado em caso de acidentes
pessoais que cause danos a sua saúde.

O seguro de pessoa, assim designado no novo Código Civil e não


mais seguro de vida tem como objeto a vida e as faculdades humanas.
Diferente do seguro de coisas, não possui caráter indenitário, pois o valor do
dano é inestimável.

O capital segurado é livremente estipulado pelo proponente e não


mais pelas partes como no CC de 1916.

Quando o seguro de vida é feito sobre a vida de outrem é obrigatório


a justificação do interesse pela preservação daquela que segura, pois
entende que o consentimento prévio não isenta a necessidade de
comprovação.

Na falta de designação do beneficiário nem por ato entre vivos,


nem por testamento, ficou estabelecido que o seguro de vida será pago
metade ao cônjuge não separado judicialmente e o restante aos herdeiros do
segurado (e não somente aos herdeiros como preceitua o artigo 1743 do
CC/16) obedecida a ordem da vocação hereditária. O seguro não faz parte do
patrimônio do segurado, tanto que se o beneficiário for herdeiro, pode não
aceitar a herança e ter direito ao preço do seguro, que não estará sujeito às
dívidas do segurado ou do estipulante. Esta medida foi estendida aos seguros
de acidentes pessoais, no qual o referido capital não se considera herança
para efeitos de direito.

Há também os inibidos a serem beneficiários, não podendo ser


contemplado aquele que incorre em algum motivo justificativo da doação.
Assim a companheira estaria incluída como uma das pessoas que são
inibidas de serem beneficiárias. Mas o novo Código reconhece a União
Estável e a mesma ganha status de família. Daí o novo Código institui a
companheira como beneficiária, desde que ao tempo do contrato, o segurado
esteja separado do seu cônjuge, judicialmente ou de fato há mais de cinco
anos.

O suicídio para efeito de seguro se divide em voluntário (aquele


suicídio premeditado ou consciente) e o involuntário (seria o suicídio no qual o
indivíduo é levado a cometer por forças irresistíveis). A responsabilidade da
seguradora está vinculada apenas nos casos de seguro involuntário, pois, no
caso de seguro premeditado, ocorre a exclusão do risco, exonerando o
segurador de ter que pagar a indenização. O difícil era comprovar se houve
premeditação ou não do suicídio. Com isso a jurisprudência firmou-se no
sentido de que cabe à seguradora demonstrar e provar a voluntariedade, para
que possa se exonerar da obrigação indenizatória contratada. O novo Código
traz como solução uma carência específica para o risco do suicídio. O
beneficiário não tem direito ao capital estipulado quando o segurado se
suicida dentro dos dois primeiros anos de vigência inicial do contrato ou da
sua recondução depois de suspenso. Por outro lado, isso também pode levar
com que alguns, na busca de salvar os seus, venha a cometer suicídio tendo
em vista a indenização.

Há o seguro de vida em grupo, que é um contrato feito por um


estipulante, onde numa mesma apólice são garantidas várias pessoas, unidas
entre si por interesses comuns e que mantenha relações definidas com o
estipulante. O novo Código prevê que o estipulante não representa o
segurador perante o grupo, e é o único responsável, para com o segurador,
pelo cumprimento de todas as obrigações contratuais.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro Esquematizado. São Paulo:


Saraiva, 2016.

TARTUCE, Flavio. Manual de Direito Civil. 2. ed. São Paulo: Método, 2012.

http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1603/Contratos-frente-ao-Novo-
Codigo-Civil

Diniz, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro - vl. 3 - Teoria das


Obrigações Contratuais e Extra Contratuais. 26. ed., São Paulo:
Saraiva 2010. 

https://www.classecontabil.com.br/artigos/contrato-de-mandato

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