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C â n d id o F u rta d o M a ia N e to
P ro fe s s o r d o C u rs o de M e s tra d o
em D ire ito d a U n iv e rs id a d e P a ra n a e n s e - U N IP A R
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UnB
E q u i p e e d i to r ial : A irto n L u g a ri n h o ( S u p e r v i s ã o e d ito ria l ); R e ja n e d e
M e n e s e s ( A c o m p a n h a m e n to e ditorial); W i lm a G o n ç a lv e s R o sas Saltarelli
( P r e p a r a ç ã o d e o r ig in a is) ; M a u ro C a ix e ta d e D e u s , W i lm a G o n ç a l v e s
R o s a s S a l t a r e lli e S o n j a C a v a l c a n t i ( R e v is ã o ) ; E u g ê n i o F e lix B r a g a
( E d i to r a ç ã o eletrô nica); W a g n e r S o a re s (C a p a).
Impresso no Brasil
Be rista in, A n to n io
B511 N ov a crim inologia à luz do direito penal e da
v i tim o lo g ia / Antonio Beristain; traduç ão de C ân d i-
do Furtado M aia Neto. - B ras ília : E d i to ra U n i -
v e rsid ad e de B ra sília : S ão P au lo : Im p ren s a
O ficial d o E stado , 2 0 0 0 .
194p.
T ra d u ç ã o de: N u e v a c rim in o lo g ía d e s d e el
d e r e c h o p en al y la v ictim o lo g ía.
IS B N 8 5 - 2 3 0 -0 5 9 1 - 9
A sociedade/judicatura atende
a suas vítimas/testemunhas?
Vitimoiogia
Origem da vitimoiogia
1 Mans von Hentig. The crim inal and his victim, 1948.
Primeiramente, a possibilidade de que uma mesma pessoa pos-
sa ser delinqüente ou criminoso segundo as circunstâncias, de ma-
neira que comece no papel de criminoso e siga no de vítima, ou ao
contrário. Também cabe a possibilidade de ser ao mesmo tempo
delinqüente e vítima. Esta figura dual dá-se, com freqüência, atual-
mente, nos jovens viciados que, para conseguir o dinheiro de que
necessitam para comprar drogas, se vêem compelidos a cometer
delitos contra a propriedade.
A segunda noção é a “vítima latente”, que inclui aquelas mu-
lheres e aqueles homens que têm uma predisposição a chegar a ser
vítimas, ou seja, uma certa atração para o criminal. Concretamente,
escreve von Hentig:
4
J. Pinatel. Criminologia. tomo III do Tratado de derecho p e n a l y crim inologia.
trad. Ximena Rodriguez de Canestri. Caracas, 1974, p. 492 ss.
86
N ão há d ú v i d a d e q u e se d ev a a m p l ia r o c a m p o n o s o ló g ic o (e s -
tu d o d a s m o lés tia s ) e co n ce itu a i d a v itim o io g ia. P o d e r -s e -ia d i-
z e r q u e a s o c i c d a d c dc cap ital e c o n s u m o tem c ria d o m a rc o s de
i d e o lo g iz a ç ã o q u e lhe p e rm ite m v itim a r u m a q u a n t id a d e no táv el
de seres h u m anos: delinqüentes, loucos, doentes, m inorias raciais,
m e n o re s , o lig o frê n ic o s , ancião s.
IS
II. J. Hirsch, “Acerca de la posición de la victima e» el derecho penal y eti el
dereclio procesal penal”, Ji/slicia Penai y Sociedad, Revista Guatemalteca de
Ciências Penafes, nu 2, Guatemala. 1992, p. 5 ss.; R. Panikkar, “ La faute origi-
nante...”, A rchivio d i Filosojia, Roma, 1967. p. 65 ss.; E. A. Fattah, “ Beyond
metaphysics: the need for a new paradigm. On aclua! and potentia! contributions of'
crimmology and the social sciences to the reforni of the criminal law” (manuscrito).
tra Kaiser.Iv Entre nós, na Espanha, estamos ainda em véspera des-
se excessivo abuso da vitimoiogia. Mas, de todas as maneiras, con-
vém ter presente que também a vitimoiogia deve reconhecer suas
fronteiras. Como recordam alguns especialistas, o diálogo e a me-
diação, concretamente, nem evitam nem cobrem toda a missão da
justiça penal tradicional.20
Algumas publicações de vitimoiogia podem, por excesso de
zelo, confundir a participação da vítima 110 iter do delito com sua
co-culpabilidade, se se limitarem a descrever os fatos, sem se dete-
rem em sua análise científica e metodológica.21 Especialmente,
trata-se da vítima “reincidente”. Para superar esse perigo, convém
analisar as linhas de sua personalidade e as modernas técnicas de
possível superação de sua vitimação freqüente e repetida.
