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DIREITO PENAL I
(3º ANO)
Sumários desenvolvidos, com notas críticas esparsas, a partir da obra de JORGE DE FIGUEIREDO DIAS, Direito
Penal. Parte Geral. Tomo I. Questões Fundamentais. A Doutrina Geral do Crime (com a colaboração de MJ
Antunes, SA de Sousa, N Brandão e S Fidalgo), 3ª ed., Gestlegal, 2019
Pedro Caeiro
Univ Coimbra, Faculdade de Direito
- Apresentação do Curso e da equipa docente. Indicações sobre o modo de realização das aulas durante a pandemia
- AEBI, Marcelo F. / TIAGO, Mélanie M., Prisons and Prisoners in Europe 2020: Key Findings of
the SPACE I report, Council of Europe / Université de Lausanne, 2021, disponível em
https://wp.unil.ch/space/files/2021/06/210329_Key_Findings_SPACE_I_2020.pdf
- Sistema de Segurança Interna, Relatório Anual de Segurança Interna 2020 (RASI), 2021,
disponível em
https://www.portugal.gov.pt/download-
ficheiros/ficheiro.aspx?v=%3d%3dBQAAAB%2bLCAAAAAAABAAzNDQ1NAUABR26oAUAAA
A%3d
I. Direito penal em sentido formal
1. Direito criminal ou direito penal? Facto e consequência jurídica. Insuficiências; importância do
pensamento “a partir do resultado” (´vinculação teleológica); penas como instrumento privativo do
DP
2. DP como ramo de direito público: ius imperii (ius puniendi); sujeição e restrição de direitos
- Mas: novo perfil: a vítima
3. Autonomia e dependência do DP perante outros ramos jurídicos:
a) a relação privilegiada com o direito constitucional: as restrições de direitos fundamentais;
b) a pretensa unidade da ilicitude (Binding e Beling): o DP como mera cominação de sanções; crítica
III. A “Ciência
“Ciência Conjunta do Direito Penal”
1. Até ao séc. XIX: tratamento puramente jurídico (normativo, dogmático) do fenómeno criminal
2. Séc. XIX: dois factores de mudança: a) ciências positivas e “cientismo”; b) massificação do crime
urbano, a exigir resposta política
3. Von Liszt e a “gesamte Strafrechtswissenschaft”: a criminologia (estudo das causas do crime) e a
política criminal (reforma penal, de iure constituendo, para melhor prevenção e repressão do crime)
como ciências auxiliares do DP, de cariz positivista (pura subsunção de factos a normas)
4. A superação do Estado de direito formal pelo Estado social: a subalternização (ou mesmo
substituição) do direito e da dogmática por uma política criminal assente em bases positivas
(criminologia). O estudo da deviance (em vez do crime legislado) e as suas consequências
