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8 de novembro de 2020
De acordo com dados do Infopen de junho de 2019, o Brasil possui mais de 773 mil presos em
unidades prisionais e nas carceragens das delegacias, para 461 mil vagas, demonstrando um de cit
prisional que ultrapassa a casa dos 312 mil.
Ademais, no que se refere ao afastamento do estado de inconstitucionalidade pretendido na ADPF nº 347, segundo o ministro, só é possível
através de mudanças signi cativas do Poder Público – aqui abrangido pelos três poderes – haja vista a existência de problemas tanto de
formulação e implementação de políticas públicas, quanto de interpretação e aplicação da lei penal.
Primeiramente, mostra-se necessário o debruçamento sobre a função da pena, especi camente em relação à ressocialização. Segundo Cezar
Roberto Bitencourt (2001, p. 139), “o objetivo da ressocialização é esperar do delinquente a aceitação de tais normas, com a nalidade de evitar a
prática de novos delitos”, ou seja, diminuir a reincidência.
Todavia, em sistemas carcerários como o brasileiro, a pena privativa de liberdade não atinge a sua função ressocializadora, sendo esta mais uma
das utopias do processo penal. De acordo com o autor supracitado (BITENCOURT, 2001, p. 155),
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08/11/2020 Estado de Coisas Inconstitucional e a falácia da ressocialização
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na maior parte das prisões do mundo as condições materiais e humanas tornam inalcançável o objetivo reabilitador. Não se trata de uma objeção
que se origina na natureza ou na essência da prisão, mas que se fundamenta no exame das condições reais em que se desenvolve a execução da
pena privativa de liberdade.
Nesse sentido, todos os problemas aludidos pelo ministro demonstram que, na prática, a pena se mostra ine caz na busca pela reeducação.
Outrossim, o isolamento prolongado, somado à ociosidade, corroboram com a manutenção da criminalidade.
Mais do que isso, as más condições a que presos são submetidos facilitam o crescimento de facções criminosas dentro dos presídios, nos quais
o Estado tem cada vez menos in uência. “O que acontece é que criamos um modelo para impedir a fuga de certos indivíduos, mas você os deixa
se virarem lá dentro. Então, isso facilita a vida de organizações criminosas que tomam conta da cadeia”, a rmou o doutor em ciência política e ex-
secretário de Segurança Pública Guaracy Mingardi.
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Assim, o sistema carcerário, que deveria ter como função principal a reeducação – através da qual se alcançaria a diminuição da criminalidade –
acabou se tornando uma fábrica de facções criminosas.
Por m, acerca do clamor público pela manutenção da situação carcerária atual, sempre mirando na ação do indivíduo e não no indivíduo portador
de direitos e garantias fundamentais, hoje popularizado pelo fetiche punitivista da cultura do cancelamento, só demonstra um dos problemas mais
graves da população brasileira: a ausência do acesso efetivo à educação, resultante no apelo à hipocrisia.
É patente a necessidade de criação de um sistema efetivo de ressocialização, bem como da busca por soluções efetivas para a redução da
superlotação dos presídios, uma vez que a conta destes atos desumanos virá e será cobrada da sociedade.
REFERÊNCIAS
BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da pena de prisão: causas e alternativas. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
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Osmar Preisgker
muito boa a materia
Parabens Eu costumo disser que a sociedade a justiça e a politica constroem os maiores delitos e depois
quer julgar alguem com o mesmo peso e medida que eles mesmo criaram a injustiça....
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Denovan Lima
Pura e triste realidade, e que chama a todos para o despertar de uma sociedade, ora concedescendente,
para o caos reinante na grande maioria dos presidios brasileiros, dos quais, uma ínfima quantidade dos
apenados, nela consegue ser reinserido de forma plena e ajustada ao convívio social. Fácil e simples
nunca será, mas tem caminhos a serem pontilhados os quais trazem resultados estimulantes. Tomo como
referência, ainda que de forma modesta, o Presidio de Sinop-MT, com aproximadamente 950 reclusos,
onde através do Conselho da Comunidade de Sinop (Orgão Auuxiliar do Poder Judiciário na
execução… Ver mais
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Emerson Abreu
Excelente artigo... no entanto, com a devida vênia, quedou-se inerte em apontar medidas, sugestões,
soluções concretas... a exemplo, de uma menção ao modelo que poderia ser adotado dentro do conceito
das prisões privadas, por meio de PPP ou concessões públicas, delineando, talvez, rotinas, distribuição
por cela, etc.
No mais, parabenizo pelo objetivismo na escrita, que demonstrou de forma realista a situação pela qual se
encontra o sistema prisional.
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