Aqueles que trabalham em escritórios de assistência à vítima
devem evitar alguns perigos - por exemplo, o de esquecer os mui-
tos métodos e caminhos de soluções conciliadoras que a sociedade,
tradicionalmente, exercita para alguns delitos22 - ou, também, o de
transferir para a vítima suas características de personalidade viti-
mai, isto é, influenciar negativamente a vítima, fortalecendo alguns
* 2^
pontos negativos, psíquicos, psicossomáticos e sociais. ' Por sua
vez, pode-se dizer o mesmo da possível influência negativa sobre
as testemunhas da vitimação, especialmente durante o processo
penal, mas também antes dele.
E falsa a opinião, geralmente admitida, de que o fato de sofrer
um delito seja um acontecimento do qual se recorda a vítima du-
rante muito tempo. Por isso, nas investigações, convém limitar-se a
delitos sofridos nos últimos seis ou doze meses. Além do mais, as
vítimas correm o perigo de transladar a data de sua vitimação ao
período a que se refere a investigação, se elas conhecem esse período.
|9
Kaiser. Introducción o la criminología (trad. A. Rodríguez Núnez). Madri,
Dykinson, I98S, p. 474.
2(1
P. Coppens, “Médiation et philosoptiie...”, 1991, p. 16 ss.
“I Schneider, Kriminologie, Berlim. Nova York, 1987. p. 87 ss., p. 188 ss., p. 693 ss.
E. Vescovi, “ Le réglement des conflils hors des tribunaux”, em H. Kotz. R.
Ottenhof (comps.), Les conciliateurs. la conciliation. Un elude compar ative,
Paris, Econômica. 1983, p. 173 ss.; a respeito da Espanha, p. 178 s.
L. Rodriguez Manzanera, Victimología. Estúdio de la víctinta, México, Porríia,
1988, p. 349 ss.
Por desgraça, muitos cidadãos carecem de motivação para colabo-
rar em estudos sobre essas questões. Para superar essa limitação,
convém que quem leve a cabo a pesquisa conheça as técnicas para
incentivar o pesquisado a expor tudo o que lhe sucedeu e tudo o
que sabe.
Maiores dificuldades obstruem as investigações acerca da vi-
timação dos menores, especialmente quando se trata de delitos se-
24
xuais. Com atinadas considerações, Martinez Arrieta argumenta
que, durante o processo, nem sempre se exige ao menor estar pre-
sente diante do suposto delinqüente. Ainda que o exijam as normas
processuais vigentes, e alguma excepcional sentença do nosso T ri-
bunal Supremo (em geral, suas sentenças transbordam sensibilida-
de jurídica e vitiniológica, especialmente nos últimos anos, sob a
presidência do professor e magistrado Enrique Ruiz Vadillo),25 pa-
rece que à luz do artigo 40, 3.b, da Convenção das Nações Unidas
sobre os direitos do menor, de 1989, se se interpreta com critério
progressivo, quando nos casos extremos não se possa evitar o re-
correr aos procedimentos judiciais, muitas vezes deverá evitar-se o
cumprimento de alguns preceitos formais, em detrimento de novos
direitos humanos dos menores. Ninguém negará a possibilidade de
novos direitos nesse campo. Basta ler a Convenção de 1989, à qual
estamo-nos referindo.
Muitos vicíim services podem, às vezes, pretender chegar à
conciliação e à reconciliação sem antes solucionar o conflito, acre-
ditando que conseguem abortar um problema quando este, na reali-
dade, há tempo nasceu; correm o perigo de tapar uma ferida sem
limpá-la previamente. Essa falta de realismo debilita o ligamento
social e a estrutura jurídica; esquece a força imponente do mito da
pena, superior ao poder dos deuses.26 Em alguns casos, não se pode
prescindir da sanção exigida pelo princípio da culpabilidade; ne-
cessita-se de um “ bode expiatório1’, no sentido positivo da expres-
24
Martinez Arrieta. “ La victima en el proceso penal", A ctualidad Pena!. 11“ 5,
janeiro - fevereiro 1990, p. 50 s.
E. Ruiz Vadillo, “El futuro inmediato dei derecho penal. Los princípios básicos
sobre los que debe asentarse. Las penas privativas de liberlad. La jurisprudência
dei Tribunal Constitucional v dei Tribunal Supremo”, E guzkihre. Cita der no dei
Instituto l asco de Criminologia. nü I extr.. 1988. p. 162.
R. Panikkar, “La faule ongm ante...”, p. 70.
^7
são, tal como fala René Girard.“ Além disso, se se exagera na pu-
blicidade sobre os direitos da vítima, pode-se aumentar suas frus-
trações e cair-se em um angelismo que esqueça a necessidade da
28
justiça penal humana para a convivência.
*
\ 29
Kaiser reúne as investigações de A. Reiss e de outros, que
constatam os erros que cometem alguns vitimólogos. Em certos
casos, esquecem que o ponto de vista da vítima é grandemente di-
ferente do ponto de vista do juiz, por exemplo, nos delitos sexuais e
nos delitos de perigo, e em casos de tentativa ou delito frustrado.
Também são distintos os critérios em diversos países; mas, apesar
disso, convém levar a cabo investigações in cross cultural perspective.