5. A situação actual: o Estado de direito material.
a) O quadro de validade jurídico-constitucional onde se move a política criminal; um exemplo: a
recusa dos postulados do “direito penal do inimigo” (Günther Jakobs)
b) A assunção das proposições e intencionalidade político-criminais pela dogmática na procura da
solução justa do caso; a contínua reconstrução do sistema jurídico-penal;
c) O papel da criminologia (ciência empírica e interdisciplinar): dimensão etiológica complementada
pelo interaccionismo (labeling approach) e pelo estudo do processo de produção da delinquência
IV. Função do DP – Finalidades e legitimação das penas
1. Relação entre os “fins das penas” e a legitimação do DP (enquanto restrição de direitos
fundamentais)
retribuição prevenção
o sentido da pena orienta-se para o passado, pena tem um sentido prospectivo: serve para
pena esgota-se em si mesma, como prevenir crimes futuros, como fim socialmente
retribuição da culpa: punitur... quia peccatum est útil: punitur... ne peccetur
3.1. Prevenção geral: ameaça e aplicação das penas 3.2. Prevenção especial: aplicação das
visa afastar a generalidade dos membros da penas visa actuar sobre o delinquente para
comunidade da prática de crimes que no futuro não cometa crimes
Prev. geral negativa Prev. geral positiva Prev. esp. negativa Prev. esp. positiva
- hedonismo e intimidação - integração - intimidação - reabilitação:
- coacção psicológica - reafirmação da vigência - neutralização - reforma moral
(Feuerbach) da norma (estabilização (inocuização) - correccionalismo
contrafáctica da norma)
- modelo médico
(Escola Positiva)
- destinatários da mensagem: - destinatários da mensagem:
potenciais infractores cidadãos conformistas
4.2. A Constituição de 1822 (arts. 10º e 11º): a influência inglesa (Bentham) e os princípios da
necessidade e da proporcionalidade das leis penais; a tentativa de CP de 1833-1837 (José Manuel da
Veiga)
4.3. O CP 1852 e a influência do CP francês de 1810 (Code Napoléon): a prevenção geral (negativa)
limitada pela culpa
4.4. O Projecto de Levy Maria Jordão 1861-64: o programa correccionalista (prevenção especial); a
influência sobre a Lei de 1 Julho 1867
5.5. Ilustração:
a) as molduras penais abstractas estabelecidas pelo legislador e os fundamentos dos seus limites;
b) o limite inultrapassável da culpa;
c) a criação, dentro desses limites, da moldura judicial da prevenção geral positiva;
d) a variação da pena, dentro da moldura penal concreta, comandada pelas exigências de ressocialização
(prevenção da reincidência)
e) o art. 40º, nºs 1 e 2, do CP
V. Função,
Função, finalidade e legitimação das medidas de segurança
1. O problema: protecção de bens jurídicos contra a acção de indivíduos criminalmente perigosos, que
praticaram um facto ilícito-típico, e
[menores de 16 anos Direito Tutelar]
a) que não podem ser punidos por falta de imputabilidade
em razão de anomalia psíquica
b) cuja perigosidade não pode ser eficazmente contrariada através das penas “comuns” (cf. p. ex. arts
69.º e 101.º do CP); os delinquentes por tendência e o problema do monismo/dualismo (remissão)
3. A relevância do facto ilícito-típico como pressuposto constitutivo da aplicação de uma med. segurança:
rejeição das meds. segurança pré-delituais (DP do facto versus DP do agente); as exigências de
proporcionalidade (cf. art. 92º, nº 2)
[não detentivas]
medidas de segurança inimputáveis
[detentivas e não detentivas]
Casos especiais:
- a PRI (que pode tornar-se materialmente, na sua execução, numa medida de segurança, nunca
perdendo o carácter formal de pena);
- a ficção de inimputabilidade na imputabilidade diminuída.
VI. O conceito material de crime
A identificação dos bens jurídicos relevantes: bem jurídico, sistema social e sistema constitucional
- a ‘disfuncionalidade sistémica’ (Amelung, Jakobs); crítica
- o recurso directo, por parte do DP, a categorias da teoria social (Habermas, Silva Dias: ‘mundo da vida’
versus ‘interesses meramente funcionais’); crítica
- o sistema social como ‘ambiente’ e dimensão do modo-de-ser da pessoa: os bens jurídicos
instrumentais (‘bens-meio’: Almeida Costa) ordenados à realização da pessoa e que tomam ‘emprestado’
o valor dos bens-fim (exs: funcionamento do sistema de subvenções públicas, saúde pública, etc.)
- Posição adoptada: a Constituição como lugar de consagração jurídica dos bens de uma comunidade.
