Você está na página 1de 1

QUESTÃO FEDERAL

QUAL O STATUS NORMATIVO DO PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA NO


ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO. JUSTIFIQUE. 
RESPOSTA:
Em regra, tratados e convenções internacionais ingressam no ordenamento jurídico
brasileiro com status de lei ordinária. Entretanto, após a promulgação da EC45/04,
tratados e convenções internacionais de direitos humanos que sejam aprovados sob o
mesmo rito das emendas constitucionais ( quórum de 3/5 dos membros de ambas as
Casas do Congresso Nacional, em dois turnos) serão equivalentes a tais emendas.
Inteligência do art. 5º, §3º da CRFB/88.

Posteriormente, após a citada emenda, o STF, analisando dispositivos do Pacto de São


José da Costa Rica (internalizado no Brasil) entendeu que os tratados internacionais de
direitos humanos vigentes no país e anteriores à EC 45/04 possuem status supralegal,
acarretando eficácia paralisante com relação às normas infraconstitucionais
contrárias, presentes no ordenamento jurídico interno.
Consequentemente, a norma presente no tratado que prevê a impossibilidade de
prisão civil por dívida, salvo aquela de natureza alimentícia “suspendeu” a eficácia dos
dispositivos infraconstitucionais que previam a prisão civil do depositário infiel,
tornando-os inaplicáveis, por incompatibilidade lógica com o supracitado Pacto.

O Supremo Tribunal Federal, acolhendo tese capitaneada pelo Ministro Gilmar


Mendes, firmou entendimento no sentido de que os tratados internacionais que
versem sobre direitos humanos, como, a título de exemplo, o Pacto de San José da
Costa Rica (Convenção Americana de Direitos Humanos) e que tenham sido aprovados
anteriormente à Emenda Constitucional 45/04 (reforma do Judiciário) possuem status
de norma supralegal, ficando, na pirâmide hierárquica normativa (Kelsen) acima do
ordenamento jurídico ordinário (leis ordinárias e complementares, atos normativos
etc.) e abaixo da Constituição Federal, viabilizando, assim, o chamado controle de
convencionalidade, por meio do qual, por exemplo, suspendeu-se a eficácia do
dispositivo constitucional que possibilitava a prisão civil do depositário infiel, tendo em
vista a vedação de tal possibilidade contida em norma inserta no Pacto de São José da
Costa Rica, entendimento esse cristalizado por meio da edição de súmula vinculante.

Portanto, o Pacto de San José da Costa Rica não foi incorporado de acordo com o a
previsão do artigo 5º, parágrafo 3º da CF/88, mas por tratar de Direitos Humanos,
entende o STF que seu status é de supralegalidade, estando, portanto, na pirâmide
normativa abaixo da Constituição Federal e acima da legislação infraconstitucional.
Desse modo a legislação infraconstitucional deve estar em harmonia com o Pacto de
San José da Costa Rica. 

Você também pode gostar