Também se toma difícil a investigação vitimológica nos delitos
socioeconômicos de conhecida importância, pois muitas pessoas
implicadas não consideram delitos algumas ações sancionadas no
Código penal, mas localizáveis subjetivamente na moral fronteiriça.™
Algumas investigações levadas a cabo no Max-Plank-Institut, de
Freiburg, constatam essas dificuldades. Os informes das vítimas
não oferecem suficientes dados de interesse para completar e con-
cluir a investigação. A delinqüência econômica, investigada no ano
de 1980, implica um número relativamente pequeno de processos
(3.226) e de acusados (5.896), mas, com um grande número de ca-
sos particulares (single cases, 145.209), e de pessoas prejudicadas
(156.004) e um considerável prejuízo econômico total: 2.600 mi-
lhões de marcos alemães. Por razões diversas, nessa delinqüência
econômica, os questionários e os diálogos com as vítimas não têm
sido suficientes para recolher os dados totais.' As vezes, os méto-
dos de controle privado são mais eficazes.
Fíiltali, “Prologue: 011 some visible and hidden tlangers of victim movements”.
em idem (comp.). From crime policy (o victim policy. Reorientiiig the ju stic e
system , Londres, Macmillan, 1986, p. 5, p. 14.
B. Schuenemann, “Allernative control o f economic crime”, em A. Eser e J.
Tliormundsson (comps.), Old irc/vs and m \v needs in crimina! legislatioif. Frei-
burg L Br., 1989, p. 187 ss.
34
R. Ottenliof, “Crime and abuse of power”, informe apresentado ao 5th Joint
Collot|uium 011 Crime and Abuse of Power, Bellagio, 21-24 abril 1980; A. Be-
ristain, “Elogio criminológico de la locura erasmiana imiversitaria”. Lección
35
Graças aos estudos de J. Shapland,' na Inglaterra e em Gales,
conhecemos as diversas posturas das pessoas encarregadas do poli-
cial e do judiciário a respeito da vítima. Este especialista realizou
uma pesquisa, em nível nacional, baseada em questionários envia-
dos pelos correios aos chefes de polícia, ao pessoal que trabalha na
administração da Justiça e aos juizes, com o fim de conhecer os
principais problemas das vítimas ao longo do processo penal. De-
duz-se que a polícia avalia e estima, de maneira distinta do pessoal
do Judiciário, os problemas da vítima, e também difere no que se
refere aos desejos de como e em que sentido se deve melhorar o
sistema de controle social. A polícia declara-se interessada em
atender às necessidades de quem sofreu um delito, deseja sensibili-
zar a quem ingressa nela com esta finalidade e indica algumas re-
formas concretas que devem ser realizadas. Ao contrário, grande
parte do pessoal do Judiciário opina que as vítimas não necessitam
de um tratamento especial e demonstra não possuir suficientes es-
truturas adequadas para atendê-las. Além disso, desconhece algu-
mas das facilidades que o sistema judicial oferece às vítimas.
Vítimas/testem unhas
Conceitos básicos
' (' H. J. Sehneider, “Das Opfer im Verursachungs - und Kontrollprozess der K.H-
minalitãt” , em idem (comp.), Kriminaiitüt und ahweichendes Verhalten, t. 2,
Beltz, Weinheim und Basel, 1983, p. 81.
37
Poder Judiciai, nL> 7, setembro 1987, p. 276 ss. (sentença de 3 março de 1987).
Poder Judiciai, ne 11, setembro 1988, p. 214 ss. (sentença de 23 março de 1988).
A esse respeito, ver o artigo 135 do Código p enal brasileiro. (N. do T.)
G. Norquay, R. VVeiler, Service o f victims and wifness o f crime in Canada.
C om m unication Division. M inistry o f the Solicitor General, Ottawa. 1981.
A. R. Roberts. “Victim/witness pragrams. Questions and answers'’, em FBI.
Law Enforcement Bulleiin, dezembro de 1992, p. 12 ss., p. 16.
grania de assistência às vítimas/testemunhas, em Palm Beacli County,
Flórida, etc. Entre 1981 e 1985, 28 estados norte-americanos criaram,
por lei, novos programas de assistência às vítimas e às testemunhas.
A. R. Roberts, depois de responder a sete perguntas acerca
dos serviços de assistência às vítimas e às testemunhas, conclui:
“A evolução dos programas de assistência às vítimas e às testemu-
nhas está sendo cada dia mais estimada e reconhecida legalmente
em uma crescente rede de escritórios de assistência”.
41
F. Alonso-Femandez, Psicologia dei terrorismo, Barcelona, Salvat. 1986, p. 314 ss.,
p. 364.
42
R. F. Sparks. Research on victims o f crime: accom plishmenis. issues. and new
directions. U.S. Department of Health and Human Services. Rockville (Md.).