Relação de mútua referência ou congruência substancial entre CRP e DP
fragmentaridade de 1º grau
bens carecidos
de tutela penal
DLG – Direito penal clássico ou de justiça (CP) (necessidade de pena)
------------------------------------
bens dignos de tutela penal
(dignidade penal)
---------------------------------------------------
Direitos sociais – Direito Penal Secundário bens júridico-constitucionais
- Consequências ------------------------------------------------------------------
- A jurisprudência do TC bens, interesses, valores sociais
VI. O conceito material de crime
- Para além da dignidade penal (Strafwürdigkeit): a necessidade (carência) de pena
(Strafbedürftigkeit); proporcionalidade em sentido amplo (proibição de excesso, Übermassverbot); o
relevo crescente da necessidade de fundamentação empírica (criminológica) da decisão de
criminalização
- Não intervenção moderada: restrição do conceito material de crime às condutas que lesem ou
ponham em perigo bens jurídicos dignos e carecidos de tutela penal contra aquelas específicas
condutas
- A questão das imposições constitucionais de criminalização; imposições explícitas (vg, art. 117º da
CRP) e implícitas (Untermassverbot) (em princípio: o império do legislador ordinário; excepções)
- Soluções extremas:
(i) ‘Escola de Frankfurt’: manutenção do DP clássico (antropocêntrico), a que se acopla um outro ramo de direito
(‘direito de intervenção’ – Hassemer);
(ii) Direito penal do risco (‘New Penology’, justiça actuarial): uma gestão eficiente da regulação de grupos de
indivíduos perigosos através do sistema penal (em particular prisional)
- Soluções moderadas:
(i) A tutela das ‘relações da vida’ e o DP do comportamento (Stratenwerth)
(ii) O DP a 2 (ou 3) velocidades (Silva Sánchez) e diferenciação de regimes
(iii) Limitação do DP à protecção de bens jurídicos dotados de ‘referente pessoal’, vg., o ambiente, a segurança no
tráfico rodoviário (Silva Dias, Sergio Moccia)
(iv) A protecção penal de bens-meio (colectivos, supra-individuais) como protecção antecipada de bens-fim (pessoais,
de raiz antropológica) (Almeida Costa)
- Posição adoptada:
(i) a manutenção do DP do bem jurídico, aberto à evolução dos bens jurídicos (como realidades históricas e
dinâmicas) e da própria categoria “bem jurídico”, eventualmente mais flexível (exs.: problemáticos: a integridade do
património genético e os animais de companhia);
(ii) distinção entre o problema do bem jurídico e outras questões da construção da infracção
VII. Os limites do direito penal em face de outros ramos do direito
sancionatório
I. Direito penal e direito de mera ordenação social, ou direito das contraordenações (DMOS)
1. Do Estado de Polícia ao Estado liberal
2. As revoluções liberais e a subordinação da Administração ao direito: prevenção de perigos e
contravenções (como infracções criminais)
3. O Estado social (1945) e a intervenção conformadora da Administração: a hipercriminalização e o
“direito penal administrativo”; hipertrofia do DP
4. O DMOS (1949 na Alemanha, 1979 em Portugal) e a divisão do direito penal administrativo:
crimes (direito penal secundário, ou económico) e contraordenações; substituição total das
contravenções em 2006
5. Características essenciais do DMOS
6. Evolução recente: aproximação ao DP: gravidade das sanções, sanções acessórias, garantias,
incluindo constitucionais (relembrar jurisprudência do TEDH); codificações sectoriais
7. A questão da distinção material ou formal:
(i) dois planos: decisão legislativa e aplicação;
(ii) o critério da presença de um bem jurídico;
(iii) o critério da relevância axiológica da conduta;
(iv) posição adoptada: o papel decisivo do princípio da necessidade (ultima ratio) da lei penal
