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Carta aos Caminhos.

“O educador deve trazer o sol”


As palavras da Joice Teixeira ficaram reverberando até hoje na minha mente, é
uma frase que gerou diversos ecos e ressonâncias aqui dentro. Escrevo para mim e
para todes, para o sol e para as fagulhas, para o menino e para o adulto...Escrevo pra
iluminar os caminhos.
Algo que sempre me incomodou foi o pensamento da educação como ponte,
um meio para chegar à um fim. Prefiro acreditar que o processo de aprendizagem seja
um estado eterno e não um destino. Prefiro acreditar que como educadores possamos
por em claro as diversas possibilidades de caminhadas, sem a pressão capitalista de
obter resultados. Acho que por isso que quando ouvi sobre o educador como o
portador solar isso mexeu tanto comigo.

O que se faz necessário para que esse sol esteja sempre a pino, esteja no zênite
de nossas jornadas? Essa analogia me faz lembrar o conceito de autonomia tão
debatido por Freire. Como gerar uma autonomia e transformar toda a experiência de
sala de aula em um processo emancipatório? Na filosofia, Kant dizia que autonomia
seria a capacidade do ser humano de se autogerir seguindo seus próprios padrões de
conduta moral. Isso sem que houvesse nenhuma influência de aspectos exteriores.
Para ele, e alguns outros filósofos, o termo está intrinsecamente imbricado com o
conceito de liberdade no exercício da razão:

“Nesse sentido, a autonomia, enquanto


representação da liberdade na filosofia prática,
supõe, conforme veremos, uma dupla relação com
a vontade: a primeira é a independência da vontade
com relação a qualquer forma de dependência; a
segunda, a capacidade da vontade de autolegislar-
se. A vontade, enquanto faculdade pura, nos
permite a compreensão de sua independência.
Porém, essa mesma vontade, representada como
submetida à leis próprias, mostrar-se-á como a
fonte de sua própria legislação. “ (TRAPP, 2019)

Em busca dessa autonomia e de iluminar caminhos que me debruço sobre essa “carta
de amor”. Desejo que o nosso sol permaneça sempre aceso. Desejo que os caminhos estejam
sempre abertos. E desejo que permaneçamos encantados, porquê como citou a própria Joice:
“O contrário da vida não é a morte, é o desencanto e o que espanta miséria é festa”

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