1982.
etc. permitem a ocorrência de situações e costumes das vítimas
para facilmente cometer os delitos de roubo, sexuais, inclusive
homicídio, por vingança, etc. O terceiro grupo vem composto por
aqueles que não se conhecem pessoalmente; mas o autor do delito,
com freqüência, tem notícias prévias de algumas circunstâncias do
lugar, da profissão ou dos costumes da vítima - por exemplo, quem
comete algum delito de roubo, abuso sexual ou lesões a uma pros-
tituta.43
José Luis da la Cuesta Arzamendi dirigiu um estudo, no Insti-
tuto Vasco de Criminologia, sobre as vítimas de roubos e agressões
violentas na cidade de Vitória-Gasteiz, para comparar os resultados
com a pesquisa de Johan Goethals e Tony Peters, do Departamento
de Criminologia da Universidade Católica de Lovaina. Constata-se
que, na capital de Alava, em 53 casos (70,7%), as vítimas não co-
nheciam o agressor e supõem que eram viciados em drogas (19
casos; 25,3%), pessoas com problemas psicológicos (11 casos;
14,7%), jovens (5 casos; 6,7%), pessoas que já estiveram em pri-
sões (2 casos; 2,7%)...
Em 22 casos (29,3%), a vítima conhecia o agressor, por ter
uma relação pessoal ou profissional, ser vizinho...; em trinta casos
(40%), havia pessoas que viram o sucedido e cuja reação foi valo-
rizada pela vítima, de maneira positiva, em 76,7% dos casos e ne-
gativamente só em 16,7%.44
Paralelamente, ou melhor dito, algo depois das pesquisas a
respeito das coordenadas clínico-individualistas da vítima, intensi-
ficaram-se os estudos a respeito da situação e do contexto sociai
que, sem dúvida, influem mais ou menos no perigo da vitimação. J.
Garofalo, M. Hindelang e M. Gottfredson4 trabalharam sobre o
modelo de vitimação baseado no estilo de vida e na exposição ao
perigo e a colocação em perigo {Life style/exposure model o f victi-
mization). Esses autores entendem por estilo de vida a costumeira
43 Elias Neuman, Personal idad dei delincuente, México, Porrúa, 1978, p. 67.
44
J. L. de la Cuesta, Informe sobre víctimas de robos y agresiones violentas en la
ciudad de Vitoria-Gasteiz, Annales Infernationales de Criminologie, vol. 31. n - 1-2,
1993. n. 107 ss.
45
M. Hindelang e M. Gollfredson, Victims o f personal crime: an em pírica/ fo ttn-
da t ion fo r a theory o fp erso n a l viciimization, Cambridge (Mass.). Ballinger.
atividade cotidiana que desenvolve a pessoa 110 campo de trabalho,
de lazer e de tempo livre. Pela “colocação cm perigo” , o grau de
perigo da pessoa concreta, levando em conta o lugar e o momento
que influenciam no fato de serem vítimas do delito; por “associa-
ção”, a freqüência com que a pessoa estudada se relaciona ou se
associa com outros indivíduos, mais ou menos inclinados a come-
ter delitos. Analisam em que percentual cada uma dessas variáveis
influi 11a sua vitimação.
J. G aro falo chama a atenção sobre 0 paralelismo que existe
entre “o modelo baseado no estilo de vida” e o “ modelo baseado 11a
atividade rotineira ou cotidiana”, que haviam estudado L. E. Cohen
e M. Felson, 110 ano de 1979.46 Finalmente, destaca a importância
da conduta e do comportamento do grupo social mais que os dados
e as características pessoais.
47
Seguindo essa linha de trabalho, S. Smith investiga, na cida-
de de Birmingham, a influência das atividades realizadas 110 tempo
livre. Observa que quem desenvolve sua atividade mais de três
dias por sem ana é vítima em 40% dos casos, enquanto quem a
desenvolve em atividades de tempo livre unicamente dois ou um
dia por semana só é vítima em 30% ou 10%. Naturalmente, influem
muito o dia, o momento (a tarde ou os fins-de-semana) e as situa-
ções: contatos diretos pessoais. Em resumo, a probabilidade de
vitimação diminui para quem se envolve menos nas atividades
de tempo livre.
Eminentes especialistas chegam à conclusão de que, em muitos
casos, convém considerar o crime como uma forma de interação
social que brota de específicos contextos sociais; neles, a distinção
entre delinqüente e vítima nem sempre aparece como conceitual-
mente útil.
Fattah, em sua conferência pronunciada em 4 de novembro de
1992, na Si 111011 Fraser University, no Halperna Centre, sobre a vi-
4 ri
J. Garofalo, “Social change and crime rate trends: a routine aetivity approach” .
A merican Socioloqical Review, 1986, 44, 588.
47 .
S. Smith, “Victimization in lhe inner city". British Journal o f Criminolngy,
1982. 22. 386: idem, Crime, space and societv, Cambridge, Cambridge Univer-
sity Press. 1986.
48
limação como antecedente do delito, estuda atentamente a não-
dualidade “delinqüente e vítima”, a relação entre suas duas condu-
tas, e comenta o laço que une a vítima ao delinqüente, pois são dois
lados da mesma moeda. Por isso, torna-se impossível conhecer o
delinqüente sem conhecer a vítima. A personalidade daquele e desta
coincidem muitas vezes.
