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A luz da lua fornecia quase nada de seu brilho naquela noite, tanto as

árvores quanto as nuvens impediam o andarilho de caminhar certamente pela


estrada de terra, este que se perdera a horas devido à situação. Não havia
lanternas, não havia sinal de celular. Tudo que havia era a noite em seu total poder,
era a mata e seus animais, que davam o ar da graça com seus respectivos sons.
O andarilho estava apavorado, não pelo escuro, não pelos animais, não
por estar perdido. Todo seu corpo o alertava que o lugar em que foi parar era
perigoso. Uma sensação de completo pânico e depressão o penetrava como
agulhas na carne. Seus pulmões não faziam seu trabalho direito, muito menos suas
pernas que só sabiam tremer.
“Como cheguei aqui?” murmurava o jovem. “Meu Deus, que lugar é este?”
Infelizmente, Deus já havia deixado aquele lugar há muitos anos.
Uma figura estranha e sem forma o cercou entre as árvores, era como
uma fumaça negra e rubra. O andarilho espantado caiu ao chão. Queria gritar por
socorro, mas o medo lhe roubou a voz.
“Hora esta para vir à floresta, garoto?” uma voz sussurrou em sua mente,
de forma calma e doce, como a de uma professora que ajudaria seu aluno. “Está
perdido?”
Confuso e atordoado ele não conseguira falar, mas afirmou que sim, com
a cabeça. Da fumaça em sua volta saiu uma cobra. A cobra veio à frente, fazendo o
andarilho se arrastar para trás com medo até que o mesmo chocou com uma árvore.
“Não tenha medo.” voltou soar a voz em sua mente. “A cobra não irá feri-
lo.”
“O que quer de mim?” O andarilho perguntou por fim, sua voz rouca pelo
medo soou alta e ecoou pela floresta.
“Sangue.” Respondeu.
Da boca da cobra saiu uma mão, esquelética e pútrida. Depois mais uma.
Assim foi aberta a boca da cobra, essa que já estava morta, praticamente aberta ao
meio. Não caberia alguém no animal, ele não deveria ter um metro de extensão. A
mulher, ou melhor, o ser, de cabelos longos e escuros, de pele morta e despida,
chegou aos pés do homem e o puxou.
Ela, com a destra, o agarrou pelo pescoço e o estrangulou, e com a mão
livre furou seu ventre, levando sua mão até o coração do jovem andarilho, que
chorava de dor e medo.

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— Eu sabia que ele ia morrer. — Comentou Letícia.


— Nha... Triste. O primeiro que aparece é sempre o que morre pelo bicho
demônio.
As duas amigas passaram a tarde assistindo filmes de terror.
Repentinamente o medo que sentiam por palhaços se transformou em torcida, visto
que na verdade, é melhor torcer pro assassino do que torcer pro cara que desce pro
porão sozinho em meio à madrugada ao ouvir ruídos estranhos e assustadores.
— Faz mais pipoca, Cathia? — Pediu com cara chorosa ao ver que as
que já estavam prontas iriam acabar.
— Nop. Fiz da última vez já.
— Chata.
Da porta da frente se o ouve o barulho da aldrava, anunciando um
visitante. A contragosto, Cathia, a anfitriã, se dirige ao hall de entrada para recebê-
lo.
— Quem é?

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