8. Sanções: coimas e interdições de direitos
9. O futuro: um regime (um direito?) próprio para as grandes contraordenações?
VII. Os limites do direito penal em face de outros ramos do direito
sancionatório
III. Penas e sanções de conformação processual (≠ medidas de coacção processual, vg, a prisão
preventiva)
1. O abuso de meios processuais
2. As sanções: pagamento de quantias medidas em unidades de conta processual (UCP=102 €)
1.1. O DP como “escudo (shield): a função de defesa contra o poder punitivo e o arbítrio; a exigência
de lei prévia (lex praevia), escrita (lex scripta, parlamentaria), estrita (lex stricta) e certa (lex cærta)
1.2. Antecedentes históricos e fontes internacionais: Magna Charta (1215), Bill of Rights (1689);
DDHC 1787; DUDH (1948); CEDH (1950); PIDCP (1966); CDFUE (2007)
1.4. O art. 29º, nº 2, da CRP (vd. também art. 7º, nº 2, da CEDH): a aplicabilidade directa das normas
de direito internacional penal costumeiro pelos tribunais portugueses (cf. também art. 8º, 1, da
CRP); os “limites da lei interna” (penas e processo); o princípio da legalidade no direito internacional
penal
1.5. Fundamentos
externos (princípios liberal, democrático e separação de poderes)
e internos (prevenção e culpa)
1. Reserva relativa de lei formal (art. 165º-1, c) CRP); a questão da competência concorrente do Governo e
da AR para a descriminalização ou atenuação das penas: a jurisprudência do TC; crítica
2. As chamadas “normas penais em branco” (remissão); em particular: o relevo das normas de direito
europeu
- A insuficiência de um geral neminem laedere. Primeira aproximação à categoria do tipo legal: entre o
conceito abstracto (p. ex., prejudicar outrem) e o conceito concreto (p. ex., destruir o relógio de Ana)
2. Natureza preceptiva das normas jurídicas enquanto regras de comportamento -----> princípio geral:
princípio da não-transconexão, ou da não-transactividade:
1. “Aplicação da lei no espaço” e “direito penal internacional”: sentido e crítica das expressões
2. O conceito de jurisdição (jurisdiction) e a sua relação com o direito internacional público; jurisdição
prescritiva, judicativa e executiva (vd. P Caeiro, Fundamento..., p. 24-43)
A determinação do lugar da prática do facto (locus delicti) (art. 7.º do CP) e a solução da ubiquidade ou
plurilocalização; a ampliação dos critérios na revisão de 1998: o resultado não compreendido no tipo
de crime e o lugar onde o resultado deveria ocorrer segundo a representação do agente; os casos de
comparticipação; os delitos itinerantes ou de trânsito.
X. O âmbito de eficácia (aplicabilidade) real da lei penal portuguesa
5.1. Art. 4.º, a): a regra-base da territorialidade; conteúdo do conceito de “território”; fundamentos
externos (jurídico-políticos) e internos (necessidades de prevenção); a irrelevância, para a
aplicabilidade da lei em função da territorialidade, da “nacionalidade” dos interesses atingidos pelo
crime (mas atenção aos limites do tipo legal em causa: cf. as diferenças entre, vg, os arts. 131º, 250º e
325º). As normas espacialmente autolimitadas (arts. 320º, 352º): aplicam-se apenas a factos
praticados em território nacional
5.2. Art. 4º, b: extensão do regime da territorialidade: a regra do pavilhão / registo (navios ou
aeronaves);
5.3. Art. 5º-1, a): a regra da defesa dos interesses nacionais (aplicação extraterritorial incondicionada);
fundamento; ex.: a alteração violenta do estado de Direito (325º)
6.2. Art. 5º-1, c): a regra da universalidade (aplicação ou jurisdição universal): fundamento; ex.: a
escravidão (261º); o esvaziamento parcial com a LVDH (L 31/2004, de 22/7);
- a dilatação ilegítima desta regra: ex.: os danos contra a natureza, a poluição (278º-280º);
- pressupostos da jurisdição judicativa: condições (remissão)
6.3. Art. 5º-1, d): a jurisdição extraterritorial sobre crimes (sexuais e de ofensa à integridade física
grave) contra menores, em alegado cumprimento do art. 17º da Directiva 2011/93/UE de 13 -12-2011:
o “cocktail” de regras de aplicabilidade: a universalidade(art. 5º-1, d)(i)), a nacionalidade e a residência
activas e passivas (art. 5º-1, d(ii) e (iii)); os problemas de legitimidade jurídico-internacional e as
limitações do âmbito de eficácia da norma daí decorrentes
6.4. Art. 5º-1, f): a administração supletiva da justiça penal; fundamento e diferente natureza
X. O âmbito de eficácia (aplicabilidade) real da lei penal portuguesa
7. Condições gerais de aplicação da lei a factos extraterritoriais (art. 6º)
7.1. O respeito pelo ne bis in idem internacional (material) e o instituto do desconto (art. 82º);
restrição aos factos praticados no estrangeiro?; o ne bis in idem (processual) no âmbito da UE (AcTJUE
Gözutok/Brügge (2003));