Contra o que se costuma crer, as pessoas vítimas e as pessoas
delinqüentes não são coletivos distintos e que se excluam. Em
certo grau, são homogêneas e se encobrem mutuamente. A pessoa
vítima de ontem com freqüência é a delinqüente de amanhã, e a
delinqüente de hoje é a vítima de amanhã. Os papéis de vitimador e
de vitimado não são fixos, nem estáticos, nem permanentes, mas
sim dinâmicos, mutáveis, intercambiáveis. O mesmo indivíduo
pode, sucessivamente ou simultaneamente, passar de um papel a
outro.
Dentro dessa problemática, Smith diversifica três classes de
delitos:
4K
E. A. Fattah, “ Victimization as antecedent to offendmg. The revolving and in-
terchangeable roles of victim and victimizer”, Simon Fraser Universily. Hal-
pern Centre. 4 de novembro de 1992 (ma n use ri (o); W. liasse me r. F. Mu noz
Conde. Introducción a Ia criminologia y al derecho p en a l. Valência, Tirant !o
blanch, 1989, p. 30.
Graus de vitimação
Vitimação primária
4*>
E. Amanal, “ Rape trauma syndrome: developmentat variations", em 1. R. Stu-
art, J. G. Greer (comps.). Victims o f sexual agression: treatment o f chiidren.
wonien and men. Nova York, Van Nostrand Reinhold, 1984.
P. Mayhew, “Les effets de la délinquance: les victimes, le public et la peur",
Recherches sur la victimisalion. Consejo de Europa, Comi té Europeo de pro-
blemas penales, Estrasburgo. Í9S5. p. 69 ss.
(p. 76 s). Comenta alguns dados do British Crime Survey, de 1982,
1983 e 1984, a respeito dos efeitos imediatos em três mil vítimas e
suas famílias; ressalta que 40% declararam que não sofreram efeitos
notáveis; ao contrário, 12% das vítimas afirmam que têm sofrido
muitíssimo, também 24% de quem sofreu um roubo, e de modo
semelhante 20% das pessoas as quais lhes haviam furtado seu veí-
culo e 30% dos sujeitos passivos de lesões ou roubo com armas.
Segundo Miguel An gel Soria Verde e Aiigel Rincon Gascon,51
no estudo realizado nas delegacias de La Bonanova e Saut Gervasi,
em Barcelona, durante os meses de janeiro e fevereiro de 1992,
com um questionário aplicado a cem vítimas no horário da manhã,
tarde e noite, repartidos ao acaso, e realizado por estudantes de
quinto ano de psicologia; - deles, 53 do sexo masculino, contra 47
do sexo feminino deduz-se que em sua primeira reação, ao sofrer
o descobrimento do delito, predominam o aborrecimento e o cho-
que diante do sucesso, transformando-se, posteriormente, em um
sentimento de aborrecimento/ansiedade, ao tempo que, progressi-
vamente, a pessoa se acalma.
No estudo dirigido por José Luis de la Cuesta Arzamendi, ao
que nos referimos anteriormente, observa-se que os sentimentos das
vítimas no momento exato da agressão foram, sobretudo, de impotên-
cia, raiva, aborrecimento (30 casos; 40%), medo, susto, nervosismo,
angústia (30 casos; 40%). Depois da agressão, em 29 casos (38,6%)
continuaram nervosas, com medo, susto, angústia, indefesos, inse-
gurança, intranqüilidade e se manteve o sentimento de impotência,
raiva, enfado, em 16 casos (21,3%), dez vítimas (13,3%) indicaram
que se sentiam mal, muito mal.52
Lamentamos as lacunas de investigação vitiniológica no pro-
blema do terrorismo53 e dos imigrantes. Estes, cada dia mais ire-
51 Miguel An gel Soria Verde e An gel Rincon Gascon, “Análisis descriptivo de las
víctimas denunciantes en comisaría”. Ciência Policial, n- 18, julho-selembro de
1992, p. 75 ss.
' “ J. L. de la Cuesta, Informe sobre víctimas de robos y agresiones violentas en la
ciudad de Vitoria-Gasteiz. A tm ales Internationales de C rim inologie, vol. 31,
nc* 1-2,1993. p. 107 ss.
A. Serrano dedica inteligentes páginas ao tema das vítimas do terrorismo, em El
cosfo dei delito y sus víctimas en Espana. Madri, Universidad Nacional de Edu-
cación a distancia. 1986, p. 92 s.. e em “ El terrorismo en el derecho espanol*’,
qüentes na Espanha e na Europa, com gravíssimos problemas. Como
indica Separovic, a principal característica do imigrante não é a de
delinqüente, mas sim a de vítima.54 Atualmente, a crescente onda
de imigrantes na Espanha e na Europa aumenta seus problemas
vitimológicos e merece que se lhe preste mais atenção.
56 Eguzkilore, Cuadernos dei Instituto la sco de Criminologia. nL>6, 1992, p. 123 ss.
E. Neuman, Los víctimas deI sistema p en a l. Opúsculos de Derecho penal y
Criminologia. Córdoba (Argentina), Marcos Lerner, p. 37 ss.
!her, de 7 de novembro de 1967, nem a Convenção, também das
Nações Unidas, sobre a eliminação de todas as formas de discrimi-
nação contra a mulher, de 18 de dezembro de 1979.
Especial consideração merecem as investigações longitudinais
de J. Shapland e D. Cohen,5* que junto com outros colaboradores,
depois de estudar 278 delitos violentos, lesões e agressões sexuais,
chegam à conclusão de que suas vítimas, nos primeiros contatos
com a polícia, se encontram satisfeitas com o comportamento poli-
cial, mas esta sensação vai piorando ao longo do tempo (os casos
foram conseguidos durante três anos). No começo, a polícia acode
de imediato, dá mostras de apreciar a gravidade do delito. Mas,
depois, geralmente a vítima vai encontrando menos compreensão e,
sobretudo, se queixa da falta de informação. Raríssimas vezes lhe é
comunicado se o delinqüente foi preso, julgado, condenado, etc.; se
reparou os danos, se devolveu o que roubou, etc. Também muitas
vítimas manifestam que a polícia não está à altura devida para
prestar-lhes a ajuda necessária ou esperada. Algumas vítimas de-
claram que jamais voltarão a recorrer à polícia. Outras investiga-
ções, em vários países, coincidem com essa avaliação negativa de
Shapland e Cohen a respeito da atuação da polícia. Talvez essa fa-
lha se deva, em grande parte, à escassa formação científica e hu-
mana que receberam nas academias policiais. Não se esqueça de
que ainda hoje existem muitas denúncias por casos de tortura
policial em inúmeros países, segundo detalham, por exemplo, os
relatórios anuais da Anistia Internacional, que os meios de comuni-
cação poderiam divulgar e dar a conhecer com mais amplitude.
A atitude da vítima, quanto ao seu desejo de que ao delin-
qüente se lhe imponha a justa sanção punitiva, vai mudando com o
transcorrer do tempo de maneira distinta que a exigência de receber
ela sua devida compensação. Esta permanece proeminente ao lon-
go de todo o processo, como indicam Günther Kaiser e seus cola-
boradores no Max-Plank Institut für auslãndisches und
internationales Strafrecht.'
58
J. Shapland e D. Cohen. “ Facilities for victims: the role o f the police and the
courts”, The Crim inal Law Review, 1987, 34. 28.
G. Kaiser, “Criminology in a society o f risks. Looking backward and ahead”,
em G. Kaiser e H. Kury (comps.), Criminológica! Research in the J990's, t. 66/2,
Freiburg i. Br., 1993, p. 20 s.
O pessoa! judicial, às vezes, se esquece de que as vítimas ne-
cessitam de um tratamento especial e não cumpre as medidas ade-
quadas para a sua atenção. Com freqüência, desconhece algumas
das facilidades que o sistema judicial oferece às vítimas,60 ou essas
facilidades não chegam ao grau desejado.
Apesar das pesquisas realizadas em diversos países, parece
que ainda restam importantes pontos obscuros para aclarar. Con-
vém estudar mais detalhadamente os motivos pelos quais tanto po-
liciais como pessoa] judicial contribuem, com freqüência, para uma
ampla vitimação secundária daquelas pessoas a quem eles deveriam
prestar unicamente justiça e assistência eficaz. Como indica Marti-
nes Arrieta,61 também na Espanha, no âmbito judicial, temos de
lamentar a vitimação secundária.
No estudo anteriomente citado de Soria Verde e Rincon Gas-
con (Rev. Ciência Policial n2 18, julho-setembro, 1992), constata-
se o diferente grau de satisfação e de desagrado das vítimas em su-
as relações com a polícia. Em mais da metade dos casos, conside-
ram-nas como positivas, 18% eiogiam-nas como muito positivas, e
o mesmo percentual como mais negativo que positivo. Os dados
seguintes detalham o grau de satisfação das vítimas em seu trato
com a polícia: extremamente positivo, 7%; muito positivo, 18%;
positivo, 55%; mais negativo que positivo, 18%; negativo, 2%.
Merecem ser estudados, principalmente, a vitimação secundária
nas instituições penitenciárias e, concretamente, o caso de assédio
sexual às mulheres internas e também às funcionárias.62 As vítimas
queixam-se, especialmente, de atos como os seguintes: contatos
físicos não desejados, comentários desagradáveis com alusões se-
xuais, agressões psicológicas - como comentários de mau gosto ou
humilhantes - , olhares mal-intencionados, imagens e ilustrações
pornográficas, fotos degradantes, etc.