7.2. A aplicação da lei estrangeira (lex loci) mais favorável e respectivas excepções;
7.3. Os casos de adaptação de penas.
XI. O âmbito de eficácia (aplicabilidade) pessoal da lei penal portuguesa
A “aplicação da lei quanto às pessoas” (Eduardo Correia, Teresa Beleza, etc.). Breve referência às
imunidades dos parlamentares (art. 157º, nº 1, da CRP): a “terceira fronteira” da norma penal (para
além do tempo e do espaço). Irresponsabilidade civil e criminal dos deputados (e eventuais
comparticipantes) pelos votos e opiniões emitidos no exercício das funções.
NB: Matéria exigida apenas para exames de melhoria de nota; bibliografia: Pedro Caeiro, Notas sobre
as imunidades dos parlamentares e a extradição/entrega de pessoas”, Julgar (2019), Set.-Dez., p. 112-
120
Parte II: A Construção da Infracção: o Crime como Conceito Jurídico
I. Questões fundamentais
1. Direito penal do agente / direito penal do facto
2. O método categorial-classificatório da construção da infracção e o seu sentido: o facto típico,
ilícito, culposo e punível
punibilidade
--------------------- filtros
culpa sucessivos:
---------------------------------- progressivo
ilicitude “estreitamento”
--------------------------------------------------- do conceito de
tipicidade (tipo) crime
------------------------------------------------------------------
acção
I. Questões fundamentais
d) O modo particular da ilicitude penal: a expressão em tipos; o tipo como portador do juízo de
ilicitude;
e) Tipos incriminadores e tipos justificadores (causas de justificação): diversidade estrutural e
complementaridade funcional
conduta ilícita
4.5. O “tipo-de-culpa”
a) A culpa como censura pessoal pela violação do dever-ser jurídico-penal;
b) A função da culpa: limitação do poder punitivo estatal; a fundamentação na dignidade da pessoa
(art. 1º CRP); consequências: nulla poena sine culpa, nulla poena praeter culpa
c) Tipo de culpa doloso/negligente: a “atitude pessoal perante o dever-ser jurídico”
4.6. A punibilidade
a) Dignidade penal, merecimento de pena
b) exemplos: as condições objectivas de punibilidade; a desistência da tentativa
II. O tipo incriminador: o tipo objectivo
1. Polissemia do “tipo”: tipo de garantia, tipo de erro e tipo de ilícito
2. Desvalor de acção (conjunto de elementos subjectivos: finalismo) e desvalor de resultado (estado
exterior criado pelo agente, juridicamente desaprovado: positivismo, normativismo). Ilícito pessoal e
ilícito objectivo: a concorrência de ambos para o tipo de ilícito... em combinações diferentes.
Distinção entre este “resultado” (afectação do bem jurídico) e o resultado-evento nos crimes
materiais (objecto da acção).
3. Elementos descritivos e normativos
4. Tipos abertos (necessidade de um juízo suplementar para a integração do tipo: “intenção
ilegítima”), elementos valorativos globais (154º-3, a): fim censurável) e adequação social (a “privação
da liberdade” dos passageiros de um avião); o tipo incriminador visto já como uma entidade
portadora de um sentido material de ilicitude, que só pode existir quando se dê uma afectação
mínima do bem jurídico. As menções redundantes da ilicitude (“perturbar ilegitimamente”).