60
Michael Kaiser. “ Implementation and evaluation o f legai provistons. Objectíves
and enforcement of lhe Victim’s Protection Act” , em G. Kaiser e H. Kury
(comps.), Crimino/ogica/ rcsearch in the 1)90 's, t. 66/2. Freiburg i. Br., 1993,
p. 45 s.; G. Landrove Diaz, “La víctima y el ju ez”. Victimología, San Sebastián,
199Ü, p. 188 ss.
Cf. Martinez Arrieta, A ctualidadpenal, 22-28-29 de janeiro e 4 de fevereiro de
1990, p. 121-132.
Lisa Hitch, “Creating a harassment-free workplace”, The correctional se/ vice o f
Canada, Report on the Conference for Wonien in CSC, Montreal, 1992, p. 23 ss.
A respeito da vitimação terciária, limitamo-nos a recordar que,
às vezes, emerge como resultado das vivências e dos processos de
atribuição e rotulação, como conseqüência ou “valor acrescentado”
das vitimações primária e secundária precedentes. Quando alguém,
por exemplo, consciente de sua vitimação primária ou secundária,
avoca um resultado, em certo sentido, paradoxalmente bem-sucedido
(fama nos meios de comunicação, aplauso de grupos extremistas,
etc.), deduz que lhe convém aceitar essa nova imagem de si mes-
mo(a), e decide, por meio desse papel, vingar-se das injustiças
sofridas e de seus vitimadores (legais, às vezes). Para vingar-se, se
autodefine e atua como delinqüente, como viciado em drogas,
como prostituta.63 Talvez a biografia de alguns mártires e santos
possa ilustrar, com novas luzes e novas valorizações, a relação e o
paralelismo que necessitam de profunda revisão entre vítimas, he-
róis e canonizados/’4 Convém estudar mais a possível relação entre
certos martírios e a vitimação terciária. Entre a pessoa heróica ou
canonizada e a vítima terciária, podem ocorrer não poucos pontos
comuns. Tão difícil é sair do círculo virtuoso como do vicioso.
Sociedade/jmlicatura
Elias Neuman.
C rim ino lo gia y dignidad humana (Diálogos), 2a edição. 1991, p. 200.
67
Susíhi Hillebrand, “ Legal aid to crime victims” , em Fattah (comp.), The pligh i
o f crime victims in m o d em society, HoundmiHs. Macmillan, 1989, p. 310 ss.
“Research and the victim movement in Eu rape”, em Consejo de Europa, Co-
mitê Europeo de problemas penales, Research ou victimization, Estrasburgo,
1985, p. 3 ss.
6‘J
C. Roxin, “ La reparactón no sistema jurídico-penal de sanciones”, Ctiadernos
dei Consejo G eneral d ei Poder Jud icia l Jornadas sobre la "Reform a d ei D ere-
cho Penal en A lem ania", Madri, 1991, p. 23
112
70
B. Villmow, “Les implications de Ia recherche sur la victimisation en ce qui concer-
ne la polilique crimineUe et sociale”, em Consejo de Europa, Comitê Europeo
de problemas penales, Recherche sur la vicdnnsaikm, Estrasburgo. 1986, p. 73 ss.
outros se encontram ainda dando os passos iniciais. Em algu-
mas comunidades autônomas espanholas, vai-se conseguindo
não pouco, como veremos depois.
72
Service o f victims and wifness o f crime in C anada, Communication Di vision,
Ministry o f the Solicitor General, Ottawa, 1981.
71
F. Gonzaiez, “Derechos humanos y la vícti ma”, Eguzkiíore. Cnadernn dei In s-
tituto Vasco de Criminologia, n~ 3, 1989, p. 107-114.
74
A. Berislain, “ Proyecto de declaración sobre justicia y asistencia a ias vícti-
mas” , Estúdios de derecho penal en hornenaje a l Profesor Lu is Jhnénez de
A sita, R evista de la F a cu lta d de D erecho de ia U niversid ad C otuplutense,
Monográfico nü 11, junho de 1986, pp. 117, 120.
Argentina, dirigido por Hilda Marchiori, com 22 pessoas inte-
grantes e seis colaboradores.75 Na Espanha, a legislação foi co-
mentada por José Lu is de la Cuesta,76 Alfonso Serrano,77 Jaime
M. Peris Riera,78 Gerardo Landrove,™ F. Benito,M) K. Madle-
nersi e outros especialistas.
No México, uma pesquisa séria vitiniológica foi realizada 110 ano
** *
de 1976, dirigida pelo prof. Luis Rodriguez M anzanera." A respeito
do ponto que especialmente nos interessa agora - a compensação à
vítima temos de reconhecer, como conclui o diretor da investi-
gação, que apesar de que já desde agosto de 1969 existia no M éxi-
co uma lei modelo, entretanto, muito poucas pessoas têm recebido
a compensação econômica propugnada.