5. O autor
5.1. Pessoas humanas (individuais) e pessoas jurídicas e entidades equiparadas (“entes colectivos”:
art. 11º). Fundamentação da responsabilidade (também penal!) das pessoas jurídicas. Modelos de
auto-responsabilidade (directa) e hetero-responsabilidade (derivada). A ilegitimidade constitucional
de uma distinção da natureza do ilícito (penal/contraordenacional) a partir da natureza do agente.
O nexo: representação; interesse colectivo; posição de liderança/subordinados + violação do dever
de vigilância pelos superiores; problemas que se suscitam
II. O tipo incriminador: o tipo objectivo
5.2. Crimes comuns e crimes específicos. Distinção: a natureza geral ou especial do dever. Formas de
surgimento: categoria de agentes (p.ex., o “funcionário”), relação inter-pessoal (art. 172º-1, a) ou
nomeação do dever (art. 250º-1). Relevo da distinção para a matéria da autoria/participação;
comunicabilidade de circunstâncias (art. 28º).
5.3. Crimes de mão própria: definição e remissão.
6. A conduta
6.1. A “acção voluntária”
6.2. Crimes de resultado (ou materiais), incluindo a omissão impura, e crimes de mera
actividade/omissões puras (formais)
Crimes materiais Crimes formais
Acção + resultado Crimes de mera actividade
Omissão + resultado Omissões puras (Parte
(Omissão impura: 10º) Especial)
A secção “Problemas especiais” (p. 400-405) não é objecto de leccionação este ano e por isso não
será objecto de exame.
II. O tipo incriminador: o tipo subjectivo
1. Evolução
2. O tipo doloso: breve explanação do dolo como entidade complexa, pertinente tanto ao tipo de
ilícito como à culpa
3. O dolo do tipo (dolo do facto): conhecimento (elemento intelectual) e vontade (elemento volitivo)
de realização do tipo objectivo. As modalidades do dolo: directo, necessário e eventual (art. 14º)
4. O elemento intelectual: a representação da factualidade típica
4.1. O conhecimento dos elementos descritivos e normativos (apreensão do sentido na esfera do
leigo)
4.2. A actualidade da consciência intencional da acção: significado
4.3. O erro sobre a factualidade típica e a exclusão do dolo (art. 16º-1):
a) falta de representação e representação errónea;
b) âmbito (erro sobre circunstâncias agravantes e aceitação errónea de atenuantes)
c) erro sobre o processo causal: (i) necessidade de imputação objectiva do resultado à acção; (ii)
divergência entre o processo causal projectado e o ocorrido: irrelevância do erro e afirmação do dolo
nos crimes de execução livre (contra: Lições, p. 418 e ss.), porque o processo causal que integra o
tipo é qualquer processo causal adequado; (iii) exclusão do dolo nos crimes de execução vinculada
II. O tipo incriminador: o tipo subjectivo
d) O dolus generalis e a pluralidade de acções: problema a resolver em sede de imputação objectiva;
adopção do critério de STRATENWERTH/KUHLEN (crime consumado doloso se houver planeamento
prévio dos vários actos)
e) A aberratio ictus vel impetus (erro na execução); regime: tentativa do crime projectado em
eventual concurso com o crime consumado negligente (por exclusão do dolo)
f) O error in persona vel objecto (erro sobre o objecto); regime:
- identidade típica dos objectos: irrelevância do erro, crime doloso consumado;
- objectos tipicamente diferentes: tentativa do crime projectado em eventual concurso com o crime
consumado negligente (por exclusão do dolo)
g) O conhecimento das (e o erro sobre as) proibições legais: remissão para a matéria de DP II
h) Consequências do erro