Foram discutidos os fundamentos e as finalidades dessa com-
pensação. Alguns baseiam-na no Estado social de direito, outros na
estrita justiça, outros na compensação que deve 0 poder governa-
mental, por não conseguir evitar a criminalidade, etc.83 Ainda não
se conseguiu que esses sistemas cheguem à meta desejada. R. Elias
90
F. Dünkel, “Tíiter-Opfer-Ausgleich und Schadenswiedergutmachung. Neuere
Entwicklungen des Strafrechts und des Strafrechtspráxis im internationalen
Vergleich”, em E. Marks, D. Rõssner (comps.), Tater-Opfer-AusgleielvVom
Zwischenmenschlichen Weg zur Wiederherstellung des Rechtsfriedens, Bonn,
1989, p. 447 ss.; idem, “La conciliación delincuente-víctima y la reparación de
danos: desarrollos recientesdel derecho penal...”, Victimología, 1990, p. 136.
91
J. P. Bonafe-Schmitt, La médiation: une justice douce, Paris, Syros-Altematives,
1992, p. 185 ss.
T. Bandini, U. Gatti. M. I. Marugo, A. Verde, Criminologia. II contributo delia
ricerca alia conoscenza dei crimine e delia reazio m sociale, Milão, Giuffrè,
1991, p. 764 ss., p, 768 ss.
Nova criminologia à luz do direito penal e da vitimologia 119
93
A. Beristain, “Paz y reconciliación en Euskadi”, A ctuaüdad Penai, 22, 31 de
maio a 6 de junho 1993, p. 305 ss.
94
Peacliey, D., “The kitchener experiment'7. M ediai ion and crim inal ju stic e, M ar-
tin Wright, Burt Galaway (eds.). Londres, Sage Publications, 1989. p. 14.
95
Zehr, H., Media/ing the victim/offender confjict, Victim 01 fender Reconciliation
Program, sem ano.
96
Umbreit, M., “ Victim/offender mediation: a national survey” , Federal Probation,
vol. L, n“ 4, 1986, p. 53.
3. A meta deve ser não somente a reparação, mas também a recon-
ciliação, as quais exigem certos elementos - por exem plo,
expressão de sentimentos, compreensão do sucedido, reconhe-
cimento de seu delito e de sua culpabilidade, etc.47
1(H)
J. R. Palacio Sanchez-lzquierdo, “La asistencia a Ias vícti mas dei delito en
Vizcaya”, Eguzkifore, nu 6, 1992, p. 160 ss.
cio (com a colaboração da “ Prefeitura de Bilbao”, de Eu dei, do
Departamento do Interior do Governo Vasco, de promotores de
justiça e de juizes da Audiência Provincial de Biscaia), e é de ca-
ráter setorial e pretende atender, sem exdusivismos, aos comer-
ciantes e empresários que sejam objeto de delito ou de agressões,
Não havia coordenação entre esses diversos serviços,
O Escritório de Atenção às Vítimas do Delito, de Bilbao, é o
único em seu gênero em Euskadi. Pretende-se instalar outros similares
também em Vitória e San Sebastián. Nesta cidade, o Instituto Vasco
de Criminologia iniciou gestões para esse fim, na Assembléia Le-
gislativa ( Diputación Foral) de Guipúzcoa.101
Na capital guipuzcoana, funciona, desde 1989, um programa
de atenção psicológica às vítimas de agressões sexuais, dependente
da Universidade do País Vasco, com apoio da Diputación Foral de
Guipúzcoa e da “ Prefeitura” de San Sebastián, dirigido por Enrique
Echeburua, catedrático de terapia de conduta (personalidade, avalia*
ção e tratamento psicológico), e Paz de Corra 1, professora da UPV.U)2
Foram atendidas, até finais de julho de 1992, 58 mulheres, a maio-
ria delas jovens; uns 72% oscilam entre os 14 e os 25 anos de ida-
de. Em 41% dos casos, violação com penetração; 36% dos casos
foram delitos contra a liberdade sexual; 16% de incestos e 7% de
violações dentro do matrimônio. O lugar mais freqüente em que se
comete a agressão sexual é a rua, seguida do lar da vítima. Qua-
renta e três por cento dos responsáveis pela agressão eram conhe-
cidos da mulher e, ocasionalmente, familiares. Além do tratamento
às pacientes, esse serviço psicológico realizou, no ano de 1991,
outras atividades, com o fim de atender, da melhor maneira possí-
vel, as pessoas que necessitam de socorro na ocasião de um delito
sexual.
O Instituto Vasco da Mulher, em Emakunde, desde 1990, presta
assistência à mulher vítima de delitos, principalmente de caráter
sexual e de maus-tratos, em San Sebastián; posteriormente, abriu-se
uma instituição similar em Vitória e, na primavera de 1992, outra em
Josepii Beuys
l ü a. A ss e s s o ra r e a c o n s e lh ar ao s in tern o s a re s p e ito d a s p o s s i-
b ilid a d e s e v a n ta g e n s c o n c re ta s de c o n s e g u ir u m a m e d ia ç ã o ,
u m a c o m p e n s a ç ã o e. in clu siv e, u rna r ec o n c ilia ç ão c o m o s s u -
j e ito s p a s s iv o s e as d e m a is v ítim a s d e seu delito.